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Apostila D.P 1bim (não atualizada)

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D I R E I T O P E N A L (parte geral)
1 - Conceito de Direito Penal
“Conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de segurança” (Basileu Garcia).
“Conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica” (Magalhães Noronha).
“Conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado” (Frederico Marques).
Ainda que em caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética: evitar o cometimento de crimes que afetam de forma intolerável os bens jurídicos penalmente tutelados. A tarefa imediata, contudo, é de natureza eminentemente jurídica e, assim, destinada à proteção dos bens jurídicos.
2 - Caracteres.
É uma ciência cultural e normativa.
* Cultural, porque indaga o dever ser, traduzindo-se em regras de conduta que devem ser observadas por todos nos respeito aos mais relevantes interesses sociais. Diferencia-se, portanto, das ciências naturais, em que o objeto do estudo é o ser, o objeto em si mesmo. 
* Normativa, porque seu objeto é o estudo da lei, da norma do direito positivo, como dado fundamental e indiscutível na sua observância obrigatória. Não se preocupa com a verificação da gênese do crime, como a Criminologia, a Sociologia Criminal etc.
O DIREITO PENAL POSITIVO É VALORATIVO, FINALISTA E SANCIONADOR.
Valorativo = tutela os valores mais elevados da sociedade, valorando os fatos de acordo com sua gravidade. Quanto mais grave o crime, mais severa será a sanção aplicável ao seu autor.
Finalista = visa à proteção de bens e interesses jurídicos merecedores da tutela mais eficiente que só podem ser eficazmente protegidos pela ameaça legal de aplicação de sanções de poder intimidativo maior, como a pena.	
Sancionador = através da cominação da sanção, protege outra norma jurídica de natureza extra penal (direito de propriedade...).
- Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmático, já que se fundamenta no direito positivo, exigindo-se o cumprimento de todas suas normas, pela sua obrigatoriedade.
CONTEÚDO DO DIREITO PENAL:
O conteúdo do Direito Penal é o estudo do crime, da pena e do delinqüente, que são os seus elementos fundamentais, precedidos de uma parte introdutiva. 
Na parte introdutória são estudadas a propedêutica jurídico-penal e a norma penal, esta inclusive quanto à sua aplicação no tempo e no espaço, como também a sua exegese.
Acrescentam-se partes referentes à ação penal, punibilidade e medidas de segurança.
* Direito Penal objetivo = ordenamento jurídico-penal.
* Direito Penal subjetivo = direito de punir do Estado.
Tem limites no próprio Direito Penal objetivo. Se o Estado tem o jus puniendi, o cidadão tem direito subjetivo de liberdade, que consiste em não ser punido senão de acordo com as normas ditadas pelo próprio Estado.
Relações com outras ciências: 
Como o sistema jurídico de um país é formado de elementos que se completam, sem contradições, o Direito Penal, como uma das partes desse todo, tem íntima correlação com os demais ramos das ciências jurídicas.
- Filosofia do Direito = as investigações desse ramo levam à fixação de princípios lógicos, à formulação de conceitos básicos e à definição de categorias fundamentais e indispensáveis à elaboração da lei penal. Há fundamentos filosóficos nos conceitos de delito, pena, imputabilidade, irresponsabilidade, dolo, culpa, causalidade, erro etc.
- Teoria Geral do Direito = são elaborados conceitos e institutos jurídicos válidos para todos os ramos do Direito.
- Sociologia jurídica = focaliza o fenômeno jurídico como fato social resultante de processos sociais. Grande colaboração pode prestar ao Direito Penal, principalmente no campo da Sociologia Criminal.
RELAÇÃO COM OS DEMAIS RAMOS DAS CIÊNCIAS JÚRIDICAS:
	
- Direito Constitucional = define o Estado e seus fins, bem como os direitos individuais, políticos e sociais. Diante do princípio da supremacia da Constituição na hierarquia das leis, o Direito Penal deve nela enquadrar-se. No artigo 5º são estabelecidos princípios relacionados com a anterioridade da lei penal (XXXIX), sua irretroatividade como regra e retroatividade da mais benigna (XL), dispositivos a respeito dos crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo (XLII, XLIII), da personalidade da pena (XLV), da sua individualização e espécies (XLVI, XLVII) etc. Refere-se, ainda, a Constituição à fonte da legislação penal (art. 22), à anistia (21, XVII, e 48, VIII), a efeitos políticos da condenação (art. 55, VI), ao indulto (art. 84, VII) etc.
- Direito Administrativo = A lei penal é aplicada através dos agentes da Administração (Juiz, Promotor de Justiça, Delegado de Polícia etc.). São utilizados conceitos de Direito Administrativo (“cargo”, “função”, “rendas públicas” etc.
- Direito Processual Penal = ramo jurídico autônomo, em que se prevê a forma de realização e aplicação da lei penal. É através dele que se decide sobre a procedência a aplicação do jus puniendi do Estado.
- Direito Processual Civil = normas comuns ao Direito Processual Penal (atos processuais, ações, sentenças, recursos etc.).
- Direito Penal Internacional = ramo do Direito que tem por objetivo a luta contra criminalidade universal. “Ramo do Direito Penal que determina a competência do Estado na ordem internacional para a repressão dos delitos, bem como regulamenta a cooperação entre os Estados em matéria penal” (Celdo D. de Albuquerque Mello). O Código Penal consagra no artigo 7º regras que se inspiram nesses princípios.
- Direito Internacional Penal = ramo do Direito Internacional Público que tem por objetivo a luta contra as infrações internacionais (crimes de guerra, contra a paz, contra a humanidade, o terrorismo, pirataria, discriminação racial etc.). Jurisdição penal internacional: Tribunal Penal Internacional.
- Direito Civil = Um mesmo fato pode caracterizar um ilícito penal e obrigar a uma reparação civil. Como o Direito Penal é eminentemente sancionador, sua contribuição é decisiva para reforçar a tutela jurídica do Direito Civil.
- Direito Comercial = tutela a lei penal institutos como o cheque, a duplicata, a fraude no comércio, os crimes falimentares.
- Direito Penitenciário = embora de discutível autonomia, disciplina a matéria relativa à execução da penal. Segundo a Constituição, compete à União, Estados e Distrito Federal, concorrentemente, legislar sobre direito penitenciário.
- Direito do Trabalho = no que tange aos crimes contra a organização do trabalho (artigos 197 a 207 do CP) e efeitos trabalhistas da sentença penal (artigos 482, d, e § único, e 483, e e f).
- Direito Tributário = contém a repressão aos crimes de sonegação fiscal.
DISCIPLINAS AUXILIARES:
- Medicina Legal = aplicação de conhecimentos médicos para a realização de leis penais ou civis.
- Criminalística = aplicação de várias ciências à investigação criminal, colaborando na descoberta dos crimes e na identificação de seus autores.
- Psiquiatria Forense = ciência que estuda os distúrbios mentais em face dos problemas judiciários.
FONTES DO DIREITO PENAL
a) Fontes de produção ou materiais = informam a gênese, a substância, a matéria de que é feito o Direito Penal, como é produzido, elaborado.
A única fonte de produção do Direito Penal é o Estado. Compete privativamente à União legislar sobre direito penal, havendo possibilidade de lei complementar autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas.
O Estado não pode, entretanto, legislar arbitrariamente, por isso que como fonte remota e originária da norma jurídica está a consciência do povo em dado momento de seu desenvolvimento histórico.
	b) Fontes deconhecimento ou formais = exteriorizam o direito, que lhe dão forma e o revelam, dividem-se em fontes diretas (ou imediatas) e indiretas (ou mediatas ou subsidiárias).
Fonte direta é a lei. Mediatas ou subsidiárias, os costumes e os princípios gerais do direito, referidos expressamente na Lei de Introdução ao Código Civil.
TÉCNICA LEGISLATIVA DO DIREITO PENAL.
Lato sensu, norma penal é tanto a que define um fato punível, impondo, abstratamente, a sanção, como a que amplia o sistema penal através de princípios gerais e disposições sobre os limites e ampliação de normas incriminadoras.
Em sentido estrito, a norma penal é a que descreve uma conduta ilícita, impondo uma sanção.
A norma penal obedece a peculiar técnica legislativa: O legislador não diz expressamente que matar é crime, que é proibido matar, e sim que a ocisão da vida de uma pessoa por outra enseja a aplicação de determinada pena. Assim, o preceito imperativo que deve ser obedecido não se contém de maneira expressa na norma penal. A sanção e o comportamento humano ilícito é que são expressos.
Essa forma de elaboração legislativa deriva do princípio de reserva legal (nullum crimen, nulla poena sine lege).
PRÍNCIPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO ESTATAL.
	Esses princípios, insertos, explícita ou implicitamente, em nossa Constituição (art. 5º), têm a função de orientar o legislador ordinário para a adoção de um sistema de controle penal voltado para os direitos humanos, embasado em um Direito Penal da culpabilidade, um Direito Penal mínimo e garantista.
1. Princípio da legalidade ou da reserva legal.
	
A gravidade dos meios que o Estado emprega na repressão do delito, a drástica intervenção nos direitos mais elementares e, pr isso mesmo, fundamentais da pessoa, o caráter de ultima ratio que esta intervenção deve ter, impõem necessariamente a busca de um princípio que controle o poder punitivo estatal e que confine sua aplicação em limites que excluam toda arbitrariedade e excesso do poder punitivo.
O princípio da legalidade ou da reserva legal constitui uma efetiva limitação ao poder punitivo estatal. É um imperativo que não admite desvios nem exceções e representa uma conquista da consciência jurídica que obedece a exigências de justiça, que somente os regimes totalitários o têm negado.
Pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente. A lei deve definir com precisão e de forma cristalina a conduta proibida.
2. Princípio da intervenção mínima.
	
O princípio da legalidade impõe limites ao arbítrio judicial, mas não impede que o Estado – observada a reserva legal – crime tipos penais iníquos e comine sanções cruéis e degradantes. Por isso, impõe-se a necessidade de limitar ou, se possível, eliminar o arbítrio do legislador.
O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por isso, o Direito Penal deve ser a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do Direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade.
Antes de se recorrer ao Direito Penal, deve-se esgotar todos os meios extrapenais de controle social.
3. Princípio da fragmentariedade.
	
A fragmentariedade do Direito Penal é corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal.
Significa que o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes.
4. Princípio da culpabilidade.
	
Segundo o princípio da culpabilidade, em sua configuração mais elementar, “não há crime sem culpabilidade”.
Pelo princípio da culpabilidade, não há pena sem culpabilidade, decorrendo daí três conseqüências materiais: a) não há responsabilidade objetiva pelo simples resultado; b) a responsabilidade penal é pelo fato e não pelo autor; c) a culpabilidade é a medida da pena.
5. Princípio da humanidade.
	
Esse princípio sustenta que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. É o maior entrave para a adoção da pena capital e da prisão perpétua.
6. Princípio da irretroatividade da lei penal.
7. Princípio da adequação social.
8. Princípio da insignificância.
Lacunas. A integração da norma penal: Critério de admissão.
O conjunto de leis que compõe a ordem jurídica nunca deixará de ser lacunoso. Daí ter dado ao assunto particular atenção a LICC, em seu art. 4º, acentuando aplicar-se ao caso legalmente omisso a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
A lei deve reger a espécie: em sua falta, aplicam-se as disposições concernentes aos casos análogos; não as havendo, ver-se-á se o costume tem regra cabível; havendo omissão nos costumes, ela será fornecida pelos princípios gerais do direito (CPC, art. 126). Havendo uma lei reguladora do caso, não se lhe pode aplicar uma regra posta para caso análogo, ou um princípio geral de direito. Havendo ausência de previsão legislativa, não se lhe pode aplicar um preceito costumeiro, se houver, aplicável ao caso, disposição referente a hipótese análoga.
O emprego da auto-integração não é ilimitado. Antes, encontra limites no princípio da reserva legal. Assim, só pode ser aplicado em relação às normas penais não incriminadoras.
Costume: Através do costume se poderá aquilatar o exato significado dos termos honra, dignidade, decoro (art. 140), inexperiência e justificável confiança (art. 217), mulher honesta (arts. 215 e 219), meios de correção e disciplina (art. 136), ato obsceno (art. 233) etc. É, por outro lado, a evolução dos costumes que tem levado ao reclamo da extinção ou modificação de tipos penais como o adultério (art. 240), a sedução (art. 217), o aborto (arts. 124 a 126) etc.
Analogia: Diante do princípio da legalidade do crime e da pena, pelo qual não se pode impor sanção penal a fato não previsto em lei, é inadmissível o emprego da analogia para criar ilícitos penais ou estabelecer sanções criminais. Nada impede, entretanto, a aplicação da analogia às normas não incriminadoras quando se vise, na lacuna da lei, favorecer a situação do réu por um princípio de eqüidade. Há, no caso, a chamada “analogia in bonam partem”, que não contraria o princípio da reserva legal. Só podem ser supridas, entretanto, as lacunas legais involuntárias; onde uma regra legal tenha caráter definitivo não há lugar para a analogia, ou seja, não há possibilidade de sua aplicação contra-legem.
Hipóteses de aplicação da analogia:
	a) Exclusão da pena nos casos de aborto que se pratica em mulher vítima de atentado violento ao pudor, que engravidou pela prática do ato delituoso, diante do que dispõe o art. 128, II, do CP, que se refere apenas ao crime de estupro; 
	b) Extinção da punibilidade pelo casamento da autora de crime contra os costumes com o ofendido desses delitos, em face do disposto no art. 107, VIII, que se referia apenas ao agente do sexo masculino (o que foi sanado com a nova redação do art. 107, VII);
	c) A não-punibilidade do dano de coisa comum fungível cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente, diante do disposto no artigo 156, § 2º, referente ao crimede furto.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
	Interpretação da lei penal: Interpretar é inter pretare. A interpretação consiste em extrair o significado e a extensão da norma em relação à realidade. É uma operação lógico-jurídica que se dirige a descobrir a vontade da lei, em função de todo o ordenamento jurídico e das normas superiores de cultura, a fim de aplicá-las aos casos concretos da vida real.
Espécies de interpretação:
Quanto ao sujeito:
Autêntica: {Procede do próprio órgão de que emana}. É a interpretação que parte do próprio sujeito que elaborou o preceito interpretado. Pode ser contextual (o legislador faz no próprio texto da lei, como no caso do art. 327 do CP) ou posterior (depois de editada a lei, com o fim de elidir incerteza ou obscuridade).
Doutrinária: Interpretação doutrinária é feita pelos escritores de direito, em seus comentários às leis. É denominada communis opinio doctorum.
Judicial (É a que deriva dos órgãos judiciários (juízes e tribunais). Não tem força obrigatória, senão para o caso concreto (coisa julgada).
2. Quanto aos meios empregados:
Gramatical, literal ou sintática {Procura interpretar a lei no sentido de fazer aflorar a sua vontade pelo que dizem as palavras.
Lógica ou teleológica {Consiste na indagação da vontade ou intenção da lei. Investiga-se então os motivos que determinam o preceito, as necessidades e o princípio superior que lhe deram origem, chamado pelos clássicos de ratio legis. A interpretação teleológica se vale dos seguintes elementos: ratio legis, sistemático, histórico, Direito Comparado, extrapenal e extrajurídico.	Comment by user: O elemento político-social se reflete na interpretação da norma penal. As modificações no sistema político de um Estado concretizam-se em reformas do ordenamento constitucional e isso não pode deixar de influir na interpretação do Direito Penal.
Lógica ou teleológica {Consiste na indagação da vontade ou intenção da lei. Investiga-se então os motivos que determinam o preceito, as necessidades e o princípio superior que lhe deram origem, chamado pelos clássicos de ratio legis. A interprestação teleológica se vale dos seguintes elementos: ratio legis, sistemático, histórico, Direito Comparado, extrapenal e extrajurídico.	Comment by user: O elemento político-social se reflete na interpretação da norma penal. As modificações no sistema político de um Estado concretizam-se em reformas do ordenamento constitucional e isso não pode deixar de influir na interpretação do Direito Penal.
3.Quanto ao resultado:
a) Declarativa {Quando a eventual dúvida se resolve pela correspondência entre a letra e a vontade da lei, sem conferir à fórmula um sentido mais amplo ou mais estrito 
b) Restritiva {Restringe o alcance das palavras da lei até o seu sentido real
c) Extensiva {Quando o caso requer seja ampliado o alcance das palavras para que a letra corresponda à vontade do texto. Ocorre quando o texto legal não expressa a sua vontade em toda a extensão desejada.
	
LEI PENAL NO TEMPO.
	
 a) Irretroatividade da lei penal
b) Retroatividade da lei penal mais benigna {“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (art. 5º, XL, CF).
1. Segurança jurídica = um dos princípios reitores do Estado de Direito. Razão Penal = promulgação de leis “ad hoc” pode facilmente estar contaminada pela comoção que a prática de um delito produz.
 2. Mais benigna = resulta do exame acurado de cada caso concreto.
Hipóteses:
1. “Abolitio criminis” = lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. Permanecem os efeitos civis. Coisa julgada e execução: atinge.
	2. “Novatio legis” incriminadora = considera crime falto anteriormente não incriminado. É irretroativa.
3. “Novatio legis in pejus” = lei posterior que de qualquer modo agravar a situação do agente.
4. “Novatio legis in mellius” = lei nova, mesmo sem descriminalizar, que dá tratamento mais favorável ao agente.
Leis excepcionais e temporárias.
a) Excepcionais = vigem durante situações de emergência;
b) Temporárias = vigência previamente fixada pelo legislador.
Lei penal em branco e retroatividade.
Combinação de leis: Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu a um condenado por tráfico de drogas a possibilidade de progredir no regime da pena após cumprir um sexto do tempo a que foi sentenciado, em 2004. A decisão foi tomada durante a análise de um Recurso em Habeas Corpus (RHC 91300) apresentado pela Defensoria Pública do Distrito Federal em favor de Joilson Luis dos Santos, condenado a quatro anos e oito meses de reclusão. A sentença havia determinado, com base na Lei 8.072/90, que a pena fosse cumprida em regime integralmente fechado. Em fevereiro de 2006, por seis votos a cinco, o Supremo declarou a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8.072/90, que proibia a progressão de regime de cumprimento de pena nos crimes hediondos e em tráfico de drogas. Para o Tribunal, a lei violava o princípio da individualização da pena. Em 2007, com a edição da Lei 11.464, as regras da Lei 8.072/90 foram alteradas com base no entendimento do STF. Mas a possibilidade de progressão de regime da pena ficou mais severa. Em vez de a progressão ser possível após o condenado cumprir um sexto da pena, como preveem os artigos 33 do Código Penal e 112 da Lei de Execuções Penais, ele passou a ter de cumprir dois quintos, se for primário, e três quintos, se for reincidente, nos casos de crimes hediondos. Pela decisão do Plenário, para crimes hediondos cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/07, a progressão de regime da pena deve observar o requisito temporal previsto nos artigos 33 do Código Penal e 112 da Lei de Execuções Penais, aplicando-se, portanto, a lei mais benéfica. Nas palavras da ministra Ellen Gracie, relatora do processo, o pedido da Defensoria Pública deveria ser deferido “para considerar possível a progressão do regime prisional, desde que atendido o requisito temporal de cumprimento de um sexto da pena, cabendo sempre ao juiz da execução apreciar o pedido de progressão”. A decisão foi unânime.
Retroatividade e lei processual = o princípio “tempus regit actum” aplica-se às normas que regem a realização dos atos processuais.
TEMPO DO CRIME.
Art. 4º: momento da ação ou omissão.
Adota-se a teoria da atividade, pois é nesse momento que o indivíduo exterioriza a sua vontade.
Exceções:
	a) Marco inicial da prescrição: consumação do crime;
	b) crimes permanentes: quando cessa a permanência;
c) bigamia, falsificação e alteração de assento de registro civil: data em que o fato se torna conhecido (art. 111, CP).
LEI PENAL NO ESPAÇO.
Princípios:
	1. Territorialidade
	2. Real, de defesa ou de proteção
	3. Nacionalidade (Ativa
 Passiva)
	4. Universalidade ou cosmopolita
	5. Representação ou bandeira.
Como regra, o CP adota o princípio da territorialidade e os demais como exceção (art. 7º).
	
LUGAR DO CRIME.
Art. 6º do CP: ação ou omissão ou resultado
Teoria adotada: ubiqüidade
LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS.
O princípio da territorialidade é adotado com exceções.
	1. Tratados e convenções: imunidades diplomáticas
	2. Direito público interno: imunidades parlamentares
Convenção de Viena: imunidade de jurisdição penal = causa especial de exclusão da pena.
Abrangência: agentes diplomáticos e funcionários das organizações internacionais (ONU, OEA etc).
Cônsules: agentes administrativos (imunidade apenas em relação aos atos praticados no exercício das funções).
	Imunidade a) material (art. 53, CF)
	Parlamentar b) formal (art. 53, §§ 1º e 3º, CF)
EC 35/2001: nova disciplina da imunidade
Extradição = obrigação resultante da solidariedade internacional na luta contra o crime.
Princípios:
	1. Quanto ao delito (legalidade
 especialidadeidentidade de norma)
	2. Quanto à pena e à ação penal { comutação
 jurisdicionalidade
				 “non bis in idem”
Sentença penal estrangeira (art. 9º, CP)
Efeitos no Brasil. 
Execução do julgado = homologação pelo STF (art. 102, I, “h”, CF).
CONTAGEM DE PRAZO (art. 10, CP).
O dia do começo inclui-se no cômputo, que se realiza considerando o calendário comum.
Prazos processuais (art. 798, § 1º, CPP): não se computa o dia do começo, incluindo-se o do vencimento.
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA (art. 11, CP).
* Penas privativas de liberdade: desprezam-se as frações de dia
* Penas de multa: desprezo das frações do padrão monetário vigente
LEGISLAÇÃO ESPECIAL. Aplicam-se as regras gerais do CP, se na dispuserem de modo diverso.
Ilícito penal/ilícito civil: critério de distinção é político, cabendo ao legislador fazer a seleção.
	Infração penal (Crime
 Contravenção)
	Estudo do Direito Penal {aplicador do direito (impõe-se o cumprimento da lei)
 reflexivo ou crítico}.
DO CRIME.
	
Proeminência da “teoria do fato punível” ou “estrutura do delito”, para a própria legitimação do Direito Penal (provêm dela os elementos técnicos necessários à construção de um sistema propiciador de segurança jurídica, que enseja a certeza e a uniformidade na aplicação do Direito Penal).	
Direito Penal do fato = primeiramente se evidencia o fato como alicerce construtor da base dogmática, surgindo somente a posteriori, secundariamente, as considerações quanto ao autor em suas características pessoais.
Direito Penal do autor = o fato tem somente uma “função sintomática” (os tipos requerem complementação por um tipo judicial do autor). Desloca-se o centro de gravidade de definição do delito do fato para o autor (atitude do autor).
Síntese da teoria do fato punível: Vincula o juiz penal a uma ordem que tem de seguir no momento de comprovar a punibilidade de um comportamento humano (o leigo julga um comportamento “como um todo” ou pelo que pensa ser “essencial”). Deve, gradualmente, comprovar se “quem” atuou foi uma pessoa (somente a conduta humana tem relevância); se essa ação é subsumível em um tipo penal; se a ação está excepcionalmente justificada (fato justo ou injusto); se a ação antijurídica pode ser atribuída subjetivamente a uma pessoa determinada; por fim, se excepcionalmente pode ou deve deixar-se de impor uma pena.
CONCEITO DO CRIME
	
Caráter dogmático do Direito Penal = conceito de crime é essencialmente jurídico. O Código Penal não definiu o crime, deixando a definição à elaboração da doutrina.
- Aspecto formal = crime é o fato humano contrário à lei. Crime é qualquer ação legalmente punível. Crime é toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça de pena. Crime é uma conduta (ação ou omissão) contrária ao Direito, a que a lei atribui uma pena.
- Aspecto material = Crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal. Crime é a ação ou omissão que, a juízo do legislador, contrasta violentamente com valores ou interesses do corpo social, de modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena, ou que se considere afastável somente através da sanção penal. Crime é qualquer fato do homem, lesivo de um interesse, que possa comprometer as condições de existência , de conservação e de desenvolvimento da sociedade. Indaga-se o porquê de determinado fato ser considerado criminoso ou não. Assim, crime pode ser definido como todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social.
Conceito analítico= Crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Com a teoria finalista, proposta por Hans Welzel, passou-se a entender que a ação (ou conduta) é uma atividade que sempre tem uma finalidade. Assim, a conduta abrange o dolo (querer ou assumir o risco de produzir o resultado) e a culpa em sentido estrito. Assim, se a conduta é um componente do fático típico, deve-se definir o crime como fato típico e antijurídico. Pode existir crime sem que haja culpabilidade, ou seja, censurabilidade ou reprovabilidade da conduta, não existindo a condição indispensável à imposição da pena. Estabelece os elementos estruturais do crime, propiciando a que o julgador ou intérprete desenvolva seu raciocínio em etapas. Desde o início, na perspectiva da modera dogmática alemã, com Franz e Beling, adota-se um conceito tripartido de delito: fato típico, ilícito (antijurídico) e culpável. Em primeiro lugar, deve ser observada a tipicidade da conduta; depois, se é lícita ou não. Sendo o fato típico e ilícito, questiona-se sobre a culpabilidade do agente (deve ou não sofrer um juízo de reprovação). 
Polêmica doutrinária: a culpabilidade é elemento do crime ou pressuposto da pena (Damásio e outros). O primeiro autor brasileiro a tratar a culpabilidade como pressuposto da pena foi René Ariel Dotti (1.976).
Ação = momento objetivo ou material do delito. Sem ação não existe crime. É ela que revela o crime no mundo exterior. Compreende a ação propriamente dita e a omissão. Ambas são comportamento humano, importando em fazer ou não fazer. Tanto uma quanto outra integram o fato humano e conseqüentemente o crime.
Tipicidade = correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto, e a descrição contida na lei. Consiste na descrição abstrata da conduta humana feita, pormenorizadamente, pela lei penal e correspondente a um fato criminoso – também chamado de tipo incriminador. É um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos.
Adequação típica = é o enquadramento do fato ocorrido concretamente ao tipo legal. A) Adequação típica de subordinação imediata = é o ajuste integral, perfeito, entre a conduta e o tipo legal, sem que se exija o concurso de outra norma.
Adequação típica de subordinação mediata ampliada ou por extensão = o fato não se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora, exige para isto o concurso de outra disposição (tentativa, concurso de agentes).
Antijuridicidade = É a contradição entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico a princípio é antijurídico. Existem, entretanto, na lei penal ou no ordenamento jurídico em geral, causas que excluem a antijuridicidade do fato típico.
A antijuridicidade é sempre objetiva, porque independe da culpabilidade do agente. Ex: menor pode praticar fato antijurídico; contudo, não responde porque não tem culpabilidade. A antijuridicidade é o segundo requisito do crime.
Causas de exclusão da antijuridicidade: a) legais (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito); b) supralegais (não previstas em lei, como a colocação de piercing, de brincos).
Culpabilidade = É a reprovabilidade da conduta típica e antijurídica. É a possibilidade de se declarar culpado o autor de um fato típico e ilícito, ou seja, a responsabilização de alguém pela prática de uma infração penal. A culpabilidade é pressuposto para a aplicação da pena, por isso sua ausência não exclui o crime, mas apenas afasta a punibilidade do autor de infração. Requisitos: imputabilidade, consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
DIVISÃO DO CRIME.
Quanto à gravidade: crimes, delitos e contravenções (sistema tricotômico) e crimes ou delitos e contravenções (sistema dicotômico ou bipartido). O primeiro é adotado na França, Alemanha e Bélgica.
No Brasil, adota-se a divisão dicotômica. A diferença entre crime e delito reside na pena.
Não há diferença qualitativa entre crime e contravenção; mas apenas diferença quantitativa: a contravenção é um crime menor, é menos grave que o delito.
QUALIFICAÇÃO LEGAL E DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
= Qualificação é o nome dadoao fato ou à infração penal pela doutrina ou pela lei.
- Qualificação do fato = é o nomen juris da infração. {“ofender a integridade corporal ou a saúde corporal de outrem” recebe o nome de “lesão corporal”; “trazer consigo arma” branca “fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade”, é denominada “porte de arma” (LCP, art. 19, caput).
- Qualificação da infração é o nome que recebe a modalidade a que pertence o fato: crime ou contravenção. A “lesão corporal” é qualificada crime; o porte de arma branca, contravenção.
Há também a qualificação doutrinária (é o nome dado ao fato delituoso pela doutrina, como crime formal, de dano, permanente, próprio etc).
 
* Crimes comuns e especiais = crime comuns são os descritos no Direito Penal Comum; especiais, os definidos no Direito Penal Especial.
*Crimes comuns e próprios = comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex; homicídio, furto, estelionato etc. Próprio é o que só pode ser cometido por uma categoria de pessoas, pois pressupõe no agente uma particular condição ou qualidade pessoal. Pode exigir do sujeito uma particular condição jurídica (acionista, funcionário público), profissional (comerciante, empregador, empregado, médico, advogado), de parentesco (pai, mãe, filho) ou natural (gestante, homem).
* Crimes de mão própria ou de atuação pessoal = só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa. Ex: falso testemunho, incesto e prevaricação. Estão descritos em figuras típicas que, diante de seu injusto, são necessariamente formuladas de tal maneira que o autor só pode ser quem esteja em situação de realizar imediata e corporalmente a conduta punível. Assim, a testemunha não pode pedir a terceiro que deponha falsamente em seu lugar. O funcionário público não pode pedir a terceiro que deixe de realizar ato de ofício em seu lugar, a fim de atender sentimento pessoal (prevaricação). O soldado não pode solicitar a terceiro que fuja em seu lugar (crime de deserção).
* Crimes de dano e de perigo = crimes de dano são aqueles que só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. Ex: homicídio, lesões corporais etc. Crimes de perigo são os que se consumam tão-só com a possibilidade do dano. Ex: perigo de contágio venéreo (art. 130); rixa (art. 137); incêndio (art. 250) etc. O perigo pode ser presumido ou concreto (perigo presumido é o considerado pela lei em face de determinado comportamento, como no caso do artigo 135. No caso do art. 134, o perigo não é presumido, mas, ao contrário, precisa ser investigado e comprovado. Perigo individual é o que expõe ao risco de dano o interesse de uma só pessoa ou de limitado número de pessoas, como no caso de perigo de contágio venéreo. Já o crime de perigo comum (coletivo) é o que expõe ao risco de dano interesses jurídicos de um número indeterminado de pessoas, a incolumidade pública (art. 250). Perigo atual é que está ocorrendo (art. 24 – estado de necessidade). Perigo iminente é o que está prestes a desencadear-se (art. 132).
*Crimes materiais, formais e de mera conduta:
Materiais = de resultado naturalístico.
b) Formais = de evento naturalístico cortado ou de consumação antecipada
Mera conduta = sem resultado naturalístico {no crime de mera conduta o legislador só descreve o comportamento do agente. Ex: violação de domicílio (art. 150), desobediência (art. 330) e reingresso de estrangeiro expulso (art. 338). No crime formal o tipo menciona o comportamento e o resultado, mas não exige a sua produção para a consumação. Ex: crimes contra a honra, ameaça, divulgação de segredo, violação de segredo profissional etc. No crime material o tipo menciona a conduta e o evento, exigindo a sua produção para a consumação. Ex: homicídio, infanticídio, aborto, participação em suicídio, lesão corporal, furto, roubo etc.
Materiais = a lei reclama a verificação do resultado querido pelo agente, que consiste na lesão de fato do bem.
Formais = a lei reclame que a vontade do agente se dirija à produção de um resultado que constituiria uma lesão do bem, mas não exige para a consumação que esse resultado se verifique. Ex: art. 158.
Crimes comissivos e omissivos.
= Comissivos são os praticados mediante ação. Omissivos mediante inação.
Crimes a) comissivos: propriamente ditos 
 por omissão
 b) omissivos: próprios (perfazem com a simples abstenção. Ex: art. 134).
 impróprios (comissivos por omissão) – produção de um resultado (mãe que deixa de amamentar o filho, hipótese em que a simples omissão não constitui crime)
 de conduta mista (há uma ação inicial e uma omissão final, como no caso da apropriação indébita de coisa achada prevista no art. 169, parágrafo único).
	
	Instantâneo = quando se exaure com o resultado;
	Permanente = cuja consumação se prolonga no tempo;
Continuado = constituído por duas ou mais violação jurídicas da mesma espécie (art. 71);
Progressivo = quando um tipo contém outro, de modo que sua realização não ocorre senão passando-se pela realização do que ele contém.
	Material = cujo tipo descreve a ação e o resultado;
Formal = são os que não exigem a produção de um resultado (injúria, difamação, calúnia);
	Crimes de dano = só se consumam com a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado;
	Crimes de perigo = são os que se contentam com a probabilidade de dano;
	Comissivos = exigem atividade positiva;
	Unilateral = pode ser praticado por um único indivíduo;
Bilateral = exige o encontro de duas pessoas (adultério, bigamia e o rapto consensual);
Profissionais = quando a habitualidade se caracteriza pelo propósito de viver do crime;
Exaurido = diz-se quando um crime, após a consumação, é levado a outras conseqüências lesivas. 
Crime de ação múltipla = o tipo contém várias modalidades de conduta delituosa, as quais, praticadas pelo agente, constituem fases do mesmo crime.
	Crimes de ação penal pública e de ação penal privada.
{ O art. 100 do CP diz que a “ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”. 
{ A ação penal pública se inicia mediante denúncia do órgão do Ministério Público.
{ A ação penal privada se inicia mediante queixa do ofendido ou de seu representante legal
{ Critério de exclusão: o crime é de ação penal privada quando a lei expressamente o declara. Ex: fraude à execução (art. 179, § único). Quando a lei silencia, o crime é de ação penal pública.
	{ Ação penal pública = condicionada
 incondicionada
CRIMES DE FORMA LIVRE E DE FORMA VNCULADA.
= Crimes de forma livre são os que podem ser cometidos por meio de qualquer comportamento que causa determinado resultado. Ex: homicídio, cuja descrição típica não cuida de qualquer conduta específica. Desde que o comportamento seja causa do resultado morte o fato se ajusta ao preceito primário da norma incriminadora.
= Crimes de forma vinculada são aqueles em que a lei descreve a atividade de modo particularizado. Ex: art. 284. O legislador, após definir de maneira genérica a conduta, especifica a atividade (incisos da disposição).
A formulação vinculada pode ser cumulativa ou alternativa.	
	{cumulativa = o tipo prevê várias ações do sujeito, como ocorre no caso do art. 40, § 1º, da Lei nº 6.538/78 (não basta o simples apossamento de correspondência alheia, exigindo-se sua sonegação ou destruição). “Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada dirigida e outrem. ... § 1º - Incorre nas mesmas penas quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, para sonegá-la ou destruí-la, no todo ou em parte”.
	{alternativa = o tipo prevê mais de um núcleo, empregando a disjuntiva “ou”, como acontece nos artigos 150, caput, 160, 161, 164 etc.
Crimes conexos = O mesmo sujeito pode praticar vários crimes sem queentre eles haja qualquer ligação. Assim, o sujeito pode praticar um furto; dias depois, um homicídio. Não há qualquer circunstância em comum entre os dois crimes, a não ser a identidade do agente. São independentes. Pode acontecer que exista um liame, um nexo entre os delitos. Fala-se, assim, em crimes conexos. Assim, o sujeito pode cometer uma infração para ocultar outra (os crimes estão ligados por um liame subjetivo).
Conexão teleológica ou ideológica = o crime é praticado para assegurar a execução de outro. Ex: o sujeito mata o marido para estuprar a esposa. Há dois crimes, sendo o homicídio qualificado pela conexão teleológica (art. 121, § 2º, V, 1ª figura). Há, no caso, concurso material. É irrelevante a efetivação da intenção para a conexão.
Conexão consequencial ou causal = o crime é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro. Exs: o sujeito, após furtar, incendeia a casa para fazer desaparecer qualquer vestígio. O fato do incêndio é cometido para assegurar a ocultação do furto. O sujeito, após praticar um crime de dano, mata a testemunha para que ela não o aponte como autor (o homicídio é praticado para assegurar a impunidade do dano). A, depois de praticar um conto do vigário em concurso com B, mata-o para ficar com todo o produto do estelionato (o homicídio é cometido para assegurar a vantagem em relação ao outro crime).
Conexão ocasional = o crime é cometido por ocasião da prática de outro. Ex: o furto é praticado por ocasião do cometimento do estupro (não há entre eles relação de meio e fim).
O art. 61, II, b, dispõe que a pena é sempre agravada pela circunstância de “ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime”. Trata-se de agravante proveniente da conexão teleológica ou consequencial (a ocasional não é considerada agravante genérica).
A conexão ideológica ou consequencial pode constituir agravante genérica ou circunstância legal específica (qualificadora) do homicídio (artigo 121, § 2º, V).
Não impede o concurso material, quando pelo menos o crime-fim é tentado. A conexão ocasional leva ao concurso de delitos.
Crime de ímpeto = a vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação. Ex: homicídio cometido sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (art. 121, § 1º, 3ª figura).
Crimes à distância e plurilocais. Os crimes podem ser de espaço mínimo ou espaço máximo, segundo ocorram ou não no mesmo lugar os atos executórios e a consumação. Assim, é delito de espaço mínimo o homicídio com morte instantânea. Na hipótese em que a conduta ocorre num país e o resultado noutro fala-se em crime a distância ou de espaço máximo ou de trânsito. Plurilocal é aquele que, dentro de um mesmo País,tem a conduta realizada num local e a produção do resultado outro.
Crimes de tendência = são crimes que condicionam a sua existência à intenção do sujeito. Caracterizam-se pela direção do motivo ou da vontade, sendo que, não encontrando reflexo real no tipo objetivo, exigem imprescindível verificação do estado anímico do agente no momento do fato para a constituição da imagem delitiva. Assim, somente a verificação da ocorrência de intenção lasciva permite discernir se o toque nas partes genitais de uma criança constitui ou não comportamento antijurídico.
Crimes de impressão = São os que causam determinado estado anímico na vítima.
	{delitos de inteligência: são aqueles que se realizam com o engano, como o estelionato;
	{delitos de sentimento: incidem sobre as faculdades emocionais, como a injúria;
	{delitos de vontade: incidem sobre a vontade, como o constrangimento ilegal.
Crimes pluriofensivos = lesam ou expõem a perigo de dano mais de um bem jurídico. Ex: latrocínio (art. 157, § 3º, in fine), em que há ofensa à vida e ao patrimônio.
Crimes falimentares = podem ser próprios, impróprios, antefalimentares e pós-falimentares.
	{ próprios: só podem ser cometidos pelo devedor ou falido;
{ impróprios: só podem ser cometidos por pessoa diversa do devedor ou falido, como os delitos do perito da falência;
	{ antefalimentares: praticados antes da quebra;
{ pós-falimentares: cometidos depois da declaração da falência. Os delitos antefalimentares são sempre próprios, enquanto os pós-falimentares podem ser próprios ou impróprios.
Crime a prazo = a qualificadora depende de determinado lapso de tempo, como no caso do artigo 129, § 1º, I (mais de trinta dias), do artigo 148, § 1º, II (mais de quinze dias), 159, § 1º (mais de vinte e quatro horas), como também quando o fato típico depende de período temporal, como na hipótese do artigo 169, parágrafo único, II (quinze dias).
Crime gratuito = praticado sem motivo.	
Crime de circulação = praticado por intermédio do automóvel.
Delito transeunte e não transeunte = transeunte é o que não deixa vestígios e não transeunte é o que deixa.
Crime de atentado ou de empreendimento = é o delito em que o legislador prevê à tentativa a mesma pena do crime consumado, sem atenuação, como nas hipóteses dos artigos 352 e 358 do Código Penal e 309 e 312, do Código Eleitoral.
Crime em trânsito = o sujeito desenvolve a atividade em um país sem atingir qualquer bem jurídico de seus cidadãos, como no envio de uma carta injuriosa que passa pelo nosso território.
Crimes internacionais = referidos no artigo 7º, II, a, do CP, como tráfico de mulheres, difusão de publicações obscenas, danificação de cabo submarino, entorpecentes etc.
Quase-crime = ocorre nas hipóteses dos artigos 17 e 31 do CP (crime impossível e participação impunível).
Crimes de tipo fechado e de tipo aberto = tipo fechado são aqueles que apresentam a definição completo (a norma de proibição descumprida aparece de forma clara); os de tipo aberto são os que ao apresentam a descrição típica completa: delitos culposos (é preciso estabelecer qual o cuidado objetivo necessário descumprido pelo sujeito); crimes omissivos impróprios (dependem do descumprimento do dever jurídico de agir); delitos cuja descrição apresenta elementos normativos (“sem justa causa”, “indevidamente”, “sem as formalidades legais” etc).
Tentativa branca = o objeto material não sofre lesão (o sujeito, tentando matar a vítima, dispara em sua direção tiros de revólver, errando o alvo).
Crimes de responsabilidade = pode ser conceituado como um fato violador do dever do cargo ou função, apenado com uma sanção criminal ou de natureza política.
{Próprios: constitui delito (estão descritos no CP (arts. 312 a 326, art. 150, § 2º, 300, 301 etc., como também na legislação epecial (como no DL 201/67, Lei nº 4.898/65).
{Impróprios: corresponde à infração político-administrativa (Lei nº 1.079/50, referente ao Presidente da República, Ministros de Estados, Ministros do STF, Procurador-Geral da República, Governadores de Estados e respectivos Secretários, e Lei nº 7.106/83, referente ao Governador do Distrito Federal).
Crimes hediondos = repugnantes, sórdidos, decorrentes de condutas que, pela forma de execução e pela gravidade objetiva dos resultados, causam intensa repulsa (deles cuida a Lei nº 8.072/90, alterada pela Lei nº 8.930/94).
Crime de flagrante esperado = quando o indivíduo sabe que vai ser vítima de um delito e avisa a Polícia, que põe seus agentes de sentinela, apanhando o autor no momento da prática ilícita. A diferença em relação ao crime putativa é que neste caso não há provocação. No flagrante esperado há prévio conhecimento da iniciativa dolosa do agente, e a ele apenas se dá o ensejo de agir. Se se trata de crime formal, há consumação; se, entretanto, se trata de crime material, haverá apenas tentativa.
Sujeitos do delito = ativo (pratica a figura típica); passivo (é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado; pessoa física ou jurídica).
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora. Só o homem possui capacidade para delinqüir. As qualidades pessoais de quem pratica ocrime, sua situação particular, as relações que tenha com o ofendido constituem elementos que se referem ao sujeito ativo.
O CP e o CPP empregam várias denominações quando se referem ao sujeito ativo do delito: os arts. 14, II, 15, 18, I e II, 19, 20, § 3º, 21, parágrafo único, 23, caput e parágrafo único, 28, §§ 1º e 2º, 59, caput, 61, II, 62, caput, 63, caput, 65, I e III, 67 usam a expressão “agente”. Na fase do IP recebe a denominação de “indiciado” (arts. 5º, § 1º, b, 6º, V, VII e IX, 10, caput e seu § 3º, 14, 15 e 21 do CPP). Durante o processo recebe o nome de acusado, denunciado ou réu. O que já sofreu sentença condenatória, é chamado sentenciado, preso, condenado, recluso ou detento.
Capacidade especial do sujeito ativo: há crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa imputável. Outros exigem determinada posição jurídica ou de fato do agente. Ex: funcionário público, condição jurídica do sujeito ativo do delito de peculato: gestante, condição de fato do sujeito ativo no crime de auto-aborto.
A capacidade especial do sujeito ativo é determinante, em alguns casos, para configurar qualificadora, como ocorre nos artigos 148, § 1º, I, e 227, § 1º. Outras vezes constitui causa de aumento da pena, como nos artigos 133, § 3º, II, e 168, § único, I, II e III. Como também pode ser considerada como causa de diminuição da pena, como ocorre no artigo 155, § 2º. O artigo 182, III, levou em conta a condição do agente para exigir condição de procedibilidade para a ação penal (depende de representação). Há hipóteses em que a aplicação de norma permissiva depende de condição especial do sujeito ativo. Ex: artigos 128, 142, III, e 181.
* Sujeito passivo = é o titular do interesse cuja ofensa constitui essência do crime. É encontrado a partir do interesse tutelado pela lei penal incriminadora. Ex: no homicídio, o homem é o seu titular, eis que a norma protege o direito à vida.
* Sujeito passivo constante, geral, genérico ou formal = o Estado, o titular do mandamento proibitivo não observado pelo sujeito ativo.
* Sujeito passivo eventual, particular, acidental ou material = o titular do interesse penalmente protegido. Pode ser o homem, a pessoa jurídica, ...
Alguns tipos penais exigem uma condição especial do sujeito passivo, como ocorre nos artigos 123, 213, 215 e 246.
Pessoa jurídica como sujeito passivo nos crimes contra a honra = três correntes (uma não admite, outra admite apenas nas hipóteses de difamação ou injúria e a terceira admite apenas na hipótese de difamação, que se referente à honra objetiva, como reputação, boa fama). Honra subjetiva = sentimento de dignidade e decoro próprios.
A pessoa jurídica como sujeito ativo. Previsão: artigo 225, § 3º, da Constituição Federal.
Artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº 9.605/98.
Argumentos contrários:
Desde o Direito Romano já se sustentava o postulado societas delinquere non potest, isto é, a sociedade não pode delinqüir.
A pessoa jurídica não tem vontade própria e, portanto, não pode praticar condutas.
A pessoa jurídica não é dotada de consciência própria para compreender o caráter intimidativo da pena.
A pessoa jurídica não é imputável, pois somente o ser humano adquire capacidade de entender o caráter ilícito de um fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A pessoa jurídica tem sua atuação vinculada aos atos relacionados com seu estatuto social, não se incluindo a prática de crimes.
A punição da pessoa jurídica alcançaria, ainda que indiretamente, seus integrantes, ofendendo o princípio constitucional da personalidade da pena.
Não se pode aplicar pena privativa de liberdade, característica indissociável do Direito Penal, à pessoa jurídica.
A corrente que defende a possibilidade da pessoa jurídica figurar como sujeito ativo de crimes apresenta os seguintes fundamentos:
A pessoa jurídica constitui-se em ente autônomo, dotado de consciência e vontade, razão pela qual pode realizar condutas e assimilar a natureza intimidatória da pena.
A pessoa jurídica deve responder por seu atos, adaptando-se o juízo de culpabilidade às suas características.
A pessoa jurídica possui vontade própria, razão pela qual o Direito Penal a ela reserva tratamento isonômico ao dispensado à pessoa física.
É óbvio que o estatuto social de uma pessoa jurídica não prevê a prática de crimes como uma de suas finalidades. Da mesma forma, não cotem em seu bojo a realização de atos ilícitos, o que não os impede de serem realizados (inadimplência, por exemplo).
A punição da pessoa jurídica não viola o princípio da personalidade da pena. Deve-se distinguir a pena dos efeitos da condenação, os quais também se verificam com a punição da pessoa física.
O Direito Penal não se limita à pena de prisão. Ao contrário, cada vez mais a pena privativa de liberdade deve ser entendida como medida excepcional (ultima ratio), preferindo-se a aplicação de penas alternativas.
Objeto jurídico = é o bem-interesse protegido pela norma penal. Bem = é o que satisfaz uma necessidade do homem (material ou imaterial). Ex: vida, integridade física, honra, patrimônio. Interesse = é a relação psicológica em torno desse bem, é sua estimativa, sua valorização.
Objeto material = o homem ou a coisa sobre que incide a conduta do sujeito ativo (objeto da ação). No homicídio é alguém; no furto é a coisa.
Conflito aparente de normas. 
= princípios que o resolvem: especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade.
Especialidade = a norma especial, ou seja, a que acrescenta elemento próprio à descrição legal do crime prefere à norma geral. Ex: a norma que define o infanticídio é especial em relação à que descreve o homicídio, que é geral; No latrocínio, a figura típica qualificada prevista no art. 157, º 3º, é especial em relação ao homicídio qualificado; o tipo fundamental é excluído pelo qualificado ou privilegiado, como no furto simples e furto qualificado, o estelionato simples e o qualificado.
Subsidiariedade = relação de primariedade e subsidiariedade entre normas, quando descrevem graus de violação do mesmo bem jurídico. A infração definida pela norma subsidiária (“soldado de reserva”, na expressão de Nélson Hungria) é parte da infração principal. Ex: a ameaça está incluída no tipo de constrangimento ilegal (art. 146). Pode ser expressa ou explícita e tácita ou implícita. No primeiro caso, a norma, em seu próprio texto, subordina a sua aplicação à não-aplicação da outra, de maior gravidade punitiva, como no artigo 132, 129, § 3º, do CP e 21 da LCP (vias de fato). Na segunda hipótese, uma figura típica funciona como elementar ou circunstância legal específica de outra, de maior gravidade punitiva; mas a norma subsidiária na determina expressamente a sua aplicação à não-ocorrência da infração principal. Ex: crime de dano e furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo; a ameaça e o constrangimento ilegal; a ameaça em relação a todos os crimes em que há violência e grave ameaça, como o aborto, a violação de domicílio qualificada, a extorsão, o dano qualificado, o estupro; a omissão de socorro em relação ao homicídio culposo qualificado.
Consunção = ocorre a absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime. A conduta que se contém na norma consuntiva é de natureza complexional, uma vez que subentende, estruturalmente, espécies criminosas independentes, pois são primárias as leis que as descrevem. Ex: tentativa – consumação; partícipe – autor; crimes progressivos, crimes complexos; fatos anteriores e posteriores.
No crime progressivo, o sujeito, para alcançar um resultado, passa por uma conduta inicial que produz um evento menos grave que aquele. Assim, no crime de homicídio, pressupõe-se um resultado anterior, que é a lesão corporal. O crime de dano absorve o de perigo. O crime de seqüestro é absorvido pela redução de alguém a situação análoga à de escravo. O estupro, o atentado violento ao pudor,a posse sexual mediante fraude, o atentado ao pudor mediante fraude e a sedução, se praticados contra ofendida maior de 14 e menor de 18 anos e honesta, absorvem o crime de corrupção de menores.
- Crime complexo = quando a lei considera como elemento ou circunstância fatos que, por si mesmos, constituem crimes.
- Progressão criminosa = um tipo, já realizado, ainda se concretiza através da prática sucessiva de outra figura típica em que se encontra implicada. Existe no crime progressivo, desde o início, a vontade de cometer a infração de maior gravidade; na progressão criminosa, a intenção inicial é de praticar o delito menor e só depois, no mesmo iter criminis, resolve o agente cometer a infração mais grave. Antefactum não punível = posse de instrumentos empregados usualmente na prática do crime de furto (LCP, 25) por quem pratica o crime de furto. Postfactum impunível = após o furto o ladrão destrói a coisa subtraída.
- Já o princípio da alternatividade – que não configura um conflito aparente de normas, uma vez que as condutas descritas pelos vários núcleos se encontram num só preceito primário – se caracteriza quando a norma penal prevê vários fatos alternativamente, como modalidades de um mesmo crime. Ex: aquele que importa, depois tem em depósito e vende substância entorpecente, sem autorização legal, só transgride uma vez a norma do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
- Crime de ação múltipla = o tipo contém várias modalidades de conduta delituosa, as quais, praticadas pelo agente, constituem fases do mesmo crime. São crimes em que o tipo faz referência a várias modalidades da ação. Ex: art. 122, em que os verbos são “induzir”, “instigar” ou “prestar” auxílio ao suicídio.
Atualização legislativa:
LEI Nº 11.106, 
DE 28 DE MARÇO DE 2005
 Altera os arts. 148, 215, 216, 226, 227, 231 e acrescenta o art. 231-A ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal e dá outras providências.
               O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
               Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
               Art. 1º. Os arts. 148, 215, 216, 226, 227 e 231 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
               “Art. 148. ........................................................................................
               § 1º ..................................................................................................
               I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
               ........................................................................................................
               IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
               V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
               ..............................................................................................” (NR)
               “Posse sexual mediante fraude
               Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude:
               ..............................................................................................” (NR)
               “Atentado ao pudor mediante fraude
               Art. 216. Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal:
               .........................................................................................................
               Parágrafo único. Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (quatorze) anos:
               Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” (NR)
               “Art. 226. A pena é aumentada:
               I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
               II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela;
               III – (revogado).” (NR)
               
               “CAPÍTULO V
               DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOAS
               .........................................................................................................
               Art. 227. ..........................................................................................
               § 1º. Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
               ..............................................................................................” (NR)
               “Tráfico internacional de pessoas
               Art. 231. Promover, intermediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de pessoa que venha exercer a prostituição ou a saída de pessoa para exercê-la no estrangeiro:
               Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
               § 1º. .................................................................................................
               Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
               § 2º. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
               § 3º (revogado).” (NR)
               Art. 2º. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 231-A:
               “Tráfico interno de pessoas
               Art. 231-A. Promover, intermediar ou facilitar, no território nacional, o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da pessoa que venha exercer a prostituição:
               Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
               Parágrafo único. Aplica-se ao crime de que trata este artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 231 deste Decreto-Lei.”
               Art. 3º. O Capítulo V do Título VI – DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES da Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa a vigorar com o seguinte título: “DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOAS”.
               Art. 4º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
               Art. 5º. Ficam revogados os incisos VII e VIII do art. 107, os arts. 217, 219, 220, 221, 222, o inciso III do caput do art. 226, o § 3º do art. 231 e o art. 240 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal.
               Brasília, 28 de março de 2005; 184º da Independência e 117º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos
José Dirceu de Oliveira e Silva

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