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04 Nocoes de Direito Processual Penal (2)

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Polícia Científica - PE 
Cargo 2: Auxiliar de Perito 
 
1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. 1.1 Disposições 
preliminares do Código de Processo Penal. ............................................................................................. 1 
 
2 Inquérito policial. ............................................................................................................................. 14 
 
3 Ação penal. ..................................................................................................................................... 27 
 
4 Competência. .................................................................................................................................. 41 
 
5 Provas (TÍTULO VII CPP). 5.1 Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/1996). .................................. 49 
 
6 Prisão e liberdade provisória. 6.1 Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária). ........................................ 81 
 
7 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. ..................... 107 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
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relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
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- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas, enviar material complementar (caso tenha 
tempo excedente para isso e sinta necessidade de aprofundamento no assunto) e receber suas 
sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer 
erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso 
serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-
mail: professores @maxieduca.com.br 
 
Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas; 
 
Qual a finalidade do Direito Processual Penal? Podemos dizer que existe uma finalidade mediata, que 
se confunde com a própria finalidade do Direito Penal – paz social – e uma finalidade imediata e que outra 
não é senão a de conseguir a “realizabilidade da pretensão punitiva derivada de um delito, através da 
utilização da garantia jurisdicional”. Sua finalidade, em suma, é a de tornar realidade o Direito Penal. 
Enquanto este estabelece sanções aos possíveis transgressores de suas normas, é pelo Processo 
Penal que se aplica a sanctio juris (sanção do direito), porquanto toda pena é imposta “processualmente”. 
Daí dizer Manzini que ele consiste em obter, mediante a intervenção do Juiz, a declaração de certeza, 
positiva ou negativa, do fundamento da pretensão punitiva derivada de um delito. 
Assim, não constitui o Processo Penal nem uma discussão acadêmica para resolver, em abstrato, um 
ponto controvertido de Direito, nem um estudo ético tendente à reprovação da conduta moral de um 
indivíduo. Seu objetivo é eminentemente prático, atual e jurídico e se limita à declaração de certeza da 
verdade, em relação ao fato concreto e à aplicação de suas consequências jurídicas. 
É princípio geral do direito que as normas jurídicas limitam-se no tempo e no espaço, isto é, aplicam-
se em um determinado território e em um determinado lapso de tempo. 
Por conseguinte, em seguida vamos estudar mais detalhadamente estes institutos. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL DO ESPAÇO 
 
Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (art. 5º do Código Penal) e da 
extraterritorialidade incondicionada e condicionada (art. 7º do Código Penal), o Código de Processo Penal 
adota o princípio da territorialidade ou do lugar (lex fori). E isso por um motivo óbvio: a atividade 
jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras 
do respectivo Estado. 
A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território brasileiro, sem 
prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional. Em suma, no processo penal vigora o 
princípio da absoluta territorialidade (artigo 1.º do Código de Processo Penal). 
Para melhor compreensão do assunto importante fazermos uma análise minuciosa sobre a aplicação 
do Código Penal, “em todo território brasileiro” com objetivo de conceituar território, distinguindo o território 
em sentido estrito e território por extensão. No primeiro caso, evidencia-se pelo solo, subsolo, águas 
interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo acima de seu condado. Por outro 
lado, no segundo caso, incluem-se embarcações e as aeronaves brasileiras, não importando sua 
natureza, e estando situados em qualquer lugar que tiverem, conforme disposto no artigo 5º do Código 
Penal. Neste contexto, o autor Júlio Mirabete, completa: 
 
Território em sentido estrito abrange o solo (e subsolo), sem solução de continuidade e com limites 
reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo. Já por 
extensão se configura em abranger as embarcações e aeronaves brasileira, de natureza pública, ou a 
serviço de governo, onde quer que se encontrem, bem como as mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem em alto-mar. 
 
Interpreta-se que, o espaço territorial é a porção de terra abarcada nos limites de suas fronteiras, os 
quais são estabelecidos por pactos, tratados ou obras humanas, tais como muralha, etc. Contudo, ainda 
na seara processual, as embaixadas são sopesadas como território alienígena onde se acham situadas, 
tanto pelos crimes perpetrados por pessoas alheias as imunidades sujeitam-se a jurisdição do estado 
1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às 
pessoas. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
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onde se depara a embaixada, considerando assim inviolável as sedes das embaixadas. Adverte ainda 
que, as aeronaves de guerra ou a serviço de governo estrangeiro, enquanto este durar – são 
contempladas conforme espaço territorial do país a que pertence. 
Corroborando para tal juízo, tem-se entendido que o espaço marítimo está envolvido em 12 milhas 
marítimas de largura, a partir da linha debaixo-mar do litoral continental e insular brasileiro, análogo as 
grandes cartas náuticas. Em contrapartida, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro 
embora encontrem-se no espaço marítimo nacional, quer em missão diplomática ou de representação, é 
visto como exceção à regra concernente ao espaço marítimo, estando tudo em conformidade com a 
legislação – art. 1º da lei nº 8.617 de 4.01.1993 e convenção internacional sobre o direito do mar. 
Sendo assim, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro são trazidos como exceção da 
incidência da lei brasileira. Ou seja, são territórios do Estado de sua bandeira, em alto mar. 
Assinala-se, aliás, que o espaço aéreo comporta todo espaço localizado no território nacional, além 
das águas territoriais independentemente da altura que as aeronaves estiverem. Mirabete, ressalta: “a 
teoria da coluna atmosférica,delimitada por linhas imaginárias que se situam perpendicularmente aos 
limites do território físico, incluindo o mar territorial (ad infinitum), prosseguindo conservada no Código 
Brasileiro de Aeronáutica”. 
Portanto, como se percebe, a regra é que todo e qualquer processo penal que surgir no território 
nacional deva ser solucionado consoante as regras do Código de Processo Penal (locus regit actum). Há, 
todavia, exceções. 
 
Hipóteses de Não Aplicação do Código de Processo Penal 
 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
Para iniciarmos essa discussão acerca da não aplicação do Código de Processo Penal, imperioso 
mencionar que, os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves públicas estrangeiras, em águas 
territoriais e espaço aéreo brasileiro, não se aplica a lei penal, tampouco a lei processual penal. 
Inaplicável também aos agentes diplomáticos que gozam de imunidade, por serem representantes do 
Governo em conferências, congressos ou organismos internacionais, sendo ainda por este motivo esses 
privilégios irrenunciáveis. Importante ressaltar que tal prerrogativa consiste em responder no seu país de 
origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo 
Decreto Legislativo nº 103/64, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/65). Para o doutrinador 
Mossin entende-se com tais prerrogativas também, os cidadãos que vivam sob mesmo teto do diplomata, 
no caso, os pais, a mulher, filhos etc. Se por acaso o funcionário vir a falecer continuará gozando dos 
mesmos privilégios até que o tempo juridicamente relevante se extinga. 
Como se percebe, por conta de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em 
virtude de regras de Direito Internacional, a lei processual penal deixa de ser aplicada aos crimes 
praticados por tais agentes no território nacional, criando-se, assim, verdadeiro obstáculo processual à 
aplicação da lei processual penal brasileira. 
Para facilitar a compreensão do assunto importante conceituar o que é tratado, convenção e regras de 
direito internacional. 
Pode-se proclamar pelo texto que tratado é acordo firmado entre duas ou mais países, quando se 
vinculam a competir e venerar as cláusulas e condições da declaração como se fossem preceitos de 
direito positivo, com conteúdo político. Não obstante, convenção é o ajuste sobre assuntos de veemência 
entre nações de caráter não político, e sim civil. Vale ressaltar por Tourinho Filho a distinção entre tratado 
e convenção. A primeira é um pacto internacional concluído em Estados de forma escrita e regulado pelo 
Direito Internacional, constituindo em um único instrumento, ou dois ou mais instrumentos 
consubstanciados. Por outro lado, convenção seria tratado que designa norma gerais. Consta exceção à 
regra de territorialidade prevista na Constituição Federal e por tratados e convenções internacionais, 
perpetra com que o conflito ocorrido fora do território nacional possa contar com a aplicação da lei 
brasileira, como exemplo as cartas rogatórias. 
Por sua vez, as regras de direito internacional, são princípios fundamentais de direito, retirados, 
principalmente da lei, estando todos os países coibidos a cumprir, como por exemplo: as imunidades 
diplomáticas o que ocasiona a exclusão da jurisdição (Convenção de Viena- art. 1º, I e art. 5º do CPP), 
composto de embaixadores, secretários de embaixada, pessoal técnico administrativo, bem como seus 
familiares. O STF entende que o cônsul não goza de ampla imunidade, somente em casos de atos 
conseguidos no emprego das funções consulares (agentes administrativos). 
 
 
 
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II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos 
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, 
nos crimes de responsabilidade; 
As prerrogativas para os crimes de responsabilidade do Presidente da República, dos ministros de 
estado, nos crimes conexos, previsto na legislação – art. 1º, II do CPP e art. 5º até 12 da Lei nº 1.079/50 
- respectivos atos que atentarem contra a constituição possuindo como alguns requisitos a existência da 
união; livre exercício dos poderes constituídos; exercício dos direitos políticos e sociais; segurança interna 
do país etc. 
Fundamentalmente, o elenco de agentes que possui a prerrogativa de função, nos crimes de 
responsabilidade corresponde ao Presidente da República, aos Ministros de Estado, aos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal; Governadores e Secretários de Estado; Governador do Distrito Federal e seus 
Secretários; Procurador Geral da República e Advogado Geral da União, presente na Lei nº 1079, de 
10.04.1950, Lei nº 7.106/1983 e art. 52 da Constituição Federal. 
 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
O que se alude ao processo de competência da Justiça Militar Federal e Estadual, não se aplica ao 
Código de Processo Penal, pois as mesmas têm suas legislações especiais. Conforme mostra Mussin, o 
Código Penal Militar (CPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969, e o Código de 
Processo Penal Militar (CPPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969, situando as 
normas processuais para o exame dos crimes militares. Junto com os dois Decretos, existe a Lei de 
Organização Judiciária Militar (LOJM), formado pelo Decreto-lei n. 1.003, de 21 de outubro de 1969. 
Foram formadas várias Súmulas pelo Supremo Tribunal de Justiça, entre as quais discorre que, 
compete à Justiça comum Estadual julgar acusado civil por cometer crime contra instituições militares 
estaduais. Outra é a Súmula 75 que fala: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar o policial militar 
por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”. Se o profissional militar 
praticar delito de mesma natureza, em outra unidade da federação, seu julgamento deve ser prolatado 
pela Justiça Militar do Estado onde exercita sua atividade, pois a Justiça do local onde ocorreu o delito 
não pode lhe julgar disciplinarmente, garantindo o princípio da autonomia dos Estados Federados. A 
Súmula 90 do Tribunal Superior discorre sobre “a competência da Justiça Estadual Militar processar e 
julgar o policial militar pela prática do crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo 
àquele”, pois cada justiça julga o crime consoante sua competência. 
 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); 
Os artigos citados referem-se à Constituição de 1937, sendo que esse tribunal especial a que faz 
menção o inciso IV é o antigo Tribunal de Segurança Nacional, que já não existe mais, visto que foi extinto 
pela Constituição de 1946. O art. 122, n2 17 da Carta de 1937 previa que “os crimes que atentarem contra 
a existência, a segurança e a integridade do Estado, a guarda e o emprego da economia popular serão 
submetidos a processo e julgamento perante tribunal especial, na forma que a lei instituir”. 
 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Outra ressalva constante do art. 1º do CPP diz respeito aos processos penais por crimes de imprensa. 
Referidos delitos estavam previstos na Lei nº 5.250/67. Dizemos que estavam previstos na Lei nº 5.250/67 
porque, no julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental nº 130, o Supremo 
Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali formulado para o efeito de declarar como não 
recepcionado pela Constituição Federal todo o conjunto de dispositivos da Lei nº 5.250/67. 
Como decidiu a própria Suprema Corte, a não recepção da Lei de Imprensa não impede o curso regular 
dos processos fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem tampouco a instauração de 
novos processos, aplicando-se lhes, contudo, as normasda legislação comum, notadamente, o Código 
Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal. 
 
LEI PROCESSUAL NO TEMPO 
 
Justapõe a lei processual quando a mesma entra em vigor, de acordo com o artigo 2° do CPP que 
dispõe, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob 
a vigência da lei anterior”, e não quando ocorre o período para a ciência do teor da norma pela sociedade 
em geral. Antes de entrar em vigor, o prazo que medeia a publicação da lei e a entrada em vigor como 
apronta o artigo 1° da LICC, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta 
e cinco dias depois de oficialmente publicada”, o vacatio legis, refere-se a norma que não alude a 
criminalização de conduta, e três meses para seu emprego nos Estados Estrangeiros, quando a esta é 
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admitida. Passando a valer imediatamente, apreciando processos em pleno desenvolvimento, porém não 
compromete os atos alcançados na vigência da lei anterior. Com isso, a lei processual penal não tem 
efeito retroativo, pois se fosse, o legislador teria invalidado as ações processuais exercidos até a data da 
vigência da lei nova, uma vez que o princípio é tempus regit actum (o tempo rege o ato), conforme ratifica 
TOURINHO. 
Elucida-se nos casos em que uma lei nova estabelece outras regras para a citação do réu e para a 
intimação do defensor, tornando-se valido o chamamento já realizado sob a vigência da norma anterior. 
As intimações posteriores serão regidas pela nova lei. A exceção ocorre quanto ao transcurso de prazo 
já principiado, que em regar, ocorre pela lei anterior. Por ações já exercitadas, necessita-se entender 
também, os respectivos efeitos e/ou consequências jurídicas. Como no exemplo citado por Pacelli: 
“Sentenciado o processo e em curso o prazo recursal, a nova lei processual que altera o aludido prazo 
não será aplicada, respeitando-se os efeitos preclusivos da sentença tal como previstos na época de sua 
prolação.” 
O doutrinador Aury Lopes distingue leis penais puras, leis processuais penais puras e as leis mistas. 
A primeira é aquela que disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material do processo, cabendo 
para o Direito Penal (tipificação de crimes, pena máxima e mínima, regime de cumprimento) a 
retroatividade da lei penal mais branda e irretroatividade da lei mais maléfica. A segunda regula o início, 
desenvolvimento ou fim de um processo, e seus institutos processuais (perícia, rol de testemunhas, forma 
de realizar atos processuais, ritos), ademais, aplicando-se o princípio da imediatidade, não ocorre o efeito 
retroativo. Por fim, a última possui peculiares características penais e processuais, aplicando-se para tais 
casos as regras do Direito Penal, no caso a lei mais branda retroage e a mais gravosa não. 
Existem as normas processuais penais materiais, que são normalmente institutos mistos/híbridos, 
estudados tanto no Direito Penal, como no Processo Penal, nesses casos aceita-se sua retroatividade, 
em razão de sua dupla natureza. Como outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a 
decadência, e outros. Quando alguma regra é alterada acontecerá, por vezes, reflexos incontestáveis no 
Direito Penal. Por exemplo: nos casos em que a norma inclua outra forma de perempção, mesmo se 
referindo a circunstâncias futuras, podem ocorrer, em casos concretos, que o processado seja favorecido 
com a norma recém-criada. Ela é retroativa para o fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito 
no direito material (art. 107, IV, CP). 
Ocorrem também os institutos conectados à prisão do querelado, que são consideradas normas 
processuais penais materiais, pois condiz com a liberdade do indivíduo. A finalidade do processo penal é 
resguardar a eficiente aplicação da lei penal, beneficiando o acusado. De tal forma, não tem aceitação a 
prisão cautelar inteiramente dissociada do conjunto de direito material. A própria tem razão de existir, a 
respeito do princípio da presunção de inocência, pois há acusados de cometer um crime, que a sua 
liberdade pode colocar em risco a sociedade. Isso pode ser confirmado nos casos em que o sistema 
autoriza a decretação de prisões cautelares, cuja hipótese que prevalece é a de aplicação de penas 
privativas de liberdade e em regime fechado. 
É notório ratificar que não teria sentido estabelecer a prisão preventiva do réu por contravenção penal 
ou por delito, em que a pena cominada é de multa. Considerando tais normas processuais de conteúdo 
material, retroagindo para envolver situações ocorridas antes da sua existência, com isso colaborando 
para garantir a liberdade do réu. No artigo 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal define 
que “à prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoráveis” ao réu, 
quando houver a vigência de lei nova que obtenha situação processual em desenvolvimento. 
Quanto ao que se refere o artigo 3° do CPP, “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”. Essas modalidades de 
hermenêutica, coloca-se no processo de auto-integração das leis e do Direito, perante a necessidade de 
resolução dos casos concretos contidos à jurisdição, como em casos de normas incriminadoras, as que 
definem o tipo penal, suas qualificadoras ou causas de aumento da pena, ou que agravem a situação do 
réu. 
Não se pode falar em aplicação da analogia ou interpretação extensiva, exceto quando a lei 
expressamente permitir, em razão da esfinge de se prever uma significado casuístico definitivo, quão 
ocorre com expressões do tipo: outro meio qualquer, de qualquer maneira, etc. Porém, em se tratando de 
normas de conteúdo não incriminador, pode-se aplicar a analogia e a interpretação extensiva. No que 
versa sobre às normas de competência, é necessário modificação da competência por lei processual 
nova, fazendo com que o novo órgão competente julgue aqueles feitos anteriores, como aclara Carlos 
Maximiliano: 
 
a) em sendo abolida uma autoridade, o processo corre perante a que a substitui; 
 
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b) mudada a hierarquia dos juízes pelos quais transitará sucessivamente determinada causa, a 
alteração aplicar-se-á tanto aos efeitos iniciados, como aos futuros: por exemplo, suprimida a instancia 
superior, para ali não se vai nos casos em curso; 
 
c) variando o número ou a qualidade dos magistrados componentes de tribunal, câmara ou turma, 
julga-se pelo novo modo a causa pendente: por exemplo, em vez de juiz único, um colégio e vice-versa. 
 
De acordo com o artigo 2° do LICC, que elucida, “não se destinando à vigência temporária, a lei terá 
vigor até que outra a modifique ou revogue.” Finaliza-se vigência da lei com a sua revogação, que pode 
ser expressa, revogam-se as disposições em contrário, ou tácita, incompatibilidade da novatio legis com 
a lei velha ou lei nova regular inteiramente matéria que tratava a anterior. A revogação pode ser parcial, 
quando designa-se derrogação; ou total, denomina-se de ab-rogação. Há também a autorrevogação 
(exceção), que vigora por período determinado, acontece quando susta a ocorrência de emergência ou 
anormalidade na lei excepcional ou acabar com o prazo da lei temporária. 
 
Em resumo, são particularidades vigentes para a lei processual no tempo: 
 
A) Princípio do efeito imediato. No direito penal, a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. 
Já no processo penal, a lei processual rege-se pelo “Princípio do Efeito Imediato” (“tempus regit 
actum”), segundo o qual a nova lei processual será aplicada em todos os processos em curso, não 
importando se beneficia ou não o réu.Quanto aos atos processuais já realizados, estes permanecerão 
válidos. 
E se a lei tiver natureza híbrida, isto é, aspectos tanto de direito material como de direito processual? 
Neste caso, apesar de alguma celeuma doutrinária, prevalece o entendimento de que o aspecto penal da 
norma deve preponderar, não se aplicando de imediato o dispositivo se menos benéfico ao acusado. 
Agora, se mais benéfico ao acusado, há uma retroatividade parcial apenas da parte penal, enquanto a 
parte processual penal vige do instante presente para frente; 
 
B) Contagem de prazo. Há se distinguir o “prazo penal”, do “prazo processual”. 
No “prazo penal”, conta-se o dia do começo. Assim, ainda que o ato tenha sido praticado às 22h30min 
do dia cinco, p. ex., tal dia já conta como sendo o primeiro da contagem do prazo. Ademais, o prazo penal 
é improrrogável, ou seja, caso termine em sábado, domingo, ou feriado, não se o prorroga até o próximo 
dia útil subsequente. 
Já no “prazo processual”, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Desta maneira, 
se o ato foi praticado no dia cinco, p. ex., o prazo começa a contar do dia seis. Ademais, o prazo 
processual é prorrogável para o primeiro dia útil subsequente caso termine em sábado, domingo, feriado 
ou recesso judiciário. 
Ainda, acerca do prazo processual penal, há se observar a Súmula nº 310, do Supremo Tribunal 
Federal, segundo a qual quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de 
intimação for neste dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver 
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
É sabido que o sistema jurídico nacional fixa a obrigatoriedade da lei penal a todos que se encontrem 
em nosso território, sem qualquer distinção pessoal, sendo aplicada a todos. 
Todavia, esta aplicabilidade da lei penal possui limites diante de princípios advindos da própria 
Constituição Federal, a qual, se por um lado, consagra o princípio da igualdade previsto no artigo 5º, por 
outro, concede atributos e funções a determinados cargos públicos, cujo exercício tornaria inviável, caso 
a incidência do referido princípio não fosse ponderada. 
Deste modo, o sistema jurídico penal concedeu imunidades à determinadas funções públicas, 
justamente para viabilizar o seu exercício. Embora existam algumas discussões sobre o tema, a 
imunidade penal não é vista como privilégio, mas um mecanismo jurídico para assegurar as garantias e 
os direitos fundamentais estipulados na Constituição Federal, bem como respeitar o exercício da 
soberania dos demais estados, em obediência a tratado ou convenção internacional. 
As imunidades possuem as seguintes características: 
 
a) possuem natureza restritiva, já que impedem a aplicação do ordenamento jurídico ao representante 
de outro Estado, salvo quando o Estado acreditante renunciar de forma expressa à imunidade (“A 
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imunidade de jurisdição não se verifica de plano, isto é, não se aplica de forma automática, notadamente 
pelo fato de que há a possibilidade de renúncia pelo Estado estrangeiro” – HC 149.481/DF, STJ); 
b) visam garantir o eficaz desempenho das funções de defender o interesse dos Estados que 
representam; 
 
c) o representante do Estado em missão diplomática ou consular deve respeitar as normas locais e 
não intervir nos assuntos internos. 
 
IMUNIDADES 
 
Há pessoas que, em virtude das suas funções, desfrutam de imunidade. Trata-se, portando, de uma 
prerrogativa funcional, uma proteção ao cargo, e não à pessoa do agente. 
 
a) IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
É uma prerrogativa de direito público internacional da qual desfrutam os Chefes de governo e Estado 
Estrangeiro e membros da Comitiva, o Embaixador e sua família, os funcionários do corpo diplomático e 
respectivas famílias e os funcionários das organizações internacionais, quando em serviço. 
A corrente dominante quanto à natureza jurídica da imunidade diplomática diz que trata-se de causa 
pessoal de isenção de pena, tratando outros como causa impeditiva da punibilidade. Essa imunidade é 
irrenunciável, pois é uma prerrogativa do cargo que ocupa. Cabe, porém, ao país de origem a 
possibilidade de retirar expressamente essa imunidade. 
Esta imunidade tem natureza absoluta: Ficam imunes às consequências da lei brasileira, ficando 
sujeitos às leis dos seus países de origem. A imunidade diplomática não diz que ele não deve respeito à 
nossa lei. Mas se desrespeitar, não sofrerá as consequências aqui, mas no seu país. Quantos aos 
agentes diplomáticos, a imunidade se aplica da seguinte forma: 
- EMBAIXADOR: Tem imunidade em crime comum; tem imunidade em crime funcional. 
- AGENTE CONSULAR – CÔNSUL: Tem imunidade em crime funcional; não tem imunidade em crime 
comum. 
Apesar de minoria em sentido contrário, prevalece, de acordo com a Convenção de Viena, o 
entendimento de que a Embaixada não é extensão do território que representa, apesar de ser inviolável. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não se pode realizar buscas e apreensões em 
Embaixadas. 
 
b) IMUNIDADE PARLAMENTAR 
É prerrogativa inerente à função parlamentar, garantidora do exercício do mandato parlamentar, com 
plena liberdade. 
 
1. Imunidade absoluta: Está prevista no artigo 53, caput, da Constituição Federal e é também 
chamada de material, substancial, real ou inviolabilidade. Prevê que “Os Deputados e Senadores são 
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Para o Supremo 
Tribunal Federal, esta imunidade exime seu titular de qualquer responsabilidade criminal, civil, 
administrativa e política. Sendo as duas últimas acrescidas pelo Supremo. 
- Natureza jurídica: Na visão de Pacell, a imunidade material a estes conferida consubstancia uma 
causa excludente de criminalidade, sendo que, para o STF, é causa de atipicidade. Segundo a Súmula 
245 do STF, “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa”. Esta Súmula 
está restrita, hoje, à imunidade parlamentar relativa, não se estendendo à imunidade parlamentar 
absoluta. 
- Limites: É necessário um nexo funcional para haver esta imunidade. Assim nas dependências da 
Casa Legislativa, presume-se o nexo. Fora das dependências da Casa Legislativa, o nexo deve ser 
comprovado, sob pena de o parlamentar responder pelo delito. 
 
2. Imunidade relativa: Refere-se ao foro por prerrogativa da função exercida pelo parlamentar e está 
prevista no artigo 53, §1º da Constituição Federal. A prerrogativa de função se dá a partir da expedição 
do diploma e não da posse. E o foro especial só terá incidência nas infrações de natureza criminal, 
desaparecendo depois de terminado o mandato, pois é uma prerrogativa em razão da função, e não da 
pessoa. 
- Imunidade relativa à prisão (art. 53, § 2º, da CF): “§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros 
do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, 
os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria 
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. 7 
de seus membros, resolva sobre a prisão.” Deputados e senadores são insuscetíveis de prisão provisória, 
mas cabe prisão definitiva. Essa é a posição do Supremo. 
Exceção: é possível flagrante em caso de crime inafiançável. Nesta hipótese, os autos tem que ser 
remetidos ao Congresso para que a Casa respectiva delibere e a decisão é política (conveniência e 
oportunidade) e não jurídica. A jurisprudência entende que também não podem ser submetidos à prisão 
civil. 
- Imunidade em relação ao processo (art. 53, §§ 3º, 4º e 5º): “§ 3º Recebida a denúncia contrao 
Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à 
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será 
apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela 
Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato”. 
Essa imunidade depois da Emenda Constitucional nº 35/01 só alcança infração praticada após a 
diplomação. O Supremo Tribunal Federal não depende mais de autorização para processar. Porém, a 
Casa Legislativa respectiva pode sustar o processo, não correndo, então, a prescrição. 
Essa imunidade é parlamentar. Não impede a investigação. O Congresso não poderá sustá-la. É a 
posição do Supremo: “a prerrogativa extraordinária da imunidade formal não se estende e nem alcança 
atos investigatórios contra membros do Congresso Nacional”. 
- Imunidade relativa à prova: “§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar 
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas 
que lhes confiaram ou deles receberam informações.” 
Essa imunidade só alcança o parlamentar enquanto testemunha, não como investigado. 
 
“Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os 
ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos 
do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros 
do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados 
entre eles e o juiz.” 
 
Esse art. 221 também não se aplica ao investigado. É a posição do Supremo Tribunal Federal. Ele só 
marca hora, se testemunha. 
As imunidades permanecem durante o estado de sítio, segundo o § 8º, do art. 56: 
 
“§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo 
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos 
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da 
medida.” 
 
Deputados e senadores que se licenciam para exercer cargo no executivo perdem a imunidade 
parlamentar. A Súmula n. 4 do STF que previa essa garantia foi cancelada: “Não perde a imunidade 
parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado. (Cancelada pelo Inq. 104 RTJ-99/477 – 
26/08/1981)”. 
 
- No âmbito estatual: Pelo princípio da isonomia as imunidades concedidas aos deputados federais se 
aplicam por inteiro aos deputados estaduais. 
“Art. 27, § 1º – Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras 
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, 
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.” 
Quanto aos vereadores, estes gozam apenas de imunidade absoluta, restrita ao território em que 
exerce a vereança. Não possuem, portanto, imunidade relativa. 
Constituição estadual pode conceder foro especial ao vereador. Há 2 Estados que fazem isso: Rio de 
Janeiro e Piauí. 
Quem julga deputado federal por homicídio é o STF e não o Júri. Como os dois têm status 
constitucional, entende-se que o STF excepciona o júri neste caso. 
Quem julga deputado estadual por homicídio é o Tribunal de Justiça e não o Júri. Isso porque o foro 
especial para deputado estadual tem previsão na Constituição Federal, a qual excepcionou a si mesma. 
Quem julga o vereador por homicídio é o Júri. Isso porque o julgamento pelo júri tem previsão na 
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Constituição Federal. A Constituição Estadual não pode excepcionar. Logo, por homicídio o vereador vai 
a júri, mesmo que tenha foro especial previsto na Constituição Estadual (como ocorre no Rio de Janeiro 
e Piauí). Nesse sentido Súmula n. 721 do STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição 
estadual”. 
 
c) IMUNIDADE PRISIONAL1 
São pessoas imunes ao flagrante: 
- menores de 18 anos (CF, art. 228; CP, art. 27; ECA); 
- diplomatas estrangeiros, em decorrência de tratado ou convenção internacional (art. 1º, I, do CPP); 
- o Presidente da República (art. 86, § 3º, da CF); 
- autores de crime de trânsito que socorram de forma imediata e integral a vítima de acidente (art. 301 
do CTB); 
- quem se apresente espontaneamente (art. 317, do CPP, a contrario sensu). 
O autor de infração de menor potencial ofensivo não será preso em flagrante quando for imediatamente 
encaminhado ao juizado especial criminal ou assumir o compromisso de a ele comparecer, nos termos 
da Lei n. 9.099/95. 
São pessoas que somente podem ser presas em flagrante de crime inafiançável: 
- senadores (art. 53, § 1º, da CF); 
- deputados (art. 53, § 1º, da CF); 
- magistrados (art. 33, da LC n. 35/79); 
- membros do Ministério Público (art. 40, III, da LOMP); 
- advogados no exercício da profissão (art. 7º, IV e § 3º, da Lei n. 8.906/94). 
 
d) IMUNIDADE PARA SERVIR COMO TESTEMUNHA 
Os deputados e senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou 
prestadas em razão do exercício do mandato nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles 
receberam informações. 
O presidente e o vice-presidente da República, o presidente do Senado, o presidente da Câmara dos 
Deputados e o presidente do STF podem optar pelo depoimento escrito. O presidente e o vice-presidente 
da República, os senadores, os deputados federais, os deputados estaduais, os ministros de Estado, os 
governadores, os prefeitos, os membros do Judiciário e os juízes do Tribunal de Contas e do Tribunal 
Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
 
e) IMUNIDADE DO ADVOGADO 
O art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94, prescreve que o advogado tem imunidade profissional, não 
constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de 
sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares, perante a OAB, pelos 
excessos que cometer. 
Em face do disposto no Estatuto da OAB, no cumprimento do seu dever de ofício, ou seja, na ação 
restrita à causa de seu patrocínio, o advogado tem a cobertura da imunidade profissional, tratando-se de 
crimes contra a honra. Cabe ressaltar que, em face da ADIN 1.127/DF, a imunidade profissional do 
advogado não compreende o desacato, pois conflita com a autoridade do magistrado na condução da 
atividade jurisdicional. 
Em matéria processual, o advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício 
da profissão, em caso de crime inafiançável, desde que o flagrante seja lavrado na presença de 
representante da OAB, em homenagem à inviolabilidade de sua atuação profissional. 
O ordenamento jurídico não lhe confere absoluta liberdade para praticar atos contrários à lei, sendo-
lhe, ao revés, exigida a mesma obediência aos padrões normais de comportamento e de respeito à ordem 
legal. A defesa voltada especialmente à consagração da imunidade absoluta do advogado esbarra em 
evidente dificuldade de aceitação, na medida em que altera a sustentabilidade da ordem jurídica: a 
igualdade perante a lei (Informativo 335, STJ). 
 
f) IMUNIDADE DOS CHEFES DO EXECUTIVO 
Na imunidade penal temporária ou relativa, o Presidente da República somente é responsabilizado na 
vigência do seu mandado por crimes funcionais. 
Em relação aos não funcionais, a punição seráfeita somente após término do mandato. Trata-se de 
 
1 Messa, Ana Flávia. Curso de direito processual penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
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. 9 
prerrogativa do Presidente da República que não pode ser estendida aos Governadores e Prefeitos, pois 
estes não exercem a chefia de Estado: “A imunidade do chefe de Estado à persecução penal deriva de 
cláusula constitucional exorbitante do direito comum e, por traduzir consequência derrogatória do 
postulado republicano, só pode ser outorgada pela própria CF. Precedentes: RTJ 144/136, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence; RTJ 146/467, Rel. Min. Celso de Mello” (ADI 1.021, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 19-10-1995, Plenário, DJ 24-11-1995). 
Prerrogativa ligada ao tema responsabilidade criminal do Presidente da República na vigência do 
mandato, a imunidade impede o processo criminal durante esse período, com suspensão do prazo 
prescricional: 
 
a) no caso de crimes funcionais, pode ser punido na vigência do mandato; 
 
b) no caso de crimes não funcionais, não pode e responderá pelo crime após o término do mandato 
perante a Justiça Comum: “O que o art. 86, § 4º, confere ao presidente da República não é imunidade 
penal, mas imunidade temporária à persecução penal: nele não se prescreve que o presidente é 
irresponsável por crimes não funcionais praticados no curso do mandato, mas apenas que, por tais 
crimes, não poderá ser responsabilizado, enquanto não cesse a investidura na presidência. Da 
impossibilidade, segundo o art. 86, § 4º, de que, enquanto dure o mandato, tenha curso ou se instaure 
processo penal contra o presidente da República por crimes não funcionais” (HC 83.154, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgamento em 11-9-2003, Plenário, DJ 21-11-2003). 
O Presidente da República é imune a qualquer tipo de prisão processual, ou seja, a decretada antes 
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Há uma corrente doutrinária que sustenta a possibilidade de o Presidente sofrer prisão por sentença 
condenatória recorrível, com a qual não concordamos, já que o Supremo Tribunal Federal, quando julga 
o Presidente da República pela prática de crime comum, não possibilita duplo grau de jurisdição, ou seja, 
não há recurso para qualquer outro tribunal. 
A imunidade prisional do Presidente da República não é estendida para Governadores nem para 
Prefeitos Municipais, pois se trata de prerrogativa extraordinária garantida somente ao Presidente da 
República, na qualidade de Chefe de Estado: “Os Estados-membros não podem reproduzir em suas 
próprias Constituições o conteúdo normativo dos preceitos inscritos no art. 86, §§ 3. e 4., da Carta Federal, 
pois as prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei Fundamental – por serem unicamente 
compatíveis com a condição institucional de Chefe de Estado – são apenas extensíveis ao Presidente da 
República. Precedente: ADIn 978/PB, Rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello”. 
O Presidente da República possui imunidade processual, ou seja, só pode ser processado por crime 
comum ou de responsabilidade, após a admissibilidade da acusação pela Câmara dos Deputados, por 
um quórum de 2/3 de seus membros. Tal imunidade é estendida aos Governadores. No caso dos 
Ministros de Estado, a autorização da Câmara dos Deputados é necessária nos crimes comuns e de 
responsabilidade, conexos com os delitos da mesma natureza, imputados ao Presidente da República. 
O Prefeito não tem imunidade, apenas possui foro privilegiado no Tribunal competente. A competência 
do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum 
estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau, nos 
termos da Súmula 702 do STF. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
Interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. 
Interpretar uma norma significa buscar a vontade da lei, aquilo que quis disciplinar quando criada. 
 
1 Espécies 
 
1.1. Quanto ao sujeito que elabora 
• Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. Pode ser: 
 –contextual: feita pelo próprio texto interpretado; 
 – posterior: feita após a entrada em vigor da lei. 
• Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e doutores do Direito. 
Observação: as exposições de motivos constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez que 
não são leis. 
• Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais. 
 
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1.2. Quanto aos meios empregados 
• Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o sentido literal das palavras. 
• Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro 
do ordenamento jurídico. 
 
1.3. Quanto ao resultado 
• Declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra da lei e sua vontade. 
• Restritiva: a interpretação vai restringir o seu significado, pois a lei disse mais do que queria. 
• Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado, pois a lei disse menos do que queria. 
 
2. Interpretação da Norma Processual Penal 
A lei processual admite interpretação extensiva, pois não contém dispositivo versando sobre direito de 
punir. Exceções: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal(prisão em flagrante, por 
exemplo), o texto deverá ser rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de regras de 
natureza mista. 
 
3. Formas de Procedimento Interpretativo 
• Equidade: correspondência ética e jurídica da circunscrição – norma ao caso concreto; 
• Doutrina: estudos, investigações e reflexões teóricas dos cultores do direito; 
• Jurisprudência: repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos semelhantes. 
 
ANALOGIA 
 
Trata-se de forma de integração da lei (e não de “método de interpretação”, como erroneamente se 
pensa) que almeja a supressão de lacunas. Através deste instituto, aplica-se a fato não regido pela norma 
jurídica disposição legal aplicada a fato semelhante (“ubi eadem ratio, ubi idem ius”). 
Enquanto o direito penal veda a analogia “in malam partem” (isto é, em prejuízo do agente), o direito 
processual penal admite o emprego de analogia “para o bem ou para o mal”. 
Há se tomar o mais absoluto cuidado, contudo, em diferençar a “analogia”, da “interpretação 
analógica”, pois, enquanto naquela inexiste norma reguladora para o caso concreto (devendo ser aplicada 
norma que regula casuística semelhante), nesta a norma traz, após uma enumeração casuística de fatos 
que podem ser abarcados pela previsão legal, uma previsão genérica de que outros fatos não 
expressamente previstos também podem ser atingidos pelo objetivo do dispositivo legal. Neste diapasão, 
para melhor se entender, tem-se como exemplo de interpretação analógica o inciso III, do segundo 
parágrafo, do art. 121, CP, que trata do homicídio qualificado com emprego de veneno, fogo, explosivo, 
asfixia, tortura “ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”. Veja-se que o 
Diploma Penal traz um rol de casuísticas que qualificam o homicídio, como o veneno, o fogo, o explosivo 
e a asfixia, mas diante da impossibilidade de prever todas as formas que destas expressas podem 
decorrer, faz-se a previsão genérica de qualquer outro meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar 
perigo comum. 
Em suma, veja-se, enquanto na analogia não há norma para o caso concreto, devendo-se tomar 
emprestada outra, na interpretação analógica a norma existe, mas não regula todas as casuísticas, 
deixando esse papel a uma disposição genérica. 
Vejamos os dispositivos do CPP que tratam do assunto: 
 
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes 
de responsabilidade; 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial; 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos IV e V, quando 
as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. 
 
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Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados 
sob a vigência da lei anterior. 
 
Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o 
suplemento dos princípios gerais de direito. 
 
QUESTÕES 
 
01. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC/2012) A respeito da aplicação da lei 
processual no espaço, considere: 
I. embarcações brasileiras de natureza pública, onde quer que se encontrarem. 
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem. 
III. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se acharem em alto mar. 
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de propriedade privada que se acharem no espaço aéreo 
brasileiro. 
V. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, que se acharem no espaço aéreo 
de outro país. 
Considera-se território brasileiro por extensão as indicadas APENAS em 
(A) I e V. 
(B) III e IV. 
(C) II e III. 
(D) I, II, IV e V. 
(E) I, II, III e IV. 
 
02. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC/2012) Mário comete um crime de homicídio 
a bordo de um navio brasileiro de grande porte em alto mar, que faz o trajeto direto entre Santos (São 
Paulo/Brasil) e Cape Town (África do Sul) e será processado e julgado pela justiça. 
(A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de São Paulo, de onde o navio partiu. 
(B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o crime ocorreu em alto mar. 
(C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto que tocará a embarcação após o crime, pois este 
foi cometido em alto mar, em águas internacionais. 
(D) da comarca de Santos, último porto que tocou. 
(E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein, capital judiciária do país. 
 
03. (MPE/AL - Promotor de Justiça - FCC/2012) De acordo com o Código de Processo Penal, a lei 
processual penal 
(A) retroage para invalidar os atos praticados sob a vigência da lei anterior, se mais benéfica. 
(B) não admite aplicação analógica. 
(C) admite suplemento dos princípios vitais de direito. 
(D) admite interpretação extensiva, mas não suplemento dos princípios gerais de direito. 
(E) admite aplicação analógica, mas não interpretação extensiva. 
 
04. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao 
direito processual penal e da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue o item seguinte. 
 
A extraterritorialidade da lei processual penal brasileira ocorrerá apenas nos crimes perpetrados, ainda 
que no estrangeiro, contra a vida ou a liberdade do presidente da República e contra o patrimônio ou a fé 
pública da União, do Distrito Federal, de estado, de território e de município. 
 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
05. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária - CESPE/2013) No que diz respeito à aplicação 
da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas, assinale a opção correta. 
(A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato de lei nova suprimir determinado recurso, existente 
em legislação anterior, não afasta o direito à recorribilidade subsistente pela lei anterior, quando o 
julgamento tiver ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. 
 
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(B) A nova lei processual penal aplicar-se-á imediatamente, invalidando os atos realizados sob a 
vigência da lei anterior que com ela for incompatível. 
(C) O princípio da imediatidade da lei processual penal abarca o transcurso do prazo processual 
iniciado sob a égide da legislação anterior, ainda que mais gravosa ao réu. 
(D) A lei processual penal posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
(E) De acordo com o princípio da territorialidade, aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito 
ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista do princípio da igualdade estabelecido na 
Constituição Federal de 1988. 
 
06. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros - FCC/2013) Sobre a aplicação da lei 
processual penal e a interpretação no processo penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) A legislação brasileira segue o princípio da territorialidade para a aplicação das normas processuais 
penais. 
(B) O princípio da territorialidade na aplicação da lei processual penal brasileira pode ser ressalvado 
por tratados, convenções e regras de direito internacional. 
(C) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a 
vigência da lei anterior. 
(D) A norma processual penal mista constitui exceção à regra da irretroatividade da lei processual 
penal. 
(E) No processo penal, assim como no direito penal, é sempre admitida a interpretação extensiva e 
aplicação analógica das normas. 
 
07. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primeira Fase - FGV/2013) Em um processo em que 
se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara 
Federal Criminal de Arroizinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da 
América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano realiza 
o interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O 
advogado de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja 
declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o réu. 
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está 
correta? 
(A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas 
processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do território nacional. 
(B) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais 
brasileiras só se aplicam no território nacional. 
(C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais 
brasileiras podem ser aplicadas em qualquer território. 
(D) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas 
processuais brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional. 
 
08. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) Julgue o item a seguir. 
Aos crimes militares aplicam-se as mesmas disposições do Código de Processo Penal, excluídas as 
normas de conteúdo penal que tratam de matéria específica diversa do direito penal comum. 
 
(A) Certo 
(B) Errado 
 
 
09. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) Julgue o item a seguir. 
A competência do Senado Federal para o julgamento do presidente da República nos crimes de 
responsabilidade constitui exceção ao princípio, segundo o qual devem ser aplicadas as normas 
processuais penais brasileiras aos crimes cometidos no território nacional.(A) Certo 
(B) Errado 
 
10. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) Julgue o item a seguir. 
 
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Em regra, a norma processual penal prevista em tratado e(ou) convenção internacional, cuja vigência 
tenha sido regularmente admitida no ordenamento jurídico brasileiro, tem aplicação independentemente 
do Código de Processo Penal. 
 
(A) Certo 
(B) Errado 
RESPOSTAS 
 
01. Resposta: E 
Nos termos do artigo 1º, caput, do Código de Processo Penal, o processo penal é regido “em todo o 
território brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição em contrário, às leis 
extravagantes. Podemos definir como território nacional, em sentido estrito, o solo (e subsolo), as águas 
interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo, com limites reconhecidos, sendo 
considerado o território por extensão (ou ficção) para efeitos penais e processuais, conforme o disposto 
no artigo 5º, §1º, do Código Penal, as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a 
serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem em alto mar ou no espaço aéreo 
correspondente. 
 
02. Resposta: D 
As embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada que se encontram em alto mar são 
consideradas como extensão do território nacional, desta forma, o homicídio praticado por Mário será 
julgado de acordo com a legislação do Brasil, sendo a comarca responsável para elucidação do fato a 
última em que estava a embarcação (art. 89 do CPP). 
 
03. Resposta: C 
Os princípios são de suma importância no ordenamento jurídico brasileiro constituindo ideias gerais e 
abstratas, que expressam, em menor ou maiores escala todas as normas que compõem a seara do 
direito. Neste sentido, a lei processual penal admite ser complementada com os princípios vitais de direito, 
servindo estes ainda como uma de suas fontes formais, servindo para suprir lacunas e omissões da lei. 
 
04. Resposta: B 
Nos termos do artigo 1º do Código de Processo Penal, o processo penal é regido “em todo o território 
brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição em contrário às leis processuais 
extravagantes. O princípio da territorialidade é fixado, como regra em nosso Código Penal, porém, 
seguindo a tendência geral das legislações modernas, abre várias exceções a esse princípio, 
determinando a aplicação da lei penal brasileira a certos fatos praticados no estrangeiro, conforme o 
disposto no artigo 7º deste Diploma legal. A extraterritorialidade ocorrerá, nos seguintes casos: crimes 
contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; crimes contra o patrimônio ou a fé pública da 
União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; crimes contra a administração 
pública, por quem está a seu serviço; crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil; e ainda, crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; crimes praticados 
por brasileiro; crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
05. Resposta: A 
De acordo com o artigo 2º do CPP, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Assim, vige no processo penal o princípio 
tempus regit actum, do qual derivam dois efeitos: a) os atos processuais praticados sob a égide da lei 
anterior se consideram válidos; b) as normas processuais tem aplicação imediata, regulando o desenrolar 
do processo. 
 
06. Resposta: E 
Na interpretação extensiva amplia-se o significado do que está previsto de forma expressa na lei. A lei 
processual admite interpretação extensiva, segue-se que o rigor de interpretar o direito penal não se 
aplica ao processo penal. Todavia, o preceito não é absoluto, existindo exceções a regras gerais, de 
dispositivos restritivos da liberdade pessoal e que afetem direito substancial do acusado, onde o texto 
deverá ser rigorosamente interpretado. 
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07. Resposta: B 
Antes de responder a questão importante observar que enunciado desta pede que se considere 
apenas a aplicação da norma processual no espaço. De acordo com este instituto vigora o princípio da 
absoluta territorialidade não podendo a lei processual brasileira ser aplicada fora do território nacional. 
Assim, a lei processual brasileira só vale dentro dos limites territoriais nacionais (lex fori ou locus regit 
actum). Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei do país em que os atos 
processuais forem praticados. Desta forma, não é cabível a nulidade arguida pelo advogado. 
 
08. Resposta: B 
O artigo 1º do Código de Processo Penal menciona algumas ressalvas a aplicação da territorialidade. 
Embora pareça que as ressalvas sejam exceções à territorialidade da lei processual penal brasileira, estas 
são apenas à territorialidade do Código de Processo Penal, impondo, tendo em vista as peculiaridades 
do direito a aplicação de normas processuais positivadas na Constituição Federal e em leis extravagantes. 
É o que acontece com os crimes de responsabilidade; crimes militares; eleitorais; falimentares; de 
entorpecentes; na contravenção do jogo do bicho; nas infrações de menor potencial ofensivo, etc. Desta 
forma, incorreta a afirmativa ao mencionar que aos crimes militares aplicam-se as mesmas disposições 
do Código de Processo Penal. 
 
09. Resposta: A 
Considerando as peculiaridades do direito a aplicação de outras normas processuais positivadas na 
Constituição, compete privativamente ao Senado Federal o julgamento do Presidente da República nos 
crimes de responsabilidade, nos termos do que prevê o artigo 52, I, da CF. Outrossim, a exceção ao 
princípio da territorialidade nos crimes de responsabilidade está consubstanciada no artigo 1º, II, do CPP. 
 
10. Resposta: A 
Uma vez regularmente incorporada ao ordenamento jurídico, a norma processual penal prevista em 
tratado ou convenção internacional aplicar-se-á independentemente do Código de Processo Penal, 
conforme se extrai do art. 1º, I, do CPP. 
 
 
 
O inquérito policial é um procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitório e 
preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para 
apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a fim de que o titular da 
ação penal possa ingressar em juízo. 
A mesma definição pode ser dada para o termo circunstanciado (ou “TC”, como é usualmente 
conhecido), que são instaurados em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, as 
contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com 
multa, submetidos ou não a procedimento especial. 
A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item anterior, é de “procedimento administrativo 
investigatório”. E, se é administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre ele as nulidades 
previstas no Código de Processo Penal para o processo, nem os princípios do contraditório e da ampla 
defesa. 
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito policial não afetam a ação penal a que der 
origem, salvo na hipótese de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, 
excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com observância do contraditório e da ampla 
defesa, como uma produção antecipadade provas, por exemplo. 
 
Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e sua autoria, e à colheita de elementos de 
informação do delito no que tange a sua materialidade e seu autor. 
 
Diferenças entre elementos informativos e prova. Os elementos informativos são aqueles colhidos 
na fase investigatória, nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa. Ademais, não há 
obrigação de participação dialética das partes. 
Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exceção das provas cautelares, que necessitem 
ser produzidas antecipadamente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente a prova deve ser 
produzida com a participação das partes, graças à necessidade de observância do contraditório e da 
2 Inquérito policial. 
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. 15 
ampla defesa. 
Mas é possível utilizar elementos de informação como fundamento numa sentença condenatória? 
Pode-se, desde que os elementos de informação não sejam a essência única para a condenação. Eis o 
teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei nº 11.690/08. 
Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto com o universo probatório produzido à luz 
do contraditório e da ampla defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de informação 
outrora disseram. 
Então, afinal, para que servem os elementos de informação? Se não servem como único meio para 
fundamentar um decreto condenatório, esses elementos têm como suas finalidades precípuas a tomada 
de decisões quanto às prisões processuais, bem como medidas cautelares diversas da prisão; e também 
são decisivos para auxiliar na formação da convicção do titular da ação penal (a chamada “opinio delicti”). 
 
Presidência do inquérito policial. Será da autoridade policial de onde se deu a consumação do delito, 
no exercício de funções de polícia judiciária. 
 
Competência para investigar. A competência para investigar depende da justiça competente para 
julgar o crime. 
Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da União, em regra será instaurado um inquérito 
policial militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial das Forças Armadas. 
Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, também será instaurado um inquérito policial 
militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia Militar ou dos 
Bombeiros. 
Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competência para investigar será da Polícia Federal. 
Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será investigado pela Polícia Federal, já que 
a Justiça Eleitoral é uma Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que, nas 
localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia Civil estará autorizada a investigar). 
Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente a investigação é feita pela Polícia Civil 
dos Estados, mas isso não obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito tenha 
grande repercussão nacional ou envolva mais de um Estado. Disso infere-se, pois, que as atribuições da 
Polícia Federal são mais amplas que a competência da Justiça Federal. 
 
Características do inquérito policial. São elas: 
A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Penal, todas as peças do inquérito policial 
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade 
policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça escrita não obsta que sejam os atos produzidos 
durante tal fase sejam gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo; 
B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha elementos de informação a partir de uma 
fonte autônoma (Exemplo: a representação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento da 
denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial; 
C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos autos do inquérito o juiz, o promotor 
de justiça, e a autoridade policial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV, da Lei 
nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado 
tem acesso aos atos já documentados nos autos, independentemente de procuração, para assegurar 
direito de assistência do preso e investigado. 
Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irrestrito. Seu acesso é apenas às 
informações já introduzidas nos autos, mas não em relação às diligências em andamento. 
Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos já documentados, é cabível reclamação 
ao STF para ter acesso às informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas corpus 
em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o mandado de segurança em nome do próprio 
advogado, já que a prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele. 
Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há se chamar atenção para o parágrafo 
único, do art. 20, CPP, com nova redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos atestados 
de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer 
anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes. 
Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da doutrina, no sentido de que o inquérito, 
justamente por sua característica da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos atestados 
de antecedentes. Já para outro entendimento, agora contra a lei, tal medida representa criticável óbice a 
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que se descubra mais sobre um cidadão em situações como a investigação de vida pregressa anterior a 
um contrato de trabalho, por exemplo. 
D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem ampla defesa. Por tal motivo não é 
autorizado ao juiz, quando da sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação 
colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças 
a esta característica, não há uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na fase do 
inquérito, tal como ocorre no momento processual, devendo estes ser realizados de acordo com as 
necessidades que forem surgindo. 
E) Peça Discricionária. A autoridade policial possui liberdade para realizar aquelas diligências 
investigativas que ela julga mais adequadas para aquele caso. 
F) Peça oficiosa. Pode ser instaurada de oficio. 
G) Peça indisponível. Uma vez instaurado o inquérito policial ele se torna indisponível. O delegado não 
pode arquivar o inquérito policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judicial, mediante 
requerimento do promotor de justiça. 
 
Formas de instauração do inquérito policial. Tudo dependerá da espécie de ação penal 
correspondente ao crime perpetrado. Vejamos: 
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou condicionada à representação. O inquérito 
começa por representação da vítima ou de seu representante legal; 
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da 
Justiça. Neste caso, o ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da Justiça; 
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública incondicionada. Neste caso, o inquérito pode 
começar de ofício (quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conhecimento dos fatos. 
Neste caso, o procedimento inicia-se por portaria); por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte 
da doutrina entendeque o ideal é que o juiz não requisite para se manter imparcial e manter a essência 
do sistema acusatório. Neste caso, a peça inaugural é a própria requisição); por requerimento da vítima 
(neste caso, o delegado deve verificar as procedências das informações, e, em caso de indeferimento ao 
requerimento, cabe recurso inominado dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda pela instauração de 
inquérito, o ato inaugural do procedimento é a portaria); por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida 
por qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não pode ser “anônima” (ou inqualificada). 
Neste caso, a peça inaugural do procedimento é a portaria. Ademais, vale lembrar que, para o STF, a 
denúncia anônima, por si só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial, mas a partir 
dela o delegado deve realizar diligências preliminares para apurar a procedência das informações antes 
da devida instauração do inquérito); por auto de prisão em flagrante (neste caso, a peça inaugural do 
inquérito é o próprio auto de prisão em flagrante). 
 
Importância em saber a forma de instauração do inquérito policial. A importância interessa para 
fins de análise de cabimento de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autoridade 
coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, por exemplo, significa que a autoridade coatora 
é o delegado de polícia, logo o habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora, se for 
um procedimento instaurado a partir da requisição do promotor de justiça, por exemplo, este é a 
autoridade coatora, logo, para uma primeira corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao juiz 
de primeira instância, ou, para uma corrente majoritária, o habeas corpus deve ser encaminhado ao 
respectivo Tribunal, pois o promotor de justiça tem foro por prerrogativa de função. 
 
 “Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade policial, acerca de um fato delituoso que tenha 
sido praticado. São as seguintes suas espécies: 
A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato por 
meio de suas atividades corriqueiras (exemplo: durante uma investigação qualquer descobre uma ossada 
humana enterrada no quintal de uma casa); 
B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato por 
meio de um expediente escrito (exemplo: requisição do Ministério Público; requerimento da vítima); 
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato 
delituoso por intermédio do auto de prisão em flagrante. 
 
Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código 
de Processo Penal, são algumas das providências a serem tomadas pela autoridade policial durante a 
fase do inquérito policial: 
A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das 
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coisas, até a chegada dos peritos criminais (art. 6º, I); 
B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais (art. 6º, 
II); 
C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias (art. 6º, 
III); 
D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV); 
E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do 
Livro I, CPP (“Do Processo em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas 
que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V); 
F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações (art. 6º, VI); 
G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias 
(art. 6º, VII); 
H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos 
autos sua folha de antecedentes (art. 6º, VIII); 
I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter (art. 6º, IX); 
J) colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência 
e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 
6º, X); 
K) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem 
pública (art. 7º); 
L) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos 
processos (art. 13, I); 
M) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público (art. 13, II); 
N) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias (art. 13, III); 
O) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem como de outras medidas cautelares 
diversas da prisão (construção doutrinária recente). 
Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como decorrência do caráter inquisitorial do 
inquérito policial visto anteriormente, nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons 
costumes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra infindável gama de atos possa ser 
praticada. 
 
Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e a identificação datiloscópica. Antes da 
atual Constituição Federal, a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, anterior a 1988, 
inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o 
civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, “salvo nas hipóteses previstas em lei”. 
A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Estatuto da Criança e do Adolescente”), em 
seu art. 109, segundo o qual a identificação criminal somente será cabível quando houver fundada dúvida 
quanto à identidade do menor. 
Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Criminosas”) dispôs em seu art. 5º que a 
identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será 
realizada independentemente de identificação civil. 
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para tratar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe 
um rol taxativo de delitos em que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente, sem 
mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações criminosas, o que levou parcela da doutrina 
e da jurisprudência a considerar o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado. 
Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº 12.037/09, que também trata 
especificamente apenas sobre o tema “identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de 
delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art. 3º com situações em que ela será 
possível: 
A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de falsificação (inciso I); 
B) Quando o documento apresentado for insuficiente para identificar o indivíduo de maneira cabal 
(inciso II); 
C) Quando o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre 
si (inciso III); 
D) Quando a identificação criminal for essencial para as investigações policiais conforme decidido por 
despacho da autoridade judiciária competente, de ofício ou mediante representação da autoridade 
policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta hipótese, de acordo com o parágrafo único, do art. 
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5º da atual lei (acrescido pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal poderá incluir a coleta de 
material biológico para a obtenção do perfil

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