Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cieˆncias dos Materiais Prof. Evandro Bittencourt (Dr.) 12 de marc¸o de 2012 Suma´rio 1 Sistemas critalinos 2 1 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 2 1.1 Sistema cu´bico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.1 Sistema cu´bico simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.2 Sistema Cu´bico de Corpo Centrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1.3 Sistema Cu´bico de Face Centrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 Cristalografia 6 2.1 Posic¸o˜es cristalinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.2 Direc¸o˜es cristalinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.3 Planos cristalinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.4 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.5 Densidade atoˆmica planar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.5.1 Cu´bico simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.5.2 Cu´bico de corpo centrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.5.3 Cu´bico de face centrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.6 Densidade atoˆmica linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.7 Planos e direc¸o˜es compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3 Caracterizac¸a˜o da estrutura 19 3.1 Lei de Bragg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.2 Me´todos de difrac¸a˜o de raios-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.3 Espectro de difrac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.4 Exemplo de aplicac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4 Defeitos 27 4.1 Vacaˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.1.1 Exemplo de aplicac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.1.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.2 Soluc¸o˜es So´lidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.2.1 Condic¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.2.2 Exerc´ıcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 5 Composic¸a˜o 30 5.1 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5.2 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 6 Diagramas de Fases 31 6.1 Importa˜ncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.2 Limite de solubilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.3 Fases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.4 Diagramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.5 Fases de equil´ıbrio e fases metaesta´veis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 6.6 Diagrama de equil´ıbrio para sistemas bina´rios e isomo´rfos . . . . . . . . . . . 32 6.6.1 Interpretac¸a˜o dos diagramas de fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 6.7 Desenvolvimento da microestrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 6.8 Diagrama Eute´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 6.8.1 Desenvolvimento da estrutura para ligas eute´ticas . . . . . . . . . . . 37 6.8.2 Diagrama Cu-Ag . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 6.9 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 3 7 Propriedades Mecaˆnicas dos Materiais 40 7.1 Ensaio de Trac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 7.1.1 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 4 1 Sistemas critalinos Existem 7 tipos de ce´lulas cristalinas, chamados de sistemas cristalinos: sistema cu´bico, sistema tetragonal, sistema romboe´drico, sistema hexagonal, sistema ortorroˆmbico, sistema monocl´ınico e sistema tricl´ınico. Quando posicionamos a´tomos dentro desses sistemas for- mamos redes (ou estruturas cristalinas). Dessa maneira, os 7 sistemas cristalinos geram 14 Redes de Bravais (estruturas cristalinas). simples corpo centrado face centrada Sistema cu´bico, treˆs eixos com aˆngulos retos; to- dos iguais: a = b = c; α = β = γ = 90o Cobre (Cu), Prata (Ag), Cloreto de so´dio (NaCl) simples corpo centrado Sistema tetragonal, treˆs eixos com aˆngulos retos; dois iguais: a = b 6= c; α = β = γ = 90o Estanho (Sn), Rutilo (TiO2) simples c.centrado t.centrada f.centrada Sistema ortorrom- bico, treˆs eixos com aˆngulos retos: a 6= b 6= c; α = β = γ = 90o Ga´lio (Ga), Perovskita (CaTiO3) simples face centrada Sistema mo- nocl´ınico, dois eixos com aˆngulos retos: a 6= b 6= c; α = γ = 90o 6= β Gesso (CaSO4·2H2O) simples Sistema tricl´ınico, a 6= b 6= c; α 6= γ 6= β 6= 90o Cromato de Pota´ssio (K2CrO7) Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 5 simples Sistema trigonal (romboe´drico), a = b = c; α = γ = β 6= 90o Calcita (CaCO3), Ar- senic (As), Bismuto (Bi) simples Sistema Trigonal (hexagonal), a1 = a2 = a3 6= c; α = β = 90o, γ = 120o Zinco (Zn), Ca´dmio (Cd), Quartzo (SiO2) 1.1 Sistema cu´bico Especial atenc¸a˜o sera´ dada ao sistema cu´bico de empilhamento atoˆmico. O paraˆmetro cristalino e´ o lado da ce´lula unita´ria cu´bica. Outro coeficiente que carac- teriza os sistemas cristalinos e´ o Fator de Empacotamento, uma relac¸a˜o entre o volume de material atoˆmico e o volume da ce´lula unita´ria. Ale´m disso, temos o Nu´mero de Coordenac¸a˜o, que e´ o nu´mero de a´tomos vizinhos de cada posic¸a˜o atoˆmica. FE = Volume de material atoˆmico Volume da ce´lula unita´ria 1.1.1 Sistema cu´bico simples No sistema cu´bico simples o empilhamento atoˆmico ocorre com 1 a´tomo alocado em cada ve´rtice da ce´lula unita´ria. x y z Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 6 x y z O paraˆmetro cristalino e´ igual a 2R e o nu´mero de coordenac¸a˜o e´ 6. O fator de empaco- tamento e´ igual: FE = 4 3 pi R3 (2 R)3 = pi 6 = 0, 52 1.1.2 Sistema Cu´bico de Corpo Centrado No sistema cu´bico de corpo centrada o empilhamento atoˆmico ocorre com 1 a´tomo alocado em cada ve´rtice da ce´lula unita´ria ale´m de um a´tomo posicionada exatamente no centro. 4 R√ 3 x y z x y z Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 7 O paraˆmetro cristalino e´ igual a 4 R√ 3 e o nu´mero de coordenac¸a˜o e´ 8. O fator de empa- cotamento e´ igual: FE = 2× 4 3 pi R3( 4 R√ 3 )3 = √3 pi8 = 0, 68 1.1.3 Sistema Cu´bico de Face Centrada No sistema cu´bico de face centrada o empilhamento atoˆmico ocorre com 1 a´tomo alocado em cada ve´rtice da ce´lula unita´ria ale´m de um a´tomo no centro de cada face. x y z 2 R √ 2 x y z O paraˆmetro cristalino e´ igual a 2 R √ 2 e o nu´mero de coordenac¸a˜o e´ 12. O fator de empacotamento e´ igual: FE = 4× 4 3 pi R3( 2 R √ 2 )3 = pi3 √2 = 0, 74 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 8 2 Cristalografia A descric¸a˜o da estrutura cristalina dos materiais e´ feita considerando-se uma notac¸a˜o para: posic¸o˜es, direc¸o˜es e planos. 2.1 Posic¸o˜es cristalinas As posic¸o˜es cristalinas sa˜o pontos representados na ce´lula cristalina cu´bica. O paraˆmetro cristalino e´ a unidade de medidapara representac¸a˜o dessas posic¸o˜es. P1 = 0; 0; 0 P2 = 0; 1; 0 P3 = 0; 1; 1 P4 = 0; 0; 1 P5 = 1; 0; 0 P6 = 1; 1; 0 P7 = 1; 1; 1 P8 = 1; 0; 1 x y z P1 P2 P3 P4 P5 P6 P8 P7 As posic¸o˜es cristalinas auxiliam na determinac¸a˜o e desenho dos ı´ndices das direc¸o˜es e planos cristalinos. Ale´m das posic¸o˜es nos ve´rtices podemos ter intermedia´rias, com frac¸o˜es do paraˆmetro cristalino. P1 = 1/2; 1/2; 1/2 P2 = 1/3; 0; 0 P3 = 2/3; 1; 1 P4 = 0; 1; 1/4 x y z P1P2 P3 P4 2.2 Direc¸o˜es cristalinas A direc¸a˜o cristalogra´fica e´ representada por um vetor entre duas posic¸o˜es cristalogra´ficas. O comprimento da projec¸a˜o ortogonal sobre os eixos determina os coeficientes que carac- terizam a direc¸a˜o cristalina. Essa medida e´ fornecida tendo como base o paraˆmetro cristalino (dimensa˜o da ce´lula unita´ria: a, b ou c). A representac¸a˜o final e´ feita considerando os menores valores inteiros. Os treˆs ı´ndices sa˜o representados em couchetes (na˜o separados por v´ırgula). Dessa ma- neira [uvw], representam os menores inteiros proporcionais a projec¸a˜o da direc¸a˜o cristalina nos eixos x, y e z, respectivamente. Uma determinada projec¸a˜o pode ter sentido contra´rio ao do eixo que a suporta, dessa ma- neira o ı´ndice e´ negativo, devendo ser representado com uma barra superior. Exemplificando [1¯11] tem a projec¸a˜o em x negativa, sentido contra´rio ao eixo x. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 9 x y z x y z x y z Figura 1: Representac¸a˜o das direc¸o˜es cristalina [100], [110] e [111] respectivamente A determinac¸a˜o dos ı´ndices da direc¸a˜o pode ser feita considerando os acre´scimos entre a posic¸a˜o inicial e final. Exemplificando: x y z Pi = 0; 0; 0 Pf = 1/2; 1; 0 ∆ = Pf − Pi = 1/2; 1; 0 (o tamanho da projec¸a˜o) multiplicando por dois (menores inteiros) obtem-se os ı´ndices da direc¸a˜o [120] Essa abordagem permite a determinac¸a˜o dos ı´ndices da direc¸a˜o cristalina representada em qualquer posic¸a˜o da ce´lula unita´ria. x y z Pi = 0; 1; 1 Pf = 1; 0; 1/2 ∆ = Pf − Pi = 1; −1; −1/2 multiplicando por dois (menores inteiros) obtem-se os ı´ndices da direc¸a˜o [22¯1¯] Para o desenho da direc¸a˜o a partir dos ı´ndices podemos usar o inverso do mesmo proce- dimento: Dada a direc¸a˜o [120]: Considerando a origem como ponto inicial: Pi = 0; 0; 0 ∆ = 1/2; 1; 0 (´ındices divididos por dois) Pf = Pi +∆ = 1/2; 1; 0 x y z Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 10 Quando a direc¸a˜o tiver algum ı´ndice negativo basta alterar o ponto inicial para o desenho se manter dentro da ce´lula unita´ria. Dada a direc¸a˜o [1¯22¯]: Considerando a origem como ponto inicial: Pi = 1; 0; 1 ∆ = −1/2; 1; −1 Pf = Pi +∆ = 1/2; 1; 0 x y z 2.3 Planos cristalinos A notac¸a˜o para os planos utiliza os I´ndices de Miller, que sa˜o obtidos da seguinte maneira: • Obte´m-se as intersecc¸o˜es do plano com os eixos; • Obte´m-se os inverso das intersecc¸o˜es; • Multiplica-se para obter os menores nu´meros inteiros. Para o plano da figura os interceptos sa˜o: Ix = 1 2 ; Iz = 1. Sendo ainda que o plano e´ paralelo ao eixo y, portanto na˜o existe intercepto, ou o intercepto ocorre no infinito (Iy =∞). x y z 1 1/2 Calculamos os I´ndices de Miller: h = 1 Ix = 1 1 2 = 2 k = 1 Iy = 1 ∞ = 0 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 11 l = 1 Iz = 1 1 = 1 O plano e´ caracterizado assim (sistema cu´bico): ( h k l ). Para o exemplo temos: ( 2 0 1 ). Os plano frontais sa˜o: x y z ( 1 0 0 ) x y z ( 0 1 0 ) x y z ( 0 0 1 ) Figura 2: Planos frontais Da mesma maneira, os planos frontais negativos sa˜o: x y z ( 1¯ 0 0 ) x y z ( 0 1¯ 0 ) x y z ( 0 0 1¯ ) Figura 3: Planos frontais negativos Note que foi feito um deslocamento da origem para a visualizac¸a˜o dos planos negativos. Os planos diagonais da ce´lula unita´ria cu´bica sa˜o: x y z (1 1 1 ) x y z ( 1¯ 1 1 ) x y z ( 1 1¯ 1 ) Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 12 x y z ( 0 0 1¯ ) x y z ( 1¯ 1¯ 1 ) x y z ( 1 1¯ 1¯ ) x y z ( 1¯ 0 1¯ ) x y z ( 1¯ 1¯ 1¯ ) Figura 4: Planos diagonais da ce´lula unita´ria cu´bica O sistema formado por esses planos e a famı´lia de planos representada por { 1 1 1 } : Um bom exerc´ıcio e´ imaginar o so´lido formado pela intersecc¸a˜o de todos os planos da famı´lia { 1 1 1 } : x y z Figura 5: Todos os planos diagonais da ce´lula unita´ria cu´bica Quando as intersec¸o˜es do plano com os eixos na˜o sa˜o o´bvias, deve-se deslocar o plano ate´ obter as intersecc¸o˜es corretas. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 13 x y z Ix = 1 Iy = −1 Iz =∞ h = 1; k = −1; l = 0 ( 1 1¯ 0 ) Ou melhor, alterar a origem de posic¸a˜o, na˜o necessitando aumentar o desenho. x y z x y z 2.4 Exerc´ıcios 1) Desenhe as direc¸o˜es dentro de uma ce´lula unita´ria cu´bica: (a) [1¯10]; (b) [1¯2¯1]; (c) [01¯2]; x y z x y z x y z (d) [13¯3]; (e) [1¯1¯1]; (f) [1¯22]; Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 14 x y z x y z x y z (g) [12¯3¯]; (h) [1¯03]; (i) [01¯0]. x y z x y z x y z 2) Determine os ı´ndices das direc¸o˜es mostradas nas ce´lulas unita´rias cu´bicas: x y z x y z x y z x y z x y z x y z Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 15 x y z x y z x y z 3) Determine os ı´ndices de Miller dos planos mostrados na ce´lula unita´ria: x y z 2 3 1 2 x y z 1 2 x y z 1 21 3 1 2 4) Determine os ı´ndices de Miller dos planos mostrados na ce´lula unita´ria: x y z x y z x y z 5) Desenhe numa ce´lula unita´ria cu´bica os seguintes planos cristalinos: (a) (01¯1¯); (b) (112¯); (c) (102¯); Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 16 x y z x y z x y z (d) (13¯1); (e) (1¯11¯); (f) (12¯2¯); x y z x y z x y z (g) (1¯23¯); (h) (01¯3¯); (i) (03¯0). x y z x y z x y z Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 17 2.5 Densidade atoˆmica planar Ana´logo ao fator de empacotamento atoˆmico, que corrensponde a` densidade volume´trica de a´tomos, podemos definir a densidade atoˆmica num determinado plano cristalino: DAP = a´rea total de atomos a´rea do plano Para cada sistema cristalino existem planos especiais onde as densidades atoˆmicas sa˜o ma´ximas. 2.5.1 Cu´bico simples Para o sistema cu´bico simples temos as faces como planos principais (famı´lia 100): 2R DAP = 4 pi R2 4 (2 R)2 = pi 4 = 0, 79 2.5.2 Cu´bico de corpo centrado Para o sistema cu´bico simples temos os planos das faces (famı´lia {100}) e os planos diagonais (famı´lia {110}): 4 R√ 3 Famı´lia {100} DAP = 4 pi R2 4( 4 R√ 3 )2 = 3 pi16 = 0, 59 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 18 4 √ 2 R√ 3 4 R √ 3 Famı´lia {110} DAP = pi R2 + 4 pi R2 4 4 √ 2 R√ 3 · 4 R√ 3 = 3 pi 8 √ 2 = 0, 83 Dessa forma, o plano com a ma´xima densidade planar e o plano diagonal, da famı´lia 110. 2.5.3 Cu´bico de face centrada Para o sistema cu´bico simples temos os planos das faces (famı´lia {100}), os planos diagonais (famı´lia {110}) e os planos diagonais do cubo (famı´lia {111}): 2 R √ 2 Famı´lia {100} DAP = pi R2 + 4 pi R2 4( 2 R √ 2 )2 = pi4 =0, 79 4 R 2 R √ 2 Famı´lia {110} DAP = 2 pi R2 2 + 4 pi R2 4 2 R √ 2 · 4 R = pi 4 √ 2 = 0, 55 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 19 4 R 4 R 4 R 2 R √ 3 Famı´lia {111} DAP = 3 pi R2 2 + 3 pi R2 6 2 R √ 3 · 4 R 2 = pi 2 √ 3 = 0, 91 Dessa forma, o plano com a ma´xima densidade planar e o plano diagonal do cubo, famı´lia {111}. 2.6 Densidade atoˆmica linear Similar a` DAP pode-se definir a densidade atoˆmica linear como: DAL = Comprimento total de a´tomos Comprimento de uma direc¸a˜o Vamos apresentar a DAL para as direc¸o˜es nos planos de ma´xima densidade de cada estrutura cristalina cu´bica. 2R Cu´bica simples: famı´lia <100> DAL = 2 R 2 R = 1, 0 4 √ 2 R√ 3 4 R √ 3 Cu´bica corpo centrado: famı´lia <111> DAL = 1, 0 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 20 4 R 4 R 4 R 2 R √ 3 Cu´bica corpo centrado: famı´lia <110> DAL = 1, 0 2.7 Planos e direc¸o˜es compactos A estrutura cristalina CFC e´ a mais densa do ponto de vista volume´trico. Por outro lado, em cada rede, existem planos com valores diferentes de DAP. Os planos compactos sa˜o aqueles com o valor maior de DAP para cada estrutura cristalina. As direc¸o˜es compactas esta˜o contidas nos planos compactos de cada estrutura cristalina. Para a estrutura cristalina CS e´ a famı´lia de planos {100}, para a estrutura cristalina CCS e´ a famı´lia de planos {110} e para a estrutura cristalina CFC e´ a famı´lia de planos {111}. Os planos compctos e as direc¸o˜es compactas sa˜o fundamentais na deformac¸a˜o mecaˆnica dos materiais. Normalmente a deformac¸a˜o mecaˆnica ocorre atrave´s do deslizamento de planos. Como os a´tomos esta˜o mais ligados nos planos compactos, o deslizamento ocorre entre esses planos, ou seja, num plano paralelo a esse plano compacto e no sentido da direc¸a˜o compacta. Desse modo, os materiais que possuem a estrutura CFC, que tem a famı´lia de planos {111} com DAP=0,91, tem muita facilidade de deformac¸a˜o, relativamente as demais estruturas. Ale´m do DAP diferenciado, a famı´lia {111} e´ composta por 8 planos, facilitando a deformac¸a˜o em diversas direc¸o˜es (famı´lia <110>) nesses planos. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 21 3 Caracterizac¸a˜o da estrutura A estrutura cristalina dos materiais e´ determinada experimentalmente pela difrac¸a˜o de raios- x. Quando um feixe de radiac¸a˜o incide sobre o material ele sofre uma interfereˆncia, e´ difra- tado, dependendo do aˆngulo de incideˆncia e da densidade dos planos cristalinos atoˆmicos. Esse efeito acontece por causa da proximidade entre os espac¸amentos interplanares e o com- primento de onda dos raios-x que e´ da ordem de 0,1 nm. A interfereˆncia pode ser construtiva ou destrutiva. Quando construtiva o feixe de raios difratados se apresentam em fase, possibilitando que a leitura da intensidade seja realizada. 3.1 Lei de Bragg A relac¸a˜o entre o aˆngulo de incideˆncia dos raios-x, o comprimento da onda, a distaˆncia interplanar do material e o tipo de interfereˆncia e´ usada numa expressa˜o geome´trica chamada de Lei de Bragg. A C B θ θ λ Raios-X incidentes Raios-X difratados Planos atoˆmicos d distaˆncia interplanar A C B θ θ θ θ d A lei de Bragg e´ definida considerando-se a necessidade dos feixes difratados estarem em fase. Dessa maneira, o caminho do feixe mais interno deve percorrer distaˆncia multipla do comprimento de onda (n λ): AB +BC = 2AB = 2 d sen θ Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 22 2 d sen θ = n λ (Lei de Bragg) Onde n e´ um nu´mero inteiro. Por outro lado, a distaˆncia entre dois planos atoˆmicos paralelos adjacentes pode ser calculado considerando os ı´ndices de Miller (h, k, l) e o paraˆmetro cristalino (a): dhkl = a√ h2 + k2 + l2 3.2 Me´todos de difrac¸a˜o de raios-X Existem dois me´todos: • Me´todo de Laue, onde uma amostra mono-cristalina e´ exposta a raios-X com va´rios comprimentos de onda (poli-croma´tico) num determinado aˆngulo fixo; • Difratoˆmetro, mais moderno, onde uma amostra poli-cristalina em po´ e´ exposta a raios-X monocroma´tico. O aˆngulo de incideˆncia varia continuamente e relaciona-se a intensidade percebida no feixe difratado. 3.3 Espectro de difrac¸a˜o O resultado gra´fico da caracterizac¸a˜o difratome´trica e´ chamada do espectro de difrac¸a˜o. 30 40 50 60 70 80 90 100 (110) (200) (211) Aˆngulo de difrac¸a˜o 2θ In te n si d ad e re la ti va Figura 6: Padra˜o de difrac¸a˜o para o ferro-α (ferro CCC) policristalino. Os picos no gra´fico traduzem a intensidade do feixe de raios difratados considerando-se a densidade atoˆmica planar. Dessa maneira, o pico com maior intensidade relativa e´ referente a difrac¸a˜o no plano compacto da estrutura cristalina do material caracterizado. 3.4 Exemplo de aplicac¸a˜o 1) Para o ferro CCC, calcular: (a) o espac¸amento interplanar, e (b) o aˆngulo de difrac¸a˜o para o conjunto de planos (220). O paraˆmetro cristalino do Fe e´ 0,2866 nm e a radiac¸a˜o Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 23 nomocroma´tica utilisada tem um comprimento de onda igual a 0,1790 nm. Considerar a ordem de difrac¸a˜o igual a 1 (n = 1). Soluc¸a˜o: (a) O valor do espac¸amento interplanar dhkl pode ser determinado considerando-se a = 0, 2866 nm, e h = 2, k = 2, e l = 0, desde que se considere os planos (220) para o ca´lculo. Portanto: dhkl = a√ h2 + k2 + l2 = 0, 2866√ 22 + 22 + 02 = 0, 1013 nm (b) O valor de θ pode ser calculado agora considerando-se n = 1 (deflexa˜o de primeira ordem): sen θ = nλ 2dhkl = (1)(0, 1790) (2)(0, 1013) = 0, 884 θ = sen−1(0, 884) = 62, 13o O aˆngulo de difrac¸a˜o e´ 2θ: 2θ = (2)(62, 13) = 124, 26o 2) Dado o padra˜o de difrac¸a˜o para o Alumı´nio (gra´fico e tabela completa), determi- nar os coeficientes dos planos atoˆmicos identificados. Considerar radiac¸a˜o Cu Kα = 0, 154056 nm 30 40 50 60 70 80 90 100 Aˆngulo de difrac¸a˜o 2θ In te n si d ad e re la ti va Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 24 Tabela 1: Picos de difrac¸a˜o para o alumı´nio. Pico 2θ 1 38,5192 2 44,7651 3 65,1402 4 78,2641 5 82,4726 6 99,1140 7 112,0367 8 116,5898 9 137,4595 Soluc¸a˜o: O ca´lculo do paraˆmetro cristalino poderia ser feito considerando-se qualquer pico re- sultante, evidentemente a resposta seria igual, independente do pico considerado. Pen- sando dessa maneira, podemos trabalhar com a Lei de Bragg e o ca´lculo da distaˆncia entre planos quaisquer: 2 d sen θ = n λ (Lei de Bragg) e dhkl = a√ h2 + k2 + l2 2 a√ h2 + k2 + l2 sen θ = n λ n λ 2 a = sen θ√ h2 + k2 + l2 O segundo lado da igualdade varia conforme o pico considerado no difratograma. Ele- vando ao quadrado: ( n λ 2 a )2 = ( sen θ√ h2 + k2 + l2 )2 ( n λ 2 a )2 = sen2θ h2 + k2 + l2 Considerando o primeiro membro igual a uma constante A: A = ( n λ 2 a )2 A = sen2θ h2 + k2 + l2 Com o ca´lculo do paraˆmetro cristalino sendo feito: a = λ 2 √ A (1) considerando difrac¸a˜o de primeira ordem, ou seja n = 1. Por outro lado, os planos cristalinos e a soma dos quadrados dos ı´ndices podem ser: Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 25 Coeficientes h2 + k2 + l2 100 1 110 2 111 3 200 4 210 5 211 6 220 8 221 9 300 9 310 10 311 11 222 12 . . . . . . Vamos procurar a constante A fazendo uma tabela da seguinte maneira: pico 2θ sen2θ sen2θ 2 sen2θ 3 sen2θ 4 sen2θ 5 sen2θ 6 sen2θ 8 1 2 3 4 5 6 . . . . . . . . . Para o exemplo temos: pico2θ sen2θ sen2θ 2 sen2θ 3 sen2θ 4 sen2θ 5 sen2θ 6 sen2θ 8 1 38,5192 0,1088 0,0544 0,0363 0,0272 0,0218 0,0181 0,0136 2 44,7651 0,1450 0,0725 0,0483 0,0363 0,0290 0,0242 0,0181 3 65,1402 0,2898 0,1449 0,0966 0,0725 0,0580 0,0483 0,0362 4 78,2641 0,3983 0,1992 0,1328 0,0996 0,0797 0,0664 0,0498 5 82,4726 0,4345 0,2173 0,1448 0,1086 0,0869 0,0724 0,0543 6 99,1140 0,5792 0,2896 0,1931 0,1448 0,1158 0,0965 0,0724 7 112,0367 0,6876 0,3438 0,2292 0,1719 0,1375 0,1146 0,0860 8 116,5898 0,7238 0,3619 0,2413 0,1810 0,1448 0,1206 0,0905 9 137,4595 0,8684 0,4342 0,2895 0,2171 0,1737 0,1447 0,1086 A constante A deve se repetir na tabela em todas as linhas, ou seja para todos os picos, mas na˜o necessariamente em todas as colunas. Dessa maneira, observamos A = 0, 0363 (em negrito). Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 26 O paraˆmetro cristalino pode ser calculado pela equac¸a˜o 1: a = λ 2 √ A = 0, 154056 2 √ 0, 0363 = 0, 4049 nm A identificac¸a˜o dos picos pode ser feita dessa maneira: pico 2θ sen2θ sen2θ A h2 + k2 + l2 (hkl) 1 38,5192 0,1088 2,9972 3 plano (111) 2 44,7651 0,1450 3,9945 4 plano (200) 3 65,1402 0,2898 7,9835 8 plano (220) 4 78,2641 0,3983 10,9725 11 plano (311) 5 82,4726 0,4345 11,9697 12 plano (222) 6 99,1140 0,5792 15,9559 16 plano (400) 7 112,0367 0,6876 18,9421 19 plano (331) 8 116,5898 0,7238 19,9394 20 plano (420) 9 137,4595 0,8684 23,9229 24 plano (422) Representando no gra´fico: 30 40 50 60 70 80 90 100 (111) (200) (221) (331) (222) (400) Aˆngulo de difrac¸a˜o 2θ In te n si d ad e re la ti va 3.5 Exerc´ıcios 1) Dado o padra˜o de difrac¸a˜o para o Nı´quel (gra´fico e tabela completa), determinar os coe- ficientes dos planos atoˆmicos identificados. Considerar radiac¸a˜o Cu Kα = 0, 154056 nm Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 27 30 40 50 60 70 80 90 100 Aˆngulo de difrac¸a˜o 2θ In te n si d ad e re la ti va Tabela 2: Picos de difrac¸a˜o para o n´ıquel. Pico 2θ 1 44,53 2 51,89 3 76,45 4 93,01 5 98,51 6 122,12 2) Dado o padra˜o de difrac¸a˜o para o Cobre (gra´fico e tabela completa), determinar os coe- ficientes dos planos atoˆmicos identificados. Considerar radiac¸a˜o Cu Kα = 0, 154056 nm 30 40 50 60 70 80 90 100 Aˆngulo de difrac¸a˜o 2θ In te n si d ad e re la ti va Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 28 Tabela 3: Picos de difrac¸a˜o para o cobre. Pico 2θ 1 43,16 2 50,30 3 73,99 4 89,85 5 95,03 6 116,92 7 136,59 Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 29 4 Defeitos 4.1 Vacaˆncia O nu´mero vacaˆncias de equil´ıbrio (Nv)para uma dada quantidade de material depende do aumento da temperatura de acordo com: Nv = Ne −QvkT Onde: N = nu´mero total de posic¸o˜es atoˆmicas; Qv = energia requerida para formac¸a˜o das vacaˆncias; T = temperatura absoluta (K); k = constante de Boltzmann; k = 1, 38× 10−23 J/atom-K; k= 8, 62× 10−5 eV/atom-K. Assim, o nu´mero de vacaˆncias varia exponencialmente com a temperatura. Para a maioria dos metais a frac¸a˜o Nv/N na temperatura de fusa˜o (justamente abaixo) e´ da ordem de 10−4, o que indica que existe uma posic¸a˜o na malha cristalina vazia em 10.000. 4.1.1 Exemplo de aplicac¸a˜o Calcular o nu´mero de vacaˆncias de equil´ıbrio por metro cu´bico de cobre a 1.000oC. A energia da formac¸a˜o de vacaˆncia e´ 0,9 eV/atom; o peso atoˆmico e a densidade do cobre (a 1.000oC) sa˜o 63,5 g/mol e 8,4 g/cm3, respectivamente. Soluc¸a˜o: Sendo: T = 1000 + 273 = 1.273 K a constante de Boltzmann por mol de a´tomos torna-se a constante dos gazes R; R = 8, 31 J/mol-K R = 1, 987 cal/mol-K Inicialmente, contudo, calcula-se o valor de N, o nu´mero de posic¸o˜es atoˆmicas por metro cu´bico para o cobre: N = NAρ ACu Onde: NA = nu´mero de Avogrado = 6, 023× 1023 a´tomos/mol; ρ = densidade = 8, 4 g/cm3; ACu = massa atoˆmica = 63, 5 g/mol; Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 30 N = (6, 023× 1023 a´tomos/mol)(8, 4 g/cm3)(106 cm3/m3) 63, 5 g/mol = 8, 0× 1028 a´tomos/m3 Assim, o nu´mero de vacaˆncias a 1.000oC (1.273 K) e´ igual a: Nv = N e −Qv kT Nv = (8, 0× 1028 a´tomos/m3) exp [ − 0, 9 eV (8, 62× 10−5 eV/K)(1273 K) ] Nv = 2, 2× 1025 vacaˆncias/m3 4.1.2 Exerc´ıcios 1) Calcular a frac¸a˜o de posic¸o˜es atoˆmicas que sa˜o vacaˆncias para o Chumbo na sua tem- peratura de fusa˜o de 327 oC. Assumindo a energia de formac¸a˜o de vacaˆncia igual a 0,55 eV/a´tomo. 2) Calcular o nu´mero de vacaˆncias por metro cu´bico do ferro a 850 oC. A energia para a formac¸a˜o de vacaˆncias e´ 1,08 eV/a´tomo. Ale´m disso, a densidade e a massa atoˆmica para o ferro sa˜o 7,65 g/cm3 e 55,85 g/mol, respectivamente. 3) Calcular a energia para formac¸a˜o de vacaˆncias na prata, dado que o nu´mero de vacaˆncias de equ´ılibro a 800 oC e´ 3, 6 × 1023 m −3. A massa atoˆmica e a densidade (a 800 oC) sa˜o, respectivamente, 107,9 g/mol e 9,5 g/cm 3. 4.2 Soluc¸o˜es So´lidas As soluc¸o˜es so´lidas sa˜o formadas quando a´tomos de um elemento (soluto) sa˜o adicionados no material hospedeiro (solvente) e a estrutura cristalina original e´ mantida. 4.2.1 Condic¸o˜es Existem diversas condic¸o˜es para formac¸a˜o de uma soluc¸a˜o so´lida (substitucional ou intersti- cial): 1) Fator do tamanho atoˆmico: quando a diferenc¸a entre tamanho for inferior a 15%; 2) Estrutura cristalina: quando os dois metais apresentarem a mesma estrutura cristalina; 3) Eletronegatividade: quanto mais um elemento for eletropositivo e o outro form mais eletronegativo, maior e´ a probabilidade da formac¸a˜o de um composto intermeta´lico ao inve´s da formac¸a˜o de uma soluc¸a˜o so´lida; 4) Valeˆncia: com os outros fatores sendo iguais, um metal tem maior tendeˆncia a se dissolver em outro metal de maior valeˆncia que de outro de menor valeˆncia. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 31 4.2.2 Exerc´ıcio Elemento Raio Atoˆmico (nm) Estrutura cristalina Eletronegatividade Valeˆncia Cu 0,1278 CFC 1,9 +2 C 0,071 H 0,046 O 0,060 Ag 0,1445 CFC 1,9 +1 Al 0,1431 CFC 1,5 +3 Co 0,1253 HC 1,8 +2 Cr 0,1249 CCC 1,6 +3 Fe 0,1241 CCC 1,8 +2 Ni 0,1246 CFC 1,8 +2 Pd 0,1376 CFC 2,2 +2 Pt 0,1387 CFC 2,2 +2 Zn 0,1332 HC 1,6 +2 CFC = Cu´bica de face centrada; CCC = Cu´bica de corpo centrado; HC = Hexagonal compacta. Quais desses elementos podem ser formadores com o cobre: 1) Uma soluc¸a˜o so´lida substitucional com solubilidade completa? 2) Uma soluc¸a˜o so´lida substitucional com solubilidade incompleta? 3) Uma soluc¸a˜o so´lida interticial? Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 32 5 Composic¸a˜o 1) Percentagem de massa C1 = m1 m1 +m2 × 100 ; onde: mi = massa do elemento na liga. 2) Percentagem de a´tomos C ′1 = nm1 nm1 + nm2 × 100 ; onde: nm1 = m ′ 1 A1 com m′1 = massa do elemento em gramas e A1 = massa atoˆmica. 3) Conversa˜o C ′1 = C1A2 C1A2 + C2A1 × 100 C ′2 = C2A1 C1A2 + C2A1 × 100 C1 = C ′1A1 C ′1A1 + C ′ 2A2 × 100 C2 = C ′2A2 C ′1A1 + C ′ 2A2 × 100 Com: C1 + C2 = 100; C ′ 1 + C ′ 2 = 100 5.1 Exemplo Determinar a composic¸a˜o, em percentagem atoˆmica, de uma liga que consiste de 97% de alumı´nio e 3% de cobre em massa. Soluc¸a˜o: com CAl = 97; CCu = 3 C ′Al = CAlACu CAlACu + CCuAAl × 100 C ′Al = (97)(63, 55 g/mol) (97)(63, 55 g/mol) + (3)(26, 98 g/mol × 100 C ′Al = 98, 7 % atoˆmica. C ′Cu = CCuAAl CCuAAl + CAlACu × 100 C ′Cu = (3)(26, 98 g/mol) (3)(26, 98 g/mol) + (97)(63, 55 g/mol × 100 C ′Cu = 1, 3 % atoˆmica. 5.2 Exerc´ıcios 1) Composic¸a˜o em percentagem atoˆmica para 30% Zn e 70% Cu em massa? 2) Composic¸a˜o em percentagem de massapara 6% Pb e 94% Sn em atoˆmica? 3) Calcular a composic¸a˜o, em percentagem de massa, de uma liga consistindo de 218,0 kg de titaˆnio e 14,6 kg de alumı´nio e 9,7 kg de vana´dio. 4) Qual e´ a composic¸a˜o, em percentagem atoˆmica, de uma liga consistindo de 98 g de estanho e 65 g de chumbo? 5) Qual e´ a composic¸a˜o, em percentagem atoˆmica, de uma liga consistindo de 99,7 kg de cobre, 102 kg de zinco, e 2,1 kg de chumbo? Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 33 6 Diagramas de Fases Os diagramas de fase ou de equil´ıbrio sa˜o gra´ficos bi ou tridimensionais que fornecem in- formac¸o˜es sobre as condic¸o˜es da formac¸a˜o de ligas de acordo com a temperatura e proporc¸o˜es. 6.1 Importa˜ncia • Da´ informac¸o˜es sobre microestrutura e propriedades mecaˆnicas em func¸a˜o da tempe- ratura e composic¸a˜o; • Permite a visualizac¸a˜o da solidificac¸a˜o e fusa˜o; • Prediz as transformac¸o˜es de fases; • Da´ informac¸o˜es sobre outros fenoˆmenos. 6.2 Limite de solubilidade Quando misturamos dois materiais diferentes (a´tomos diferentes) podemos ter: • Solubilidade complesta: a mistura acontece em qualquer proporc¸a˜o; • Solubilidade incompleta: a mistura acontece em determinadas proporc¸o˜es; • Insolubilidade: a mistura na˜o acontece, independente da proporc¸a˜o. O limite de solubilidade e´ a concentrac¸a˜o ma´xima de a´tomos de soluto que pode dissolver- se no solvente, a uma dada temperatura, para formar uma soluc¸a˜o so´lida. Quando o limite de solubilidade e´ ultrapassado forma-se uma segunda fase com composic¸a˜o distinta 6.3 Fases Fase e´ a porc¸a˜o homogeˆnea de um sistema que tem caracter´ısticas f´ısicas e qu´ımicas definidas. Considerac¸o˜es sobre as fases: • Todo metal puro e uma considerado uma fase; • Uma fase e´ identificada pela composic¸a˜o qu´ımica e microestrutura; • A interac¸a˜o de 2 ou mais fases em um material permite a obtenc¸a˜o de propriedades diferentes; • E´ poss´ıvel alterar as propriedades do material alterando a forma e distribuic¸a˜o das fases. 6.4 Diagramas Os diagramas de fases ou de equil´ıbrios sa˜o mapas para a determinac¸a˜o das fases presentes para qualquer temperatura e composic¸a˜o, desde que a liga esteja em equil´ıbrio. Termodina- micamente o equil´ıbrio e´ descrito em termos de energia livre. Dessa maneira, um sistema esta´ em equil´ıbrio quando a energia livre e´ mı´nima. O equil´ıbrio de fases e´ o reflexo da constaˆncia das caracter´ısticas das fases com o tempo. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 34 6.5 Fases de equil´ıbrio e fases metaesta´veis Nas fases de equil´ıbrio as propriedades ou caracter´ısticas na˜o mudam com o tempo. Geral- mente sa˜o representadas nos diagramas por letras gregas. Ao contra´rio, nas fases metaesta´veis as propriedades ou caracter´ısticas mudam lentamente com o tempo, ou seja, o estado de equil´ıbrio na˜o e´ nunca alcanc¸ado. No entanto, na˜o ha´ mudanc¸as muito percept´ıveis com o tempo na microestrutura das fases metaesta´veis. 6.6 Diagrama de equil´ıbrio para sistemas bina´rios e isomo´rfos O diagrama e´ dito isomorfo quando a solubilidade e´ completa. Nos metais o exemplo cla´sico e a liga Cobre-Nı´quel. 1100 1200 1300 1400 1500 20 40 60 80 100 Linha liquidus Linha solidus L´ıquido α α + L 1085 oC 1453 oC (Cu) (Ni)Composic¸a˜o (% Ni em peso) T em p er at u ra (o C ) Figura 7: Diagrama de fases Cobre-Nı´quel: diagrama isomorfo. No diagrama de fases, a chamada linha liquidus divide a fase que e´ totalmente l´ıquida das fases que contenham algum componente so´lido. Da mesma maneira, a chamada linha solidus divide a fase que e´ totalmente so´lida das fases que contenham componente l´ıquido. No diagrama Cu − Ni pode-se notar que entre a linha liquidus e linha solidus temos uma fase somente, composta por α + L (so´lido α + l´ıquido). O so´lido α e´ uma mistura atoˆmica de Cobre e Nı´quel. Ele e´ uma soluc¸a˜o so´lida substitu- cional com estrutura cristalina CFC, estrutura original dos dois metais, cobre e zinco. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 35 Por outro lado, o l´ıquido L e´ uma soluc¸a˜o l´ıquida homogeˆnea composta por cobre e n´ıquel. O ponto de fusa˜o do cobre e do n´ıquel esta˜o em destaque no diagrama, 1085oC e 1455oC respectivamente. Os metais puros se fundem (ou solidificam) numa temperatura determinada (num patamar de temperatura). Ao contra´rio, as ligas meta´licas, muito geralmente, se fundem (ou solidificam) num pro- cesso que envolve variac¸a˜o de temperatura. Esse efeito causa o aparecimento das regio˜es entre a linha solidus e a linha liquidus. Dessa maneira, a quantidade relativa de cada fase, so´lido α e l´ıquido L, varia coma a tem- peratura, quanto mais pro´ximo o ponto analisado estiver da linha solidus maior sera´ a pro- porc¸a˜o de so´lido α, da mesma maneira quando mais pro´ximo o ponto estiver da linha liquidus maior sera´ a proporc¸a˜o de l´ıquido L presente na mistura. Para esses caso, a determinac¸a˜o das quantidades relativas de cada fase e´ feita utilizando- se a regra da alavanca. Para expressa˜o os ca´lculos envolvidos vamos utilizar uma porc¸a˜o do diagrama Cu−Ni. 1150 1200 1250 1300 1350 20 30 40 50 CL CO Cα D E B L´ıquido α α + L α + L Linha da alavanca Composic¸a˜o (% Ni em peso) T em p er at u ra (o C ) Figura 8: Porc¸a˜o do diagrama Cu-Ni 6.6.1 Interpretac¸a˜o dos diagramas de fase Para um sistema bina´rio em equil´ıbrio com composic¸a˜o e temperatura conhecida podemos obter, pelo menos, treˆs informac¸o˜es: • as fases que esta˜o presentes: no ponto B esta˜o presentes as fases l´ıquido L e so´lido α. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 36 • a composic¸a˜o dessas fases: a composic¸a˜o da liga no ponto B e´ l´ıquido L + so´lido α, em termos de % de Ni em peso temos o valor indicado na horizontal CO. Ja´ a composic¸a˜o de cada fase e´ fornecida com a ajuda da linha da alavanca, que e´ uma linha horizontal feita a partir do ponto analisado (ponto B no caso) e prolongada ate´ atingir as linhas limitrofes da regia˜o do diagrama. Os pontos de intersecc¸a˜o observados fornecem a composic¸a˜o. Dessa maneira, temos CL como sendo a composic¸a˜o do l´ıquido L, em termos de % de Ni em peso, e Cα como sendo a composic¸a˜o do so´lido α, em termos de % de Ni em peso. • as quantidades relativas de cada fase: para isso utilizamos a Regra da alavanca, que usa as semi-distaˆncias indicadas na figura 8 como D e E, sendo: D = CO − CL e E = Cα − CO As quantidades relativas dependem da relac¸a˜o entre a semi-distaˆncia oposta e a distaˆncia total (soma das duas semi-distaˆncias). Dessa maneira: quantidade relativa de l´ıquido L = PL = E D + E quantidade relativa de so´lido α = Pα = D D + E ou considerando a subtrac¸a˜o das composic¸o˜es: PL = Cα − CO Cα − CL Pα = CO − CL Cα − CL 6.7 Desenvolvimento da microestrutura O desenvolvimento da microestrutura na solidificac¸a˜o ou fusa˜o deve ser feito considerando uma velocidade adequadamente lenta para que as informac¸o˜es obtidas no diagrama de equil´ıbrio sejam reais. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 37 a b c d e α(46 Ni) α(43 Ni) L(32 Ni) L(24 Ni) 1150 1200 1250 1300 1350 20 30 40 50 L (35 Ni) L(35 Ni) α(46 Ni) L(32 Ni) α(43 Ni) L(24 Ni) α(35 Ni) α α α α αα α α α α α(35 Ni) α α α α L´ıquido α α + L α + L Composic¸a˜o (% Ni em peso) T em p er at u ra (o C ) Figura 9: Desenvolvimento da estrutura No ponto a da figura 9 a liga com 35% Ni esta´ totalmente na fase l´ıquida, ou seja, temos uma fase somente, 100% L. Diminuindo a temperatura comec¸a o processode solidificac¸a˜o (ponto b). No seio do l´ıquido aparecem sementes que sa˜o os pontos iniciais para a solidificac¸a˜o do material. No ponto c temos uma quantidade relevante de material so´lido α, relativamente rico em Ni (43% Ni) com o l´ıquido L de composic¸a˜o 32% Ni. Pode-se utilizar a regra da alavanca para obter as quantidades relativas de cada fase, L e α: PL = Cα − CO Cα − CL = 43− 35 43− 32 = 0, 73 (73%) Pα = CO − CL Cα − CL = 35− 32 43− 32 = 0, 27 (27%) O final da solidificac¸a˜o acontece na linha solidus, ponto d. E em temperaturas abaixo temos o material solidificado (ponto e), uma fase somente, 100% α com 35% Ni. E´ importante salientar que a composic¸a˜o sempre foi fornecida em quantidade de Nı´quel, observando-se que o restante e´ Cobre. 6.8 Diagrama Eute´tico A mistura de materiais diferentes formando ligas altera as propriedades atoˆmicas, isso modi- fica o ponto de fusa˜o, principalmente em ligas onde na˜o existe solubilidade ou a solubilidade Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 38 na fase so´lida e´ parcial. Nos diagramas eute´ticos para uma determinada proporc¸a˜o, cha- mada de ponto eute´tico, ou liga eute´tica, a temperatura de fusa˜o e´ inferior a temperatura dos materiais puros. Ale´m disso, a fusa˜o e a solidificac¸a˜o da liga eute´tica ocorre num patamar de temperatura, igual aos materiais puros. Nesse caso, duas fases so´lidas se transformam em uma fase l´ıquida na fusa˜o: α+ β ⇔ L Para se introduzir o diagrama eute´tico vamos estudar o diagrama Ca´dmio-Bismuto, liga com insolubilidade completa, ou seja, em qualquer proporc¸a˜o na˜o existe a mistura atoˆmica na fase so´lida. 100 200 300 400 20 40 60 80 100 Linha liquidus Linha liquidus Linha solidus L´ıquido Cd+BiCd+ (Cd+Bi) Bi+ (Cd+Bi) Bi+ LCd+ L 321 oC 271 oC 144 oC (Cd) (Bi)Composic¸a˜o (% Bi em peso) T em p er at u ra (o C ) Figura 10: Diagrama de fases Ca´dmio-Bismuto: diagrama eute´tico. O diagrama eute´tico tem algumas caracter´ısticas peculiares. Na figura 11 pode-se notar que no ponto eute´tico (60% Bi) a linha liquidus toca a linha− solidus, local onde ocorre a transformac¸a˜o de fase Cd+Bi⇔ L. A linha eute´tica e´ uma linha horizontal na temperatura eute´tica (144o C) e sempre faz parte (ou nesse caso e´ totalmente) da linha solidus. As ligas com composic¸a˜o inferior a liga eute´tica sa˜o chamadas de ligas hipoeute´ticas. Nessas ligas temos a formac¸a˜o de so´lido proeute´tico, para o exemplo (figura 11 temos a formac¸a˜o antecipada de Cd. Por outro lado, as ligas com composic¸a˜o superior a liga eute´tica sa˜o chamadas de ligas hipereute´ticas. Nessas ligas o so´lido proeute´tico e´ Bi (para o exemplo). Quando do resfriamento abaixo da linha eute´tica, nessas ligas (hipo e hipereute´ticas), o l´ıquido remanescente se transforma em so´lido eute´tico, uma combinac¸a˜o homogeˆnea, mistura de Cd e Bi (para o exemplo). Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 39 6.8.1 Desenvolvimento da estrutura para ligas eute´ticas O desenvolvimento da estrutura para ligas eute´ticas e´ peculiar. Pois por um lado, temos o so´lido eute´tico, que e´ uma mistura homogeˆnea de dois constituintes, por outro lado, nas ligas hipo e hipereute´ticas temos a formac¸a˜o do so´lido (so´lido proeute´tico) antes da reac¸a˜o eute´tica. 100 200 300 400 20 40 60 80 100 L´ıquido 321 oC 271 oC 144 oC (Cd) (Bi)Composic¸a˜o (% Bi em peso) T em p er at u ra (o C ) Cd+BiL Cd) L Bi E Cd) E BiE(Cd+Bi) Figura 11: Diagrama de fases Ca´dmio-Bismuto: diagrama eute´tico. A formac¸a˜o homogeˆnea do so´lido eute´tico pode aparecer de diversas formas, geralmente em camadas sobrepostas, chamada de estrutura lamelar. As propriedades da liga eute´tica tambe´m sa˜o diferenciadas em relac¸a˜o aos materiais puros. Dessa maneira, podemos ter um material mais resistente mecaˆnicamente que seus componentes isolados. Dessa maneira, variando-se a composic¸a˜o, indo das ligas hipoeute´ticas ate´ as ligas hipe- reute´ticas, podemos ter adequada variac¸a˜o das propriedades desses so´lidos. 6.8.2 Diagrama Cu-Ag No diagrama eute´tico Cobre-Prata podemos identificar regio˜es com solubilidade parcial, ou seja, para determinadas composic¸o˜es e temperaturas temos uma mistura atoˆmica homogeˆnea com a´tomos de cobre e a´tomos de prata. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 40 400 600 800 1000 1200 20 40 60 80 100 liquidus liquidus solidus solvus L´ıquido α + β α β β + L α + L 1085 oC 962 oC 779 oC 8,0% 71,9% 91,2% (Cu) (Ag)Composic¸a˜o (% Ag em peso) T em p er at u ra (o C ) Figura 12: Diagrama de fases Cobre-Prata A linha no diagrama que divide a regia˜o com o so´lido que e´ soluc¸a˜o (α e β) e a mistura desses dois so´lidos e´ chamada de linha solvus como indicada na figura 12. Como ana´lise da microestrutura vamos usar a liga eute´tica na temperatura imediatamente acima e imediatamente abaixo da temperatura eute´tica. Imediatamente acima da temperatura eute´tica temos 100% L com 71,9% de Ag. No ponto imediatamente abaixo da temperatura eute´tica temos 100% de E (so´lido eute´tico), formado por uma mistura homogeˆnea do so´lido α e do so´lido β. O so´lido α tem uma composic¸a˜o de 8% de Ag e o so´lido β tem 91,2% de Ag. As quantidades relativas podem ser calculadas: Pα = 91, 2− 71, 9 91, 2− 8, 0 = 23, 2 Pβ = 71, 9− 8, 0 91, 2− 8, 0 = 76, 8 6.9 Exerc´ıcios 1) Para o diagrama Sn-Pb, analisar a liga eute´tica para temperatura imediatamente acima e imediatamente abaixo da temperatura eute´tica. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 41 50 100 150 200 250 300 350 20 40 60 80 100 L´ıquido α + β α β β + Lα + L 327 oC 232 oC 183 oC 19,2% 61,9% 97,5% (Pb) (Sn)Composic¸a˜o (% Sn em peso) T em p er at u ra (o C ) Figura 13: Diagrama de fases Chumbo-Estanho Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 42 7 Propriedades Mecaˆnicas dos Materiais 7.1 Ensaio de Trac¸a˜o Uma barra meta´lica submetida a um esforc¸o crescente de trac¸a˜o sofre uma deformac¸a˜o pro- gressiva de extensa˜o (figura 14) . A relac¸a˜o entre a tensa˜o aplicada (σ = F/a´rea) e a deformac¸a˜o linear espec´ıfica (� = ∆l /l ) de alguns ac¸os estruturais pode ser vista no diagra- mas tensa˜o-deformac¸a˜o da figura 15. Figura 14: Deformac¸a˜o em um corpo de prova submetido a` trac¸a˜o Figura 15: Diagrama tensa˜o-deformac¸a˜o em escala real Ate´ certo n´ıvel de tensa˜o aplicada, o material trabalha no regime ela´stico-linear, isto e´, segue a lei de Hooke e a deformac¸a˜o linear espec´ıfica e´ proporcional ao esforc¸o apli- Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 43 cado. A proporcionalidade pode ser observada (figura 16) no trecho retil´ıneo do diagrama tensa˜o-deformac¸a˜o e a constante de proporcionalidade e´ denominada mo´dulo de deformac¸a˜o longitudinal ou mo´dulo de elasticidade. Ultrapassado o limite de proporcionalidade (fp), tem lugar a fase pla´stica, na qual ocorrem deformac¸o˜es crescentes sem variac¸a˜o de tensa˜o (patamar de escoamento). O valor constante dessa tensa˜o e´ a mais importante caracter´ıstica dos ac¸os estruturais e e´ denominada resisteˆncia ao escoamento. Apo´s o escoamento, a estrutura interna do ac¸o se rearranja e o material passa pelo encruamento, em que se verifica novamente a variac¸a˜o de tensa˜o com a deformac¸a˜o espec´ıfica, pore´m de forma na˜o-linear. O valor ma´ximo da tensa˜o antes da ruptura e´ denominada resisteˆncia a` ruptura do material. A resisteˆncia a` ruptura do material e´ calculado dividindo-se a carga ma´xima que ele suporta, antes da ruptura,pela a´rea da sec¸a˜o transversal inicial do corpo de prova. Observa-se que fu e´ calculado em relac¸a˜o a` a´rea inicial, apesar de o material sofrer uma reduc¸a˜o de a´rea quando solicitada a` trac¸a˜o. Embora a tensa˜o verdadeira deva ser calculada considerando-se a a´rea real, a tensa˜o tal como foi definida anteriormente e´ mais importante para o engenheiro, pois os projetos sa˜o feitos com base nas dimenso˜es iniciais. Em um ensaio de compressa˜o, sem a ocorreˆncia de flambagem, obte´m-se um diagrama tensa˜o-deformac¸a˜o similar ao do ensaio de trac¸a˜o. Figura 16: Diagrama tensa˜o-deformac¸a˜o dos ac¸os estruturais, em escala deformada 7.1.1 Exerc´ıcios 1) Uma pec¸a de Cobre originalmente com 305 mm de comprimento e´ tracionada com uma tensa˜o de 276 MPa. Se a deformac¸a˜o e´ inteiramente ela´stica, qual sera´ o alongamento resultante? (ECu =110 GPa) Dado a lei de Hooke: σ = �E, substituindo a deformac¸a˜o espec´ıfica: � = ∆l lo resulta: σ = ∆l lo E isolando: ∆l = σlo E e calculando: ∆l = (276 MPa)(305 mm) 110× 103 MPa = 0, 77 mm Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 44 2) Um corpo de prova de alumı´nio com uma sec¸a˜o retangular de 10 mm x 12,7 mm e´ tracionado com uma carga de 35.500 N, produzindo uma deformac¸a˜o ela´stica. Calcular a deformac¸a˜o espec´ıfica resultante. (EAl =69 GPa) 3) Um corpo de prova cil´ındrico de uma liga de titaˆnio tem seu mo´dulo de elasticidade igual a 107 GPa e um diaˆmetro original de 3,8 mm que sera´ deformado elasticamente quando uma carga de 2000 N e´ aplicada. Calcular o comprimento ma´ximo do corpo de prova antes da deformac¸a˜o provocada de 0,42 mm. 4) Um barra de ac¸o de 100 mm de comprimento e uma sec¸a˜o quadrada de 20 mm e´ tracionada com uma carga de 89.000 N, sofrendo um alongamento de 0,10 mm. Calcular o mo´dulo de elasticidade do ac¸o assumindo a deformac¸a˜o como inteiramente ela´stica. 5) Considerar um cabo cil´ındrico de titaˆnio com 3 mm de diaˆmetro e 2,5 × 104 mm de comprimento. Calcular o alongamento quando uma carga de 500 N e´ aplicada. Assumir que a deformac¸a˜o e´ totalmente ela´stica. 6) Para uma liga de bronze, a tensa˜o que a deformac¸a˜o pla´stica inicia e´ 275 MPa e o mo´dulo de elasticidade igual a 115 GPa. (a) Qual e´ a ma´xima carga que um corpo de prova pode receber sem deformac¸a˜o pla´stica com uma a´rea transversal de 325 mm2? (b) Se o tamanho original e´ 115 mm, qual e´ o ma´ximo comprimento que o corpo de prova pode ser alongado sem causar deformac¸a˜o pla´stica? 7) Para o diagrama de tensa˜o-deformac¸a˜o do corpo de prova de bronze (figura 7): (a) Qual e´ o mo´dulo de elasticidade. (b) Qual e´ a tensa˜o do limite de proporcionalidade. (c) Qual e´ a ma´xima carga que pode ser suportada por uma pec¸a cil´ındrica tendo um diaˆmetro original de 12,8 mm. (d) A alterac¸a˜o no comprimento de um pec¸a originalmente com 250 mm sendo sujeita a uma tensa˜o de trac¸a˜o de 345 MPa. Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 45 8) Um espe´cime de alumı´nio com diaˆmetro de 12,8 mm e um comprimento de 50,8 mm e´ ensaiado sob trac¸a˜o. Os resultados de carga e alongamento sa˜o apresentados a seguir. Carga (N) Comprimento (mm) 0 50,800 7.330 50,851 15.100 50,902 23.100 50,952 30.400 51,003 34.400 51,054 38.400 51,308 41.300 51,816 44.800 52,832 46.200 53,848 47.300 54,864 47.500 55,880 46.100 56,896 44.800 57,658 42.600 58,420 36.400 59,182 Fratura (a) Plotar os dados obtidos de tensa˜o ver- sus deformac¸a˜o espec´ıfica. (b) Calcular o mo´dulo de elasticidade; (c) Determinar a resisteˆncia limite para uma deformac¸a˜o espec´ıfica de 0,002. (d) Determinar o resisteˆncia ma´xima para a liga. (e) Qual e´ a ductibilidade (aproximada), em percentual de alongamento? (f) Calcular o mo´dulo de resilieˆncia (Ca- pacidade do material de absorver energia quando deformado elastica- mente) ( Ur = σ2y 2E ) . Prof. Evandro Bittencourt - Cieˆncias dos Materiais - 2012 46 9) Uma amostra de ferro fundido du´ctil com sec¸a˜o retangular de 4,8 mm X 15,9 mm e´ deformado sob trac¸a˜o. Usando os dados de carga-deformac¸a˜o abaixo responda as questo˜es. Carga (N) Comprimento (mm) 0 75,000 4.740 75,025 9.140 75,050 12.920 75,075 16.540 75,113 18.300 75,150 20.170 75,225 22.900 75,375 25.070 75,525 26.800 75,750 28.640 76,500 30.240 78,000 31.100 79,500 31.280 81,000 30.820 82,500 29.180 84,000 27.190 85,500 24.140 87,000 18.970 88,725 Fratura (a) Plotar os dados obtidos de tensa˜o ver- sus deformac¸a˜o espec´ıfica. (b) Calcular o mo´dulo de elasticidade; (c) Determinar a resisteˆncia limite para uma deformac¸a˜o espec´ıfica de 0,002. (d) Determinar o resisteˆncia ma´xima para a liga. (e) Qual e´ a ductibilidade, em percentual de alongamento? (f) Calcular o mo´dulo de resilieˆncia. (g) Estimar o mo´dulo de tenacidade.
Compartilhar