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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA DISCIPLINA: FISIOTERAPIA AQUÁTICA Google Imagens Polígrafo elaborado pela: Prof. Ma. Patrícia Oliveira Roveda roveda.patricia@gmail.com / proveda@unisc.br Facebook: Patrícia Oliveira Roveda Fone: (55) 999344109 Santa Cruz do Sul, 2018 II 2 Olá querida (o) aluna (o) da disciplina de Fisioterapia Aquática! Estamos iniciando mais um semestre e já me sinto feliz pela tua escolha, SER FISIOTERA- PEUTA, PARABÉNS, NOSSA PROFISSÃO É APAIXONANTE! Sejas bem-vindo ao mundo da água/aquático, nos próximos meses estaremos convivendo intensamente, nos veremos toda a semana para compartilhar conhecimentos e experiências. Vou contar com sua vontade de aprender e ensinar, sua determinação e pró-atividade no decorrer do semestre, mas eu confio em você! Você está entrando no mundo diferenciado e maravilhoso da Especialidade Fisioterapia Aquática, onde o elemento água aquecida é o essencial. A piscina aquecida será nosso cenário onde viveremos muitas sensações, reais, palpáveis, vamos relaxar, alongar, fortalecer e MUITO MAIS, as práticas serão recheadas de vivência e isso ficará com vocês para todo o sempre. Vamos construir, aprender juntos e eu estarei a disposição para auxiliar, para superarmos dificuldades e para tirar e gerar outras dúvidas. Cada um fazendo sua parte teremos um semestre produtivo, de amizade, parceira, muito aprendizado e selfies aquáticos, por que não! Estamos na era tecnológica onde muitas de nossas atividades estão condicionadas ao uso de mídia eletrônica, como o celular, e isso, na maioria das vezes, é muito bom, mas querido aluno peço, que respeitemos nossos momentos de aprendizagem individual e coletiva. Quando estivermos em sala de aula deixemos nossos inseparáveis celulares desligados! Eu deixarei o meu em respeito a você. É muito importante que conheça a base teórica da disciplina para que se sinta seguro ao elaborar, criar e desenvolver bons planos e propostas para prevenção e tratamento dos pacientes. Os pacientes! Conhecê-los, avaliá-los, nos comprometermos junto a eles pela sua evolução, tocá- los, ouvi-los, desafiá-los, gestos essenciais para uma boa prática na formação e na vida profissio- nal. Praticar os exercícios, manuseios, pensar em novas possibilidades, inventar novos modos de trabalhar na água ou criar novos artefatos também pode fazer parte de nossas trocas. Você tem a sua disposição uma excelente infraestrutura no Setor de Hidroterapia, equipado com artefatos, uma monitora para auxiliar, então aproveite, faça monitorias você, sem dúvida se sentirá mais seguro e habilidoso para atender no estágio e na vida profissional, caso atue nesta especialidade. Participe, questione, pesquise, aprofunde os conteúdos abordados em sala e na piscina. Vamos buscar sempre! No plano de ensino estão os conteúdos a serem trabalhados. E além deste polígrafo, você terá a disposição o polígrafo de exercícios com registros fotográficos e legendas. As aulas práticas podem ser fotografadas ou filmadas. Utilizem também os livros da biblioteca, tem excelentes materiais. Desejo que tenhamos um semestre inesquecível! Sugestões e críticas serão bem-vindas. Abraço Profe Patrícia Roveda 3 Sumário 1. Elemento Água ................................................................................................6 2. Conceitos ........................................................................................................7 2.1 Hidroterapia ..........................................................................................7 2.2 Hidroginástica.........................................................................................8 2.3 Hidrocinesioterapia.................................................................................8 2.4 Exercícios Aquáticos Terapêuticos.........................................................9 2.5 Reabilitação Aquática.............................................................................9 2.6 Fisioterapia Aquática..............................................................................9 3. Breve Histórico da Hidroterapia.......................................................................10 4. O Uso de Artefatos Aquáticos .........................................................................13 4.1 Classificação de Artefatos.....................................................................14 4.2 Peso Hidrostático de alguns Artefatos Aquáticos .................................14 4.3 Registro Fotográfico dos Artefatos Aquáticos ......................................16 5. Propriedades Físicas da Água (PF)..................................................................22 5.1 Massa..........................................................................................................23 5.2 Peso............................................................................................................23 5.3 Densidade...................................................................................................23 5.4 Densidade Relativa ou Gravidade Específica............................................23 5.5 Refração.....................................................................................................24 5.6 Pressão Hidrostática...................................................................................24 5.7 Tensão Superficial......................................................................................25 5.8 Flutuação....................................................................................................26 5.9 Viscosidade................................................................................................28 5.10 Turbulência...............................................................................................29 5.11 Forças Coesivas ou de Coesão e Adesivas ou de Adesão......................31 6. Benefícios / Efeitos e Precauções da Fisioterapia Aquática...........................35 6.1.1 Efeitos Preventivos.................................................................................35 6.1.2 Efeitos Terapêuticos...............................................................................35 6.2 Precauções Gerais da Fisioterapia Aquática.............................................36 4 7. Diversidades da Fisioterapia Aquática..........................................................36 7.1 Variáveis a serem consideradas durante o movimento na água............36 7.2 Indicações da Fisioterapia Aquática.......................................................37 7.2.1 Indicações quanto a patologias...........................................................37 7.2.2 Indicações quanto a sinais e sintomas................................................38 7.3 Contraindicações da Fisioterapia Aquática............................................40 7.3.1 Contraindicações Absolutas................................................................40 7.3.2 Contraindicações Relativas.................................................................41 8. Efeitos Fisiológicos da Imersão......................................................................43 8.1 Sistema Circulatório...........................................................................43 8.2 Sistema Respiratório.........................................................................458.3 Sistema Renal...................................................................................46 8.4 Sistema Musculoesquelético ............................................................48 8.5 Sistema Termorregulador .................................................................49 8.6 Sistema Neurológico ........................................................................50 8.6.1 O porquê da Fisioterapia Aquática em Neurologia? ........................50 8.6.2 A teoria da comporta da dor..............................................................51 9. Alguns Métodos Aquáticos...........................................................................52 9.1 Bad Ragaz.........................................................................................53 9.1.1 Tronco……………………………………………………………………..54 9.1.2 Membros Inferiores………………………………………………...........57 9.1.3 Membros Superiores…………………………………………………….60 9.2 Ai Chi ...............................................................................................62 9.3 Halliwick ..........................................................................................66 9.4 Watsu ..............................................................................................66 9.5 Pilates na água.................................................................................66 9.6 Waterdance .....................................................................................75 9.7 Jahara..............................................................................................75 9.8 Aquastretching.................................................................................76 10. Fisioterapia Aquática nas Faixas Etárias ..................................................76 10.1 Fisioterapia Aquática em Pediatria..................................................76 10.2 Fisioterapia Aquática na Terceira Idade.........................................78 5 11. Fisioterapia Aquática nas Áreas Específicas ............................................80 11.1 Avaliação Fisioterapêutica..................................................................80 11.2 Fisioterapia Aquática em Pneumologia..............................................81 11.3 Fisioterapia Aquática em Ortopedia e Traumatologia........................82 11.4 Fisioterapia Aquática em Reumatologia.............................................84 11.5 Fisioterapia Aquática em Neurologia..................................................85 11.5.1 Estímulos sensoriais que mais se destacam na imersão................86 11.5.2 Alguns recursos/manuseios que podem ser realizados..................86 11.6 Fisioterapia Aquática em Ginecologia e Obstetrícia...........................87 11.6.1 Objetivos Principais da Fisioterapia em Gestantes.........................88 11.6.2 Fisioterapia Aquática em Cirurgias da Mama.................................89 12.Dicas Gerais Sobre a Atuação em Fisioterapia Aquática .....................90 13. Artigos para Complementarem o Conteúdo das Áreas Aplicadas.......91 14. O Uso do Turbilhão...............................................................................96 15. Referências Bibliográficas ....................................................................99 6 Conteúdos Programáticos da disciplina! Vamos iniciar então! 1. Elemento Água O óxido de diidrogênio (H2O) ou água é um dos principais elementos da natureza humana e da própria Terra (70%). Várias teorias tentam explicar que a água é nosso habitat ancestral, desde Darwin quando fala da evolução das espécies, até a própria concepção que fomos gerados no líquido amniótico, no ventre materno, ou seja, em um ambiente líquido. Sendo assim, se fomos gerados na água, a água é nossa constituinte essencial porque não prevenir e reabilitar na água? A medicina tradicional da Índia, a mais antiga denominada Ayurveda, diz que a água possui um tipo de energia vital chamada prana e entre as qualidades do prana está a capacidade de energizar o organismo, tornando-o mais saudável (BONTEMPO, 1994 apud MARTINEZ, 2007). Porcentagens de água que o corpo humano contém: 50% do peso corporal 65% do peso corporal 7 2. Conceitos 2.1 Hidroterapia O termo vem do grego, é bastante abrangente, pois pode caracterizar qualquer for- ma de tratamento que utilize água. hydor = água, therapia = cura (SKINNER E THOMSON, 1985); Belánger (2012) simplifica e conceitua como “uso da água com fins terapêuticos”. Exemplos: Banhos de contraste: ________________________________________________________ Duchas: __________________________________________________________________ Crioterapia: _______________________________________________________________ Talassoterapia: ____________________________________________________________ Fangoterapia: _____________________________________________________________ Sauna: ___________________________________________________________________ Compressas úmidas: ________________________________________________________ Crenoterapia: ______________________________________________________________ Turbilhão: _________________________________________________________________ Ofurô/Furô: _______________________________________________________________ Exercícios /atividades na água = Fisioterapia Aquática:______________________________ __________________________________________________________________________ HIDROTERAPIA é um dos recursos mais antigos da Fisioterapia, porém desde 3 de setembro de 2014, com a Resolução 443/2014, passou a ser a ESPECIALIDADE FISIOTERAPIA AQUÁTICA. Terminologia utilizada também para denominar a disciplina do último currículo do Curso. Hidroterapia é definida como o uso externo da água com propósitos terapêuticos, que utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos, advindos da imersão do corpo em piscina, como recurso auxiliar da reabilitação, ou na prevenção de alterações funcionais (Candeloro e Caromano, 2006). Hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que proporciona melhoras osteomioarticulares utilizando como princípios os elementos físicos da água – empuxo, viscosidade, pressão hidrostática, tensão superficial e temperatura (SALICIO; MATTOS; BRANDALI; SHIMOYA- BITTENCOURT e SALICIO, 2015). 8 2.2 Hidroginástica - surgiu no final da década de 1980, com o objetivo de utilizar exercícios aquáticos na posição vertical não visando a reabilitação e sim o condicionamento físico, cuidados com a saúde com fins mais estéticos e qualidade de vida. Diferenças entre FISIOTERAPIA AQUÁTICA/HIDROTERAPIA E HIDROGINÁSTICA HIDROTERAPIA HIDROGINÁSTICA - Realizada exclusivamente por fisioterapeuta; - Profissional deve ficar dentro da piscina próxi- mo ao paciente, isto implica a QUALIDADE da sessão; - Existe uma avaliação cinesiológica funcional prévia para definir objetivos específicos de acor- do com as necessidades individuais avaliadas e investigação das contraindicações à imersão; - O tempo médio de sessão é 45 min. De acordo com o caso pode ser de 10 min. a 2 horas; - A temperatura da água é mais aquecida (em torno de 34 a 36ºC); Varia com estações do ano. - Durante a sessão são realizados, na maior par- te do tempo, exercícios anaeróbios; - Os objetivos da sessão contemplam a preven- ção, mas especialmentea reabilitação e trata- mento; - O público alvo geralmente já apresenta sinais e sintomas e/ou diagnósticos clínicos prévios; - É realizado prioritariamente individualmente, e também sessões em duplas e pequenos grupos; - Realizada exclusivamente pelo profissional da educação física; - Profissional “geralmente” fica fora da piscina de- monstrando os exercícios; - Não existe avaliação específica das condições prévia com definição de objetivos específicos indi- viduais, as aulas são com objetivos coletivos; Às vezes fazem avaliação de componentes corporais. - O tempo médio de sessão é 45 min., mas muitas academias oferecem aulas de 1 hora; - A temperatura da água é menos aquecida (em torno de 28 a 31ºC); - Durante a sessão são realizados, na maior parte do tempo, exercícios aeróbios; - Os objetivos da sessão contemplam mais a pre- venção, o condicionamento físico global, a estética corporal; - Geralmente o público alvo não apresenta sinais e sintomas e/ou diagnósticos clínicos prévios, e se apresenta não são o foco da atividade; - É realizado coletivamente (pequenos ou grandes grupos) e com raras exceções individualmente; 2. 3 Hidrocinesioterapia hydor = água, cinesio = movimento, therapia = cura ( LAPIERRE, l987). Do grego: "hydor", "hydatos" = água / "therapeia" = tratamento (http://www.moreirajr. com.br/revistas.asp?id_materia=3368&f). 9 “É o uso do ambiente aquático e seus efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos provenientes da imersão do corpo ou parte dele em meio líquido”. (RADL E ALVES, 2007 p.92) 2. 4 Exercícios Aquáticos Terapêuticos – exercícios aquáticos juntamente com terapia física (BATES E HANSON, 1996). 2. 5 Reabilitação Aquática ou Fisioterapia Aquática – Teoria científica mais fundamentos médicos e procedimentos clínicos (BECKER E COLE, 2000 E RUOTI/MORRIS E COLE, 2000). 2. 6 Fisioterapia Aquática “É a prática de exercícios terapêuticos e/ou preventivos em piscina aquecida associados ou não a manuseios, manipulações, massoterapia ou hidromassagem” (MARTINEZ, 2000; ROVEDA, 2004). “Terapia de reabilitação física que se utiliza de exercícios, manuseios e técnicas es- pecíficas fundamentalmente associadas às propriedades do meio líquido, com o objetivo de promover ganhos específicos que possam ser transferidos para o solo e, portanto, traduzidos em ganhos funcionais aplicáveis à vida diária de cada paciente” (SILVA E BRANCO, 2011). “A fisioterapia aquática, em virtude de suas propriedades hidrostáticas, hidrodinâmi- cas e termodinâmicas associadas aos métodos de tratamento, favorece o trabalho de estimulação sensorial, motora e funcional” (KOPCZYNSKI, 2012). “O especialista em Fisioterapia Aquática utiliza-se das diferentes possibilidades que as propriedades físicas da água possibilitam para avaliar e conduzir suas intervenções. Para isso considera o estado funcional do paciente e sua acessibilidade, bem como a adaptação individual do mesmo em grupo ao meio aquático” (Manual de Especialidades da Fisioterapia, CREFITO 5, pg. 12). LEMBRETE! FISIOTERAPIA AQUÁTICA NÃO É SOMENTE FAZER EXERCÍCIOS IGUAIS AOS DE SOLO NA ÁGUA. DEVEMOS PENSAR DE UM MODO DIFERENTE EM FUNÇÃO, PRINCIPAL- MENTE DO EMPUXO E DA VISCOSIDADE DA ÁGUA! 10 3. Breve Histórico da Hidroterapia A seguir, um pouco de informações a respeito do histórico desta especialidade, pois para chegarem ao atual reconhecimento muitas pessoas pesquisaram e testaram o meio aquático. Alguns fatos da Pré-história, até a Idade Contemporânea. Vale ressaltar que pelos registros históricos que o início do uso da água como moda- lidade terapêutica é desconhecido, mas existem registros que datam de antes de 2400 a.C. que a cultura proto-índia já construía instalações higiênicas e desde 1500 a. C. os hindus já utilizavam no combate a febre. A hidroterapia, ou o uso da água como cura, não mais de modo místico, mas sim físico específico, teve início da Grécia de 500 a 300 a.C., Hipócrates utilizava banhos quentes e frios de imersão, para tratar uma grande variedade de doenças articulares e musculares. A civilização grega foi a primeira a reconhecer e apreciar a relação entre mente e bem-estar físico. A consolidação da hidroterapia deu-se a partir do início do século XX quando rece- beu atenção científica, sendo Jonh Flayer o pioneiro por ter publicado um tratado que continha investigações sobre o uso correto de banhos quentes, frios e temperados e com o surgimento dos primeiros métodos de tratamento (RUOTI, MORRIS, COLE, 2000; SANTOS, JAKAITIS e FLORIO In KOPCZNSKI, 2012; BÉLANGER, 2012). 3.1. A pré história Inicia com o surgimento dos primeiros homens há cerca de 4 milhões de anos e se estende até o aparecimento da escrita, por volta de 4000 a.C. Período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) – até 10000 a.C.; descoberta do fogo. Período Neolítico (Idade da Pedra Polida) – de 10000 a 4000 a.C.: formas rudimentares de escrita. O uso de rituais mágicos estava baseado na crença de que os demônios da natureza eram os responsáveis pelos inúmeros males e pelas mortes. A história da medicina estava estreitamente ligada à da religião – finalidade comum: a defesa do indivíduo contra as forças do mal (demônios, maus espíritos). 3.2. Idade Antiga Inicia aproximadamente em 4000 a.C., com o advento da escrita, e estendendo-se até a queda do Império Romano no ano 476 d.C. Antiguidade Oriental: A civilização egípcia; as civilizações da mesopotâmia (sumérios, acadianos, Babilônicos e Assírios); hebreus; fenícios e os medo-persa. 11 Antiguidade Clássica: Gregos e Romanos Não existem evidências precisas sobre quando a água foi usada pela primeira vez para finalidades curativas. Civilizações que habitavam os vales dos rios da Mesopotâmia, no Egito, na índia e na China: as piscinas de banhos foram amplamente utilizadas para a renovação e cura individual, religiosa e social. Nas culturas grega, hebraica, romana e cristã existiam os rituais das águas curativas para limpar o corpo espiritual dos pecados. Hebreus usavam a água com fins terapêuticos, higiênico e religioso. Os ginásios gregos eram constituídos por uma pista, uma sala de banho de água fria e uma grande sala principal usada para funções educacionais e sociais. Heródoto (446 a. C.) médico grego, escreveu um tratado sobre águas quentes e sobre saúde Hipócrates (O Pai da Medicina - 460 a.C) Escreveu Sobre ares, águas e lugares, um tratado sobre saúde pública e geografia médica; Banhos de contraste, medicina natural; escreveu sobre quatro tipos de banho: água quente (caldarium), água morna (tepidarium), água fria (frigidarium), água muito quente (laconicum). Homero (446 a.C): usou banhos quentes para reanimar soldados e curar melancolia Galeno (130 d.C.), médico e escritor: Os tratamentos empregados por Galeno derivavam do conceito da ação dos opostos: a terapia dos opostos (alopatia): hidrófilos e hidrófobos. Os Etruscos, que precederam os romanos, possuíam conhecimentos de medicina, de odontologia, de hidroterapia e sobre instalações sanitárias. A cultura romana elevou os banhos a um nível mais prático, formal, educacional, social e tecnicamente refinado. As termas romanas incluindo-se banhos com vapor quente, piscinas geladas e áreas de relaxamento, funcionavam como uma importante instituição social e civil. Celso - escritos sobre a hidroterapia. 3.3. Idade Média Inicia-se em 476 e estende-se até 1453, quandoterminou a Guerra dos Cem Anos, na Europa, e a cidade de Constantinopla caiu em mãos dos turcos otomanos. Descoberta da cidade de Bad Ragaz. -1032: descoberta da nascente -1242: primeiro uso documentado da nascente com propósitos curativos. -1420: construída a primeira casa de banho. Savanarola de Ferrara (1453) - uso da água na metrorragia, na gota e reumatismos. Mengo Biancheli - uso de duchas ascendentes nas afecções do útero. 12 3.4. Idade Moderna Inicia-se em 1453 e estende-se até 1789, quando iniciou a Revolução Francesa. Médicos dos séculos XV e XVI - tratamento de feridas e úlceras (ação tônica, adstringente e sudorífera). Paracelso (aprox. 1500): escritos sobre hidroterapia e utilização de inúmeras substâncias minerais, como enxofre, mercúrio, chumbo, cobre, ferro e antimônio. (=Crenoterapia) Gunter d'Andermach (1565) - banhos frios para facilitar o sono. John Flayer (1697) - publicação do "Tratado completo de Hidroterapia"; História do Banho Frio." Frederico Hoffman (1712) - publicação: "De aqua medicina universali" Moneta - uso da água em moléstias agudas das vias respiratórias. Wright (1779): cirurgião naval publicou observações sobre o uso do frio no tratamento da varíola e outras condições febris. Currie - publicação dos Relatórios Médicos sobre o Efeito da água Fria e Quente como Remédio para Febre; banhos frios, salgados e curtos para a sedação do SN e nas afecções de vias digestivas. 3.5. Idade Contemporânea Inicia-se em 1789 e estende-se até os nossos dias. Em nosso século, o capitalismo atingiu a sua maturidade e plena dinamização, alcançando progressivamente sua globalização. Giannini (1805) e Armstrong (1818) - uso de água fria para febres intermitentes e perniciosas. Vicent Pressnitz (1830) estabelece centro para uso da água fria e exercícios vigorosos. Primeiras investigações científicas sobre as reações dos tecidos à àgua sob diversas temperaturas e sua ação nas doenças. Scoutteten (1843) e Schedel (1845) classificam os efeitos múltiplos do método hidrotera- pêutico (higiênico, antiinflamatório, antiespasmódico, alterante ou resolutivo, auxiliar ou coadjuvante). Winternitz (1864) - Pai da Hidroterapia Científica: estabeleceu base fisiológica para a hidroterapia. Leroy Duprés (1875) - publicação do tratado "Indicações e Contraindicações da Hidroterapia" Entre 1851 e 1852: foi inaugurado no Brasil, o Centro Hidroterápico em Botafogo. Em 1903: abertura do primeiro centro de Hidroterapia nos EUA em Boston. 13 Em 1930: abertura da Clínica para Tratamento de Doenças Reumáticas em Londres com Fisioterapeutas diplomados. Figura1.Termas romanas Figura 2. Duchas Figura 3. Spa moderno em Bad Ragaz Figura 4 – Piscina adaptada com duchas de diferentes pressões 4. O Uso de Artefatos Aquáticos Existe uma gama de artefatos que podem ser utilizados pelo Fisioterapeuta durante a sessão de fisioterapia aquática, porém deve-se ter o cuidado para não usar em demasia. Existem os flutuantes, que são a grande maioria e possuem funções como assis- tência, sustentação, resistência, posicionamento do paciente, alongamento, equilíbrio estático ou dinâmico, propriocepção, coordenação, sensibilidade tátil, relaxamento, e tração articular; os não flutuantes ou de peso que possuem funções como estabilização, tração ou descompressão articular e obstáculos para marcha. O uso de diferentes artefatos oferece ludicidade e desafio no decorrer das sessões de fisioterapia aquática. Conforme evolução do paciente vai se mudando o tipo e a quantidade de flutuadores utilizados impondo outras dificuldades e/ou facilidades de acordo com cada paciente. ATENÇÃO! “NÃO É INDICADO UTILIZAR ARTEFATOS DE PESO PARA FORTALECIMENTO MUSCULAR NA ÁGUA, POIS COMO A DENSIDADE DO PESO É MUITO MAIOR QUE 1, ELE ANULA, NEUTRALIZA A AÇÃO DO EMPUXO, GRANDE DIFERENCIAL DO MEIO AQUÁTICO”. 14 4.1 Classificação de Artefatos: a) Martinez (2011) denomina materiais e/ou implementos e os classifica: Flutuadores ou materiais que exploram o empuxo (material flutuadores como plás- tico inflável, EVA, isopor. Ex. aquatubos, boias infláveis, halteres, barrões, etc); Resistores de área que exploram a turbulência / arrasto (materiais com pouca flu- tuabilidade (palmar de PVC, pé de pato, etc); Resistores ou implementos híbridos (apresentam duas características possuem flutuabilidade e também forma e área frontal para gerar turbulência, ex. artefato sorriso) Materiais de fundo de piscina que exploram a propriocepção e equilíbrio (oferecem estímulos exteroceptivos e instabilidade, ex. disco, pranchas, skates, cama elástica, tapete flutuador (Fonte: Capítulo 2 do livro Parreira e Baratella, 2011). b) Fuller (2000) classifica em equipamentos de segurança, acesso, flutuação, pesos, recreativos e de resistência baseado no arrasto. c) Koury (2000); Larsen (2001); Fuller (2000) classificam como móveis ou portáteis e fixos, além de mencionarem as órteses. d) Bates e Hanson (1998) classificam em equipamentos de segurança, terapêutico e de exercício. 4.2 Peso Hidrostático de alguns Artefatos Aquáticos A seguir (Tabela 1) estão as cargas correspondentes de alguns artefatos flutuantes. Tabela 1 – Peso Hidrostático de alguns Artefatos Aquáticos. Artefato Peso Hidrostático Halter Mini 750 gf Halter Médio 1.25 Kgf Halter Grande 1,9 Kgf Caneleira Pequena 500 gf Caneleira Média 1,2 Kgf Caneleira Grande 1,55 Kgf Sorriso Pequeno 900 gf Sorriso Médio 1,2 Kgf Sorriso Grande 1,55 Kgf Palmar tipo morcego 350 gf Aquatubo com furo 4,2 Kgf Aquatubo sem furo 4,6 Kgf Aquatubo encharcado 3,6 Kgf Prancha Pequena 1,5 Kgf Prancha Média 2,2 Kgf 15 Fonte: MARTINEZ, 2007. Em 2005 e 2011, foram publicados dois estudos de Martinez et al. intitulados “Determinação da carga de flutuantes de implementos flutuantes utilizados em hidroterapia e hidroginástica” e “Caracterização das Cargas de Flutuação de Implementos de Hidroginástica e Hidroterapia”, os quais apresentam a pesquisa a respeito dos artefatos aquáticos. Estão disponível em: <http://www.ufrgs.br/biomec/articles%202/11%20(XI)%20CBB/Ghiorzi%20-%20Carga%20 Flutu%20Implementos.pdf> e http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/3628. A seguir encontrarão o registro fotográfico e os nomes dos artefatos (flutuadores e de peso) que se encontram no Setor de Hidroterapia da UNISC. Ao apresentá-los a vocês, temos por objetivo a padronização da nomenclatura usada e que aprendam como devem ser utilizados. Lembramos que o uso dos artefatos otimiza e potencializa as ações da fisioterapia aquática, porém sem eles, também é possível se fazer um bom trabalho. “Nossas mãos são as melhores e mais valiosas ferramentas, nada substitui o toque”. Não se tem por objetivo listar as funções de cada artefato, pois cada acadêmico ou profissional utilizando sua criatividade pode inovar, criar e estabelecer novas funções. Responda rapidamente abaixo: Por que não se utiliza artefatos de peso para fortalecer na água? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Prancha Grande 3,1 Kgf Prancha Peixe 450 gf Boia de Braço inflável 2,75 Kgf Cinturão / Cinto Pélvico Grande 3,7 Kgf 16 4.3 RegistroFotográfico dos Artefatos Aquáticos do Setor de Hidroterapia da UNISC: ARTEFATOS DE POSICIONAMENTO Figura 5. Colete flutuador de E.V.A adulto Figura 6.Colete flutuador de E.V.A infantil Figura 7. Colete flutuador de isopor Figura 8. Colete flutuador inflável revestido por neoprene 17 Figura 9. Cinto pélvico ou cinturão de E.V.A Figura 10. Cinto para fixação de cola lombar Figura 11. Colar cervical inflável Figura 12. Colar cervical de neoprene com isopor Figura 13. Colete adaptado para posicionamento de tronco em ortostase 18 ARTEFATOS PARA MMSS Figura 14; 15 e 16. Halteres flutuadores triangular, circular e tipo morcego. Figura 17. Haltere tipo Barrão Figura 18. Aquapalm de PVC Figura 19. Aquapalm de EVA Figura 20. Flutuadores infláveis de braço ARTEFATOS PARA MMII Figuras 21. Prancha de propriocepção Figuras 22 a / b. Caneleiras flutuadoras 19 Figura 23. Caneleira Flutuadora Figura 24. Caneleiras de peso 1Kg ARTEFATOS EM GERAL Figura 25. Aquatubo ou espaguete Figura 26. Disco de propriocepção com água no interior Figura 27. Step de alumínio e E.V.A. Figura 28. Step de plástico 20 Figura 29. Sorriso ou Feliz Figuras 30 e 31. Bolas de propriocepção (30cm e 10cm). Figura 32. Cânulas de menor e maior calibre Figura 33. Active roll ou ‘’pepino’’ Figura 35. Prancha flutuadora média Figura 36. Boia circular inflável Figura 34. Bastão com e sem peso 21 Figura 37. Cama elástica aquática Figura 38, 39 e 40. Faixa elástica, tubbing elástico e puxador/pegador Mercur Fig.41 Tapetes flutuadores Fig. 42 Argolas flutuadoras Fig.43 Prancha flutuadora de diferentes formatos 22 Figura 44. Andador de PVC Observação: existem alguns outros artefatos no setor de hidroterapia e muitos outros no mercado de equipamentos para serem utilizados nas diferentes modalidades aquáticas, mas NÃO ESQUEÇA, “O NOSSO PRINCIPAL INSTRUMENTO DE TRABALHO NA FISIOTERA- PIA SÃO AS NOSSAS MÃOS, SOMOS POLVOS NA ÁGUA”. 5. PROPRIEDADES FÍSICAS (PF) DA ÁGUA O conhecimento e entendimento das propriedades físicas da água são fundamentais para o atendimento na fisioterapia aquática. Cada propriedade exerce influência sobre o corpo do ser humano imerso, podendo ser utilizada direta ou indiretamente no trabalho aquático por meio de efeitos causados pela hidrostática ou hidrodinâmica. Hidrostática _______________________ _______________________ _______________________ _______________________ _______________________ _______________________ Hidrodinâmica ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ 23 5.1 – Massa – é a quantidade de matéria que a substância compreende (Kg), é inalterada. 5.2 – Peso – é a força com a qual a substância (o corpo) é atraída no sentido do centro da Terra (gravidade), altera-se de acordo com a posição do corpo. A unidade é o Newton P = m.a 5.3 – Densidade: quantidade de massa ocupada por certo volume a determinada temperatura, é a relação entre a sua massa e o seu volume. A unidade é quilograma por metro cúbico (kg/m3) ou gramas por centímetro cúbico (g/cm3) . Materiais/Substâncias Densidade (G/CM3) Água Pura Água do Mar Ar Corpo Humano (adulto) Corpo Humano (bebê) Ferro Madeira Gelo Tecido adiposo Massa Magra 5. 4 – Densidade relativa ou Gravidade Específica (GE): relação entre a massa de um dado volume de substância e a massa do mesmo volume de água. GE = m densidade da substância m densidade da água A densidade relativa depende de fatores como: a) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ b) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ c) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ d = m (g) v (cm3) 24 d) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ e) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ f) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ g) ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 5.5 – Refração: é o deslocamento, ou alteração do vetor quando ele passa de um meio mais denso para um meio menos denso, ou vice-versa. Sofre interferência das propriedades específicas do material, particularmente a velocidade da luz no material e o ângulo de incidência do feixe luminoso. Figura 45. Refração 5.6 – Pressão Hidrostática: é definida como força por unidade de área. Definida pela força aplicada em uma determinada área. Unidade Newtons por metro quadrado (N/m2) também conhecida como Pa (Pascal), ou ainda como milímetros de mercúrio (mmHg). A pressão hidrostática está baseada na Lei de Pascal. 25 A pressão hidrostática aumenta com a profundidade e com a densidade do líquido. Ela aumenta 1 mmHg por 1,36 cm de profundidade. Um corpo imerso 122 cm está sujeito a uma pressão de 88,9 mmHg, levemente maior que a pressão sanguínea diastólica, por este motivo auxilia no retorno venoso, e também linfático. Sobre o sistema respiratório a PH fortalece a musculatura inspiratória e facilita a expiração. Exemplos e cuidado: a) Sistema circulatório ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ b) Sistema respiratório _______________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ A PH também exerce efeito sobre as articulações, promovendo a estabilização das mesmas. “Estabilização articular” 5. 7 – Tensão superficial: é a força existente entre as moléculas da superfície de um líquido. Na água é o resultado das ligações de hidrogênio da molécula de água. Oferece pequena resistência a músculos pequenos, se a área a ultrapassar esta pele for grande a resistência aumenta tanto do ar para a água como vice-versa. A resistência é proporcional à distância do corpo em relação à superfície da água e ao tamanho da área de contato. Ex. saltos ornamentais. “Pele elástica” “Lembrar do mosquito sobre a água!” “ “_____________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ____________________________________________________”. P = F (N) A (m2) 26 Figura 46 – Tensão Superficial http://brasilescola.uol.com.br/quimica/tensao-superficial-agua.htm FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Tensão Superficial da Água"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/tensao-superficial-agua.htm>. Acesso em 01 de agosto de 2016. 5. 8 – Flutuação: é a força que atua em sentido oposto a força de gravidade (Empuxo). O centro de gravidade no solo está no nível de S2 e na água no nível de pulmões. A flutuação baseia-se no Princípio de Arquimedes: Figura 47. Força do empuxo versus força de gravidade. “ “_______________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ _______________________________________________________________”. 27 Figura 48 – A. Equilíbrio estável; B. Equilíbrio instável – forças rotacionais. O que é metacentro? ______________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Nosso centro de gravidade corporal está: Durante a imersão, o empuxo pode através de sua força que age de baixo para cima: Figura. 49. Ação do empuxo sobre o movimento. Na água meio do tórax / pulmões. No solo 2ª vértebra lom- bar. 28 AÇÕES DO EMPUXO A. Facilitar = Assistir ______________________________________________________ ________________________________________________________________________ O empuxo pode realizar movimentos passivos durante a imersão quando paciente relaxa. B. Resistir _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________ C.Sustentar / Apoiar ____________________________________________________ ________________________________________________________________________ É importantíssimo o controle respiratório, esta propriedade proporciona o alívio do peso corporal (gera descompressão articular, ou seja, reduz a pressão sobre a superfície articular beneficiando todas as pessoas que apresentam desgastes articulares, por exemplo). % de alívio do peso corporal (pela ação do empuxo): AO LADO DA FIGURA COLOQUE AS % E REGIÕES CORPORAIS. Figura 50. Porcentagens de alívio de peso corporal na imersão. ATENÇÃO A PRÓXIMA PROPRIEDADE É HIDRODINÂMICA 5. 9 - Viscosidade: é a magnitude do atrito interno/fricção do líquido, é o atrito entre as moléculas de um líquido. Causa resistência ao fluxo do líquido, isto é observado quando o líquido está em movimento, ou seja, é a resistência que um fluido oferece na realização de um movimento. A viscosidade é expressa como um coeficiente de viscosidade, designado pela letra grega eta (ŋ). 29 Substância T (ºC) Coeficiente de viscosidade (ŋ) x10-3 Água Sangue total Plasma sanguíneo Glicerina Vapor d’água 0 37 37 20 100 1,8 4 1,5 1500 0,013 Figura 51 – Coeficientes de viscosidade. Atenção: Quanto maior a T da água (ou outro fluído) menor será a viscosidade e com isso menor a resistência. Ex. azeite frio e quente. Segundo o Teorema de Reynolds, existe o fluxo laminar e o fluxo turbulento, os quais estão também relacionados com a velocidade do movimento. Velocidade Fluxo laminar movimento regular R = V Velocidade Fluxo turbulento movimento irregular (redemoinhos) R= V2 A viscosidade da água pode produzir uma consciência sensorial corporal aumentada devido a estimulação constante dos mecanorreceptores. A resistência imposta pela pressão hidrostática e viscosidade pode aumentar a estimulação do fuso neuromuscular, o que aumentará a propriocepção do segmento que está sendo deslocado e favorecerá a formação de inputs sensoriais necessários para a formatação adequada do esquema corporal. Deste modo ocorre promoção de novas estratégias sensório-motoras para a efetividade do equilíbrio. 5.10 - Turbulência Teorema de Bernoulli – é a relação entre a pressão e a velocidade de um fluído ao longo de uma linha aerodinâmica. Após um movimento irregular e rápido formam-se redemoinhos que é a turbulência. Facilita ou dificulta os movimentos depende do local que o objeto/corpo se encontra. O grau de turbulência dependerá da velocidade do movimento realizado e da forma do corpo: 30 QUANTO MAIS VIGOROSO O MOVIMENTO + resistência Exige + instabilidade + equilíbrio e coordenação “A turbulência oferece estímulos exteroceptivos para a face localizada posteriormen- te ao deslocamento realizado. É possível que estes estímulos de suave pressão estimulem uma percepção mais rica de sentido, velocidade, aceleração, amplitude e magnitude de força aplicada durante um gesto. Dessa forma pode-se inferir que a percepção cinestésica seja favorecida pelos estímulos adicionais presentes nos movimentos que provocam fluxo turbulento” (MARTINEZ, 2011 – Cap. 2 do PARREIRA E BARATELLA, 2011). “Efeito esteira” age facilitando o movimento, onde se gera uma diferença de pressão sendo na frente positiva (>) e atrás do objeto/corpo em movimento sendo negativa (<). Ex. Reeducação precoce da marcha. Figura 52. Efeito Esteira A viscosidade pode então: Facilitar - ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Sustentar -__________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Resistir -___________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Exemplo - treino progressivo de marcha ________________________________________ “Lembrar dos patinhos atrás da mamãe pata na lagoa”. 31 ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ⇛ A viscosidade da águaaumenta o tempo de reação das respostas de equilíbrio e retificação corporal e, é a propriedade que mais oferece resistência nos programas de fortalecimento muscular aquáticos, além de promover estabilidade articular e minimização de movimentos involuntários. ⇛ A quantidade de resistência oferecida pela viscosidade é influenciada pela: - Posição do paciente ou do membro trabalhado (área corporal); - Velocidade do movimento; - Uso ou não de artefatos (tamanho e formato); - Alavancas e - Presença ou não de turbulência. 5.11 – Forças Coesivas ou de Coesão e Adesivas ou de Adesão Coesão: força de atração entre moléculas vizinhas do mesmo tipo de matéria. Adesão: força de atração entre moléculas vizinhas de diferentes tipos de materiais. Estas forças oferecem intenso estímulo tátil. Conforme já comentado a presença da viscosida- de/turbulência aumenta os estímulos exteroceptivos (estímulos táteis). Quanto maior a turbulência, maiores serão os estímulos. Ex. turbilhão ligado e desligado. * Exemplos: ________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Vamos resolver estes casos! Caso 1 – R.F. 22 anos de idade, sexo masculino, estudante, sobrepeso, sofreu queda em calçada escorregadia e em mau estado de conservação em espaço público sofrendo entorse de tornozelo direito. Logo após todo o tornozelo edemaciou de modo importante, refere dor intensa EVA 8, não consegue apoiar o pé no chão. Foi levado por amigos ao PA da cidade onde administraram medicação para a dor e orientaram crioterapia e após redução do edema retornasse ao PA para colocação de tala. Faz repouso por 3 dias e após procura a clínica fisiounisc, pois a dor não está diminuindo se fica sem a medicação. Chega na avaliação 32 fisioterápica usando muletas axilares bilateralmente, edema moderado no tornozelo D, dor EVA 8, refere sentir o tornozelo “frouxo” e alteração de sensibilidade tátil, principalmente na planta do pé D. Fará fisioterapia aquática e em solo. Quais serão os cuidados a serem tomados desde o momento da avaliação fisiotera- pêutica e quais serão os objetivos fisioterapêuticos neste caso? Faça relação com a ação das propriedades físicas da água. Caso 2 – V.N. mulher com 60 anos de idade com história pregressa de retirada de Ca de pulmão há dois anos, refere dificuldade respiratória permanente (foi fumante de longa data, parou há dois anos), em momento como caminhadas a dificuldade e o cansaço se exacerbam. Apresenta hipertensão arterial sistêmica (HAS) com controle medicamentoso. Foi encaminhada para a fisioterapia e após a avaliação fisioterapêutica constatou-se: padrão respiratório apical, dispneia, tosse seca irritativa, refere dor na CC e trapézios assim como fraqueza nas pernas. Informa que já realizou fisioterapia aquática e se sente bem no meio líquido. Quais serão os cuidados a serem tomados desde o momento da avaliação fisioterapêutica e quais serão os objetivos fisioterapêuticos neste caso? Faça relação com a ação das propriedades físicas da água. Resolução dos Casos. Caso 1. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 33 __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Caso 2____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ LEITURAS PARA COMPLEMENTAÇÃO DO CONTEÚDO 1. SACCHELLI, T.; ACCACIO, M. P.; RADL, A. L. M. Fisioterapia Aquática. Barueri: Editora Manole. 2007. Leitura do Capítulo 1. 2. ROBERTO, A. Evangelista. Reabilitação acelerada: mitos e verdades: fisioterapia aplicada ao esporte, traumatologia e ortopedia. São Paulo: Phorte, 2011. 398 p. Leitura da Seção 6. 3. SKINNER, A.;THOMSON, A.M. Duffield: Exercícios na Água. São Paulo: Ed. Manole, 1985. Leitura do Capítulo 1. 4. KOPCZYNSKI, M. C. (Coord.). Fisioterapia em neurologia. 1. ed. Barueri: Manole, 2012. 588 p. (Manuais de especialização; 3) Leitura do Capítulo 27. 5. Artigos - CANDELORO, J.M.; CAROMANO, F. A. Discussão crítica sobre o uso da água como facilitação, resistência ou suporte na hidrocinesioterapia. ACTA FISIATR 2006; 13(1): 7-11. - COSTA, D.P.M.; LUCENA, L.C. VELOSOS, L.S.G. Aplicabilidade terapêutica dos princípios físicos da água. Centro de Ciências da Saúde/Departamento de Fisioterapia/MONITORIA UFPB-PRG / XI Encontro de Iniciação à Docência. 2008. 34 RESUMÃO PRINCIPAIS “PF” DA ÁGUA PROPRIEDADES FISICAS DA ÁGUA Pressão Hidrostática: Aumenta o retorno veno- so e linfático, reduz edema, fortalece mm inspiratórios, promove estabilidade articular e estimula fuso neuromus- cular. Empuxo / Flutuação: Promove descompressão articular e aumenta a ADM articular, fortalece nos mo- vimentos contra o empuxo, gera instabilidade corporal. Viscosidade: Oferece resistência aos movi- mentos fortalecendo, aumenta o tempo de resposta das rea- ções de equilíbrio e retificação, promove maior estabilidade articular, reduz movimentos involuntários, melhora consci- ência sensorial pelo estímulo de mecanorreceptores e fuso neuromuscular Turbulência Oferece estímulo extero- ceptivo (tátil), oferece resistência e desestabili- zação ao movimento es- timulando treino de equi- líbrio e coordenação mo- tora. 35 6. Benefícios, efeitos e Precauções da Fisioterapia Aquática 6.1 Efeitos A imersão em água aquecida promove uma série de benefícios, mesmo em repouso, tanto para o paciente como para o fisioterapeuta, benefícios diretos e indiretos, os quaispermitem prevenirmos outros problemas / disfunções. 6.1.1 Efeitos preventivos associados a imersão (Acadêmico responsável deve registrar os exemplos mencionados nas aulas e investigar outros apresentando aos colegas). __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 6.1.2 Efeitos Terapêuticos a. Trabalho mio-articular global; b. Redução da dor muscular e articular; c. Redução do tônus muscular (neuro); d. Redução do espasmo muscular, espasmo de proteção e relaxamento; e. Redução de edema com melhora da circulação sangüínea e linfática; f. Aumento de ADM articular e flexibilidade muscular; g. Melhora progressiva da força muscular; h. Alívio de peso corporal descompressão articular menor desgaste articular ; alívio da pressão sobre proeminências ósseas; Esta redução de peso pode facilitar a manipulação de obesos e plégicos ou dificultar pela falta de fixação; i. Melhora das reações de equilíbrio e retificação corporal; j. Melhora da coordenação motora e do controle postural; k. Aumento do estímulo sensorial (tátil, visual, vestibular e proprioceptivo); l. Aumento da capacidade respiratória e cardiovascular; m. Relaxamento dos órgãos de sustentação (coluna vertebral) 36 n. Melhora das trocas gasosas propiciando condicionamento cardiopulmonar e treinamento dos músculos respiratórios; o. Melhoria da orientação espaço-temporal. p. Melhora das trocas teciduais pelo de metabolismo auxiliando no retorno venoso; q. Melhor condição da pele pela vasodilatação periférica; r. Reeducação precoce da marcha; s. Melhora da interação social / socialização; 6.2 Precauções Gerais para a realização da Fisioterapia Aquática * Quedas e imersões inesperadas; * Não suspender a Fisioterapia de solo; * Vestuários adequados e higiene pessoal; * Respeito à condição física e psicológica do paciente; * Adaptação das instalações às necessidades (infraestrutura); * Observar a temperatura e cloração da água (PH = 7,2 a 7,6 ); * Solicitar hidratação durante e, especialmente, após a sessão, devido a perda hídrica; * Uso de diuréticos (soma do efeito diurético da imersão com medicação); * Orientar um tempo na sala de espera após sessão evitar a troca brusca de temperatura; * Cuidado com lesões e queimaduras devido distúrbio sensitivo, especialmente em membros inferiores (AVC, TCE, TRM, diabetes, etc...) * Cuidado com quadros agudos devido excesso de mobilização; * Em casos de pacientes com traqueostomia, observar o não contato do orifício da traqueostomia com a superfície da água. 7. DIVERSIDADES DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA Este item abordará diversos temas da fisioterapia aquática, entre eles variáveis a considerar num movimento quando imerso, indicações e contraindicações. 7.1 - Variáveis a serem consideradas durante o movimento na água Obs.: O acadêmico responsável por este item deve investigar os porquês de cada variável. 7.1.1. Propriedades físicas da água: 7.1.2. Força gravitacional (nível de imersão); 7.1.3. Velocidade e aceleração do movimento; 7.1.4. Área - superfície do segmento deslocado (corpo e artefatos); 7.1.5. Princípios das alavancas - ângulos de movimento; 37 7.1.6. Artefatos que podem ser utilizados para resistência, facilitações ou posicionamentos; 7.1.7. Temperatura da água; 7.1.8. Dinâmica muscular e articular; 7.1.9. Cinestesia aquática (sensibilidade); 7.1.10. Atividade via reflexa; 7.1.11. Relaxamento e tensão muscular (tônus); 7.1.12. Tipo de atividade proposta na sessão. 7.1.13 Nível de adaptação ao meio líquido. Quais os porquês destas variáveis interferirem no movimento na água? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 7.2 - Indicações da Fisioterapia Aquática As indicações da hidroterapia são diversas, elas podem ser divididas indicações relacionadas a patologias, subdivididas em áreas e por sinais e sintomas, pois muitos pacientes chegam até a fisioterapia sem ter um diagnóstico clínico definido e sim, muitas vezes, com uma hipótese de diagnóstico e precisamos iniciar o tratamento. 7.2.1 - Quanto às patologias Obs.: O acadêmico responsável deve escolher duas patologias de cada área e justificar porque a fisioterapia aquática está indicada. Neurológicas: Paralisia Cerebral (PC), Parkinson, Alzheimer, sequelas de Acidente Vascular Encefálico (AVE), Traumatismo Raquimedular (TRM), poliomielite, polineuropatias, Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), tumores do Sistema Nervoso Central (SNC), doenças degenerativas do SN, distrofias musculares, lesões periféricas de nervos, síndromes neurológicas (Down, Guillain Barré) e pós-operatórios em geral. 38 __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Ortopédicas e Traumatológicas: fraturas consolidadas ou em fase de consolidação, alterações posturais, pós-lesões traumáticas como entorses, luxações, subluxações, pós- operatórios ósseos e articulares, discopatias degenerativas, hérnias discais, etc.. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Reumáticas: AR, febre reumática, espondilite anquilosante, osteoartrites ou artroses, tendinites, bursites, capsulites, miosites, polimialgias, fibromialgia, síndrome miofascial, etc.. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Respiratórias: asma brônquica, bronquite crônica, enfisema pulmonar, fibrose cística, DPOC, sequelas de infecções respiratórias, pós-operatórios, etc.. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Ginecologia e Obstetrícia: pré e pós parto, dismenorréias, pré e pós cirurgias de mama e, outras. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Cardíacas: hipertensos, alterações valvulares, ICC estável e tratado, etc... Endócrinas: sequelas da obesidade, alterações da tireóide, etc... Psíquicas/Mentais: depressão, neuroses, autismo, deficiências mentais em geral. __________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 7.2. 2 - Quanto a sinais e sintomas Dor / Algia; Edema; 39 Desvios da marcha; Amplitude de movimento - ADM articular diminuída; Fraqueza muscular; Falta de resistência muscular; Incoordenação motora e falta de equilíbrio; Resistência cardiovascular diminuída; Déficit de sensibilidade (todas); Contraturas e encurtamentos; Deficiência na propriocepção; Atividades de vida diárias comprometidas e Falta de interação social. Comentário sobre o ciclo da dor durante a imersão Bates e Hanson, 1998. Trauma físico “Overuse” Tensão muscular Imobilização Doença Cirurgia Movimento prejudicado Disfunção muscular e/ou arti- cular Reduz o medo de movimentar a articulação Reduz a sensação de dor Reduz o espasmo Aumenta a circulação Imersão em água aquecida 40 Comentário sobre amplitude de movimento Passivo Ativo Ativo-assistido Força Contração Músculo e força externa muscular externa Bates e Hanson, 1998. 7.3 Contraindicações da Fisioterapia Aquática É imprescindível que o fisioterapeuta domine as contraindicações da fisioterapia aquática/hidroterapia, pois, se não submeter o paciente a uma criteriosa avaliação fisioterapêutica para investigar possíveis contraindicações haverá o risco de prejudicar este paciente. A imersão provoca aumento do gasto energético e perda hídrica e de eletrólitos, dentre vários outros efeitos. A fisioterapia aquática é uma especialidade fantástica, porém, como qualquer outra especialidade ou recurso da fisioterapia possui situações em que seu uso está contraindica- do. Existem as contraindicações absolutas e as relativas e é muito importante saber o porquê das contraindicações para realmente poder avaliar se o paciente pode ou não fazer uso desta terapêutica naquele momento. Citamos algumas variáveis que podem definir a inclusão ou exclusão do paciente para a hidroterapia, são eles: temperatura da água, intensidade do exercício, idade, experiência anterior em ambiente aquático e duração da sessão. “Por favor, anote os porquês das contraindicações abaixo.” Obs. Acadêmicos responsáveis procurar os porquês. 7.3.1 - Contraindicações Absolutas Febre acima de 37,5ºC (SKINNER E THOMSON, 1985) 38ºC (SACCHELLI, ACCACIO E RADL, 2007). __________________________________________________________________________ Mão do fisioterapeuta; Mão do paciente; Efeito esteira; Turbulência; Força da flutuação /empuxo. 41 Infecções e inflamações agudas __________________________________________________________________________ Úlceras de pressão; __________________________________________________________________________ Fase aguda de trombose venosa profunda; __________________________________________________________________________ Doenças contagiosas que estejam com lesão aberta; __________________________________________________________________________ Insuficiência cardíaca descompensada; __________________________________________________________________________ Insuficiência renal severa; embolia pulmonar recente: __________________________________________________________________________ Pressão arterial alterada sem controle medicamentoso; __________________________________________________________________________ Epilepsia não controlada; __________________________________________________________________________ Alergia as substâncias químicas usadas na água; _________________________________________________________________________ Capacidade vital muito reduzida; __________________________________________________________________________ Pânico da água; __________________________________________________________________________ Fratura na base do crânio __________________________________________________________________________ AVE recente __________________________________________________________________________ Tímpano perfurado _________________________________________________________________________ Incontinência fecal __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 7.3.2 - Contraindicações Relativas Incontinência fecal e urinária; __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 42 Epilepsia bem controlada; _________________________________________________________________________ Hipertensão ou Hipotensão; _________________________________________________________________________ Lesão aberta (condição e extensão); __________________________________________________________________________ Hemofilia, HIV; __________________________________________________________________________ Diabetes; __________________________________________________________________________ Enfarto do miocárdio e angina instável; __________________________________________________________________________ Tratamento radioterápico ou com esteróides em andamento ou recente; __________________________________________________________________________ Ausência do reflexo da tosse, traqueostomia; __________________________________________________________________________ Paciente com severa diminuição da habilidade de regular a temperatura corpórea; __________________________________________________________________________ Esclerose múltipla (excesso de calor/fadiga); __________________________________________________________________________ Soro intravenoso; Colostomia, iliostomia; __________________________________________________________________________ Aparelho de Ilisarov; __________________________________________________________________________ Medicamentos diuréticos; __________________________________________________________________________ Alterações tireoidianas muito importantes; __________________________________________________________________________ LEITURAS COMPLEMENTARES PARREIRA, Patrícia; BARATELLA, Thais Verri. Fisioterapia Aquática. 1. ed. Barueri: Manole, 2011. 317 p. (CAPÍTULOS 7 ao 11); SACCHELLI, Tatiana; ACCACIO, Letícia Maria Pires; RADL, André Luis Maierá. Fisioterapia Aquática. Barueri: Manole, 2007. 350 p. (CAPÍTULO 6, 10 ao 15); 43 SILVA, Juliana Borges da; BRANCO, Fábio Rodrigues. Fisioterapia Aquática Funcional. São Paulo: Artes Médicas, 2011. 392 p. (CAPÍTULOS 4, 6, 8, 11, 15, 17, 19). WIBELINGER, Lia Mara. Fisioterapia em Reumatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2009. p.358 (CAP. 4 ao 14). 8. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA IMERSÃO Abreviações RVP: resistência vascular periférica PA: pressão arterial PH: pressão hidrostática RV: retorno venoso FC: frequência cardíaca A água é um meio muito diferente do ar. Ao ser inserido neste novo meio o organis- mo é submetido a diferentes forças físicas e em consequência realiza uma série de adaptações fisiológicas. 8.1 SISTEMA CIRCULATÓRIO Na PA: Vários autores endossam a ideia de que nos primeirosinstantes da imersão em água ocorre uma vasoconstrição periférica devido a pressão hidrostática, densidade e viscosidade, aumentando a RVP e ocorrendo por isso, um leve aumento da PA. Porém, logo que corpo começa a absorver calor, ocorre vasodilatação das arteríolas e queda da PA. Há aumento da pressão intratorácica, na pressão venosa central, na pressão arterial pulmonar. No RV: Como vários autores demonstraram, imediatamente após a imersão, em consequên- cia da ação da PH, 700 ml de sangue são deslocados dos membros inferiores para os vasos OUTRA AULA FUNDAMENTAL, VAMOS EM FRENTE TURMINHA! 44 do tronco, tórax e coração, causando aumento no retorno venoso (o sistema venoso é muito sensível às alterações externas de pressão. A pressão venosa começa a aumentar com a imersão até o processo xifoide e aumenta até que o corpo esteja completamente submerso. No volume sanguíneo: Ocorre um aumento do volume sanguíneo central em 60% sendo que, um terço desse volume é apanhado pelo coração e o restante pelos grandes vasos dos pulmões. O volume cardíaco aumenta de 27 a 30% com a imersão até o pescoço, porém o coração não é um receptáculo estático. O aumento da força de contração é a resposta cardíaca sadia ao aumento do volume (distensão). À medida que o coração se distende produz uma melhor relação entre os filamentos de actina e miosina, favorecendo a eficiência do miocárdio, ou seja, segundo a Lei de Starling, o aumento do volume sanguíneo cardíaco leva a contrações mais intensas do miocárdio e, consequentemente, ao aumento do volume sistólico e não aumento da frequência cardíaca, com consequente aumento do débito cardíaco. Frequência Cardíaca: Uma grande variedade de autores considera que há diminuição da FC (bradicardia) quando comparado a mesma atividade em solo. O débito cardíaco (VS X FC), aumenta de 30 a 32% associados a uma diminuição de aproximadamente 10 bpm ou de 4 a 5% na FC em relação a posição bípede no solo. Existem inúmeras teorias que explicam por que a FC é mais baixa no meio líquido: reflexo de mergulho (resultante da interação de fatores mecânicos e neurais: bradicardia, vasoconstrição periférica e desvio de sangue para os órgãos vitais), dissipação do calor, etc. Contudo, a FC tende a aumentar com a elevação da temperatura e como resultado da intensidade do exercício. COMPLETEM O ESQUEMA A SEGUIR, DEPOIS A PROFE EXPLICA! 45 Fonte: BECKER E COLE, 2000 pg. 35; RAMOS, ACCACIO, AMBRÓSIO, 2007 pg.17 8. 2 SISTEMA PULMONAR / RESPIRATÓRIO O sistema pulmonar é profundamente afetado pela imersão do corpo no nível do tórax, devido principalmente à compressão sofrida pela pressão hidrostática. Esse efeito se deve a dois aspectos: - À concentração do sangue na cavidade torácica (aumento do volume central); - À compressão da parede torácica e abdome pela água. O centro diafragmático desloca-se cranialmente, a pressão intratorácica e a pressão transmural nos grandes vasos aumentam. Essas alterações, causadas pela PH na parede 46 torácica e pelo deslocamento do sangue para a cavidade torácica aumentam o trabalho respiratório em 65%. Devido ao aumento do volume sanguíneo no tórax e às forças hidrostáticas que estão agindo em oposição à musculatura respiratória, durante a imersão, a pressão na caixa torácica diminui a circunferência da mesma em aproximadamente 10%. Como os leitos pulmonares tornam-se mais distendidos devido ao volume sanguíneo, a capacidade de difusão é levemente reduzida durante a imersão até a CC, o que ocorre também com a concentração de oxigênio no sangue (pressão parcial de oxigênio). A capacidade vital: quantidade máxima de ar que pode ser inspirada e depois expirada. Compõe-se do VRE (volume de reserva expiratório) + VRI (volume de reserva inspiratório) + VC (volume corrente). A capacidade vital sofre uma redução em torno de 6,0%. IMERSÃO COM A CABEÇA PARA FORA DA ÁGUA Trabalho Respiratório 60% - 65 % Fonte: BECKER E COLE, 2000 pg. 38; RAMOS, ACCACIO, AMBRÓSIO, 2007 pg.19 . 8. 3- SISTEMA RENAL A imersão aquática tem muitos efeitos no fluxo sanguíneo renal, sistemas reguladores renais e nos sistemas endócrinos. De um modo geral pode-se dizer que a expansão volumétrica central (no coração) causa aumento da eliminação urinária a qual é 47 acompanhada por uma significante excreção de sódio e potássio, que começa imediatamente após a imersão. O papel da diurese na imersão é explicado como um forte mecanismo compensador homeostático para contrabalançar a distensão sofrida pelos receptores pressóricos cardíacos. A distensão atrial esquerda provoca uma resposta vagal que diminui a atividade simpática renal. A redução dessa atividade aumenta o transporte de sódio nos túbulos aumentando sua excreção, a qual é acompanhada por água livre - esse fato é responsável pela maior parte do efeito diurético da imersão. A distensão atrial provoca um aumento na liberação do fator atrial natriurético o qual facilita a excreção de sódio e a diurese. Ainda em decorrência disso a resistência renal vascular diminui em cerca de 1/3. Por outro lado, a função renal é altamente regulada pelos hormônios renina, aldosterona e pelo hormônio antidiurético (ADH). Ocorre redução da velocidade de absorção de água pelos rins em razão da inibição de liberação do hormônio antidiurético devido aos 700 ml redistribuídos. Todos esses hormônios são grandemente afetados pela imersão: - a aldosterona controla a reabsorção de sódio nos túbulos renais distais e justifica a maior parte da perda de sódio durante a imersão; - a liberação do ADH é suprimida com a imersão de 50% para mais; - a renina estimula a angiotensina que por sua vez estimula a liberação de aldosterona; Fonte: BECKER E COLE, 2000 pg.43 A resposta renal à imersão inclui o débito urinário aumentado (diurese) com perda de sódio, potássio e supressão de angiotensina, renina e aldosterona
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