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Matéria Direito Penal - Parte Especial I

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JAMES JESSER RODGHER 
 
1 
 
Direito Penal – Parte Especial I 
 
4º semestre - 2012 
 
 
 
REVISÃO DE CONCEITOS 
 
 Crimes Doloso, culposo, preterdoloso. 
Doloso: Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
Culposo: Quando o agente deu causa ao resultado por imperícia, negligência ou imperícia. 
Preterdoloso(preterintencional): é o crime cujo resultado total é mais grave do que o 
pretendido pelo agente. 
 
 Crimes comissivos, omissivos, comissivo-omissivo 
Comissivo: consiste na realização de uma ação positiva visando um resultado tipicamente 
ilícito. 
Omissivo próprio: consiste no fato do agente deixar de realizar determinada conduta, tendo 
a obrigação jurídica de fazê-lo; configura-se com a simples abstenção da conduta devida, 
quando podia e devia realiza-la, independe do resultado. 
Omissivo impróprio ou comissivo-omissivo: a omissão é o meio através do qual o agente 
produz um resultado; já que ele estava juridicamente obrigado a impedir. Art.13 §2o. 
 
 Crimes instantâneos e permanentes 
Instantâneos: é o que se esgota com a ocorrência do resultado. Não significa praticado 
rapidamente, mas significa que uma vez realizados os seus elementos nada mais se poderá 
para impedir sua ocorrência. Exemplo: Lesão corporal. 
Permanente: é aquele crime cuja consumação se alonga no tempo, dependente da 
atividade do agente, que poderá cessar quando este quiser. Exemplo: Cárcere privado; 
sequestro. 
 
 Crime de dano e de perigo 
Dano: é aquele para cuja consumação é necessária a superveniência da lesão efetiva do 
bem jurídico. 
Perigo: neste crime podem ser concretos ou abstratos; Concreto é aquele que precisa ser 
comprovado, isto é, de ser demonstrada a situação de risco corrida pelo bem juridicamente 
protegido. Abstrato: é presumido “jus et de jure”. Pois a lei contenta-se com a simples 
prática da ação que pressupõe perigosa. 
 
Crime material, formal e de mera conduta 
Material ou de resultado: descreve a conduta cujo resultado integra o próprio tipo penal, 
isto é, para sua consumação é indispensável a produção de um dano efetivo. 
Formal: também descreve um resultado, que, contudo, não precisa verificar-se para a 
ocorrer a consumação. Obs. o legislador antecipa a consumação, satisfazendo-se com a 
simples ação do agente. 
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2 
 
Mera Conduta: o legislador descreve o comportamento do agente, sem se preocupar com o 
resultado. 
 Crime unissubjetivo e plurissubjetivo 
Unissubjetivo: é aquele que pode ser praticado pelo agente individualmente, admite o 
concurso eventual de pessoa. 
Plurissubjetivo: é o crime de concurso necessário, isto é, aquele que por sua estrutura típica 
exige o concurso de, no mínimo, duas pessoas. A conduta dos participantes podem ser 
paralela(quadrilha); convergente(adultério e bigamia), ou divergente(rixa). 
 Crime unissubsistente e plurissubisistente 
Unissubsistente: constitui-se de um único ato. 
Plurissubsitente: Constitui-se de vários atos. Sua execução pode desdobrar-se em vários 
atos sucessivos. 
 Crimes comum, próprio e de mão própria 
Comum: é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex. lesão corporal, furto. 
Próprio: é aquele que exige determinada qualidade ou condição pessoal do agente. Ex. 
condição jurídica(acionista); profissional ou social(comerciante); natural(gestante, mãe); 
parentesco(descendente, ascendente) e etc. 
Mão Própria: é aquele que só pode ser praticado pelo agente pessoalmente, não podendo 
utilizar-se de interposta pessoa. Ex. falso testemunho, adultério, prevaricação. 
 Crimes de ação única, de ação múltipla e de dupla subjetividade. 
Ação única: é aquele que contém somente uma modalidade de conduta, expressa pelo 
verbo núcleo do tipo (matar, subtrair). 
Ação múltipla ou conteúdo variado: é aquele cujo tipo penal contém várias modalidades de 
condutas, e, ainda seja praticado mais de uma, haverá somente um único crime (art. 122, 
180 e 234,CP e 12 da lei 6.368) 
Dupla subjetividade passiva: quando são vítimas ao mesmo tempo, dois indivíduos. Como 
por exemplo a violação de correspondência, no qual são sujeitos passivos remetente e 
destinatário. 
 
 
 
 
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3 
 
 
 
 
 
Crime Doloso 
Teorias: 
1. Vontade (art. 18, I, CP)= é a vontade dirigida ao resultado “querer resultado” 
2. Representação = Simples “previsão” do resultado *não é utilizada 
3. Assentimento (consentimento) – (art. 18, I,CP) = a previsão do resultado com a 
aceitação dos riscos de produzi-lo 
Elementos de Dolo: 
a) Cognitivo (intelectual) = consciência (previsão ou representação) daquilo que se 
pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no 
momento da ação, quando ela esta sendo realizada. A previsão, isto é, a 
representação, deve abranger correta e completamente todos os elementos 
essenciais e constitutivos do tipo, sejam eles descritivos, normativos ou subjetivos. 
+ 
b) Volitivo = Finalidade, objetivo; A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou 
a omissão (conduta), o resultado e o nexo causal. 
 
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4 
 
 
 
Obs. Para poder saber se é um crime culposo ou doloso, é necessário saber o que se passa 
na cabeça do indivíduo! 
Crime Culposo 
Definição: é a inobservância do dever objetivo de cuidado manifestado numa conduta 
produtora de um resultado não querido, mas objetivamente previsível 
 
Modalidades de Culpa 
-Imprudência: é a pratica de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter comissivo. Se 
caracteriza pela intempestividade, precipitação, insensatez ou imoderação do agente. 
*Ato Comissivo. 
*Fazer. 
*Ação Descuidada. 
*Comportamento Positivo. 
 
-Negligencia: é a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, que 
podendo adotar as cautelas necessárias, não o faz. É a imprevisão passiva, desleixo, a 
inação. 
*Ato Omissivo. 
*Não Fazer. 
*Abstenção de um dever de cuidado. 
*Comportamento Negativo. 
 
-Imperícia: é a falta de capacidade, de aptidão, despreparo ou insuficiência de 
conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão ou ofício. 
*Falta de observância técnica 
*Divorcia-se da boa técnica. 
 
Culpa 
 não aceita o resultado aceita o resultado 
Consciente: Com previsão ≠ Dolo eventual 
Inconsciente: Sem previsão 
 
Própria: Decorre de imprudência, imperícia ou negligência. 
Imprópria: Culpa por equiparação (Ex. 20, 23, CP ) 
 
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5 
 
Culpa consciente ou com representação 
Quando o agente, deixando de observar a diligencia a que estava obrigado, prevê um 
resultado, previsível, mas confia convictamente que ele não ocorrerá. 
 
Culpa inconsciente ou sem representação. 
Ação do resultado previsível. “previsível é o fato cujo superveniência não escape à 
perspicácia comum”. Ex. vovó que põe o vasinho na janela! 
 
 
 
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6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dos crimes contra a vida: São definidos os delitos de homicídio (art.121), induzimento, 
instigação ou auxilio ao suicídio (art. 122), infanticídio (123) e aborto (arts. 124 a 128). 
 
HOMICÍDIO 
INFANTICÍDIO 
SUICÍDIO (auxílio, instigação ou induzimento). 
Aborto 
 
���� Vão a júri - Art. 5º, XXXVIII, d, Constituição Federal. 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contraa vida; 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
 
ART. 121 – MATAR ALGUÉM 
 
O Homicídio pode ser doloso (simples, privilegiado e qualificado) e culposo (simples e 
qualificado). 
 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum; 
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8 
 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4
o
 No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso 
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
 
Conceito: definido por Carrara como a destruição do homem injustamente cometida 
por outro homem. 
 
De acordo com a lei 8072/90, o homicídio simples consumado ou tentado, quando praticado 
em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, é 
considerado como crime hediondo. 
 
Objetividade Jurídica: A vida humana, cuja proteção é um imperativo jurídico de 
ordem constitucional (art. 5, Caput, CF). Protege-se a vida humana extrauterina, 
considerada esta como a que passa a existir a partir do início do parto. 
Obs. Na eliminação da vida intrauterina, há aborto. 
 
Sujeito Ativo: O homicídio, como crime comum que é, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
Obs. - São excluídos os que atentam contra a própria vida, uma vez que nem a tentativa de 
suicídio é fato punível. 
-Mãe que mata filho, durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal, 
pratica infanticídio e não homicídio. 
 
Sujeito Passivo: Qualquer ser humano, sem distinção de idade, sexo, raça, condição 
social e etc. 
 
Obs. O início da pessoa humana, a partir do qual pode ser vítima de homicídio, é 
estabelecido a partir da definição do infanticídio, que nada mais seria do que um homicídio 
especial privilegiado. No infanticídio, a conclusão é de que pode ocorrer homicídio a partir 
do início do parto. O que se entendo por início de parto: Fala-se do rompimento do saco 
amniótico, em dores de dilatação, às quais normalmente se segue o rompimento do saco 
amniótico, dilatação do colo do útero e desprendimento do feto no álveo materno. A 
destruição do feto antes do início do parto não configura homicídio ou infanticídio, e sim 
aborto. 
 
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9 
 
Obs. Se a ação tendente a matar alguém atinge um cadáver, não há de se falar em homicídio 
consumado ou tentado, mas em crime impossível(art. 17, CP). 
 
Obs. A vida é um bem indisponível 
 
Obs. No caso de siameses ou xifópagos, há duplo homicídio. 
 
Tipo Objetivo: Conduta típica é matar alguém, ou seja, eliminar a vida de um a 
pessoa humana. 
 
Os meios: 
 
Direto: os utilizados pelo agente ao atingir a vítima de imediato (disparo de arma de 
fogo, golpe de arma branca e etc.). 
 
Indireto: os que operam mediatamente através de outra causa provocada pelo ato 
inicial do agente (açular um cão ou um louco contra a pessoa que se quer matar, coagir 
alguém ao suicídio, deixar a pessoa em situação de não poder sobreviver (no deserto, 
floresta, ao alcance de uma fera). 
 
 Físicos: (disparo de revolver, golpes de punhal e etc.). 
 
 Patogênicos ou patológicos: (transmissão de moléstia por meio de vírus, bactérias e 
etc.) 
 Psíquicos ou Morais: consistentes na provocação de emoção violenta a um cardíaco, 
na comunicação determinada de intensa dor moral ou pavor, ou na simples. 
 
Obs. O homicídio pode ser praticado por Ação (comissão) ou Omissão. 
 
Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade consciente de eliminar uma vida humana, ou 
seja, de matar (Animus necandi ou occidendi). 
A finalidade ou motivo determinante do crime, pode eventualmente constituir uma 
qualificadora(motivo fútil, ou torpe e etc.) ou uma causa de diminuição de pena(Relevante 
valor moral ou social e etc.). 
Admite-se homicídio com dolo eventual, reconhecido pela jurisprudência: Ler a pagina 29 –
Manual de Direito Penal- Mirabete. 
 
Consumação/Tentativa: Homicídio é um crime material e se consuma com a morte 
da vítima. Não há um único sinal que se possa considerar como definitivo da ocorrência da 
morte. 
Fala-se em: 
- Morte clínica: paralisação da função cardíaca e respiratória; 
- Morte cerebral: registrada pela linha reta no eletroencefalograma por ausência de 
impulsos elétricos cerebrais. 
- Morte biológica: deterioração celular. 
JAMES JESSER RODGHER 
 
10 
 
Obs. A. Almeida Jr. e J.B.O Costa Jr. “dar-se a Morte não apenas quando houver silencio 
cerebral, revelado pelo eletroencefalograma mas, também, quando ocorrer 
concomitantemente a parada circulatória e respiratória em caráter definitivo” 
Sendo assim, diagnosticar-se-á a morte após a cessação do funcionamento cerebral, 
circulatório e respiratório. 
 
- A prova do homicídio é fornecida pelo laudo de exame de corpo de delito (necroscópico). 
Quando não é possível o exame direito (o corpo da vítima não é encontrado ou desaparece), 
permite-se a constituição do corpo de delito indireto por testemunhas por testemunhas, 
por exemplo, não suprindo a simples confissão do agente (arts. 158 e 17,CPP). 
 
 
 Exame de Corpo de Delito Direto (presente) 
Laudo 
 
 Exame de Corpo de Delito Indireto (ausente) 
 
 
Após iniciados os atos executórios: 
 
- Consumado: o agente executa com êxito o verbo descrito “matar”. (Art. 14, I, CP) 
 
- Tentado: sua ação não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. (Art. 14, II, 
CP) 
 
- Lesão corporal: o agente que voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
 
Importante: a distinção entre a tentativa de homicídio e o delito de lesões corporais 
é dada apenas pelo elemento subjetivo, ou seja, pela existência ou não do animus 
necandi, embora este possa ser deduzido por circunstâncias objetivas (violência dos 
golpes, profundidade das lesões e etc.) 
 
 
08/08/12 
 
Homicídio Privilegiado: No § 1o do art. 121, é definido como crime de homicídio 
privilegiado, não delito autônomo, mas um caso de diminuição de pena, em virtude de 
circunstâncias especiais que se ajuntam ao foto típico fundamental. 
 
Existem 3 hipóteses: 
1. O agente comete o homicídio impelido por motivo de relevante (importante, 
considerável, digno de apreço) valor social(atinente interesse coletivo); 
 
2. Impelido por motivo de relevante valor moral(relativo a interesse particular); 
 
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11 
 
3. Sob o domíniode violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima (injusta provocação + emoção violenta + reação em seguida). 
 
Obs. Homicídio passional (crime praticado por amor quando praticado por 
relevante valor social ou moral ou sob influência de violenta emoção.) 
Cuidado: o crime deve ser cometido logo em seguida à provocação. 
���� Não existe Legitima defesa da Honra. 
 
 Homicídio Qualificado: em seu § 2o, o art. 121 contém as formas qualificadas do 
homicídio. 
 
Casos em que os motivos, meios ou recursos empregados, demonstram periculosidade da agente e 
menor possibilidade de defesa da vítima, tornando o fato mais grave. 
� Se há mais de uma qualificadora, as seguintes entram como agravantes, segundo o 
sistema trifásico. 
 
 
 
 
 
 
As circunstâncias são divididas em: 
a) Motivo: 
- Paga: homicídio mercenário 
- Promessa de recompensa: expectativa de pagamento 
- Motivo Torpe: motivo baixo, repugnante, viril. 
- Motivo Fútil: motivo insignificante, sem importância. 
 
b) Meios: 
- Veneno 
- Fogo 
- Explosivo 
- Asfixia 
- Tortura 
- Meio que possa resultar em perigo comum 
 
c) Modos: 
- Traição 
- Emboscada 
- Mediante Dissimulação: armadilha mortal que distraia a atenção da vitima do 
 relembrando...... 
 SISTEMA TRIFÁSICO 
 
1º - Art. 59, CP 
Art. 68, CP 2º - agravantes e atenuantes 
3º - diminuição e aumento (Art. 121, § 1º e 4º) 
 
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12 
 
ataque pelo agente. 
- Recurso que torne impossível a defesa do ofendido. 
 
d) Finalidade: 
- Assegurar a execução 
- Ocultação 
- Impunidade 
- Vantagem de outro crime 
Obs. Responde pelo crime qualificado não só quem cometeu, mas também o mandante, 
o que paga ou promete recompensa, por ser elementar do crime. Art. 30, CP. 
 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime 
 
 
10/08/12 
 
 
Considerações: 
• Homicídio Premeditado � Não é qualificadora, entra na cominação da pena do 
caput do Art. 59, CP. 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do 
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da 
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. 
 
 
Coexistência de Homicídio Qualificado e Privilegiado: 
Podem ocorrer ao mesmo tempo e serem usados para o cálculo da pena? 
� Sim, se estivessem juntos os requisitos subjetivos do art. 121 § 1º e as 
circunstâncias qualificadoras objetivas do art. 121 § 2°, III(exceto cruel) e IV. 
 
Privilegiado e qualificado 
Sim, se... 
Privilegiado subjetivo 
 motivo 
Qualificado objetivo meio 
 modo 
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13 
 
 
Exemplo: O agente sabe que alguém vai cometer um crime, assassinado toda uma 
família. Então, por relevante valor moral (subjetivo), salva a família, cometendo o crime 
privilegiado, matando o criminoso por explosão (meio), por emboscada (modo), que são 
qualificadoras. 
• Genocídio – Lei 2.289/56 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou 
religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a 
destruição física total ou parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; 
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; 
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; 
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; 
Com as penas do art. 148, no caso da letra e; 
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo 
anterior: 
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos. 
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: 
Pena: Metade das penas ali cominadas. 
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar. 
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida pela imprensa. 
Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o 
crime por governante ou funcionário público. 
Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta 
lei. 
Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados crimes políticos para efeitos de 
extradição. 
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário. 
Rio de Janeiro, 1 de outubro de 1956; 135º da Independência e 68º da República. 
JUSCELINO KUBITSCHEK 
 
 
 Homicídio Culposo: Art. 121, §3o, é a conduta voluntária (ação ou omissão) que 
produz um resultado antijurídico não querido, mas previsível, ou excepcionalmente 
previsto, de tal modo que podia com as devida atenção, ser evitado. Imprudência, 
imperícia e negligência. 
 
Elementos: 
a) comportamento humano voluntário, positivo ou negativo. 
 
b) descumprimento do cuidado objetivo necessário, manifesto pela imprudência, 
negligência e imperícia. 
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14 
 
 
c) Previsibilidade objetiva do resultado 
 
d) Inexistência de previsão do resultado 
 
e) morte involuntária 
 
Crimes de Trânsito: Art. 302, CTB (consultar a pagina 42/43 – Manual de Direito Penal – 
Mirabete) 
 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é 
aumentada de um terço à metade, se o agente: 
 I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
 II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
 III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; 
 IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de 
passageiros. 
 
 
 Aumento de Pena no homicídio culposo (art. 121, §4o primeira parte) 
Hipóteses: 
a) Não observar regra técnica de profissão, arte ou ofício. 
 
b) Omitir socorro imediato 
 
c) Não procurar diminuir as consequências do ato 
 
d) Fugir para evitar prisão em flagrante. Nesta derradeira hipótese, existe o 
elemento subjetivo relativo à finalidade de evitar prisão em flagrante. 
� A fuga, se realizada em função de risco iminente (exemplo: linchamento), não 
caracteriza a qualificação. 
 
 
Aumento de Pena no homicídio doloso (art. 121, §4o segunda parte) 
Hipótese: 
a) Praticada contra menores de 14 anos 
 
b) Praticado contra maiores de 60 anos 
 
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Perdão judicial (art. 121, §5o): o juiz pode conceder o perdão judicial, se as 
consequências das infrações atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. Prevista em homicídio culposo. 
 Aplicação: é aplicável aos § 3o e 4o do art. 121 e também aos § 6o 7o do art. 129,CP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17/08/12 
 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO, OU AUXILIO A SUICÍDIO. 
Art. 122 - Induzirou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
� Prestar auxílio: só quando a conduta é acessória. 
� No caso do auxílio ao suicídio por enforcamento: 
- fornecer o banquinho � conduta acessória � Art. 122, CP. 
- chutar o banquinho � conduta principal � Art. 121, CP. 
 
 Conceito: eliminação direta da própria vida ou mais precisamente, “deliberada 
destruição da própria vida”. 
Resumo: 
 
Art. 121, CP 
 
Caput: Homicídio Doloso Simples 
§1o - Homicídio Doloso Privilegiado 
§2o - Homicídio Doloso Qualificado 
§3o - Homicídio Culposo Simples 
§4o Primeira parte - Homicídio Culposo Qualificado 
§4o Segunda Parte - Homicídio Doloso 
§5o Perdão Judicial 
 
 
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 Objetividade Jurídica: Preservação da vida humana. Não existe o “direito de morrer” 
de que falava Ferri. 
 
 Sujeito Ativo: Qualquer Pessoa 
 
 Sujeito Passivo: Qualquer pessoa (desde que tenha discernimento, senão o crime 
poderá ser homicídio) 
 
 Tipo Objetivo: A participação pode ser física ou moral. 
 
 - Induzir (incitar) 
 
 - Instigar (estimular ideia já existente) 
 
 - Auxiliar (ajudar materialmente). 
 
Ainda que o agente pratique mais de uma ação, o crime será único (tipo alternativo). 
Não pode haver auxílio por omissão. 
 
Obs. Quando ocorre fraude, por ser meio de induzimento será considerado homicídio. Ex. 
Uma pessoa entrega a arma ao outro e diz que esta descarregada, quando ocorre o 
contrário, e convence a vítima a puxar o gatilho após apontar a arma para a própria cabeça. 
 
Há homicídio, também, se a vítima se suicida por coação do agente; se o constrangimento 
for resistível, haverá induzimento. 
 
 Tipo Subjetivo: Dolo (vontade livre e consciente de praticar a conduta prevista) e o 
elemento subjetivo do tipo (conduta séria do agente, no sentido de que a vítima, 
efetivamente venha a se matar). 
 
Obs. Tem que haver uma relação de causalidade entre a conduta do agente e o 
suicídio. 
Perfeitamente possível é a ocorrência de dolo eventual. Ex. Suponha-se que o marido 
pratique sevícias contra a esposa, não obstante a intenção de que ela virá a suicidar-se em 
caso de reiteração das agressões. Se ele continuar a seviciar a vítima, vindo esta a suicidar-
se, responderá pela participação delituosa. 
 
 
 Consumação/ Tentativa 
 
Consumação: Com a morte da vítima ou ocorrência de lesão grave (Crime Material) 
 
Tentativa: Não se admite 
 
 
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 Qualificadoras: aplica pena duplicada à do caput. 
 - Motivo egoístico(inciso I): é a vantagem pessoal. Trata-se do motivo de agir, 
constituindo elemento subjetivo do tipo. 
 
 - Se a vítima é menor(inciso II, primeira parte): Deve ser menor de 18 anos; 
entretanto precisa ter certo entendimento. 
 - Vítima com capacidade de resistência diminuída por qualquer causa(inciso II, 
segunda parte)ex. embriagados, doentes, etc. 
 
Obs. Idade entre 14 e 18 (se tiverem idade inferior, será homicídio) 
 
O crime previsto no Art. 122, CP não pode ser omissivo. 
 
Dolo Eventual: o neto que entrega a bolsa contendo arma municiada ao avô, que se 
encontra internado e suspeitava ser portador de moléstia incurável. 
 
 
 
 Distinções: 
 
a) Pacto de Morte: Exemplo comum é o do casal de namorados que se tranca em uma 
sala abrindo a torneira de gás. Aqui temos os seguintes desdobramentos: 
- Aquele que abriu a torneira sobrevive, enquanto o outro falece. O sobrevivente 
 responderá por homicídio (art.121), visto que praticou ato executório. 
- Ambos sobrevivem sofrendo lesão grave: aquele que abriu a torneira responde por 
tentativa de homicídio (art. 121 c/c art. 14, II, do CP). O outro responde pelo 
induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio (art. 122). 
- Se ambos sobrevivem e não há lesão grave: aquele que abriu a torneira responde 
por tentativa de homicídio, enquanto o que não abriu não responde por nada, visto 
que o fato é atípico. 
b) Roleta Russa: aqui temos uma arma com um projétil, assim os participantes ficam a 
mercê da sorte, puxando o gatilho(contra si mesmo). O sobrevivente responde pelo 
art. 122 do Código Penal. 
 
c) Duelo Americano: nesse caso temos duas armas, sendo certo que somente uma 
delas está carregada. Assim, os participantes atiram contra a própria cabeça. O 
sobrevivente responde pelo art. 122 do Código Penal. 
 
 
 
 Resumo: 
 Art. 122 
 Caput: Simples 
 Parágrafo único, incisos I e II: Qualificado. 
 
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INFANTICÍDIO 
 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
 Conceito: Trata-se de homicídio cometido pela mãe contra seu filho nascente ou recém-
nascido, sob a influência puerperal. É uma hipótese de homicídio privilegiado, por receber 
especial diminuição de pena por motivos fisiopsicológico. 
 
 Objetividade Jurídica: é a preservação da vida humana, não só do recém-nascido 
(neonato), como também daquele que esta nascendo (nascente, neste caso na transição 
entre a vida endouterina e a extrauterina ) 
 
 Sujeito Ativo: Só a mãe, por se trata de crime próprio, visto que o dispositivo refere-
se ao próprio filho e ao estado puerperal. 
 Puerpério: é o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta, até a volta 
do organismo materno ás condições pré-gravídicas. 
 Sua duração é, pois de seis a oito semanas. Trata-se de fenômeno não bem definido 
sendo por vezes confundido com perturbação da saúde mental, deixando a mãe sem 
condições de entender o que esta fazendo, ou ainda o caráter ilícito da aça. É desnecessário 
a Pericia. 
 
 Sujeito Passivo: o recém-nascido, ou o feto que esta nascendo, não o feto sem vida 
própria ou o aborto. 
 
Tipo Objetivo: é a prática do delito por qualquer meio, até por omissão 
(Art.13 §2o, a); mas deve ser cometido durante ou “logo após”(critério relativo que 
pode variar) o parto (elemento normativo temporal). 
O parto inicia-se com a contração do útero e o deslocamento do feto, e termina com 
a expulsão da placenta. 
 
Abandono do recém-nascido pode configurar infanticídio ou delito do Art. 134, § 2º, CP 
 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
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 Tipo Subjetivo: O dolo é a vontade de causar a morte do filho nascente ou recém-
nascido (dolo direto), como a de assumir conscientemente o risco do êxito letal (dolo 
eventual). 
Não existe a forma culposa 
 
Consumação: Com a morte do nascimento ou recém-nascido. 
 
Estado puerperal: elemento do crime – e assim, se comunica ao coautor ou partícipe 
(Art. 30, CP), salvo se este desconhecer sua existência. 
 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo 
quando elementares do crime. 
 
a) Mãe mata com ajuda de 3º: 
b) 3º mata, contando com auxilio da mãe 
c) Mãe e 3º realizam conduta principal 
 
Alguns autores (Fragoso, Mayrink da Costa) não admitem coautoria no infanticídio, 
porque estado puerperal seriauma condição “personalíssima” (o 3º responderia por 
homicídio). Há discussão doutrinária a respeito. 
 
 
Tentativa: é admissível, sendo o infanticídio um crime plurissubsistente. 
 
Distinção: distingue-se o infanticídio de aborto porque este somente pode ocorrer 
antes do início do parto. 
-Não se verificando que a mãe tirou a vida do filho recém-nascido sob a influência 
puerperal, a morte se adequara figura típica do homicídio. 
-Quando a me expõe ou abandona o recém-nascido, para ocultar desonra própria, 
estando ou não sob a influência do estado puerperal, ocorre o crime de exposição ou 
abandono de recém-nascido, qualificando quando resultar de lesão corporal de 
natureza grave ou morte (art. 134 e seus parágrafos). 
-Erro: pode haver crime impossível quando a mãe pratica o fato já estando a criança 
morta. Tem que fazer exame pericial. 
 
 Concurso de pessoas: Ler: 
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1883/1788 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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22/08/12 
 
 
ART. 124 ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU 
CONSCENTIMENTO 
 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos 
 
 
 Conceito: é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção. 
 
O art. 124 possui duas figuras: 
a) aborto provocado pela própria gestante, também chamado autoaborto (primeira parte); 
b) com consentimento da gestante que outrem lhe provoque o aborto (segunda parte). Na 
segunda figura (consentimento) o crime é duplo. A gestante que consente em que outrem 
lhe pratique o aborto, incide no art. 124. Toda via, quem pratica os atos matérias do aborto 
incorre nas penas do art. 126 
 
 
 
 Óvulo Fecundado: até três semanas de gestação 
Morte Embrião: de três semanas a três meses de gestação 
 Feto: após três meses de gestação. 
 
Obs. a lei não distingue o óvulo, embrião ou feto. 
 
 
 Espontâneo ou Natural: problemas de saúde da gestante 
 
Formas de Aborto Acidental: queda, atropelamento e etc. 
 
 Econômico: Mulher que 
 trabalha, falta de 
 condições para sustentar 
 mais um filhe e etc. 
Provocado: aborto criminosos Moral: gravidez 
 extra matrimônio, estupro 
 e etc. 
 Individual: Vaidade, 
 egoísmo, horror a 
 responsabilidade e etc. 
Obs. No caso de aborto espontâneo ou natural não existe delito. 
 
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Curiosidade: atualmente, grande número de países não mais incrimina o aborto quando 
provocado até o terceiro ou quarto mês de gravidez (Suécia, Dinamarca, Finlândia, 
Inglaterra, França, Alemanha, Áustria, Hungria, Japão, Estados Unidos e etc.) 
 
Resumo da Lei: 
Auto aborto e consentimento no aborto (art.124) 
Aborto sem consentimento da gestante (art.125) 
Aborto com o consentimento da gestante (art.126) 
 
 Objetividade jurídica: tutela a vida humana em formação, chamada vida 
intrauterina. Protege também a vida e a integridade corporal da mulher gestante no caso de 
aborto provocado por terceiro sem seu consentimento. 
 
Curiosidade: Na Itália, o aborto é crime contra a continuidade da estirpe* 
*Estirpe: Raiz; Origem, tronco, linhagem, raça, ascendência, cepa. 
 
 
 Sujeito Ativo: No auto aborto ou aborto consentido, só a gestante pode ser agente 
(crime próprio). No provocado por terceiros, com ou sem consentimento da gestante: 
qualquer pessoa (crime comum). 
 
 Sujeito passivo: No auto aborto é o feto; No provocado por terceiros com ou sem 
consentimento da gestante, será o feto e a gestante. 
 
 Tipo Objetivo: 
 
 Químico: fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico 
 
Orgânico: quinina, estricnina, ópio, beladona e etc. 
Processos 
 Mecânicos: traumatismo do ovo com punção, dilatação do colo 
 do útero, curetagem do útero, microcesária 
Físicos 
 Térmicos: bolsa s de agua quente, escalda-pés etc. 
 
Elétricos: Choque elétrico por maquina estática 
 
Psíquicos ou Morais: são os que agem sobre o psiquismo da mulher 
 (sugestão, susto, terro, choque moral e etc) 
 
Obs. Sendo o meio empregado inteiramente ineficaz, como ocorre na aplicação de injeção 
sem efeito abortivo, haverá crime impossível. Há também tentativa inidônea*, diante da 
impropriedade absoluta do objeto, nas manobras abortivas praticadas em mulher que não 
se encontra grávida ou dirigidas a feto já morto. 
 
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*A tentativa inidônea ocorre quando o meio utilizado é absolutamente ineficaz ou quando 
não existe o bem jurídico, ou seja, o bem jurídico não ingressa no raio de ação da conduta 
criminosa. Ela tem correlação com as hipóteses de crime impossível. 
 
Importante: Já se tem negado a possibilidade da prática do crime de aborto por omissão. 
Nada, porém, a impede; responde por aborto o médico, parteira, ou enfermeira que, 
dolosamente, não toma medidas para evitar o aborto espontâneo ou acidental uma vez que 
têm eles o dever jurídico de impedir esse resultado. 
 
O aborto é crime que deixa vestígios, sendo indispensável de sua existência material por 
meio de exame de corpo de delito. Não sendo possível o exame pericial direto, a prova 
testemunhal ou documental poderá suprimir-lhe a falta, ressalvando-se que se a palavra da 
gestante não basta, por si só, para tal finalidade. 
 
 Tipo Subjetivo: O aborto é um crime doloso. É necessário que o agente queira o 
resultado ou assuma o risco de produzi-lo. Age com dolo eventual aquele que agride a 
mulher sabendo do estado de gravidez. Haverá, no caso, um concurso formal de delitos. 
� A tentativa de suicídio da mulher grávida não é punível com tentativa de aborto. 
� Não existe crime de aborto culposo e, assim, a imprudência de mulher grávida que 
causa a interrupção da gravidez não é conduta punível. 
� O terceiro que, culposamente, cause o aborto, responde por lesão corporal culposa. 
 
Consumação e Tentativa: 
Consuma-se o aborto com a interrupção da gravidez e a morte do feto, desnecessário a 
existência da expulsão. 
Com a morte do feto ou destruição do óvulo . A tentativa existe quando as manobras 
abortivas não interrompem a gravidez ou provocam apenas aceleração do parto, com a 
sobrevivência do neonato. Morto este após o nascimento, ocorrerá infanticídio, se autoria 
do crime couber à mão, e homicídio se a terceiro. Em ambos os casos, pode dar-se “um 
concurso material de crimes – de aborto tentado (pois o feto não morreu por via deste) e de 
homicídio ou infanticídio consumado. “Se o feto nasce vivo e viável, Diz Frederico Marques, 
e vem a perecer ulteriormente, em consequência das manobras abortivas, o crime de 
aborto se consuma; mas se a morte resultou de causa independente, existirá apenas 
tentativa de aborto.” 
 
Importante Ler Pag. 60 (Mirabete) 4.4.8 
 
 
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIROS 
 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
A pena comida é mais grave, porque o agente provoca o aborto sem oconsentimento da 
gestante, no caso também vítima do crime. 
 
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Ir ao parágrafo único do art. 126 quando for empregado pelo agente a força (violência), a 
ameaça ou a fraude. Exemplo dessa última seriam os casos de convencer a gestante de que 
está praticando uma intervenção cirúrgica para remover um tumor ou fazê-la ingerir um 
abortivo supondo que se trata de um medicamento. 
 
Obs. Presume-se não haver consentimento da gestante: 
o Menor de 14 anos (desenvolvimento mental incompleto) 
o Alienada (que sofre de doença mental) 
o Débil Mental (com desenvolvimento mental retardado) 
 
 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze 
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave 
ameaça ou violência forma qualificada. 
 
Aquele que pratica as manobras abortivas ou causa de outra forma. 
Obs. O consentimento pode ser expresso ou tácito, deve existir desde o inicio da conduta aé 
a consumação do crime, responde pelo 125 o agente. Quando a gestante revoga seu 
consentimento durante a execução de aborto, a passividade e a tolerância da mulher 
equivalem ao consentimento tácito, quem participa responderá pelo 124. 
Cuidado: O erro de agente, supondo justificadamente que há consentimento da gestante , 
quando isso não ocorre, é erro de tipo, devendo ele ser responsabilizado pelo art. 126 e não 
pelo art. 125. 
 
 
FORMA QUALIFICADA 
 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, 
em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre 
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe 
sobrevém a morte. 
 
É evidente que o resultado mais grave (lesão corporal grave ou morte), condições de maior 
punibilidade, não deve ter sido querida, nem mesmo eventualmente, pelo agente: 
Responderá por crimes de lesões corporais ou homicídio, em concurso com o aborto. 
O art. 127 refere-se ao crime preterdoloso, em que o agente não quer o resultado – lesão 
grave ou morte. 
 
Caso o feto sobreviva, o agente responderá por tentativa de aborto, em concurso com lesão 
corporal grave ou morte da gestante. 
 
Não ocorre a qualificadora quando houver lesão grave necessária para o aborto (lesão do 
útero, por exemplo). Nesses casos, é ela consequência normal do fato. 
 
 
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Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante 
ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
Aborto Necessário: Inciso I 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: Inciso II 
 
No primeiro caso, esta previsto o aborto necessário (ou terapêutico) que, no entender da 
doutrina, caracteriza caso de estado de necessidade (que não existiria no caso de perigo 
futuro). 
Não é necessário que o perigo seja atual, basta a certeza de que o desenvolvimento da 
gravidez poderá provocar a morte da gestante. 
Afirma Adriano Marrey “depende o aborto necessário do consentimento da gestante, pois 
não se compara a uma intervenção cirúrgica, que pode ser levada a efeito contra a vontade 
do paciente” mas na verdade o médico não necessita do consentimento para intervir, já que 
a este se refere o inciso II. Cabe ao médico decidir sobre a necessidade do aborto a fim de 
preservar o bem jurídico que a lei considera mais importante (a vida da mãe) em prejuízo do 
bem menor (a vida intrauterina). 
 
Obs. Caso o aborto seja praticado por pessoa não habilitada (a lei fere-se apenas ao 
médico), poder-se-á alegar estado de necessidade, nos termos do art. 24, se se tratar da 
existência de perigo atual para a vida da mulher. 
 
No segundo caso, esta previsto o aborto sentimental (ou ético, ou humanitário), que é 
aquele que pode ser praticado por ter a gravidez resultado de estupro. 
 
Para que o médico pratique aborto não há necessidade, evidentemente, da existência da 
sentença condenatória contra o autor do estupro e nem mesmo de autorização judicial. 
Deve ele submeter-se ao código de ética médica, admitindo como provo elementos sérios a 
respeito da ocorrência do estupro (boletim de ocorrência, declarações, atestados e etc). 
 
Obs. se o médico for induzido a erro inevitável por parte da gestante ou de terceiro sobre a 
ocorrência do estupro, que não se verificou, não responderá pelo crime de aborto (erro de 
tipo permissivo) 
 
 
Aborto Eugenésico: executado ante a suspeita de que o filho virá ao mundo com anomalias 
graves, por herança dos pais. Não há excludente de criminalidade. 
 
Entretanto há uma tendência à descriminalização do aborto eugênico em hipótese 
específica: 
� Anencefalia (ausência ou má formação de cérebro) 
� Má conformação congênita do feto 
� Psicológicos 
� Agenesia renal (ausência de rins) 
� Abertura abdominal 
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� Síndrome de Patau (em que há problemas renais, gástricos e cerebrais gravíssimos) 
 
Aborto Social: (ou econômico), realizado para impedir que se agrave a situação de penúria 
ou miséria da gestante. Pune-se 
 
 Aborto Honoris Causa: praticado em decorrência da gravidez extramatrimonium. 
 
Obs. O descarte de embrião obtido a partir de fertilização em vitro por técnicas de 
reprodução assistida não se configura aborto, por não se tratar de vida intrauterina. 
Ler: lei 11105/05 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96812/lei-de-biosseguranca-lei-11105-05 
 
Ler pagina 66 (Mirabete) 
 
 
 
LESÃO CORPORAL 
 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º - Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
§ 2º - Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
 
§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, 
nem assumiu o risco de produzí-lo: 
 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
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Diminuição de pena 
 
§ 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou 
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz 
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
Substituição da pena 
 
§ 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de 
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
Lesão corporal culposa 
 
§ 6º - Se a lesão é culposa: 
 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
Aumento de pena 
 
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. 
 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
§ 9º - Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o 
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
§ 10. Nos casos previstosnos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no 
§ 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
 
 
Divisão: 
a) Lesão (dolosa) leve ou simples (caput do artigo); 
b) Lesão (dolosa) qualificada pelo resultado (§§1o , 2o e 3o) 
c) Lesão (dolosa) privilegiada (§§4oe 5o); 
d) Lesão (culposa) (§6o) 
e) Lesão culposa ou dolosa com aumento de pena (§7o); 
f) Lesão (dolosa) leve ou simples qualificada pela violência doméstica (§9o). este 
parágrafo prevê, sob o nomen iuris de violência de violência doméstica, que, se a 
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lesão (dolosa) leve for praticada nesse contexto, ela será qualificada, detenção de 
três mês a três anos; 
g) Lesão (dolosa) grave, gravíssima ou seguida de morte com aumento de pena pela 
violência domestica (§10). Este parágrafo estabelece uma causa especial de aumento 
de pena (um terço), quando as figuras dos §§ 1o ao 3o (lesões graves, gravíssimas ou 
seguidas de morte) forem praticadas no contexto de violência doméstica 
mencionado pelo §9o; 
h) O §8o refere-se à especial hipótese de perdão judicial, somente aplicável as lesões 
corporais culposas; 
i) §11 prevê que, na hipótese do §9o, haverá aumento de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
 
Objeto Jurídico: a integridade física ou fisiopsíquica da pessoa. 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. A auto lesão é impunível. 
 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoal. 
 
Consumação: com a efetiva ofensa à integridade física ou psíquica. Ainda que a 
vítima sofra mais de uma lesão, o crime será único. 
Obs. Crime instantâneo 
 
Tentativa: “juridicamente impossível a tentativa de lesões corporais” Mas tal 
orientação, contudo, é isolada, opinando a doutrina pela possibilidade da tentativa, 
indiscutível o agente que quer causar dano a saúde de outrem, não consegue por 
circunstâncias alheias a sua vontade. 
 
Tipo Objetivo: O núcleo do tipo é ofender a integridade corporal ou a saúde de 
outrem, incluindo, pois, toda conduta que causar mal físico, fisiológico ou psíquico à 
vítima. 
Obs. Corte de barba e cabelo, desde que praticado o dissenso da vítima e não se 
trate de remoção ou arrancamento de parte insignificante. 
Obs2: Vários ferimentos causados à mesma vítima em uma mesma conduta(disparos, 
golpes de facas, socos, pedradas e etc.) perfazem uma única unidade, constituindo 
crime único. 
 
Tipo Subjetivo: O dolo do crime é a vontade de produzir um dano ao corpo ou à 
saúde de outrem ou, pelo menos, de assumir o risco de resultado. Animus laedendi 
ou Animus Nocendi. 
 
 
Lesão Corporal leve ou simples: A definição de lesão corporal leve é formulada por 
exclusão, ou seja, configura-se quando não ocorre nenhum dos resultados previstos nos 
§§1o , 2o e 3o, lesão corporal leve, simples ou comum é a lesão tipificada em seu tipo 
fundamental, ou seja, a ofensa a integridade física ou à saúde de outrem, nos limites do 
caput do artigo. 
A lesão tipificada no caput é sempre dolosa. 
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Requisitos essências lesão corporal dolosa: 
a) Dano a integridade física ou à saúde de outrem; 
b) Relação casual entre ação e resultado; 
c) Animus laedendi 
 
Lesão corporal grave: o §1o relaciona 4 hipóteses, que qualificam a lesão corporal. 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias. 
Ocupações: trabalho, lazer, recreação e etc. 
Obs. a simples vergonha de aparecer em público, mesmo que decorrente de marcas ou 
cicatrizes deixadas pelas lesões, não caracteriza a qualificadora. 
Cuidado: a prostituição que pode ser imoral, mas não é ilícita. Se a prostituta, que foi ferida 
e não puder retornar as suas atividades normais por mais de 30 dias, configurará a 
qualificadora. 
 
Exame complementar: validade 
Somente o exame de corpo de delito é insuficiente para a caracterização da qualificadora da 
incapacidade para a ocupações básicas por mais de 30 dias, devendo ser complementado 
por outro exame, realizado logo que tenha decorrido o prazo de 30 dias, a contar da data do 
fato. 
 
II- Perigo de vida. 
Não se trata de mera possibilidade, mas de probabilidade concreta e efetiva de morte, quer 
como consequência da própria lesão, quer como resultado do processo patológico que esta 
originou. 
O perigo deve ser pericialmente comprovado. O resultado morte deve ser provável e não 
meramente possível. 
Obs. a probabilidade de morte da vítima não deve ser objeto do dolo do agente, caso 
contrário deveria responder por tentativa de homicídio, e não por lesão corporal grave com 
risco de vida. 
 
III- Debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
Debilidade: é a redução ou enfraquecimento da capacidade funcional da vítima. 
Permanente: é a debilidade de duração imprevisível, que não desaparece com o ocorrer do 
tempo. Mas no sentido etimológico de permanente, tem-se admitido que não é necessário 
que seja definitivo. 
A recuperação artificial(tratamento reeducativo, ortopédico) já é, por si só caracterizadora 
do estado permanente da debilidade acarretada pela lesão; 
 
Membros: são partes do corpo que se prendem ao tronco, podendo ser superiores, 
inferiores; braços, mãos, pernas e mãos; 
Sentido: é a faculdade de percepção, de constatação, comunicação; visão, audição, olfato, 
paladar e tato; 
Função: é a atividade específica de cada órgão do corpo humano (ex. respiratório, 
circulatório, digestivo, secretora, locomotora, reprodutora e sensitiva. 
 
IV – Aceleração do Parto 
É a antecipação do nascimento do feto com vida. 
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É indispensável que o feto esteja vivo, nasça com vida e continue a viver, caso contrário, se 
morrer, no útero ou fora dele, configurar-se-á aborto, e a lesão corporal será qualificada 
como gravíssima (§2o, V ) 
Obs. O desconhecimento da gravidez determina a desclassificação para lesões leves 
Obs2. Todas as qualificadoras do §1
o são de natureza objetiva,. Significa dizer que, havendo 
concurso de pessoas, elas se comunicam, desde que tenham sido abrangidas pelo dolo do 
participante. 
 
Lesão corporal gravíssima:§2o relaciona 5 hipóteses. As dimensões das consequências do 
crime é consideravelmente mais graves. Os efeitos da lesão, de regra, são irreparáveis. 
 
I – Incapacidade permanente para o trabalho 
Obs. Se ficar incapacitado para esta atividade específica, mas puder exercer outra atividade laboral, 
não se configura a lesão gravíssima, ainda que a incapacidade específica seja permanente. 
Desclassifica-se a infração penal para lesão corporal grave. 
A incapacidade, nesta espécie de lesão “não é para atividades habituais”, mas somente para o 
trabalho, para desempenho de atividade laboral, profissional, lucrativo. 
A incapacidade também não é temporária, mas definitiva. No entanto, não se exige que seja 
perpétuo, bastando um prognóstico firme de incapacidade irreversível. A “incapacidade 
permanente” deve ser de duração incalculada, ou seja, que a natureza das lesões não ofereça 
condições de diagnosticar a época de uma possível cessação. 
 
II – Enfermidade Incurável 
Segundo os especialistas, é um processo patológico em curso. Enfermidade incurável é a doença cuja 
curabilidade não é conseguida no atual estágio da medicina, pressupondo um processo patológico 
que afeta a saúde em geral. A incurabilidade deve ser confirmada com dados da ciência atual, com 
um juízo de probabilidade. Incurável deve ser entendido em sentido relativo, sendo suficiente o 
prognóstico pericial para caracterizá-lo, pois em termos da ciência médica nada é certo, tudo é 
possível. 
Cuidado: Não confundir debilidade permanente com enfermidadeincurável. 
Debilidade permanente: é o estado consecutivo a uma lesão traumática, que limita duradouramente 
o uso, a extensão e energia de uma função, sem comprometer o estado geral do organismo. 
Enfermidade: ao contrário, deve ser entendida como o estado que duradouramente altera e 
progressivamente agrava o teor do organismo. 
Ex. Quando agressão corporal provoca, por exemplo, fratura de um osso da perna, pode suceder que 
o ofendido se cure da lesão, mas permaneça coxo, isto é, com debilidade permanente na pena. 
Todavia, se ele não se cura e no osso fraturado forma-se sede de um processo osteomielítico 
tuberculoso’ provavelmente incurável, verifica-se a existência de enfermidade incurável. 
 
III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
Há perda quando cessa o sentido ou função, ou quando o membro ou órgão é extraído ou 
amputado. Perda é a extirpação ou eliminação de órgão (membro, sentido ou função). A perda pode 
operar-se por meio de mutilação ou amputação; a primeira ocorre no mento da ação delituosa, 
seccionando o órgão; a segunda decorre de intervenção cirúrgica, com a finalidade de minorar as 
consequências. Há inutilização quando cessa ou interrompe-se definitivamente a atividade do 
membro, sentido ou função. Na inutilização não há a exclusão, mas a subsistência, embora 
inoperante. A inutilização do membro, sentido ou função não é outra coisa que a sua perda 
funcional; Perda é o perecimento físico, é a eliminação material do órgão. Na inutilização o membro 
permanece ligado ao corpo, mais inoperante em sua atividade própria. 
Cuidado: distinguir debilidade permanente e perda ou inutilização. A perda de um olho (debilidade) 
não se confundi com a perda de visão (perda de sentido) 
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30 
 
IV – Deformidade permanente 
A deformidade, para caracterizar essa qualificadora , precisa representar lesão estética de certa 
monta, capaz de produzir desgosto, desconforto, a quem vê e vexame ou humilhação ao portador. 
Não é, por conseguinte, qualquer dano estético o físico capaz de configurar a qualificadora. 
A deformidade não se limita ao rosto da vitima, mas pode ser em qualquer outra parte do copor 
onde o defeito seja visível, como, por exemplo, lesão óssea em membros inferiores obrigando a 
vítima coxear, ou na coluna vertebral, tornando gibosa. 
Deformidade permanente implica a existência dano estético, considerável decorrente de defeito 
físico permanente. É necessário que haja comprometimento permanente, definitivo, e irrecuperável 
do aspecto físico-estético. A deformidade não perde o caráter de permanente quando pode ser 
dissimulada por meios artificias, como, por exemplo, cirurgia plástica, a quem nunca esta obrigado. 
A deformidade que somente pode ser eliminada ou removida mediante cirurgia plástica constitui, 
comprovadamente a qualificadora. 
Não caracteriza “perda de membro, sentido ou função” a cirurgia que estrai órgãos externos de 
transexuais com a finalidade de cura-lo ou de reduzir seu sofrimento físico ou mental. 
 
V – Aborto 
Trata-se de crime preterdoloso, ou seja, a dolo em relação à lesão corporal e culpa em relação ao 
aborto; este é provocado involuntariamente: o agente não quer o nem assume o risco de provoca-lo. 
Para que possa caracterizar-se a qualificadora de lesão corporal gravíssima, não pode ter sido objeto 
de dolo do agente, pois, nesse caso, terá de responder pelos dois crimes, lesão corporal e aborto, 
em concurso formal improprio, ou, ainda, por aborto qualificado, se a lesão em si for grave. 
Obs: É necessário que o agente tenha conhecimento da gravidez sem, contudo, querer o aborto. 
Se a ação do agente visar aborto, o crime será do artigo 125. O desconhecimento da gravidez, 
porem, afasta a qualificadora, constituindo erro de tipo. 
Não se deve confundir as figuras do art. 127, primeira parte, art.129 §2o V, pois há uma inversão de 
situações: na primeira, o aborto é querido e a lesão não; na segunda a lesão ‘ 
E o resultado desejado, enquanto o aborto não, nem mesmo eventualmente. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
Também conhecido como homicídio preterdoloso: dolo nas lesões, culpa na morte. Se o resultado 
morte for imprevisível ou decorrente de caso fortuito, o sujeito responderá somente pelas lesões 
corporais. Se houver dolo eventual quanto ao resultado mais grave, o crime será de homicídio. 
A tipificação do crime como lesão corporal seguida de morte esta condicionada a que as 
circunstâncias do fato acontecido evidenciem que o querer do agente não inclui, nem mesmo 
eventualmente, o resultado morte que produz. Se o resultado não foi objeto do querer do agente, 
mas situa-se na esfera da previsibilidade, o crime é preterdoloso Art. 129 § 3o, não havendo 
homicídio doloso. Se a ação não foi orientada pelo animo de lesar, mas executando com 
imprudência, configurar-se homicídio culposo. 
 
Figuras Privilegiadas 
Formas privilegiadas: 
a) Impelido por motivo de relevante valor social; 
b) Impelido por motivo de relevante valor moral; 
c) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
 
Obs. Lesões corporais privilegiadas, obrigatoriedade da redução de pena; As privilegiadoras 
constantes do §4o aplicam-se somente às lesões corporais graves, gravíssimas ou seguidas de morte. 
Para a hipótese de lesões corporais leves, as privilegiadoras são aquelas aplicáveis do §5o . 
 
 
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Lesão corporal culposa 
Lesão corporal será culposa desde que presentes os seguintes requisitos: 
a) Comportamento humano voluntário; 
b) Descumprimento do dever de cuidado objetivo; 
c) Previsibilidade objetiva do resultado; 
d) Lesão corporal involuntária; 
Obs. não existe tipificação da lesão culposa em modalidades grave ou gravíssima, as consequências 
do crime, mais ou menos graves, devem ser valoradas na analise das circunstancias judiciais (art.59) 
no memento da dosagem de pena. 
 
Isenção de pena ou perdão Judicial 
O §8o, disciplina sobre o perdão judicial, quando se trata de lesão corporal culposa. Doutrina e 
jurisprudência tem procurado definir. 
 
Violência Doméstica 
 
Ler as páginas 83, 84 e 85 (Mirabete) 
 
 
 
DA PERICLITAÇAO DA VIDA E DA SAÚDE 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO 
 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de 
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação. 
 
Bem Jurídico Tutelado: é a incolumidade física e a saúde da pessoa. 
 
Obs. A evidencia que a superveniência eventual da morte da vítima, decorrente de efetivo contágio 
venéreo, encontra proteção jurídica-penal no nosso ordenamento. 
Existem 2 hipótese: 
1) Se o agente agiu, neste caso, com dolo (de perigo ou de dano, não importa), responderá 
pelo crime de “lesão corporal seguida de morte” art.129 §3o 
2) Se a conduta precedente (prática sexual sem preservativo, por exemplo) foi negligente ao 
não observar que podia estar contaminado, pelas circunstancias pessoais e particulares, 
configurará uma conduta culposa, devendo responder por homicídio culposo (art. 121, §3o) 
 
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, desde que sejam portadores de 
moléstia venérea. 
Obs. nem o matrimonio nem o exercício da prostituição constituem excludente ou dirimentes da 
responsabilidade penal pela exposição a contágio de moléstia venérea. 
 
Sujeito Passivo: pode ser qualquer ser vivo. 
Obs. trata-se, com efeito, de interesse público e, portanto, indisponível. O eventual consentimento 
do ofendido não afasta o interesse público em impedir a progressão dessas moléstias,que, se não 
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32 
 
forem combatidas com eficácia, podem adquirir dimensões preocupantes ou, quem sabe, até atingir 
o nível de epidemia. 
 
 Tipo Objetivo: a ação consiste em expor (colocar em perigo) a contágio de moléstia venérea 
de que sabe ou devia saber ser portador. O perigo tem que ser direto e iminente, isto é concreto, 
demonstrado e não presumido. 
O meio é somente através de relações sexuais ou qualquer outro ato libidinoso. 
 
Obs. relações sexuais têm uma abrangência superior àquela compreendida pela expressão 
conjunção carnal. Relações sexuais abrange: cópula vagínica, coito anal ou oral, instrumentos roliços 
ou dedos para a penetraçao no órgão sexual feminino, ou cópula vestibular, em que não há 
penetração. 
Atos libidinosos, diversos o cunnilingus, o pennilingus, o annilingus, lesbianismo, sadomia e etc. 
 
Cuidado: não se pode falar em crime de perigo venéreo se o perigo provir de qualquer outra ação, 
por exemplo, amamentação, utensílios domésticos e etc. poderá tipificar o crime do art. 131 desde 
que se trate de moléstia grave. 
 
Obs. é indispensável o contato pessoal em os sujeitos ativo e passivo, pois é impossível manter 
relação sexual ou praticar ato libidinoso sem contato pessoal. 
 
Importante: Se o agente contaminado procura evitar a transmissão da moléstia, usando 
preservativos, por exemplo, com certeza afastara o dolo. Se sobrevier eventual contaminação, em 
tese, não deverá responder se quer por lesão corporal culposa, pois tomou os cuidados objetivos 
requeridos nas circunstancias. 
 
 
 Tipo Subjetivo: 
A) Caput primeira parte “de que sabe” é o dolo de perigo. 
B) Na segunda parte do caput “deve saber” dolo eventual 
C) No § 1o “se é intenção” há dolo de dano (direto) 
 
 Consumação 
Com a prática da relação sexual ou de ato libidinoso, independentemente do efetivo contágio que, 
se ocorrer, será simplesmente o exaurimento do delito 
 
Tentativa 
Entende-se possível 
 
 
 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE 
 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato 
capaz de produzir o contágio: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Bem Jurídico Tutelado: incolumidade física e a saúde da pessoa Humana 
 
Obs irei pular o 131 e 132........ 
 
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33 
 
ABANDONO DE INCAPAZ 
 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por 
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741 , de 2003) 
 
 
 Bem Jurídico Tutelado: é a segurança da pessoa humana, o seu bem-estar pessoal, 
particularmente do incapaz de proteger-se contra situações de perigo decorrentes de abandono. 
 
 Sujeito Ativo: qualquer pessoa que tenha especial relação de assistência e proteção com a 
vítima, ou seja, desde que a vítima esteja sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. 
Crime próprio. 
 
 Sujeito Passivo: Pode ser qualquer pessoa que se encontre numa das relação antes 
referidas, e não somente o menor. Na verdade, exige-se do sujeito passivo a presença simultânea de 
dois requisitos fundamentais: a) incapacidade; b) Relação de assistência com o sujeito ativo. 
 
 Tipo Objetivo: São os elementos constitutivas do crime de abandono de incapaz: 
a) o abandono; b) a violação especial dever de assistência; c) a superveniência efetiva de um perigo 
concreto à vida ou à saúde do abandonado; d) a incapacidade de defender-se da situação de perigo; 
e)a vontade e a consciência de abandonar o incapaz expondo-o perigo. 
 
 Tipo Subjetivo: é o dolo de perigo, representado pela vontade e consciência de expor a 
vítima a perigo através de abandono. Pode ser dolo eventual ou direito. 
 
 Consumação: com o abandono efetivo do incapaz, desde que este corra perigo real, efetivo, 
isto é, concreto. 
 
 Tentativa: é possível, especialmente da forma comissiva. Ex. mãe que irá expor o filho ao 
abandono, mas no seu caminho é surpreendida e impedida de realizar o intentado. 
 
 Formas: 
Qualificadas: §§ 1 e 2, se resultar a) lesão corporal de natureza grave; b) a morte da vítima 
Majoração:§3, a) abandono ocorre em lugar ermo; b) o agente é ascendente ou descendente, 
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima; c) a vítima maior de 60 anos. 
 
Obs. Não existe forma culposa 
 
 
 
 
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EXPOSICAO OU ABANDO DE RECÉM-NASCIDO 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
bem Jurídico Tutelado é a segurança do recém-nascido 
Sujeito Ativo: somente pode ser a mãe (crime próprio), visto que objetiva ocultar desonra 
própria. 
Sujeito Passivo: é o recém-nascido com vida , fruto de relações extramatrimoniais 
Tipo Objetivo: expor a perigo é exercer uma atividade sobre a vítima, transpondo-a, no 
espaço, da situação de segurança mais ou menos efetiva em que se encontrava para lugar onde 
ficará sujeito a risco contra a sua incolumidade pessoal. O abandono , é por sua vez, impropriamente 
um não fazer. 
Tipo Subjetivo: é o dolo de perigo, representado pela vontade e consciência de abandonar o 
recém-nascido, expondo a perigo. Com o intuito de ocultar desonra. 
Obs. se for por outro motivo o abandono, configura-se art. 133.CP 
Consumação: com o abandono efetivo do incapaz, desde que este corra perigo real, efetivo, 
isto é, concreto. 
Tentativa: é possível, especialmente da forma comissiva. Ex. mãe que irá expor o filho ao 
abandono, mas no seu caminho é surpreendida e impedida de realizar o intentado. 
Formas: 
Qualificadas: §§ 1 e 2, se a) do fato resulta lesão corporal de natureza grave; b) resulta a morte. 
Obs. se há animus necandi: infanticídio ou homicídio. 
 
Não há previsão da forma culposa. 
 
 
OMISSÃO DE SOCORRO 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza 
grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
 Bem Jurídico Tutelado: a preservação da vida e da saúde do ser humano , e o fundamento 
da criminalização da omissão de socorro é o respeito ao dever de solidariedade humana, um 
princípio moral erigido. 
 Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, não querendo nenhuma condição particular, pois o 
dever genérico é de não se omitir. 
 Sujeito Passivo: somente pode ser: a) criança abandonada ou extraviada; b) pessoa invalida 
ou ferida, desemparada; c) qualquer pessoa em grave e iminente perigo . 
 Tipo Objetivo: Pode ser praticado de duas formas. a) deixar de prestar assistência; b) não 
pedir socorro à autoridade pública. 
 Elementares típicas: possibilidade e ausência de risco pessoal. 
a) possibilidade de conduta: poder agir é um pressuposto básico de todo comportamento humano. 
Tambémna omissão, evidentemente, é necessário que o sujeito tenha a possibilidade física de agir, 
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para que possa afirmar que não agiu voluntariamente. 
b) Sem risco pessoal: a possibilidade de prestar socorro deve ser existir sem que o agente se 
exponha a risco pessoal. 
 Tipo Subjetivo: é o crime de dolo de perigo, representado pela vontade de omitir com a 
consciência do perigo, isto é, o dolo dever abranger a consciência da concreta situação de perigo em 
que a vitima se encontra. 
 Concurso de Pessoas: Se o agente tem dever jurídico de agir e omite-se intencionalmente; 
Agente que auxilia ou induz outrem a omitir a conduta devida; Se pluralidade de agentes recusa a 
assistência: todos respondem; se um deles presta socorro: demais estão eximidos, salvo se este 
socorro for insuficiente. 
 Consumação: consuma-se com a omissão de socorro no lugar e no momento em que a 
atividade devida tinha que ser realizada, isto é, onde e quando o sujeito ativo deveria agir e não o 
fez. 
 Tentativa: não se admite, pois não exige um resultado naturalístico produzido pela omissão. 
 Classificação pela doutrina: crime próprio e instantâneo . 
 Figura majorada: parágrafo único. Se resultar lesão de natureza grave ou morte. 
 
 
MAUS TRATOS 
 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para 
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados 
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de 
correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) 
anos. 
 
 Bem jurídico Tutelado: são a vida e a saúde da pessoa humana, ou seja, a integridade 
fisiopsíquica do ser humano, especialmente daqueles submetidos a autoridade, guarde ou vigilância 
para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. 
 Sujeito Ativo: somente quem se encontra na condição especial de exercer a autoridade, 
guarde ou vigilância, para fins de educação (atividade destinada a aperfeiçoar a capacidade 
individual), ensino (ministrar conhecimentos visando a formação básica cultural), tratamento ( cura 
e subsistência) ou custódia (detenção de uma pessoa para fim autorizado em lei). 
 Sujeito Passivo: somente pessoa que se encontra subordinada para fins de educação, 
ensino, tratamento ou custodia. 
 Tipo Objetivo: a) privar de alimentação; b) privar de cuidados indispensáveis; c) sujeitar a 
trabalho excessivo ou inadequado; d) abusar de meios corretivos ou disciplinares. 
Obs. nas 3 primeiras o crime é permanente e na ultima é instantâneo. 
 Tipo Subjetivo: como crime de perigo, limita-se a consciência e a vontade de expor a vitima 
a grave e iminente perigo. 
 
 
 
 
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA 
 
CALÚNIA 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado 
por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença 
irrecorrível. 
 
 Bem Jurídico Tutelado: é o bem imaterial honra, que, na definição de Magalhães 
Noronha, pode “ser considerado com o complexo ou conjunto predicados ou condições de 
pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria. Para os que adotam essa 
divisão, é a honra objetiva, isto é, a reputação do indivíduo, ou seja, é o conceito que os 
demais membros da sociedade têm a respeito do indivíduo, relativamente as seus atributos 
morais, éticos, culturais, intelectuais, físicas ou profissionais. 
Obs. O Direito penal não distingue a honra comum(refere-se a pessoa humana enquanto ser 
social) da honra profissional(diretamente relacionada à atividade exercida pelo indivíduo). 
 Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, desde que seja imputável. A pessoa 
jurídica, por faltar-lhe a capacidade penal, não pode ser sujeito ativo dos crimes contra a 
honra. 
 Sujeito Passivo: qualquer pessoa, inclusive os inimputáveis. 
Obs. Os mortos também podem ser caluniados, mas seus parentes serão os sujeitos 
passivos. 
 Tipo Objetivo: Calunia é a imputação falsa a alguém de fato definido como crime. 
São previstas duas figuras típicas: a) imputar falsamente(caput): tem o sentido de atribuir, 
acusar; b)propalar ou divulgar(§1): tornar público. 
 
Para que o fato imputado possa constituir calúnia, precisam estra presentes: 
a)imputação de fato determinado qualificado como crime; 
b)Falsidade de imputação 
c) Elemento subjetivo: “Animus Caluniandi” 
Na falta de qualquer um desses elementos impede que possa se falar em fato definido como 
crime de calunia. 
 
Propalação da calunia: 
Propalar ou divulgar, que tem sentido semelhante e consistem em levar ao conhecimento 
de outrem, por qualquer meio, a calunia que, de alguma forma, tomou conhecimento. 
 
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Cuidado: Se o agente esta convencido de que a imputação é verdadeira, não responde pelo 
crime, pois incorre em erro de tipo, por ignorar uma elementar do tipo – falsamente -, ou 
seja, não sabe o que faz. A certeza do agente, embora errônea, de que a imputação é 
verdadeira impede a configuração do dolo. Se tiver dúvida sobre a falsidade, deverá abster-
se da ação de imputar o fato ao sujeito passivo, caso contrários responderá pelo crime, por 
dolo eventual, na modalidade do caput. 
Cuidado2: “ouvi dizer, comentam, falam por aí e etc” – a pessoa assume o risco de ofender, 
pois ocorre um reforço para convicção do terceiro. 
 
 Tipo Subjetivo: A calúnia é dolo de dano, que é constituída pela vontade consciente 
de caluniar a vítima, imputando-lhe a prática de fato definido como crime, de que sabe 
inocente. Possui Animus Caluniandi. 
Caput: Forma dolo, Eventual ou direta. 
§1: Dolo direito 
 Consumação: Quando o conhecimento da imputação falsa chega a terceira pessoa, 
ou seja, quando se cria condição necessária para lesar a reputação da vítima. 
 Tentativa: como regra, não admite a tentativa, mas existem teses que seja possível, 
dependendo do meio utilizado, através da escrita, por exemplo. 
 Classificação doutrinária: Crime formal; Crime comum; Crime instantâneo 
 Exceção da verdade: significa a possibilidade que tem o sujeito ativo de poder provar 
veracidade do fato imputado. Provada pelo agente que a imputação que faz é verdadeira, 
não se há que falar em calunia. 
A calunia admite exceção da verdade, salvo em 3 hipóteses: 
a) Nos crimes de ação privada, quando o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
b) Nos fatos imputados contra o presidente da república, ou contra o chefe de governo 
estrangeiro; 
c) Se o ofendido foi absolvido do crime imputado por sentença irrecorrível; 
 
 
 
DIFAMAÇÃO 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções 
 
Bem Jurídico Tutelado: é a honra objetiva, isto é, a reputação do

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