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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIENCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS AUGUSTO ARAUJO VUITIK GUSTAVO LUIZ WALCHAKI KAROLINA MAIA THIELY KOVALISKI DA SILVA PAULA SANTOS IDENTIFICAÇÃO DE POLÍMEROS: TESTE DE QUEIMA PONTA GROSSA FEVEREIRO/2014 AUGUSTO ARAUJO VUITIK GUSTAVO LUIZ WALCHAKI KAROLINA MAIA THIELY KOVALISKI DASILVA PAULA SANTOS IDENTIFICAÇÃO DE POLÍMEROS: TESTE DE QUEIMA Relatório apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais do Curso de Engenharia de Materiais, 3ª série, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Prof. Dr. Adriane Bassani Sowek PONTA GROSSA FEVEREIRO/2014 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 3 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 4 3.1 A IDENTIFICAÇÃO DE POLÍMEROS............................................................... 4 3.2 POR CÓDIGOS ................................................................................................ 4 3.3 PELAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS ............................................................. 5 3.3.1 Transparência ................................................................................................... 5 3.3.2 Deformação ...................................................................................................... 5 3.3.3 Dureza .............................................................................................................. 5 3.4 PELAS ESTRUTURAS QUÍMICAS .................................................................. 6 3.4.1 Polietileno ......................................................................................................... 6 3.4.2 Polipropileno ..................................................................................................... 6 3.4.3 Poliestireno ....................................................................................................... 6 3.4.4 Cloreto de Polivinila .......................................................................................... 7 3.4.5 Poliamidas ou Nylons ....................................................................................... 7 3.4.6 Polietileno Tereftalato ....................................................................................... 8 4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 8 4.1 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................ 8 4.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................................ 8 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 9 6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 10 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 11 3 1 INTRODUÇÃO Um polímero é um composto químico formado pela associação de uma unidade básica de repetição, denominada monômero, resultando numa macromolécula de elevado peso molecular. O desenvolvimento de compostos sintéticos e dos plásticos provocou grandes mudanças, pois a maior parte dos produtos e equipamentos utilizados no dia-a-dia é obtida a partir destes materiais. Em contrapartida, a utilização abusiva dos plásticos e a, cada vez maior, dependência destes tem provocado graves problemas ambientais devido à dificuldade de degradação muitas vezes atribuída ao uso de aditivos que visam maximizar a vida útil. Esses aditivos conferem características anti-fogo, estabilidade térmica, resistência à ação química, propriedades mecânicas, entre outras. A caracterização e separação são etapas fundamentais para o reaproveitamento desses materiais, e podem ser executadas por muitas técnicas. Porém, como o processo de reciclagem normalmente dispõe de poucos recursos, é interessante que essas técnicas sejam de baixo custo e fácil execução. Um dos métodos utilizados para caracterização consiste no teste de queima, que tem como objetivo identificar alguns tipos de polímeros de acordo com a inflamabilidade, cor da chama e da fumaça, presença de fuligem, pH da fumaça e o odor da mesma [1]. 2 OBJETIVOS Este ensaio tem como objetivo identificar amostras poliméricas com o teste de chama, observando fatores como: a coloração e estabilidade da chama; a coloração, o pH e o odor da fumaça liberada; bem como o desprendimento de fuligem e a degradação do material com o calor. 4 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 A IDENTIFICAÇÃO DE POLÍMEROS Existem várias formas pelas quais um polímero pode ser identificado, seja simplesmente observando o código do material na embalagem, ou analisando sua estrutura. Nesse caso, podem ser observadas tanto as propriedades macroscópicas do material, como a estrutura da cadeia polimérica. 3.2 POR CÓDIGOS Um dos métodos mais simples para identificação de polímeros é por meio de códigos numéricos representados nas embalagens. Para cada polímero existe uma notação específica, de acordo com a norma NBR 13.230:2008. Com essa norma, podem ser identificados seis tipos de polímeros comuns, sendo: PET (polietileno tereftalato); PEAD (polietileno de alta densidade); PVC (policloreto de vinila); PEBD (polietileno de baixa densidade); PP (polipropileno) e PS (poliestireno). Há ainda um sétimo símbolo, adotado para os demais polímeros ou quando há uma mistura de polímeros num mesmo material. Esses símbolos podem ser observados na Figura 1. Figura 1: Códigos de identificação de polímeros. Como nos lotes de material encaminhado para reciclagem dificilmente as embalagens encontram-se intactas, devem ser adotados outros procedimentos para identificação, como observação de características macroscópicas ou análise química. 5 3.3 PELAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Uma forma bastante simples de identificação polimérica é a observação características macroscópicas, como variações no nível de opacidade e resistência mecânica. 3.3.1 Transparência A transparência de um polímero está relacionada com a disposição da sua cadeia, que pode estar alinhada ou em forma de novelo. Neste último caso, o polímero é amorfo, o que permite a passagem da luz. No caso em que as cadeias estão alinhadas, diz-se que o polímero é cristalino, dificultando a passagem de luz [2]. Caso o polímero analisado seja transparente, ele pode ser composto por PET, PP, PVC ou PS. Caso ele seja translúcido ou opaco, pode ser HDPE, PP, LDPE ou PET. O tipo de mero e a forma como ele está distribuído na cadeia pode conferir diferentes graus de cristalinidade; bem como as técnicas de processamento utilizadas e a presença de aditivos. 3.3.2 Deformação A forma como as cadeias poliméricas reagem a determinados tipos de deformação também pode ser utilizada na identificação de polímeros. Alguns polímeros quando sofrem deformação acabam mudando de coloração na região deformada. Os polímeros que apresentam esta propriedade mecânica são PP, PS, e o PVC. Outros tipos de deformação podem causar respostassonoras diferenciadas em polímeros. Isso pode estar relacionado com a densidade da amostra utilizada na fabricação, ou mesmo com o comportamento visco elástico do polímero. 3.3.3 Dureza A dureza do material pode ser interpretada pela facilidade que outros materiais têm de riscar sua superfície. A comparação qualitativa da dureza de um polímero é feita com a unha. Quando o material pode ser riscado pela unha provavelmente é LDPE ou HDPE. 6 3.4 PELAS ESTRUTURAS QUÍMICAS As principais características dos polímeros são ocasionadas pelas suas cadeias, e pelas unidades de repetição nelas contidas (meros). Cada um possui algum elemento químico ou configuração especial que permite sua identificação precisa. A seguir, estão listados os principais polímeros encontrados no mercado [1]. 3.4.1 Polietileno É obtido a partir do etileno (eteno). Possui alta resistência à umidade e ao ataque químico, mas tem baixa resistência mecânica. O polietileno é um dos polímeros mais usados pela indústria, sendo muito empregados na fabricação de folhas (toalhas, cortinas, envólucros, embalagens etc), recipientes (sacos, garrafas, baldes etc), canos plásticos, brinquedos infantis, no isolamento de fios elétricos etc. Figura 2: Formação do mero de etileno. 3.4.2 Polipropileno Quando um dos hidrogênios do etileno é substituído por um grupo metil, temos o propileno. Sendo mais duro e resistente ao calor quando comparado com o polietileno, é muito usado na fabricação de artigos moldados e fibras. Figura 3: Formação do mero de propileno. 3.4.3 Poliestireno Quando a substituição é feita por um anel aromático, forma-se o vinil- benzeno. Esse polímero também se presta muito bem à fabricação de artigos moldados como pratos, copos, xícaras etc. É bastante transparente, bom isolante elétrico e resistente a ataques químicos, embora amoleça pela ação de hidrocarbonetos. Com a injeção de gases no sistema, a quente, durante a produção do polímero, ele se expande e dá origem ao isopor. 7 Figura 4: Formação do mero de estireno. 3.4.4 Cloreto de Polivinila A principal característica deste polímero é a presença de cloro na unidade fundamental. O PVC é duro e tem boa resistência térmica e elétrica. Com ele são fabricadas caixas, telhas etc. Com plastificantes, o PVC torna-se mais mole, prestando-se então para a fabricação de tubos flexíveis, luvas, sapatos, "couro- plástico" (usado no revestimento de estofados, automóveis etc), fitas de vedação etc. Figura 5: Cloreto de Polivinila. 3.4.5 Poliamidas ou Nylons Estes polímeros são obtidos pela polimerização de diaminas com ácidos dicarboxílicos. Os nylons são plásticos duros e têm grande resistência mecânica. São moldados em forma de engrenagens e outras peças de máquinas, em forma de fios e também se prestam à fabricação de cordas, tecidos, garrafas, linhas de pesca etc. O mais comum é o nylon-66 Figura 5, resultante da reação entre a hexametilenodiamina (1,6-diamino-hexano) com o ácido adípico (ácido hexanodióico). Figura 6: Reação para obtenção do nylon-66. 8 3.4.6 Polietileno Tereftalato A resina PET é um dos mais recentes materiais para embalagem. Embora seja largamente utilizada em todo o mundo para a fabricação de garrafas para bebidas carbonatadas (refrigerantes, águas com gás, cervejas, etc), tem várias outras utilidades, sendo encontrada em diversos segmentos de mercado. O alto desempenho em resistência mecânica, brilho e transparência, faz desse termoplástico o preferido de muitos setores. Figura 7: Polietileno Tereftalato. 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 MATERIAIS UTILIZADOS bico de Bunsen; 8 amostras poliméricas; superfície cerâmica protetora; fósforo; papel indicador de PH; 4.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Acendeu-se o bico de Bunsen sobre o suporte cerâmico e logo após foi realizada a queima das amostras. Durante a queima, foram observadas características como: cor de chama; estabilidade da chama; liberação de fuligem; cor da fumaça; pH da fumaça; odor; viscosidade durante a queima. 9 A amostra foi colocada em contato com o fogo, sendo observada a cor da chama com o início da queima. A seguir, afastou-se o polímero da fonte de calor para verificar a estabilidade da chama que, caso persistisse, era apagada para determinar a liberação de fuligem. A cor e o pH da fumaça também foram analisados nesta etapa. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos durante o ensaio estão listados na Tabela 1. Tabela 1: Dados coletados durante o ensaio de queima. Amostra Cor da chama Estabilidade da Chama Fumaça pH Odor Aspecto na queima PP Amarelada Chama persistente Branca e sem fuligem Neutro Vela queimada Goteja como vela PEAD Azulada Chama persistente Branca e sem fuligem Neutro Vela queimada Goteja como vela Acrílico Amarelada Pouco visível Incolor sem fuligem Neutro Resina odontológica Sons crepitantes Nylon Pontas amarelas Chama persistente Incolor sem fuligem Básico Cabelo queimado Formação de fibras PET Amarelada Chama persistente Preta com fuligem Neutro Adocicado Formação de fibras PVC Esverdeada Chama auto extinguível Branca e sem fuligem Ácido Acre Pouca degradação PS Amarelada Chama persistente Preta com muita fuligem Neutro Azedo Degrada sem gotejamento PU Amarelada Pouco visível Preta sem fuligem Neutro Picante desagradável Pouca degradação As diferentes colorações da chama são devidas aos componentes de cada cadeia. O resultado mais expressivo na coloração foi o PVC, pois o cloro presente em sua estrutura emite um tom verde quando estimulado. As demais amostras apresentaram colorações muito semelhantes, com exceção do PEAD. A propriedade auto extinguível do PVC também pode ser justificada pela presença de volumosos átomos de cloro na estrutura. Isso faz com que a fumaça apresente um pH bastante ácido. Por outro lado, o pH levemente básico do nylon é resultado da liberação de compostos semelhantes à amina durante a queima, a qual possui um nitrogênio com par de elétrons livres. 10 Os odores de cada amostra são bastante característicos, pois dependem dos compostos liberados durante a queima, e variam de polímero para polímero. O aspecto durante a queima também depende das ligações primárias e secundárias na amostra. Além disso, no acrílico, é possível que haja liberação de algum gás que provoque a crepitação do material [3]. 6 CONCLUSÃO O teste de queima mostrou-se muito útil para a identificação de polímeros, pois essa técnica oferece resultados rápidos e com baixo custo, sendo adequada para os processos de reciclagem. Entretanto, para que haja uma boa seletividade, é necessário analisar um grande número de fatores, como cor e estabilidade de chama; liberação de fuligem; cor, pH e odor da fumaça; e degradação da amostra durante a queima. Além disso, essas características podem ser mascaradas por impurezas e outros produtos químicos presentes na amostra. Alguns polímeros mostraram facilidade para serem identificados e diferenciados a partir deste teste, pois apresentam particularidades perante as outras amostras, como é o caso do PVC e do Nylon. Os demais polímeros podem ser identificados mais facilmente conforme a prática do analista. 11 REFERÊNCIAS 1. CANEVAROLO, S. V. Técnicas de Caracterização de Polímeros.1ª. ed. São Paulo: Artiliber, 2004. 2. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Materials Science and Engineering an Introduction. 8ª. ed. Hoboken: Wiley & Sons, Inc, 2010. ISBN 978-0-470-41997- 7. 3. LUCAS, E. F.; SOARES, B. G.; MONTEIRO, E. Caracterização de Polímeros, Determinação de Peso Molecular e Análise Térmica. 1ª. ed. Rio de Janeiro: E- Papers, 2001.
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