Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIENCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA WILLIAN DA MAIA CURVA DE DEFLOCULAÇÃO PONTA GROSSA AGOSTO/2014 AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA WILLIAN DA MAIA CURVA DE DEFLOCULAÇÃO Relatório apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais do Curso de Engenharia de Materiais, 3ª série, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Prof. Claudia Francine Machado Canova PONTA GROSSA AGOSTO/2014 SUMÁRIO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 3 1.1 VISCOSIDADE ................................................................................................. 3 1.2 SUSPENSÕES ................................................................................................. 3 1.3 DEFLOCULANTES E CURVA DE DEFLOCULAÇÃO ...................................... 4 1.4 TIPOS DE ESTABILIZAÇÕES .......................................................................... 5 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 6 3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 6 3.1 MATERIAIS ...................................................................................................... 6 3.2 PROCEDIMENTO ............................................................................................ 6 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 7 4.1 CÁLCULOS PRÉVIOS...................................................................................... 7 4.2 CURVAS DE DEFLOCULAÇÃO ....................................................................... 7 4.2.1 Proporção 1:1 ................................................................................................... 8 4.2.2 Proporção 3:2 ................................................................................................... 9 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 11 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 12 3 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 VISCOSIDADE A viscosidade é uma propriedade de consistência do material para o caso de fluidos nas direções normais e tangenciais. A viscosidade pode ser definida como sendo o comportamento dos fluidos “elásticos” de deformação contínua até se defrontarem com alguma barreira física que impeça o escoamento (1). 1.2 SUSPENSÕES Diversas técnicas de processamento de produtos cerâmicos utilizam suspensões de partículas. Em virtude disso, é fundamental que suas propriedades reológicas, em específico a viscosidade, sejam conhecidas e controladas, garantindo as características e a reprodutibilidade do processo além do desempenho final do produto. (2) O conhecimento da reologia das suspensões cerâmicas é essencial principalmente para uma eficiente homogeneização do material. (1) A adição de partículas sólidas em um meio líquido ocasiona a perturbação das linhas de fluxo, afetando as propriedades reológicas do fluido, necessitando maior quantidade de energia para provocar o escoamento na suspensão. (1) Quando se adiciona um pó a um meio liquido as partículas perturbam as linhas de fluxo do fluido e aumentam a viscosidade do sistema. Frequentemente, as partículas se aglomeram e permanecem unidas pelas forças de Van der Waals, perdendo a independência cinética, e influenciando ainda mais a reologia das suspensões. (1) Considerando a viscosidade como a medida da resistência que o fluido oferece ao escoamento, a imposição de partículas como obstáculos aumenta a viscosidade do fluido. Em suspensões com concentração de sólidos bem reduzidas e frequência de colisões entre partículas baixa a sua viscosidade normalmente permanece constante em função da taxa de cisalhamento. Nestas condições os principais fatores que alteram a viscosidade são a concentração volumétrica de 4 sólidos, as características do meio líquido (viscosidade, densidade, entre outras) e a temperatura do meio (1). Todavia, elevando-se a concentração de partículas na suspensão, as suas interações mudam o comportamento reológico, dependendo assim de uma gama de variáveis: características físicas das partículas (distribuição granulométrica, densidade, formato, área superficial específica, rugosidade superficial, entre outras) e tipo de interação entre partículas (1). 1.3 DEFLOCULANTES E CURVA DE DEFLOCULAÇÃO No campo da química, floculação, é o processo onde colóides saem de suspensão na forma de agregados, formando partículas maiores, os flocos. Os agentes defloculantes, em materiais cerâmicos, são reagentes (tal como carbonato de sódio ou silicato de sódio) adicionados a uma mistura de argila fina e água, retardando ou até mesmo impossibilitando a sedimentação e floculação das partículas de minerais argilosos. São compostos que atuam como redutor de viscosidade, aumentando a homogeneidade e fluidez da mistura da argila com água. Adicionando o agente defloculante é possível reter substâncias não argilosas em uma peneira, pois estas permanecem em estado sólido relativamente grandes em dimensões, enquanto os argilo-minerais encontram-se dispersos em partículas muito mais finas. (4) A otimização do preparo de uma suspensão cerâmica depende, então, da introdução de substâncias que eliminem ao máximo essas interações,ou seja, que causem um efeito de dispersão da suspensão sem que haja a necessidade de adição demasiada de líquido. Essas substâncias são aditivos químicos denominados dispersantes ou defloculantes. (5) A eficiência dos defloculantes pode ser analisada através das curvas de defloculação, que objetivam determinar a menor quantidade de defloculante necessária para conduzir as suspensões a seus menores valores de viscosidade aparente. (5) Há três tipos de defloculantes: os que estabilizam a suspensão por efeitos estéricos, por efeito eletrostático ou por efeito eletroestérico, os quais são ilustrados na figura 1. 5 Figura 1 a) Estabilização eletrostática; b) Estabilização estérica; c) Estabilização eletroestérica. As partículas de defloculante (menores) envolvem as partículas do sólido da suspensão (maiores). 1.4 TIPOS DE ESTABILIZAÇÕES a) Elestrostática: A indução de cargas elétricas nas partículas da suspensão geram forças repulsivas em decorrência da interação da superfície com o meio líquido. Defloculantes inorgânicos apresentam este tipo de efeito. (1); b) Estérica: A adsorção superficial de substâncias orgânicas de cadeias longas (polímeros) dificultam a aproximação das partículas da suspensão por impedimento mecânico. Defloculantes orgânicos apresentam este tipo de efeito. (1); c) Eletroestérica: Ocorre adsorção específica de moléculas de defloculante com grupos ionizáveis ou polieletrólitos na superfície das partículas da suspensão, no qual os íons provenientes da dissociação desses grupos ionizáveis somam uma barreira eletrostática ao efeito estérico (1). A eficácia do processo de defloculação pode ser mensurada pela alteração do comportamento reológico da suspensão com adição de defloculantes. Noentanto, a ação desses defloculantes depende das propriedades de cada mineral constituinte das matérias-primas. Desse modo, a condição ótima do processo de defloculação de uma suspensão coloidal de argilas está diretamente ligada às suas propriedades físicas e químicas, das características da solução aquosa e do tipo de defloculante. (3) 6 2 OBJETIVOS Determinar a curva de defloculação para duas proporções de suspensão SV. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Argila SV; Espátula; Água; Defloculante (silicato de sódio); Conta-gotas; Cronômetro; Papel toalha; Béquer; Viscosímetro Copa Ford; Balança analítica; Proveta de 25 ml; 3.2 PROCEDIMENTO Em um béquer foi preparada a suspensão cerâmica com a proporção de argila/água de 1:1. Para isso pesou-se 150g da matéria prima e 150mL de água, ambos foram colocados no béquer e misturados com uma espátula. Em uma proveta foi colocado 25cm3 da suspensão e mediu-se sua massa. Com a divisão da massa pelo volume obtêm-se a massa específica da argila. Utilizando um viscosímetro Copa Ford pode-se determinar o tempo de escoamento da água para referência. Foram realizadas três medidas de tempo e retirada à média. Na sequência pretendia-se determinar o tempo de escoamento da suspensão no viscosímetro, porém devido a alta viscosidade a suspensão não 7 escoou. Para que ocorresse o escoamento foi-se gotejando defloculante de silicato de sódio até que a suspensão escoasse pelo viscosímetro. Em seguida adicionou-se de uma a três gotas de defloculante por vez e realizou-se a medição do tempo de escoamento. A adição deveria ser finalizada quando o menor tempo de escoamento fosse atingido, ou seja, quando se encontrasse a melhor dispersão das partículas, a adição de mais uma gota de dispersante nessa suspensão implicaria na aglomeração das partículas. Repetiu-se o experimento para a proporção de argila/água de 3:2. Para isso pesou-se 150 g de matéria prima e 100 ml de água. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CÁLCULOS PRÉVIOS O tempo de escoamento para a amostra de água pura foi quantificado em 9,84 segundos. Esse valor foi utilizado para determinar a viscosidade relativa da amostra nas duas proporções. Foi aferida a massa de 10 gotas do defloculante, e o valor indicado foi 0,4134 gramas. O valor é útil para o cálculo do percentual de defloculante. A densidade de cada suspensão também foi determinada, sendo aproximadamente 1,2602 g/cm³ para a proporção 1:1 e 1,3260 g/cm³ para a proporção 3:2. Como esperado, a amostra com maior quantidade de argila apresenta maior densidade. 4.2 CURVAS DE DEFLOCULAÇÃO As curvas de defloculação relacionam percentual de defloculante com a viscosidade relativa. O percentual de defloculante é uma razão entre a massa do aditivo e a massa da argila seca, dada pela Equação 1: Equação 1: Percentual de Defloculante. 8 A viscosidade relativa relaciona a viscosidade da suspensão com a viscosidade da água pura. Ambos podem ser determinados multiplicando a densidade pelo tempo de escoamento. Equação 2: Viscosidade relativa, onde d e t correspondem a densidade e tempo. 4.2.1 Proporção 1:1 Na tabela abaixo, é possível verificar a quantidade de defloculante adicionada em cada medida, os tempos de escoamento, as respectivas viscosidades e percentuais. Tabela 1: Dados coletados na proporção 1:1. A massa é dada em gramas e o tempo em segundos. A viscosidade relativa e o percentual são adimensionais. Gotas Massa de Defloculante Tempo Viscosidade Relativa Percentual de Defloculante 7 0,28938 35,24 4,5133 0,193 8 0,33072 33,93 4,3455 0,220 9 0,37206 27,92 3,5758 0,248 10 0,4134 21,61 2,7676 0,276 11 0,45474 18,77 2,4039 0,303 12 0,49608 17,13 2,1939 0,331 13 0,53742 14,89 1,9070 0,358 14 0,57876 13,76 1,7623 0,386 15 0,6201 12,87 1,6483 0,413 16 0,66144 12,56 1,6086 0,441 17 0,70278 12,42 1,5907 0,469 20 0,8268 12,03 1,5407 0,551 23 0,95082 11,98 1,5343 0,634 26 1,07484 12,33 1,5791 0,717 29 1,19886 11,65 1,4920 0,799 30 1,2402 11,89 1,5228 0,827 31 1,28154 12,13 1,5535 0,854 32 1,32288 11,95 1,5305 0,882 33 1,36422 12,12 1,5522 0,909 9 Com base na Tabela 1, foi construída a curva abaixo, onde é possível visualizar o comportamento do defloculante na suspensão de argila SV. Gráfico 1: Curva de defloculação da amostra na proporção 1:1. Analisando a tabela e o gráfico, é possível notar que o ponto ótimo do defloculante está em torno de 23 gotas ou 0,95 gramas. Esse ponto não é muito nítido, mas o comportamento assintótico do gráfico leva a crer que a viscosidade não diminuirá com a adição de mais silicato de sódio. 4.2.2 Proporção 3:2 Dados semelhantes podem ser observados abaixo para a proporção de 3:2. 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 V is co si d ad e R e la ti va Percentual de Defloculante Curva de Defloculação 1:1 10 Tabela 2: Dados coletados na proporção 3:2. A massa é dada em gramas e o tempo em segundos. A viscosidade relativa e o percentual são adimensionais. Gotas Massa de Defloculante Tempo Viscosidade Relativa Percentual de Defloculante 5 0,2067 28,13 3,7907 0,138 6 0,24804 19,14 2,5792 0,165 7 0,28938 14,36 1,9351 0,193 8 0,33072 13,40 1,8057 0,220 9 0,37206 12,69 1,7101 0,248 10 0,4134 12,06 1,6252 0,276 11 0,45474 12,21 1,6454 0,303 12 0,49608 12,16 1,6386 0,331 13 0,53742 13,29 1,7909 0,358 14 0,57876 12,48 1,6818 0,386 15 0,6201 11,84 1,5955 0,413 16 0,66144 12,12 1,6332 0,441 17 0,70278 11,53 1,5537 0,469 18 0,74412 11,91 1,6049 0,496 19 0,78546 11,98 1,6144 0,524 Gráfico 2: Curva de defloculação da amostra na proporção 3:2. 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 V is co si d ad e R e la ti va Percentual de Defloculante Curva de Defloculação 3:2 11 Para esta curva, o ponto ótimo foi atingido em 10 gotas ou 0,41 gramas de defloculante. O resultado é incomum, pois se esperava uma dificuldade maior em melhorar a viscosidade de uma amostra com mais massa seca. Os valores das densidades deixam claro que as quantidades de água e de argila estão corretas para cada procedimento. A proporção menor de argila apresenta uma densidade inferior. Pode ter havido algum erro na contagem das gotas ou na contagem do tempo. Ainda, a amostra 3:2 pode ter iniciado a sua viragem após a adição da 19ª gota, apesar da relativa estabilidade apresentada. Porém, isso é pouco provável e é aconselhável refazer o experimento. 5 CONCLUSÃO 12 REFERÊNCIAS ALVES, L. M. Aula Teórica sobre o Estudo de Consistência Mecânica dos Materiais. Ponta Grossa. Anotações de sala de aula. -R. G. Pileggi, A. R. Studart , V. C. Pandolfelli. A new model to predict the minimum viscosity of ceramic suspensions. DELAVI, D. G. G. Defloculação de suspensões aquosas de argila e sua correlação com caracterizações químicas e de superfície SANTOS, Persio S.; Ciência e Tecnologia de Argilas. Vol 1. São Paulo; Edgard Blucher Ltda, p 1-10 ALATRISTA, G. A. V. Preparação e estabilização de uma suspensão cerâmica de porcelana deossos.
Compartilhar