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Educação alimentar

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E A RELAÇÃO COM 
O RENDIMENTO ESCOLAR 
 
 
Alunos: Rogerio Luiz Vidor Dalpiaz 
Professora – Luciana Fofonka 
Centro Universitário Leonardo da Vinci-UNIASSELVI 
Ciências Biológicas (Bid 0195) - Prática Módulo IV 
20/01/2014 
 
RESUMO 
 
A nutrição é assunto de interesse desde a década de quarenta onde contou com aspecto 
privilegiado passando ser estuda e visto de forma a mudar a sociedade de forma positiva 
melhorando o desenvolvimento social e educacional tendo como base a máxima “Somos o que 
Comemos”, nas décadas seguintes de cinquenta e sessenta foi associada os projetos nutricionais 
embora atrelados a interesses internacionais buscou a melhoria na nutrição da população, nos 
anos seguintes o interesse quase inexistia retornando com a Lei Federal 8 234/91, que instituiu a 
obrigatoriedade da educação nutricional na Faculdade de Nutrição, despertando assim o interesse 
dos pesquisadores onde obteve-se inúmeros avanços com o conhecimento dos agentes nutricionais 
contidos nos alimentos que interferem no comportamento e desempenho escolar, assim como o 
melhor entendimento social e cultural dos alimentos passando assim ao entendimento da 
necessidade de adequação regional das orientações nutricionais trazendo assim o assunto a 
realidade do grupo abordado melhorando consideravelmente os resultados obtidos, tanto pelos 
profissionais da nutrição como pelos educadores comprometidos em orientar os educandos na 
busca do melhor desempenho e qualidade de vida. 
 
Palavras-chave: Nutrição. Educação. Entendimento. Alimentos. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Vivemos em tempos que a mídia explora com muita propriedade o jovem com 
propagandas de bebidas, embutidos, salgadinhos e “fast foods”, alimentos ricos em sódio, 
açucares, gorduras saturadas entre tantos outros agentes debilitantes de nossa saúde, 
como todos já ouvimos falar em algum momento “somos o que comemos” partindo desse 
pressuposto começamos a entender o porquê de tantas pessoas apresentarem em 
 
 
idade tão tenra distúrbios hormonais, sobre peso e tantos outros males que podemos ligar 
aos distúrbios alimentares. 
 A escola enquanto instituição formadora do conhecimento tem a responsabilidade 
de orientar os jovens dos malefícios de uma alimentação desregrada e orientar o modo 
correto de se alimentar e deixamos claro que comer bem não é o mesmo que comer sem 
sabor, com falta de sal ou deixar de comer doces, uma dieta balanceada é composta de 
todos os alimentos da pirâmide alimentar que inclui massas açucares como veremos mais 
adiante. 
 
2. DESENVOLVIMENTO. 
2.1. Breve histórico da Educação Nutricional 
Educação Nutricional é uma disciplina que consta do currículo mínimo do curso 
de Nutrição, constitui atividade privativa do nutricionista segundo a Lei Federal 8 234/91 
que regulamenta a profissão de nutricionista e faz parte das ações deste profissional em 
todos os campos de atividade. No livro “Velhos e novos males da saúde no Brasil: a 
evolução do país e de suas doenças, publicado em 1995, a Educação Nutricional é 
apontada como estratégia de ação a ser adotada prioritariamente em saúde pública para 
conter o avanço da prevalência de doenças crônico-degenerativas. MONTEIRO et al. 
(1995) recomendam que se reserve “lugar de destaque a ações de educação em 
alimentação e nutrição que alcancem de modo eficaz todos os estratos econômicos da 
população”. 
No Brasil, o interesse pela Educação Nutricional surgiu nos anos quarenta, 
período em que gozou de status privilegiado e era vista como um dos pilares dos 
programas governamentais de proteção ao trabalhador. Ela nasceu com a perspectiva de 
ser uma alavanca que determinaria mudanças significativas nas condições de 
alimentação da população trabalhadora (CASTRO & PELIANO, 1985). 
Nas décadas de cinqüenta e sessenta, vimos a Educação Nutricional ligada às 
campanhas que visavam à introdução da soja na alimentação. Privilegiava-se o interesse 
econômico, por ser a soja um produto de exportação, em detrimento da preferência 
nacional pelo feijão. Nesse período a educação se voltava também para a utilização dos 
produtos obtidos mediante o convênio MEC/USAID (CASTRO & PELIANO, 1985). No 
pós-guerra, a United States Agency for International Development (USAID) implantou 
 
 
programas de ajuda alimentar internacional, mediante os quais o governo brasileiro se via 
na contingência de usar estratégias “educativas” para induzir alguns grupos da população 
a consumirem os alimentos fornecidos pelos programas. Na realidade, tais programas 
tinham como principal objetivo aliviar os excedentes agrícolas americanos a fim de manter 
o preço dos cereais no mercado internacional, e a Educação Nutricional foi chamada a 
intervir visando induzir a população a efetivamente consumir aquilo que legitimaria o 
recebimento desta ajuda externa. 
Durante a década de sessenta, as publicações no Brasil sobre o assunto 
ficaram restritas a materiais de divulgação como folhetos ou livretos destinados ao 
público. Nessa época os Centros de Aprendizado Doméstico do Serviço Social da 
Indústria (SESI) já realizavam periodicamentecursos de educação alimentar, que existem 
até os dias de hoje. Dessa época, podemos nos recordar também dos manuais do 
Instituto de Nutrición de Centro America y Panamá (INCAP), que traziam textos didáticos 
relativos a alimentos específicos para serem utilizados por professores e auxiliares de 
Serviços de Saúde. Em 1967, foi fundada nos Estados Unidos, a Socieiy for Nutrition 
Education, que a partir de 1968 passou a publicar o Journal of Nutrition Education (BRUN 
& GILLESPIE, 1992). Após a instauração do regime militar em 1964, as políticas de 
alimentação no I e II Planos Nacionais de Desenvolvimento foram norteadas pelo 
pensamento técnico-científico. As medidas adotadas privilegiaram a suplementação 
alimentar, a racionalização do sistema produtor de alimentos e as atividades de combate 
às carências nutricionais específicas (L’ABBATE, 1989). O paradigma social foi 
substituído pelo paradigma técnico que procurou racionalizar as atividades de produção 
de alimentos e suplementação alimentar atribuindo exclusivamente aos técnicos que 
trabalhavam sob a égide do “Estado autoritário” em estreita colaboração com o setor 
produtivo, a decisão acerca dos programas sociais. À indústria de alimentos interessava-
se sobremaneira na pesquisa de tecnologias e produção de “novos alimentos” que o 
Estado se propunha a adquirir para distribuir nos programas de suplementação alimentar. 
Nesse contexto a Educação Nutricional começava a ser relegada a segundo plano. 
A década de setenta trouxe outras modificações nesse cenário. Trabalhos 
realizados por economistas (ALVES, 1977), e sobretudo o Estudo Nacional de Despesa 
Familiar (ENDEF), mostraram que o principal obstáculo à alimentação adequada era a 
renda, e que somente transformações estruturais no modelo econômico teriam 
efetivamente poder de resolutividade frente aos problemas alimentares. Em decorrência 
disso, como muito bem referem CASTRO & PELIANO (1985), o binômio 
 
 
alimentação/educação foi substituído pelo binômio alimentação/renda, e os programas 
de educação alimentar partem para o “exílio”. Nesse período chegou a prevalecer uma 
rejeição à Educação Nutricional, quando ela foi acusada de ser uma estratégia para 
ensinar o pobre “como apertar o cinto sem doer” e “comer cascas de batata, ratos ou 
outros alimentos disponíveis e de alto teor nutricional” (VALENTE, 1986), o que levou a 
Educação Nutricional a permanecer ausente dos programas de Saúde Pública durante 
duas décadas. Entretanto, ela continuou a existir na prática profissional dos nutricionistas, 
pois a necessidade de tratamento para várias enfermidades existe independentemente do 
modelo econômico, e para muitas delas a Dietoterapia é requerida como tratamento 
básico ou coadjuvante. Encontra-se referência à implantação de Serviços de Nutrição 
junto a ambulatórios (JORGE, 1983; TAKAHASHI & LIMA, 1983; CARVALHO, 1984; 
SILVA, 1984; CAMARGO & VEIGA, 1989; NAJAS et al., 1992; KITAYAMA et al., 1995), 
mas estes trabalhos raramente fazem referência específica a propostas educativas. As 
experiências documentadas sobre os programas e as atividades de Educação Nutricional 
no Brasil são em número exíguo e raríssimas as iniciativas junto aos Serviços de Saúde 
Pública. Hoje ela retorna ao cenário dos programas de Saúde Pública através da 
Coordenação de Orientação Alimentar do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição. 
Assim, frente às recomendações de respeitados técnicos para implementá-la 
no âmbito dos Serviços Públicos de Saúde, ao fato de que ela sempre esteve e continua 
presente na prática profissional dos nutricionistas e de que hoje ela de fato está inserida 
em um programa de governo, justifica-se proceder a uma análise crítica das concepções 
que nortearam as ações até o momento e lançar desafios para o futuro. 
 
 
 
2.2. Fundamentos da Educação Nutricional. 
 
A importância do intercâmbio de informações entre profissionais de saúde, 
educação e população onde cada indivíduo é considerado um ser autêntico, dotado de 
necessidades, valores próprios, origem e condições sociais específicas de vida. No 
decorrer do processo faz-se necessário provocar e despertar no indivíduo a sua 
capacidade de reflexão, análise e tomada de decisão para que se torne protagonista não 
apenas de sua saúde mas de sua condição de cidadão. 
 
 
Vasconcelos evidencia maneiras distintas e possíveis de se trabalhar com 
educação em saúde. Na abordagem tradicional ela pode ser considerada como uma 
maneira de fazer as pessoas mudarem algum comportamento prejudicial à saúde como 
se dependesse exclusivamente delas tais soluções. Segundo outra perspectiva, mas 
ainda tradicional, ela se baseia também na transmissão de conhecimentos para levar para 
a população a compreensão e as soluções corretas que os profissionais conscientizados, 
politizados e conhecedores da ciência já descobriram. Uma outra maneira de se abordar a 
educação em saúde identifica-se com a pedagogia de Paulo Freire: “educação baseada 
no diálogo, ou seja, na troca de saberes. Um intercâmbio entre o saber científico e o 
popular em que cada um deles tem muito a ensinar e aprender”. 
Segundo essa perspectiva educativa é necessário romper com métodos 
educativos centrados no exercício do poder sobre o outro, substituindo-o por métodos que 
valorizem o debate e as discussões de idéias, opiniões e conceitos com vistas à solução 
de problemas com o outro. Essa perspectiva considera os indivíduos e grupos 
socialmente desfavorecidos como cidadãos de direitos e busca contribuir para a 
emancipação humana por meio do desenvolvimento do pensamento crítico e do estímulo 
às ações que tenham como finalidade realizar a superação de situações de opressão. 
Segundo Pereira, “a educação e a saúde são espaços de produção e aplicação de 
saberes destinados ao desenvolvimento humano”. Este desenvolvimento humano pode 
ser conquistado através da pedagogia problematizadora proposta por Freire, a qual 
possibilita que o “educando”, através de problematizações de determinados contextos, 
possa refletir e encontrar soluções para seus problemas. Freire relata que “é através do 
diálogo é que se dá a verdadeira comunicação, onde os interlocutores são ativos e 
iguais”, isto é, participam nos processos de aprendizagem, contrapondo-se ao modelo 
educativo tradicional, onde o educando é apenas um receptor e o educador um detentor 
de conhecimentos. Para que ocorra o enriquecimento na troca de experiências, sugere-se 
que as práticas educacionais sejam realizadas com a finalidade de fortalecer as ações 
comunitárias. 
 “O trabalho coletivo objetiva oferecer aos usuários a oportunidade de 
redimensionar as dificuldades ao compartilhar dúvidas, sentimentos e 
conhecimentos”.(Filgueiras & Deslandes,1999) 
 
As práticas da educação em saúde na atualidade mesclam diferentes 
tendências. Aquelas que consideram o comportamento individual determinando 
exclusivamente a ocorrência de doenças mas também outras que vem possibilitando aos 
 
 
indivíduos uma ampliação do conhecimento popular a partir da tomada de consciência de 
seus contextos sociais e políticos maiores que impõem e determinam necessidades além 
do fortalecimento da capacidade de organização e autonomia desses indivíduos. O novo 
enfoque da educação em saúde, que considera o foco do processo educativo no sujeito, 
em seu contexto, contribuindo para o desenvolvimento de seu espírito crítico e ação 
transformadora na realidade, poderia sinalizar caminhos para as práticas de educação 
nutricional que fizessem avançar a simples transmissão do conhecimento técnico para 
chegar à construção de um caminho partilhado, dialógico, flexível e indagador de 
conhecimentos entre nutricionista e educando.Valente sistematizou, em seu trabalho, uma crítica severa às bases teóricas e à 
prática da educação nutricional tradicional e, ao mesmo tempo, lançou as bases para uma 
educação nutricional crítica e problematizadora, a qual parece ser efetivamente 
comprometida com a superação dos problemas alimentares. 
 
2.3. Educação Nutricional e Aspectos Culturais 
 
O alimento não pode mais ser visto somente como uma fonte de nutrição, pois 
possuindo a capacidade de desempenhar várias funções na sociedade humana, pode 
estar relacionado aos aspectos sociais, culturais, religiosos, econômicos, psicológicos, 
antropológicos, que influenciam nos hábitos alimentares dos indivíduos e grupos e que 
não deveriam ser desconsiderados em um processo de Educação Nutricional mais 
efetivo. 
A antropologia médica, ao conhecer as características dos grupos culturais 
diferentes, explica a causa das doenças, os tipos de tratamento que acreditam e a quem 
recorrem se ficam doentes, contribuindo então, para a recuperação da saúde dos 
indivíduos. Neste contexto, o nutricionista e educador compreendendo como cada cultura 
compõe o modo de transmitir os melhores hábitos alimentares, modo de preparação dos 
alimentos, ocasiões em que o grupo estará reunido para se alimentar, ordem dos pratos 
servidos durante uma refeição e maneira como os indivíduos comem, poderá incorporar 
essas informações às práticas de Educação Nutricional e considerar os hábitos 
alimentares, que demonstrem risco à saúde desses indivíduos. 
A alimentação representa a manifestação da organização social, a chave 
simbólica dos costumes, o registro do modo de pensar a corporalidade do mundo em 
qualquer sociedade. O Brasil, marcado pelas desigualdades sociais, atribui valores 
 
 
diferentes ao alimento, conforme as classes sociais. As pessoas com nível sócio-cultural 
mais elevado, nos dias de hoje, apresentam em sua alimentação uma nova característica, 
a de acrescentarem em suas refeições, alimentos mais leves, “lights”, diferente dos 
gostos bárbaros, da mesa “farta” que nos deparávamos no passado. 
Para as classes populares, o alimento já apresenta outro significado, temos 
uma mescla de valores simbólicos do passado e do presente, manutenção das 
características regionais e padrões sócio-culturais nas diversas instâncias do 
conhecimento tradicional. Os alimentos, para estas classes populares, são classificados 
em “fortes ou fracos” – conforme sua “sustança”; “pesados ou leves” – de acordo com o 
estado de saúde do indivíduo; “ricos ou pobres em vitaminas” – referentes à sua 
fortificação do organismo e benefícios à saúde. As observações do educador sobre os 
diversos elementos simbólicos dos alimentos facilitam a interpretação de conceitos 
construídos por diferentes sujeitos sociais, justificando seus hábitos alimentares e suas 
articulações concretas do cotidiano, enquanto estratégias de vida. 
Os tabus alimentares também devem ser considerados no processo de 
Educação Nutricional, porque simbolizam algo proibido e intocável e, estão ainda 
presentes nos costumes brasileiros, em decorrência de nossa organização cultural, 
permeada pela influência dos negros, índios e portugueses. Os alimentos apresentam 
significados diferentes a cada cultura e foram classificados por Helman dentro de cinco 
categorias: alimento versus não-alimento; alimento sagrado versus alimento profano; 
alimento quente versus alimento frio; alimento como remédio versus remédio como 
alimento; alimentos sociais, que merecem ser destacadas para percebermos, 
posteriormente, as consequências que podem trazer à saúde dos grupos culturais, além 
de muitas vezes poderem ser também classificados como tabus alimentares. 
Alimento versus não-alimento – cada cultura define quais as substâncias que 
serão comestíveis ou não, dentro do seu contexto, mesmo que os alimentos considerados 
como não-alimentos apresentem um ótimo valor nutricional. 
Alimento sagrado versus alimento profano – os alimentos que serão 
permitidos e proibidos, com base nas crenças religiosas dos diferentes grupos sociais. 
Alimento quente versus alimento frio – característica de muitos grupos 
culturais e sociais e com o significado de remédio para as doenças também classificadas 
como quentes ou frias. 
Alimento como remédio versus remédio como alimento – alguns alimentos 
podem ser utilizados como uma forma de medicação para determinadas doenças ou 
 
 
estados psicológicos, de acordo com crenças e valores de cada grupo social. Atualmente, 
já conhecemos vários alimentos com essa função, denominados como alimentos 
funcionais. Por outro lado, existem remédios, que podem ser considerados uma forma de 
alimento ou nutriente, quando ingeridos juntamente com as principais refeições, cujo 
efeito simbólico é de alimento. 
Alimentos sociais – alimentos que consumidos por um grupo de pessoas, 
dotados de valor simbólico representam status social, na medida em que a qualidade e 
quantidade da comida possam refletir o poder aquisitivo dos indivíduos. 
Portanto, o alimento possui duas conotações diferentes, em relação ao seu 
valor nutricional e cultural, podendo afetar a nutrição dos indivíduos de duas maneiras: 
excluindo nutrientes essenciais da alimentação, ou estimulando o consumo de 
determinados alimentos ou bebidas. Assim a partir dessas considerações, associamos a 
má nutrição de indivíduos aos fatores culturais, podendo manifestar-se através da 
subnutrição ou da supernutrição. Não se pode, contudo, atribuir exclusivamente a estes 
fatores a total responsabilidade na maior parte desses casos no mundo. Os importantes 
papéis culturais que os alimentos desempenham nas sociedades fazem parte das 
tentativas de modificar ou aperfeiçoar os hábitos alimentares dos 
indivíduos. 
 O comportamento alimentar também deve ser relevante no processo da 
Educação Nutricional, pois quando influenciado pelo aspecto psicológico, pode trazer 
consequências à saúde dos indivíduos 
Quando a Educação Nutricional é postulada meramente como uma consulta 
parcial do tratamento, de modo homogêneo, a-histórico, a-temporal, independente de 
grupos sociais, desconsiderando as questões mencionadas, ela se torna um saber técnico 
que não valoriza o sujeito. Não se questiona as causas e efeitos deste ou daquele 
alimento. Por outro lado, pensar a Educação Nutricional como um ato capaz de trabalhar 
questões intrínsecas aos antigos paladares e hábitos não parece de fato ser uma tarefa 
simples, mas levando em consideração todos os aspectos abordados anteriormente, 
tornará o processo de intervenção do educador mais eficiente. 
 
 
 
 
 
 
 
2.4. Necessidades Alimentares Brasileiras 
O avanço na ciência da alimentação e nutrição tem se tornado constante nos 
últimos anos. As novas descobertas sobre a relação entre a composição dos alimentos, 
consumo e saúde dos indivíduos contribuem para a elaboração de guias alimentares, com 
mensagens chaves relevantes sobre alimentação e promoção da saúde. Nota-se que a 
orientação sobre como deve ser uma alimentação saudável e equilibrada, que envolve 
quantidade e tipos de alimentos, muitas vezes se torna difícil e impraticável para a maioria 
das pessoas. Neste sentido, formas gráficas de distribuição dos alimentos mostram-se 
mais eficazes para uma melhor compreensão por parte da população sobre a distribuição 
mais adequada dos alimentos no contexto de alimentação saudável. Nos Estados Unidos 
foram testadas diversas fotos para demonstrar os alimentos, até que em 1992 foi adotada 
pelo United States Department of Agriculture (USDA), o formato de pirâmide. A Pirâmide 
Alimentar é um instrumento de orientação nutricional utilizado por profissionais para a 
promoçãode saúde e de hábitos alimentares saudáveis entre a população. 
No Brasil, Nutricionista e pesquisadora Dra. Sonia Tucunduva Philippi, do 
Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, propôs em 1999 a 
adaptação dessa pirâmide para a população brasileira, com alimentos típicos e do nosso 
hábito alimentar. Além disso, contém a quantidade de porções de cada grupo de 
alimentos que deve ser ingerida durante o dia e um valor energético médio de 2.500 kcal. 
Dados da última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do período de 2008 a 2009, 
indicaram que o excesso de peso em homens adultos aumentou consideravelmente nos 
últimos anos, passando de 18,5% em 2006 para 50,1% em 2010. Entre as mulheres, 
passou de 28,7% para 48% no mesmo período. Isso demonstra que há risco aumentado 
para o surgimento de Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNT) entre a população 
brasileira. 
Pensando nisso, o Ministério da Saúde, juntamente com a Dra. Sônia 
Tucunduva Philippi, propuseram uma readaptação da Pirâmide Alimentar Brasileira, com 
inclusão de alguns alimentos, como arroz integral, folhas verdes-escuras, castanha-do-
Brasil, entre outros, e com a redução do valor energético médio diário para 2.000 kcal, de 
forma a aproximá-la ainda mais da dieta e dos hábitos culturais do país. A nova Pirâmide 
Alimentar Brasileira também inclui recomendações gerais, como o fracionamento da dieta 
 
 
em 6 refeições diárias e o incentivo à prática de atividades físicas, com o objetivo da 
mudança de hábitos, da prática de atividade física e da saúde global dos indivíduos. 
Os alimentos incluídos em cada grupo alimentar readaptando a Pirâmide 
Alimentar Brasileira foram: 
- Grupo do arroz pão, massa, batata, mandioca: inclusão de arroz integral, pão 
de forma integral, pão francês integral, farinha integral, biscoito integral, aveia, quinoa e 
cereal tipo matinal; 
- Grupo das frutas: destaque para as frutas regionais como caju, goiaba, 
graviola e inclusão dos sucos e salada de frutas; 
- Grupo das verduras e legumes: inclusão das folhas verdes-escuras, repolho, 
abobrinha, berinjela, beterraba, brócolis, couve flor, cenoura com folhas e a salada com 
diferentes vegetais; 
- Grupo do leite, queijo e iogurte: maior visibilidade dos alimentos do grupo 
como fonte de riboflavina (B2) e principal fonte de cálcio na alimentação; 
- Grupo das carnes e ovos: destaque para os peixes do tipo salmão e sardinha 
e regionais e para os cortes mais magros e grelhados, frango sem pele e ovos; 
- Grupo dos feijões e oleaginosas: inclusão do feijão e da soja como 
preparações culinárias, do grão de bico e de oleaginosas como castanha-do-Brasil e 
castanha-de-caju; 
- Grupo dos óleos e gorduras: destaque para o azeite; 
- Grupo de açúcares e doces: inclusão d o chocolate e do açucareiro. 
 
 
 
 
2.5. Desempenho e a Alimentação. 
 
Há uma forte relação entre as carências alimentares e a classe sócio 
económica, mas esta relação não é absoluta. Alguns estudos têm sugerido que a 
insuficiência alimentar tem efeitos no desenvolvimento educacional e psico social, 
independentemente da ingestão nutricional e da classe sócio econômica, e que está 
significativamente e consistentemente associada a problemas de saúde e 
comportamentais, a menor funcionamento cognitivo, a menor assiduidade e a menor 
sucesso escolar. 
O maior determinante do desempenho escolar é a inteligência. Este 
componente, que pode ser medido pelo Quociente de Inteligência (QI), tem sido 
amplamente estudado há vários anos, tendo-se mostrado que a inteligência é influenciada 
tanto por fatores genéticos como por fatores ambientais. 
A evidência demonstra que numerosos genes no cromossoma X afetam a 
inteligência, e que as principais capacidades mentais (verbais, espaciais, velocidade e 
precisão de percepção e memória) têm grandes influências hereditárias, sugerindo 
inclusivamente uma associação positiva entre o QI da criança e o QI da mãe. 
 
 
A influência ambiental parece ser mais modesta, mas também tem um impacto 
significativo na inteligência. A desnutrição, além de interferir com a saúde em geral, 
interfere com os níveis de energia da criança e com a taxa de desenvolvimento motor e 
cerebral, pelo que o perímetro cefálico é a medida antropométrica mais sensível à 
subnutrição prolongada durante a infância e reflete o desenvolvimento cerebral. A 
subnutrição moderada pode mesmo ser suficiente para afetar negativamente o QI e os 
resultados académicos a longo prazo. O tamanho cerebral e a inteligência parecem estar 
relacionados positivamente, embora os fatores genéticos e ambientais possam também 
afetar esta relação. A pobreza e a privação são outros fatores ambientais que parecem 
estar negativamente associados à inteligência, exacerbando os efeitos negativos da 
desnutrição supracitados, especialmente quando as mães têm baixos níveis de 
escolaridade. O peso do bebe também parece associar-se positivamente e 
significativamente ao QI das crianças mas não parece explicar a variação de QI. 
As evidências sugerem fortemente que as deficiências nutricionais podem levar 
a problemas comportamentais, independentemente do ambiente social e de fatores 
psicológicos, pelo que, segundo estudos realizados em escolas que implementaram 
programas de alimentação escolar, a melhoria da ingestão nutricional das crianças parece 
resultar em benefícios bastante significativos no comportamento. 
Algumas crianças, mesmo de países industrializados, têm o seu 
comportamento afetado por carências nutricionais, predispondo-as a comportamentos 
anti-sociais, incluindo a indisciplina na sala de aula, a interação com os colegas e o seu 
bem-estar emocional, inclusivamente ao nível da ansiedade, depressão e motivação. 
Parece haver também uma relação entre a desnutrição e os comportamentos de 
exteriorização, como a agressividade, problemas de conduta e a hiperatividade. Todas 
estas relações devem-se possivelmente ao fato de as deficiências nutricionais poderem 
comprometer o funcionamento cognitivo que afeta o controle dos impulsos ou a 
capacidade de aprender com os erros. Por outro lado, o facto de as deficiências 
nutricionais poderem levar ao insucesso escolar, por si só aumenta o risco de desenvolver 
estes comportamentos. A omissão do café da manhã pode também ter efeitos negativos. 
Várias deficiências de nutrientes ou de combinações de nutrientes podem ter 
efeitos no comportamento. A deficiência em ferro é talvez a mais investigada e tem vindo 
a ser associada a problemas de aprendizagem e de comportamento, incluindo a 
hiperatividade. A deficiência em ácidos graxos poli-insaturados, também parece estar 
associada a violência, sendo que a sua suplementação, inclusive durante a gravidez e os 
 
 
primeiros anos de vida, diminui os níveis deste comportamento, efeito também 
conseguido com a suplementação de vitaminas e minerais. 
O pressuposto que o açúcar tem efeitos adversos no comportamento das 
crianças é frequente, mas não parece haver qualquer evidência de que o consumo de 
sacarose seja responsável por esses efeitos, embora se saiba que a tendência a 
desenvolver níveis baixos de glicose, não necessariamente hipoglicemicos, está 
associada a irritabilidade, violência e agressão e que uma melhor tolerância à glicose 
parece estar associada a melhor humor. Evidências sugerem que algumas crianças 
tenham intolerâncias alimentares sub-clínicas, inclusivamente a alguns aditivos, como a 
tartrazina e o conservante benzoato de sódio, que resultam em problemas 
comportamentais. Os aditivos alimentares têm sido bastante investigados no sentido de 
se detectarem os seus efeitos no comportamento das crianças. 
 
 
3 CONSIDERAÇÕESFINAIS 
 
A educação alimentar embora muitas vezes relegada a segundo plano ou seja 
possui pouca importância na educação, constatei após estudos diversos a grande 
importância da disciplina que deve ser trabalhada exaustivamente não apenas nas 
cadeiras de ciências mas de forma horizontal, integrando assim o cotidiano educacional e 
em detrimento desta consciência nutricional despertada nos jovens obteremos resultados 
em diversas áreas como uma melhor socialização dos alunos, maior atenção em sala de 
aula e o melhor rendimento escolar. 
Como educadores devemos atentar sempre para o universo do educando 
adequando e dirigindo os conhecimentos de forma a complementar e enquadrar dentro da 
realidade cultural do grupo, deixando assim a educação nutricional deixando de ser uma 
matéria distante para integrar o cotidiano dos alunos, familiares e amigos do grupo 
resultando assim a melhoria de vida da comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
A NOVA PIRAMIDE ALIMENTAR PARA OS BRASIELIROS, UNILEVER HEALTH 
INSTITUTE, http://www.unileverhealthinstitute.com.br/dica/a-nova-piramide-alimentar-
para-os-brasileiros, visto em 17∕01∕2014 
 
CAMOSSA, Ana Cristina do Amaral, EDUCAÇÃO NUTRICIONAL: UMA ÁREA EM 
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