Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PREFÁCIO Patologia Animal oferece a oportunidade aos alunos de Medicia Veterinária um estudo simplificado e elaborado com o intuito de promover o aprendizado. Identificar e reconhecer as lesões durante o ato de necropsiar torna-se uma tarefa agradável desde que não he falte os recursos básicos de quem conhece e sabe o que faz. Patologia é o estudo das lesões e estas representam as diferentes enfermidades. Quanto mais se conhece uma doença, mais fácil se torna seu controle. Neste livro estão traçadas as diretrizes para se chegar a um diagnóstico pos mortem com a segurança de quem precisa dar uma resposta aos colegas e a sociedade. Neste momento em que o autor comemora 40 anos de dedicação ao oficio da Patologia, aumenta o desejo de colaborar quando o assunto é necropsia. Cada vez que se vê detalhadamente o morto, mais se tem certeza dos valores que representam os processos vitais: quanto mais se conhece o morto, mais se intende o vivo. Didaticamente, a Patologia está dividida em Geral e Especial. A primeira estuda as lesõs, suas origens, patogenia e consequências. A outra estuda as lesões inseridas nos órgãos dos diferentes sistemas, fazendo uma correlação com os sinais clínicos oriundos de cada doença. O reconhecimento da técnica e o estudo da necropsia, é o principal argumento da patologia. Toda necropsia deve ser realizada em sua plenitude. Este livro tem o prazer de dedicar a todos os meus ex alunos, pois foram eles que contribuíram para que me tornasse autor deste. Uma vez que tudo que escrevi foi pensando neles AGRADECIMENTO Agradeço aos colegas que diretamente contribuíram para o aprimoramento deste livro: Tatiane Furtado Carvalho (Doutoranda em Patologia na UFMG), Claudio Henrique Barbosa (Prof. de Ornitopatologia e Farmacologia na UNIUBE), Hélio Alberto (Farmacêutico e Técnico em Patologia), Laryssa Costa Rezende (Médica Veterinária Residente em Patologia no HVU), Artur Queiroz Fernandes (Técnico em Anatomia), Raul Moraes Nolasco (Prof. de Semiologia, Clínica Médica de Grandes Animais e Toxicologia) e ao Cayque Emmanuel de Oliveira (Médico Veterinário Residente em Patologia no HVU) que revisou e organizou todo conteúdo, confeccionou a arte da capa por meio de caricaturas elaboradas por Marilda Coelho (minha esposa), além de ceder inúmeras figuras que enriqueceram esta obra. Meus agradecimentos a esses colegas que convivem dia a dia comigo. É uma família: rimos, brincamos, cantamos, lecionamos, necropsiamos e encontramos tempo para quase tudo. Aqui no laboratório de Patologia o serviço é sujo e pesado, mas não falta amor EXTERNO MINHA GRATIDÃO A TODOS! DEDICATÓRIA Com a chegada das três netas, quase que ao mesmo tempo, nossa casa virou a casa das sete mulheres: Marilda (esposa), Lígia, Aline, Mayara (filhas) e as três. Por um tempo esperei um filho, não veio, depois passei a esperar um neto e este demorou. De repente chegou o João, uma simpatia de pessoa. Se você quiser saber do que gosto de comer, pergunte a ele, temos os mesmos gostos. Voltei a jogar futebol para jogar com ele; assim me rejuveneci: pela força do amor que une nossa descendência. Ver os netos crescerem saudáveis é ter a certeza de um futuro promissor da semente que um dia plantamos. DEDICO AOS MEUS NETOS: Sophia Coelho Naves Luiza Coelho Magalhães Catarina Coelho Ribeiro Junqueira João Naves de Ávila Neto PREFÁCIO Patologia veterinária é um livro que apresenta uma proposta clara, ao tornar simples a difícil tarefa de estudar patologia. Nele eu coloco tada a minha didática, que aprendi durante esses 40 anos de labor, em prol do aluno e da profissão. Procuro melhorar a relação ensino e aprendizado e empreender amor e a arte na busca de um objetivo comum: o conhecimento. Nada é mais sagrado diante do criador e sua criação que o saber. Ele supera quase tudo, nos liberta, não angustia e nos faz felizes. Não tenho a pretensão de resolver todas as questões de patologia, mas coloco a disposição com afeto e sem rodeios, os horizontes de um conhecimento que lhe permitirá o raciocínio seguro, para galgar novos desafios em favor da Medicina Veterinária. O professo não pode estar de um lado e o aluno do outro. Ao contrario, estamos do mesmo lado, temos os mesmos desejos, as mesmas desventuras, as mesmas paixões. Todos querendo ser felizes. E por que não são? Não nasci pra sofre e não tenho direito de fazer o outro sofrer! Aprender patologia não pode ser um sacrifício. Deve ser um prazer. Bom estudo. O Autor BIOGRAFIA HUMBERTO EUSTÁQUIO COELHO Nasceu em Tupaciguara em 1951; Médico Veterinário pela Universidade Federal de Uberlandia – UFU; Mestre pela Universidade Federal de Minas Grais – UFMG; Doutor pela Universidade de São Paulo – USP; Ingressou na Universidade Federal de Uberlandia em 1976 como: Professor de Patologia Geral; Professor de Patologia Especial; Professor de Ornitopatologia; Entre os anos de 1976 a 2003 ocupou os seguintes cargos: Gerente de compras; Coordenador do curso de Medicina Veterinária; Coordenador do programa de Residencia em Medicina Veterinaria; Diretor do Hospital Veterinário; Diretor das Fazendas Experimentais; Diretor da FUNDAP – Fundação Desenvolvimento Agropecuário; Presidente do comitê de ética e pesquisa; Pró Reitor de Pesquisa e Pós Graduação; Responsável Técnico pela Avicultura; Durante 08 anos ministrou as disciplinas de Patologia na AGROPLAC Brasilia – DF (1999- 2007); Desde 1999 ministra as disciplinas de Patologia Geral, Especial e Ornitopatologia na UNIUBE – Universidade de Uberaba; Professor de Pós Graduação na UFU no programa saúde Animal, durante 7 anos, orientando 3 dissertações de Mestrado; Professor no Prorama de Pós Graduação da UNIUBE com 3 orientados já concluído o Mestrado; Professor no Instituto Qualittas de Pós Graduação desde 2006, onde orientou cerca de 32 monografias; e ministra a disciplina de Patologia dos principais animais de abate, no curso HIPOA: Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal; Publicou 413 trabalhos científicos em revistas, periódicos e anais de congresso; Autor dos seguintes livros: Patologia Geral (Editado pelp laboratório Valée); Patologia Geral 2ª Edição; Patologia Especial; Patologia Veterinária (Editado pela Manole/S.A.); Patologia das Aves (Editado pela TECMED/SP); Patologia Veterinária – Online; Aventurar (Autobiografia) Presidente da Associação dos Médicos Veterinários de Uberlândia e Região (1987 – 1999); Vice Presidente da assiciação de Milho e Sorgo/ EMBRAPA (1998 – 2000); Presidente do Congresso Brasileiro de Milho e Sorgo/ EMBRAPA. Ano 2000; Proferiu aula Magna de Medicina Veterinária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Urutaí – GO em 2014; Diretor Executivo do Instituto de Estudos Avançados “José Caetano Borges” Desde 2013; Presidente do conselho deliberativo do Instituto de Estudos Avançados “José Caetano Bores” Desde 2013; Diretor do Hospital Veterinário de Uberaba desde 2013; Membro do Colégio Brasileiro de Patologia Animal; 1 PATOLOGIA VETERINÁRIA. . . . . . . . . . INTRODUÇÃO Patologia é o estudo pormenorizado das alterações que constituem as enfermidades. O estudo é feito macro e microscopicamente nas alterações que chamamos de lesões. Estas são os sinais deixados durante o curso de uma doença. As enfermidades são caracterizadas pela associação das lesões que se manifestam de acordo com a intensidade do agente etiológico, patogenicidade, e resistência adquirida, durante a vida. O termo patologia abrange todos os seresvivos: humanos (patologia humana), animais (patologia animal) e vegetais (fitopatologia). Patologia animal é subdividida em geral e especial: a primeira estuda as lesões nos órgãos independentes dos sistemas (alterações post-mortem, alterações do desenvolvimento, alterações regressivas, alterações circulatórias, alterações inflamatórias e alterações progressivas). Uma alteração post-mortem ou de qualquer natureza, será estudada por si só, não importa o seu desdobramento (exemplo: hipoplasia de um órgão é o desenvolvimento incompleto do mesmo; agenesia é a ausência de formação de um determinado órgão). Patologia especial é a aplicação de todo conhecimento das alterações estudadas nos órgãos envolvendo os sistemas e aparelhos. Desta forma, todas as alterações post-mortem, congênitas, regressivas, circulatória, inflamatórias e progressivas, serão analisadas dentro de cada sistema e aparelho, assim sendo: dentro do sistema cardiovascular estudam-se as alterações, no coração e vasos sangüíneos (exemplo: agenesia do coração é chamada acardia; quais são suas implicações; qual é a correlação clínicopatológica?). Resumidamente, patologia especial é a aplicação de toda patologia geral dentro dos diferentes sistemas (cardiovascular, respiratório, digestório, fígado, pâncreas, peritônio, nervoso central, urinário, hemocitopoiético, locomotor, glândula mamária e outros). Este livro não contempla todos os sistemas, achamos que alguns são tão específicos, que já estão detalhados em suas especialidades como é o caso do sistema genital masculino e feminino. Procuramos enfatizar, sempre quando possível à correlação clínicopatológica. Ela é a forma de ver o morto e entender o vivo. Penso que podemos dissecar o vivo sem ao menos por lhe as mãos, basta saber interpretar suas reações para poder entender o que se passa no organismo. Somos guardiões da saúde animal e para isso temos que ter competência. Para ter competência é preciso conhecimento e isto se adquire estudando. Não devemos concentrar nossos esforços em um só 2 PATOLOGIA VETERINÁRIA. . . . . . . . . . ponto, é preciso ver o conjunto. Por isso, comece estudando anatomia, histologia, fisiologia, bioquímica, imunologia, patologia e quando chegares à clínica me dará razão (COELHO, H.E.). BIBLIOGRAFIA BACHA JR, W. J; BACHA, L. M. Atlas colorido de histologia veterinária. 2ª edição, Roca, São Paulo, 2003, 457p. CHEVILLE, N. F. Introdução à Patologia Veterinária. Ed. Manole Ltda, São Paulo, 1993. 556p. COELHO, H. E. Patologia Geral Veterinária. 2ª ed. Gráfica Impresso, Uberlândia, 2000. 150 p. DUKES, A. H. H. Fisiologia dos Animais Domésticos, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1984. 799 p. GARCIA, J. G.; ALVAREZ, R. G. Anatomia Comparada de Los Animales Domésticos. 7ª ed., Canales, Madrid, 1961. HAM, A. W. Histologia, 6ª ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1972, 990 p. JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER, N. Pathology of Domestic Animals. Fourth Edition, Academic Press, Inc. San Diego, 1993, v. 1, 2, 3. MOULTON, J. E. Tumores in Domestic Animals. Third Edition, University of California Press, Berkeley, 762 p., 1990. NIEBERLE, K.; COHRS, P. Anatomia Patológica Especial dos Animais Domésticos. Fundação Calonste Guebenkian, Lisboa, Vol. 1 e 2, 1974. PIRES, M. A; TRAVASSOS, F. S; GARTNER, F. Atlas de patologia veterinária biopatologia. Lidel, Lisboa Porto, Porgugal. 2004, 195p. SANTOS, J. A. Patologia Especial dos Animais Domésticos. 2ª ed., Interamericana, Rio de Janeiro, 1979, 576 p. SILVEIRA, D.; SOBESTIANSKY, J. Técnica de Necrópsia em Suínos. Coleta e Remessa de Material para Laboratório. Copyright, Goiânia, 1997, 81 p. THONSON, R. E. Patologia Geral Veterinária. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1983, 412 p. THONSON, R. E. Patologia Veterinária Especial. Ed. Manole Ltda. São Paulo, 1990, 753 p. VAN DIJK, J. E; GRUYS, E; MOUWEN, J. M. V. M. Atlas colorido de patologia veterinária. Tradução da 2ª edição. Saunders Elsevier ltda, Rj, Brasil. 2007. 200p. VASCONCELOS, A. C. Necrópsia e remessa de material para laboratório em Medicina Veterinária. 2ª ed. Teresina, Universidade Federal do Piauí: 1987. 81 p. - PATOLOGIA GERAL - CONCEITOS .................................................................................................................................................... 3 NECROPSIA ................................................................................................................................................... 4 ALTERAÇÕES POST-MORTEM ................................................................................................................ 9 ALTERAÇÕES REGRESSIVAS ................................................................................................................. 13 ATERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 13 ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS .................................................................................................................. 18 DISTURBIOS DO METABOLISMO CELULAR ..................................................................................... 19 DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS ....................................................................... 19 DISTÚRBIO DO METABOLISMO DOS LÍPIDES ................................................................................ 29 DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DOS CARBOHIDRATOS .......................................................... 33 DISTÚRBIOS DO METABOLISMO MINERAL .................................................................................... 36 DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DOS PIGMENTOS ...................................................................... 43 NECROSE ..................................................................................................................................................... 54 APOPTOSE .................................................................................................................................................. 59 GANGRENA ................................................................................................................................................. 59 ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS ........................................................................................................... 63 INFLAMAÇÃO ............................................................................................................................................. 77 GRANULOMA ............................................................................................................................................. 92 TUBERCULOSE .......................................................................................................................................... 97 ALTERAÇÕES PROGRESSIVAS .............................................................................................................. 99 NEOPLASIA .............................................................................................................................................. 101 -PATOLOGIA ESPECIAL- SISTEMA CARDIOVASCULAR ............................................................................................................. 112 CORAÇÃO ................................................................................................................................................... 112 PERICÁRDIO ............................................................................................................................................. 117 MIOCÁRDIO .............................................................................................................................................. 123ENDOCÁRDIO ........................................................................................................................................... 126 ARTÉRIAS .................................................................................................................................................. 130 VEIAS ........................................................................................................................................................... 134 NA PRÁTICA: ............................................................................................................................................ 137 SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................................................................................................... 141 CAVIDADES NASAIS .............................................................................................................................. 141 SEIOS PARANASAIS ............................................................................................................................... 147 LARINGE .................................................................................................................................................... 147 TRAQUÉIA ................................................................................................................................................. 150 BRÔNQUIOS .............................................................................................................................................. 153 PULMÃO ..................................................................................................................................................... 155 PLEURA ...................................................................................................................................................... 164 SACOS AREOS E OSSOS PNEUMÁTICOS DAS AVES ................................................................... 166 NA PRÁTICA ............................................................................................................................................. 169 APARELHO DIGESTÓRIO .................................................................................................................... 173 CAVIDADE BUCAL .................................................................................................................................. 173 GLÂNDULAS SALIVARES ..................................................................................................................... 180 FARINGE .................................................................................................................................................... 181 ESÔFAGO.................................................................................................................................................... 181 INGLÚVIO .................................................................................................................................................. 186 RUME ........................................................................................................................................................... 187 RETÍCULO .................................................................................................................................................. 191 OMASO ........................................................................................................................................................ 192 PROVENTRÍCULO ................................................................................................................................... 193 MOELA ........................................................................................................................................................ 195 ABOMASO .................................................................................................................................................. 197 ESTÔMAGO ............................................................................................................................................... 199 INTESTINOS ............................................................................................................................................. 203 INTESTINO GROSSO .............................................................................................................................. 211 CLOACA ...................................................................................................................................................... 214 FÍGADO ..................................................................................................................................................... 220 PÂNCREAS ............................................................................................................................................... 242 PERITÔNIO .............................................................................................................................................. 248 SISTEMA NERVOSO CENTRAL ........................................................................................................... 254 CÉREBRO ................................................................................................................................................... 254 SISTEMA URINÁRIO ............................................................................................................................. 280 RINS ............................................................................................................................................................. 280 URETERES ................................................................................................................................................. 297 BEXIGA ....................................................................................................................................................... 299 URETRA ...................................................................................................................................................... 305 SISTEMA HEMOCITOPOIÉTICO ........................................................................................................ 311 LINFONODOS ........................................................................................................................................... 311 BAÇO ............................................................................................................................................................ 321 MEDULA ÓSSEA ...................................................................................................................................... 327 GLÂNDULA MAMÁRIA ......................................................................................................................... 334 APARELHO LOCOMOTOR ................................................................................................................... 349 OSSOS .......................................................................................................................................................... 349 ARTICULAÇÕES ....................................................................................................................................... 371 MÚSCULOS ................................................................................................................................................ 376 TENDÕES ................................................................................................................................................... 383 3 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . CONCEITOS O estudo da patologia requer alguns conceitos importantes que são empregados durante a investigaçãode uma determinada enfermidade. É preciso conhecer o significado de derminadas palavras: saúde, doença, lesões, etiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnostico, entre outros. Saúde é o perfito estado de funcionamentos dos órgãos em seus sistemas e aparelhos, permitinto o pleno gozo da vida. Doença é o desvio da saúde. Em um corpo doente as funções serão regidas por órgãos lesados resultando em prejuízo para a vida. Doença aguda é a manifestação de sinais clínicos imediatos liderados por processo de defesa, com possibilidades de cura, podendo evoluir para cronicidade. Doença crônica é a manifestação de sinais clínicos persistentes sem direito a cura, acompanha o doente por toda sua vida. Lesões são os sinais deixados pelos agentes patológicos, durante suas incursões nas células, tecidos e órgãos. Etiologia é o estudo das causas. Elas podem ser determinantes quando por si só provocam lesões nos tecidos e órgãos, exemplo: bactérias piogênicas provocam inflamação supurada; e são predisponentes quando atuam fatores que contribuem para o aparecimento das lesões, exemplo: o frio favorece alguns vírus, assim como o calor (o vírus da gripe do frango tem maior poder no inverno, enquanto, o vírus da parvovirose é mais incisivo no verão). Patogenia é o mecanismo de formação e desenvolvimento das lesões, desde a penetrção do agente etiológico, até o desfeicho final. Sinais clínicos são manifestações de uma determinada lesão no decurso de uma enfermidade. São fenômenos observados por profissionais com ou sem auxilio de aparelhos (pressímetro, estetoscópico, termômetro e outros). 4 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Sintomas são minifestações corriqueiras de determinadas alterações no decorrer de uma enfermidade (tosse, vômito, diarréia e outros). Sindrome é um conjunto de sintomas que ocorrem durante o decurso de uma enfermidade (a sindrome febril exibe uma série de sintomas como: dor de cabeça, calafrios, indisposição, hipertermia, apatia e ouros). Diagnostico é a reunião dos achados clínicos e de necropsia que permitem nomear uma determinada doença. Prognóstico é a avaliação que se faz de uma doença pondendo ser: favorável, reservado e desfavorável. Exames complementares são todos aqueles disponíveis para auxiliar o clinico, durante a suspeita de determinada doença (exame de urina, sangue e fezes). Morte é a parada de todas as funções vitais de um individuo (morte geral ou somática). Morte celular é necrose (de coagulação, caseosa e liquefação). Apoptose é um processo de morte celular programada, individual e ativo, caracterizado por fragmentação nuclear e pela formação de corpos apopitóticos. Este tipo de destruição celular pode ser induzido por estímulos fisiológicos ou patológicos. Laudo é o registro documental de um estado patológico. NECROPSIA Necropsia (do grego necro opis: ver o morto) é o exame detalhado do cadáver visando identificar as alterações provocadas durante a vida do individuo, que possam ter contribuído para a morte, estando envolvidas diretamente com o diagnóstico da enfermidade. Parte das lesões encontradas em um cadáver podem não fazer parte do diagnostico principal, porque são secundarias ou constituem outro diagnostico. Ao iniciar uma necropsia é fundamental observar o estado geral 5 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . do individuo, se: ótimo, bom, regular e péssimo. Isto favorece o raciocínio na elaboração de um diagnostico. Para que fazer necropsia? O objetivo central é o diagnostico. E a causa mortis? Não a considero importante, pois obrigatoriamente todos morrem de parada cardíaca e respiratória, portanto é indispensável que o necropsiador tenha sempre em mente a preocupação de elaborar um diagnostico que seja compatível com as lesões observadas naquele cadáver. Um diagnóstico correto é rico em elementos de informações e permite o raciocínio do profissional, se: incisivo, reflexivo, e conclusivo. Quando se elabora um diagnóstico há uma contribuição para que o proprietário daquele animal possa corrigir o manejo ou adotar medidas profiláticas adequadas para evitar que a enfermidade em questão se dissemine. Também contribui para que o profissional avalie sua atuação frente aquela doença. Algumas vezes é preciso comunicar com órgãos sanitários de controles de doenças e zoonoses. É preciso estar atento para não perder a oportunide impar de dar um diagnóstico. O patologista veterinário não chega atrasado, como na bricadeira que é feita com os profissionais médicos, ele tem muitas vezes um rebanho esperando parar ser vacinados e evitar uma epidemia. Não tenha medo de necropsiar, basta ter os cuidados necessários, usando luvas, avental, botas e tudo que for útil, evitando assim, contaminação e disseminação de doenças. A necropsia começa por uma baoa inspeção da pele e mucosas, observando se há ectoparasitas, alopsia, palidez na anenia, amarelão na icterícia, retração do globo ocular e pele inelática com pelos secos na desidratação. Observar se há escaras de decúbito ou alguma ferida na pele, se há alguma fratura nos membros e o estado geral das articulações. Feito isto, procede-se a abertura do cadáver fazendo um corte na linha alba desde a região mentoniana até a cavidade anal. Para evitar que os pelos danifique o fio da faca, recomenda-se retiar uma tira de pele de aproximadamente quatro centímetros de largura, no mesmo sentido. Rebate-se toda a pele que for possível, especialmente quando houve suspeita de ofidismo. Neste caso haverá hemorragia na região subcutânea a partir do ponto da mordida da cobra. É bom lembrar que para facilitar a retirada das vísceras é importante colocar o animal na posição que favoreça, observando que o melhor decúbito, é aquele em que os órgãos mais pesados permaneçam voltados para o piso. Assim: bovinos o melhor decúbito é o esquerdo por causa do rume; eqüinos o melhor é o direito por causo do intestino grosso; médios e pequenos animais devem ser feitos em decúbito dorsal. Inicia-se a retirada pela língua, traquéia e órgãos torácicos, para isto é necessário extrair as costelas (nos grandes animais pode quebrar as costelas uma por uma, com machado ou com costótomo, e nos pequenos retira-se o osso esterno, cortando as cartilagens costocondrais). Nos pequenos animais é possível retirar todas as vísceras de 6 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . uma so vez, basta seguir cortando o diafragma rente as costelas e seccionar o reto nas proximidades da cavidade anal. Nos bovinos, retira-se o intestino pelas costas do animal e o rume pela frente. O exame das vísceras deve ser bastante criterioso. Toda e qualquer alteração deve ser descrita e registrada em uma ficha com a identificação do animal e os dados pertinentes a respeito do proprietário. As anotações devem ser claras, precisas e concisas, atentar para volume, consistência, coloração, odor e o formato da lesão. No final é indispensável que o necropsiador emita sua opinião, com diagnóstico preciso indicando as medidas a serem tomadas. Se necessário coletar fragmentos de órgãos para exame histopatológico. Devem medir de cinco a dez milímetros de espessura não importando o comprimento, coloca-lo em foralina a 10% em um volume do liquido cerca de 30 vezes o do fragmento. Para exame toxicológico, o fragmento deve ser maior, cerca de 30 gramas de fígado, por exemplo. Para exame bacteriológico, a coleta deve ser imediata e em recipiente apropriado. O termo necrópsia está sendo substituído por necropsia. São usados ainda, mortópsia, autópsia (humanos) e diagnóstico post-mortem. 7 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 8 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUNTAS E RESPOSTAS 1-Conceitue necropsia 2-Qual o objetivo principal da necropsia? 3-Qual a importância da ficha? 4-Qual a melhor posição para realizar uma necropsia? 5-Qual o melhor momento para se realizar uma necropsia? 1-Necropsia é o mesmo que ver o morto de forma detalhada 2- Objetiva-se com a necropsia descobrir a verdadeira causa mortis, conhecendo o diagnóstico da doença que promoveu a morte. 3-A ficha de necropsia é o relatório das lesões encontradas no cadáver, por meio dela pode- se investigar na distancia e independente do tempo. 4- Bovinos: decúbito lateral esquerdo; eqüinos: lateral direito; suínos: lateral direito ou dorsal; pequenos ruminantes: com opção de decúbito dorsal. 5- O melhor momento para se realizar uma necropsia é imediatamente após a morte do individuo. BIBLIOGRAFIA SILVA, D. C. B; OLIVEIRA, S. O. Colheita de material encefálico para o diagnostico de enfermidades do sistema nervoso central. Cad. Tec. Vet. Zoot, v.61, p 1- 16, 2009. SILVEIRA, D. SOBESTIANSKY, Tecnica de necropsia em suínos. Coleta e remessa de material para laboratório. Copyright, Goiânia, Goiás. 1977, 112p. VASCONCELOS, A.C. Necropsia e remessa de material para laboratório em medicina veterinária. 2ª Ed. Teresina, Universidade Federal do Piauí. 81p. 9 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . ALTERAÇÕES POST-MORTEM Imediatamente após a morte aprarecem as primeiras alterações: parada respiratória, parada cardíaca e perda da sensibilidade. Assim se confirma a morte do individuo (se o individuo não respira e o coração não bate mais, você toca no corpo dele e ele não responde, está morto). Aproximadamente meia hora depois começa a aparecer às primeiras alterações cadavéricas: lividez o sangue devido à ação da gravidade acumula-se nas partes baixas do corpo, tornando o lado superior totalmente pálido e as partes inferiores repletas de sangue. A este fenômeno denominamos hipóstase (lividez é o mesmo que palidez e hipóstase é vermelidão do sangue acumulado). Neste mesmo instante está ocorrendo outro fenômeno: rigidez inicia-se no sentido cranio caudal (cabeça, orelas, pescoço, tronco, membros toraçacicos, membros pelvinos e finalmente a cauda. Há uma divergência quanto à duração deste período da rigidez, uma vez que ela poderá durar mais naqueles músculos que tiver acumulado maior quantidade de energia (ATP adenosina trifosfato). A rigidez inicia-se em torno de trinta minutos e é máxima aproximadamente com oito horas. Neste instante instala-se o relaxamento iniciando no mesmo sentido que a rigidez (da cabeça para cauda). A temperatura do ambiente e o estado nutricional do cadáver interferem tanto com o processo de rigidez quando ao relaxamento: no calor, o relaxamento é precoce; no frio, a rigidez é prolongada. Autólise é o processo da autodigestão celular (as células são dotadas de enzimas autoliticas liberadas logo após cessar a respiração e a irrigação). Este fenômeno obedece a uma ordem, sendo que as células mais nobres são as primeiras perecerem. A adrenal é um exemplo de uma glândula que desaparece rapidamente, cerca de uma hora. A mucosa rumenal desprende aproximadamente uma hora emeia. O fígado e o cérebro também não resistem muito tempo após a morte. Na sequencia da autólise, após umas oito horas, coincidindo com o fim da rigidez e o começo do relaxamento, começa a putrefação: invasão de bactérias saprofitas, com a finalidade de alimentar- se do sangue e das células sem vida. Neste processo elas produzem um gás denominado sulfureto de hidrogênio que reagindo com o ferro liberado da hemoglobina forma um composto que confere uma coloração azulada aos tecidos denominada de sulfureto ferroso. A este fenômeno chamamos de pseudomelanose. Quando a produção de gás é muito grande há formação de bolhas, a este fenômeno denominamos enfisema post-mortem. O sangue que circulava no corpo, depois que 10 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . cessaram os movimentos cardíacos, sofre a chamada coágulação. Quando o coágulo é rescente é todo vermelho (pelo excesso de hemácias), na medida em que o tempo passa se torna amarelado, assim temos dois tipos de coágulos: cruórico e lardáceo (vermelho e amarelo respectivamente). Obedecendo a mesma cronologia, cerca de oito horas então com a lise dos coágulos, aprecem outro fenômeno: embebição sanguinea ou hemoglobinica. A hemoglobina liberada das hemácias vai corar as paredes dos vasos e outros tecidos nas proximidades em vermelho brilhante. Há outro tipo de embebição denominada biliar: ocorre nas proximidades da vesícula biliar e nas cavidades onde a bile penetrou-se. Alguns fatores podem alterar totalmente a cronologia destes fenômenos: estado geral do individuo (magro entra em rigidez rapidamente, enquanto o obeso demora); morte lenta com movimentos de pedalar (animais que se debatem antes da morte no caso do tétano entram em rigidez rapidamente): animais que morreram intoxicados e com timpanismo (o sangue demora a se coagular); a temperatura ambiente interfere (frio retarda, enquanto, o calor acelera); o congelamento retarda e até mesmo bloqueia o processo de autolise. 11 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 12 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUNTAS E RESPOSTAS 1- Conceitue alterações pós-mortem 2- Identifique o morto 3- Quanto tempo leva para os músculos alcançarem a rigidez máxima? 4- Com quantas horas ocorre o relaxamento? 5- O que putrefação? 1- São alterações que aparecem após a morte: coagulação do sangue, rigidez, lividez, hipóstase, autólise e putrefação. 2- Perda da sensibilidade e parada cardiorespiratória. 3- Aproximadamente oito horas após a morte 4- O relaxamento muscular ocorre imediatamente após completar a rigidez, ou seja, oito horas após a morte. 5- Putrefação é a invasão de bactérias saprofitas nos tecidos autolisados. 13 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . ALTERAÇÕES REGRESSIVAS Alterações regressivas são aquelas caracterizadas pela falta de crescimento ou desenvolvimento incompleto de um órgão, ou ainda degenerção e morte das células: Agenesia, aplasia, hipoplasia, ectopia, hipotrofia, degeneração pelo distúrbio do metabolismo celular e necrose. ATERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO Alterações do desenvolvimento são congênitas e, portanto, acontecem intrauterinamente no caso dos mamíferos e dentro do ovo nos animais ovíparos. Agenesia (do latim Genesis é formação e “a” é negação) é a ausencia de formação de um órgão ou parte dele. É incompatível com vida quando atinge um órgão vital, como é o caso do coração. Quando atinge órgãos pares pode ser unilateral ou bilateral, como nos rins, ovários, testículos, etc. As causas estão relacionadas com agressões físicas, químicas e biológicas, interferindo direta ou indiretamente (poluição ambiental, vícios e uso inadequado de medicamentos). Quando ocorre agenesia em um órgão par (rim), o outro que se formou normalmente sofre uma hipertrofia compensatória chamada de vicariante: o órgão se apresenta aumentado de volume e intensamente avermelhado. Aplasia (do grego plasia é formação) é ausência de formação de um órgão ou parte dele (órgão lobado como o fígado pode faltar um lobo). A diferença entre aplasia e agenesia é que na aplasia ocorre um sinal (inicio de formação) indicativo que aquele órgão era para ser naquele local, e na agenesia nem sinal. Há um tipo pouco comum denominada aplasia segmentar, onde um segmento do canal alimentar ou outro sistema não se forma: pode ser parte do esôfago (Fig. 01), ou do intestino. Geralmente não se forma o lume doórgão, havendo apenas um cordão fibroso. O animal morre de fome, mesmo alimento normalmente, porém regurgitando. 14 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 01 - Aplasia segmentar do esôfago de um cão recém-nascido. Hipoplasia é o desenvolvimento incompleto de um órgão. Inicia-se seu desenvolvimento e num determinado momento interrompe, ficando o órgão reduzido de tamanho. Há vários graus de hipoplasia: leve, moderada e severa. Assim, ela pode comprometer a função do órgão, dependendo da sua evolução. Uma hipoplasia severa certamente comprometerá toda função do órgão afetado. Os melhores exemplos são observados nos rins, ovários e testículos (Fig. 02, 03 e 04). A hipoplasia ovariana e testicular tem caráter genético e constitui um elemento desclassificante para o animal reprodutor. Macroscopicamente o órgão afetado apresenta-se diminuído de volume, duro e liso. Microscopicamente o órgão apresenta redução do número de células. A função vai estar comprometida de acordo com o grau da alteração. Fig. 02 - Hipoplasia renal unilateral em um cão adulto. Fig. 03 – Hipoplasia testicular unilateral em um bovino adulto. 15 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 04 - Hipoplasia renal unilateral em um cão adulto. Ectopia é a formação de um órgão fora de seu local. Os rins podem ser encontrados próximos a cicatriz umbelical. O coração poder ser observado fora da cavidade torácica. Constatamos certa vez uma novilha da raça holandesa que nasceu com o coração na região cervical, nas proximidades da tireóide. O animal sobreviveu durante 16 meses e morreu devido um ainfestação de carrapatos culminando com um quadro de babesiose. Durante a necropsia pudemos constatar que o coração ectópico apresentava dilatação de suas câmaras. Orgão supranumerário é o aparecimento de órgãos acessórios (Fig 05): dois corações, quatro rins, três testículos e assim por diante. Normalmente estes órgãos não funcionam e na maioria das vezes aparecem com figura decorativa. Fig 05 – Fígado de cão apresentando lobos supranumerários Cistos são estruturas vesiculares repletas de liquido citrino, envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Aparecem nos rins e fígado com maior freqüência (rim cístico quando tem um único cisto, e rim policístico quando apresenta mais de um cisto). 16 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 17 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUNTAS E RESPOSTAS 1- O qué agenesia? 2- O que é aplasia? 3- O que é hipoplasia? 4- O que é ectopia? 5- O que é aplasia segmentar? 1- Agenesia é ausência de formação de um órgão. 2- Aplasia é ausência de formação de um órgão apresentando apenas um resquício. 3- Hipoplasia é o desenvolvimento incompleto de um órgão. 4- Ectopia é a localização errada de um órgão. 5- Aplasia segmentar é mesmo que atresia, ou seja, deixou de formar apenas um segmento daquele órgão, exemplo: aplasia segmentar do esôfago, do intestino e retal. 18 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . ALTERAÇÕES ADQUIRIDAS Hipotrofia é uma alteração adquirida, que aparece no individuo após o nascimento não importa a idade, caracterizada pela diminuição do tamanho do órgão quando este já havia alcançado o tamanho normal. O órgão apresenta-se diminuído de volume enrrugado e duro, e microscopicamente o número de células está normal, mas de tamanho reduzido. As pricipais causa são subnutrição que por sua vez pode ser observada por vários ângulos: o animal não come porque não tem comida ou porque está sem apetite. A subnutrição também pode ser localizada em um órgão que recebe pouca irrigação (hipotrofia por interrupção da circulação). Há ainda os casos de senilidade em que os órgãos estão velhos, desgastados e perdendo sua capacidade funcional (hipotofia senil). A atividade física, os movimentos musculares contribuem para manutenção de um corpo saudável, enquando a inatividade proporciona o aparecimento da hipotrofia (hipotrofia por desuso). Os estímulos hormonais são fundamentais para a manutenão de órgãos sadios e funcionais. Alguns são hormonalmente dependentes de outros: o útero é ovário dependente; o ovário depende dos hormônios hipofisarios (hipotrofia por falta de estímulos tróficos). Nos casos de compressão prolongada de órgãos e tecidos ocorre um bloqueio na circulação, constituindo uma hipotrofia por isquemia: imobilização de membros com gesso, crescimento de neoplasias nas proximidades e abscessos podem ser fatores de compressão (hipotrofia por compressão). Nos indivíduos idosos surgem manchas na pele de coloração parda, que se distribui pelo corpo, pricipalmente nos membros, onde incidem os raios solares, são pigmentos de gasto e uso que se acumulam nas células (hipotrofia parda). Quando o individuo fica sem comer por algum tempo, o organismo começa a metabolizar as gorduras de reserva: transformando lípides em energia e água metabólica. A gordura acumulada pricipalmente junto do saco pericárdio, próximas dos rins e abdominal apresenta-se gelatinosa, deixando fluir liquido citrino ao corte (hipotrofia gelatinosa das gorduras). 19 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . DISTURBIOS DO METABOLISMO CELULAR As células são constituídas de proteínas, lípides, carbohidratos, minerais, pigmentos e água. Estes elementos são fundamentais para sua formação como também para manutenção de suas atividades. Ocorrem invariavelmente distúrbios em cada um destes componentes, cujas causas são as mais diversas possíveis. Estes distúrbios são alterações celulares que denominamos de degeneração (doença das células), cada componente celular a presenta um grupo de degenerações: distúrbios do metabolismo das proteínas (degeneração turva, hidrópica, mucosa, hialina, amiloidose e gota); distúrbios do metabolismo dos lipides (degeneração gordurosa e obesidade); distúrbios do metabolismo dos carbohidratos (infiltração glicogênica); distúrbios do metabolismo dos minerais (mineralização, ossificação patológica e concreções); distúrbios do metabolismo dos pigmentos (pigmentos exógenos e endógenos). DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS Degeneração é a doença da célula, como as doenças têm o sufixo “ose” (tuberculose, babesiose, anaplasmose), as degenerações sendo doenças das células, também têm o mesmo sufixo: degeneração do fígado (hepatose), degeneração do rim (nefrose). Os órgãos parenquimatosos são os que mais apresentam degenerações (fígado e rim). As degenerações representam as piores alterações que ocorrem nas células, acontecem os vários tipos de agressões e o organismo não reage, o resultado na maioria das vezes, é morte celular (necrose). Degenarção turva (parenquimatosa, granulosa, nebulosa e edema celular) é na sua essência um edema celular, onde as células ficam inchadas, aumentadas de volme, granulosas, perdendo o brilho e com aspecto nebuloso como se o microscópio estivesse fora de foco. As causas são todas as agressões, de preferências as tóxicas. A patogenia explica que as mitocôndrias foram lesadas, deixando de produzir energia, impedindo o transporte de água das células, que ao contrario da entrada que é passiva, a saída é ativa, necessitando de energia. Assim, acumulam-se grandes 20 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . quantidades de água nas células instalando-se a degeneração turva (Fig. 01 a e b). Ocorre principalmente em orgãos parenquimatosos: fígado e rim, pondendo afetar também o musculo cardíaco. Macroscopicamente o órgão apresenta-se com aspecto de fervido ou cozido, traduzido por uma palidez geral. Microscopicamente as células estão aumentadas de volume com aspectonebuloso (citoplasma granuloso e sem brilho). Fig.01 - Degeneração turva em fígado de cão adulto. (a) cordões hepáticos com aspecto nebuloso. Coloração HE. 10X. Fig. 01 - Degeneração turva em fígado de cão adulto. (b) células hepáticas com citoplasma granuloso. Coloração HE. 40X. Degeneração hidrópica (degeneração vacuolar) é o acumulo de água nas células dentro de vacúolos únicos ou múltiplos que se coalecem formando uma vesícula na superfície epitelial. Este tipo de degeneração ocorre preferencialmente nas mucosas e pele. As causas podem ser vírus (febre aftosa é um bom exemplo, onde há a presença de vesículas na cavidade bucal, nos espaços interdigitais e nas tetas). Outras doenças virais como exantema vesicular dos suínos, febre catarral maligna, varíola, diarréia bovino a virus, herpesvirus labial e genital. As vesículas se contaminam com bactérias formam pústulas que se rompem, aparecem as crostas e finalmente as cicatrizes. Macroscopicamente as vesículas fazem saliência na superfície epitelial e podem medir de três a dez milímetros ou até mais. Microscopicamente são observados os vacúolos no interior das células (Fig. 02). 21 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 02 - Epitélio da bexiga de um cão. Degeneração hidrópica epitelial. Coloração HE. 40 X. Degeneração mucosa (degeneração mucoide) é o acumulo de substância mucoide ou muco produzido pelas células mucigênicas denominadas caliciformes, encontradas nas mucosas do sistema digestório, respiratório e genital feminino. Em condições extraordinárias pode haver produção de muco pelas células derivadas do mesenquima, no caso os fibroblastos neoplásicos: mixoma e mixossarcoma, que são neoplasias que ocorrem no tecido conjuntivo principalmente de cães. Muco é uma substância bioquimicamente constituída de proteínas e polissacarídeos. Nas doenças o excesso de muco é tido como catarro, assim uma enterite (inflamação do intestino) quando há grande produção de muco é denominada: enterite catarral; quando isto ocorre no pulmão: peumonia catarral; na vagina vaginite catarral. As pricipais causas de degeneração mucosa ou catarral são bactérias: Escherichia coli (colibacilose); Salmonella spp (salmonelose); distúrbios alimentares leves e outros. Macroscopicamente há grande quantidade de muco nas vias digestivas, aéreas e genital feminino. Muco é uma substância pegajosa, viscosa com a finalidade de lubrificar e protejer o epitélio da mucosa. Microscopicamente a substância mucoide não se cora bem com os corantes: hematoxilina e eosina apresentam apenas um sinal levemente azulado. Há uma hiperplasia das células caliciformes que deslocam o núcleo para a periferia e toma uma forma de anel de sinete (anel antigo usado para colocar timbre nos papaeis). Degeneração hialina (hialinose) refere-se à presença de uma substância homogenia, lisa e branca, que microscopicamente cora-se em róseo pela hematoxilina e eosina. Pode estar presente no tecido epitelial (degeneração hialina epitelial ou hialinose epitelial); no tecido conjuntivo (degeneração hialina conjuntiva ou hialinose conjuntiva); no tecido muscular (degeneração hialina muscular ou hialinose muscular). O melhor exemplo de degeneração hialina epitelial ocorre nos túbulos renais: os cilindros hialinos formados a partir da descamação do epitélio dos túbulos 22 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . principalmente nas nefrites (inflamação do rim). São vistos microscopicamentes como estruturas esféricas coradas em róseo pela hematoxilina e eosina, localizadas no interior dos túbulos renais (Fig. 03 a e b). No exame de urina estas estruturas são conhecidas como cilindros granulosos. Os corpos amilácios são exemplos de degeneração hialina epitelial (são massas arredondadas, homogêneas, que apresentam laminações concêntricas coradas em róseo ou levemente azuladas) observada nas células epiteliais dos alvéolos pulmonares; na próstata de cães velhos; na glândula mamaria de bovinos e no encefelo de primatas. Fig. 03 – (a) Cilindros hialinos nos túbulos renais de um cão adulto (). Coloração HE. 10X. Fig. 03 – (b) Cilindro hialino em detalhe (). Coloração HE. 20X. Degeneração hialina conjuntiva ocorre sempre nos locais onde se deposita grandes quantidades de tecido conjuntivo: nas cicatrizes velhas, nos trombos organizados, na arteriosclerose e embolia. Macroscopicamente o depósito de substância hialina conjuntiva apresenta-se de cor branca. Microscopicamente as fibras colágenas se fundem, corando-se em róseo pela hematoxilina e eosina. Degeneração hialina muscular (necrose de Zenker) é o tipo onde há destruição ou perda das estrias musculares dos músculos estriados esquelético e cardíaco. Neste caso ocorre coagulação do sarcoplasma das fibras (Fig. 04 a). Há outra denominação além de necrose de Zenker (Fig. 04 b) que é degeneração cérea devido à semelhança com cera de abelha. Os melhores exemplos de degeneração hialina muscular estão na doença do músculo branco dos bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos: e da azotúria dos cavalos. 23 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 04 – (a) Degeneração hialina muscular. Músculo estriado de um cão adulto. Perda das estriações das fibras. Coloração HE. 20X. Fig. 04 – (b) Degeneração hialina muscular. Necrose de Zenker. Coloração HE. 40X. A doença do músculo branco é provocada pela deficiência de vitamina E, e selênio. As grandes massas musculares, especialmente as da região glútea, são afetadas, tornando-se duras e de cor branca, assemelhando com carne de peixe Fig. 05. Fig. 05 – Músculo estriado de bovino apresentando doença do músculo branco conhecida como miopatia nutricional. Na azotúria dos cavalos também conhecida como “doença da segunda feira” as causas são induzidas pelo excesso de movimentação muscular, utilização repentina e exagerada do glicogênio muscular, promovendo o acúmulo de acido lático que lesa as fibras constituindo a degeneração hialina em questão. A azotúria acomete animais que estão, há muito tempo em repouso e são colocados no serviço forçado. Os principais sinais clínicos são endurecimento da garupa, dor 24 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . muscular e hemoglobinúria. Macroscopicamente os músculos estão duros e brancos e microscopicamente há degeneração hialina dos músculos afetados. Amiloidose (infiltração amilóide) é resultante da deposição do complexo antígeno e anticorpo. Toda vez que se produz grande quantidade de anticorpo tentando anular algum antígeno se produz um complexo chamado amilóide: uma substancia homogenia, vítrea, amorfa, depositada entre as células e os capilares, provocando hipotrofias e destruiçãos dos mesmos. Não se trata de uma degeneração e sim uma infiltração que provoca degeneração, destruição e morte celular de forma indireta, pela sua compressão. Virchow (1855) demonstrou pela primeira vez corando-a em azul pelo iodo e acido sulfúrico, diluídos. Hoje se cora em róseo pela hematoxilina e eosina. A amiloidose está associada a fatores imunológicos como na produção de soro antiofídico, antitetânico e outros, utilizando animais de grande porte como: cavalos portadores de uma volemia considerável, podendo extrair grandes quantidades de soro de uma só vez. Depois de um determinado período de extração de soro, estes animais apresentam alterações em suas vísceras: fígado, baço e rim principalmente, devido à precipitação do complexo antígeno anticorpo o que denominamos de amiloidose. Vários fatores devem agir para produzir a substância amilóide, incluindo alterações das proteínas, associadas a proteólises defeituosas, ou deficiência de enzimas lisossômicas. Macroscopicamentea amiloidose só é observada em grandes quantidades, aumentando o volume do órgão e o aparecimento de pontos ou manchas brancas ou amareladas. Microscopicamente a substância cora-se em róseo, localizando-se em pontos estratégicos em cada órgão. No fígado, ela está presente entre os cordões de hepatócitos e os capilares sinusoides, comprimindo as células hepáticas (Fig. 06 a e b). Fig.06 – (a) Infiltração amilóide no fígado. Coloração HE. 20X. Fig. 06 – (b) Hipotrofia dos cordões hepáticos devido à infiltração amilóide (). Coloração HE. 20X. 25 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Nos rins, ela está presente nos glomérulos destruindo-os (Fig. 07). No baço, ela está presente nos centros germinativos dos folículos linfóides. Quando em grande quantidade é conhecida como “baço de sagu” o que acontece na anemia infecciosa dos eqüinos. Doenças crônicas como tuberculose e hanseníase constituem em importantes causas predisponntes da amiloidose. Fig.07 - Infiltração amilóide no rim, localizada no glomérulo. Coloração HE. 20X. Gota é a deposição de cristais de uratos de sódio e cálcio nas articulações e serosas. Assim teremos dois tipos: articular e visceral. A gota articular é mais comum em mamíferos e tem como causa principal uma dieta rica em proteínas com a liberação de grande quantidade de acido úrico, que é produto nitrogenado não protéico eliminado na urina. As articulações apresentam-se aumentadas de volume e extremamente sensíveis à palpação. Ocorre uma reação inflamatória intensa por causa da agressão dos cristais ponteagudos. A gota visceral aparece nas membranas serosas: pleura, pericárdio e peritônio. É comum nas aves e raramente apresenta sinais clínicos. Os ureteres podem estar repletos de uratos e todas as vísceras cobertas pelos cristais de uratos. Uma dieta rica em proteínas é a causa mais comum. Aves de rapina (coruja) em cativeiro têm apresentado casos de gota visceral (alimetação inadequada e pouco esforço fisico). Fatores predisponentes mais importantes são: hereditariedade, ração com níveis de proteínas acima de 40% provoca gota articular em perus; variação de temperatura ambiental interfere no consumo de ração; insuficiência renal; deficiência de vitamina A; restrição de água. Macroscopicamente a gota apresenta-se um pó branco chamado tofo, que recobre as articulações e serosas (Fig. 08). 26 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 08 - Gota úrica. Gota visceral, localizada no pericárdio, sob a forma de pó de giz (TOFO) em uma ave jovem. Microscopicamente são cristais de uratos no formato de ponta de agulha, infiltrando nas articulações e serosas, provocando uma reação inflamatória severa com a presença de histiócitos e celulas gigantes tipo corpo estranho. O fígado de mamíferos produz uma enzima denominada uricase que transforma grande parte do acido úrico em alantoina: uma substância inócua, que é eliminada sem maiores conseqüências. Cães da raça dálmata apresentam uma deficiência hereditária no processo de eliminação do acido úrico, devido a pouca capacidade do fígado transformá-lo em alantoina. Em conseqüência estes animais estão sujeitos a apresentarem cálculos renais (Fig. 09), ou contrario do que devia pensar, não apresentam gota. Em hummanos o acido úrico é oxidado em uréia e eliminado pela urina. Fig. 09 – Cálculos de ácido úrico em cão Dálmata 27 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 28 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUNTAS E RESPOSTAS 1- O que é degeneração? 2- O que é infiltração? 3- O que é cilindro hialino? 4- O que é cilindros granulosos? 5- O que é anel de sinete? 1- Egeneração é a doença da célula. 2- Infiltração é o depósito de substâncias diversas entre as células e nas proximidades dos capilares. 3- Cilindros hialinos são exemplos de degeneração hialina epitelial nos túbulos renais. 4- Cilindro granuloso é degeneração hialina epitelial encontrada na urina nos casos de nefrites. 5- Anel de sinete é o aspecto microscópico da célula caliciforme com excessiva quantidade de muco, representando a degeneração mucosa. 29 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . DISTÚRBIO DO METABOLISMO DOS LÍPIDES Degeneração gordurosa (lipidose, esteatose, metamorfose gordurosa) é o acúmulo de lípides no citoplasma das células, caracterizado pelo aumento de volume e arredondamento das células afetadas. A maior ocorrência está no fígado e coração. Fatores tóxicos e dietéticos são os mais importantes. A hipoxia que ocorre no fígado durante o processo de hiperemia passiva crônica, faz com que haja degeneração gordurosa dos hepatócitos próximos a área afetada. Assim os hepatócitos ficam incapazes de eliminar e conjugar os lípides que vem na corrente sanguinea e que acabam se acumulando no citoplasma em forma de gotículas que se fundem em uma enorme gota, empurando o núcleo para a periferia da célula que se torna arrendonda. Este é o mecanismo mais comum onde as células degeneradas, por tóxicos, (o figado é o órgão desintoxicador do organismo), acabam por acumular excesso de gordura. Fatores dietéticos ou lipotróficos (deficiência de aminoácidos: colina e metionina) são indispensaveis elementos na elaboração de lipoproteínas. Na falta destes aminoácidos os hepatocitos acumulam as gorduras que deveriam ser eliminadas. Os ácidos graxos chegam ao fígado via plasma, oriundos de duas fontes: triglicérides das reservas de gorduras e quilomicrons do intestino. Estes ácidos graxos são usados no processo metabólico do fígado no reticulo endoplasmático rugoso, e também podem ser eliminados sob a forma de fosfolipedes e colesterol. Uma dieta rica em gordura e pobre em proteínas favorece o aparecimento de degeneraação gordurosa. Macroscopicamente o fígado apresenta aumentado de volume, amarelado, friável e untuoso ao corte. Microscopicamente os hepatócitos estão repletos de gotículas de gorduras coradas em vermelho ou preto por corantes especiais (sudan III e IV ou sudan black). Em cortes corados pela hematoxilina e eosina é necessária a inclusão em parafina que dissolve a gordura, ficando os espaços vazios no interior dos hepatócitos (Fig. 01 a e b). 30 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 01 – (a) Degeneração gordurosa hepática. Metamor- fose gordurosa hepática. Coloração HE. 10X. Fig. 01 – (b) Degeneração gordurosa hepática em aumento maior. Coloração HE. 40X. No coração, a degeneração gordurosa é conhecida como “coração tigrado” que toma uma aparência de pele de tigre: estrias amareladas impregnadas de gorduras, intercaladas com áreas normais. É comum em indivíduos obesos. Microscopicamente (Fig. 02 a e b) várias gotas vazias se infiltram pelas fibras como espuma. A degeneração gordurosa é uma alteração irreversível, portanto há que se ter o maior cuidado para evitá-la (toda cirrose hepática começa com degeneração gordurosa). O termo infiltração gordurosa não se usa mais devido à dificuldade de difernciar da degeneração, até porque não importa muito esta diferença. Fig.02- (a) Degeneração gordurosa. Degeneração gordurosa na fibra muscular cardíaca. Coloração HE. 10X. Fig.02– (b) Degeneração gordurosa. Degeneração gordurosa na fibra muscular cardíaca. Coloração HE. 20X. Obesidade é o acúmulo de gordura nas células adiposas do tecido adiposo existente no organismo. O sistema cardiovascular é o mais afetado pela sobrecarca de células e tecidos a serem irrigados. 31 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 32 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUNTAS E RESPOSTA 1-Conceitue degeneração gordurosa. 2- Dê a sinonímia da degeneração gordurosa. 3- Dê a etiologia da degeneração gordurosa. 4- O que é coração tigrado? 5- Dê o aspecto macro da degeneração gordurosa hepática. 1- Degeneração gordurosa é o acúmulo de gordura nas células que não são os adipócitos: hepatócitos, fibras musculares e outras. 2- Lipidose, esteatose, degeneração gordurosa. 3- Excesso de lípdes na dieta; incapacidade hepática por agressões tóxicas e diversas; deficiência de fatores lipotrofícos: colina e metionina. 4- Coração tigrado é o aspecto macroscópico da degeneração gordurosa na fibra muscular cardíaca. 5- Fígado aumentado de volume, bordas arredondadas, amarelado, friável e untuoso ao corte. 33 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DOS CARBOHIDRATOS Infiltração glicogênica é a deposição em grande quantidade de glicogênio no músculo e fígado. Alimentação rica em carbohidratos favorece o acúmulo de glicogênio inicialmente no fígado e posteriormente nos músculos. Quando o individuo passa períodos longos sem ingerir alimentos, estes carbohidratos na forma de glicogênio são metabolizados com intuito de produzir energia para as células e tecidos. Há uma doença hereditária do armazenamento do glicogênio (glycogen storage disease) causada pela deficiência de enzimas que metabolizam os carbohidratos. Depósitos de glicogênio (Fig. 01) apresentam-se como espuma devido o preparo do material examinado, usando a técnica rotineira. Para observar o glicogênio é necessária técnica especial de fixação do material e coloração pelo PAS (acido periódico de shiff). Lembrar que o glicogênio é o único carbohidrato capaz de ser visualizado microscopicamente. A infiltração glicogênica é observada nas células neoplásicas de crescimento rápido e nos leucócitos durante o processo inflamatório. Fig.01- Degeneração gordurosa. Degeneração gordurosa na fibra muscular cardíaca. Coloração HE. 10X. 34 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 35 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUTAS E RESPOSTAS 1- Qual a diferença entre degeneração e infiltração? 2- Quais os locais prioritários de depósitos do glicogênio? 3- Qual conseqüência da utilização repentina do glicogênio muscular? 1- Degenerção é alteração intracelular, infiltração é alteração intercelular. 2- Glicogenio deposita-se no fígado e músculos. 3- Azoturia dos eqüinos. 36 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . DISTÚRBIOS DO METABOLISMO MINERAL Mineralização (calcificação) é a deposição de minerais (cálcio e fósforo) no tecido ósseo, completando o processo de ossificação. Mineralização patológica é um distúrbio onde os minerais são depositados em locais inapropriados, ou seja, fora do tecido ósseo. Classificada em distrófica e metastática. Mineralização distrófica é a mais comum e está presente nos locais de grande produção de radicais ácidos como nas inflamações crônicas, neoplasias e áreas de necrose. O melhor exemplo é o que ocorre na tuberculose, onde há necrose caseosa e intensa mineralização. Este processo significa que o organismo está tentando isolar a área lesada e torná-la inócua. Quanto mais mineralizado for um tubérculo, mesnos afensivo ele será. Macroscopicamente uma área mineralizada é áspera e range ao corte como se estivesse cortando algo arenoso. Microscopicamente tem uma aparência de borrão ou sujeira, como se fosse artefato de técnica, corando-se em roxo levemente azulado (Fig. 01 a, b, c e d). Pode ocorrer mineralização distrófica na camada íntima dos vasos sanguineos e nas fibras cardíacas. Quando ocorre no tecido subcutâneo de cães é denominado de calcinose. Fig. 01 - (a) Mineralização. Mineralização distrófica em área de necrose caseosa no linfonodo de um bovino. Coloraçao HE. 10X. Fig. 01 – (c) Mineralização. Mineralização distrófica no baço. Coloração HE. 10X. 37 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Fig. 01 – (b) Mineralização. Mineralização distrófica em área de necrose caseosa no linfonodo de um bovino. Coloraçao HE.10X. Fig. 01 – (d) Mineralização. Mineralização distrófica no baço. Coloração HE. 10X. Mineralização metastática é de ocorrência esporádica e aprarece nos casos de hipercalcemia provocada por algum distúrbio na absorção e metabolização do cálcio. Bovinos intoxicados com uma planta chamada Solanum malacoxilom apresenta este distúrbio caracterizado pelo endurecimento e rigidez dos ligamentos e tendões, devido à mineralização metastática generalizada. Este quadro é conhecido como “entequê seco”. Ossificação patológica é a formação de autênticas estruturas ósseas em locais inapropriados, ou seja, fora do esqueleto. Trata-se de metaplasia: transformação de um tecido em outro, desde que da mesma origem. Assim todos os tecidos que pertencerem à mesma origem do tecido ósseo (mesenquima): tecido conjuntivo, cartilaginoso, muscular, adiposo e vasos sanguíneos poderão originar uma ossificação patológica. Isto ocorre nos músculos abdominais dos suínos, cartilagens da falange lateral dos cavalos de tração, tendões dos membros pelvinos dos perus, cartilagens da traquéia e laringe de animais velhos, septos interalveolares do pulmão e parede da aorta de bovinos. De uma lesão previamente mineralizada nestes locais acima citados, forma-se uma reação inflamatória com formação de tecido de granulação: proliferação de tecido conjuntivo e neoformação vascular, de onde os fibroblastos se diferenciam em células osteoprogenitoras capazes de dar origem a verdadeiras estruturas ósseas. Concreções são corpos sólidos formados dentro e fora do organismo, de origem de material orgânico e inorgânico. As orgânicas são denominadas de piloconcreções e fitoconcreções. 38 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . Piloconcreções são bolas de pêlos encontradas no rume e estômago de individuos que ingerem estes pelos por motivos diversos: irritação na pele por ectoparasitas, fungos e outros elementos microbiológicos; alergias; víscio de se lamber e pilofagia. Estas bolas de pelos podem atingir grandes proporções: um até vinte centímetros (Fig.02). Quando menores elas podem ser expelidas durante a ruminação, e as maiores podem obstruir alguns orifícios do canal alimentar, ao contrário, elas podem passar despercebidas a vida toda e ser achado de abatedouro. Os animais jovens são os principais alvos devido a tamanho dos pelos. As piloconcreções são elementos benzoários pela crença popular: as cabras Hircus aegagrus do Tibet produzem as mais famosas e valiosas piloconcreções denominadas de egragrópilos, que são vendidas a peso de ouro, pois as cabras são consideradas sagradas, imagine as pilocrocreções que saem delas. Fig. 02 – Piloconcreções retiradas do rume de um bovino jovem. Fitoconcreções são bolas de fibras vegetais (capim) que se forma da mesma forma que as piloconcreções: por meio de movimentos rumenais. São esferoidais de coloração esverdeada, consistência duro quando seca e mole quando são expelidas. Geralmente não provocam nenhuma alteração e são achados de abatedouro. As inorgânicas são formadas por depósito de minerais em locais preveamentes lesados, a partir de um núcleo de material orgânico qualquer. São denominados cálculos ou pedras (do Grego lithus) que podem ser formadas em diversas partes do organismo. As placas bacterianas que se formam periodontais (impropriamente denominadas de tártaros dentários), hoje são conhecidas como cálculos dentários, pois são produtos da mineralização dos resíduos orgânicos depositados na base dos dentes.Os cálculos recebem o nome de acordo com o local em que eles 39 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . sâo formados: urólitos (condutos urinários); colélitos (vesícula biliar); pancreólitos (ductos pancreáticos); sialólitos (ductos de glândulas salivares); e enterólitos (intestino). Urólitos são cálculos formados no interior das vias urinárias, constituídos quimicamente de fosfato de cálcio, carbonatos, sílica, e oxalatos (nos herbívoros, a urina é alcalina, os cálculos são de fosfato, carbonto e oxalato de cálcio. Nos caninos, a urina é acida, os cálculos são de oxalatos de cálcio, uratos de sódio e amônia). A etiologia de um urólito depende de alguma causa predisponete: inflamação, degeneração, alimentar e tudo aquilo que promove a formação de um núcleo, como deficiência ou excesso de vitamina A. Os minerais são depositados sobre este núcleo de material orgânico (resto celular) que se acumula até atingir grandes proporções. O uso prolongado de sulfas promove a precipitação de resíduos nos néfrons e túbulos renais constituindo núcleos para formação de cálculos. Macroscopicamente são duros, ponteadudos ou lisos, de cor branca ou cinza. As conseqüências resumem em cólicas ureterais, hematuria, ureterite, cistite e uretrite. O acúmulo de cálculos urinários é denominado urolitiáse. Colélitos são cálculos formados de bilirrubina e colesterol, encontrados na vesícula biliar. Suas causas relacionam com inflamação da vesícula biliar (colecistite), comum nos bovinos, provocadas pela Salmonella spp. Os colélitos são quebradiços, amarelados ou esverdeados e lisos. Possuem propriedades farmacológicas e são usados na produção de pérolas. O acúmulo de cálculos na vesícula biliar é denominado colelitíase. Pancreólitos são cálculos formados nos ductos pancreáticos, constituídos de fosfatos e carbonatos. São brancos, duros e pequenos (medindo de um a cinco milímetros), obstruindo os ductos e provocando pancreatite necrótica aguda. A infestação parasitária contribue (Euritrema spp) para formação destes cálculos. A presença do suco pancreático contendo a enzima lípase, quando em contato com o tecido adiposo do mesentério, provoca necrose pancreática das gorduras, observada com maior freqüência nos cães. São manchas brancas espalhadas pelo tedido adiposo do mesentério e superfície do pâncreas. O acúmlo de cálculos nos ductos pancreáticos é denominado pancreolitíase. Sialólitos são cálculos de fosfato e carbonato, observados nos ductos das glândulas salivares, provocando obstrução dos mesmos. Em conseqüência pode formar cistos de retenção nas glândulas e seus ductos, e até mesmo constituir uma ránula ou mucocele (Fig 03) uma vesícula 40 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . centimétrica (cinco a dez centímetros) repleta de saliva (secreção das glândulas salivares) observada em cães. Estomatite de um modo geral repesenta causa predisponente para a formação destes cálculos. O acúmulo de cálculos nos ductos das glândulas salivares é denominado sialolitáse. Fig 03 – Cão recém nacido apresentando mucocele. Enterólitos são cálculos de magnésio e fosfato formados no interior do intestino. São observados principalmente em cavalos que ingerem constantemente farelo de trigo. Morfologicamente são laminados, resistentes, duros e com uma forma geométrica bem definida: uns são cubóides, outros são poliédricos. Por serem pesados quase não constituem problemas, e raramente são expelidos. O acúmulo de cálculos no intestino é denominado enterolitíase. Coprólitos (fecalomas) são estruturas cilíndricas ou arredondadas, de cor parda ou cinza, com odor repugnante, formados de fezes ressecadas, podendo encontrar pedaços de ossos emiscuidos em seu interior. Sua formação é relativamente comum em cães e gatos que ingerem frequentemente ossos na alimentação. São produtos resultantes da constipação intestinal, principalmente pela presença de corpos estranhos como ossos de aves e outras estruturas indigeríveis, que causam obstrução intestinal. Os coprólitos estão presentes com maior freqüência no intestino grosso. O acúmulo de coprólitos no intestino é denominado de fecaloma. 41 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . 42 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . PERGUNTAS E RESPOSTAS 1- O que é mineralização distrófica? 2- O que é mineralização metastática? 3- O que é ossificação patológica? 4- O que é calculo? 5- O que é piloconcreção? 1- É a deposição de minerais em áreas preveamente lesadas. 2- É a deposição de minerais de forma generalizada no organismo, quando há hipercalcemia. 3- É a formação de autenticas estruturas ósseas em locais inapropriados. 4- É o mesmo que litos ou pedras formadas de minerais, encontradas em órgãos cavitarios. 5- É um corpo estranho esferoidal encontrado nos pré-estômagos de ruminantes e estômago de monogástricos, formado por pelos ingeridos. 43 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DOS PIGMENTOS Pigmento é tudo aquilo que tem cor própria. Apresenta-se como grânulo de corpos estranhos, e como produto do metabolismo celular. Pigmentos exógenos são poeiras de diversas naturezas: sílica, chumbo, calcário, ferro, cobre, cimento, carvão, mercúrio, prata e outros. Estas poeiras agridem o organismo pela pele, canal alimentar, olhos e sistema respiratório. A maior conseqüência se refere à pneumoconiose: fibrosamento do pulmão devido à inalação crônica de poeiras. Em virtude do fibrosamento surge o enfisema: acúmulo de ar nos alvéolos que se rompem e deixa o ar penetrar no interstício pulmonar, constituindo o enfisema intersticial, reduzindo a capacidade pulmonar de forma drástica e irrecuperável. A inalação crônica de poeira de carvão resulta em antracose: pulmão salpicado de pontos pretos milimétricos que se aprofundam ao corte. Isto acontece com indivíduos que vivem nas grandes cidades, a poluição do ar por dióxido de carvão impregna o pulmão e reduz sua capacidade pelo enfisema devido irritação dos bronquios e bronquíolos, que se fecham e promovem uma obstrução parcial: o ar entra com dificuldade e fica retido no alvéolo. Microscopicamente aparece uma pigmentação preta próxima dos brônquios e bronquíolos, e também no interior de macrófagos alveolares. Os linfonodos regionais do peumão podem apresentar manchas de antracose. Pigmentos endógenos são produtos do metabolismo celular: pigmentos autógenos e hematógenos. Pigmentos autógenos são conhecidos com melanina e derivaos lipídicos: ceroide e lipofuscina resultantes da oxidação e polimerização de lipídios não saturados. Estes pigmentos são encontrados no interior de macrófagos e em células parenquimatosas. São pigmentos produzidos pelo próprio organismo. Melanina é o pigmento melânico produzido pelos melanócitos e armazenado pelos melanófagos, que se apresenta de cor marrom ou preta dependendo da concentração (Fig. 04). O pigmento é responsável pela coloração da pele e pêlos de todos os indivíduos, e atua como protetor contra raios solares. As membranas serosas: pleura, pericárdio e peritônio, e ainda as meninges podem apresentar alguma pigmentação melânica. A intensidade da coloração depende da atividade 44 PATOLOGIA GERAL . . . . . . . . . . . dos melanócitos: quanto mais ativo for a célula, mais pigmentado será o individuo. Assim o representante da raça negra tem o mesmo número de melanócito que o representante de uma raça branca, a diferença está na atividade, o da raça negra possui melanócitos mais ativos. A ausência congênita de melanina é denomindada albinismo: individuo totalmente despigmentado. Isto pode ocorrer em todas as raças que habitam a terra:
Compartilhar