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Módulo 01 Introdução ao Direito das Obrigações

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Direito das Obrigações
Introdução ao Direito das Obrigações
Professor Leonardo B. F. Gominho
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Introdução ao Direito das Obrigações
Importância
O Direito Civil é a disciplina fundamental do Direito, uma vez que esse ramo deu origem a noção de ciência jurídica, bem assim é o direito inerente ao cidadão, pois é o único em que o cidadão, independente da sua ciência, utiliza.
Quando se fala em Direito Tributário e Administrativo?
Quando se refere em Direito Penal?
Quando se menciona em Direito Comercial? 
Quando se diz o Direito Processual?
Quando se aduz em Direito do Trabalho?
Quando se alega em Direito do Consumidor?
Quando se aponta em Direito Constitucional? 
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Introdução ao Direito das Obrigações
Importância
A preocupação do Direito Civil é o cotidiano, todas as relações interpessoais são regidas pelo Direito Civil.
Exemplo: Vocês.
No Direito das Obrigações vocês vão observar as normas que regulam as relações das pessoas entre si, é por isso que o Direito das Obrigações é também conhecido como Direito Pessoal.
As obrigações entre as pessoas se originam de vários modos, especialmente por meio do contrato e são o suporte econômico da sociedade moderna voltada ao consumo. Portanto, quanto mais nos relacionamos no campo do Direito das Obrigações mais as riquezas circulam na economia, e, por conseguinte, mais as empresas faturam, o que faz com que as fábricas aumentem a produção, que gera maiores lucros aos empresários, que contratam mais empregos para gerar mais riquezas, o que aumenta a arrecadação de impostos, e para fazer a engrenagem rodar é necessário ter dinheiro, o qual é obtido por meio do trabalho, que para consegui-lo é necessário estudar. 
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Introdução ao Direito das Obrigações
Importância
 As normas jurídicas têm duas grandes divisões, conforme estudado na Teoria Geral do Direito:  o Direito Público e o Direito Privado.
É Direito Público o Direito Constitucional, Administrativo, Processual, Penal e Tributário.
Já Direito Civil, Comercial e do Trabalho integram o Direito Privado.
No Direito das Obrigações vocês irão conhecer as normas que tratam das relações das pessoas entre si, é por isso que o Direito das Obrigações é também conhecido como Direito Pessoal.
As obrigações entre as pessoas se originam de vários modos,  especialmente do contrato.
Já no Direito Real serão estudadas as normas que tratam das relações das pessoas com os bens, sendo também chamado de Direito das Coisas. Existem vários direitos reais (art. 1.225) e o principal deles é a propriedade.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Importância
As pessoas são movidas em busca da felicidade. Por vezes essa felicidade é alcançada com o auxílio de dinheiro, fruto do nosso trabalho, espero. E como se consegue o dinheiro? Estudando, como já vimos. O trabalho gera dinheiro, que gera patrimônio (Direito das Coisas). Com a morte do sujeito, este se transfere, aos respectivos herdeiros, por meio do Direito das Sucessões.
“O Direito das Obrigações, o Direito das Coisas e o Direito das Sucessões integram a chamada autonomia privada, ou seja, é o campo do Direito Civil onde os particulares se relacionam entre si, com grande liberdade,  na celebração de contratos e na apropriação de bens que lhes interessam, para a formação de um patrimônio que será transferido aos familiares após a morte”. (Rafael de Menezes).
Se no Direito Público só se pode fazer o que a lei permite, no Direito Civil pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, ou seja, a liberdade aqui é bem maior.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Conceito
Etimologicamente, obrigação vem do vocábulo latino obrigare (ob + ligatio”), que significa atar, ligar, unir, impor um determinado compromisso.
A expressão obrigação é plurívoca, comportando diferentes significados, mesmo dentro da própria ciência jurídica. Genericamente, é possível afirmar que a obrigação confere a ideia de comprometimento de uma pessoa a uma situação moral, religiosa, social, etc. 
Em sentido técnico-jurídico, no entanto, a obrigação é o vínculo existente entre pessoas, pelo qual uma assume uma prestação em favor de outra, vinculando o seu patrimônio.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Conceito
Aliás, desde as Institutas romanas, já se podia pinçar a ideia fundamental de obrigação como sendo o vinculo jurídico que adstringe necessariamente a alguém, para solver alguma coisa, em consonância com o Direito, ou seja, vínculo existente entre o credor e o devedor, pelo qual um poderia exigir, coercitivamente, do outro, uma prestação.
Exatamente por isso o cerne da obrigação não é alguém ser proprietário de algo, mas sim obrigar alguém a dar, fazer ou não fazer alguma prestação.
O Código Civil não define as obrigações, cabe a doutrina conceituar o Direito Obrigacional.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Conceito
Nas palavras de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, podemos conceituar obrigação como sendo: “a relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos entre duas diferentes partes (denominadas credor e devedor, respectivamente), cujo objeto é uma prestação pessoal, positiva ou negativa, garantido o cumprimento, sob pena de coerção judicial”.
No pensamento de Caio Mário da Silva Pereira: “obrigação é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação economicamente apreciável”. 
No ensinamento de Orlando Gomes: obrigação é “um vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fica adstrita a satisfazer uma prestação em proveito de outra”.
Carlos Roberto Gonçalves destaca: que “a obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível”.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Conceito
Paulo Luiz Netto Lobo estabelece que “obrigação é a relação jurídica entre duas (ou mais) pessoas, em que uma delas (o credor) pode exigir da outra (o devedor) uma prestação”. 
Portanto, podemos resumir a disciplina como a responsável pelas relações harmônicas entre as pessoas para a satisfação dos seus interesses individuais.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Evolução Histórica
No Direito Romano não se conhecia o termo “obrigação”, mas tinha o seu equivalente, nexum (uma forma primitiva de empréstimo) que era o ato que legitimava o credor cobrar o devedor. Havia normas regulamentares que autorizavam a “coisificação” do devedor, sua redução à escravização pelo credor, que poderia vendê-lo pelo valor da dívida, obtendo assim o ressarcimento. No caso de pluralidade de credores, a lei autorizava a partilha do seu corpo em tantos pedaços quanto se dividisse o débito.
O Mercador de Veneza.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Evolução Histórica
Lei das XII TÁBUAS (TÁBUA TERCEIRA): Dos direitos de crédito: l. Se o depositário, de má fé, praticar alguma falta com relação ao depósito, que seja condenado em dobro. 2. Se alguém colocar o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao ano, que seja condenado a devolver o quádruplo. 3. O estrangeiro jamais poderá adquirir bem algum por usucapião. 4. Aquele que confessar dívida perante o magistrado, ou for condenado, terá 30 dias para pagar. 5. Esgotados os 30 dias e não tendo pago, que seja agarrado e levado à presença do magistrado. 6. Se não pagar e ninguém se apresentar como fiador, que o devedor seja levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso máximo de 15 libras; ou menos, se assim o quiser o credor. 7. O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o credor que o mantém preso dar-Ihe-á por dia uma libra de pão ou mais, a seu critério. 8. Se não houver conciliação, que o devedor fique preso por 60 dias,
durante os quais será conduzido em três dias de feira ao comitium, onde se proclamará, em altas vozes, o valor da dívida. 9. Se não muitos os credores, será permitido, depois do terceiro dia de feira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem poderão vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Evolução Histórica
Lex Poetelia Papiria afastou a carga da pessoa do devedor, transferindo-a aos seus bens, passando ao Estado o exercício da jurisdição, substituindo-se o direito da força pela força do Direito. Não resta dúvida de que, já no Direito Romano, a imputação de penalidade sobre o corpo e a vida do devedor foi abominada, levando à uma reflexão sobre os limites da punibilidade em casos de inadimplência.
A grande evolução do conceito moderno de “obrigação” é exatamente a não responsabilização do corpo do credor pela sua dívida, deslocando-se a garantia da pessoa do devedor para o seu PATRIMÔNIO. 
Essa modificação, muito bem vinda, valoriza a dignidade humana e possibilitou a transmissibilidade das obrigações, ato esse, não admitido pelos Romanos.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Evolução Histórica
Código de Napoleão de 1804: Art. 2.093. Os bens do devedor são a garantia comum de seus credores (“les biens du débiteur sont le gage commun de ses creanciers”). 
Código Civil Brasileiro: Dentro do código civil brasileiro há um capítulo específico que se refere aos direitos das obrigações que é a parte do direito civil que estuda as normas que regulam as relações de crédito, ou seja, o direito de se exigir de alguém o cumprimento de uma prestação. É também chamado direito de crédito.
As respectivas obrigações assumidas pelo devedor possuem como garantia do cumprimento obrigacional o patrimônio do devedor, (ressalvados o bem de família - Lei nº 8.009/90 e os bens impenhoráveis descritos no CPC).
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Características
Principais características da obrigação:
a) caráter transeunte (até mesmo porque não pode haver uma relação obrigacional perpétua, o que implicaria, como se pode extrair de seu conceito, uma verdadeira servidão humana);
b) vínculo jurídico entre as partes (através do qual a parte interessada pode exigir da outra, coercitivamente, o adimplemento);
c) caráter patrimonial (pois somente o patrimônio do devedor pode ser atingido, afastada a sua responsabilidade pessoal);
d) prestação positiva ou negativa (pode ser uma conduta de dar, fazer ou não fazer).
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Introdução ao Direito das Obrigações
Características
Principais características da obrigação:
e) econômica:  toda obrigação precisa ter um valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente se não for espontaneamente cumprida. 
Caso o devedor não cumpra com o estabelecido, o credor irá ter uma pretensão. A “dívida” se tornará uma responsabilidade patrimonial, que, por sua vez, consiste na execução patrimonial do bens devedor. No caso de não existência de bens, então não há nada a fazer, uma vez que, como já dito, a responsabilidade é patrimonial e não pessoal. 
Os únicos casos atuais de prisão por dívida são no contrato de depósito e na pensão alimentícia.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Elementos
Elemento subjetivo, concernente aos sujeitos da relação jurídica (sujeito ativo ou credor e sujeito passivo ou devedor). 
b) Elemento objetivo ou material, atinente ao seu objeto, que se chama prestação. O objeto da obrigação é sempre uma conduta ou ato humano: dar, fazer ou não fazer. A prestação (dar, fazer e não fazer) é o objeto imediato. Ela deve obedecer certos requisitos para a obrigação ser considerada válida: 
b.1) Licitude do objeto: O objeto não deve atentar contra a lei, a moral ou os bons costumes;
b.2) Possibilidade do objeto: Quando o objeto é impossível, a obrigação é nula. Pode ser física (quando atenta contra as "leis da natureza“) ou jurídica (quando o ordenamento jurídico proíbe certo ato).
Obs: A impossibilidade deve ser real e absoluta para causar a nulidade da obrigação. "A impossibilidade inicial do objeto não invalida a condição a que ele estiver subordinado" (art. 106).
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Introdução ao Direito das Obrigações
Elementos
b.3) Determinação do objeto: O objeto deve ser determinado ou, no mínimo, determinável.
b.4) Apreciação econômica do objeto: As prestações que não possuem conteúdo patrimonial são excluídas do direito das obrigações. O interesse do credor pode até ser apatrimonial, mas a prestação deve ser suscetível de avaliação em dinheiro. Caso não haja relação econômica com a prestação, o juiz determinará valor equivalente em caso de reparação de danos. O objeto mediato é sobre no que recai essa prestação.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Elementos
c) O vínculo jurídico ou elemento imaterial (abstrato ou espiritual), determinação que sujeita o devedor a cumprir determinada prestação em favor do credor. É o liame existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro o direito de exigir do segundo o cumprimento da prestação.
É composto por dois elementos:
c.1) Débito: é vínculo espiritual, abstrato ou imaterial, pois representa a obrigação moral (na consciência do devedor) de satisfazer pontualmente a obrigação; e responsabilidade, que representa o vínculo material, conferindo ao credor não satisfeito o direito de exigir judicialmente o cumprimento da obrigação.
c.2) Responsabilidade: é a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Pode haver obrigação sem responsabilidade e responsabilidade sem obrigação. As obrigações naturais são exemplo de obrigação sem responsabilidade. Elas existem, pois uma vez paga extinguem-se, mas não podem ser exigidas judicialmente. Exemplo de obrigação natural: dívida de jogo, dívida prescrita, etc.
 O caso da fiança é exemplo de responsabilidade sem obrigação, pois o fiador pode ser responsabilizado pela obrigação de terceiro (o devedor).
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Introdução ao Direito das Obrigações
Classificação
a) Quanto a natureza de seu objetos: dar, fazer e não fazer;
b) Quanto o modo de execução(ou quanto ao objeto): simples, cumulativa, alternativa e facultativa;
c) Quanto ao tempo de adimplemento: instantânea, execução continuada, execução diferida;
d) Quanto ao fim(ou quanto ao conteúdo): de meio, de resultado e de garantia;
e) Quanto aos elementos: acidentais, condicional, modal e a termo;
f) Quanto aos sujeitos: divisível, indivisível e solidária;
g) Quanto a liquidez do objeto: líquida ou ilíquida;
h) Quanto exigibilidade: civis, naturais.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Requisitos de Validade
a) Licitude;
b) Possibilidade Jurídica;
c) Possibilidade Física;
d) Determinalidade;
e) Patrimonialidade;
f) Valor Econômico.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Extinção
As obrigações são extintas pelo:
a) Pagamento (cumprimento voluntário da obrigação);
b) Execução Judicial (pagamento forçado em virtude de decisão judicial);
c) Prescrição, o direito de exigir torna-se mais fraco, passando a ser um direito de pretender. A prescrição faz com que o cumprimento da obrigação seja uma obrigação natural cujo seu cumprimento não pode ser exigido judicialmente.
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Introdução ao Direito das Obrigações
Distinção Direito Obrigacional e Real
Os direitos obrigacionais exigem cumprimento de determinada prestação enquanto que os reais incidem sobre a coisa.
O sujeito passivo do direito obrigacional é determinado ou determinável. Já o do direito real é indeterminado.
A duração do direito obrigacional é transitória e se extingue assim que se dá o cumprimento da prestação, ou por outros meios. Os direitos reais são perpétuos, não se extinguindo com o uso.
O direito obrigacional resulta da vontade das partes, sendo sua criação ilimitada (numerus apertus), enquanto que o direito real só pode ser criado por lei, sendo, logo, limitado (numerus clausus).
O direito obrigacional exige uma figura intermediária, que é o devedor. Já o direito real incide diretamente sobre a coisa.
No direito obrigacional, a ação é dirigida somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo. A ação real é exercida contra quem quer que detenha a coisa.
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Referências
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson Rosenvald; Introdução ao Direito das Obrigações;
GOMES, Orlando; Obrigações, p. 15.
GONÇALVES, Carlos Roberto; Direito Civil Brasileiro, p. 21. 
LOBO, Paulo Luiz Netto Lobo; Teoria Geral das Obrigações, p. 21.
MENEZES, Rafael de; Direito das Obrigações. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva; Instituições de Direito Civil, p. 5.

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