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A importância do pré natal e a assistencia de enfermagem

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A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL E A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Suelayne Martins Araujo
Graduanda de Enfermagem pela Faculdade do Vale do Ipojuca (FAVIP), Caruaru, Pernambuco. E-mail: siriuslupinb@hot-
mail.com
Maria Emanuela Dutra Silva
Graduanda de Enfermagem pela Faculdade do Vale do Ipojuca (FAVIP), Caruaru, Pernambuco. E-mail: dutramanu@hot-
mail.com
Raquel Cavalcante Moraes
Graduanda de Enfermagem pela Faculdade do Vale do Ipojuca (FAVIP), Caruaru, Pernambuco. E-mail: raqueltmores@
hotmail.com
Danielle Santos Alves
Professora Orientadora. Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com Residência em 
Saúde da Mulher pelo Hospital das Clínicas da UFPE. Especialista em Saúde da Família. Professora de Saúde Materna e Ne-
onatal da FAVIP. Professora substituta da UFPE. Enfermeira Teleconsultora do Núcleo de Telessaúde da UFPE e Mestranda 
do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFPE. E-mail: angeldannyalves@gmail.com
R E S U M O
A B S T R A C T
 O pré-natal consiste no acompanhamento da gestante, servindo como um momento de aprendizagem para 
a mulher e sua família e permite, ainda, detectar anormalidades com a mãe e a criança. Nesse contexto, o enfermei-
ro surge como um profi ssional habilitado para acompanhar a gestação de baixo risco. Os objetivos deste trabalho 
são analisar e avaliar a importância do pré-natal, bem como a assistência de enfermagem. Para tanto, foi realizada 
revisão de literatura, através de livro, dados do Ministério da Saúde e artigos científi cos dos últimos cinco anos, 
verifi cando-se a real importância do acompanhamento pré-natal e constatando-se que o enfermeiro tem respaldo 
e habilidades técnicas/científi cas para realização do mesmo. Conclui-se que o pré-natal é de extrema importância 
para a saúde pública, e o enfermeiro tem total capacidade de conduzir as consultas. Mas, mesmo o pré-natal sendo 
preconizado pelo Ministério da saúde e sendo prática dos enfermeiros nas unidades básicas de saúde, foi possível 
verifi car que ainda existem difi culdades para que as gestantes cheguem ao serviço de saúde, e os profi ssionais en-
fermeiros muitas vezes não realizam a consulta de acordo com o que é estabelecido, o que pode levar a um défi cit 
na qualidade da consulta.
Palavras-chave: Pré-natal. Assistência de Enfermagem. Educação de Saúde.
Prenatal care is the monitoring of pregnant women, this serves as a learning moment for the woman and her family 
and also enables users to detect abnormalities with the mother and child. In this context, emerged as a professional 
nurse authorized to monitor low-risk pregnancy. To analyze and evaluate the importance of prenatal care and nur-
sing care. Methods: We performed a literature review, by book, to the Ministry of Health and papers of the last fi ve 
years. There was the real importance of prenatal care and found that the nurse has supported skills and technical 
/ scientifi c expertise to achieve the same. Prenatal care is extremely important for public health nurse and has full 
capacity to conduct the consultations. But even the prenatal being proposed by the Ministry of Health and with 
practice nurses in primary health care, it was verifi ed that there are still diffi culties for pregnant women who come 
to the clinic, and nurses often do not perform query according to what is established, which can lead to a defi cit in 
the quality of consultation.
Keywords: Antenatal care. Nursing care. Health education.
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 A Importância do Pré-Natal e a Assistência de Enfermagem
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
1 INTRODUÇÃO
 Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 
2006), o principal objetivo da atenção pré-natal e 
puerperal é “acolher a mulher desde o início da gravidez, 
assegurando no fim da gestação, o nascimento de uma 
criança saudável e a garantia do bem-estar materno e 
neonatal”.
No ano 2000 foi criado o Programa de 
Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), com 
o intuito de reduzir as altas taxas de morbimortalidade 
materna e perinatal, ampliar o acesso ao pré-natal, 
estabelecer critérios para qualificar as consultas pré-natais 
e promover o vínculo entre a assistência ambulatorial e 
o parto. O PHPN vem ainda indicar os procedimentos 
mínimos que deverão ser realizados durante as consultas 
pré-natais e a consulta puerperal. (BRASIL, 2002).
Um serviço de pré-natal bem estruturado deve 
ser capaz de captar precocemente a gestante 
na comunidade em que se insere, além de 
motivá-la a manter o seu acompanhamento 
pré-natal regular, constante, para que 
bons resultados possam ser alcançados. 
(VASQUES, 2006, p. 01). 
É preciso salientar, também, que a gestante é 
o foco principal desse processo, mas junto com ela é 
necessário, se possível, incluir a família para interagir 
nesse momento, trazendo mais segurança para a 
gestante. Pode-se dizer ainda que o pré-natal consiste 
em um conjunto de fatores e ações que interagem e o 
principal deles seria a humanização, ou seja, o respeito 
pela mulher.(COSTA et al., 2009, p.1352).
Quanto ao profissional que realizará o pré-natal 
este deverá ser capacitado para tal prática. “As evidências 
confirmam que a assistência pré-natal básica pode ser 
desenvolvida não só por médico-obstetra, mas por 
outros profissionais, como enfermeiros e enfermeiros 
obstetras”. (GAY et al., 2003, apud CALDERON et al., 
2006, p.312).
O pré-natal de baixo risco pode ser realizado 
por enfermeiro, obstetra ou não, respaldado pela Lei 
do Exercício Profissional da Enfermagem, decreto nº 
94.406/87. Cabe ao enfermeiro ainda, realizar a consulta 
de enfermagem; realizar a prescrição de enfermagem; 
prescrever medicamentos, desde que estabelecido em 
programas de saúde pública e em rotina aprovada pela 
instituição de saúde; prestar assistência a parturiente, 
puérpera e realizar educação em saúde, sendo respaldado 
pela lei 7.498/86.
 De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 
2006), para que o pré-natal seja realizado com qualidade, 
é necessário um conjunto de recursos, tais como: 
recursos humanos; área física adequada; equipamentos 
e instrumentais mínimos; apoio laboratorial; material 
para registro, processamento, análise dos dados e 
medicamentos.
As altas taxas de morbimortalidade materna 
ainda permanecem como um desafio a 
vencer, e a atenção qualificada no pré-natal 
pode contribuir significativamente na redução 
dessas taxas e promover uma maternidade 
segura. (CUNHA et al, 2009, p.147).
Diante desta situação, surge a necessidade de se 
assistir a mulher grávida o mais precocemente possível, 
para que se possa avaliar a condição materna e fetal, 
prevenindo ou atenuando possíveis complicações. 
Espera-se com essa revisão literária, rever 
a importância da assistência pré-natal para a díade 
mãe/filho, como também mostrar aos profissionais 
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Suelayne M. Araujo - Mª Emanuela D. Silva - Raquel C. Moraes - Danielle S. Alves
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enfermeiros sua contribuição nesse processo, sendo ele 
o responsável por acolher essa gestante, elucidando-lhe 
todas as suas dúvidas e inseguranças e contribuindo para 
uma gestação sem complicações, tanto para a mulher, 
quanto para a criança, por isso ele precisa ser capacitado 
para realizar esta atividade.
Este estudo tem como objetivo, analisar e avaliar 
a importância do pré-natal bem como a assistência de 
enfermagem.
 2 METODOLOGIA
O presente artigo caracteriza-se por ser 
uma pesquisa de natureza exploratória, pois visa o 
aprimoramento do caso em estudo. Trata-se de revisão 
literária, realizada através de livros, dados do Ministério da 
Saúde (MS) e levantamento de artigoscientíficos na base 
de dados: BVS, Medline, Lilacs e Scielo. Para a localização 
dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chaves: 
pré-natal e assistência de enfermagem. Foram incluídos 
artigos dos últimos cinco anos publicados no Brasil. A 
técnica utilizada foi a análise da bibliografia encontrada 
que compreende a leitura, seleção, fichamento e arquivo 
dos tópicos de interesse para a pesquisa em pauta. Foram 
encontrados dez artigos, os quais enfocavam a atenção 
pré-natal e assistência de enfermagem.
3 DISCUSSÃO
No Brasil, os enfermeiros realizam o pré-natal 
de baixo risco com maior frequência nas Unidades de 
Saúde da Família (USF) ou Programa de saúde da Família 
(PSF), como são mais conhecidos pela população. Este 
programa possui uma equipe multiprofissional, e, dentre 
estes profissionais, os Agentes Comunitários de Saúde 
(ACS) realizam a busca ativa das gestantes para que 
estas venham a iniciar o pré-natal ainda no primeiro 
trimestre da gravidez. (GONÇALVES et al, 2008, p. 351; 
PARADA, 2008, p.119).
Segundo Neto et al. (2008, p. 596), a assistência 
pré-natal deve cobrir toda a população de gestantes, 
assegurando o acompanhamento e a continuidade do 
atendimento, tendo como objetivo prevenir, identificar 
ou corrigir as intercorrências maternas fetais, e também 
instruir à gestante quanto a gravidez, parto, puerpério e 
cuidados com o recém-nascido.
“A atenção pré-natal de baixo risco é realizado 
para estabelecer um processo de vigilância à saúde 
das mulheres grávidas, com o propósito de controlar 
riscos”. (COSTA et al., 2005, apud PARADA, 2008, p. 
120). Nessa assistência pré-natal de baixo risco, caso 
seja detectado algum fator que possa gerar algum dano 
a mãe e o feto, existe a referência e contra-referência, 
que consiste no encaminhamento para uma assistência 
especializada caso o profissional detecte que a mulher 
necessita desse acompanhamento.
A assistência pré-natal, envolve ou necessita, 
de uma equipe multidisciplinar, pois a gestante 
merece toda a atenção disponível de diversos 
profissionais de saúde, como: orientações por 
parte da equipe de enfermagem, orientações 
por parte dos profissionais de nutrição, apoio 
e assistência psicológica, além de consulta 
odontológica, incluindo a participação do 
neonatologista. (VASQUES, 2006, p. 01).
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) 
preconiza uma série de recursos necessários para a 
organização de rotinas e procedimentos do pré-natal, 
são eles: disponibilidade de recursos humanos, a 
presença de médico, enfermeiros e outros profissionais 
para atendimento pré-natal e puerperal; recursos físicos, 
para atendimento da gestante e familiares, sendo um 
ambiente com boas condições de higiene, ventilação 
e que possibilite privacidade nas consultas e exames 
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clínicos ou ginecológicos; equipamentos e instrumentais 
mínimos, mesa e cadeira, mesa de exame ginecológico, 
escada de dois degraus, foco de luz, balança para 
adultos, esfigmomanômetro, estetoscópio clínico, 
estetoscópio de Pinard, fita métrica flexível e inelástica, 
espéculos, pinça Cheron, material para coleta de exame 
colpocitológico, sonar Doppler (se possível), gestograma 
ou disco obstétrico, e disco para IMC (índice de massa 
corporal); apoio laboratorial para realização dos seguintes 
exames: dosagem de hemoglobina (Hb), dosagem de 
hematócrito (Ht), grupo sanguíneo e fator Rh, sorologia 
para sífilis (VDRL), glicemia de jejum, sumário de urina, 
colpocitologia oncótica, teste anti-HIV, sorologia para 
hepatite B, sorologia para toxoplasmose, urocultura, teste 
de tolerância à glicose e Coombs indireto; instrumentos 
de registro, processamento e análise dos dados para 
o acompanhamento sistematizado da evolução da 
gravidez, sendo feito o uso do cartão da gestante, no qual 
deve conter os principais dados de acompanhamento 
da gestação, ficha perinatal utilizada pelo profissional 
de saúde; ficha de cadastramento da gestante, contém 
as informações da gestante e mapa de registro diário; 
medicamentos essenciais, antiácidos, antieméticos, 
sulfato ferroso, ácido fólico, dimeticona, supositório 
de glicerina, hioscina, analgésicos, antibióticos, anti-
hipertensivo, anticonvulsivantes e cremes vaginais; 
imunização da mulher deve ser imunizada contra o 
tétano, através da vacina dupla tipo adulto (dt).
 O Ministério da Saúde disponibiliza ainda 
o SISPRENATAL (Sistema de Informação sobre o 
Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento), 
um sistema informatizado para monitoramento da 
atenção pré-natal e puerperal, de forma organizada 
e estruturada, esse sistema é de uso obrigatório nas 
unidades de saúde, pois possibilita a avaliação da atenção 
a partir do acompanhamento da gestante. (BRASIL, 
2006).
“A gravidez é um dos momentos na vida da 
mulher, em que ela vivencia uma gama de sentimentos, 
é durante a gravidez que, se desejada, traz alegria, se 
não esperada pode gerar surpresa, tristeza, e até mesmo, 
negação”. (RIOS; VIEIRA, 2007, p. 478).
Segundo Durães-Pereira et al. (2007, p. 466), nesse 
período gestacional pode ocorrer uma reorganização da 
personalidade da gestante, e, devido ao seu estresse e 
preocupações, ela precisa de apoio de alguém que seja 
capacitado. 
Considerando toda essa mudança psicológica 
na vida da gestante, e sendo um momento importante 
para que se realize ações educativas, sobre a importância 
do pré-natal, cuidados de higiene, realização de 
atividade física, nutrição, desenvolvimento da gestação, 
modificações corporais e emocionais, atividade sexual, 
sintomas comuns na gravidez, sinais de alerta e o que 
fazer nessas situações, preparo para o parto, orientação 
e incentivo para o parto normal, orientação e incentivo 
para aleitamento materno, importância do planejamento 
familiar, sinais e sintomas do parto, cuidados após o 
parto com a mulher e a criança, faz-se necessário, que 
o profissional de saúde ganhe a confiança da gestante e 
assuma a postura de educador.(COSTA, 2009, p. 1352; 
RIOS; VIEIRA, 2007, p. 478).
O Ministério da Saúde, em seu manual técnico 
sobre pré-natal e puerpério, traz o acolhimento à 
gestante como um aspecto essencial da política de 
humanização, implicando a recepção da mulher desde 
a sua chegada na unidade de saúde, responsabilizando-
se por ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela 
possa expressar suas preocupações, angústias, e garantir 
atenção resolutiva e articulação com os outros serviços 
de saúde para garantir a continuidade da assistência, 
quando necessário. (BRASIL, 2006).
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O acolhimento, portanto, é uma ação que 
pressupõe a mudança da relação profissional/
usuário. O acolhimento não é um espaço ou 
um local, mas uma postura ética e solidária. 
Desse modo, ele não se constitui como uma 
etapa do processo, mas como ação que deve 
ocorrer em todos os locais e momentos da 
atenção à saúde. (BRASIL, 2006).
Costa et al., (2009, p. 1352), diz que a escuta sem 
preconceitos ou julgamentos, gera na mulher segurança, 
fazendo com que ela fale de sua intimidade, e sinta 
segurança em sua caminhada até o parto, contribuindo 
para um nascimento tranquilo e saudável.
Quanto ao número de consultas pré-natais que a 
mulher deverá realizar, o Ministério da saúde preconiza 
no mínimo seis consultas, sendo preferencialmente, uma 
no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três 
no terceiro trimestre. (BRASIL, 2006).
Na primeira consulta pré-natal, o profissional 
de saúde deverá: realizar o levantamento da históriaclínica da gestante, verificar os antecedentes familiares, 
os antecedentes pessoais, antecedentes ginecológicos, 
dados sobre sexualidade, antecedentes obstétricos, 
levantar informações da gestação atual, realizar o 
exame físico geral e específico, e solicitar os exames 
laboratoriais preconizados. Nas demais consultas, o 
profissional deverá: revisar a ficha pré-natal, realizar 
anamnese atual sucinta e verificar o calendário de vacina, 
deverá ainda, realizar controle materno (calcular idade 
gestacional, IMC, pressão arterial, realizar palpação 
obstétrica e medir altura uterina, pesquisar edema, e 
avaliar os resultados dos exames laboratoriais), realizar 
controle fetal (ausculta de batimentos cardíacos e avaliar 
movimentos fetais); o profissional deverá ainda, tratar 
as alterações encontradas, ou realizar encaminhamento, 
prescrever a suplementação de sulfato ferroso e ácido 
fólico e agendar as consultas subsequentes. (BRASIL, 
2006). 
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) 
recomenda ainda, uma visita domiciliar na primeira 
semana após a alta do bebê, e a consulta puerperal até 42 
dias, para que seja realizada a avaliação das condições da 
mulher e da criança como também, registrar alterações, 
investigar e registrar dados da amamentação, verificar o 
retorno da menstruação e da atividade sexual, realizar 
ações educativas e conduzir intercorrências caso 
ocorram.
Mesmo a assistência pré-natal sendo preconizada 
pelo Ministério da Saúde e ter sempre estado presente 
no escopo das ações praticadas pelos serviços de saúde, 
ainda é possível verificar um déficit, tanto em acesso, 
como em qualidade da assistência. (GONÇALVES et al., 
2008, p.350; MINAGAWA et al., 2006, p.549). 
Costa et al. (2009, p. 1352), relata que os 
profissionais de saúde, continuam atuando 
numa percepção biologista e fragmentada 
do ser humano, no caso das gestantes, 
atuam meramente através de consultas-
procedimentos. E quanto as atividades 
educativas, tanto em âmbito individual como 
coletivo, também foi verificado uma carência, 
sendo constatado que a relação profissional 
de saúde e usuárias continua centrada nos 
procedimentos.
Cunha et al., (2009, p. 152), realizou uma pesquisa 
em 16 unidades básicas de saúde, para analisar as 
competências desenvolvidas pelos enfermeiros durante 
a consulta pré-natal, e constatou que os procedimentos 
menos realizados foram: avaliação do estado nutricional, 
inspeção da pele e mucosas, palpação da tireóide, 
exame clínico das mamas e palpação abdominal para 
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 A Importância do Pré-Natal e a Assistência de Enfermagem
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verificação da posição e apresentação fetal. Todos estes 
procedimentos são preconizados pelo Ministério da 
Saúde e cada um tem extrema importância em relação 
ao bem estar materno/fetal.
A atuação do enfermeiro na consulta pré-natal 
de baixo risco visa oferecer assistência integral clínico-
ginecológica e educativa, com o intuito de que a mulher 
possa ter uma gestação tranquila e um bebê saudável. 
(CUNHA et al., 2009, p. 152).
A consulta de enfermagem apresenta-se 
como um instrumento de suma importância, 
pois tem como finalidade garantir a extensão 
da cobertura e melhoria da qualidade pré-
natal, principalmente por meio da introdução 
das ações preventivas e promocionais às 
gestantes. É requerido, do profissional 
além de competência técnica-científica, 
sensibilidade para compreender o ser 
humano e o seu modo de vida e habilidade 
de comunicação, baseada na escuta e na ação 
dialógica. (SHIMIZU; LIMA, 2009, p. 388).
De acordo com Shimizu e Lima (2009, p. 392), 
as gestantes que realizam o pré-natal com enfermeiros, 
declaram-se satisfeitas com as consultas, devido à forma 
como se estabelecem as relações de comunicação, na 
qual o acolhimento e a escuta são privilegiados. 
O enfermeiro tem fundamental importância 
na assistência pré-natal, entretanto, são necessários 
investimentos em sua qualificação, para que as consultas 
possam ser realizadas da melhor forma possível. 
(CUNHA et al., 2009, p. 146). 
4 CONCLUSÃO
Sabe-se que o pré-natal é de extrema importância, 
pois através dele é possível acompanhar a gestação 
e detectar problemas se existentes; mas ele também é 
um momento em que a mulher tem a possibilidade de 
aprender sobre si e sobre a sua criança. 
Sabemos que o Brasil é um país grande em 
extensão e, portanto, existem lugares de difícil acesso 
que prejudicam tanto a chegada de profissionais de 
saúde, como também gera dificuldades para as mulheres 
se dirigirem até um serviço de saúde. Assim, faz-se 
necessário políticas públicas de saúde que venham 
levar a assistência pré-natal para todas as regiões, pois 
como podemos ver, dentre todas as suas atribuições, 
o pré-natal tem ainda a possibilidade de reduzir a 
mortalidade materna e neonatal, desde que se tenha um 
acompanhamento precoce e eficaz.
Quanto à realização do pré-natal, o enfermeiro 
tem respaldo técnico–científico para abordar a mulher, e 
por ele ter uma visão holística, cria vínculos com a mulher 
não olhando a gestação apenas como um processo 
natural de procriação, mas visualizando a mulher e mãe 
que tem seus desejos, medos e dúvidas. Essa habilidade 
de criar vínculo com a mulher torna a consulta de 
enfermagem diferente, pois não está centrada apenas em 
procedimentos técnicos, mas existe o diálogo como peça 
fundamental. Mesmo assim, foi possível verificar que 
alguns procedimentos preconizados pelo Ministério da 
Saúde, deixavam de ser realizados por estes profissionais, 
logo se torna necessário a conscientização dos mesmos 
para que a consulta de enfermagem seja realizada com 
qualidade. 
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Suelayne M. Araujo - Mª Emanuela D. Silva - Raquel C. Moraes - Danielle S. Alves
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
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