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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIENCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA WILLIAN DA MAIA IMPACTO PONTA GROSSA OUTUBRO/2014 AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA WILLIAN DA MAIA IMPACTO Relatório apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais do Curso de Engenharia de Materiais, 3ª série, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Prof. Msc. Guilherme Forbeck PONTA GROSSA OUTUBRO/2014 SUMÁRIO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 3 1.1 ENSAIO DE IMPACTO CHARPY ..................................................................... 4 1.2 ENSAIO DE IMPACTO IZOD ........................................................................... 5 1.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO ............ 6 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 7 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 7 3.1 MATERIAIS ...................................................................................................... 7 3.2 PROCEDIMENTO ............................................................................................ 8 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 9 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 11 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 12 3 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O ensaio de impacto caracteriza-se por submeter o corpo de prova ensaiado a uma força brusca e repentina, a qual deve rompê-lo. Ensaio é ilustrado na figura 1 [1]. Figura 1: Esquema do ensaio de Impacto. Fonte: [1] É um ensaio empregado no estudo da fratura frágil dos metais, o qual analisa a propriedade de um metal atingir a ruptura sem sofrer uma deformação apreciável. Neste ensaio o corpo de prova é padronizado e provido de um entalhe para localizar a sua ruptura e produzir um estado triaxial de tensões, quando ele é submetido a uma flexão por impacto, produzida por um martelo pendular. A energia absorvida pelo corpo de prova, até deformar-se e romper-se, é medida pela diferença entre a altura atingida pelo martelo antes e após o impacto, multiplicada pelo peso do martelo [1]. Quando menor for à energia absorvida, mais frágil será o comportamento do material à aquela solicitação dinâmica [1]. O entalhe produz um estado triaxial de tensões, suficiente para provocar uma ruptura de caráter frágil. 4 Há alguns fatores que podem influenciar na resistência ao impacto, tais como entalhe ou descontinuidade, composição do metal de base, composição do metal de adição, tratamento térmico, temperatura, entre outros [1]. No caso dos materiais metálicos, a temperatura tem um efeito acentuado na resistência ao impacto, tal que, à medida que a temperatura diminui, o corpo de prova se rompe com fratura frágil e pequena absorção de energia. Acima dessa temperatura, as fraturas do mesmo material passam a ser dúcteis e com absorção de energia bem maior em relação a aquela ocorrida em temperaturas baixas [1]. As fraturas produzidas por impacto podem ser frágeis ou dúcteis. As fraturas frágeis caracterizam-se pelo aspecto cristalino e as fraturas dúcteis apresentam aparência fibrosa. Os materiais frágeis rompem-se sem nenhuma deformação plástica, de forma brusca. Por isso, esses materiais não podem ser utilizados em aplicações nas quais sejam comuns esforços bruscos. Para estas aplicações são desejáveis materiais que tenham capacidade de absorver energia e dissipá-la, para que a ruptura não aconteça, ou seja, materiais que apresentem tenacidade. Esta propriedade está relacionada com a fase plástica dos materiais e por isso se utilizam as ligas metálicas dúcteis neste tipo de aplicação [2]. 1.1 ENSAIO DE IMPACTO CHARPY O ensaio de impacto Charpy está relacionado com o comportamento do material sujeito a carregamento dinâmico (altas taxas de carregamento) e a um estado triaxial de tensões associado a um entalhe em V [2]. O problema da fratura por clivagem – forma de fratura mais frágil que pode ocorrer em materiais cristalinos – é tão sério que o ensaio de impacto Charpy é frequentemente usado em controle da qualidade para a determinação da temperatura de transição e da energia absorvida na fratura em determinadas temperaturas. Porém, o ensaio de impacto Charpy não fornece uma determinada temperatura de transição, mas uma faixa de transição [2]. 5 Figura 2: Corpo de Prova Charpy. Fonte: [3] 1.2 ENSAIO DE IMPACTO IZOD O corpo de prova Izod tem a mesma forma de entalhe do Charpy tipo A, localizada em posição diferente (não centralizada). O corpo de prova Charpy é apoiado na máquina e o Izod é engastado, o que justifica seu maior comprimento [3]. A única diferença entre o ensaio Charpy e o Izod é que no Charpy o golpe é desferido na face oposta ao entalhe e no Izod é desferido no mesmo lado do entalhe [3]. Figura 3: Corpo de prova Izod. Fonte: [3] 6 1.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO Diferenças na temperatura de transição superiores a 40°C podem ser produzidas por mudanças na composição química ou na microestrutura dos aços doces. O carbono e o manganês são os principais responsáveis por variações na temperatura de transição [4]. A temperatura de transição referente à energia de 2 Joules para corpos de prova Charpy entalhados em V (transição de ductilidade) aumenta em cerca de 14°C para cada acréscimo de 0,1% no conteúdo de carbono. Esta temperatura de transição é diminuída em cerca de 6°C para cada acréscimo de 0,1% no teor de manganês [4]. A variação desse comportamento com o teor de carbono pode ser vista na figura abaixo: Figura 4: Absorção de energia em diferentes temperaturas para amostras com teores de carbono variados. Fonte: [5] A tenacidade ao entalhe é particularmente influenciada pelo oxigênio. Ao se aumentar o conteúdo de oxigênio de 0,001 para 0,057 %, a temperatura de transição aumenta de -15 para 343°C. Em vista destes resultados, não é surpresa que a prática de desoxidação tenha um efeito importante na temperatura de transição. O aço efervescente, com seu elevado teor de óxido 7 de ferro, geralmente apresenta uma temperatura de transição acima da temperatura ambiente [4]. O tamanho de grão exerce um forte efeito sobre a temperatura de transição. Um aumento de um número ASTM no tamanho do grão ferrítico (o que na realidade corresponde a um decréscimo no tamanho de grão) pode levar a uma diminuição de 17°C na temperatura de transição do aço doce. A temperatura de transição correspondente à energia de 1,35 J no ensaio Charpy com entalhe em V pode variar de 21 para 751°C ao se diminuir o diâmetro do grão do número ASTM 5 para 10 [4]. 2 OBJETIVOS Essa prática teve como objetivo a análise das amostras de aço submetidas ao ensaio de Impacto Charpy, fazendo um gráfico de energia para fratura versus temperatura para determinar a temperatura de transiçãode fratura dúctil e frágil. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Máquina para ensaio de Impacto Heckert; 12 amostras de aço SAE 1020; Nitrogênio Líquido; Etanol; Água quente; Pinça. Termopar Cronômetro 8 3.2 PROCEDIMENTO As amostras de aço SAE 1020 já estavam preparadas para o uso, assumindo dimensões superiores às regulamentadas pela norma ASTM E-23 para um teste de Impacto Charpy. A norma previa uma seção quadrada de 10mm, mas as peças ensaiadas tinham 12mm de lado. Uma face retangular de cada amostra foi entalhada no sentido da largura. Esse entalhe era de 1,2 mm, tendo uma abertura de aproximadamente 45º. O braço do martelo da máquina de impacto tinha 790 mm onde o martelo pesava 19, 962 Kg. Com as amostras, foram realizados vários testes de impactos em diferentes temperaturas, as quais variavam entre -100ºC até 80ºC. A temperatura dos corpos de provas foi controlada com misturas de nitrogênio líquido e etanol até alcançar as temperaturas desejadas. Esses valores foram controlados utilizando um termopar e um cronômetro. As amostras foram posicionadas horizontalmente para o golpe do martelo. Mediu-se e anotou-se a energia necessária para romper os corpos de prova, durante os testes de impacto. Plotou-se o gráfico da energia para fratura versus temperatura. 9 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Abaixo estão listadas as energias absorvidas durante o ensaio de impacto nas diferentes temperaturas. Tabela 1: Valores de energia absorvida em Joules para as temperaturas em graus Celsius. AÇO SAE 1020 Temperatura (°C) Energia (J) -100 4,5 -80 24,7 -70 127 -60 119,9 -40 160 -30 12 -20 155 -10 30 0,3 282 24 286 64 292 80 289 Além desta tabela, consultaram-se dados coletados em experimentos anteriores, os quais estavam mais próximos das condições normatizadas. Tabela 2: Valores obtidos em experimentos anteriores. AÇO SAE 1020 Temperatura (°C) Energia (J) -180 2,4 -50 4 -30 6,5 -20 15,5 -10 17 -5 20 0 28 5 47 10 212 20 250 25 191 50 174 70 188 96 184 10 De posse dessas tabelas, foram construídos os seguintes gráficos; para os dados mais recentes e de experimentos anteriores, respectivamente. Gráfico 1: Obtido a partir do experimento mais recente. Gráfico 2: Energias absorvidas pelo aço 1020 em experimentos anteriores. 0 50 100 150 200 250 300 350 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 En e rg ia ( J) Temperatura (°C) AÇO SAE 1020 0 50 100 150 200 250 300 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 En e rg ia ( J) Temperatura (°C) AÇO SAE 1020 11 Os dois gráficos, principalmente o segundo, apresentam forma muito semelhante à curva de 0,22 da Figura 4. As curvas apresentadas sofrem um salto na energia absorvida quando a temperatura está próxima de 0°C. É possível que a amostra analisada no experimento para construir o Gráfico 1 possua um teor de carbono ligeiramente mais baixo, o que abaixaria sua temperatura de transição. No entanto, é mais provável que a diferença esteja ligada ao procedimento, especificamente nas taxas de resfriamento utilizadas nas amostras com temperatura de -20°C e abaixo de -40°C. Da mesma forma, para temperaturas superiores, a amostra pode ter aquecido alguns graus entre a leitura do termopar e o momento do impacto. No que diz respeito às energias absorvidas, as amostras utilizadas possuíam áreas de seção transversal 44% maior do que o especificado pela norma. Uma área maior proporciona maior absorção de energia. A utilização de banhos de resfriamento com quantidades precisas de álcool e nitrogênio em solução, bem como um controle adequado do banho poderiam ter reduzido esses erros. Além disso, é claro que resultados mais confiáveis seriam obtidos se as dimensões da peça estivessem de acordo com a norma ASTM E-23:2012. 5 CONCLUSÃO O ensaio de impacto é uma forma simples de determinar a temperatura de transição dúctil-frágil de metais. Esse parâmetro é extremamente importante no que diz respeito à seleção de materiais, pois permite selecionar a temperatura adequada de utilização de modo a evitar a falha catastrófica. O teor de carbono exerce grande influência nessa temperatura de transição, sendo que para o aço 1020 ela está em torno de 0°C. Entretanto, para determinar esse valor de forma confiável, é preciso atentar para as técnicas de resfriamento e aquecimento das amostras, bem como suas corretas dimensões. 12 REFERÊNCIAS 1. CHAWLA, K. K.; MEYERS, M. A. Mechanical Behavior of Materials. 2ª. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. 2. BHADESHIA, H. K. D. H.; HONEYCOMBE, R. W. K. Steels - Microstructure and Properties. 3ª. ed. Cambridge: Elsevier, 2006. 3. ASTM Standard A255,2010, "Standard Test Methods for Notched Bar Impact Testing of Metallic Materials", ASTM International, West Conshohocken, PA, 2012, DOI: 10.1520/E0023-12C, www.astm.org.
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