4 ESTRIAS ATRÓFICAS

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ESTRIAS ATRÓFICAS
Profa. Esp. Elaine Kraievski
Estrias 
É uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, caracterizada como linhas ou rachaduras causadas por lacerações da derme devido à falta de elasticidade dos tecidos de sustentação.
De acordo com GUIRRO e GUIRRO (2006), frequentemente as estrias são descritas como cicatrizes, sendo que esta classificação foi totalmente derrubada no estudo histológico feito por Pieraggi, que compara diferentes lesões dérmicas: estria, lesão senil e cicatriz. Os dados apresentados pelo autor mostram que a pele estriada apresenta modificações nas fibras colágenas, na substância fundamental amorfa e nos fibroblastos. 
COMPARAÇÃO ENTRE ESTRIAS ATRÓFICAS E CICATRIZES
 
F. Colágena
F. Elástica
S. F. A.
Fibroblasto
Estria Atrófica
Fina, com diâmetro e volume <
Esparsa
Abundante
Forma globular
Cicatriz
Grossa, larga e compacta
Esparsa
Pouca
Forma estrelada
CARACTERÍSTICAS
Podem ser raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente umas às outras e perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado; 
A princípio são avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas);
Possuem caráter de bilateralidade, isto é, existe uma tendência de a estria distribuir-se simetricamente em ambos os lados do corpo;
CARACTERÍSTICAS
São chamadas de estrias atróficas pelas características que apresentam, já que atrofia é a diminuição da espessura da pele, decorrente da redução do número e volume de seus elementos;
A pele estriada apresenta adelgaçamento, pregueamento, menor elasticidade, secura e rarefação dos pelos.
EVOLUÇÃO
O surgimento dos sintomas iniciais são variáveis, sendo que os primeiros sinais clínicos podem ser caracterizados por: prurido, dor (em alguns casos), erupção papular plana e levemente eritematosa (rosada). Nessa fase inicial as estrias são denominadas de rubras.
Na fase seguinte, onde o processo de formação já está praticamente estabelecido as lesões tornam-se esbranquiçadas, sendo denominadas nessa fase de estria alba. Posteriormente tornam-se abrilhantadas, onde são chamadas de nacaradas.
EVOLUÇÃO
Fase do prurido: sensação de estiramento e coceira na pele;
Hiperemia local: pele avermelhada com lesões lineares leves;
Lesões coloridas: roxas, vermelhas ou violetas;
Estrias brancas e lineares: epiderme delgada, com pouca espessura, fibras colágenas e elásticas fragmentadas e separadas, formando lesões brancas e com tecido desprovido de vascularização (estrias nacaradas).
ETIOLOGIA
A etiologia da estria é bastante controversa, existindo três teorias que tentam justificá-la:
1. Teoria Mecânica: afirma que o surgimento da estria se deve ao estiramento da pele, seja pela excessiva deposição de gordura no tecido adiposo ou como sequela de rápidos períodos de crescimento.
2. Teoria Endocrinológica: afirma que o surgimento da estria está relacionado com alterações hormonais ou devido ao uso de esteróides tópicos ou sistêmicos, como na síndrome de Cushing.
3. Teoria Infecciosa: sugere que a presença de processos infecciosos pode causar danos às fibras elásticas causando o surgimento da estria.
ETIOLOGIA
Assim, as causas mais comuns do surgimento das estrias são:
Modificações físicas: gravidez, amamentação, fase de crescimento, mudanças bruscas de peso;
Alterações hormonais;
Desequilíbrio alimentar;
Hereditariedade;
Stress psicofísico;
Falta de equilíbrio e elasticidade da pele.
INCIDÊNCIA
A maioria das mulheres e muitos homens têm, em alguma região do corpo, estrias que vão surgindo ao longo das fases da vida. Na mulher, as estrias surgem em geral na puberdade ou na gravidez, momentos onde há maior estiramento da pele e início ou aumento na produção de hormônios. Nos homens, a prática de halterofilismo ou musculação pode causar estrias, especialmente na região do bíceps, axilas e ombros. 
INCIDÊNCIA
Esta afecção apresenta uma grande incidência em ambos os sexos, porém a sua presença é de 3 a 6 vezes mais frequente no sexo feminino, principalmente à partir da adolescência.
As causas que estão relacionadas com a maior incidência do surgimento de estrias são: fase de crescimento e alterações hormonais da adolescência; estiramento da pele e alterações hormonais do período da gestação; deposição excessiva de gordura no tecido adiposo.
 PERÍODOS DE MAIOR INCIDÊNCIA DAS ESTRIAS
PRINCIPAIS LOCALIZAÇÕES
Quanto à localização das estrias pode-se observar uma incidência maior nas regiões que apresentam alterações teciduais, como glúteos, seios, abdômen, coxas, região lombossacral e bíceps (comum em homens), podendo ocorrer também em regiões pouco comuns como fossa poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço e porção anterior do cotovelo.
Síndrome de Cushing 
Estrias atróficas em parturiente
 Ocorrência de estrias atróficas em homens
AVALIAÇÃO
Dados de identificação: nome, idade, data de nascimento, sexo, profissão, endereço, telefone para contato, médico responsável, data da avaliação, etc.
Anamnese: cor da pele, ano da menarca, número de gestações, uso de medicamentos, disfunções hormonais, patologias associadas, transtornos circulatórios ou de cicatrização, propensão a quelóides e patologias dérmicas, alergias, tipo de alimentação, tratamentos realizados e resultados;
Caracterização do quadro: período do aparecimento das estrias, coloração inicial e atual, aspecto macroscópico e localização;
Sensibilidade dolorosa ao estímulo.
ELETROTERAPIA
Corrente Galvânica (Striat / Eletrolifiting): utilizado para o tratamento de estrias nacaradas. Promove um acentuado aumento no número de fibroblastos jovens, uma neovascularização e o retorno da sensibilidade dolorosa após algumas sessões de estimulação elétrica, e como conseqüência uma grande melhora no aspecto da pele, que fica com aparência muito próxima do normal. 
O tratamento é eficaz, desde que controlada as variáveis, como o número de sessões (depende da pele), a cor da pele (a pele negra tem uma capacidade de regeneração mais rápida que a pele clara), a idade (devido as alterações hormonais e a qualidade da pele), o tamanho das estrias, etc. O resultado pode variar de um indivíduo para outro, pois cada um apresenta uma capacidade reacional diferente. Além disso, é extremamente importante que se realize uma boa avaliação prévia, excluindo-se as contra-indicações ao tratamento.
Ultra-Som / Fonoforese: utilizado para o tratamento de estrias em fase aguda (estrias rubras). O ultra-som atua no processo inflamatório estimulando a síntese de colágeno e elastina, o que melhora as propriedades mecânicas do tecido. A fonoforese é uma técnica de aplicação do ultra-som que aumenta a penetração de agentes farmacológicos através da pele, utilizada no tratamento de estrias para aumentar a absorção de ativos hidratantes. 
Endermologia: utilizado tanto para o tratamento de estrias rubras quanto de estrias nacaradas. Nas estrias rubras é indicado para abertura de linfonodos e depressomassagem linfática para tratar edema, drenar e descongestionar os tecidos, promovendo uma cicatrização mais rápida e de melhor qualidade. Já nas estrias nacaradas a depressomassagem é realizada para se obter uma hipervascularização (inflamação), com objetivo de estimular os fibroblastos e a síntese de colágeno e elastina.
Peeling de Diamante: é realizada uma microdermoabrasão superficial, com uma ponteira de diamante, que substitui os tradicionais ácidos. A ponteira é conectada a um aparelho de vácuo, que desliza sobre a pele tornando a esfoliação ainda mais efetiva. Utilizado no tratamento de estrias nacaradas.
Peeling de Cristal: utilizado para o tratamento de estrias nacaradas, promove uma esfoliação da pele por meio de um sistema que lança um fluxo de microcristais através de um duplo sistema de pressões positiva e negativa, promovendo assim o peeling cutâneo. Este processo se dá em fluxo constante e intensidade controlável. O processo de abrasividade atinge a pele em suas diferentes subcamadas e se relacionaà diversos fatores como: nível de sucção, movimento e velocidade das manobras, tempo de exposição, número de repetições na mesma área e também o tipo de pele. 
Ionização: técnica que utiliza a corrente galvânica para aumentar a penetração de princípios ativos. No tratamento de estrias são utilizados soluções eletrolíticas com alto poder de hidratação.
Carboxiterapia: utilizado para o tratamento de estrias rubras e nacaradas, promove a introdução de gás carbônico no tecido subcutâneo por meio de uma agulha fina. O gás injetado preenche a área a ser tratada, aumenta o fluxo sangüíneo, estimula a produção de colágeno e elastina e melhora a circulação sanguínea. 
Laser: a ação do laser é exercida em nível celular, aumentando o número de fibras de colágeno, melhorando a qualidade da pele e, consequentemente, o seu aspecto. Este tratamento é mais efetivo em estrias rubras.
 
Intradermoterapia ou Mesoterapia: técnica que utiliza a aplicação de injeções com finíssimas agulhas com substâncias que estimulam a síntese de colágeno, como a Vitamina C.
RECURSOS MANUAIS
Escarificação / Esfoliação: procedimento de lesão da pele, com diferentes artefatos, visando respostas desencadeadas por estímulos físicos. Neste caso não há um equipamento para lesar os tecidos.
 
Massagem: a massagem atua como um auxiliar no tratamento de estrias atróficas, com o objetivo principal de melhorar a absorção de produtos específicos. Sendo a estria uma lesão do tecido dérmico, com perda dos elementos da pele, a massagem não apresenta bases fisiológicas de ação comprovadas cientificamente para este caso, não tendo, assim, a capacidade de regenerar o tecido dérmico lesado. Esse recurso pode ser utilizado como complemento de outros tratamentos, para melhorar a circulação e a penetração de produtos.
PEELINGS
O termo peeling é compreendido como um procedimento destinado a produzir a renovação celular da camada córnea da epiderme. De acordo com a intensidade de ação e o método escolhido, o procedimento poderá ser mais ou menos penetrante.
Ácido Glicólico: encontrado naturalmente na cana-de-açúcar, é muito utilizado no tratamento de estrias. É indicado para todos os tipos de pele e pode ser aplicado em qualquer região corporal. Para o tratamento de estrias pode ser associado à Vit. C.
Ácido Hialurônico: é conhecido como um excelente hidratante por possuir a capacidade de reter água, prevenindo o ressecamento e a desidratação da pele. É indicado para peles desvitalizadas e desidratadas, promovendo ótima lubrificação e hidratação, o que melhora sensivelmente as características da pele, proporcionando maior maciez, tonicidade e elasticidade.
Ácido Retinóico: tem ação queratolítica e esfoliante em nível celular, estimulando a síntese de colágeno. Essa substância produz eritema, descamação e é fotossensibilizante, por isso deve ser aplicado à noite e deve se usado FPS durante o dia.
 
Descamação da pele após aplicação de ácido retinóico
COSMÉTICOS
Para o tratamento de estrias são utilizadas formulações com alto poder de hidratação. O produto cosmético não regenera a fibra rompida, mas promove a melhora da circulação no local, aumentando a hidratação e a nutrição dos tecidos. 
Princípios ativos utilizados: Hera, Castanha da índia, Gingko biloba, Arnica, Centella asiática, Vitamina C, Manteiga de karité, Cupuaçu, Óleo de Buriti, Óleo de Rosa Mosqueta, Óleo de Amêndoas, Uréia, etc.
PREVENÇÃO
Realizar a hidratação e a nutrição da pele;
Ingerir no mínimo 2 litros de água ao dia;
Realizar uma alimentação equilibrada;
Evitar oscilações de peso;
Evitar exposição ao sol em períodos inadequados e usar filtro solar;
Evitar banhos quentes;
Evitar exercícios de alto impacto;
Evitar roupas justas; 
Evitar o tabagismo;
Praticar atividade física.
BIBLIOGRAFIA
BORGES, F. S. Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. 1ª edição. São Paulo: Phorte, 2006.
 
GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional: Fundamentos, Recursos e Patologia. 3ª edição. São Paulo: Manole, 2006. 
 
MAIO, M. Tratado de Medicina Estética. 1ª edição São Paulo: Roca, 2004. Vol. I,