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Religião e Festas Populares-(resumo)

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Religião e Festas Populares 
Quando entendemos que as manifestações da fé e da crença em coisas do divino podem ser expressas, ou melhor, dizendo, podem ser divididas, dicotomizadas em “religiosidade” e “religião”, e, mais ainda, quando resulta dessa dicotomização, uma definição que as amparem, atribuindo a primeira um sentido mais popular, pois, “Via de regra, quando falamos de religiosidade, subtraímos desta expressão o atributo popular, porque naturalmente cremos que religiosidade, ou no plural, religiosidades, é um vocábulo que se refere, ele próprio, ao que vêm do povo, que pode evocar manifestações ligadas ao sagrado, suas práticas de cura, devoção a santos ou festas de rua, por oposição ao que é oficial, ao que vem da Igreja.” e a segunda, um sentido mais erudito, intelectualizado, mais verossímil e incontestável, mais oficial, mais genuíno e, portanto, mais original “Se falamos, por contrário, em religião, entendemos que não se trata especificamente do que é popular, mas estaremos falando da hierarquia eclesiástica, dos dogmas e prescrições de uma instituição. Então, não raro, estabelecemos a bipolaridade dos opostos: religião e religiosidade.” (Extraído da página http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv1n2/09-HISTORIA-01.pdf), estaremos, com essa distinção, abrindo as portas para uma questão de suma importância sobre o verdadeiro papel da Igreja nos meios sociais, qual seja, até onde há verdade no seu dizer de que sua relação, seu papel maior é a intermediação entre o divino e o povo, entre o divino e o humilde? Soa no mínimo contraditório, professar uma coisa e pregar outra, posto que “Para a Igreja Católica a religiosidade popular é considerada como inculturação ou enraizamento da religião na cultura local.” (Extraído pg. 1 do texto origem) e “Segundo Isambert (1982: 37), Jean Séguy acrescenta que a religião popular é qualificada de superstição, por conter elementos que as autoridades religiosas julgam heterogêneos em relação ao sistema no qual elas se apoiam.” (Extraído pg. 9 do texto origem). Se a Igreja olha seus dogmas de uma maneira diferente daquela que é entendida popularmente, inclusive não acolhendo o sincretismo de que a religiosidade católica se reveste por considera-lo heterogêneo, evidencia certo preconceito contra aqueles mesmos que quer trazer para junto de si a título de proteção contra os males do mundo e sob a proteção também do divino uma vez que se diz ser seu representante. Poder-se-ia comparar ser uma vivência, então, semelhante àquela que existia entre o feudo e os senhores feudais. Aliás, o comportamento do clero em sua esfera mais alta é muito distante da pregação de suas ideias do catolicismo, humanistas e cristãs. De cristianismo tem muito pouco as atitudes e comportamentos dos bispos, arcebispos e outros “ispos” que escrevem e mandam praticar...mas, longe deles. A mistura e vivencia com a plebe fica por conta dos padres e das igrejas mais abaixo na hierarquia como as paróquias interioranas. Quanto aos festejos populares é difícil lembrar qual deles não é de cunho religioso, mas também é muito difícil, hoje em dia, apreciar nessas festas a “religiosidade” ou “religião” autenticada pela fé e pela comunhão com o divino. Há, sem duvida, o aspecto da historicidade do seu surgimento, mas quando se trata de apreciar a conservação dessa origem, ou seja, dos fatores que as trouxeram à tona no espaço cultural popular e sentir a preservação dos costumes que lhe deram origem, não os encontramos mais. O que lhes substituíram são hoje as grandes bandas que proporcionam shows musicais e cantorias mais modernas que aquelas que eram cantadas em louvor ao divino e ao sagrado. Chamam a isso de “processo de modernização do culto ao sagrado”, assim como fizeram as igrejas das religiões pentecostais, de primeira instancia, e logo seguidas pelas igrejas católicas quando deram guarida aos cantores e padres cantores de musicas gospel, tornando-os verdadeiros mensageiros da palavra de Deus através de suas musicas intoxicantes de lirismo divino e sagrado. Na verdade fez surgir um mercado milionário da indústria musical e fonográfica, bem como novos milionários do show business da fé e, infelizmente, um novo tipo de ópio para o povo degustar, viciar e consumir. Conjuntamente, a grande expectativa nessas ocasiões é o divertimento, o extravasamento da comunidade que ali se reúne; os encontros querendo pela amizade ou pela possibilidade de algo mais “amoroso”, enfim “Segundo Durkheim (1989: 456): a própria ideia de cerimônia religiosa de alguma importância, desperta naturalmente a ideia de festa. Inversamente, toda festa, apresenta determinadas características de cerimônia religiosa, pois em todos os casos, tem como efeito aproximar os indivíduos, colocar em movimento as massas e suscitar assim um estado de efervescência, às vezes até de delírio que não deixa de ter parentesco com o estado religioso. O homem é transportado para fora de si mesmo, distraído de suas ocupações e de suas preocupações ordinárias. Assim, de ambas as partes observam-se as mesmas manifestações: gritos, canto, musica, movimentos violentos, danças, procura de excitantes que restaurem o nível vital, etc. Observou-se muitas vezes que as festas populares levam a excessos, fazem perder de vista o limite que separa o lícito do ilícito, o mesmo se dá com as cerimônias religiosas que determinam uma necessidade de violar as regras normalmente mais respeitadas.” (Extraído pg. 3 do texto origem). Cabe ainda, ressaltar outro aspecto das festas populares de cunho religioso que, como já dissemos, de há muito deixou de ser, que é sua característica de “atração turística” e, portanto, geradora de recursos financeiros tanto para quem as promove quanto para quem dela participa como coadjuvante nesse processo de “folclorização financeira do sagrado”. E, não há como não considerar o aspecto político de que as mesmas se revestem no curso desse processo de particularização desses eventos. Eis um trecho onde se configura a opinião do medievalista francês Jacques Heers (1987:11) quando afirma “que a festa “apresenta-se também como o reflexo duma sociedade e de intenções políticas”. Considera ser fácil conceber, o prestígio que recai sobre aquele que oferece jogos e festas. Indica como outra consequência da festa, (id.: 17) “a exaltação da situação e dos valores, ainda mais das influências, dos privilégios e dos poderes, tudo reforçado pela exibição do luxo e pela distribuição de benesses.” Afirma em síntese: “A festa pública exalta os poderes, a festa “privada” reforça as clientelas e as audiências sociais. “Não são nem jogos nem meros espetáculos, mas sim forças que pesam muito nos equilíbrios ou nas hierarquias, elementos decisivos para forjar ou conservar reputações (Heers, 1987: 18).” (Extraído pg. 5 do texto origem). A evolução do tempo, das culturas populares, dos pensamentos sobre questões consideradas, antes, de cunho religioso e sagradas, invioláveis, imutáveis no seu conteúdo, faz com que tais conceitos venham a cair por terra e perder prestígio e mistério e poder, dando lugar a um trivialismo daquilo que, em tempos idos, era respeitado pelo significado de fé e crença de que era concebido e venerado. Alegria! Alegria! é o que importa. Esses aspectos não são abordados e nem considerados no texto original, preferindo seu autor ficar nas explanações mais subjetivas do significado de festas religiosas e populares e abordando com mais ênfase, ainda, os significados de religião e religiosidade e do sincretismo religioso. As diferenças apontadas entre os significados de religião e religiosidade culminam todas em afirmar o elitismo de uma, a religião, em detrimento da outra, a religiosidade. Ou, religião é da elite, do intelectual, das classes mais privilegiadas e abastadas, subentendendo-se aí, como sendo aquelas pessoas que formam um todo que possui o conhecimento mais seguro, firme e correto daquilo que se configura como coisas do divino, do sagrado. São os que estão, segundo suas próprias opiniões, mais próximos daverdade de Deus, de seu entendimento e das Suas Graças. Contrapondo-se, vem a religiosidade que é o conhecimento pertencente às classes menos favorecidas e menos intelectualizadas, subalterna, dependente, ignorante dos caminhos verdadeiros que levam à Graça Divina e que por isso, misturam conceitos e realidades de outras religiões até mesmo por sentirem a necessidade dessa mistura como uma forma de humildade perante as coisas divinas, ou seja, porque separar aquilo que é existente de Deus e sobre Deus no mundo que é de um só Deus? Melhor seria, ou será, compreende-las, entende-las, compará-las e quiça, ou porque não, absorve-las, lapidá-las e agregá-las aos conteúdos já existentes sobre o que é religião e sua função no mundo. A Igreja católica e, de uma forma generalizada, todas as religiões ditas de igreja, pretendem assegurar a pureza de sua constituição. Apenas ideologicamente isso seria possível, uma vez que a pureza é inexistente na realidade. Que há de existente no Universo que não seja “vindo de”? “misturado a”? “resultante de”? e que não seja o próprio Deus? Todas as religiões e religiosidades, podemos dizer, vem de uma única e real necessidade, mas não de uma verdade única e pura origem. E porque deveria ser assim se a multiplicidade é o que marca nossa existência? Se é pelo múltiplo que procuramos o Uno? Se é pelo múltiplo que nos convencemos da necessidade de nos tornarmos Um com Ele? A multiplicidade é marca e presença de riqueza, de fartura no conteúdo daquilo que se pretende. É o que possibilita a escolha e só podemos escolher no múltiplo quando então conhecemos o Todo que o forma e do qual faz parte. O múltiplo é sinônimo de liberdade de existir e do ser e do não ser. O múltiplo é que nos dá certeza da existência do Único, do Essencial, do Simples, da Escolha, da Liberdade, de Deus. Portanto, se considerarmos sincretismo como sendo mistura sem se importar que seja apenas no campo religioso, veremos que sua essência é altamente benéfica e porque não o seria na religião?

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