Buscar

Direito Constitucional I -Aula II (20_02)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Constitucional I – Aula II 
Aline Sayuri Kazari 
USJT - Direito 
1 
Direito Constitucional I 
Aula II – 20/02/2015 
Professora: Renata Camilo 
 
Paradigmas constitucionais 
 
Inicialmente, faz-se necessário uma breve abordagem acerca do que vem a ser um 
paradigma. No sentido lato, corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser 
seguido em determinada situação. 
O conceito de paradigma foi introduzido inicialmente por Thomas More na filosofia 
para demonstrar que a ciência possui um paradigma de estudos. 
É utilizado por alguns autores para falar da evolução do Direito Constitucional, entre 
eles Jürgen Habermas (filósofo e sociólogo alemão). Segundo esses autores, na história do 
Estado de Direito também existem modelos dominantes em determinadas épocas históricas. 
Assim, no Direito, a modernidade pode ser dividida em três grandes paradigmas: 
 
1. Estado liberal burguês 
 
O surgimento do Estado de Direito como Estado liberal burguês teve início no fim do 
século XVIII com as ditas Revoluções burguesas, resultando na criação das Constituições 
escritas como fruto dessas revoluções (produção do direito positivo). 
Nesta fase do Constitucionalismo, os direitos fundamentais eram os ditos direitos de 
1ª geração / dimensão. São os direitos ligados ao valor liberdade, os direitos individuais e 
políticos. Defendia a garantia à propriedade privada (impulsionando o capitalismo), o direito à 
liberdade de locomoção. Surge o Estado democrático com o direito de votar e ser votado, 
ainda que por voto censitário. 
Esses direitos fundamentais, por estarem diretamente ligados ao valor liberdade, 
exigiam uma maior abstenção Estatal, pois tinham uma função de defesa à intervenção. O 
chamado liberalismo, Estado mínimo, onde a mão invisível deveria controlar as relações de 
comércio. 
No âmbito da separação dos poderes, o Poder Legislativo mantinha um papel 
predominante, já que nesse período a criação dos direitos era o enfoque central e o 
positivismo se encontrava em sua mais alta expressão. 
Esse período histórico registrou uma extrema exploração do homem pelo homem, 
alastramento da pobreza e, como reação a esse contexto surge movimentos comunistas e 
sociais, dando início a um novo modelo predominante: O Estado Social. 
 
 
 
Direito Constitucional I – Aula II 
Aline Sayuri Kazari 
USJT - Direito 
2 
2. Estado Social 
 
A partir da I Grande Guerra Mundial, surge o Estado de Direito, dando origem a um 
novo perfil à Constituição com a criação das primeiras Constituições voltadas às questões 
sociais, como por exemplo, a Constituição do México (1.917) e a Constituição de Weimar 
(1.919). 
As Constituições passam a abordar novos temas, mais voltados às questões sociais e 
com um número maior de normas. Os direitos fundamentais preexistentes passam por uma 
releitura: a propriedade privada continua sendo protegida, porém agora deveria atender a 
uma função social; aboliu-se pouco a pouco o voto censitário e houve uma restrição na 
liberdade contratual, devendo essa obedecer a algumas regras normativas. Surge também, 
nesse período, os direitos de 2ª geração / dimensão, voltados ao valor igualdade. São os 
direitos sociais, econômicos e culturais. 
Os direitos de 2ª geração tinham uma função de prestação e por isso exigiam uma 
maior intervenção do Estado. Surgem o Direito Econômico e o Trabalhista. 
A criação de tantos direitos pelo Legislativo no Estado liberal burguês fez com que o 
Poder Legislativo deixasse de dar conta dessa demanda, atribuindo assim, maiores poderes ao 
Poder Executivo (em especial) e ao Poder Judiciário. 
 
3. Estado Democrático de Direito 
 
O constante questionamento ao Estado Social e a sua intensa intervenção, deu 
margem ao surgimento do Estado Democrático de Direito a partir da década de 1.970. 
Surgem novos direitos fundamentais, ligados ao valor fraternidade e solidariedade, os 
chamados direitos de 3ª geração / dimensão. São os direitos relacionados ao desenvolvimento 
ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de 
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São 
direitos transidividuais, destinados à proteção do gênero humano. Deixa de ser um direito 
individual para se tornar um direito coletivo. 
Nessa fase a função do Estado já não é tão determinável, não havendo consenso 
quanto a isso. Pode ser considerado ora um Estado Neoliberal, ora uma Democracia 
Participativa ou ainda, um Ativismo Judicial (uma postura proativa do Poder Judiciário que 
interfere de maneira regular e significativa nas opções políticas dos demais poderes). 
 
4. Neoconstitucionalismo 
 
A doutrina passa a desenvolver, a partir do século XXI, uma nova perspectiva em 
relação ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo ou pós-positivismo. 
Busca-se, dentro dessa nova realidade, a eficácia da Constituição, especialmente 
diante da expectativa de concretização dos direitos fundamentais, onde deveria haver uma 
reaproximação do Direito e a Moral. 
O Neoconstitucionalismo defende uma maior expressão da Jurisdição constitucional, 
aproximando-se em certo sentido, com o Ativismo Jurídico.

Outros materiais

Perguntas Recentes