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CAP. 23-HIPERINFLAÇÃO OU INFLAÇÃO ALTA ►Tabelas 23.1 e 23.2, p. 464 ►Hiperinflação e atividade econômica: O sistema de transações funciona cada vez pior. 2. Os sinais dos preços tornam-se cada vez menos úteis. Como os preços mudam muito frequentemente, é difícil para consumidores e produtores avaliar os preços relativos dos bens e tomar decisões. 3. As oscilações da taxa de inflação tornam-se maiores. Fica mais difícil prever qual será a inflação no futuro próximo, se será de 500% ou de 1000% ao longo do próximo ano. Emprestar e tomar emprestado a uma dada taxa nominal de juros torna-se um jogo cada vez mais arriscado, provando um grande declínio do investimento. ►O que causa as hiperinflações? 23.1 Déficits orçamentários e criação de moeda ►Um governo pode financiar seu déficit orçamentário de duas maneiras: Pode tomar emprestado pela emissão de títulos. Pode realizar a monetização da dívida. Pode financiar o déficit pela criação de moeda: ele pode emitir títulos e pedir ao Banco Central que compre esses títulos e o governo usa essa moeda para financiar seu déficit. ►No início das hiperinflações duas mudanças ocorrem: Existe uma crise orçamentária. A origem pode ser uma guerra, guerra civil, queda acentuada das exportações, convulsão social. O governo torna-se cada vez mais incapaz de tomar emprestado do público ou do exterior para financiar seu déficit. O motivo é o tamanho do déficit que implica taxas de juros cada vez maiores ou até a decisão de emprestadores potenciais de parar de emprestar ao governo. A criação de moeda se torna a maior financiadora do déficit. ►Qual é o tamanho da taxa de crescimento da moeda nominal necessária para financiar um dado montante de receitas? Seja M o estoque nominal de moeda medido no final de cada mês e ∆M a variação do estoque nominal de moeda do final de um mês a outro. A receita, em termos reais, que o governo gera ao criar um montante de moeda é igual a ∆M/P. 23.1 Déficits orçamentários e criação de moeda Essa receita real da criação de moeda é chamada de senhoriagem. O direito de emitir moeda foi uma fonte preciosa de receita para os senhores(seigneurs) do passado. Senhoriagem = ∆M/P Podemos reescrever como: ∆M/P = (∆M/M).(M/P) Em que : ∆M/M→taxa de crescimento da moeda nominal; M/P→saldos monetários reais ou estoque real de moeda. Para pensar sobre grandezas relevantes: Senhoriagem/Y = (∆M/M).[(M/P)/Y] Suponha que o governo esteja apresentando um déficit orçamentário igual a 10% da renda real e decida financiar esse déficit por meio da senhoriagem: déficit/Y = senhoriagem/Y = 0,1. Suponha que as pessoas retenham saldos monetários reais igual a dois meses de renda: (M/P)/Y = 2. 0,1 = (∆M/M).2 → ∆M/M = 0,05. Para financiar um déficit de 10% do PIB real por meio da senhoriagem, a taxa mensal de crescimento da moeda nominal deve ser igual a 5%. Isso significa que o governo pode financiar um déficit igual a 20% e 40%, por meio de uma taxa de crescimento da moeda nominal de 10% e 20%, respectivamente? Não, ↑∆M/M →π(taxa de inflação)→↑custo de oportunidade de reter moeda nominal→ ↓(M/P)/Y 23.2 Inflação e saldos monetários reais ►O que determina o montante de saldos monetários reais que as pessoas estão dispostas a reter? E como esse montante depende do crescimento da moeda nominal? ►Relação LM: Período de estabilidade econômica a LM: M/P = Y.L(i) + - Em períodos de hiperinflação a LM pode ser simplificada: Primeiro reescreva a relação LM usando, i=r+πe: M/P = Y.L(r+πe), em que r=taxa real de juros e πe =taxa de inflação esperada 2. Segundo, os saldos monetários reais dependem de Y, r e πe, porém, como a inflação efetiva e provavelmente a inflação esperada varia muito mais do que as outras duas variáveis: _ _ M/P = Y.L(r+πe) (23.4) - Em épocas de hiperinflação, a equação (23.4) mostra que os saldos monetários reais depende negativamente da taxa de inflação esperada. Durante uma hiperinflação (por exemplo, π=100% a.m), as maneiras de reduzir os saldos monetários reais: (i) escambo, (ii) aumentar a frequência de pagamentos de salários e de compras de bens, (iii) uso de moedas estrangeiras como reserva de valor, dolarização. Em quanto diminuem os saldos monetários reais à medida que a inflação aumenta? Figura 23.1, p. 468 23.3.Déficits, senhoriagem e inflação ►Derivamos duas relações: Senhoriagem = (∆M/M).(M/P) _ _ 2. = (∆M/M).[YL(r+πe)] (23.5) A equação (23.5) permite mostrar como a necessidade de financiar um grande déficit orçamentário por meio da senhoriagem pode levar a uma inflação alta e crescente. ►O caso do crescimento da moeda nominal constante: Suposição 1: ∆M/M =constante para sempre (por exemplo, 10% a.m) Quanta senhoriagem uma taxa constante de crescimento da moeda nominal vai gerar? Se ∆M/M =constante para sempre→π(inflação) = πe (inflação esperada)=constante. _ Suposição 2: gy = 0 (crescimento do produto seja igual a zero) _ Lembrar que no médio prazo (equação 9.8): πe = gm- gy → πe = gm =∆M/M 23.3.Déficits, senhoriagem e inflação πe = π =∆M/M Substituindo πe por ∆M/M na equação (23.5): _ _ ►Senhoriagem = (∆M/M).[YL(r+πe)] = (∆M/M).[YL(r+ ∆M/M)] (23.6) + - O primeiro termo da equação (23.6), ∆M/M, mostra que o crescimento da moeda nominal aumenta a senhoriagem, ceteris paribus. O segundo termo da equação (23.6), ∆M/M, mostra que o crescimento da moeda nominal diminui a senhoriagem: _ ↑ ∆M/M →↑π→πe→↓L(r+πe)→↓M/P→↓senhoriagem Portanto, o efeito líquido do crescimento da moeda nominal sobre a senhoriagem é ambíguo: A senhoriagem é inicialmente, uma função crescente e, depois, uma função decrescente do crescimento da moeda nominal. Figura 23.2, p. 469 23.3.Déficits, senhoriagem e inflação ►Dinâmica e inflação crescente Conclusão: se o crescimento da moeda nominal for maior do que o montante que maximiza a senhoriagem, o aumento do crescimento da moeda nominal levará a uma diminuição da senhoriagem. Formalizando a conclusão : Senhoriagem = ↑(∆M/M).↓(M/P) No curto prazo, um aumento da taxa de crescimento da moeda nominal, ∆M/M, pode levar a uma pequena mudança em M/P. Logo, se um governo estiver disposto a aumentar ∆M/M, ele poderá gerar praticamente qualquer montante de senhoriagem que desejar no curto prazo. Porém, ao longo do tempo, na medida que a inflação e a inflação esperada se ajustem e M/P diminuir, a mesma taxa de crescimento da moeda nominal produzirá cada vez menos senhoriagem. Portanto, se o governo continuar tentando financiar um déficit maior do que a senhoriagem máxima (p.ex, se a Áustria tentar financiar um déficit maior que 13% do PIB), descobrirá que a única maneira de ser bem-sucedido será aumentando continuamente ∆M/M. É por isso que hiperinflações são quase sempre caracterizadas por ↑∆M/M e ↑π. Efeito Tanzi-Oliveira→↑πt→↑(Gt-Tt), em que Tt = t.Yt-1.. Parte do motivo são as defasagens na arrecadação de impostos que são arrecadados sobre a renda nominal passada, de modo que seu valor real cai com a inflação. 23.4.Como as hiperinflações acabam? ►Hiperinflações têm de ser interrompidas por meio de um programa de estabilização (por exemplo plano real) ►Elementos de um programa de estabilização. Deve haver uma reforma fiscal e uma redução com credibilidade do déficit orçamentário. No lado dos gastos, é necessário uma redução dos subsídios do governo e/ou uma suspensão temporária do pagamento de juros da dívida externa. No lado das receitas, deve haver um aumento geral de impostos, mas sobretudo uma mudança na composição tributária, substituindo o imposto inflacionário por outros impostos: IPI, IR pessoa física e jurídica, etc. 2. O Banco Central deve assumir um compromisso com credibilidade de que não mais monetizará automaticamente a dívida pública: O Bacen pode ser proibido de comprar qualquer dívida pública. O Bacen pode atrelar a taxa de câmbio à moeda de um país com inflação baixa. O Bacen pode adotar oficialmente a dolarização (caso da Argentina): tornar uma moeda estrangeira, em geral o dólar dos EUA, a moeda oficial. 3. Adoção de políticas de rendas: diretrizes ou controles sobre salários e/preços. As políticas de rendas ajudam a coordenar as expectativas em torno de uma nova taxa de inflação menor Programas ortodoxos versus programas heterodoxos.
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