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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE 
LONDRINA 
Centro de Ciências Exatas 
Departamento de Estatística 
Curso de Especialização em Engenharia da Produção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Gestão de Custos Industriais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Dra. Marcia Gonçalves Pizaia 
 
 
 
 
2008 
 1 
 
 
 
 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS (CCE) 
DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO 
 
Programa de Disciplina de Pós Graduação Lato Sensu 
 
Disciplina/Módulo: Gestão de Custos Industriais 
Professor(a): Marcia Gonçalves Pizaia 
 
Ementa 
Abordagem geral dos custos e sua importância nas organizações. Classificação e técnicas de levantamento dos custos. 
Métodos de custeamento e as principais vantagens e problemas. A utilização da análise econômica de custos para tomada de 
decisão; A otimização dos resultados com base nos custos; O uso das informações de custos para formação de preços e para 
análise de investimentos. 
 
Objetivos: 
Oferecer aos alunos um instrumental de análise econômica, tendo por base os custos, as distintas margens de contribuição, 
quantidades produzidas e respectivo lucro, assim como, o emprego dos custos na formação de preços, possibilitando a 
tomada de decisões com maior segurança e viabilidade econômica. 
 
Programa da Disciplina 
1. Introdução 
 Definições e conceitos 
 Contabilidade versus gestão de custos 
 A contabilidade de custos e suas funções 
 Diferença contábil entre custos e despesas 
 Custos, despesas, preços e lucros 
 Classificações de custos 
 Classificações de sistemas de custeio 
 Elementos de custos 
 
2. Material Direto e Mão-de-Obra Direta 
 Avaliação de materiais diretos 
 Critérios para a avaliação de estoques 
 Classificação ABC de estoques 
 Programação de compras e estoques 
 Política do Lote Econômico de Compra 
 Custos da mão-de-obra direta no Brasil 
 Mão-de-obra indireta e ociosidade 
 
3. Custeio-Padrão 
 Padrões versus realizados 
 Análises de variações 
 
4. Custos para Decisão 
 Custos não afetados pela decisão 
 Análise de custos, volumes e lucros 
 Alavancagem e ponto de equilíbrio 
 Margem de segurança 
 Ponto de equilíbrio e a lei dos rendimentos decrescentes 
 Decisões sobre custos e a Teoria das Restrições 
 Propostas de Goldratt 
 Críticas da Teoria das Restrições à Contabilidade de Custos 
 
5. Formação de Preços 
 Métodos genéricos de formação de preços 
 Emprego dos custos na formação de preços 
 Preços com base no custo pleno 
 Preços com base no custo de transformação 
 2 
 Preços com base no custo marginal 
 Preços com base na taxa de retorno exigida sobre o capital investido 
 Preços com base no custo-padrão 
 
6. Efeito dos Tributos sobre Custos e Preços 
 Tributos, custos e preços 
 Imposto sobre Produtos industrializados (IPI) 
 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS) 
 Substituição tributária 
 Impostos sobre Serviços (ISS) 
 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) 
 Programa de Integração Social (PIS) 
 Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) 
 Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL) e Imposto Simples 
 
Metodologia de Ensino 
Os procedimentos didáticos consistem em aulas expositivas com questionamento e diálogo; debates; trabalhos em grupo e 
individual (em sala e extra-sala) e resoluções de exercícios em planilhas eletrônicas. Utilizar-se-á, a medida do possível, 
ilustrações, transparências e demonstrações durante o desenvolvimento da disciplina. 
 
Critérios de Avaliação 
O aluno será avaliado em cada encontro semanal, sendo: 
 60% da nota atribuídos à resolução de listas de exercícios 
 30% da nota atribuídos à trabalhos em grupo e individual 
 10% da nota atribuídos à participação efetiva em aula 
 
Bibliografia Básica 
BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na. calculadora HP12C e 
Excel. São Paulo: Atlas, 2004. 
WERNKE, Rodney. Análise de custos e preços de venda: ênfase em aplicações e casos nacionais. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
Bibliografia Complementar 
ALLORA, Valério. Revolução nos Custos. Salvador, BA: Casa da Qualidade, 1996. 
ASSEF, R. Guia Prático de formação de preços. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 
BODIE, Zvi. & MERTON, Robert C. Finanças. Porto Alegre. Bookman, 1999. 
BEULKE, Rolando; BERTÓ, Dalvio José. Gestão de Custos. São Paulo: Saraiva, 2005. 
BRUNSTEIN, Israel. Economia de empresas: gestão econômicas de negócios. São Paulo: Atlas, 2005. 
FERREIRA, José A. & SOUZA, William J. Custos na Prática. São Paulo. STS, 2000. 
FLORENTINO, Américo Matheus. Custos: Princípios, cálculo e contabilização. 2 ª ed. Rio de Janeiro: Editora da 
Fundação Getúlio Vargas, 1988. 
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Custos. São Paulo: Atlas, 1988. 
KAPLAN, Robert S. & COOPER, Robin Custo e desempenho. São Paulo: Futura, 1999. 
LEONE, George Guerra. Custos: Um enfoque administrativo Vol I. e Vol II. Rio de Janeiro: FGV/Vitrine, 2000. 
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. 
SANTOS, Joel José dos. Formação do Preço e do Lucro. 4 ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. 
SANTOS, Joel José dos. Análise de Custos. São Paulo: Atlas, 2000. 
SOUZA, Alceu. Decisões Financeiras e Análise de Investimentos. São Paulo: Atlas, 1995 
VARIAM, Hal R. Microeconomia: Princípios Básicos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 
VICECONTI, Paulo E. V. & NEVES, Silvério das. Introdução à Economia. 3ª ed. São Paulo: Frase Editora, 1999. 
 
 
___________________________________ 
Marcia Gonçalves Pizaia 
 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................................................................................................... 1 
INTRODUÇÃO À GESTÃO DE CUSTOS ...................................................................................................................................................... 1 
1.1 Objetivos do Capítulo .......................................................................................................................................................................................................... 1 
1.2 Contabilidade Versus Gestão de Custos ............................................................................................................................................................................... 1 
1.3 A Contabilidade de Custos e Suas Funções .......................................................................................................................................................................... 2 
1.4 Definiçoes e Conceitos ......................................................................................................................................................................................................... 3 
1.5 Diferença Contábil Entre Custos e Despesas ........................................................................................................................................................................ 4 
1.6 Custos, Despesas, Preços e Lucros ....................................................................................................................................................................................... 5 
1.7 Classificações de Custos ......................................................................................................................................................................................................6 
1.8 Classificações de Sistemas de Custeio .................................................................................................................................................................................. 9 
1.9 Elementos de Custos ............................................................................................................................................................................................................ 9 
Exercícios Propostos ................................................................................................................................................................................................................ 11 
CAPÍTULO 2 .................................................................................................................................................................................................. 16 
MATERIAL DIRETO (MD) ........................................................................................................................................................................... 16 
2.1 Objetivos do Capítulo ........................................................................................................................................................................................................ 16 
2.2 Avaliação de Materiais Diretos: Principais Critérios .......................................................................................................................................................... 16 
2.3 Critérios Para a Avaliação de Estoques .............................................................................................................................................................................. 18 
2.4 Classificação ABC de Estoques de Materiais Diretos ......................................................................................................................................................... 21 
2.5 Programação de Compras e Estoques de Materiais Diretos ................................................................................................................................................ 22 
2.6 Política do Lote Econômico de Compra ............................................................................................................................................................................. 22 
Exercícios Propostos ................................................................................................................................................................................................................ 28 
CAPÍTULO 3 .................................................................................................................................................................................................. 39 
MÃO-DE-OBRA DIRETA (MOD) ................................................................................................................................................................. 39 
3.1 Objetivos do Capítulo ........................................................................................................................................................................................................ 39 
3.2 Custos Da Mão-De-Obra Direta No Brasil ......................................................................................................................................................................... 39 
3.3 Mão-De-Obra Indireta e Ociosidade................................................................................................................................................................................... 41 
Exercícios Propostos ................................................................................................................................................................................................................ 42 
CAPÍTULO 4 .................................................................................................................................................................................................. 47 
CUSTEIO-PADRÃO ....................................................................................................................................................................................... 47 
4.1 Objetivos do Capítulo ........................................................................................................................................................................................................ 47 
4.1 Padrões Versus Realizados ................................................................................................................................................................................................. 47 
4.3 Análises de Variações ........................................................................................................................................................................................................ 49 
Exercícios Propostos ................................................................................................................................................................................................................ 51 
CAPÍTULO 5 .................................................................................................................................................................................................. 53 
CUSTOS PARA DECISÃO ............................................................................................................................................................................ 53 
5.1 Objetivos do Capítulo ........................................................................................................................................................................................................ 53 
5.2 Custos Não Afetados Pela Decisão..................................................................................................................................................................................... 53 
5.3 Análise de Custos, Volumes e Lucros ................................................................................................................................................................................ 55 
5.4 Alavancagem e Ponto de Equilíbrio ................................................................................................................................................................................... 59 
5.4.1 Alavancagem Empresarial ........................................................................................................................................................................................ 59 
5.4.2 Ponto de Equilíbrio Contábil ................................................................................................................................................................................... 62 
5.4.3 Ponto de Equilíbrio Econômico ................................................................................................................................................................................ 64 
5.4.4 Ponto de Equilíbrio Financeiro ................................................................................................................................................................................. 65 
5.4.5 Ponto de Equilíbrio com Múltiplos Produtos ............................................................................................................................................................ 66 
5.5 Margem de Segurança ........................................................................................................................................................................................................ 68 
5.6 Ponto de Equilíbrio e a Lei dos Rendimentos Decrescentes ...............................................................................................................................................69 
5.7 Decisões Sobre Custos e a Teoria das Restrições ............................................................................................................................................................... 70 
5.7.1 Propostas de Goldratt ............................................................................................................................................................................................... 72 
5.7.2 Críticas da Teoria das Restrições à Contabilidade de Custos .................................................................................................................................... 74 
5.7.3 Contribuições da Teoria das Restrições à gestão empresarial .................................................................................................................................... 75 
Exercícios Propostos ................................................................................................................................................................................................................ 76 
CAPÍTULO 6 .................................................................................................................................................................................................. 84 
FORMAÇÃO DE PREÇOS ............................................................................................................................................................................. 84 
6.1 Objetivos do Capítulo ........................................................................................................................................................................................................ 84 
6.2 Métodos Genéricos de Formação de Preços ....................................................................................................................................................................... 84 
6.3 Emprego dos Custos na Formação de Preços ..................................................................................................................................................................... 85 
6.4 Preços com Base no Custo Pleno ....................................................................................................................................................................................... 86 
6.5 Preços com Base no Custo de Transformação .................................................................................................................................................................... 89 
6.6 Preços com Base no Custo Marginal .................................................................................................................................................................................. 91 
6.7 Preços com Base na Taxa de Retorno Exigida Sobre o Capital Investido ........................................................................................................................... 92 
6.8 Preços com Base no Custo-Padrão ..................................................................................................................................................................................... 96 
6.9 Aplicação de Mark-Ups ..................................................................................................................................................................................................... 96 
Exercícios Propostos .............................................................................................................................................................................................................. 100 
CAPÍTULO 7 ................................................................................................................................................................................................ 103 
EFEITO DOS TRIBUTOS SOBRE CUSTOS E PREÇOS............................................................................................................................ 103 
7.1 Objetivos do Capítulo ...................................................................................................................................................................................................... 103 
7.2 Tributos, Custos e Preços ................................................................................................................................................................................................. 103 
7.3 Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) ................................................................................................................................................................. 104 
7.4 Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) .............. 105 
7.5 Substituição Tributaria ..................................................................................................................................................................................................... 107 
7.6 Impostos Sobre Serviços (ISS) ......................................................................................................................................................................................... 108 
7.7 Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) .............................................................................................................................. 108 
7.8 Programa de Integraçao Social (PIS) ................................................................................................................................................................................ 108 
7.9 Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)......................................................................................................................................................................... 109 
7.10 Contribuição Social Sobre o Lucro (CSSL) .................................................................................................................................................................... 110 
7.11 Simples .......................................................................................................................................................................................................................... 111 
Exercícios Propostos .............................................................................................................................................................................................................. 112 
Bibliografia ............................................................................................................................................................................................................................ 112 
 
 1 
CAPÍTULO 1 
INTRODUÇÃO À GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS1 
"Pois, quem de vós, querendo construir uma torre, não começa por 
sentar-se para calcular a despesa e ver se possui com que acabar?" 
Lucas, 14,28 
1.1 Objetivos do Capítulo 
A expressão custos pode assumir diferentes conotações a depender do contexto em que é 
empregada. Se, por exemplo, um consumidor afirmar que a compra de uma nova camisa lhe custou $ 
20,00, poucas dúvidas surgirão. A compreensão de sua afirmação é imediata. No caso, porém, de a 
pergunta ser sobre quais foram os custos da camisa para a empresa fabricante, diferentes interpretações 
e diferentes respostas poderiam ser obtidas. 
O fabricante da camisa poderia pensar em diferentes conceitos acerca dos custos da roupa 
comercializada, como os custos contábeis, os custos de oportunidade, os custos financeiros, os custos 
plenos ou integrais, e muitos outros. Diversos podem ser os conceitos associados ao processo de 
formação e análise dos custos. 
De modo geral, custos podemser definidos como medidas monetárias dos sacrifícios com 
os quais uma organização tem que arcar a fim de atingir seus objetivos. Contabilmente ou sob a 
óptica da gestão, essa afirmação pode ser interpretada de diferentes modos. 
Preços, por sua vez, correspondem à importância recebida pelas entidades em decorrência 
da oferta de seus produtos ou serviços. Devem ser suficientes o bastante para cobrir todos os custos 
incorridos e ainda fornecer um lucro para a entidade. 
Sob a óptica da entidade, quanto maior o preço, maiores os lucros e melhores os resultados. 
Os limites superiores dos preços, porém, são definidos pelo mercado consumidor e pelo valor 
percebido e atribuído ao produto ou serviço comercializado. A compreensão do valor e de como 
trabalhar as ferramentas do marketing e da estratégia a seu favor correspondem a outro ponto de vital 
importância para as empresas. Se estas somente permanecem no mercado e sobrevivem se seus preços 
forem superiores a seus custos, o mercado somente adquire seus produtos ou serviços quando percebe 
que estes oferecem um valor percebido superior a seu preço. 
A análise de custos, preços e valores consiste em algumas das mais nobres e importantes 
tarefas da administração financeira. Esta disciplina preocupa-se em ilustrar os três aspectos: inicia 
discutindo as questões relativas aos custos, depois explica o processo de formação de preços e, por 
último, preocupa-se em discutir a questão da atribuição de valores. 
O Capítulo 1 tem o objetivo de apresentar uma introdução aos principais aspectos 
relacionados aos processos de gestão de custos e de formação e análise de preços. São apresentadas as 
principais classificações e as terminologias mais usuais. Para facilitar a absorção e a fixação dos 
conteúdos expostos, estão apresentados e solucionados diversos exercícios e alguns pequenos estudos 
de casos. 
 
1.2 Contabilidade Versus Gestão de Custos 
O foco desta disciplina consiste na análise do processo de gestão de custos e preços. Ou seja, 
como as informações contábeis, financeiras e de vendas podem ser empregadas como ferramentas ou 
subsídios de apoio ao processo de tomada de decisões. A contabilidade consiste no processo 
sistemático e ordenado de registrar as alterações ocorridas no patrimônio de uma entidade. Todavia, a 
depender do usuário e do tipo de informação requerida, a contabilidade pode assumir diferentes 
formas, apresentadas como: 
 contabilidade financeira: condicionada às imposições legais e requisitos fiscais; 
 
1 Esta seção está baseada em Bruni e Famá (2004). 
 2 
 contabilidade gerencial: voltada à administração de empresas, não se condiciona às 
imposições legais, tem o objetivo de gerar informações úteis para a tomada de decisões; 
 contabilidade de custos: voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no decorrer de 
suas operações. 
A contabilidade financeira preocupa-se com as leis e normas e é obrigatória para as entidades 
legalmente estabelecidas. Seu objetivo maior está associado ao passado, e seus atos e práticas são 
estabelecidos por meio de regras normativas que, muitas vezes, comprometem a tomada de decisões. 
Algumas dessas "regras" recebem a denominação de princípios fundamentais da contabilidade. Entre 
os princípios fundamentais da contabilidade aplicados em custos, podem ser mencionados: 
 competência (da realização): a receita é reconhecida apenas quando realizada - momento em 
que há a troca de mercadorias, bens ou serviços, por elementos do ativo. Logo, o lucro ou 
prejuízo somente se realiza no ato da venda; 
 uniformidade (consistência): o processo para registro contábil não deve ser mudado com 
freqüência, para que os resultados contábeis não fiquem prejudicados. Caso exista a 
necessidade de mudança dos critérios, deve ser feita a divulgação de seu efeito nas 
demonstrações contábeis; 
 prudência (conservadorismo): entre duas alternativas para o registro de um ativo, deve-se 
escolher entre o custo e o valor de mercado, dos dois, o menor. O mesmo raciocínio deve 
nortear o contador no registro dos gastos que provocam dúvida de classificação entre custo de 
produção ou despesa do período, devendo prevalecer a escolha que representa redução 
imediata do resultado, portanto, despesa do período. Note que o uso do princípio da prudência 
não deve ser indiscriminado e sim obedecer ao bom-senso, já que pode ocasionar a perda do 
controle dos impactos no resultado do exercício. 
Se, por um lado, os princípios facilitam e padronizam a prática contábil, por outro dificultam 
a gestão com base nos números extraídos da contabilidade. As atividades relacionadas ao processo de 
gestão empresarial dizem respeito à tomada de decisões com impactos futuros, enquanto a 
contabilidade financeira preocupa-se com o registro relativo ao patrimônio do que já passou. 
Assim, em muitas situações, torna-se necessário adaptar as informações da contabilidade 
financeira para possibilitar um processo mais coerente de tomada de decisões - originando a 
contabilidade gerencial. Esta disciplina preocupa-se com a gestão de custos e o processo de formação 
de preços, sob uma óptica relacionada aos processos de tomada decisão. Dessa forma, são explorados 
os dois aspectos das duas contabilidades: a questão do registro e os mecanismos principais da 
contabilidade financeira e a óptica da tomada de decisões da contabilidade gerencial. 
A contabilidade gerencial pode ser caracterizada como um enfoque especial conferido a 
várias técnicas e procedimentos contábeis empregados na contabilidade financeira e de custos, com 
objetivos diferentes, maior detalhamento, ou com forma de apresentação e classificação diferenciada a 
fim de auxiliar os gestores da entidade em seu processo decisório. Genericamente, enquanto a 
contabilidade financeira preocupa-se com os registros do patrimônio, segundo as normas, convenções 
e princípios contábeis, a contabilidade gerencial preocupa-se com o processo decisorial e de tomada de 
decisões. 
 
1.3 A Contabilidade de Custos e Suas Funções 
A contabilidade de custos pode ser definida como o processo ordenado de usar os princípios 
da contabilidade geral para registrar os custos de operação de um negócio. Dessa forma, com 
informações coletadas das operações e das vendas, a administração pode empregar os dados contábeis 
e financeiros para estabelecer os custos de produção e distribuição, unitários ou totais, para um ou para 
todos os produtos fabricados ou serviços prestados, além dos custos das outras diversas funções do 
negócio, objetivando alcançar uma operação racional, eficiente e lucrativa. 
O nascimento da contabilidade de custos decorreu da necessidade de maiores e mais precisas 
informações, que permitissem uma tomada de decisão correta após o advento da Revolução Industrial. 
Anteriormente à Revolução Industrial, a contabilidade de custos praticamente não existia, já que as 
 3 
operações resumiam-se basicamente em comercialização de mercadorias. Nessa época, os estoques 
eram registrados e avaliados por seu custo real de aquisição. 
Com a Revolução Industrial, as empresas passaram a adquirir matéria-prima para transformar 
em novos produtos. O novo bem criado era resultante da agregação de diferentes materiais e esforços 
de produção, constituindo o que se convencionou chamar de custo de produção ou fabricação. As 
funções básicas da contabilidade de custos devem buscar atender a três razões primárias: 
a) determinação do lucro: empregando dados originários dos registros convencionais contábeis, ou 
processando-os de maneira diferente, tornando-os mais úteis à administração; 
b) controle das operações: e demais recursos produtivos, como os estoques, com a manutenção depadrões e orçamentos, comparações entre previsto e realizado; 
c) tomada de decisões: o que envolve produção (o que, quanto, como e quando fabricar), formações 
de preços, escolha entre fabricação própria ou terceirizada. 
 
1.4 Definiçoes e Conceitos 
Para poder discutir o processo de formação dos custos e preços, alguns termos técnicos são 
empregados. Muitos desses termos mais comuns são empregados na contabilidade geral e desta última 
são trazidos para a contabilidade de custos. Alguns dos principais termos são: 
 gastos ou dispêndios: consistem no sacrifício financeiro que a entidade arca para a 
obtenção de um produto ou serviço qualquer. Segundo a contabilidade, serão em última 
instância classificados como custos ou despesas, a depender de sua importância na 
elaboração do produto ou serviço. Alguns gastos podem ser temporariamente classificados 
como investimentos e, à medida que forem consumidos, receberão a classificação de 
custos ou despesas; 
 investimentos: representam gastos ativados em função de sua vida útil ou de benefícios 
atribuíveis a futuros períodos. Ficam temporariamente "congelados" no ativo da entidade 
e, posteriormente e de forma gradual, são "descongelados" e incorporados aos custos e 
despesas; 
 custos: representam os gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de 
outros bens ou serviços. Portanto, estão associados aos produtos ou serviços produzidos 
pela entidade. Como exemplos de custos podem ser citados os gastos com matérias-
primas, embalagens, mão-de-obra fabril, aluguéis e seguros de instalações fabris, etc.; 
 despesas: correspondem a bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a 
obtenção de receitas. Não estão associadas à produção de um produto ou serviço. Como 
exemplos de despesas podem ser citados gastos com salários de vendedores, gastos com 
funcionários administrativos, etc.; 
 desembolsos: consistem no pagamento do bem ou serviço, independentemente de quando 
o produto ou serviço foi ou será consumido. É importante ressaltar que a contabilidade 
registra os fatos de acordo com o princípio da competência. Por competência entende-se 
que o registro de receitas e despesas deve ser feito de acordo com a real ocorrência, 
independentemente de sua quitação. Por exemplo, se foram empregadas 40 horas de 
mão-de-obra no mês de março que somente foram quitadas em abril, o lançamento 
contábil do gasto deve ser feito em março. Já o registro financeiro do desembolso será 
registrado no mês de abril. Logo, não se deve confundir despesa com desembolso; 
 perdas: representam bens ou serviços consumidos de forma anormal. Consiste em: (i) um 
gasto não intencional decorrente de fatores externos extraordinários ou (ii) atividade 
produtiva normal da empresa. Na primeira situação, devem ser considerados como 
despesas e lançados diretamente contra o resultado do período. Na segunda situação, 
devem ser classificados como custo de produção do período. 
Outro conjunto de definições que, a princípio, podem confundir o estudante de finanças 
refere-se à definição de desembolsos e recebimentos. Segundo o princípio contábil da competência, 
 4 
receitas, despesas e custos são registrados no momento em que são realizados ou incorridos. Por 
exemplo, se uma fábrica contrata um novo funcionário, os gastos relativos a sua remuneração são 
provisionados e apropriados aos custos industriais a partir do momento de sua contratação, 
independentemente da quitação desses gastos. Da mesma forma, se uma empresa comercial efetua 
uma venda com prazo longo, o registro e a contabilização da receita ocorrem no momento da venda - 
independentemente de quando ocorrerá o efetivo recebimento. 
Todavia, recebimentos e desembolsos devem ser contabilizados segundo o regime de caixa - 
ou seja, quando, de fato, ingressarem ou saírem da conta Caixa do Balanço Patrimonial: 
 recebimentos: correspondem aos ingressos de recursos no Caixa da empresa; 
 desembolsos: representam a saída de recursos financeiros do Caixa da entidade. 
 
1.5 Diferença Contábil Entre Custos e Despesas 
Possivelmente, a primeira polêmica na terminologia da contabilidade de custos refere-se à 
distinção entre custos e despesas. De modo geral, os custos "vão para as prateleiras", sendo 
armazenados nos estoques - são consumidos pelos produtos ou serviços durante seu processo de 
elaboração. Já as despesas estão associadas ao período - não repercutem, diretamente, na elaboração 
dos produtos ou serviços prestados. 
Custos podem ser diferenciados de despesas conforme a Figura 1.1. Os Gastos incorridos 
para a elaboração do produto são contabilmente classificados como custos. Gastos incorridos após a 
disponibilização do produto devem ser classificados como despesa. Custos estão diretamente 
relacionados ao processo de produção de bens ou serviços. Diz-se que os custos vão para as 
prateleiras: enquanto os produtos ficam estocados, os custos são ativados, destacados na conta 
Estoques do Balanço Patrimonial, e não na Demonstração de Resultado. Somente farão parte do 
cálculo do lucro ou prejuízo quando de sua venda, sendo incorporados, então, à Demonstração do 
Resultado e confrontados com as receitas de vendas. 
Figura 1.1 Diferenciação entre custo e despesa 
Despesas estão associadas a gastos administrativos e/ou com vendas e incidência de juros 
(despesas financeiras). Possuem natureza não fabril, integrando a Demonstração do Resultado do 
período em que incorrem. Diz-se que as despesas estão associadas ao momento de seu consumo ou 
ocorrência. São, portanto, temporais. 
Conforme mostrou a Figura 1.1, gastos incorridos até o momento em que o produto esteja 
pronto para a venda são custos; a partir daí, devem ser considerados como despesas. 
Em situações específicas, pode ocorrer alguma pequena confusão ou dúvida na separação 
clara entre custos e despesas. Nessas ocasiões, algumas regras podem ser seguidas: 
a) valores irrelevantes devem ser considerados como despesas (princípios do 
conservadorismo e materialidade); 
Custos Despesas
Produtos ou
Serviços
Elaborados
Consumo associado
à elaboração do 
produto ou serviço
Consumo 
associado
ao período
Investimentos
Gastos
Balanço Patrimonial Demonstrativo de 
Resultado do Exercício
 5 
b) valores relevantes que têm sua maior parte considerada como despesa, com a 
característica de se repetirem a cada período, devem ser considerados em sua íntegra 
(princípio do conservadorismo); 
c) valores com rateio extremamente arbitrário também devem ser considerados como 
despesa do período; 
d) gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos podem ter dois tratamentos: 
como despesas do período em que incorrem ou como investimento para amortização na 
forma de custo dos produtos a serem elaborados futuramente. 
 
1.6 Custos, Despesas, Preços e Lucros 
Genericamente a influência dos custos nos resultados de uma empresa pode ser vista na 
Figura 1.2. Custos, classificados como diretos ou indiretos a depender de sua relação com a unidade de 
produto ou serviço elaborado, são incorporados aos estoques até o momento da venda, quando passam 
a ser representados na Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) com a denominação de: 
1. Custo dos Produtos Vendidos (CPV) geralmente em operações fabris ou industriais; 
2. Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) geralmente em operações mercantis; 
3. Custo dos Serviços Prestados ou Vendidos (CSP) ou (CSV) em operações de serviços. 
Já as despesas são confrontadas, segundo a contabilidade, diretamente com o resultado do 
período. Não devem ser ativadas nos estoques. Gerencialmente, porém, podem ser atribuídas aos 
produtos como forma de analisar o gasto e a lucratividade individual de um portfóliode produtos ou 
serviços. Nessas situações, quando custos e despesas são alocados aos produtos ou serviços, diz-se 
tratar de um sistema de custos plenos ou integrais. 
 Figura 1.2 Efeitos de custos e despesas no resultado 
 
Da Figura 1.2 pode ser destacado que a equação do resultado (ou lucro) pode ser apresentada 
como o resultado das receitas, subtraídas de custos e despesas, ou: 
 
Onde: 
L = lucro; R = receita; C = custo; e D = despesa 
 
O lucro é genericamente expresso por meio das margens de lucro - que podem ser 
apresentadas em unidades monetárias, conforme estabelecido na equação anterior para valores 
unitários, ou em percentual sobre o preço de venda. 
 
Onde: 
L un = lucro unitário ou margem de lucro em unidades monetárias; R un = receita unitária ou preço de 
venda unitário; C un = custo unitário; e D un = despesa unitária. 
Fluxo dos Custos
Custos
Diretos
Indiretos
Estoques
Materiais Diretos
Produtos em Elaboração
Produtos Acabados
Balanço Patrimonial
(+) Receitas
(=) Resultado
(-) Despesas
(-) Custos do DRE
CMV
CPV
CSP
Demonstrativo de
Resultado do Exercício
Custos
Diretos
Indiretos
Estoques
Materiais Diretos
Produtos em Elaboração
Produtos Acabados
Balanço Patrimonial
(+) Receitas
(=) Resultado
(-) Despesas
(-) Custos do DRE
CMV
CPV
CSP
Demonstrativo de
Resultado do Exercício
L = R – C – D 
Lun = Run – Cun – Dun 
 6 
A margem percentual, muitas vezes calculada com base no mark-down, corresponde à 
margem de lucro em unidades monetárias dividida pelo preço de venda. 
Mark-down e mark-up são conceitos distintos empregados na análise conjunta de custos e 
preços. Mark-down, do inglês marca abaixo, corresponde à participação percentual dos custos e 
despesas em relação ao preço de venda. O mark-up, do inglês marca acima, corresponde ao 
multiplicador aplicado sobre custos e preços para obter o preço. 
A equação seguinte ilustra a obtenção da margem de lucro percentual: 
L um% = lucro unitário percentual ou margem de lucro percentual 
L um = lucro unitário ou margem de lucro em unidades monetárias 
R um = receita unitária ou preço de venda unitário 
 
Veja o exercício apresentado a seguir. 
 
Exercício: 
1.6.1) A Fábrica de Detergentes Brilha Bem vende seus produtos por um preço unitário igual a $ 3,00. 
Os custos unitários da empresa são iguais a $ 1,80, as despesas unitárias são iguais a $ 0,60. Pede-se 
para calcular a margem de lucro da empresa em unidades monetárias e em percentual. 
 
 
 
 
A obtenção de preços e cálculos com margens de lucro serão abordados com maior 
profundidade no decorrer deste curso, especialmente ao ser discutida a formação dos preços. 
 
1.7 Classificações de Custos 
A depender do interesse e da metodologia empregada, diferentes classificações são 
empregadas na contabilidade de custos. 
Os sistemas, formas e metodologias aplicados no controle e gestão de custos podem ser 
classificados em função da forma de associação dos custos aos produtos elaborados (unidade do 
produto), de acordo com a variação dos custos em relação ao volume de produtos fabricados 
(comportamento em relação ao volume), em relação aos controles exercidos sobre os custos 
(controlabilidade), em relação a alguma situação específica (decisões especiais) e em função da análise 
do comportamento passado (base monetária). 
Em relação à forma de associação dos custos com os produtos fabricados, os primeiros 
podem ser classificados de diferentes formas quanto à aplicabilidade em: 
 diretos ou primários: são aqueles diretamente incluídos no cálculo dos produtos. 
Consistem nos materiais diretos usados na fabricação do produto e mão-de-obra direta. 
Apresentam a propriedade de serem perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. 
Exemplos: aço para fabricar chapas, salários dos operários, etc.; 
 indiretos: necessitam de aproximações, isto é, algum critério de rateio, para serem 
atribuídos aos produtos. Exemplos: seguros e aluguéis da fábrica, supervisão de diversas 
linhas de produção; 
 de transformação: igualmente denominados custos de conversão ou custos de 
agregação. Consistem no esforço agregado pela empresa na obtenção do produto. 
Exemplos: mão-de-obra direta e custos indiretos de fabricação. 
unR
unL
un%
L 
 7 
É importante destacar que algumas classificações de custos podem variar de empresa para 
empresa. Por exemplo, gastos com energia são quase sempre classificados como variáveis - aumentos 
dos volumes de produção estão associados a aumentos nos níveis consumidos de energia elétrica. Os 
custos com energia, porém, podem ser classificados como custos diretos de produção de produtos 
intensivos em energia, como lâminas de alumínio, produtos metálicos em geral e vidros, como custos 
indiretos nos demais produtos - que geralmente consideram como custos diretos apenas os gastos com 
matérias-primas, embalagens e materiais diretos. 
O comportamento dos custos em relação ao volume permite analisar as variações nos custos 
totais e unitários em relação a diferentes volumes de produção. 
Os custos podem ser genericamente classificados quanto à variabilidade em: 
 fixos: são custos que, em determinado período de tempo e em certa capacidade 
instalada, não variam, qualquer que seja o volume de atividade da empresa. Existem 
mesmo que não haja produção. São agrupados em: custo fixo de capacidade - custo 
relativo às instalações da empresa, refletindo a capacidade instalada da empresa, como 
depreciação, amortização, etc.; custo fixo operacional - relativo à operação das 
instalações da empresa, como seguro, imposto predial, etc. 
Exemplos clássicos de custos fixos podem ser apresentados por meio dos gastos com 
aluguéis e depreciação - independentemente dos volumes produzidos, os valores 
registrados com ambos os gastos serão os mesmos. É importante destacar que a natureza 
de custos fixos ou variáveis está associada aos volumes produzidos e não ao tempo. 
Assim, se uma conta de telefone apresenta valores diferentes todos os meses, porém não 
correlacionados com a produção, esses gastos devem ser classificados como fixos - 
independentemente de suas variações mensais. Os custos fixos possuem uma 
característica interessante: são variáveis quando calculados unitariamente em função 
das economias de escala; 
 variáveis: seu valor total altera-se diretamente em função das atividades da empresa. 
Quanto maior a produção, maiores serão os custos variáveis. Exemplos óbvios de custos 
variáveis podem ser expressos por meio dos gastos com matérias-primas e embalagens. 
Quanto maior a produção, maior o consumo de ambos. Assim como os custos fixos, os 
custos variáveis possuem uma interessante característica: são genericamente tratados 
como fixos em sua forma unitária; 
 semifixos: correspondem a custos que são fixos em determinado patamar, passando a 
ser variáveis quando esse patamar for excedido. O gráfico seguinte ilustra um custo 
fixo, representado pela conta mensal do abastecimento de água. Quando o consumo é 
inferior a um patamar definido pela empresa fornecedora do serviço, a conta é faturada 
de acordo com o patamar (por exemplo, 10 m3.). Quando o consumo excede o valor do 
patamar, o valor cobrado torna-se variável de acordo com o consumo; 
 semivariáveis: correspondem a custos variáveis que não acompanham linearmente a 
variação da produção, mas aos saltos, mantendo-se fixos dentro de certos limites. 
Exemplo de custos semivariáveis podem ser apresentados por meio dos gastos com 
contratação e pagamento de supervisores ou referentes ao aluguel de máquinas 
copiadoras. Dentro de certos limites, como o número de funcionáriossob supervisão ou 
quantidade de cópias realizadas, os gastos são fixos. Quando o patamar é excedido, 
porém, os gastos variam, assumindo um novo patamar. 
A evolução dos custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis pode ser vista na Figura 1.3. 
 8 
 
2 
 
 Figura 1.3 Evoluções dos diferentes custos 
 
De forma similar aos custos, as despesas também podem receber esta classificação: 
 despesas fixas: não variam em função do volume de vendas. Exemplo: aluguel e seguro 
das lojas; 
 despesas variáveis: variam de acordo com as vendas. Exemplo: comissões de 
vendedores, gastos com fretes. 
De acordo com sua controlabilidade, ou seja, quanto ao fato de a decisão poder ou não afetar 
os custos, as despesas podem ser: 
 controláveis: quando podem ser controlados por uma pessoa, dentro de uma escala 
hierárquica predefinida. A pessoa responsável poderá ser cobrada de eventuais desvios 
não previstos; 
 não controláveis: quando fogem ao controle do responsável pelo departamento. Por 
exemplo, rateio do aluguel. Em uma escala hierárquica superior, todos os custos são 
controláveis. 
A depender da situação analisada, os custos podem ser agrupados em diferentes categorias, 
em função da necessidade de tomada de decisões especiais: 
 incrementais: também denominados diferenciais ou marginais. Custos incorridos 
adicionalmente em função de uma decisão tomada; 
 de oportunidade: benefício relegado em decorrência da escolha de outra alternativa; 
 evitáveis: custos que serão eliminados se a empresa deixar de executar alguma 
atividade; 
 inevitáveis: independentemente da decisão a ser tomada, os custos continuarão 
existindo; 
 empatados: também denominados sunk costs ou custos afundados ou enterrados. Por já 
terem sido incorridos e sacramentados no passado, não devem influir em decisões para o 
futuro, por serem irrelevantes. São custos irrecuperáveis. 
Em relação à base monetária empregada na análise ou estimativa de custos, estes podem ser 
classificados da seguinte forma: 
 históricos: custos em valores originais da época em que ocorreu a compra, de acordo 
com a Nota Fiscal; 
 históricos corrigidos: custos históricos acrescidos de correção monetária, trazidos para 
o valor monetário atual; 
Custos Semivariáveis
Exemplo : Copiadora
Quantidade
Produzida
Valor
$
Custos Semifixos
Exemplo : Conta de Água
Quantidade
Produzida
Valor
$
Quantidade
Produzida
Valor
$
Custos Fixos 
Exemplo : Aluguel
Custos Variáveis
Exemplo : Mat Diretos
Quantidade
Produzida
Valor
$
Custos Semivariáveis
Exemplo : Copiadora
Quantidade
Produzida
Valor
$
Custos Semifixos
Exemplo : Conta de Água
Quantidade
Produzida
Valor
$
Quantidade
Produzida
Valor
$
Custos Fixos 
Exemplo : Aluguel
Custos Variáveis
Exemplo : Mat Diretos
Quantidade
Produzida
Valor
$
 9 
 correntes: também denominados custos de reposição. Representam o custo necessário 
para repor um item no total; 
 estimados: custos previstos para o futuro; 
 padrão: custo estimado presumindo-se maior eficiência técnica e financeira. 
Corresponde a um valor ideal a ser alcançado pela empresa; 
 objetivo ou meta: também denominado target cost. Representam metas de valores a 
serem obtidos em negociações ou no futuro. 
Os custos podem também ser classificados quanto à responsabilidade. Nesse caso, os custos 
são alocados em componentes organizacionais com decisões hierárquicas diferenciadas. 
 
1.8 Classificações de Sistemas de Custeio 
Os sistemas de custeio referem-se às formas como às custos são registrados e transferidos 
internamente dentro da entidade. Identificam os custos dos estoques de produção em andamento e de 
produtos acabados. De forma similar aos custos, os sistemas de custeio também podem receber 
diferentes classificações. Veja o Quadro 1.1. 
 
Quadro 1.1 Classificações dos sistemas de custeio. 
Característica Classificação 
Mecânica de 
acumulação 
Ordem específica: quando são transferidos para determinadas solicitações de fabricação. Adequado para 
empresas que produzem bens ou serviços sob encomenda, apresentam demanda intermitente ou fabricação 
de lotes com características próprias. 
Processo: quando a empresa é caracterizada por apresentar produção contínua, com produtos apresentados 
em unidades idênticas, produção em massa e demanda constante. 
Grau de 
absorção 
Por absorção: quando os custos indiretos são transferidos aos produtos ou serviços. 
Direto: quando, no cálculo do custo dos produtos ou serviços produzidos, apenas os custos diretos - isto é, 
os que estão associados de forma clara aos produtos são incorporados. Custos indiretos são considerados 
periódicos e lançados diretamente no Demonstrativo de Resultado do Exercício, não sendo incorporados ao 
cálculo do custo dos produtos. 
Momento de 
apuração 
Pós-calculados: equivalem aos custos reais apurados no final do período. 
Pré-calculados: representam o custo alocado ao produto mediante taxas predeterminadas de Custos 
Indiretos de Fabricação (CIF), elaboradas com base na média dos CIFs passados, em possíveis mudanças 
futuras e no volume de produção. 
Padrão: custo cientificamente predeterminado, constituindo base para avaliação do desempenho efetivo. 
Representa o quanto o produto deveria custar. 
 
1.9 Elementos de Custos 
Os principais elementos que influenciam no resultado de qualquer entidade são representados 
por meio das receitas auferidas, dos custos - diretos ou indiretos, e despesas incorridas. Alguns desses 
elementos podem ser visualizados na Figura 1.4. 
 Figura 1.4 Fluxograma de alocação de custos 
Segundo a Figura 1.4, enquanto os custos diretos podem ser facilmente associados aos 
produtos fabricados, os custos indiretos precisam passar por etapa intermediária, denominada rateio, 
Elementos de custos
Indiretos
Diretos
Rateio
Prod A
Prod B
Prod C
Estoque
(=) Resultado
(-) Despesas
Componentes principais:
Material Direto (MD)
Mão-de-Obra Direta (MOD)
Custos Indiretos de Fabricação (CIF)
(-) CPV
(+) Receitas
Custos
 10 
para, a partir daí, serem incorporados aos produtos. Na óptica contábil, receitas e despesas são 
confrontadas diretamente no momento de apuração do resultado. 
Em relação ao custo da produção, sob a óptica contábil este poderia ser expresso por meio de 
uma composição formada por três elementos básicos, descritos como: 
 material direto (MD): todo material que pode ser identificado como uma unidade do 
produto: (i) que está sendo fabricado; e (ii) que sai da fábrica incorporado ao produto ou 
utilizado como embalagem; 
 mão-de-obra direta (MOD): todo salário devido ao operário que trabalha diretamente 
no produto, cujo tempo pode ser identificado com a unidade que está sendo produzida; 
 custos indiretos de fabricação (CIF): todos os custos relacionados com a fabricação 
que não podem ser economicamente identificados com as unidades que estão sendo 
produzidas. Exemplos: aluguel da fábrica, materiais indiretos, mão-de-obra indireta, 
seguro, impostos, depreciação, etc. 
Outros gastos significativos, porém não classificados como custos, são agrupados como: 
 despesas diversas: não podem ser alocadas ao produto final. Exemplos: despesas com 
vendas, salário do pessoal administrativo, água e luz do escritório. 
A Figura 1.5 ilustra classificações comumente empregadas na contabilidade de custos. 
Figura 1.5 Diferença contábil entre custos e despesas 
 
Em relação a sua associação ao produto ou serviço elaborado, os custos podem ser 
representados segundo a Figura 1.5. Algumas das principais classificações consistem em: 
 custos primários ou diretos (CD):estão associados diretamente à produção, 
equivalendo à soma do material direto com a mão-de-obra direta; 
 custos de transformação ou de conversão (CT): representam o esforço da empresa 
para transformar o material adquirido do fornecedor em produto acabado. Equivalem à 
soma da mão-de-obra direta mais os custos indiretos de fabricação; 
 custo fabril (CF): representa a soma dos três elementos do custo: material direto, mão-
de-obra direta e custos indiretos de fabricação. São incorridos durante o processo de 
fabricação e incorporados aos estoques de produtos em processo. Quando os itens são 
finalizados, são transferidos para o estoque de produtos acabados; 
 custos das mercadorias vendidas (CMV): representam a saída dos estoques da 
entidade para o comprador. Podem ser denominados CMV quando a operação é 
mercantil, CPV (custo dos produtos vendidos), quando a operação é industrial, ou CSP 
ou CSV (custos dos serviços prestados ou vendidos), quando estiverem associados a 
operações de serviços. Consistem na última etapa do processo de formação de custos. 
São os valores retirados dos estoques e entregues aos clientes. Como estão associados ao 
período, devem ser vistos, na verdade, como despesas – já que saem dos estoques e 
MD
Materiais Diretos
Matéria-Prima
Embalagem
MOD
Mão-de-Obra Direta
Mensurada e identifi-
cada de forma direta
CIF
Custos Indiretos
Custos que não são
MD nem MOD
Despesas
Gastos não 
associados
à produção
Custo total, contábil ou fabril
Custo de transformação
Custo primário ou direto
Gastos totais ou custo integral
MD
Materiais Diretos
Matéria-Prima
Embalagem
MOD
Mão-de-Obra Direta
Mensurada e identifi-
cada de forma direta
CIF
Custos Indiretos
Custos que não são
MD nem MOD
Despesas
Gastos não 
associados
à produção
Custo total, contábil ou fabril
Custo de transformação
Custo primário ou direto
Gastos totais ou custo integral
Classificação dos Gastos
 11 
estão associados a um consumo temporal - e não como custos - que estão associados ao 
processo de formação de estoques; 
 custos integrais ou plenos ou gastos totais: correspondem à soma de todos os valores 
consumidos pela empresa para a elaboração do produto ou prestação do serviço, 
incluindo custos e despesas. 
Diversas outras denominações podem ser encontradas na literatura de finanças associada a 
custos, como os conceitos de custos irrecuperáveis ou afundados, do inglês sunk costs, ou custos de 
oportunidade. Veja as definições apresentadas a seguir: 
 custos irrecuperáveis ou afundados: correspondem a custos sem recuperação possível. 
Por exemplo, quando uma empresa opta por realizar uma pesquisa de mercado para 
estimar a viabilidade do lançamento futuro de um novo produto, os gastos associados 
com a pesquisa são custos irrecuperáveis. Independentemente do resultado da pesquisa - 
favorável ou desfavorável - a empresa nada poderá fazer para recuperar os gastos com a 
obtenção da informação. A identificação dos custos irrecuperáveis ou afundados possui 
extrema relevância no processo de tomada de decisões associadas a custos - já que são 
irrecuperáveis, seus valores devem ser excluídos dos processos de tomada de decisão; 
 custos de oportunidade: representam os custos associados a uma alternativa 
abandonada ou preterida. Por exemplo, se uma empresa pensa em aproveitar um resíduo 
industrial de seu processo produtivo na elaboração de um novo produto, mesmo nada 
desembolsando pelo resíduo, caso este possua um valor de mercado, essa importância 
deveria ser incluída no cálculo dos custos. Consiste em um custo de oportunidade - a 
alternativa de venda do resíduo foi preterida para uso na elaboração do novo produto. 
Os valores de mercado deveriam ser computados nos custos. 
 
Exercícios Propostos 
Exercício 1 
Durante o primeiro semestre de 2006, a fábrica de pipocas Milho que Pula Ltda. registrou as transações relatadas 
a seguir. Com base nas datas, históricos e valores, determine, segundo o princípio da competência: a) o mês em 
que foram computados, no custo de produção, os 2.200 kg de milho utilizados como matéria-prima; b) o mês 
em que o desembolso foi registrado? 
Data Valor Histórico 
07/05/2006 $ 800,00 Compra para pagamento em 90 dias de 2.200,00 Kg de milho para pipoca. 
11/06/2006 $ 800,00 Setor de produção solicita ao setor de estocagem os 2.200 Kg de milho para pipoca. 
07/08/2006 $ 800,00 O setor financeiro quita o boleto bancário referente aos 2.200 Kg de milho. 
 
Exercício 2 
Alguns dados contábeis e financeiros das Fábricas de Sandálias Aladas Ltda. estão exibidos a seguir. Com base 
nos números apresentados estime para o volume total produzido no período: 
(a) o custo primário; 
(b) o custo de transformação; 
(c) o custo fabril; 
(d) o gasto total ou custo integral. 
 
Conta $ 
Materiais requisitados: diretos 8.200,00 
Depreciação do parque industrial 1.700,00 
Aluguel da fábrica 5.200,00 
Aluguel de escritórios administrativos 7.400,00 
Materiais requisitados: indiretos 950,00 
Depreciação de computadores da diretoria 720,00 
Mão de obra direta 9.400,00 
Seguro da área industrial 2.600,00 
 12 
Descrição do subgrupo e conta Valor ($) Subtotal ($) 
MD 
Materiais requisitados: diretos 
MOD 
Mão-de-obra direta 
CIF 
Depreciação do parque industrial 
Aluguel da fábrica 
Materiais requisitados: indiretos 
Seguro da área industrial 
Despesas 
Aluguel de escritórios administrativos 
Depreciação de computadores da diretoria 
 
Exercício 3 
Em relação à questão anterior, sabe-se que no período analisado a empresa produziu 2.000 unidades de um 
mesmo produto. Calcule: a) qual o custo integral unitário de cada produto e b) qual a margem de lucro líquida da 
empresa, em $ e em %, se o preço de venda da empresa for igual a $ 20,00. 
 
Exercício 4 
Como os elementos seguintes podem ser classificados em despesas fixas (DF), custos fixos (CF), despesas 
variáveis (DV), custos variáveis (CV), investimento (I) ou perda (P)? 
 
 Elemento CV CF DV DF I P 
a) Comissões sobre vendas 
b) Consumo de açúcar em fábrica de doces 
c) Energia elétrica-consumo da área administrativa 
d) Energia elétrica-consumo da área industrial 
e) Fretes de entregas 
f) Aquisição de veículo para entregas 
g) Fretes de insumos produtivos 
h) Gastos com depreciação da fábrica 
i) Gastos com depreciação de micros das lojas 
j) Gastos com manutenção fabril 
k) Compra de máquina industrial 
I) Gastos com seguros das fábricas 
m) Gastos com seguros das lojas 
n) Gastos com supervisão da linha de produção 
o) Leasing (aluguel) de veículos administrativos 
p) Limpeza e conservação das lojas 
q) Consumo de matéria-prima no processo fabril 
r) Consumo de material secundário na fábrica 
s) Sobras de matéria-prima consumida 
t) Consumo de material de escritório 
u) Embalagem consumida na indústria 
v) Ociosidade da mão-de-obra 
w) Salários e encargos administrativos 
x) Combustível gasto por vendedores 
 13 
 Exercício 5 
A Fábrica de Sorvetes Sabor Gelado Ltda. apresenta custos e despesas fixos anuais iguais a $ 40.000,00. Seus 
custos variáveis são iguais a $ 13,50 por caixa. Comumente, o preço de venda médio é igual a $ 22,00. Supondo 
produções de 10.000 e 20.000 caixas, calcule: 
(a) as receitas totais; 
(b) o custo total e unitário; 
(c) o custo fixo total e unitário; 
(d) o custo variável total e unitário. 

 Quantidade = 10.000 unidades Quantidade = 20.000 unidades 
DREsimplificado 
Total ($) Unitário ($) Total ($) Unitário ($) 
Receita 
(-) Custos fixos 
(-) Custos variáveis 
(-) Custos totais 
(=) Lucro bruto 
 
 
Exercício 6 
Estudo de Caso: Hospital Público Bom Samaritano 
Inaugurado no início de janeiro de 1999, o Hospital Público Bom Samaritano tornou-se um marco na realização 
de cirurgias toráxicas. Estima-se que, após construído, o hospital permanecerá em operação por 20 anos. Os 
móveis, equipamentos e utensílios adquiridos têm uma vida útil média estimada em 10 anos. 
No primeiro ano, 120 cirurgias foram realizadas, com elevado percentual de sucesso. Esse sucesso, aliado à boa 
qualidade do atendimento e ao alto nível de satisfação de pacientes e familiares, motivou a Secretaria de Saúde a 
estudar os dados financeiros da instituição. Os gastos incorridos no ano de 1999 estão apresentados a seguir: 
 
Item Valor ($) 
Salários e encargos de médicos 80.000.00 
Gastos com a construção do hospital 800.000.00 
Salários e encargos de enfermeiros 40.000,00 
Aquisição de materiais cirúrgicos (apenas 40% foram consumidos) 120.000,00 
Compra de equipamentos hospitalares 300.000.00 
Salários e encargos do pessoal administrativo 20.000.00 
Gastos com a aquisição de móveis e computadores para o Setor Administrativo 10.000,00 
 
Pergunta-se: 
(a) Qual o custo contábil médio por cirurgia realizada? 
(b) Qual o custo integral (gasto) por cirurgia realizada? 
(c) Outro hospital público estima que seu custo integral para realizar cirurgias similares é igual a $ 2.300,00. O 
que pode ser dito em relação ao Bom Samaritano? 
(d) Uma empresa particular propôs realizar para o Estado as mesmas cirurgias, cobrando a importância de $ 
2.000,00 por cirurgia. Sob a óptica da gestão de custos e considerando que, com a terceirização do serviço, o 
hospital poderia ser fechado, não sendo empregado em outras atividades, quais deveriam ser os aspectos 
analisados pelo Estado? 
 
Memorial de cálculo 
• Consumo de material cirúrgico = 
• Depreciação do hospital = 
• Depreciação de equipamentos = 
• Depreciação de móveis e equipamento administrativo = 
 
 14 
Item Valor Subtotal Unitário 
MD 
Consumo de material cirúrgico 
MOD 
Salários e encargos de médicos 
Salários e encargos de enfermeiros 
CIF 
Depreciação do hospital 
Depreciação de equipamentos 
Soma dos custos contábeis 
Despesas 
Salários e encargos do pessoal administrativo 
Depreciação de móveis e equipamentos administrativos 
Soma dos gastos (custo integral) 
 
 
 
Exercício 7 
Estudo de Caso: Fábrica de Pãozinho Delícia 
Após receber, durante anos, elogios sobre seus pãezinhos de festa, Dona Clara resolveu ampliar sua produção. 
Em 1º de janeiro de 1998, criou a Pãozinho Delícia Ltda., empresa voltada ao fornecimento de pães para festas e 
bufês. Sua capacidade produtiva permitia a fabricação e entrega de até 900 bandejas com 40 unidades por mês, 
sem a necessidade de novos equipamentos ou funcionários. Cada bandeja era comercializada, em média, por $ 
38,00. Os principais valores desembolsados inicialmente para a criação da empresa consistiram em: 
 
Item Valor ($) 
Aquisição de forno elétrico industrial (1) 10.000,00 
Aquisição de masseira (1) 4.000,00 
Aquisição de liquidificador industrial (1) 1.800.00 
Aquisição de bandejas, assadeiras e utensílios diversos (2) 2.000,00 
Observações: (1) vida útil igual a 10 anos; (2) vida útil igual a 5 anos. 
 
No ano de 1998, foram comercializadas em média 400 bandejas por mês (4800 bandejas ao ano). Para atender a 
esses pedidos, a empresa teve outros gastos, apresentados na tabela seguinte. Estima-se que o veículo adquirido 
no início do ano será usado para entregas por 5 anos. 
 
Item Valor no ano ($) 
Salários e encargos dos funcionários da produção (1) 80.000,00 
Veículo para entregas 16.000,00 
Matéria-prima (apenas 70% foram consumidos) 80.000,00 
Conta de telefone 1.200, 00 
Embalagem (90% foram consumidos) 9.000,00 
Energia elétrica (2) 3.600,00 
Observações: (1) permite a produção e entrega de até 300 bandejas por mês; (2) variável em função da produção. 
 
Pede-se: 
(a) Construa o DRE da empresa, destacando os custos fixos e variáveis. 
(b) Qual o custo unitário da empresa no ano de 1998? Obtenha o custo contábil e o custo integral. 
(c) Em março de 1999, o potencial cliente Bufê Festa Mágica propôs-lhe um contrato, no qual por 18 meses 
compraria 300 bandejas adicionais por mês, a um preço de $ 21,00 por bandeja. Deveria Dona Clara firmar o 
contrato? Discuta todos os aspectos pertinentes. 
Antes de responder às questões formuladas, é interessante observar que a empresa possui uma folga de 
capacidade igual a 500 bandejas por mês ou 6.000 bandejas por ano. 
 
 15 
Gabarito para resposta: 
Item Mês Ano 
Capacidade 
Produção atual 
Folga de capacidade produtiva 
 
Depreciações 
Cálculo das depreciações Aquisição ($) Depreciação (anual) Classificação 
Forno 
Masseira 
Liquidificador 
Bandejas, assadeiras, etc. 
Subtotal 
Veículo 
 
Memorial de cálculo 
 Consumo de matéria-prima = 
 Consumo de embalagem = 
 
O Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) da empresa pode ser visto a seguir: 
Item Total ($) Unitário ($/4.800 bandejas) 
Receitas 
Custos 
 Matéria-prima 
 Embalagem 
 Energia elétrica 
 Subtotal dos custos variáveis 
 Salários e encargos dos funcionários 
 Depreciações 
 Subtotal dos custos fixos 
Soma dos custos 
Despesas (fixas) 
 Depreciação do veículo 
 Conta de telefone 
Soma das despesas (fixas) 
Soma dos gastos 
Resultado (lucro) 
 
 16 
CAPÍTULO 2 
MATERIAL DIRETO (MD) 
"O progresso não está nas coisas, mas nos homens. A felicidade 
não está nos bens materiais, mas em nós." 
Anônimo 
2.1 Objetivos do Capítulo 
O material direto, ou, simplesmente, MD, é formado pelas matérias-primas, embalagens, 
componentes adquiridos prontos e outros materiais utilizados no processo de fabricação, que podem 
ser associados diretamente aos produtos. De modo geral, a gestão de materiais diretos por determinada 
empresa costuma envolver problemas relacionados a três campos: 
 avaliação: qual o montante a atribuir quando várias unidades são compradas por preços 
diferentes, como contabilizar sucatas, etc.; 
 controle: como distribuir as funções de compra, pedido, recepção e uso, como organizar o 
kardex de controle, como inspecionar para verificar o efetivo consumo; 
 programação: quanto comprar, como comprar, fixação de lotes econômicos de aquisição, 
definição de estoques mínimos de segurança, etc. 
O objetivo deste capítulo consiste em apresentar os principais aspectos relacionados à gestão 
de custos associados a materiais diretos. São discutidas as principais razões da gestão de materiais 
diretos e os critérios empregados na avaliação de estoques e custos. Para facilitar a assimilação do 
conteúdo apresentado, estão propostos e resolvidos inúmeros exemplos e exercícios. 
 
2.2 Avaliação de Materiais Diretos: Principais Critérios 
Existem, basicamente, dois sistemas para controle de estoques: 
 sistema de inventário periódico: quando a empresa não mantém um controle contínuo 
dos estoques. O consumo só pode ser verificado após os inventários (contagem física dos 
estoques), em geral quando do fechamento do Balanço Patrimonial, e posterior avaliação 
de acordo com critérios legais. O consumo pode ser calculado em uma empresa industrial 
mediante o emprego da seguinte equação: 
 
 
 sistemade inventário permanente: existe o controle contínuo da movimentação do 
estoque. Solicitações de produção e vendas são controladas individualmente. Estoque e 
CPV podem ser calculados em qualquer momento pela contabilidade. Periodicamente, a 
contagem física pode ser feita para fins de auditoria e controle interno. Encontrando 
eventuais sobras ou faltas, novos ajustes devem ser feitos nos registros contábeis. 
Para uma empresa que aplica um sistema de inventário permanente, a apuração dos custos 
pode ser feita pela tabulação das requisições ao estoque ou almoxarifado. No entanto, uma empresa 
que controla seus estoques por meio de inventários periódicos precisará aplicar a equação anterior. 
 
Exemplo 2.1: 
Se a fábrica de fogões Aquece Bem Ltda., que aplica um sistema de controle periódico de estoques, desejasse 
estudar o custo dos materiais diretos empregados nos fogões fabricados, precisaria fazê-lo empregando a 
equação acima descrita. Sabe-se que suas compras de materiais diretos no período foram iguais a $ 50.000,00, 
seu estoque final era igual a $ 20.000,00 e o estoque inicial foi igual a $ 30.000,00. Nesse caso, o custo com 
materiais diretos seria igual ao consumo de materiais diretos pelo processo produtivo, ou: 
 
 CMD = 
Consumo de Material Direto = Estoque inicial + Compras - Estoque final 
Consumo de material direto = Estoque inicial + Compras - Estoque final 
 17 
 O consumo de materiais, parcela agregada ao custo dos produtos em elaboração (ou produtos 
em processo), foi igual a $ ________________. 
Analisando as transferências de custos da empresa, verifica-se que os gastos com materiais 
diretos são incorporados à conta de produtos em processo, em que são agregados gastos com mão-de-
obra direta e demais custos indiretos de fabricação. Os gastos agregados aos produtos em processo são 
genericamente denominados de custo fabril. Na Figura 2.1, que ilustra a contabilização por meio de 
razonetes, o custo fabril é representado pelas transações d, e e f. 
 
Fornecedores Salários e encargos a pagar Contas a pagar 
 a b c 
 
MD MOD CIF 
a d b e c f 
 
Produtos em processo Produtos acabados CPV 
d g g h h 
e 
f 
Figura 2.1 Contabilização de materiais diretos em razonetes 
 
Quando os produtos em processo são finalizados, são, assim como seus custos, transferidos para a conta 
de produtos elaborados. Quando os produtos elaborados são vendidos, deixam o Balanço Patrimonial, onde 
figuravam como Estoques de Produtos Acabados, e passam a fazer parte da conta Custo dos Produtos Vendidos 
(CPV), presente no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE). 
Outra forma didática2 de representar a movimentação dos custos da empresa pode ser vista na Figura 
2.2. Por meio das três caixas apresentadas como Materiais Diretos, Produtos em Processo e Produtos Acabados, 
pode-se perceber o processo de migração dos custos mediante diferentes grupos de contas contábeis. 
 
Material Direto Produtos em processo Produtos Acabados 
Compras Custos incorridos (fabril) 
 (+) Custos com materiais diretos Custos de Produtos em processo 
(+) Estoque inicial (+) Estoque inicial = (+) Estoque inicial 
(-) Estoque final (-) Estoque final = (-) Estoque final 
Custos com materiais diretos (=) Custos Produtos em processo Custos dos Produtos vendidos (CPV) 
Figura 2.2 Interpretação das transferências de custos. 
 
 
Exemplo 2.2: 
Para controlar seus custos incorridos, uma empresa apurou que suas compras de materiais diretos haviam sido iguais a $ 
800,00, para um estoque inicial igual a $ 200,00 e um estoque final igual a $ 150,00. O custo com materiais diretos encontra-
se representado no primeiro quadro da Figura 2.2. 
Aos custos com materiais diretos transferidos para a conta de produtos em processo foram agregados mais alguns 
gastos, presentes no custo fabril e no valor de $ 1.150,00. A conta de produtos em processo apresentava um saldo inicial no 
valor de $ 300,00 e um saldo final no valor de $ 350,00. O valor dos custos com produtos em processo, finalizados são 
transferidos para a conta de produtos acabados. A conta de estoques de produtos acabados possuía um saldo inicial no valor 
de $ 600,00 e um saldo final igual a $ 300,00. Após serem computados os valores recebidos da conta Produtos em Processo. 
Qual é o Custo dos Produtos Vendidos da empresa (CPV)? 
Material Direto Produtos em processo Produtos Acabados 
Compras Custos incorridos (fabril) 
 (+) Custos com materiais diretos 
 
 
Custos de Produtos em 
processo 
(+) Estoque inicial (+) Estoque inicial = (+) Estoque inicial 
(-) Estoque final (-) Estoque final = (-) Estoque final 
Custos com materiais diretos (=) Custos de Produtos em processo 
 
 
Custos dos Produtos 
vendidos 
 
2 Embora estudiosos com formação contábil prefiram usar os razonetes na escrituração e acumulação dos custos, pessoas com formação mais 
genérica podem ter certa dificuldade no uso dos razonetes. Como o objetivo deste seção consiste em ilustrar o processo da gestão de 
custos e formação de preços, os autores optaram por evitar a escrituração em razonetes. 
 18 
2.3 Critérios Para a Avaliação de Estoques 
Os principais critérios de avaliação de materiais diretos adquiridos com custos diferentes 
envolvem, basicamente, o emprego de três critérios distintos: 
 Ueps: último a entrar, primeiro a sair, ou, em inglês, Lifo, last in, first out. O custo a ser 
contabilizado em decorrência de consumo no processo produtivo é feito "da frente para 
trás". São baixados, em primeiro lugar, os materiais diretos adquiridos mais recentemente 
e, depois, os mais antigos, nesta ordem. A legislação fiscal brasileira não permite o 
emprego desse critério em decorrência da "antecipação" dos benefícios fiscais, decorrentes 
do cálculo de custos maiores, especialmente em épocas de altas taxas de inflação; 
 Peps: primeiro a entrar, primeiro a sair, ou, em inglês, Fifo, first in, first out. O custo a 
ser contabilizado em decorrência de consumo no processo produtivo é feito "de trás para a 
frente". São baixados, em primeiro lugar, os materiais diretos adquiridos há mais tempo e, 
depois, os mais novos, nesta ordem; 
 Custo Médio Ponderado: pode ser móvel ou fixo. O custo a ser contabilizado representa 
uma média dos custos de aquisição. 
 
Exemplo 2.3: 
Um exemplo do emprego dos diferentes métodos pode ser visto por meio das operações mercantis da Comercial 
Eletrônicos da Hora Ltda. 
 No dia 3-9, ao verificar que seu estoque de impressoras era nulo, a empresa resolveu comprar quatro unidades, 
a um custo unitário igual a $ 400,00. 
 Posteriormente, no dia 12-9, prevendo uma grande demanda para o produto, efetuou uma compra adicional de 
três unidades no valor de $ 500,00. 
 Em 19-9, um grande cliente efetuou a compra de seis impressoras, pagando $ 700,00 por cada uma. 
Se o critério empregado pela empresa fosse o Peps, a movimentação de estoques poderia ser feita de acordo com 
a Ficha de Controle de Estoques apresentada a seguir. 
Critério Peps 
Peps Entradas Saídas Saldo 
Data Quantidade 
Valor 
unitário Subtotal Quantidade 
Valor 
unitário Subtotal Quantidade 
Valor 
unitário Subtotal 
2/set 0,00 
3/set 4 400,00 1.600,00 4 400,00 1.600,00 
12/set 3 500,00 1.500,00 4 400,00 1.600,00 
 3 500,00 1.500,00 
 7 3.100,00 
19/set 4 400,00 1.600,00 1 500,00 500,00 
 2 500,00 1.000,00 
 6 ? 2.600,00 
 
Segundo os critérios Peps ou Ueps, os estoques precisam ser controlados

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