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24a aula OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. Marcílio Florêncio Mota
profmarciliomota@hotmail.com
Tema da aula: os eMBARGOS DE DECLARAÇÃO
1. Aspectos introdutórios
1.1 - Considerações iniciais
A CLT trata dos Embargos de Declaração no art. 897-A, cuja redação tem o seguinte teor:
Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. 
De início, cumpre destacar que a singela disciplina do instituto Embargos de Declaração na CLT determina a aplicação, em caráter supletivo, das normas do Código de Processo Civil pertinentes ao instituto, por força do princípio da subsidiariedade consagrado no art. 769 da CLT.
Por outro lado, as hipóteses de cabimento, que são consagradas no CPC como sendo a “omissão, obscuridade ou contradição” no julgado, nos remetem a que o recurso de Embargos de Declaração tem estreita e íntima ligação com os requisitos de clareza e de completude exigidos do órgão jurisdicional na prestação da jurisdição. 
Destarte, se uma decisão padecer de defeitos que impeçam a sua interpretação ou não corresponder à integralidade da pretensão ou da defesa veiculada, cumprirá o uso desse instrumento para corrigir o defeito na decisão e/ou completar o julgamento da causa.
Por fim, ainda nesta parte introdutória, convém a menção ao aspecto diferenciador dos Embargos de Declaração do processo do trabalho. Aqui o legislador prevê expressamente que esse instrumento processual serve também para a correção de equívoco no exame da admissibilidade de um recurso, o que contribui sobremaneira para a celeridade processual, na medida em que dispensa o ajuizamento de Agravo de Instrumento para destrancar o recurso mal apreciado em seu aspecto de admissibilidade.
Essa possibilidade do uso dos Embargos de Declaração deve servir de inspiração aos operadores do processo comum.
2. Natureza Jurídica
Existe debate acirrado acerca da natureza jurídica dos Embargos de Declaração. De fato, eles eram previstos como recurso no CPC de 1939, vieram a ser tratados de modo diferente no CPC de 73 e voltaram a ser considerados recurso na reforma de 1994.
Aliás, antes da publicação da Lei 8.950/94 havia aqueles que consideravam como recurso apenas os embargos previs​tos no art. 535 do CPC, interpostos de acórdãos, porquanto aquele preceito estava inserto no capítulo (rol) dos recursos, e o prazo para sua interposição, por ser de cinco dias, era considerado recursal. Para essa mesma corrente, os embargos previstos no art. 465 do CPC, hoje suprimido, não tinham as características de recurso, porquanto não se inseriam no capítulo do CPC que tratava dos recursos, como o prazo também, de quarenta e oito horas, não podia ser considerado recursal.
Mesmo após o surgimento da Lei 8.950/94, o debate continua. 
A diferença é que, hoje, os Embargos de Declaração, quer sejam de sentença ou de acórdãos, estão previstos no art. 535 do CPC, inseridos no elenco dos recursos quer no CPC (art. 496) quer na CLT (art. 897-A), em prazo de cinco dias.
Autores como Manoel Antônio Teixeira Filho (2003) consideram esse instituto como sendo uma simples petição ou simples providência elucidativa da sentença. Vejamos a sua doutrina:
A natureza não-recursal dos Embargos Declaratórios ancora, portanto, não no fato de serem julgados pelo mesmo órgão prolator da decisão embargada, e sim na sua finalidade de aclarar a sentença, de integrá-la; enfim, de corrigir alguma falha de expressão formal do pronunciamento do juízo. 
Por outro lado, ressalta o autor que o instituto não demanda contrarrazões, pagamento de custas e, de conseguinte, preparo; o objetivo não é de modificar o decidido, mas de aclarar e esclarecer a sentença, e a relação que surge é apenas bipolar, pois formada entre o embargante e o juiz.
José Carlos Barbosa Moreira (2001) defende que a natureza dos ED deve ser definida pelo legislador, embora reconheça que nos principais sistemas processuais eles não são tidos como recurso. 
Percebe-se que nos novos escritos sobre processo os doutrinadores têm abandonado a definição clássica de recurso como meio para a alteração ou anulação de decisões judiciais e alargado a definição para comportar nela os ED que, reiteramos, objetiva o aclaramento e/ou a complementação dos julgados.
De nossa parte, temos que os Embargos de Declaração não possuem natureza recursal, pois compreendemos o recurso como sendo um instrumento para a reforma ou anulação de uma decisão pressupondo uma relação processual em curso. Filiamo-nos à corrente e definição clássica de recurso.
Os Embargos de Declaração não possuem a finalidade de reforma ou anulação do julgado, evidentemente. A possibilidade de alteração da decisão é em caráter excepcional e em vista da correção do defeito que autoriza o uso desse instrumento. Noutras palavras, o que o embargante objetiva é a correção do defeito de locução formal.
Por outro lado, interpretamos que a natureza de um determinado instituto jurídico não é alterada pelo simples deslocamento topográfico dele numa lei. O legislador não tem o poder de alterar a natureza das coisas.
3. Hipóteses de cabimento
		3.1. As decisões embargáveis de declaração
Uma primeira questão que se nos apresenta neste ponto é aquela em torno das decisões que podem ser objeto dos Embargos de Declaração.
As redações dos arts. 535 do CPC e 897-A da CLT nos remetem a que apenas as sentenças e os acórdãos comportam correção por meio desse “remédio” processual. Como sabemos, as sentenças são as decisões finais dos juízos monocráticos, enquanto os acórdãos são as decisões dos órgãos jurisdicionais colegiados - § 1º do art. 162 e art. 163 do CPC, respectivamente.
A interpretação literal das regras, contudo, nos conduzirá a erro.
O que há registrado nos dispositivos mencionados é que comportarão Embargos de Declaração as decisões finais, ou seja, as sentenças, os acórdãos e todas aquelas que tiverem o condão de pôr fim ao procedimento. Referimo-nos, por exemplo, às decisões monocráticas dos relatores que julgam os recursos – art. 557 e § 1º-A do CPC e § 5º do art. 896 da CLT. Essa decisão pode padecer de vício que comporte o uso dos Embargos de Declaração para a solução do defeito, conforme reconhece a interpretação consagrada na Súmula 421 do TST.
Por outro lado, a decisão que julga os Embargos de Declaração pode ser objeto de novos Embargos de Declaração, conforme se retira da interpretação do Parágrafo único do art. 538 do CPC.
Por fim, uma observação oportuna é sobre o cabimento dos Embargos de Declaração contra decisões não finais no curso do processo. Os doutrinadores do processo comum se inclinam por admitir os Embargos de Declaração contra as decisões interlocutórias. Justificam que essas decisões podem conter as mesmas falhas que justificam os ED contra as decisões finais. De nosso ponto de vista, os defeitos nessas decisões podem ser corrigidos sem a necessidade do uso dos Embargos de Declaração, por petição simples, o que tem a vantagem de não submeter o defeito ao efeito da preclusão.
O Substitutivo do Projeto de CPC prevê, no art. 976, que os Embargos de Declaração terão cabimento contra qualquer decisão monocrática ou colegiada, o que porá fim ao resquício de discussão em torno das decisões que podem ser atacadas de Embargos de Declaração.
3.2. Os defeitos corrigíveis por meio dos Embargos de Declaração
A Lei n. 8.950, de 13 de dezembro de 1994, retirou do CPC de 73 a regra do art. 464 e modificou o art. 535 do mesmo diploma. Hoje, o art. 535 traz a seguinte redação: “Cabem embargos de declaração quando: I) houver, na sentença ou no acór​dão obscuridade ou contradição; II) for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal”.No que respeita à regra do processo do trabalho, art. 897-A da CLT, temos menção expressa ao cabimento dos Embargos de Declaração na omissão ou na contradição, quando eles podem ter efeito modificativo ou infringente, e por “manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso”. 
Analisemos os defeitos que, segundo as regras, comportam a correção pela via dos Embargos de Declaração.
		
a) A obscuridade
A obscuridade, do Latim obscuritate con​siste na falta de clareza, de luz. Podemos dizer da obscuridade que ela é defeito que impede por completo a compreensão da decisão. Assim, uma decisão é obscura quando dela não se pode extrair qualquer interpretação. 
Uma observação importante, neste ponto, é quanto a que a obscuridade na decisão deve ser o resultado da compreensão que dela faça o “homem-médio”, ou seja, uma pessoa suficientemente aparelhada dos conhecimentos necessários à interpretação de um texto simples. A eventual falta de capacidade intelectual de um leitor para a interpretação de uma decisão não indicará que ela seja obscura. A obscuridade não é defeito que uma pessoa apenas identifica, mas que é passível de ser encontrado por um conjunto de leitores que possua a mesma habilidade para a interpretação de um texto escrito. 
Por outro lado, uma decisão que abuse de jargões jurídicos, do português clássico e de expressões em latim não será, só por isso, obscura, necessariamente. O uso desse instrumental não recomendável, inclusive por política da Associação dos Magistrados do Brasil, não implicará necessariamente na impossibilidade da interpretação da decisão. 
		b) A contradição
Há contradição numa decisão quando nela o juiz utiliza proposições que não podem ser conciliadas. O julgador raciocina num sentido e conclui noutro completamente diverso. Seria o caso, por exemplo, de o juiz admitir na fundamentação que a prova favoreceu o autor e que o direito pleiteado é amparado pelo ordenamento jurídico e, por isso, julgar o pedido improcedente. Ora, se a prova e o direito estão do lado do autor o lógico é que a decisão lhe seja favorável. Aliás, a contradição é justamente a subversão da lógica e do razoável.
Por outro lado, é necessário pontuar que a contradição que permite o uso dos Embargos de Declaração é aquela que ocorre na manifestação das ideias pelo juiz. É avaliação que considera exclusivamente a decisão que está sendo interpretada. Não é possível, para efeito de ED, comparar a decisão com as provas dos autos, com outra sentença do juiz, com as regras sobre o caso ou com a jurisprudência. Em suma, a contradição é defeito que está no texto em se considerando as ideias nele expostas. 
O juiz precisa ser coerente nos julgamentos dos casos iguais, ser fiel à prova produzida, julgar conforme as regras de direito e, eventualmente, se alinhar com a jurisprudência. Não observada qualquer dessas necessidades, o julgamento poderá ser combatido em seu aspecto de mérito. Os embargos de Declaração combatem defeito de forma, os quais não estarão presentes pelos fatos mencionados.
		c) A omissão
A omissão que justifica os ED é aquela decorrente da não apreciação de pedido ou argumento do autor ou de defesa ou argumento do réu. Aqui, o legislador se preocupou com a completude da prestação jurisdicional. Os jurisdicionados têm o direito a uma prestação jurisdicional completa. Todos os pedidos do autor e suas respectivas causas devem ser analisados pelo juiz. Do mesmo modo, todas as matérias de defesa e todos os argumentos do réu devem ser considerados pelo juiz na decisão.
A falta de manifestação sobre pedido ou fundamento do autor e sobre matérias de defesa e argumentos do réu tornam o julgamento incompleto e os ED poderão ser utilizados para a correção do defeito. Os embargos serão desnecessários, no entanto, se a parte “prejudicada” pela omissão vencer no pedido ou tiver acolhida a defesa por um dos fundamentos utilizados. É que eventual recurso ordinário contra a decisão submeterá todos os fundamentos e argumentos das partes ao órgão de julgamento do recurso, independentemente de pedido nas razões do recurso ou na resposta do recorrido - § 2º do art. 515 do CPC.
Observamos, nesse ponto, que se o juiz não aprecia uma prova, não se manifesta sobre ela, a hipótese não é de omissão, mas de erro de julgamento por má apreciação da prova. Os ED não serão cabíveis, mas o Recurso Ordinário.
d) O manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso 
Esta hipótese de cabimento dos Embargos de Declaração é específica da legislação processual do trabalho, art. 897-A da CLT, como já tivemos a oportunidade de sublinhar em linhas passadas.
O legislador pretendeu com essa possibilidade dotar o processo do trabalho de mecanismo célere para a correção no equívoco do juízo de admissibilidade dos recursos. Como destacamos em tópico próprio, o juízo de admissibilidade é exercido em diversos momentos da tramitação do recurso, o que pode acarretar a sua negativa de seguimento ao órgão de julgamento pelo órgão que o recepciona inicialmente ou pelo relator do julgamento. O juízo negativo de seguimento, por sua vez, pode ser com equívoco evidente, como numa contagem errada do prazo recursal. A priori, então, o recorrente deveria utilizar o Agravo de Instrumento para obter o seguimento do recurso – Alínea “b” do art. 897 da CLT -, o que é desnecessário pela possibilidade da utilização do “remédio” simples consistente nos Embargos de Declaração. 
	Embora a CLT fale expressamente de “manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos”, entendemos que os ED podem ser utilizados não apenas para o equívoco quanto ao exame dos pressupostos extrínsecos (tempestividade, preparo, forma escrita, fundamentação ou dialeticidade e regularidade de representação), mas também para o equívoco quanto aos pressupostos intrínsecos (cabimento, legitimidade, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer). 
		e) A dúvida
O CPC previa a dúvida como hipótese de cabimento dos ED. A doutrina criticava a hipótese em questão ao argumento de que a dúvida não seria um defeito da decisão, mas o resultado que ela provocaria no seu intérprete.
Com a retirada da dúvida como hipótese expressa de cabimento, a doutrina passou a interpretar que ela está contida na obscuridade. 
Ora, a dúvida é operada pela possibilidade de uma decisão ser interpretada de mais de uma maneira. 
Assim, se a obscuridade gera a impossibilidade de qualquer interpretação quando uma decisão pude ser interpretada de mais de um modo ela gera dúvida, o que é prejudicial à efetividade do julgado. Então, diante da dúvida gerada pela possibilidade de mais de uma interpretação para uma mesma decisão, cumprirá à parte o uso dos Embargos de Declaração para a correção do defeito, que o embargante chamará de obscuridade.
4. Prazo para apresentação e efeito 
O prazo para a interposição dos ED é de cinco dias, qualquer que seja a decisão a ser atacada por esse instrumento, conforme se observa do art. 897-A da CLT. O prazo flui, por óbvio, da intimação da decisão. É necessário destacar, entretanto, que no caso das sentenças, o prazo pode fluir da juntada aos autos do termo de julgamento, se esse for colacionado no prazo de 48 horas previsto para a audiência de decisão, o que requererá a atenção das partes. 
De realçar, ainda sobre o assunto, que os Embargos de Declaração outrora apenas suspendiam o prazo para a interposi​ção de qualquer recurso. Hoje, a apresentação dos ED interrompe o prazo para o recurso principal, conforme o art. 538 do CPC, o que significa, na prática, que o prazo do recurso principal passa a fluir pela totalidade quando as partes são intimadas da decisão de julgamento dos Embargos.
Questão de significativa discussão é aquela em torno do efeito dos Embargos de Declaração quando eles são meramente protelatórios. A doutrina preponderante reconhece a interrupção do prazo para o recurso principal ainda assim. O argumento éde que há penalidade prevista para os ED protelatórios na legislação e de que a não atribuição de efeito interruptivo seria a atribuição de dupla penalidade para a mesma falta.
No que respeita ao efeito interruptivo dos Embargos é preciso anotar que esse efeito não estará presente, contudo, se os ED forem apresentados fora do prazo legal. Então, o recurso que foi apresentado intempestivamente não tem o condão de repercutir na contagem do prazo do recurso principal. 
O Substitutivo ao Projeto de CPC prevê, expressamente, que não haverá essa repercussão quanto ao prazo do embargante, § 1º do art. 980. A parte embargada, contudo, terá o prazo devolvido para o recurso principal. 
5. Embargos de Declaração de natureza infringente ou modificativa
O caráter infringente dos ED decorre da possibilidade da modificação que o julgamento deles pode produzir na decisão embargada. Essa possibilidade de alteração do julgamento embargado é eventual e episódico, ou seja, não ocorre necessariamente pela interposição ou acolhimento dos Embargos. Dependerá do defeito denunciado na decisão e o reconhecimento dele pelo órgão prolator da decisão embargada, que é o mesmo que a proferiu. É de se ressaltar que essa possibilidade de alteração da decisão pelos Embargos é reconhecida expressamente no art. 897-A da CLT.
Ora, como afirmamos exaustivamente, os ED não se destinam a modificar o mérito da decisão, mas para aclará-la ou completá-la, ou, em outras palavras, para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional. 
Destarte, tendo em vista que, contrariando a sua vocação natural, os Embargos podem alterar a decisão embargada, a jurisprudência, a partir do STF, se firma no sentido da necessidade, nesses casos, da intimação do embargado, para as contra-razões, o que tem sido observado por juízes e tribunais. No âmbito do TST nós temos a OJ 142 da SDI-1 versando sobre a intimação da parte contrária quando os ED tiverem efeito modificativo.
Note-se, então, que os Embargos de Declaração são o único recurso do sistema que não determina a intimação do recorrente para as contra-razões ou resposta, o que passa a ser necessário em razão do eventual caráter infringente.
	Nesse sentido, inclusive, temos a possibilidade da regra do Parágrafo único do art. 976 do Substitutivo do CPC encaminhado pelo Senado à Câmara.
6. Prazo para o julgamento
Relativamente ao prazo de julgamento dos Embargos de Declaração no processo do trabalho, a regra do art. 897-A da CLT estabelece: “devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação”.
A regra em destaque merece um comentário esclarecedor. 
As decisões das Varas do Trabalho são proferidas em audiência, ao menos do ponto de vista da previsão da regra de direito. Ainda que os juízes profiram as decisões finais em suas casas e eles apresentem na secretaria o termo de julgamento para a colação aos autos, a lei pressupõe que houve audiência para a sentença. 
Então, em se considerando que as decisões são proferidas em audiência, o julgamento dos ED deve ser em audiência, se o “remédio” foi apresentado contra sentença. Assim, o juiz do trabalho deve julgar os ED na sessão seguinte. Dessa audiência de julgamento dos ED as partes não precisam ser intimadas. É necessário que sejam intimadas da decisão, pois só daí estará fluindo o prazo para o recurso principal. 
Relativamente aos ED propostos contra acórdãos, o julgamento deles deverá ser efetuado na sessão seguinte a sua apresentação ao órgão colegiado que proferiu a decisão embargada. 
Lembramos que esses prazos de julgamento a que estamos nos referindo devem ser considerados na perspectiva de eventual necessidade de intimação do embargado para resposta, o que ocorre, como já observamos, quando os ED tiverem efeito modificativo. 
7. Multa por intuito protelatório
Aspecto outro de relevância que encontramos neste tema diz respeito à multa que o embargante pode sofrer pela interposição de Embargos de Declaração com intuito de retardar a marcha do processo. A previsão está na regra do Parágrafo único do art. 538 do CPC, cujo teor é o seguinte:
Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.
A aplicação subsidiária do art. 538, parágra​fo único, do CPC, que atine à multa, é corroborada por decisões do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
TST ED -ED - E - RR 1946/88.4 Ac. SDI 127/93, 10.02.93, Rel. Min. Hylo Gurgel - In Revista LTr., 57-04/463. Com expressividade: “A multa prevista no artigo 538 do CPC, subsidiariamente aplicável aos feitos traba​lhistas, tem a sua aplicação condicionada à intenção incontornável e evidentemente maliciosa de procrastinar a entrega da prestação jurisdicional” (Ac. 2908 da 1º T. Do TST no RR 3087/81, Rel. Min. Idélio Martins: Adcoas, 1983, nº 90.251) - apud Alexandre de Paula, O Processo Civil à Luz da Jurisprudência, v. XIII, 1º Suplemento, RJ: Ed. Forense, 1990, Ementa nº 30.010, p. 230.
Admissível subsidiariamente no processo do trabalho resta-nos considerar algumas relevantes questões sobre a multa por Embargos protelatórios.
Uma primeira questão que se nos apresenta nesta matéria é: como podemos identificar o intuito protelatório nos Embargos de declaração? Ora, estamos diante de um conceito jurídico indeterminado porque a pretensão protelatória é consideração sujeita a um considerável grau de subjetividade. 
Por outro lado, os embargos absolutamente indevidos podem ser tidos por protelatórios? Os embargos absolutamente indevidos devem ser considerados protelatórios, a princípio. Os embargos absolutamente indevidos ou são fruto da má apropriação da técnica ou da intenção de protelação. Assim, por se esperar da parte, sobretudo quando assistida por advogado, que ela tenha habilitação para o uso desse instrumento processual, se os ED forem apresentados sem causa plausível eles devem ser considerados meramente protelatórios.
O autor pode ter interesse na protelação? Pode parecer, a princípio, que não. É possível, porém, quando, por exemplo, o advogado respectivo estiver assoberbado de trabalho e pretender ampliar o prazo para o recurso principal. Nesse caso, ele poderá utilizar o artifício da interposição dos Embargos de Declaração, o que deve ser penalizado pelo juiz ou tribunal.
É de se ressaltar, entretanto, que quando os Embargos Declaratórios tiverem o objetivo de pré-questionar qualquer matéria, no afã de se ajuizar recurso de natureza extraordinária, esse nunca poderá ser considerado protelatório, nos moldes da Súmula 98 do STJ, que giza: “Embargos de Declaração manifestados com notório propósito de pré-questionamento não tem caráter protelatório”. 
Relativamente ao valor da multa, sobre qual parâmetro ela deve ser calculada? O processo do trabalho atual exige a fixação do valor da causa pelo autor para efeito de fixação do rito procedimental a ser observado na distribuição do feito. Assim, entendemos que a regra do CPC tem perfeita incidência entre nós e a base para o cálculo da multa é o valor da causa. 
Não desconsideramos que a multa de até 1% ou de até 10% sobre o valor da causa, essa no caso de reiteração de embargos protelatórios, é algumas vezes de quantia irrisória em face do valor atribuído à causa trabalhista, mas a existência de regra específica não nos deixa a possibilidade de elegermos outro parâmetro para a multa, sob pena do comprometimento do devido processo legal. 
A aplicação de penalidade por embargos protelatórios independe do requerimento da parte, ou seja, o juiz ou tribunal a aplica de ofício, porque o órgão jurisdicional atua no processo como fiscal da atuação ética dos litigantes. 
Por fim, restam duas considerações.
Os embargosde declaração protelatórios que são reiterados perante a mesma instância ensejam a condenação à nova multa, agora de até 10%. Pela reiteração de Embargos de Declaração, o embargante tem de efetuar o depósito das multas como pressuposto adicional para o conhecimento de eventual recurso interposto e consoante a OJ 104 da SDI-1, o embargante deve ser intimado expressamente do novo valor para efeito de depósito recursal. 
A multa por embargos protelatórios é revertida em favor do embargado.
8. Preparo dos ED
A regra do art. 536 do CPC diz que os embargos não reclamam preparo. Entre nós do processo do trabalho uma questão que ocupou a doutrina por algum tempo foi àquela atinente à necessidade do depósito recursal pelo empregador para a interposição de Embargos de Declaração. 
Como sabemos, os recursos apresentados pelos empregadores têm como um dos pressupostos o depósito do valor da condenação. 
Ora, tendo em vista que a pretensão veiculada nos ED não é de reforma ou de anulação do julgado, mas de sua complementação e/ou aclaramento, quando, então, não se vislumbra uma natureza propriamente recursal no instituto, a interpretação que vigora é quanto à desnecessidade de depósito recursal para a apresentação dos Embargos de Declaração pelo empregador condenado no processo do trabalho.
9. Embargos de Declaração contra julgamento de Embargos de Declaração
Esses ED são previstos expressamente – Parágrafo único do art. 538 do CPC. Esses embargos versam sobre defeito na decisão que julgou os ED anteriormente propostos. Não servem para repetição da matéria proposta e já enfrentada no julgamento dos ED, a menos que a decisão de embargos seja obscura ou contraditória. Pela possibilidade de sucessivos embargos foi a instituição de uma multa mais elevada para a reprise de Embargos protelatórios. A multa por protelação tem natureza diversa das custas recursais.
10. Embargos de Declaração para fins de prequestionamento
Os tribunais de julgamento de recursos de índole extraordinária, ou seja, os tribunais superiores e o Supremo Tribunal Federal construíram uma interpretação que consiste na necessidade de que a matéria a eles proposta pelo recurso extremo tenha sido debatida pelo órgão recursal. É que muitos recursos são apresentados aos tribunais superiores e ao STF sem que o órgão de julgamento da decisão atacada tenha tido a oportunidade de se manifestar explicitamente sobre a matéria que justifica o recurso de natureza extraordinária. Por exemplo: a parte suscita no Recurso de Revista que a decisão recorrida violou a Lei Federal sem que tenha submetido ao Tribunal recorrido a violação da lei federal pela decisão atacada, o que pelo pressuposto do prequestionamento é absolutamente necessário. Daí que se a questão tiver sido levada ao órgão recorrido através das razões ou contrarrazões do recurso e esse não tiver se manifestado, cabem os Embargos de Declaração para efeito de prequestionamento, sob pena de preclusão, conforme o item II da Súmula 297 do c. TST.
	O prequestionamento pela via dos Embargos de Declaração não será necessário, no entanto, quando a questão a ser veiculada ao Tribunal Superior do Trabalho houver surgido no julgamento atacado, como previsto na OJ 119 da SDI-1. 
Prof. MARCÍLIO FLORÊNCIO MOTA

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