Buscar

Aula 1 O Uso de SIG em Estudos Ambientais

Prévia do material em texto

Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
O Uso de SIG em Estudos Ambientais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Me. Augusto dos Santos Pereira 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
1 
Conversa Inicial 
 
Prezados alunos do curso de Gestão Ambiental, estamos começando a 
nossa disciplina de Uso de SIG em Estudos Ambientais. Ao longo das aulas, nos 
qualificaremos para utilizar as ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica 
no nosso cotidiano profissional. Para tanto, nesta aula vamos tratar de alguns 
conceitos básicos, tais como Geoprocessamento, Cartografia, Sensoriamento 
Remoto, Sistemas de Informação Geográficas (SIG) e Análise Espacial. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
2 
Contextualizando 
 
Nós da Gestão Ambiental trabalhamos com rios, vales inundáveis, áreas de 
depósitos de rejeitos, unidades de conservação, áreas verdes urbanas e tantos 
outros elementos que apresentam uma característica fundamental, a sua 
expressão espacial. O fato de estarem em um lugar e não em outro, altera 
significativamente as características desses elementos. Um exemplo que podemos 
dar é um cemitério. Se, como gestores ambientais municipais, damos aval para a 
localização de um cemitério em uma área em que o solo não é capaz de conter 
contaminantes, estaremos comprometendo a qualidade dos aquíferos do 
município. Para uma gestão ambiental adequada, portanto, precisamos nos ater ao 
Geoprocessamento, às bases cartográficas, aos sistemas de informações 
geográficas e à análise espacial. 
Para melhor compreendermos os conceitos desta aula, que trata sobre 
Geoprocessamento, Sensoriamento Remoto, Sistemas de Informações 
Geográficas, precisamos ter uma base sobre o que é ciência e o que é tecnologia. 
Portanto, pesquise sobre o assunto! Um bom começo é ler a opinião de Herton 
Escobar na matéria do Estadão, A Diferença Entre Ciência e Tecnologia, publicada 
em 24 de janeiro de 2011. 
 
http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/a-diferenca-entre-
ciencia-e-tecnologia/ 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
3 
Pesquise 
 
Geoprocessamento 
 
Para começarmos nosso entendimento sobre as geotecnologias e as 
técnicas de análise espacial, que são interessantes para o nosso trabalho como 
gestores ambientais, devemos compreender o que é o geoprocessamento. 
É muito comum vermos diferentes textos tentando colocar o 
geoprocessamento em dada posição diante de diversas disciplinas tecnológicas e 
científicas. Por vezes, leremos textos tratando-o como uma técnica, outros como 
um conjunto de técnicas. Certos autores consideram-no como uma ciência, outros 
como uma tecnologia. Essas discussões não são apenas formalismos. Trata-se da 
busca por dar (ou retirar) evidência e prestígio para um campo de conhecimento. 
Há ainda casos em que veremos o geoprocessamento sendo assumido 
como campo de eminente interesse de determinada disciplina científica ou 
tecnológica. Essas definições geralmente têm por trás um interesse de assumir o 
campo para um grupo, a fim de que uma categoria tenha a predileção ou a 
exclusividade em certos trabalhos. 
De maneira geral, no entanto, as definições que conseguem apreender o 
caráter mais adequado do Geoprocessamento partem da sua contribuição por 
várias disciplinas, do seu caráter tecnológico, da sua base teórica voltada para o 
processamento de informações sobre a Terra, e do componente computacional. 
Assim temos alguns apontamentos sobre o Geoprocessamento: 
• é um campo transdisciplinar, com contribuição de várias disciplinas 
científicas e tecnológicas (Engenharia Cartográfica, Geografia, 
Informática, Geoestatística, Ciências Físicas e Biológicas diversas 
etc.). 
• trata-se de um campo tecnológico, ou seja, de conhecimento para o 
qual a aplicação técnica imediata é um fator de motivação dos 
estudos. 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
4 
• o campo é voltado para a coleta, análise e divulgação de informações 
sobre a superfície e o subsolo do planeta. 
• é uma disciplina voltada para o processamento de informações em 
ambiente computacional. 
 
Nesse ínterim, para Cesar Henrique Barra Rocha, o Geoprocessamento é a 
tecnologia que trata da “localização e do processamento de dados geográficos, 
equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas 
para coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a 
mapas digitais georreferenciados” (ROCHA, 2000, p. 210). 
Essa é uma definição suficientemente abrangente para esse domínio 
transdisciplinar. A ela podemos adicionar as considerações do professor Eduardo 
Vedor de Paula: 
 
Separando o termo Geoprocessamento em duas partes, se obtém GEO 
(Terra) e processamento. O que significa que esta tecnologia é utilizada 
para processar os elementos que formam o Planeta Terra, sendo estes 
elementos divididos em aspectos físicos, aspectos biológicos e aspectos 
humanos (PAULA, 2015). 
 
Essa tecnologia de tecnologias, ou seja, tecnologia formado diversos 
subcampos tecnológicos, portanto, serve para o processamento dos dados 
geográficos (físicos, bióticos e socioeconômicos), desde o levantamento, passando 
pela análise, até a elaboração dos produtos cartográficos finais. 
 
Acesse o material on-line e conheça um pouco mais sobre a posição do 
geoprocessamento frente às demais disciplinas. 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
5 
Conceito de Cartografia 
 
Outro conceito básico e importante para nós da Gestão Ambiental é o 
conceito de Cartografia, tendo em vista que, em nossos trabalhos quotidianos, 
retiramos inúmeros conceitos e métodos desse campo do conhecimento. 
Precisamos nos lembrar que a Cartografia está intimamente ligada à 
elaboração de representações sobre a Terra. Isso não é nada novo. Inúmeras 
pinturas rupestres em paredes de cavernas habitadas há milhares de anos, várias 
inscrições pré-históricas em pedras, esculturas em barro, papiros e documentos 
diversos da Antiguidade têm em comum o fato de representarem uma porção 
geográfica, constituírem, portanto, formas rudimentares ou mais elaboradas de 
produção de mapas. 
Na atualidade, temos, no entanto, a Cartografia como um campo muito mais 
estruturado e moderno do conhecimento. A esse respeito, podemos observar o que 
indica o IBGE: 
 
A despeito de seu significado etimológico, a sua concepção inicial 
continha a ideia do traçado de mapas. No primeiro estágio da evolução o 
vocábulo passou a significar a arte do traçado de mapas, para em seguida, 
conter a ciência, a técnica e a arte de representar a superfície terrestre 
(IBGE, 1998, p. 9). 
 
Atualmente, a Associação Cartográfica Internacional traz a seguinte 
definição para a Cartografia: 
 
Ciência que trata da organização, apresentação, comunicação e utilização 
da geoinformação, sob uma forma que pode ser visual, numérica ou tátil, 
incluindo todos os processos de elaboração, após a preparação dos 
dados, bem como o estudo e utilização dos mapas ou meios de 
representação em todas as suas formas (IBGE, 2016) 
 
Assim sendo, a cartografia nos dá as bases conceituais e técnicas sobre 
representações cartográficas, projeções cartográficas, escala, convenções 
cartográficas, mapeamento sistemático, ou de base e mapeamento temático, bem 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
6 
como a linguagem cartográfica para uso em todo o domínio do Geoprocessamento 
e para efeito sobre o no nosso trabalho quotidiano como gestores ambientais 
Por hora, devemos dar enfoque à ideia de linguagem cartográfica. O domínio 
dessa linguagem específica é indicador de elevada capacitação profissional no 
campo da Gestão Ambiental e nos demais campos de conhecimentoe profissionais 
a ele relacionados. Assim como produzir um bom texto é fundamental para que um 
relatório por nós produzido surta os efeitos esperados, ou, ainda, assim como a 
capacidade de oratória é fundamental para que possamos ser persuasivos em 
reuniões e comunicações públicas, a adequada elaboração de um mapa, com 
clareza, elegância, simplicidade e intuitividade, é fundamental para que possamos 
comunicar nossas considerações acerca de diversos elementos geográficos afeitos 
ao nosso trabalho. 
Acerca disso, podemos observar o que diz Jackobson sobre a comunicação: 
 
[...] O REMETENTE envia uma MENSAGEM ao DESTINATÁRIO. Para 
ser eficaz, a mensagem requer um CONTEXTO a que se refere (ou 
"referente", em outra nomenclatura algo ambígua), apreensível pelo 
destinatário, e que seja verbal ou suscetível de verbalização; um CÓDIGO 
total ou parcialmente comum ao remetente e ao destinatário (ou, em 
outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem); e, 
finalmente, um CONTACTO, um canal físico e uma conexão psicológica 
entre o remetente e o destinatário, que os capacite a ambos a entrarem e 
permanecerem em comunicação. (JAKOBSON, 2007, p. 122) 
 
Nesse contexto, precisamos entender que a comunicação cartográfica 
apresenta contexto (elementos físicos, bióticos e socioeconômicos distribuídos na 
superfície terrestre), código (convenções, ou símbolos, cartográficos) e contacto, 
ou melhor dizendo, meio (representações cartográficas, geralmente planas, 
impressas ou em monitores de computador) próprios. 
 
Conheça um pouco mais sobre o conceito de cartografia assistindo à 
videoaula disponível no material on-line. 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
7 
Sensoriamento Remoto 
 
Uma vez que já tratamos de Cartografia (que nos dá conceitos e técnicas 
importantes, além da linguagem cartográfica) e do Geoprocessamento (campo 
tecnológico transdisciplinar que trabalha com o levantamento, análise e publicação 
de dados sobre a Terra), passemos para considerações sobre o Sensoriamento 
Remoto. Para tanto, vejamos o que dizem Novo e Ponzoni: 
 
O termo sensoriamento remoto apareceu pela primeira vez na literatura 
científica em 1960 e significava simplesmente a aquisição de informações 
sem contato físico com os objetos. Desde então esse termo tem abrigado 
tecnologia e conhecimentos extremamente complexos derivados de 
diferentes campos que vão desde a física até a botânica e desde a 
engenharia eletrônica até a cartografia. (NOVO; PONZONI, 2001, p. 4). 
 
Assim, o sensoriamento remoto é conjunto de técnicas de levantamento de 
dados sobre a superfície terrestre com o uso de sensores remotos (de campo, 
levantados por torres, aerolevantados ou orbitais, como os satélites), que captam 
propriedades físicas, como as diferenças de reflectância espectral dos objetos, para 
sua caracterização na superfície do planeta. 
 
A apostila de Introdução ao Sensoriamento Remoto do INPE pode nos 
auxiliar a compreender esse conceito. 
http://www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/educasere/apostila.htm 
 
Ante o exposto, entendemos que o Sensoriamento Remoto é hoje um 
subcampo interdisciplinar do conhecimento cartográfico e do Geoprocessamento. 
Antes de haver geoprocessamento e a capacidade de “processarmos” por 
computação a superfície da Terra, a Cartografia já se utilizava de Sensoriamento 
Remoto para o mapeamento. 
Podemos citar como exemplo o fato de balões e aviões terem sido utilizados 
nas grandes guerras do início do Século XX para aquisição de fotografias que eram 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
8 
utilizadas para mapeamento de áreas inimigas antes de ataques (NOVO; 
PONZONI, 2001). 
Atualmente, o predomínio dos estudos sobre operações computacionais e 
de avançadas tecnologias de captação de satélite parece indicar como adequada 
essa concepção de Rocha (2000), que aloca o Sensoriamento Remoto como 
subcampo tecnológico e transdisciplinar do Geoprocessamento. 
A capacidade de levantamento do Sensoriamento Remoto atual é notável. 
Na figura a seguir, podemos imaginar a elevada quantidade de sensores orbitais, 
de diferentes agências espaciais, necessária para compor o mosaico de imagens 
que representam a Terra no software Google Earth. 
 
 
Figura 1 — Interface do software Google Earth 
 
Assista à videoaula, disponível no material on-line, e compreenda o 
sensoriamento remoto. 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
9 
Sistema de Informações Geográficas 
 
Sistema de Informações Geográficas (SIG) é, muitas vezes, confundido com 
o Geoprocessamento. Ledo engano, pois o SIG é um dos instrumentos do 
Geoprocessamento. Para encerramos a questão da estrutura do 
Geoprocessamento, devemos observar que Rocha (2000) considera que esse é 
formado pelos levantamentos geodésicos, pelo sensoriamento remoto, pela 
cartografia digital e pelo SIG. A Geodésia e o Sensoriamento Remoto são os 
campos voltados para aquisição de dados, a cartografia digital, para a 
representação computacional dos dados geográficos e o SIG, principalmente, para 
o suporte computacional à análise espacial. 
Para entendermos o papel do SIG no Geoprocessamento, observemos a 
Figura 1 seguir. 
 
Figura 1 — Fontes e funções do SIG (ROCHA, 2000, p. 21). 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
10 
Na Figura 1 a digitalização de mapas, o processamento de imagens do 
Sensoriamento Remoto, os dados topográficos levantados pela Cartografia, as 
fotografias aéreas e os dados alfanuméricos de bancos de dados oficiais, como do 
IBGE, compõem a fonte de dados do SIG. 
Resumindo o esquema da figura podemos dizer que, com essas informações 
em bancos de dados georreferenciados, o SIG é uma ferramenta do 
Geoprocessamento. Uma ferramenta computacional por meio da qual podemos 
agregar diversos dados cartográficos, imagens de satélite, dados socioeconômicos, 
entre mais, utilizar rotinas de análise para gerar relatórios, mapeamentos, 
zoneamentos, elaborar representações para serem plotadas ou visualizadas em 
computador, com a agregação de conhecimento aos dados. 
Assim sendo, podemos definir o SIG da seguinte forma: 
 
O termo Sistemas de Informação Geográfica (SIG) é aplicado para 
sistemas que realizam o tratamento computacional de dados geográficos 
e recuperam informações não apenas com base em suas características 
alfanuméricas, mas também através de sua localização espacial; 
oferecem ao administrador (urbanista, planejador, engenheiro) uma visão 
inédita de seu ambiente de trabalho, em que todas as informações 
disponíveis sobre um determinado assunto estão ao seu alcance, inter-
relacionadas com base no que lhes é fundamentalmente comum — a 
localização geográfica. Para que isto seja possível, a geometria e os 
atributos dos dados num SIG devem estar georreferenciados, isto é, 
localizados na superfície terrestre e representados numa projeção 
cartográfica. (CÂMARA; QUEIROZ, 2016, p. 3-1). 
 
Notamos que o SIG é um sistema composto por um conjunto amplo de 
recursos computacionais destinados ao armazenamento, recuperação, edição, 
análise de dados geográficos, bem como de interface para visualização e plotagem 
de produtos cartográficos nele elaborados. 
Na acepção que tomamos aqui, portanto, o SIG é um dos subcampos do 
conhecimento tecnológico que chamamos de Geoprocessamento, bem como um 
sistema, formado por um conjunto de ferramentas computacionais voltados, em 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
11 
especial, para a análise de dados geográficos. De forma análoga, podemos pensar 
que o Sensoriamento Remoto é um campo e o conjunto de ferramentas do 
Geoprocessamento voltado para a aquisição de dados da superfície terrestre, 
assim como o SIG é o subcampo e o conjunto de ferramentas (sistema), voltados 
para análise dos fenômenosem sua expressão espacial na superfície. 
 
Assista à videoaula, disponível no material on-line, e acompanhe agora as 
explicações do professor Augusto sobre a concepção de rocha sobre 
geoprocessamento, em que enquadra! 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
12 
Conceito de Análise Espacial 
 
O Geoprocessamento, com a participação de seus diferentes subcampos 
(geodesia, GNSS, Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto e SIG), parte da 
produção de conhecimento de diversas ciências e tecnologias, entre elas a 
Cartografia, que mencionamos anteriormente, para trazer sua contribuição para as 
ciências e tecnologias, para o conhecimento sistematizado e para a gestão das 
questões humanas relacionadas ao espaço geográfico. Em seu processamento dos 
dados geográficos (levantamento, edição, armazenamento, análise e divulgação), 
o Geoprocessamento tem como ferramentas os Sistemas de Informações 
Geográficas, que contribuem com elevado potencial de análise dos dados. 
Nesse contexto, podemos chamar de análise espacial a operação realizada 
com SIG. Por meio do SIG, podemos usar recursos que demonstrem se existe 
correlação espacial, se elementos estão afastados, se há processo de 
aproximação, entre outros. 
Com ferramentas de geoestatística instaladas em ambientes SIG, podemos, 
por exemplo, fazer gráficos de correlação, de maneira que verifiquemos se um 
elemento, digamos analfabetismo, está ligado espacialmente a outro, como o nível 
de renda. Caso haja a correlação, ou seja, o sistema apresente um forte indicador 
estatístico de que o analfabetismo é maior em bairros em que a renda média é mais 
baixa, temos um dado importante para a análise. Frisemos isso: um dado 
importante para a análise, não a análise. 
Por que não? Simplesmente por que, nesse caso e com esse dado, não há 
como dizer o que se passa na realidade dos bairros. Não podemos concluir nada, 
além da correlação, nesse caso específico. Não temos dados históricos indicando 
que um precede o outro no tempo, por exemplo. O que nos falta, ainda mais, é uma 
base de pensamento para a interpretação do fenômeno, do contrário, não 
conseguimos verificar se o analfabetismo causa a pobreza, ou se a pobreza causa 
o analfabetismo nos bairros em estudo. 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
13 
Cabe ressaltar isso, por que, como gestores ambientais, precisamos nos 
apropriar dos conhecimentos de diversas ciências, da Geografia, da Ecologia, da 
Geologia, Hidrologia, Geomorfologia, Biologia, entre outras para que possamos 
emitir o comando aos softwares, bem como para interpretarmos seus resultados. 
Assim, somos parte fundamental para que haja análise. 
Os geólogos mostram que, em lugares onde há predomínio de calcários, há 
mais chance de contaminação do lençol freático por produtos químicos, dada a 
velocidade de percolação em rochas carbonáticas. Os epidemiologistas sabem que 
áreas quentes e chuvosas são mais propensas para a propagação do Eedes 
Aegipty. Os biólogos sabem que as formações florestais variam sua fisionomia e 
características ecológicas de acordo com a altitude, de maneira que, em topos de 
áreas elevadas, são comuns o endemismo e a maior vulnerabilidade de espécies. 
Não somos epidemiólogos, geólogos, ou biólogos, mas, como gestores ambientais, 
podemos indicar a necessidade de cruzamento de dados de rochas, aquíferos, 
vegetação, relevo, entre outros, em ambiente SIG para realizarmos a gestão de 
determinado área, como uma unidade de conservação. 
Nesse intuito, precisamos desmistificar o SIG, que parece uma coisa uma 
coisa muito complexa ou a solução final de todos os problemas. Podemos, em fato, 
dizer que a análise espacial prescinde do SIG. Ela pode ser realizada com recursos 
bastante rudimentares, mas com engenhosidade, criatividade, base metodológica 
e teórica. No entanto, é evidente que, com recursos computacionais avançados e 
integração de inúmeras fontes de dados georreferenciados, ela ganha maior 
potencial. 
O SIG, por sua vez, sem base teórico-metodológica, não pode muito. Dessa 
forma, precisamos nos capacitar, observando os avanços de diversas ciências e 
tecnologias que têm enfoque espacial para que possamos analisar e criar soluções 
para as questões ambientais, eminentemente espaciais. 
Para finalizar, portanto, podemos dizer que a análise espacial é aquela que 
leva em conta a disposição geográfica dos elementos como fator que pode alterar 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
14 
os fenômenos quantitativamente e qualitativamente, sendo potencializada por 
ferramentas computacionais, como o SIG. 
 
Acompanhe a videoaula, disponível no material on-line, para saber mais 
sobre Jhon Snow e como ele usou a análise espacial para descobrir quais poços 
estavam contaminados com cólera, ainda no século XVIII! 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
15 
Trocando ideias 
 
Leia o texto Geoprocessamento Ciência ou Técnica e verifique qual é o seu 
posicionamento a respeito dessa temática! 
https://geotecnologias.wordpress.com/2012/03/15/geoprocessamento-
ciencia-ou-tecnica/ 
 
Aproveite para acessar o fórum, disponível no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, postar a sua resposta e trocar ideias com seus colegas de curso! 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
16 
Na Prática 
 
O Projeto de Lei nº 2.644/2011, no qual se busca a regulamentação da 
profissão de Gestor Ambiental, prevê diversas atribuições para a profissão. Liste 
algumas dessas atribuições, apresentadas no art. 4º do PL, e indique de que 
maneira o uso do SIG pode auxiliar no seu cumprimento. Indique, ainda, quais as 
implicações para a profissão do gestor ambiental se o geoprocessamento for 
considerado campo de domínio de alguma outra área do conhecimento, 
comparando com os efeitos sobre a noção de Geoprocessamento como domínio 
transdisciplinar. 
 
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=9
37279&filename=PL+2664/2011 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
17 
Os geólogos mostram que, em lugares onde há predomínio de calcários, há 
mais chance de contaminação do lençol freático por produtos químicos, dada a 
velocidade de percolação dos líquidos em rochas carbonáticas. Os 
epidemiologistas sabem que áreas quentes e chuvosas são mais propensas para 
a propagação do Eedes Aegipty. Os biólogos sabem que as formações florestais 
variam sua fisionomia e características ecológicas de acordo com a altitude, de 
maneira que, em topos de áreas elevadas, são comuns o endemismo e a maior 
vulnerabilidade de espécies. 
 
Diante dessa situação, qual o papel de um gestor ambiental, 
capacitado para trabalhar com Sistemas de Informações Geográficas (SIG), 
para a gestão de uma unidade de conservação com elevada variedade 
altimétrica, diversidade rochosa e variabilidade climática? 
 
Como gestores ambientais, podemos indicar a necessidade de cruzamento 
de dados de rochas, aquíferos, vegetação, relevo, entre outros, em ambiente SIG 
para realizarmos a gestão de determinado área, como uma unidade de 
conservação. 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
18 
Síntese 
 
Chegamos ao fim da nossa aula! 
 
Ao longo dela vimos os conceitos de Geoprocessamento, Cartografia, 
Sensoriamento Remoto, Sistemas de Informação Geográficas (SIG) e Análise 
Espacial. Umas ou outras dúvidas devem restar, mas no decorrer do curso esses 
temas serão revistos diversas vezes, de maneira que os conceitos logo estarão 
bem claros em nosso entendimento. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 
 
19 
Referências 
 
CÂMARA, G.; QUEIROZ, G. R. Arquitetura de sistemas de informação geográfica. 
In: CÂMARA, G. et al. Introdução à Ciênciada Geoinformação. São José dos 
Campos: INPE, 2016. Disponível em: 
<http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd/cap3-arquitetura.pdf>. Acesso em 28 
fev. 2016. 
 
IBGE — INSTITO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Guia das 
Atividade de Geociências. Disponível em: 
<http://saladeimprensa.ibge.gov.br/sala-de-imprensa-publicacoes/guia-das-
atividades-de-geociencias/sobre-cartografia.html>. Acesso em 06 jul. 2016. 
 
IBGE — INSTITO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Noções 
básicas de cartografia. Rio de Janeiro: Diretoria de Geociências, 1998. 
 
JAKOBSON, R. Linguística e Comunicação. 24. ed. São Paulo: Cultrix, 2007. 
 
NOVO, E. M. L. M; PONZONI, F. J. Introdução ao Sensoriamento Remoto. São 
José dos Campos: INPE, 2001 
 
PAULA, E. V. Geoprocessamento Aplicado à Análise Ambiental (Palestra). In: 
II Segunda Semana Ambiental. Maringá: Unicesumar, 2015. 
 
ROCHA, C. H. B. Geoprocessamento: tecnologia transdisciplinar. 3. ed. 
Petrópolis: Sermograf, 2000.

Outros materiais