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AULA 4 GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES EM PROJETOS Prof. Angelo Tadini 2 CONVERSA INICIAL Após estruturar um plano de aquisições para o projeto, o próximo passo é iniciar a condução das aquisições, ou seja, observar se as ferramentas criadas durante a fase de planejamento são boas o bastante para propiciar um contrato efetivo, com o menor número de conflitos com o fornecedor. Nesse contexto, vamos demonstrar nesta aula as principais atividades para se executar a gestão das aquisições do projeto, por meio do conhecimento dos tipos de fornecedores e também dos tipos de contratos, tanto para aqueles projetos que estão relacionados com as normas internacionais, quanto para aqueles que estão atrelados a leis brasileiras. O conhecimento do escopo do projeto, em conjunto com as informações a respeito do fornecedor, tendo ciência do tipo de contrato que melhor beneficia essa, parceria são a tríade contra os conflitos normalmente gerados na relação entre vendedor e comprador. Mas quando a condução das aquisições do projeto não consegue produzir um contrato efetivo, é importante conhecer as formas de administrar os conflitos com base nesses instrumentos contratuais, bem como as suas características e os procedimentos normalmente adotados. Por fim, esta aula busca tratar das ferramentas e técnicas de condução das compras do projeto, com destaque para as técnicas de avaliação de propostas. Também vamos abordar as saídas da execução das aquisições do projeto, com destaque para a escolha dos fornecedores, bem como os acordos e as atualizações necessárias depois da conclusão desse importante processo. CONTEXTUALIZANDO Durante a fase de execução do projeto, a palavra-chave é desempenho, ou seja, o gerente do projeto precisará observar se ele está sendo executado conforme o planejado. As informações sobre o desempenho do trabalho, a situação atual de finalização das entregas e o que já foi alcançado são coletadas como parte da execução do projeto, e são alimentadas no processo de relatório de desempenho. As informações sobre o desempenho do trabalho serão utilizadas também como entrada no grupo de monitoramento e controle, uma vez que, para aferir a performance do projeto, serão utilizadas métricas e linhas de base. 3 Invariavelmente, o gerente precisará utilizar essas métricas para propiciar ajustes no projeto, propiciando a melhoria do seu desempenho com vistas ao que foi planejado. TEMA 1 – A EXECUÇÃO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO A fase de execução de um projeto deve coordenar e promover a integração de recursos do projeto com o objetivo de alcançar os resultados previstos. Corresponde à implementação do planejamento, ocorrendo simultaneamente com o grupo de processos de monitoramento e controle (PMI, 2013). Ainda segundo o Instituto, nesta fase, para realizar os objetivos do projeto, as atividades deverão ser executadas, as entregas (deliverables) do projeto precisarão ser elaboradas e finalizadas, todo o trabalho de formação e treinamento dos membros da equipe do projeto deverá acontecer, os pagamentos serão realizados pelo cliente, e as principais tomadas de decisão também ocorrer. Uma vez que é na execução do projeto que são utilizadas as métricas, é nesta fase que há a busca por criar padrões nos processos. Essa padronização não apenas vai surgir como um atalho para as ações futuras do presente projeto, mas também aparecerá como um ensinamento para projetos futuros. Por isso, é importante coletar e documentar lições aprendidas e implementar atividades de melhorias nos processos aprovados. (PMI, 2013) É durante a fase de execução que são obtidos, gerenciados e utilizados os recursos (materiais, físicos e financeiros) descritos e orçados (contratados) na fase de planejamento do projeto. Nesta fase, os riscos mapeados durante a etapa de planejamento vão se mostrar verdadeiros ou não, e os planos de resposta deverão ser eficazes. Nesse contexto é importante estabelecer e gerenciar os canais de comunicação do projeto, seja com os stakeholders externos, seja com a equipe interna. Por fim, é nesta etapa que os dados do projeto são gerados, como custos, andamento do cronograma e conclusão do escopo. Caso haja alguma modificação, as solicitações de mudanças deverão ser emitidas e, se aprovadas, deverão ser incorporadas no projeto. Em consonância, quando falamos de execução no gerenciamento das aquisições do projeto, o processo em questão é o de conduzir as contratações (Figura 1). “Este é o processo de obtenção de respostas de fornecedores, seleção de um fornecedor e adjudicação de um contrato”. Este processo deve promover 4 “o alinhamento das expectativas internas e externas das partes interessadas através de acordos estabelecidos” (PMI, 2013, p.371). Figura 1 – Conduzir as Aquisições do Projeto Fonte: Elaborado com base em PMI, 2013. Uma vez preparadas durante a fase de planejamento, é aqui que a solicitação de propostas – SDP, será divulgada e distribuída para os potenciais fornecedores. Conforme observa Xavier et al (2010), várias formas de alcançar os melhores fornecedores podem ser executadas pela equipe do projeto, tais como: telefonemas, e-mails, publicações, cartas-convite etc. Por outro lado, é também durante esta fase que a equipe do projeto receberá contatos dos fornecedores para vender suas propostas. Nesse contexto, será preciso aplicar os critérios de seleção definidos no planejamento para eleger um ou mais fornecedores qualificados para realizar o trabalho (PMI, 2013, p. 372). Nos itens de aquisições mais importantes, o processo geral de solicitação de respostas dos fornecedores e de avaliação dessas respostas pode ser repetido. É possível gerar uma lista resumida de fornecedores qualificados com base em uma proposta preliminar. Uma avaliação mais detalhada poderá então ser realizada de acordo com um documento de requisitos mais específicos e abrangentes, solicitado aos fornecedores da lista resumida. Além disso, as 5 ferramentas e técnicas aqui descritas podem ser usadas sozinhas ou em combinação para selecionar os fornecedores. Segundo Xavier et al. (2010), podemos classificar os fornecedores como: exclusivos, habituais e especiais. Os primeiros são aqueles que de certa forma monopolizam determinado mercado em uma região e/ou país, e por isso o processo de negociação normalmente é complicado, ao menos que o contingente de produtos solicitados seja grande. Os fornecedores habituais são aqueles mais tradicionais, que sempre são solicitados para estimar preços, possuem produtos padronizados e oferecem um melhor atendimento (negociação). Por fim, há os fornecedores especiais, que serão eventualmente consultados, e que normalmente possuem algum produto/serviço que os fornecedores habituais não têm. TEMA 2 – PRIORIDADES E RESPONSABILIDADES POR MEIO DO INSTRUMENTO CONTRATUAL Para o bem e para o mal, já faz algum tempo que a condução das aquisições com fornecedores, independentemente da sua classificação, não é mais como antigamente, feita no “fio do bigode”, ou seja, apenas em um acordo palavrado entre as partes. Para que a gestão das aquisições possa ser efetiva, é importante estabelecer um acordo escrito e legal com os fornecedores. O instrumento contratual, ou simplesmente contrato, é um documento legal, previsto no Código Civil Brasileiro – CCB (Brasil, 2002), que apresenta uma série de condicionantes, regulando o acordo entre as partes. Uma vez que no nosso país os negócios estão atrelados não só à vontade das partes, eles devem observar previsão legal para que o conteúdo não seja consideradonulo ou anulável. Importante destacar esses aspectos, já que a elaboração do contrato para consolidar interesses mútuos (fornecedor/cliente) é pautada na observância desses preceitos, uma vez que o afastamento das partes pode deflagrar a sensação de que a sua assinatura foi decorrente de pressupostos legais relacionados com má-fé contratual e coação de direito (Xavier et al., 2010, p. 81) A concepção do contrato requer conhecimento a respeito das responsabilidades e prioridades tanto do cliente quanto do fornecedor, bem como a respeito de questões técnicas, financeiras e legais. Há o risco, caso essas 6 questões não sejam consideradas, de se ter um contrato incompleto, viciado ou nulo. Segundo o INPI (2010), o não-cumprimento total ou parcial das condicionantes contratuais pode gerar prejuízos às partes, o que pode trazer como implicação a necessidade do emprego de penalidades ao fornecedor e ao cliente, se for o caso, bem como mudanças no âmbito da responsabilidade. Em última instância, pode haver a necessidade de rescisão (não amigável) do contrato. Nessa perspectiva, “o acompanhamento e a fiscalização eficiente e eficaz do contrato são instrumentos imprescindíveis” (INPI, 2010, p. 4) ao gerente do projeto ou gestor do contrato na defesa da organização proponente (e do próprio projeto). Isso não significa que o gerente do projeto é o responsável pela elaboração do instrumento contratual. Conforme ressalta Xavier et al. (2010), por envolver condições legais, administrativas, técnicas e conceituais, bem como pela constituição de linguagem técnica, comercial e legal acautelada, o contrato deve ser preparado por um especialista (não fundamentalmente um advogado). Torna- se ainda necessário, para se poder demarcar o fornecimento de produtos/serviços e controlar a sua execução, que o responsável pela preparação do contrato tenha bom conhecimento do projeto em que está inserida a aquisição em questão. Esse especialista deve elaborá-lo em parceira com o gestor do projeto, a partir de informações construídas pelas áreas técnicas envolvidas. Ainda de acordo com o autor supracitado, pelo fato de o contrato se traduzir em uma manifestação formal, torna-se nulo e de nenhum efeito jurídico o contrato verbal (“fio do bigode”). O PMI (2013) traz três formas genéricas de contratos: preço fixo, custos reembolsáveis e tempo e materiais. Dentro dessas três formas, há diversos tipos de contrato, que podem ser combinados para uma única aquisição. Quadro 1 – Formas, tipos e descrições de contratos Formas Tipos Descrição Contrato de Preço Fixo (Fixed-Price Contract): Contrato de Preço Fixo Garantido (PFG) – Firm-Fixed-Price Contract (FFP) O comprador paga ao fornecedor um valor determinado (conforme definido pelo contrato), 7 Acordo que diz o valor que será pago para um escopo de trabalho definido, independente do custo ou esforço para entregá-lo. independentemente dos custos do fornecedor. Contrato de preço fixo com remuneração de incentivo (PFRI) – Fixed Price Incentive Fee Contract (FPIF). O comprador paga ao fornecedor um valor determinado (conforme definido pelo contrato) e pelo qual o fornecedor poderá ganhar um valor adicional se atender aos critérios de desempenho definidos. Contrato de preço fixo com ajuste de preço (PFAEP) – Fixed Price with Economic Price Adjustment Contract (FP-EPA). É um contrato de preço fixo, mas com uma cláusula especial que prevê ajustes finais pré-definidos no preço do contrato devido a mudanças, tais como alterações do aumento ou diminuição de custos para determinadas mercadorias. Contrato de custos reembolsáveis (Cost- Reimbursable Contract): Tipo de contrato que envolve o pagamento ao fornecedor pelos custos reais do fornecedor, acrescidos de uma remuneração que normalmente representa o lucro do fornecedor. Os contratos de custos reembolsáveis frequentemente incluem Contrato de custo mais remuneração fixa (CMRF) – Cost Plus Fixed Fee Contract (CPFF) O comprador reembolsa o fornecedor pelos custos permitidos (definidos pelo contrato) ao fornecedor, acrescidos de um valor fixo de lucro (remuneração). Contrato de custo mais remuneração de incentivo (CMRI) – Cost Plus Incentive Fee Contract (CPIF) O comprador reembolsa o fornecedor pelos custos permitidos (definidos pelo contrato) ao fornecedor; o fornecedor terá direito ao seu bônus se atender aos critérios de desempenho definidos. 8 cláusulas de incentivo em que, se o fornecedor atingir ou superar os objetivos determinados para o projeto, tais como metas de cronograma ou custo total, receberá do comprador um incentivo ou pagamento de bônus. Contrato de custo mais remuneração concedida (CMRC) – Cost Plus Award Fee Contract (CPAF). Uma categoria de contrato que envolve pagamentos (reembolsos de custos) ao fornecedor por todos os custos reais e legítimos incorridos para o trabalho concluído, acrescidos de uma remuneração que corresponde ao lucro do fornecedor. Contratos por tempo e material (T&M) – Time and Material Contract (T&M): Tipo de contrato híbrido, contendo aspectos de contratos de custos reembolsáveis e de preço fixo. Os contratos por tempo e material se assemelham aos acordos do tipo com custos reembolsáveis por serem modificáveis, já que o valor total do acordo não é definido no momento em que ele é firmado. Dessa forma, os contratos por tempo e material podem ter o seu valor aumentado como se fossem acordos de custos reembolsáveis. Por outro lado, os acordos por tempo e material podem também ser semelhantes a acordos de preço fixo. Por exemplo, os valores unitários são preestabelecidos pelo comprador e pelo fornecedor, quando ambas as partes concordam com os valores de serviços profissionais para uma determinada categoria de gastos. Fonte: Elaborado com base em PMI, 2013, p. 364. Nesse contexto, faz-se necessário salientar que, independentemente das formas ou tipos de contrato, o importante é entender aquele que melhor beneficia a dinâmica do projeto. Mais que isso, destaca-se aqui a capacidade de o gerente entender que tipo de fornecedor ele tem e qual é o melhor jeito de formalizar a compra para o projeto, bem como a característica de gestão que se quer implementar. 9 TEMA 3 – TIPOS DE CONTRATOS BRASILEIROS E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Os tipos e formas de contratos descritos no tema anterior seguem uma padronização internacional, sendo bastante comuns em empresas multinacionais e organizações multilaterais (Organização das Nações Unidas, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros). No entanto, no Brasil existem leis e regras próprias para se formalizar a compra de um produto ou serviço, que de acordo com o CCB são divididos em dois tipos: típicos e atípicos. Segundo Xavier et al. (2010, p.85), “diz-se que um contrato é típico quando as condições ali contidas observam preceitos legais atinentes a sua denominação individual, sua construção e ao seu conteúdo”. No entanto, não é incomum que as organizações brasileiras façam negócios com empresas multinacionais e organizações multilaterais, o que acaba criando novas relações jurídicas, que não foram tipificadas, daí a necessidade de se criar os contratos atípicos. “Eles foram contempladosno CCB, especificadamente no art. 425, que dispõe: ‘é lícito das partes a celebração de contratos atípicos, desde que observadas as normas gerais fixadas neste Código’”. Normalmente, os contratos atípicos são aqueles de hospedagem, excursão turística, claque, equipe, exposição, embalagem, competição esportiva, guarda e limpeza de veículos, publicidade e aluguel de cofres, franquia, leasing, consórcio, locação de lojas, contratos EPC, contrato de nível de serviço, sociedade de propósitos específicos, parcerias público-privadas (PPPs), concessões e permissões (Xavier et al., 2010). Ainda de acordo com Xavier et al. (2010), o CCB classifica os contratos considerados típicos em 23 tipos, estabelecendo para cada um deles determinadas propriedades e empregos. Os principais são: contrato de compra e venda; locação; empréstimo; prestação de serviços; e empreitada. Independentemente se seja típico ou atípico, como salienta Silva e Gonzaga (2017, citado por Diniz, 2008), o contrato é o acordo de duas ou mais partes, na harmonia da ordem jurídica, com o propósito de formar uma regulamentação de interesses entre as partes, com o objetivo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. 10 Nesse sentido, o contrato se torna o melhor instrumento para administrar os conflitos que invariavelmente ocorrem com os fornecedores dentro de um projeto. Os contratos surgem da autonomia da vontade das partes e assim fazem lei entre elas, de forma que um contrato, seja de compra ou venda, de locação ou qualquer outro tipo, deve seguir e respeitar todos os princípios estabelecidos, sem os quais não terá eficácia. Assim, também em um eventual litígio entre os contratantes, ou ainda que não haja litígio e se queira apenas pactuar preventivamente, podemos nos valer da mediação e da arbitragem, uma vez que tal instituto não somente traz princípios e uma natureza jurídica intricados aos contratos, como também faz com que funcionem, alcançando os objetivos para os quais foram pactuados. Porém, de nada vale a norma sem sanção, pois os contratos se regulam através da responsabilidade civil contratual (Silva; Gonzaga, 2017, p. 2). Nesse contexto, de acordo com o CCB (Brasil, 2002), os meios para resolver os conflitos em nosso ordenamento jurídico, atualmente, são: jurisdição estatal, arbitragem, conciliação, mediação e transação. A jurisdição estatal, como o próprio nome indica, é aquela que busca na figura de um juiz a decisão do conflito. Aqui, o judiciário impõe a solução entre as partes. Já na arbitragem, as partes preferem buscar na esfera privada, em detrimento da jurisdição estatal, a resolução do embate. Aqui, fica na mão de um árbitro o processo; é comum quando há normas internacionais envolvidas ou quando alguma das partes não se sente confortável com as leis e resoluções de um determinado país (Silva; Gonzaga, 2017). Ainda de acordo com Silva e Gonzaga (2017), diferentemente dos meios citados acima, na conciliação não há imposição do conciliador, mas a escuta dos envolvidos e a tentativa de promover acordos para que as sugestões sejam acolhidas. Nesse contexto, a vontade das partes e o acordo na conciliação é condição elementar para o sucesso da resolução do conflito. Já a mediação se diferencia da conciliação pela interferência do mediador, uma vez que tal figura não interfere de forma alguma na busca da solução do conflito. Por fim, conforme aponta Miranda (2009), a transação funciona como um novo contrato pelo qual os envolvidos, fazendo consentimentos mútuos (renúncias), declaram ou reconhecem direitos, ou estabelecem novas obrigações, ou ainda previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. 11 Carvalhal et al. (2012) apontam que esses tipos de resolução de conflitos são necessários apenas quando as partes já não conseguem negociar mais. Nesses casos, a utilização de um mediador pode facilitar o processo de composição de interesses. O árbitro (Juiz), em decorrência de sua imparcialidade, pode facilitar a visualização da negociação de uma perspectiva que possa abrir novas possibilidades para as partes envolvidas. No entanto, devem, sempre que possíveis, ser evitadas. TEMA 4 – CONDUZINDO AS AQUISIÇÕES DO PROJETO Para que os conflitos não apareçam durante a execução do projeto, ou seja, após a assinatura do contrato entre a organização e o fornecedor, o PMI (2013) sugere uma série de ferramentas e técnicas que devem ser empregadas para propiciar uma condução harmoniosa entre as partes, são elas: Reuniões com os fornecedores: reuniões entre o comprador e todos os fornecedores em potencial antes de submeter uma proposta. São usadas, normalmente, para garantir que todos tenham um entendimento claro e comum da aquisição (tanto dos requisitos técnicos quanto dos contratuais). Técnicas de avaliação de propostas: trata-se do trabalho de um comitê de seleção em criar avaliar critérios de ponderação para a escolha do melhor fornecedor. Estimativas independentes: é a preparação, pela equipe do projeto, de um orçamento de referência, que possa servir de linha de base em relação às propostas dos fornecedores. Opinião especializada: time de especialistas que podem se juntar à equipe que elabora as técnicas de avaliação de propostas. Publicidade: quanto mais fornecedores ficam sabendo do aviso de aquisições, melhores propostas o projeto tende a receber. Por isso, muitas organizações colocam anúncios em publicações de grande circulação, como em jornais selecionados ou em publicações comerciais especializadas, ou em recursos online. Técnicas analíticas: para certificar que a necessidade possa e seja atingida, as técnicas analíticas identificam o preparo do fornecedor para entregar o resultado final pretendido, determinar o custo esperado para suportar o orçamento, e evitar os excessos de custos decorrentes de 12 mudanças. Ao analisar as informações de desempenhos anteriores, as equipes podem identificar as áreas de maior risco, que devem ser monitoradas de perto para assegurar o êxito do projeto. Negociação com o fornecedor: conforme já abordado em temas anteriores. Há uma relação intrínseca – e superior, em relação a outras áreas de conhecimento do PMBOK – entre a execução e o planejamento das aquisições do projeto. É somente com os produtos da condução das aquisições que é possível definir parâmetros importantes do plano de aquisições e também dos planos auxiliares de outras áreas. Segundo o PMI (2013), a partir dos fornecedores selecionados, ou seja, daqueles que foram considerados por estar em uma faixa competitiva de acordo com o resultado da avaliação da proposta, e que negociaram uma minuta do contrato, é que teremos as compras em execução. Além dos fornecedores selecionados, o PMI (2013, p.377-379) destaca outras saídas do processo para conduzir as aquisições do projeto: Acordos: é o que foi negociado com o fornecedor. Um contrato de aquisição apresenta marcos e categorias e pode agrupar outras questões de interesse do comprador, com relação ao que o fornecedor deve executar ou fornecer. Calendário de recursos: a quantidade e a disponibilidade de recursos contratados e as datas em que cada recurso específico ou grupo de recursos pode estar ativo ou inativo são documentadas. Atualizações ao plano de gerenciamento do projeto: com as aquisições contratadas, é importante considerar a necessidade de atualização da linha de base dos custos (orçado vs. contratado), do escopo, do cronograma (data de entrega combinada), bem como do plano de gerenciamento das aquisições e das comunicações. Atualizações nos documentos do projeto: os requisitos e a sua matriz de rastreabilidade, bem como os riscos e as partes interessadas, precisam ser atualizadas com a inclusão das novas aquisições e dos novos fornecedores. 13 Após efetivar a contratação dos fornecedores e definir os documentos de aquisição, inicia-se dentro da gestão das compras do projeto a administração dos contratos. Conforme aborda Xavier et al. (2010), a administração de contratos tem como finalidade certificar que as partes realizem as questões e especificações instituídas no instrumento contratual, evitando a propagação dos conflitos no projeto, conforme descrito no Tema 3 desta aula. FINALIZANDO Nesta aula, abordamos com profundidade aspectos particulares da execução da gestão das aquisições do projeto. Estudamos atividades muito importantes, como a divulgação da solicitação de proposta, os critérios de seleção dos fornecedores e os tipos de fornecedores existentes. Destacamos ainda a importância do instrumento contratual, como a forma legal de estabelecer uma parceria entre cliente e fornecedor. Seja pautado em preço fixo, custos reembolsáveis ou por tempo e materiais, destacamos a necessidade de elaborar um acordo que satisfaça as premissas e necessidades das partes envolvidas. Apontamos também os tipos de contratos de acordo com as leis brasileiras, ou seja, os contratos típicos e atípicos, bem como a sua importância para a resolução de conflitos. Uma vez que a parceria fica estabelecida por um instrumento contratual, quando ele não tem eficácia diante de um impasse (jurídico), existem formas de resolução, seja por meio da jurisdição estatal, da arbitragem, da conciliação, da mediação ou até mesmo da transação. Por fim, esta aula trouxe as ferramentas, técnica e produtos resultantes da execução das aquisições do projeto, bem como uma projeção do que será necessário para administrar as compras do projeto, com vistas aos processos de monitoramento e controle desta área dentro do gerenciamento do projeto. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica PMI – Project Management Institute. Escritório de Projetos – Processos do gerenciamento das aquisições do projeto. In: _____. Guia PMBOK: um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. 6 ed. New York: PMI, 2017. 14 Disponível em: <https://escritoriodeprojetos.com.br/gerenciamento-das- aquisicoes-do-projeto>. Acesso em: 7 ago. 2018. 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. CARVALHAL, E. do et al. Negociação e Administração de Conflitos. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 3. INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Manual de gestão e fiscalização de contratos. Rio de Janeiro: INPI, 2010. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/manualfiscal.pdf>. Acesso em: 7 ago. 2018. MIRANDA, C. A. de. Transação: Resolução de Conflito sem Processo Judicial. Pernambuco: ESMAPE, 2009. PMI – Project Management Institute. Guia PMBOK: um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. 5 ed. New York: PMI, 2013. SILVA, F. E. da; GONZAGA, L. P. Contratos e a resolução dos conflitos: a responsabilidade contratual. Jus Brasil, 2017. Disponível em: <https://felipeernane.jusbrasil.com.br/artigos/458923674/contratos-e-a- resolucao-dos-conflitos-a-responsabilidade-contratual>. Acesso em: 7 ago. 2018. XAVIER, C. M. S. et al. Gerenciamento de aquisições em projetos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.