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Crimes previdenciários

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DIREITO PENAL – TUTELA PENAL DAS RELAÇÕES ECONÔMICAS
Dos crimes previdenciários
Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP)
 
        Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
       § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
        I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; 
        II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; 
        III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
      § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.  
        § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:  
        I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou  
        II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais
Considerações preliminares
 
Seguridade social - art. 194 da CF.
Financiamento da seguridade social – art. 195, CF.
Previdência social
Objeto jurídico
A) Elementos do tipo do caput do art. 168-A, CP
- ação nuclear
- crime omissivo puro
- prazo (art. 30, I, “a” e “b”, Lei 8212/91)
- abolitio criminis (art. 95, d, L 8212/91)
B) sujeito ativo
C) sujeito passivo
D) consumação
EMPREGADOR
$$$
$
INSS
EMPREGADO
STJ: O Supremo Tribunal Federal, por decisão plenária, assentou que, os crimes de sonegação e apropriação indébita previdenciária também são crimes materiais, exigindo para sua consumação a ocorrência de resultado naturalístico, consistente em dano para a Previdência (...) Verifica-se, assim, que o prévio esgotamento da via administrativa constitui condição de procedibilidade para a ação penal, sem o que não se constata justa causa para a instauração de inquérito policial, já que o suposto crédito previdenciário ainda pende de lançamento definitivo, impedindo a configuração do delito e, por conseguinte, o início da contagem do prazo prescricional (HC 198726, Min. Laurita Vaz)
Figuras assemelhadas – o § 1º do art. 168, I a III
a) “quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público” 
Empresa A
Empresa terceirizada
contrato
Serviço
Empresa A
Empresa terceirizada
$$$
$
INSS
b) quem deixar de: (...) II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;”  
c) “quem deixar de: (...) III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.” 
Causa extintiva da punibilidade – leis:
a) Lei n. 9.249/95 – pagamento do tributo antes do recebimento da denúncia.
 
b) Lei n. 9.983/2000 – acrescentou o art. 168-A, § 2º no CP: extinção da punibilidade do agente que efetua o pagamento das contribuições previdenciárias antes do início da ação fiscal.
 
c) Lei n. 10.684/2003 e Lei n. 11.941/2009 – previram:
- suspensão da pretensão punitiva do Estado e da prescrição: regime de parcelamento.
 - extinção da punibilidade: pagamento a qualquer tempo.
 d) Lei n. 12.382/2011 – mais rígida que as leis anteriores. Prevê:
- parcelamento de crédito tributário – o pedido tem de ser formalizado antes do recebimento da denúncia
- o pagamento do tributo - antes recebimento da denúncia
Perdão judicial ou pena de multa - § 3º, art. 168-A, CP:
1) pressupostos
2) requisitos:
- pagamento antes do oferecimento da denúncia; ou
- valor inferior ao mínimo para ajuizamento das execuções fiscais
Questão: em face do inciso II do § 3º do art. 168-A, aplica-se o princípio da insignificância?
A) aplica-se o principio da insignificância (LUIZ FLÁVIO GOMES).
B) não - DAMÁSIO E. DE JESUS
TRF/3ª: . As informações nos autos demonstram que o débito do acusado não ultrapassa o parâmetro administrativo de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) previsto art. 1º, II, da Portaria nº 75/2012 do Ministério da Fazenda, sendo aplicável o perdão judicial para extinguir sua punibilidade em relação à prática da figura prevista no art. 168-A do Código Penal, conforme o art. 168-A, § 3º, II, deste diploma. 
Princípio da insignificância – A) o STJ: . Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância tem como vetores a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 6. Hipótese de apropriação de contribuições previdenciárias recolhidas e não repassadas à Previdência Social no valor de R$ 4.097,98 (quatro mil e noventa e sete reais e noventa e oito centavos), inferior, portanto, aos dez mil reais previstos no art. 20 da Lei 10.522/2002, demonstrando-se desproporcional a imposição de sanção penal no caso, pois o resultado jurídico, ou seja, a lesão produzida, mostra-se absolutamente irrelevante. 
MUDANÇA DO ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
STF: 2. In casu, os pacientes foram denunciados pela prática do crime de apropriação indébita de contribuições previdenciárias no valor de R$ 3.110,71 (três mil, cento e dez reais e setenta e um centavos). 3. Deveras, o bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a "subsistência financeira à Previdência Social", conforme assentado por esta Corte no julgamento do HC 76.978/RS, rel. Min. Maurício Corrêa ou, como leciona Luiz Regis Prado, "o patrimônio da seguridade social e, reflexamente, as prestações públicas no âmbito social" (Comentários ao Código Penal, 4. ed. - São Paulo: RT, 2007, p. 606). 4. Consectariamente, não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, porquanto narra a denúncia que este teria descontado contribuições dos empregados e não repassado os valores aos cofres do INSS, em prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual
STF: 2. O princípio da insignificância reduz o âmbito de proibição aparente da tipicidade legal, tornando atípico o fato na seara penal, apesar de haver lesão a bem juridicamente tutelado pela norma penal. 3. Para a incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, como a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada. 4. Não repassar à Previdência Social R$ 7.767,59 (sete mil, setecentos e sessenta e sete reais e cinquenta e nove centavos), além de ser reprovável, não é minimamente ofensivo 
Lançamento definitivo: 
A) é necessário o esgotamento da via administrativa, a constituição do crédito tributário antes do oferecimento da denúncia – prevalece no STJ.
B) não é preciso – decisões do TRF/3º e do STJ.
STJ: Ementa: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS.
REMÉDIO CONSTITUCIONAL SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. TRANCAMENTO. PRÉVIO ESGOTAMENTO DA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. EXIGÊNCIA. FALTA DE JUSTA CAUSA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.
TRF/4ª Região 2010. Analista Judiciário: Considere as seguintes assertivas sobre o crime de apropriação indébita previdenciária:
I. É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
II. É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
III. Aquele que deixa de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional está sujeito a pena de detenção de 15 dias a 6 meses ou multa.
Está correto o que consta APENAS em
a)	II.
b)	I e II.
c)	II e III;
d)	I e III;
e)	I.
Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A, CP)
 
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
        I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; 
        II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; 
        III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
        § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: 
        I – (VETADO) 
        II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
        § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. 
        § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social
Objeto jurídico 
Elementos do tipo – ação nuclear:
- suprimir
- reduzir 
Condutas – 
a) omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços 
b) deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços 
c) omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias 
Sujeito ativo
Consumação – crime material
Extinção da punibilidade – histórico das leis:
1) Lei n. 9.983/2000 – incluiu o art. 337-A no CP e previu o § 1º: É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
- Início da ação fiscal
Pagamento da contribuição social antes do recebimento da denúncia – art. 34 da Lei n. 9.249/95 (?)
2) Leis ns. 10.684/2003 e 11.941/2009 – a qualquer tempo:
a) suspensão da prescrição punitiva do Estado com a obtenção do parcelamento do débito;
b) extinção da punibilidade com o pagamento dos débitos tributários
3) Lei n. 12.382/2011 – é mais rígida
 - parcelamento de crédito tributário antes do recebimento da denúncia
- o pagamento do tributo antes recebimento da denúncia
Perdão judicial ou pena de multa - § 2º, art. 337-A, CP:
1) pressupostos (primário e bons antecedentes)
2) requisito – valor inferior ao mínimo para ajuizamento da execuções fiscais
Causa de diminuição de pena – § 3º do art. 337-A
- requisitos
TRT/JUIZ. 2004: Considere as assertivas a seguir, em relação ao crime de sonegação de contribuição previdenciária: 
I. Caracteriza-se pela conduta de omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informação previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços. 
II. Caracteriza-se pela conduta de deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços. 
III. Caracteriza-se pala omissão, total ou parcial, de receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias. 
IV. A pena prevista é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
V. O juiz nunca poderá deixar de aplicar a penalidade, mesmo se o agente for primário e de bons antecedentes, e ainda que o valor das contribuições devidas e acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais, já que se trata de matéria de ordem pública. 
Marque a alternativa correta:
A) somente as proposições I, II e III estão corretas;
B) Todas as proposições estão corretas;
C) Somente a proposição V está incorreta
D) Todas as proposições estão incorretas;
E) Somente as proposições I e III estão corretas

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