Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Penal Teoria Geral do Delito Prof.: Moisés João Rech Direito penal • O Direito Penal é um conjunto de normas jurídicas, que regulam o exercício do poder punitivo do Estado, associado ao delito como pressuposto, a pena como consequência. (Mezger, 1995, p. 17). • Bases do direito penal: (a) normas, (b) delito e (c) pena. Conceito de crime • Material (substancial): crime é toda conduta que fere/ameaça bens jurídicos penais. • Formal (sintético): toda conduta proibida por lei com uma sanção. • Analítico: (a) estratificando os elementos do crime indica como o fato típico, ilícito e culpável (teoria tripartite); (b) fato típico e antijurídico (teoria bipartite); (c) fato típico, ilícito, culpável e punível (teoria tetrapartite). Teoria geral do delito (crime) • Crime (delito) é toda conduta: • Fato típico: fato tipificado (legalidade) no ordenamento jurídico. • Antijurídica: conduta do agente é contrário ao ordenamento jurídico. • Culpável: socialmente reprovável. Estrutura do crime • Sujeito ativo: aquele que pratica a conduta descrita pelo tipo penal. Apenas o ser humano pode ser sujeito ativo de crime (ex.: pessoa jurídica em crime ambiental). • Sujeito passivo: é o titular do bem jurídico protegido pela norma. É formal (sempre o Estado) e material (titular do interesse protegido pela norma). • Objeto jurídico: o bem jurídico tutelado pela norma examinada. • Objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recaio a conduta do agente. Infração penal, crime e contravenção • Infração penal (gênero). • Crime (espécie): crime é a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa (art. 1º, Decreto-Lei n. 3.914/41). • Contravenção (espécie): contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente (art. 1º, Decreto-Lei n. 3.914/41). Fato típico • Conduta (ação ou omissão). • Resultado (jurídico ou naturalístico). • Tipicidade (formal e material). • Nexo causal (jurídico, naturalístico e concausa). Ilicitude ou antijuridicidade • A relação de antagonismo que se estabelece entre uma conduta humana voluntária e o ordenamento jurídico, de sorte a causar lesão ou a expor a perigo de lesão um bem jurídico tutelado. • Ilicitude formal: contrariedade entre a conduta humana voluntária e o ordenamento. • Ilicitude material: contrariedade entre a conduta humana voluntária e um bem jurídico tutelado. Excludentes de ilicitude • A tipicidade é indício de antijuridicidade (Mayer). • A partir da conclusão de uma conduta típica, conclui-se pela antijuridicidade. • Porém, existem excludentes de ilicitude (antijuridicidade). • Toda conduta típica é antijurídica, exceto as hipóteses legais que excluem a ilicitude do tipo penal. Hipóteses • Legítima defesa. • Estado de necessidade. • Estrito cumprimento do dever legal. • Exercício regular de direito. • Consentimento do ofendido. Classificações do crime • Quanto à ação. • Quanto ao resultado • Quanto ao elemento subjetivo. • Quanto à realização. • Quanto ao fracionamento da conduta. • Quanto ao momento consumativo. • Quanto ao sujeito ativo. • Quanto à espécie. • Quanto ao tipo penal. • Quanto à quantidade de pessoas. • Quanto ao número de verbos típicos do tipo penal. • Quanto à quantidade de bens jurídicos tutelados. • Quanto à quantidade de condutas típicas no tipo penal. Quanto à ação • Comissivo: Quando resulta de uma ação. • Omissivo (próprio): quando resulta de uma omissão. • Comissivo por omissão (impróprio): quando resulta de uma omissão na qual o agente era obrigado a impedir através de uma ação. (Ex.: mãe que, desejando ver o filho morto, deixa de amamentá-lo e propiciar-lhe os cuidados básicos, assim, se o homicídio tem como verbo “matar”, que indica ação, a mãe mata impropriamente mediante “omissão”). • Conduta mista: quando resulta de um fazer e após de um não fazer. (Ex.: apropriação de coisa achada (ação) em que o agente deixa de restituí-la (omissão). Quanto ao resultado • Formal: o tipo penal indica uma conduta e um resultado, porém o resultado não é pedido para a consumação do crime. • Material: o tipo penal indica uma conduta e um resultado e o resultado é necessário para a consumação do crime. • Mera conduta: o tipo penal indica uma conduta e não aduz um resultado. Quanto ao elemento subjetivo • Doloso: Quando a conduta é oriunda de uma vontade consciente de percorrer os elementos do tipo. • Culposo: Quando a conduta é oriunda de ausência de cautelas. • Preterdoloso: Quando a conduta tem dolo na figura antecedente e culpa na figura consequente. Quanto à realização • Consumado: quando todos os elementos do fato típico são percorridos. • Tentado: quando todos os elementos do fato típico não são percorridos por circunstâncias alheias à vontade do agente. • Exaurido: quando, após a consumação do delito, finda-se a potencialidade lesiva das condutas. • De atentado: a tentativa do delito realiza a consumação. • Resultado cortado: aquele que para se consumar não precisa do exaurimento da potencialidade lesiva. Quanto ao fracionamento da conduta • Unissubsistente: o crime se perfaz em um único ato do qual é impossível fracionamento. • Plurissubsistente: o crime se perfaz em ato do qual é possível fracionamento. Quanto ao momento consumativo • Instantâneo: a consumação do crime não se prolonga no tempo. • Permanente: a consumação do crime se prolonga no tempo. • Instantâneo de efeitos permanentes: a consumação do crime não se prolonga no tempo porém seus efeitos se prolongam no tempo. • Habitual: Somente condutas reiteradas caracterizam o delito. Quanto ao sujeito ativo • Comum: Qualquer pessoa pode realizar a conduta delitiva. • Próprio: A pessoa que realiza o crime deve ter uma características identitária singular. • De mão própria: A conduta típica só poderá ser realizada, necessariamente, por uma pessoa determinada não havendo possibilidade de divisão do trabalho dos verbos típicos. Quanto à espécie • Civil: O crime está elencado em normas civis. • Militar: O crime está elencado em normas militares. • Militar próprio: O crime só existe na legislação militar. • Militar impróprio: O crime existe na legislação militar e na legislação civil. Quanto ao tipo penal • Simples: O tipo penal sem as formas qualificadas ou privilegiadas. • Qualificado: O tipo penal com mudança das margens penais, a maior, quanto ao tipo simples. • Privilegiado: O tipo penal com mudança das margens penais, a menor, quanto ao tipo simples (a doutrina também chama de privilégio quando há causa de diminuição de pena). Quanto à quantidade de pessoas • Monossubjetivo (unissubjetivo): Uma única pessoa pode realizar o delito. • Plurissubjetivo: Precisa-se de mais de uma pessoa, necessariamente, para realizar o crime. • Convergente: As pessoas atuam com os mesmos objetivos porém com condutas típicas diferentes. • Divergente: As pessoas atuam com objetivos diferentes. • Paralela: As pessoas atuam com os mesmos objetivos e podem atuar com condutas idênticas. Quanto ao número de verbos típicos no tipo penal • Ação única: O tipo penal contém apenas um verbo típico. • Ação múltipla: O tipo penal contém mais de um verbo típico. Quanto à lesão ao bem jurídico tutelado • Dano: O bem jurídico tutelado precisa, necessariamente, ser atingido para a consumação do crime. • Perigo: O bem jurídico tutelado não precisa, necessariamente, ser atingido para a consumação do crime. • Perigo concreto: Precisa de comprovação para ser caracterizado • Perigo abstrato: Não precisade comprovação para ser caracterizado. Quanto à quantidade de condutas típicas • Simples: Há uma única conduta típica dentro do tipo penal. • Complexo: Quando há mais de uma conduta típica dentro de um único tipo penal. • Complexo em sentido amplo (impuro): reunião de uma conduta típica somada a outras circunstâncias não típicas. Questões • Qual é o conceito de crime para a teoria tripartite? • O que é tipicidade, culpabilidade e ilicitude? • O que é uma infração penal? • O que é ilicitude material? • O que é dolo e culpa? • O que é dolo eventual e culpa consciente? • Quais são as excludentes de tipicidade material?
Compartilhar