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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIENCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS AUGUSTO ARAUJO VUITIK GUSTAVO LUIS WALCHAKI KAROLINA MAIA MATHEUS WEHMUTH WILLIAN DA MAIA TRAÇÃO EM POLÍMEROS PONTA GROSSA 2014 AUGUSTO ARAUJO VUITIK GUSTAVO LUIS WALCHAKI KAROLINA MAIA MATHEUS WEHMUTH WILLIAN DA MAIA TRAÇÃO EM POLÍMEROS Relatório apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais do Curso de Engenharia de Materiais, 3ª série, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Prof. Adriane Bassani Sowek PONTA GROSSA 2014 2 SUMÁRIO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 3 1.1 O ENSAIO DE TRAÇÃO ................................................................................... 3 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 5 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 5 3.1 MATERIAIS ...................................................................................................... 5 3.2 PROCEDIMENTO ............................................................................................ 6 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 6 4.1 TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................... 6 4.2 GRÁFICOS DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO ....................................................... 7 4.2.1 Polietileno ......................................................................................................... 8 4.2.2 Polipropileno ..................................................................................................... 9 4.2.3 Elastômero e PS ............................................................................................. 11 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 13 3 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 O ENSAIO DE TRAÇÃO O ensaio de tração é um dos ensaios mais utilizados na determinação das propriedades mecânicas da maioria dos materiais. No ensaio de tração, um corpo de prova com formas e dimensões padronizadas, como mostrado na Figura 1, é submetido à uma força de tração uniaxial que tende a esticá-lo ou alongá-lo. A cabeça do corpo de prova é fixada nas garras de uma máquina de ensaio que aplica esforços crescentes na sua direção axial. Durante o ensaio, são medidas a força e a deformação correspondente. Em geral, o ensaio é realizado até a ruptura do corpo de prova [1]. Figura 1: Tipos de corpos de prova mais usados para ensaio de tração. Fonte: [1] Este ensaio geralmente é realizado na máquina universal que tem esse nome porque se presta à realização de diversos tipos de ensaios. Esta máquina possui um registrador gráfico acoplado que vai traçando o diagrama de força versus deformação, em um computador ou em papel milimetrado, à medida que o ensaio é realizado. A figura 2 apresenta uma máquina de ensaio de tração esquemática. [1] 4 Figura 2: Representação esquemática da maquina universal de ensaios. Fonte: [1] A partir das medidas de cargas e os respectivos alongamentos, constrói- se a curva tensão versus deformação, assim como na Figura 3, a qual mostra essa relação para diferentes tipos de polímeros. [2] Figura 3 Comportamento tensão-deformação para polímeros frágeis (curva A), plásticos (curva B) e altamente elásticos (curva C). Fonte: [2] 5 Em termos gerais o teste de tração tem uma só conduta de procedimentos. Basicamente um corpo de prova é submetido a uma carga de tração crescente até atingir a ruptura. As medições feitas ao longo do teste é que diferem, de acordo com o tipo de comportamento do material. Assim, para materiais frágeis, os parâmetros da zona elástica e a tensão de ruptura são identificados no teste. Para os materiais dúcteis, é necessário identificar outros parâmetros, como as tensões durante a fase não linear de deformações, as tensões durante o escoamento e a tensão máxima antes da ruptura. [2] 2 OBJETIVOS Diferenciar de acordo com a estrutura química as propriedades mecânicas de diferentes polímeros. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Foram utilizados corpos de prova na forma de gravata de seção retangular, moldados por injeção, cujas dimensões variaram de acordo com o material [3]: PS; PEAD, PEBD; PP e PP reforçado com farelo de soja nas dimensões 4x10mm; Etileno-octeno nas dimensões 3,2x12,7mm. As medidas foram feitas com um paquímetro de precisão 0,02mm e os ensaios foram realizados na máquina Universal de Ensaios Shimatzu, com os suportes adaptados para tração polimérica. 6 3.2 PROCEDIMENTO Testaram-se três corpos de prova de cada polímero indicado, totalizando 18 corpos de prova. A velocidade de ensaio foi de 50mm/min para todos os corpos de prova exceto os de PP, para o quais a velocidade foi de 5mm/min. Após fornecer as dimensões de cada amostra ao equipamento e realizar o ensaio, foram plotados gráficos de tensão-deformação para cada polímero. Em seguida, calculou-se a tensão elástica, a tensão máxima e a tensão de ruptura; bem como as deformações percentuais elásticas e de ruptura. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 TRATAMENTO DOS DADOS Abaixo estão listados os principais pontos retirados dos gráficos para cada amostra estudada. Tabela 1: Valores de tensão e deformação retirados dos gráficos fornecidos pelo equipamento para as diferentes amostras. O Módulo de Elasticidade é dado pela relação entre tensão e deformação. TENSÃO (MPa) DEFORMAÇÃO MÁXIMA MÓDULO DE ELASTICIDADE (MPa) AMOSTRA ELÁSTICA MÁXIMA RUPTURA ELÁSTICA RUPTURA PEBD 7,71875 10,2891 7,160158 47% 919% 16,42 7,89063 10,1172 7,07422 55% 993% 14,35 7,79297 10,1445 7,867188 53% 943% 14,70 PEAD 23,7383 25,6594 9,221875 49% 2925% 48,45 23,6594 25,5484 7,85 47% 1247% 50,34 22,8016 24,7219 7,634375 46% 2061% 49,57 PP 17,40303 37,0438 30,55786 13% 162% 133,87 23,4586 37,6281 31,36563 18% 134% 130,33 17,80235 36,2656 19,27969 13% 190% 136,94 PP REFORÇADO 11,96094 27,8094 26,03438 9% 94% 132,90 12,07344 25,8828 23,65 10% 63% 120,73 11,95703 25,2547 23,9 10% 48% 119,57 ETILENO- OCTENO 1,246463 3,3107 3,30878 116% 3942% 1,07 1,278759 3,28571 3,285711 108% 4056% 1,18 1,2787217 3,38375 3,383366 97% 3936% 1,32 PS 38,4531 38,4531 36,78125 24% 24% 160,22 40,1133 40,1133 40,04688 23% 23% 174,41 39,375 39,375 39,375 22% 22% 178,98 7 Os valores do Módulo de Elasticidade (E) são obtidos por [3]: Equação 1: Módulo de Elasticidade, que relaciona a tensão na região elástica e sua respectiva deformação. Entende-se por região elástica aquela onde tensão e deformação se relacionam por uma reta que obedece a lei de Hooke, com uma constate de proporcionalidade. Nessa região também, as deformações podem ser recuperadas [2]. Da Tabela 1 foram calculados os seguintes valores médios: Tabela 2: Valores médios obtidos para cada série de amostras. TENSÃO (MPa) DEFORMAÇÃO MÓDULO DE ELASTICIDADE (MPa) AMOSTRA ELÁSTICAMÁXIMA RUPTURA ELÁSTICA RUPTURA PEBD 7,80 10,18 7,37 52% 952% 15,16 PEAD 23,40 25,31 8,24 47% 2078% 49,45 PP 19,55 36,98 27,07 15% 162% 133,71 PP REF. 12,00 26,32 24,53 10% 68% 124,40 C2C8 1,27 3,33 3,33 107% 3978% 1,19 PS 39,31 39,31 38,73 23% 23% 171,20 Quanto ao módulo de elasticidade, o elastômero apresenta o menor valor; pois deforma muito em pequenas tensões. Já o PEAD apresenta um módulo cerca de três vezes maior que o mesmo polímero com baixa densidade. A presença de reforço no polipropileno acaba diminuindo seu módulo de elasticidade; enquanto o poliestireno apresenta o maior módulo entre todos os polímeros analisados. A seguir, esses comportamentos serão discutidos ao se comparar os gráficos de tensão-deformação de cada série de amostras. 4.2 GRÁFICOS DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO A tensão em cada ponto foi determinada relacionando a força exercida sobre a área de seção transversal de cada amostra. Já a deformação percentual foi obtida pela razão entre a variação provocada no comprimento e o comprimento inicial [3]. 8 4.2.1 Polietileno Gráfico 1: Diagrama de tensão-deformação para o polietileno de baixa densidade. Gráfico 2: Diagrama de tensão-deformação para o polietileno de alta densidade. A diferença entre os dois polímeros é unicamente a organização dos seus meros. Ambos possuem a mesma composição química, porém o PEAD apresenta moléculas lineares, enquanto o PEBD possui ramificações. A estrutura do PEAD é facilmente organizada, o que favorece a cristalização. 0 2 4 6 8 10 12 0% 200% 400% 600% 800% 1000% 1200% Te n sã o ( M P a) Defomação % PEBD 0 5 10 15 20 25 30 0% 500% 1000% 1500% 2000% 2500% 3000% Te n sã o ( M P a) Deformação % PEAD 9 Como a molécula está mais empacotada, é necessário fornecer uma grande quantidade de energia para que as cadeias se movimentem [4]. Figura 4: Mero de polietileno, composto apenas por carbono e hidrogênio. Fonte: [4] De fato, com pouco mais de 8MPa as cadeias de PEBD já se deformam plasticamente, enquanto é necessária uma energia quase três vezes maior, cerca de 26MPa, para iniciar o processo no PEAD. A deformação inicial no PEAD corresponde à orientação da fase amorfa, seguida pela deformação da região cristalina. Por conta disso este material consegue deformar muito mais que o PEBD, tanto elástica quanto plasticamente [2]. Ainda, no PEBD ocorre uma pequena queda na tensão, devido à formação de um pescoço no corpo de prova. Porém, como as cadeias se orientam com a aplicação de tensão e aumenta o número de ligações secundárias, há um acréscimo na tensão máxima suportada [2]. 4.2.2 Polipropileno Gráfico 3: Diagrama de tensão-deformação para o polipropileno puro. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0% 50% 100% 150% 200% Te n sã o ( M P a) Deformação % PP 10 Gráfico 4: Diagrama de tensão-deformação para o polipropileno reforçado com farelo de soja. Comparando sua estrutura com a do polietileno, o polipropileno possui um carbono substituído por um radical metil que pende da cadeia principal. Isso acaba enrijecendo as moléculas deste polímero [4]. Figura 5: Mero do polipropileno, onde ocorre a substituição por um radical metil. O fato de ter uma cadeia mais rígida ocasiona que a tensão máxima suportada é maior do que no polietileno. É necessária uma energia maior para deformar o corpo de prova de PP, e isso ainda provoca deformações muito menores do que nas duas classes de PE analisadas [4]. A adição de um reforço nesse polímero deveria aumentar ainda mais as suas propriedades mecânicas, visto que as partículas de reforço normalmente são mais frágeis do que a matriz polimérica. Isso pode fazer com que o compósito suporte tensões mais elevadas dentro da região elástica [2]. Entretanto, esse comportamento não é observado com a adição de farelo de soja na matriz de PP, que acaba apresentando um desempenho inferior ao da matriz pura. Com a adição de farelo, a mobilidade das cadeias 0 5 10 15 20 25 30 0% 20% 40% 60% 80% 100% Te n sã o ( M P a) Deformação % PP reforçado 11 diminui, refletindo na menor deformação elástica. Porém, a ligação interfacial entre os componentes não é satisfatória e, a partir de certo ponto, as partículas passam a atuar como defeitos, acelerando a fratura do polímero. 4.2.3 Elastômero e PS Gráfico 5: Diagrama de tensão-deformação para o elastômero etileno-octeno. O etileno-octeno é um elastômero que possui uma pequena quantidade de ligações cruzadas, sendo capaz de recuperar pequenas deformações elásticas e suportando grandes deformações plásticas até a ruptura. De todos os polímeros analisados, é o que apresentou as maiores deformações e as menores tensões de ruptura. Por outro lado, o PS possui um anel aromático pendendo da cadeia principal. Assim como o radical metil no polipropileno, o anel benzênico enrijece a estrutura; porém este o faz de uma forma muito mais significativa, pois tem volume maior que o metil [4]. Figura 6: Mero do poliestireno, com a presença de um anel aromático. Fonte: [4] 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0% 500% 1000% 1500% 2000% 2500% 3000% 3500% 4000% 4500% Te n sã o ( M P a) Deformação % C2C8 12 Gráfico 6: Diagrama de tensão-deformação para o poliestireno. Devido ao enrijecimento da cadeia, o PS possui comportamento frágil, oposto ao do elastômero. O material suporta elevadas tensões, porém não é capaz de deformar muito acima do seu comprimento inicial. Novamente, o volume dos anéis aromáticos dificulta a mobilidade das cadeias. [4]. 5 CONCLUSÃO O ensaio de tração é a técnica mais difundida para se analisar as propriedades mecânicas de um material. No caso dos polímeros, esse comportamento está ligado com a organização dos átomos nas moléculas, a orientação das cadeias e com a presença de agentes que alterem a sua movimentação. É aconselhável projetar um material para que ele opere dentro do regime elástico, pois dessa forma é possível evitar a fratura catastrófica. Por conta disso, um parâmetro muito importante para a seleção de materiais é o módulo de elasticidade. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Te n sã o ( M P a) Deformação % PS 13 REFERÊNCIAS 1. PADILHA, Â. F. Materiais de Engenharia - Microestrutura e Propriedades. Curitiba: Hemus, 2000. 2. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Materials Science and Engineering an Introduction. 8ª. ed. Hoboken: Wiley & Sons, Inc, 2010. ISBN 978-0-470-41997-7. 3. CANEVAROLO, S. V. Técnicas de Caracterização de Polímeros. 1ª. ed. São Paulo: Artiliber, 2004. 4. CANEVAROLO, S. V. J. Ciência dos polímeros: texto base para tecnólogos e engenheiros. 2ª. ed. São Carlos: Artiiber Editora Ltda., 2006.
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