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Programa Literatura Brasileira V - Prof. Hélio

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Literatura Brasileira V – 1º semestre 2015 
Prof. Hélio de Seixas Guimarães USP – FFLCH – DLCV 
 
Descrição e objetivos 
O curso tem como objetivo principal o estudo dos principais autores e obras do período colonial 
luso-brasileiro, com ênfase no reconhecimento das questões históricas e das convenções retóricas e 
poéticas associadas às produções desse período. Divide-se em três partes: a primeira trata da 
produção dos viajantes, cronistas e religiosos do século XVI, examinando textos de Pero Vaz de 
Caminha, Manuel da Nóbrega e Anchieta; a segunda, da produção do século XVII, em especial os 
textos de Antonio Vieira e aqueles atribuídos a Gregório de Matos; a terceira, da lírica e da épica 
árcades, focalizando as produções de Cláudio Manuel da Costa e Basílio da Gama. A leitura dos 
textos será norteada por três questões crítico-teóricas: as tensões entre oralidade e escrita; as 
transformações das noções de autoria; o lírico e o épico na poesia setecentista. 
 
Programa resumido 
1. As representações do Novo Mundo: os textos dos viajantes e dos cronistas. A carta de Caminha. 
Cartas de Manuel da Nóbrega. O teatro de Anchieta. Os indígenas na escrita jesuítica. Tensões 
entre oralidade e escrita. 
2. Categorias fundamentais do barroco e das letras seiscentistas na Bahia. A poesia satírica de 
Gregório de Matos. A prosa de Antonio Vieira. As polêmicas em torno do barroco. Cultura da 
manuscritura e noções de autoria. 
3. O ciclo do ouro e o mercantilismo ilustrado nas Minas Gerais: Antonil. Neoclassicismo e 
Arcádia nos sonetos de Cláudio Manuel da Costa. Basílio da Gama e os limites do gênero épico. 
Metodologia 
Aulas expositivas; discussão sobre textos lidos em classe e fora do horário de aula. 
 
Avaliação 
Avaliação em sala (em 6/4, peso 2) e trabalho final de aproveitamento (entrega em 18/6, peso 3). 
Obs. 1: As datas das avaliações podem ser alteradas em função do andamento do curso. 
Obs. 1: Os alunos que obtiverem nota final 3,0 (três) poderão fazer recuperação; nesse caso, a nota 
final será a média simples entre a nota final obtida no semestre e a nota obtida na recuperação. 
 
Roteiro de leituras 
Parte 1 
A carta de Pero Vaz de Caminha. 
Trechos de Tratado da terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo. 
Seleção de cartas de Manuel da Nóbrega. 
O auto de São Lourenço, de Anchieta. 
“Sobre os canibais”, de Montaigne. 
Parte 2 
Trechos selecionados d’ O Livro das denunciações que se fizeram na visitação do Santo Ofício à 
Cidade de Salvador da Bahia de Todos os Santos do Estado do Brasil, no ano de 1618. 
Textos de/ou atribuídos a Gregório de Matos: “Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo 
da República...”; “À cidade da Bahia”; “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”; 
“Queixa-se a Bahia por seu bastante procurador...”; “Aos principais da Bahia chamados os 
caramurus”; “A Maria dos Povos, sua futura esposa”; “Terceira vez impaciente muda o poeta o seu 
soneto na forma seguinte” 
“Sermão da Sexagésima”, de Antonio Vieira 
Parte 3 
Trechos de Cultura e opulência do Brasil, de Antonil. 
Sonetos XCVIII – “Destes penhascos fez a natureza” e XXII, “Neste álamo sombrio, aonde a 
escura”, de Cláudio Manuel da Costa. 
O Uraguai, de Basílio da Gama. 
 
Textos de referência/ Leituras complementares 
Parte 1 
Visão do paraíso, de Sérgio Buarque de Holanda [especialmente capítulos I, “Experiência e 
fantasia”; IV, “O ‘outro Peru’”; VI, “As atenuações plausíveis”; e VIII, “Visão do paraíso”]. 
“O semeador e o ladrilhador”, de Sérgio Buarque de Holanda. In: Raízes do Brasil. 
O espelho de Próspero, de Richard M. Morse [especialmente o Prefácio e a parte 1. Pré-história]. 
A carta de Pero Vaz de Caminha – O descobrimento do Brasil, de Silvio Castro. 
“A inconstância da alma selvagem”, de Eduardo Viveiros de Castro. 
“Uma carta: Império e Nação”, de Guillermo Giucci. 
“A arte das cartas jesuíticas do Brasil” e “A conversão pela política”, de Alcir Pécora. In: Máquina 
de gêneros, pp. 17-68 e 91-115. 
“O nu e a luz: cartas jesuíticas do Brasil. Nóbrega – 1549 -1558”, de João Adolfo Hansen. In: 
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 38, 1995, pp. 87-119. 
“Colônia, culto e cultura”, de Alfredo Bosi. In: Dialética da colonização, pp. 11-63. 
“Anchieta ou as flechas opostas do sagrado”, de A. Bosi. In: Dialética da colonização, pp. 64-93. 
O canibal, de Frank Lestringant [em especial capítulos 1 e 4]. 
A conquista da América (A questão do outro), de T. Todorov. 
A oralidade perdida, de Andrea Daher. 
 
Parte 2 
“Barroco, neobarroco e outras ruínas”, de J.A. Hansen. 
“Do antigo Estado à máquina mercante”, de Alfredo Bosi. In: Dialética da colonização. 
O discurso engenhoso, de Antonio J. Saraiva. 
A sátira e o engenho, de J.A. Hansen, “Cap. I – Um nome por fazer”, pp. 29-103. 
O sequestro do Barroco na Formação da Literatura Brasileira, de Haroldo de Campos. 
“Os sete fôlegos de um livro”, de R. Schwarz. In: Sequências brasileiras, pp. 46-58. 
“Gregório de Matos: poesia e controvérsia”, de Antonio Dimas. In: América Latina: palavra, 
literatura e cultura, org. Ana Pizarro, vol. 1, pp. 335-357. 
Teatro do sacramento, de Alcir Pécora, “Introdução”, pp. 33-60. 
 
Parte 3 
 “Antonil ou as lágrimas da mercadoria”, in Dialética da colonização, de A. Bosi, pp. 148-175. 
“O ideal arcádico”, de Sérgio Buarque de Holanda. In: Capítulos de literatura colonial, pp. 177-
226. 
“No limiar do novo estilo: Cláudio Manuel da Costa”, de Antonio Candido. In: Formação da 
literatura brasileira, p. 88-108. 
Cláudio, o lírico de Nise, de Hélio Lopes. 
Estes penhascos – Cláudio Manuel da Costa e a paisagem de Minas 1753-1773, de Sérgio Alcides. 
“Notas sobre o Gênero Épico”, de J. A. Hansen. In: TEIXEIRA, Ivan (org.). Multiclássicos Épicos, 
pp. 18-91. 
Cláudio Manuel da Costa, o letrado dividido, de Laura de Melo e Souza. 
“O disfarce épico de Basílio da Gama”, de Antonio Candido. In: Formação da literatura brasileira: 
momentos decisivos, pp. 131-140. 
 “A dois séculos d’O Uraguai” e “O Uraguai”, Canto IV, Versos 22-109”, de Antonio Candido. In: 
Vários Escritos, pp. 161-185. 
“As sombras das luzes na condição colonial”, de Alfredo Bosi. In: Literatura e resistência, pp. 87-
117. 
 
 
Bibliografia básica 
ALCIDES, Sérgio. Estes penhascos: Cláudio Manuel da Costa e a paisagem das Minas, 1753-1773. São 
Paulo: Hucitec, 2003. 
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BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das letras, 1992. ________ Literatura e 
resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 
BOXER, C. R.O império colonial português (1415-1825). 2ª ed. Lisboa: Edições 70/ Martins Fontes, 1981. 
BRAGA-PINTO, César. As promessas da história: discursos proféticos e assimilação no Brasil colonial 
(1500-1700). São Paulo: Edusp, 2003. 
CAMPOS, Haroldo de. O sequestro do Barroco na Formação da Literatura Brasileira: o caso Gregório de 
Mattos. Salvador: FCJA, 1989. 
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 12.a edição. Rio de 
Janeiro: Ouro Sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2009. _______ Vários Escritos, São Paulo: Duas Cidades, 
1970. 
CASTELLO, J. Aderaldo. Manifestações Literárias da Era Colonial (1500-1808/1836). 3ª ed. São Paulo: 
Cultrix, 1967. Vol. 1. 
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CHAVES, Vânia Pinheiro. O Uraguai e a fundação da literatura brasileira. Campinas: Ed. Unicamp, 1997. 
CRISTÓVÃO, Fernando (coord.) Condicionantes Culturais da Literatura de Viagens. Coimbra: Almedina, 
2002. 
DAHER, Andrea. A oralidade perdida – ensaios de história das práticas letradas. Rio de Janeiro: Civilização 
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intertextual). Petrópolis: Vozes, 1985. 
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HANSEN, João Adolfo. A Sátira e o Engenho. Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. 2ª ed. rev. São 
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– 1549 -1558”. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 38, 1995, pp. 87-119. 
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Brasil. São Paulo: Nacional/EDUSP, 1969. _____ Capítulos de Literatura Colonial. Org. e Introd. de A. 
Candido. São Paulo: Brasiliense, 1991. ___ Raízes do Brasil. 26a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 
LESTRINGANT, Frank. O canibal: grandeza e decadência. Brasília: Editora da UNB, 1997. 
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MARAVALL, José Antonio. A cultura do Barroco. São Paulo: Edusp, 1997. 
MONTAIGNE, Michel de. Os ensaios: uma seleção. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 
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NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 
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PÉCORA, Alcir. Teatro do Sacramento. A unidade teológico-retórico-política dos sermões de Antonio Vieira. 
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PIZARRO, Ana (org.). América Latina: palavra, literatura e cultura. 3 vol. São Paulo: Memorial, 1995. 
RUEDAS, Jorge A. de la Serna. Arcádia: tradição e mudança. São Paulo: Edusp, 1995. 
SARAIVA, Antonio José. O Discurso Engenhoso (Estudos sobre Vieira e outros autores barrocos). São 
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SPINA, Segismundo. Gregório de Matos. São Paulo: Assunção Ltda., s. d. 
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VAINFAS, Ronaldo (Dir.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. 
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. 
São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 
WÖLFFLIN, Heinrich. Renascença e Barroco. São Paulo: Perspectiva, 1989.

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