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educacao e diversidade unidade 2

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55
UNIDADE 2
ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, 
GESTÃO DEMOCRÁTICA E 
DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender a problemática das identidades de gênero e étnico-raciais no 
contexto escolar e histórico-social;
•	 identificar	a	importância	da	inclusão	social	e	escolar	na	diversidade;
•	 abordar	o	tema	diversidade	no	espaço	escolar	relacionado	às	questões	le-
gais	do	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente,	a	Lei	nº	10.639/03	e	a	Lei	nº	
11.645/07.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos	e	em	cada	um	deles	você	encontra-
rá	atividades	visando	à	compreensão	dos	conteúdos	apresentados.
TÓPICO	1	–	DIREITOS	E	CIDADANIA	NA	LEGISLAÇÃO:	O	ESTATUTO	
																						DA	CRIANÇA	E	DO	ADOLESCENTE
TÓPICO	2	–	A	INCLUSÃO	SOCIAL	E	A	EDUCAÇÃO
TÓPICO	3	–	DESAFIOS	DA	GESTÃO	DEMOCRÁTICA:	
																						DIVERSIDADE	E	INCLUSÃO
Assista ao vídeo 
desta unidade.
56
57
TÓPICO 1
DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Caro	acadêmico,	na	Unidade	1	você	foi	apresentado	ao	contexto	geral	da	
relação	entre	educação	e	diversidade.	Neste	tópico,	nossa	reflexão	será	dedicada	à	
compreensão	da	garantia	à	educação	e	ao	respeito	da	diversidade	como	direitos	da	
criança	e	adolescente	previstos	pelo	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente.
A	educação	e	o	respeito	à	diversidade	como	direito	resultam	de	lutas	pelos	
direitos	humanos	em	todo	o	mundo.	A	trajetória	no	que	se	refere	às	crianças	e	aos	
adolescentes	não	é	diferente.	A	conquista	desses	direitos	partiu	do	reconhecimento	
de	um	contexto	social	excludente	e	da	luta	pela	garantia	de	cidadania	e	proteção	
a	esses	sujeitos.
A	 legislação	 brasileira	 prevê	 a	 educação	 como	 direito	 de	 todos	 e	 dever	
do	Estado.	 Por	 esta	 razão,	 conceber	 uma	 educação	de	 qualidade	perpassa	pela	
inclusão	de	todos,	sem	distinção,	na	rede	de	ensino	e	no	respeito	às	necessidades	
de	cada	indivíduo	ao	longo	de	seu	percurso	formativo.	
2 DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO: RETRATOS DAS 
DESIGUALDADES SOCIAIS NO BRASIL
Caro	acadêmico,	na	Unidade	1	foram	discutidas	as	temáticas	referentes	aos	
diferentes	tipos	de	diversidade	e	como	o	respeito	à	diversidade	é	fundamental	para	
a	garantia	da	cidadania.	Não	há	cidadania	sem	o	acesso	e	o	respeito	aos	direitos	
humanos.
No	caso	brasileiro,	o	direito	à	educação	remete	ao	 texto	da	Constituição	
Federal	 de	 1988.	 A	 CF	 prevê	 a	 educação	 como	 direito	 de	 todos	 e	 dever	 do	
Estado.	Contudo,	historicamente,	os	caminhos	de	nossa	sociedade	configuraram	
uma	realidade	de	exclusão	 social,	de	 invisibilidade	das	 crianças	e	adolescentes,	
especialmente	aqueles	em	condições	de	vulnerabilidade.
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
58
As	estatísticas	apontam	para	uma	configuração	social	em	que	a	diversidade	
representa,	em	muitos	casos,	um	sinônimo	para	falta	de	acesso	à	saúde,	à	educação,	
ao	mercado	 de	 trabalho,	 às	 tecnologias,	 ou	 seja,	 representa	 um	 sinônimo	 para	
exclusão	social.
Os	infográficos	a	seguir	são	indicadores	que	representam	as	desigualdades	
e	o	acesso	aos	direitos	sociais	estratificados	por	cor/raça	e	sexo.
FIGURA 13 - RENDA MÉDIA DA POPULAÇÃO SEGUNDO SEXO E 
 COR/RAÇA
FONTE: IPEA (2011). Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/
 images/stories/PDFs/livros/livros/livro_retradodesigualdade_
 ed4.pdf>. Acesso em: 12 out. 2016.
Quando	observamos	as	diferenças	na	renda	média	da	população	brasileira,	
nos	 deparamos	 com	 uma	 realidade	 que	 nos	 mostra	 que	 a	 diversidade	 não	 é	
apenas	uma	característica	cultural	da	identidade	brasileira.	A	diversidade	coloca	
determinados	grupos	 –	nesse	 caso	 em	particular,	 negros	 e	mulheres	 –	 em	uma	
situação	de	exclusão.	
A	distância	entre	a	renda	média	de	brancos	e	negros	significa	também	uma	
distância	de	oportunidades,	como	no	acesso	às	tecnologias	que	podem	facilitar	os	
estudos	ou	no	acesso	a	recursos	de	saúde	quando	não	há	atendimento	no	Sistema	
Único	de	Saúde.	Em	outras	palavras,	 a	diversidade	 significa	uma	desvantagem	
para	grande	parte	da	população	brasileira.
E	a	educação?	Como	a	diversidade	pode	ser	observada	quando	analisamos	
o	acesso	à	educação	em	nosso	país?
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
59
FIGURA 14 - MÉDIA DE ANOS DE ESTUDO DA POPULAÇÃO 
 OCUPADA COM 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, 
 SEGUNDO SEXO E COR/RAÇA - 1999 E 2009
FONTE: IPEA (2011). Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/
 portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_
 retradodesigualdade_ed4.pdf>. Acesso em: 12 out. 2016.
Duas	 características	 importantes	 para	 a	 compreensão	 da	 realidade	 da	
educação	 brasileira	 devem	 ser	 consideradas	 a	 partir	 dos	 dados	 apresentados	
acima:	a	diferença	entre	a	média	de	anos	de	estudo	de	brancos	e	negros	e	o	fato	
de	que,	mesmo	diante	do	aumento	da	média	de	anos	de	estudo	em	uma	década,	a	
distância	entre	cor/raça	ainda	persiste.	A	população	branca	passa	maior	tempo	na	
escola	que	a	população	negra.
Não	é	suficiente	ampliar	o	acesso	à	educação	sem	conhecer	e	considerar	a	
diversidade	de	nossa	população	e	o	que	ela	representa	em	termos	de	desigualdades.	
Um	 dos	 desafios	 da	 educação	 se	 encontra	 na	 necessidade	 de	 superar	 nossas	
desigualdades	 históricas	 para	 que	 a	 educação	 como	 direito	 de	 todos	 não	 seja	
apenas	uma	utopia,	mas	a	possibilidade	de	mudanças	reais	na	vida	da	população.
Por	que	o	direito	à	educação	é	tão	importante?	Por	que	garantir	educação	
de	qualidade	a	todos	é	fundamental	para	superar	as	desigualdades	sociais?	Porque	
o	reflexo	da	desigualdade	no	acesso	à	educação	atinge	outras	áreas	da	vida	das	
pessoas,	como	o	mercado	de	trabalho.	Observe	o	infográfico	a	seguir:
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
60
FIGURA 15 - TAXA DE DESEMPREGO DA POPULAÇÃO DE 16 
 ANOS OU MAIS DE IDADE, SEGUNDO SEXO E COR/
 RAÇA
FONTE: IPEA (2011). Disponível em: <http://www.ipea.
 gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_
 retradodesigualdade_ed4.pdf>. Acesso em: 12 out. 2016.
Os	 índices	 de	 desemprego	mostram	 que,	 proporcionalmente,	 os	 negros	
sofrem	 mais	 que	 os	 brancos	 com	 essa	 questão.	 Assim	 como	 entre	 mulheres	 e	
homens,	elas	somam	maior	número	de	desempregados.	As	mulheres	negras	são	o	
grupo	mais	vulnerável	ao	desemprego.
Outra	situação	para	exemplificar	as	consequências	da	restrição	ao	acesso	
à	educação?	O	percentual	de	indivíduos	que	necessita	de	apoio	das	políticas	de	
assistência	social	para	garantir	condições	mínimas	de	vida	para	suas	famílias.
Mercado	de	trabalho
Taxa	de	desemprego	da	população	de	16	anos	ou	
mais	 de	 idade,	 segundo	 sexo	 e	 cor/raça.	 Brasil,	
2009.
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
61
FIGURA 16 - DISTRIBUIÇÃO DOS DOMICÍLIOS QUE RECEBEM BOLSA 
 FAMÍLIA, SEGUNDO COR/RAÇA DO/DA CHEFE
FONTE: IPEA (2011). Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/
 images/stories/PDFs/livros/livros/livro_retradodesigualdade_ed4.
 pdf>. Acesso em: 12 out. 2016.
Mais	 uma	 vez	 observamos	 a	 diversidade	 cultural	 de	 nossa	 população	
convertendo-se	em	desigualdade	social:	do	total	de	famílias	que	recebem	o	Bolsa	
Família,	70%	são	formadas	por	negros.	
Ainda	há	muito	que	devemos	conhecer	para	compreender	o	que	representa	
a	diversidade	para	a	população	brasileira,	contudo,	conhecer	esses	indicadores	nos	
permite	entender	o	protagonismo	da	educação	em	relação	à	garantia	dos	direitos	
e	da	cidadania.O	 respeito	 à	 diversidade	 exige	 de	 nós,	 educadores,	 compreender	 que	
para	 alcançar	 esse	 ideal	 devemos	 reconhecer	 em	 nossos	 alunos	 o	 que	 significa	
ser	diverso.	São	diversos	porque	vivem	em	realidades	diferentes,	com	contextos	
sociais,	 têm	 oportunidades,	 experiências	 de	 vida	 e	 expectativas	 diferentes	 em	
relação	à	escola.
Respeitar	 a	 diversidade	 exige	 incluir	 todos	 no	 processo	 de	 ensino	 e	
aprendizagem,	 e	 incluir	 é	 muito	mais	 que	 inserir	 alunos	 no	 espaço	 da	 escola.	
A	 educação	 é	 direito	 de	 todos.	 Como	 a	 legislação	 garante	 esse	 direito?	 Vamos	
conhecer	esses	pormenores	na	sequência.
Legenda
domicílios chefiados por 
brancos/as
domicílios chefiados por 
negros/as
Previdência	 e	
assistência	social
Distribuição	 dos	 domicílios	 que	
recebem	Bolsa	 Família,	 segundo	 cor/
raça	do/da	chefe.	Brasil,	2006.
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
62
3 BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
A	 luta	 de	 movimentos	 sociais	 ao	 redor	 do	 mundo	 para	 transformar	
realidades	 como	 a	 que	 analisamos	 acima	 foi	 responsável	 por	 levantar	 o	debate	
dos	direitos	da	criança	e	do	adolescente.	Afinal,	como	garantir	a	cidadania,	como	
preparar	o	sujeito	para	ser	crítico	e	autônomo	quando	suas	necessidades	mínimas	
não	são	atendidas?	O	reflexo	desse	movimento	levou	à	elaboração	de	uma	série	de	
documentos	que	garantem	os	direitos	de	crianças	e	adolescentes.
O	 histórico	 da	 exclusão	 de	 crianças	 e	 adolescentes	 refere-se	 também	 ao	
tratamento	que	a	lei	previa,	pois	eram	considerados	como	figuras	incapazes,	que	
necessitavam	da	tutela	do	Estado.	Nas	palavras	de	Veronese	(2006,	p.	7,	grifo	do	
original),	esse	direito:
[...]	tem	sua	origem	a	partir	do	questionamento	dos	movimentos	sociais	
indignados	 com	 a	 realidade	 da	 criança	 e	 do	 adolescente	 brasileiros,	
afrontados	 na	 quase	 totalidade	 de	 sua	 cidadania.	 Essa	 indignação	
tornava-se	maior	 à	medida	 que	 se	 analisava	 o	modo	 com	que	 foram	
historicamente	tratados	pela	legislação	brasileira,	ou	seja,	como	meros	
objetos	de	intervenção,	tutelados pela	lei	e	pela	justiça;	situação	essa	que,	
pouco	a	pouco,	desejamos	que	se	transforme	[...].
A	representação	da	criança	e	do	adolescente	como	sujeitos	vem	sofrendo	
alterações	 de	 acordo	 com	 as	 dinâmicas	 sociais.	 Destaca-se	 no	 trecho	 acima	 a	
representação	presente	na	 legislação	brasileira	dos	sujeitos	nessa	 faixa	de	 idade	
como	objetos	de	intervenção,	em	outras	palavras,	pela	lei	estavam	distantes	das	
noções	de	cidadania.
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
63
História Social da Criança e Família (1981)
Os termos criança e família não possuíram sempre o 
mesmo significado que conhecemos hoje. Para conhecer as 
diferentes representações desses termos na história, Philippe 
Ariès nos mostra como as ações dos sujeitos moldam as 
sociedades. Entre os argumentos presentes na obra estão: 
a visão da criança como um adulto em miniatura sem 
vontade ou opinião própria que perdurou por muito tempo 
ao longo da trajetória de nossa sociedade; a infância como 
um sentimento da modernidade, pois a criança passa a ser 
útil para a sociedade; a crença de não haver diferenças entre 
adultos e crianças e, por esse motivo, crianças presenciavam 
todos os aspectos da vida social – inclusive jogos sexuais –; 
e a formação das instituições de ensino passando de asilos 
para instituições com hierarquia autoritária.
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadigital.org/livros/livro-historia-social-
da-crianca-e-familia/>. Acesso em: 6 set. 2016.
O	 contexto	 histórico	 nos	 permite	 compreender	 quais	 forças	 atuaram	 na	
direção	da	proteção	à	criança	e	ao	adolescente.	Inicialmente,	é	preciso	reconhecer	
os	desafios	que	se	expressam	em	relação	à	criminalidade	e	à	violência	que	atinge	
crianças	e	adolescentes	em	nosso	país.	Desse	contexto	social	surge	a	necessidade	
de	transformar	a	visão	do	Estado	sobre	tais	questões.
As	transformações	que	iremos	observar	no	Estado	brasileiro	estão	incluídas	
em	um	contexto	mais	 amplo	de	 luta	pela	garantia	dos	direitos	da	 criança	 e	do	
adolescente	em	todo	o	mundo	que	tem	expressão	nos	marcos	institucionais	e	serão	
apresentados	a	seguir.
A	Declaração de Genebra é considerada o marco inicial para o debate da 
questão	dos	Direitos	da	Criança	e	do	Adolescente,	a	partir	dessa	declaração	 foi	
estabelecida	 internacionalmente	 a	 garantia	 de	 uma	 proteção	 especial	 à	 criança.	
Essa	 proteção	 especial	 exigiu	 dos	 Estados	 uma	 reflexão	 sobre	 a	 forma	 como	 a	
infância	era	tratada	na	sociedade	(VERONESE,	2006).	
Em	1948,	mais	um	avanço	no	sentido	da	garantia	dos	Direitos	da	Criança	
e	 do	 Adolescente	 tomou	 espaço	 na	 Organização	 das	 Nações	 Unidas	 (ONU):	
A Declaração Universal de Direitos Humanos.	A	 declaração	 é	 o	 norte	 para	 a	
IMPORTANT
E
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
64
elaboração	 de	 políticas	 públicas	 e	 para	 o	 avanço	 das	 legislações	 que	 passam	 a	
contemplar	os	direitos	humanos	como	fundamentais.	Para	as	crianças	e	adolescentes	
ficaram	garantidos	cuidados	especiais.
A	Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente de 
1959	 representou	 avanços	 importantes	 ao	 colocar	 como	 responsabilidade	 dos	
Estados	princípios	e	obrigações	referentes	ao	tratamento	prioritário	de	crianças	e	
adolescentes.	A	declararão	inicia	garantindo	o	direito	à	igualdade	sem	distinção,	ou	
seja,	todas	as	crianças	devem	ter	o	mesmo	acesso	aos	direitos,	independentemente	
de	suas	particularidades	de	raça,	religião	ou	posição	econômica,	por	exemplo.
Ainda	nesse	texto	são	garantidos	o	direito	à	proteção	especial,	oportunidades,	
condições	de	dignidade	e	liberdade,	benefícios	da	previdência,	direito	à	educação	
e	 cuidados	 especiais	 para	 crianças	 tanto	 física	 quanto	mentalmente	 deficientes,	
além	de	amor	e	compreensão	da	família	e	da	sociedade,	direito	à	educação	gratuita	
e	ao	lazer	e	a	prioridade	no	atendimento	em	todas	as	circunstâncias.	De	maneira	
geral,	 as	 crianças	passam	a	 ter	 acesso	 ao	direito	de	 receber	 condições	para	 seu	
pleno	desenvolvimento.
A	 questão	 da	 justiça	 para	 a	 infância	 e	 juventude	 ganhou	 centralidade	
através	 das	 normas	 estabelecidas	 pelas	 Regras	 de	 Beijyng,	 de	 1985.	 As	 regras	
preveem	a	promoção	do	bem-estar	da	criança	e	do	adolescente	e	de	sua	família,	
condições	para	 o	 afastamento	do	 crime	 e	da	violência,	 o	 reconhecimento	desse	
grupo	como	parte	integrante	e	ativa	no	processo	de	desenvolvimento	social,	além	
de	delimitar	as	regras	jurídicas	para	o	tratamento	de	crianças	e	adolescentes.	As	
regras	de	Beyjing	fomentaram	o	debate	e	a	elaboração	de	leis	e	políticas	públicas	
ao	redor	do	mundo.
As	 medidas	 de	 proteção	 às	 crianças	 e	 adolescentes	 são	 reafirmadas	 na	
Convenção Americana de Direitos Humanos	de	1992.	No	texto	resultante	dessa	
convenção,	os	Estados	americanos	retomam	os	direitos	garantidos	pela	Declaração	
Universal	dos	Direitos	Humanos,	 reforçando	que	o	direito	humano	é	garantido	
pelo	simples	fato	de	sermos	humanos,	independentemente	do	país	em	que	vivemos	
ou	de	outras	características	particulares.
O	marco	mais	 recente	 em	 relação	 à	 proteção	 e	 garantia	 dos	Direitos	 da	
Criança	e	do	Adolescente	foi	a	Convenção sobre os Direitos da Criança,	de	1989,	
que	estabeleceu	a	Doutrina	da	Proteção	Integral.	Os	Estados	signatários	assumem	
o	pleno	desenvolvimento	de	crianças	e	adolescentes	 como	 fundamental	 e,	mais	
uma	vez,	esse	direito	é	garantido	independentemente	de	suas	particularidades.
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
65
FIGURA 17 - CARACTERÍSTICAS MARCANTES DA HISTÓRIA DOS DIREITOSDAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES NO MUNDO
FONTE: Adaptado de Veronese (2006)
O	direito	à	educação	é	mencionado	como	direito	fundamental	em	todos	os	
textos	considerados	como	marcos	históricos	dos	Direitos	Humanos.	A	educação	é	
capaz	de	permitir	o	pleno	desenvolvimento	do	indivíduo.	No	caso	das	crianças	e	
adolescentes,	a	educação	é	capaz	de	transformar	suas	realidades.	Por	esta	razão,	a	
importância	do	direito	à	educação	garantida	por	lei	é	consenso	em	todo	o	mundo.
Podemos	 destacar	 também	 marcos	 representativos	 para	 a	 garantia	 dos	
Direitos	 das	 Crianças	 e	 Adolescentes	 na	 América	 Latina.	 Na	 figura	 a	 seguir	
destacamos	iniciativas	latino-americanas	para	a	proteção	dos	Direitos	das	Crianças	
e	Adolescentes.
FIGURA 18 - CARACTERÍSTICAS MARCANTES DA HISTÓRIA DOS DIREITOS 
DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA AMÉRICA LATINA
FONTE: Adaptado de Saliba (2006)
Declaração de 
Genebra de 1924 - 
garantia de proteção 
especial à criança.
Declaração Universal de 
Direitos Humanos das 
Nações Unidas de 1948 - 
previa direitos e cuidados 
especiais para a infância.
Declaração Universal dos 
Direitos da Criança de 1959- 
representou princípios e não 
obrigações para os Estados.
Regras de Beijyng de 
1985 - estabeleceram 
normas para a Justiça da 
Infância e da Juventude.
Convenção Americana 
de Direitos Humanos 
de 1992 - estabeleceu 
medidas de proteção para 
as crianças.
Convenção Internacio-
nal sobre os Direitos 
da Criança de 1989 – 
consagrou a Doutrina da 
Proteção Integral.
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
66
A	 partir	 da	 Convenção	 Americana	 dos	 Direitos	 Humanos,	 em	 toda	 a	
América	Latina	tornou-se	obrigatório	o	respeito	a	princípios	jurídicos	básicos.	Essa	
mudança	 levou	à	substituição	da	doutrina	da	situação	 irregular	para	uma	nova	
doutrina,	chamada	de	doutrina	da	proteção	integral.	Com	a	doutrina	da	proteção	
integral	a	legislação	passou	a	apresentar	maneiras	eficientes	de	defesa	e	promoção	
dos	Direitos	Humanos	para	crianças	e	adolescentes	(SALIBA,	2006).
Doutrina da Situação Irregular: Com essa doutrina havia uma distinção entre 
crianças e adolescentes e menores. Quem eram os menores? Aquelas crianças e 
adolescentes excluídos da sociedade, da escola, da saúde, da família. Com essa visão a 
pobreza era criminalizada, pois em caso de infrações, os menores eram privados de sua 
liberdade. Nessa doutrina a infância era objeto de proteção e o poder de ação sobre ela 
estava concentrado na figura do juiz (SALIBA, 2006).
Doutrina da Proteção Integral: Em oposição à situação irregular, a proteção integral seria 
uma situação na qual os direitos ao bem-estar e vida digna estivessem à disposição de 
crianças e adolescentes. Partindo desse pressuposto, a situação irregular é tida como 
anormal - nesses casos ocorrem as privações econômicas, físicas e sociais. As medidas 
socioeducativas são protagonistas na recuperação e reinserção social dessas crianças e 
adolescentes (SALIBA, 2006).
Mesmo	diante	dos	avanços	observados	até	aqui,	é	importante	ressaltar	que	
o	atendimento	e	a	proteção	de	crianças	e	adolescentes	nos	moldes	estabelecidos	
pelos	textos	legais	estão	distantes	de	alcançar	a	todos.	
Por	esse	motivo	ressaltamos	a	diversidade	como	tema	fundamental	para	a	
educação.	Todos	os	dias,	nas	escolas,	surgem	desafios	relacionados	à	restrição	no	
acesso	aos	direitos	fundamentais	e	às	consequências	da	exclusão	de	determinados	
grupos	sociais.
4 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente,	Lei	nº	8.069,	de	13	de	julho	de	1990,	
conhecido	como	ECA,	representa	um	significativo	avanço	da	legislação	brasileira	
no	sentido	de	superar	entraves	históricos	no	que	compete	à	realidade	de	exclusão	
vivida	por	crianças	e	adolescentes	em	nosso	país.
A	essa	altura	você	já	deve	ter	se	perguntado:	Por	que	é	importante	conhecer	
o	ECA?	Como	o	ECA	pode	influenciar	no	contexto	educacional?	Nosso	propósito	
nesse	tópico	é	apresentar	a	você,	acadêmico,	o	universo	da	criança	e	do	adolescente	
pela	visão	do	ECA	e	suas	implicações	para	o	direito	à	diversidade.
NOTA
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
67
Chegou	o	momento	de	conhecer	melhor	o	ECA	e	os	desafios	que	persistem	
mesmo	 após	 os	 significativos	 avanços	 promovidos	 pela	 mudança	 da	 visão	 do	
Estado	a	respeito	das	crianças	e	adolescentes	em	nosso	país.
FIGURA 19 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 – ECA
FONTE: Disponível em: <http://petitebox.com.br/blog/wp-
 content/uploads/2016/07/eca-300x300.png>. 
 Acesso em: 29 set. 2016.
É	 importante	 ressaltar	que	o	Direito	da	Criança	 e	do	Adolescente	 surge	
a	partir	da	organização	popular	diante	da	realidade	social	na	qual	as	crianças	e	
adolescentes	 brasileiros	 estavam	 inseridos.	Dessa	 forma,	mesmo	 representando	
um	avanço	no	sentido	de	garantir	direitos	e	deveres	a	esse	grupo	social,	o	ECA	se	
depara	com	a	constituição	social	historicamente	excludente	do	Brasil.	
Diante	 dessa	 realidade,	 como	 caminha	 a	 legislação	 brasileira?	 Quais	
direções	 são	 apontadas	para	 a	 garantia	do	direito	 à	diversidade	 e	 à	 cidadania?	
Como	a	educação	pode	ser	um	instrumento	para	promover	o	acesso	e	a	garantia	a	
esses	direitos?
Em	termos	conceituais	é	desafiador	elaborar	uma	definição	restrita	para	o	
Direito	da	criança	e	do	adolescente,	contudo,	é	possível	afirmar	que	cabe	a	essa	área	
do	Direito	garantir	os	direitos	fundamentais	de	crianças	e	adolescentes.	Nessa	visão,	
entende-se	por	criança	e	adolescente	o	sujeito	em	processo	de	desenvolvimento.	
Vale	lembrar	que	os	direitos	da	criança	e	do	adolescente	não	é	contemplado	apenas	
no	ECA,	porém	esse	é	o	instrumento	central	de	proteção	dos	direitos	e	garantia	da	
cidadania	(VERONESE,	2006).
O	 ECA	 brasileiro	 é	 reconhecido	 internacionalmente	 por	 seu	 caráter	
inovador	e	avançado,	porém	ainda	distante	de	uma	consolidação	prática:
O	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	-	Lei	nº	8.069/1990	é	reconhecido	
internacionalmente	 como	 um	 dos	 mais	 avançados	 diplomas	 legais	
dedicados	 à	 garantia	 dos	 direitos	 da	 população	 infantojuvenil.	 No	
entanto,	suas	disposições	-	verdadeiramente	revolucionárias	em	muitos	
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
68
aspectos	-	ainda	hoje	são	desconhecidas	pela	maioria	da	população	e,	
o	que	é	pior,	vêm	sendo	sistematicamente	descumpridas	por	boa	parte	
dos	administradores	públicos,	que	fazem	da	prioridade	absoluta	e	da	
proteção	 integral	 à	 criança	 e	 ao	 adolescente,	 princípios	 elementares/
mandamentos	contidos	tanto	na	Lei	nº	8.069/1990	quanto	na	Constituição	
Federal,	que	como	tal	deveriam	ser	o	foco	central	de	suas	preocupações	
e	 ações	 de	 governo,	 palavras	 vazias	 de	 conteúdo,	 para	 perplexidade	
geral	de	toda	sociedade	(DIGIÁCOMO;	DIGIÁCOMO,	2013,	p.	1).
O	ECA	encontra-se	dividido	em	dois	tomos:	no	Livro	I	–	Parte	Geral	e	no	
Livro	 II	–	Parte	Especial.	Na	Parte	 I	 são	apresentados	os	direitos	 fundamentais:	
à	vida	e	à	saúde,	à	liberdade,	ao	respeito	e	à	dignidade,	à	convivência	familiar	e	
comunitária,	à	educação,	ao	esporte	e	ao	lazer,	à	profissionalização	e	à	proteção	do	
trabalho	e	à	prevenção.	
No	Livro	II	são	apresentadas	a	política	de	atendimento,	das	entidades	de	
atendimento,	das	medidas	de	proteção,	das	medidas	específicas	de	proteção,	da	
prática	do	ato	infracional,	dos	direitos	individuais,	das	garantias	processuais,	das	
medidas	socioeducativas,	das	medidas	pertinentes	aos	pais	ou	responsáveis,	do	
conselho	tutelar	e	do	acesso	à	justiça	da	infância	e	da	juventude.
Caro	acadêmico,	quais	seriam	então	os	princípios	a	serem	seguidos	a	partir	
de	uma	interpretação	do	ECA?	De	acordo	com	Veronese	(2006,	p.	17):
[...]	os	fins	 sociais,o	bem	comum,	os	direitos	e	deveres	 individuais	e	
coletivos	 e	 a	 condição	 da	 pessoa	 humana	 em	desenvolvimento.	 Esse	
último	 princípio	 estabelece	 uma	 condição	 relevante	 para	 diferenciar	
o	 tratamento	da	 criança	 e	 adolescente	 a	 partir	 de	um	ponto	de	 vista	
privilegiado,	 ou	 seja,	 prioritário	 [...].	 Assim,	 os	 preceitos	 do	 direito	
comum	são	válidos	no	que	concerne	ao	Estatuto	e,	ainda:
a)	Exigência	do	bem	comum	–	com	o	escopo	de	atender	aos	interesses	
de	toda	a	sociedade.
b)	Direitos	e	deveres	individuais	e	coletivos	–	levando	em	consideração	
a	sistemática	dos	direitos	resguardados	pelo	Estatuto.
c)	 Condição	 peculiar	 da	 criança	 e	 do	 adolescente	 como	 pessoa	 em	
desenvolvimento	–	considerado	como	o	norte	basilar	do	Estatuto,	deve	
seu	aplicador	sempre	procurar	medidas	mais	adequadas	à	proteção	da	
criança	e	do	adolescente.	Por	tratar-se	de	um	ser	em	desenvolvimento,	
merece	toda	atenção	propiciada	aos	adultos,	mais	algumas	peculiares	à	
sua	condição.	Pode	o	julgador,	inclusive,	contrariar	certos	dispositivos	
legais	 a	 fim	 de	 melhor	 proteger	 à	 criança	 e	 ao	 adolescente	 no	 caso	
concreto.
Em	outras	palavras,	a	partir	do	ECA	a	forma	como	o	Estado	e	a	sociedade	se	
relacionam	com	crianças	e	adolescentes	se	transforma,	pois	crianças	e	adolescentes	
passam a ser prioridade.	 Isso	 significa	 que	 direitos	 e	 deveres	 individuais	 e	
coletivos	 desse	 grupo	 devem	 ser	 privilegiados.	 O	 atendimento	 direcionado	 a	
crianças	 e	 adolescentes	 deve	 respeitar	 as	 necessidades	mais	 adequadas	 ao	 seu	
desenvolvimento.
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
69
FIGURA 20 - DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
FONTE: A autora.
Pode-se	perceber	avanços	significativos	em	relação	à	proteção	de	crianças	
e	adolescentes	com	o	ECA.	Entretanto,	as	críticas	e	as	declarações	de	apoio	ao	ECA	
remetem	a	um	paradoxo:
Na	sociedade	brasileira,	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	sofre	
uma	 crítica	 ambígua:	 por	 um	 lado,	 ele	 supostamente	 protege	 em	
demasia	o	infrator,	sendo	conivente	com	suas	práticas	e	extremamente	
permissivo;	por	outro,	é	bastante	elogiado	por	um	segmento	que	vê	na	
suposta	função	educativa	a	expressão	da	democracia	(SALIBA,	2006,	p.	
16).
Ainda	 que	 considerado	 inovador	 e	 reconhecido	 pelo	 potencial	
transformador,	fica	evidente	que	o	caminho	a	ser	percorrido	para	que	a	legislação	
de	proteção	integral	da	criança	e	do	adolescente	seja	colocada	em	prática	é	longo.	
Na	figura	a	seguir	você	pode	observar	os	direitos	presentes	no	ECA	mais	
conhecidos	e	divulgados	em	nossa	sociedade.
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
70
ECA comemora 25 anos com desafios no campo da educação
E-book gratuito "Salvar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)" é lançado em São 
Paulo.
 
Para conhecer mais sobre os avanços e desafios dos 25 anos do ECA, a obra traz especialista 
da área de educação para avaliar os impactos da legislação no campo educacional brasileiro.
FONTE: VALLE, Leonardo. ECA comemora 25 anos com desafios no campo da 
educação. Instituto NET Educação. Disponível em: <http://www.neteducacao.
com.br/noticias/Reportagem/eca-comemora-25-anos-com-desafios-no-campo-
da-educacao>. Acesso em: 28 set. 2016.
Outro	 tema	 polêmico	 em	 relação	 ao	 ECA	 é	 a	 adoção	 das	 medidas	
socioeducativas	diante	de	uma	infração	cometida	por	crianças	e	adolescentes.	O	
objetivo	dessas	medidas	é	educar	o	sujeito	que	cometeu	a	infração,	reconhecendo	
que	o	formato	de	pena	até	então	utilizado	não	era	capaz	de	educá-los.
Dessa	forma,	além	da	valorização	da	educação	ao	reforçá-la	como	direito	
das	crianças	e	adolescentes,	o	caráter	pedagógico	do	ECA	pode	ser	considerado	
pela	 concepção	 das	 medidas	 socioeducativas.	 Essas	 medidas	 devem	 educar	 o	
infrator,	proporcionar	a	ele	a	oportunidade	de	aprender	com	seus	erros.	
Medidas Socioeducativas
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao 
adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta sua capacidade de cumpri-la, às 
circunstâncias e à gravidade da infração.
§ 2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento 
individual e especializado, em local adequado às suas condições.
As medidas socioeducativas são destinadas aos adolescentes acusados de práticas infracionais, 
DICAS
NOTA
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
71
porém, é importante destacar que mesmo as medidas pertencendo ao gênero de sanção 
estatal não podem ser consideradas como penas. As penas possuem características 
punitivas, enquanto as medidas socioeducativas são consideradas pedagógicas, o objetivo 
é educar o adolescente (DIGIÁCOMO; DIGIÁCOMO, 2013).
Nesse	 sentido,	 a	 função	 educativa	 do	 ECA	 é	 concebida	 como	 forma	 de	
promover	 a	 democracia,	 porém,	 como	 ocorre	 a	 função	 educativa	 nas	 práticas	
judiciais?
No	 ECA,	 a	 ‘função	 educativa’	 tem	 lugar	 privilegiado,	 pelo	 menos	
teoricamente,	 no	 conjunto	das	práticas	 judiciais.	 Preconiza	 que	 todas	
as	medidas	 a	 serem	 aplicadas	 aos	 adolescentes	 infratores	 devem	 ter	
por	objetivo	sua	 reeducação,	visando	ao	 ‘preparo	para	o	exercício	da	
cidadania	 e	 qualificação	 para	 o	 trabalho’.	 Dessa	 forma,	 os	 técnicos	
judiciais	 (assistente	 social,	 psicólogo	 e	 eventuais	 educadores	 que	
trabalham	 no	 programa	 de	 liberdade	 assistida)	 são	 responsáveis	
pela	 aplicação	 de	 medidas	 socioeducativas	 e	 pela	 avaliação	 de	 seus	
resultados	(SALIBA,	2006,	p.	17).
Em	outras	palavras,	cabe	à	aplicação	das	medidas	socioeducativas	promover	
um	processo	de	reeducação	do	menor	infrator,	visando,	através	dessas	atividades,	
preparar	 esse	 sujeito	para	o	 exercício	da	 cidadania	 e	 a	 inserção	no	mercado	de	
trabalho.
A	 construção	 do	 ECA	 foi	 resultado	 de	 uma	mudança	 de	 concepção	 da	
sociedade	 ao	 reconhecer	 que	 o	 tratamento	 conferido	 a	 crianças	 e	 adolescentes	
pela	legislação	ampliava	a	exclusão	social.	Com	o	ECA	o	tratamento	de	crianças	
e	 adolescentes	 se	 torna	 prioritário	 através	 da	 Doutrina	 da	 Proteção	 Integral	 e	
as	 medidas	 socioeducativas	 imprimem	 um	 caráter	 pedagógico	 no	 tratamento	
daqueles	que	cometem	infrações.
5 O DIREITO À EDUCAÇÃO NO ECA
Já	vimos	até	aqui	que,	a	partir	do	ECA,	a	criança	e	adolescente	possuem	
atendimento	prioritário	e	que	a	estrutura	do	ECA	prevê	medidas	pedagógicas	para	
lidar	com	as	infrações.	E	como	a	educação	é	tratada	no	texto	do	estatuto?
O	 direito	 à	 educação	 é	 garantido	 como	 direito	 fundamental	 pelo	 ECA	
juntamente	com	a	garantia	da	cultura,	esporte	e	lazer	como	direitos:
CAPÍTULO IV - DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO 
ESPORTE E AO LAZER 
Art. 53. A	criança	e	o	adolescente	 têm	direito	à	educação,	visando	ao	
pleno	 desenvolvimento	 de	 sua	 pessoa,	 preparo	 para	 o	 exercício	 da	
cidadania	e	qualificação	para	o	trabalho,	assegurando-lhes:
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
72
I - igualdade	de	condições	para	o	acesso	e	permanência	na	escola;
II - direito	de	ser	respeitado	por	seus	educadores;
III - direito	 de	 contestar	 critérios	 avaliativos,	 podendo	 recorrer	 às	
instâncias	escolares	superiores;
IV - direito	de	organização	e	participação	em	entidades	estudantis;
V - acesso	à	escola	pública	e	gratuitapróxima	de	sua	residência.
Parágrafo único. É	 direito	 dos	 pais	 ou	 responsáveis	 ter	 ciência	 do	
processo	pedagógico,	bem	como	participar	da	definição	das	propostas	
educacionais	 (DIGIÁCOMO;	 DIGIÁCOMO,	 2013,	 p.	 74,	 grifos	 do	
original).
A	 educação	 como	 direito	 tem	 por	 objetivo	 proporcionar	 o	 pleno	
desenvolvimento	 de	 crianças	 e	 adolescentes.	 No	 contexto	 desse	 pleno	
desenvolvimento	estão	o	exercício	da	cidadania	e	a	qualificação	para	o	trabalho.	
Como	foi	mostrado	no	início	desse	tópico,	para	que	todos	possam	ter	seu	pleno	
desenvolvimento	garantido	é	preciso	reconhecer	as	desigualdades	sociais.
Nesse	sentido,	o	ECA	prevê	o	direito	de	acesso	e	permanência	na	escola	para	
todos,	o	direito	de	ser	respeitado	–	independentemente	de	suas	particularidades	–,	
o	direito	a	participar	das	discussões	pedagógicas	na	escola	e	o	direito	de	ter	uma	
escola	próxima	à	sua	residência.	Esses	direitos	só	poderão	ser	garantidos	se	houver	
o	respeito	às	diversidades,	caso	contrário	a	educação	não	será	um	direito	de	todos,	
mas	privilégio	de	poucos.	
Além	disso,	 o	 ECA	 estabelece	 alguns	 princípios	 que	deverão	direcionar	
a	 educação	 brasileira	 em	 consonância	 com	 a	Constituição	 Federal	 de	 1988	 (ver	
Unidade	1).	Entre	as	direções	estabelecidas	está	a	superação	da	educação	como	
sinônimo	de	ensino	dos	conteúdos	tradicionais	–	divididos	em	disciplinas	como	
português,	 matemática,	 história,	 geografia	 etc.	A	 educação	 deverá	 construir	 as	
bases	necessárias	ao	exercício	da	cidadania	(DIGIÁCOMO;	DIGIÁCOMO,	2013).
Meu amigo Nietzsche (2013). Direção de Fáuston da Silva.
O curta-metragem brasileiro Meu Amigo Nietzsche mostra uma maneira sarcástica e 
irresistivelmente divertida de abordar o analfabetismo funcional e a síndrome crônica 
que abate a educação no Brasil. Crítico às instituições formadoras e conservadoras da 
sociedade brasileira – a escola, a família e a igreja –, o filme de Fáuston da Silva conta 
a guinada do menino Lucas, que encontra um exemplar de “Assim Falou Zaratustra”, do 
filósofo alemão Friedrich Nietzsche, no lixão e começa a lê-lo. 
Logo o curta se revela uma trama de maturação, pois Lucas, antes considerado um 
“péssimo aluno”, realmente devora o livro e passa a dominar conceitos, a falar bonito e a 
expor raciocínios exuberantes. Mas, ao invés de colher admiração, acaba assustando sua 
mãe e sua professora, agora aflitas na tentativa de diagnosticar o mal que atormenta o 
garoto: para a mãe, aquilo é coisa do demônio e só a igreja o salvará; para a professora, é 
o surgimento de uma potencial liderança nociva.
Feito a partir de recursos evidentemente limitados, Meu Amigo Nietzsche é um sopro de 
autenticidade se considerarmos que a maioria dos filmes sobre a periferia (o curta se passa 
DICAS
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
73
na Cidade Estrutural, periferia do Distrito Federal) assinala a violência como protagonista 
na denúncia da desigualdade social. Ao apontar sua câmera para a educação e tratar do 
tema com humor e muita fluência narrativa, Fáuston já se diferencia e conquista a plateia.
O sucesso da abordagem vem acumulando prêmios, com boas passagens pelo Festival 
de Brasília e pelo Clermont-Ferrand, tradicional festival francês dedicado aos curtas-
metragens, onde Meu Amigo Nietzsche faturou o prêmio do público e o de melhor 
comédia da competição. A obra cria expectativa sobre o nome de Fáuston e sugere que o 
cinema do Distrito Federal, que recentemente nos trouxe o ótimo Branco Sai Preto Fica, 
vive um bom momento.
FONTE: Meu amigo Nietzsche. Cine Festivais. Disponível em: <http://
cinefestivais.com.br/criticas/meu-amigo-nietzsche-de-fauston-da-silva/>. 
Acesso em: 16 set. 2016.
A	 educação	 é	 essencial	 para	 o	 exercício	 da	 cidadania	 e,	 devido	 à	 sua	
relevância	para	nossa	sociedade,	não	pode	ser	tomada	como	tarefa	exclusiva	do	
Estado	através	da	escola:
A	Constituição	Federal	de	1988	trouxe	várias	mudanças	que	aprimoram	
o	conceito	do	direito	à	educação.	Além	de	reiterar	a	obrigatoriedade	e	
a	gratuidade,	o	 texto	constitucional	considera	que	o	acesso	ao	ensino	
obrigatório	 e	 gratuito	 é	 direito	 público	 subjetivo,	 podendo	 compelir	
autoridade	competente	a	 responder	pelo	seu	não	cumprimento.	Com	
isto,	 os	pais	 têm	uma	poderosa	 arma	na	defesa	do	direito	de	 educar	
seus	 filhos,	 caso	 prefeitos,	 governadores	 ou	 secretários	 da	 educação	
não	estejam	oferecendo	oportunidade	de	educação	gratuita	a	todos	[...]	
O	art.	55	 refere-se	à	obrigação	dos	pais	ou	responsável	de	matricular	
seus	 filhos	 ou	 pupilos	 na	 rede	 regular	 de	 ensino,	 de	 forma	 que	 os	
que	não	cumprirem	o	dispositivo	em	apreço	deverão	ser	chamados	a	
responder	pela	não	matrícula,	podendo,	nessas	hipóteses,	o	Conselho	
Tutelar	Municipal	 adotar	medidas	 que	 considere	 adequadas	 ao	 caso	
(VERONESE,	2006,	p.	45-46).
O	 acesso	 à	 educação	 é	dever	do	Estado	 e	 os	pais	devem	 lutar	para	que	
seus	 filhos	 tenham	 esse	 direito	 garantido,	 bem	 como	 devem	 ser	 atuantes	 no	
acompanhamento	das	atividades	de	seus	filhos	na	escola,	contribuindo	para	seu	
sucesso.	
De	acordo	com	o	ECA	(1990),	a	tarefa	de	educar	não	é	de	responsabilidade	
única	da	escola,	a	educação	também	é	tarefa	da	família	e	da	comunidade,	ou	seja,	
cabe	ao	Estado	a	garantia	do	acesso	à	educação,	porém	a	tarefa	de	educar	é	de	toda	
a	sociedade:	da	escola,	da	família	e	da	comunidade.
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
74
A importância da participação de pais e alunos nas decisões da escola será 
retomada ao fim dessa unidade.
Tendo	como	norte	a	construção	da	cidadania,	a	educação	deve,	também,	
preparar	o	sujeito	para	o	mundo	do	trabalho.	Como	realizar	essa	tarefa?	É	necessário	
preparar	o	sujeito	para	o	trabalho	através	da	qualificação	profissional	e,	ao	mesmo	
tempo,	 prepará-lo	 para	 conhecer	 seus	 direitos	 fundamentais	 (DIGIÁCOMO;	
DIGIÁCOMO,	2013).
Observe	na	charge	de	Amâncio	a	representação	da	distância	que	persiste	
entre	 a	 garantia	do	 acesso	 à	 educação	na	 legislação	 e	 a	 realidade	da	 sociedade	
brasileira.
FIGURA 21 - DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS 
DESIGUALDADES SOCIAIS
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-tlvkbpoF2ro/
 Tvc05jzSWuI/AAAAAAAAARQ/sV79BegImGA/s1600/ensino-
 publica-charge-de-amancio.jpg>. Acesso em: 29 set. 2016.
O	conhecimento	dos	seus	direitos	 fundamentais	é	previsto	 também	pela	
Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	(LDB)	-	Lei	nº	9.394,	de	1996.	A	LDB	prevê	
de	forma	obrigatória	o	ensino	de	conteúdos	vinculados	aos	direitos	das	crianças	e	
dos	adolescentes	(DIGIÁCOMO;	DIGIÁCOMO,	2013).
Sintetizando	 as	 informações	 analisadas	 até	 aqui,	 pode-se	 afirmar	 que	 o	
ECA	prevê:
•	direito	à	educação;
• direito ao acesso e permanência na escola;
ATENCAO
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
75
•	direito	ao	respeito	dos	educadores	para	com	os	alunos;
•	direito	 à	participação	nos	processos	de	decisão,	 como	o	questionamento	dos	
critérios	de	avaliação;
•	direito	à	participação	nas	esferas	de	atuação	estudantil	no	espaço	da	escola;
•	direito	do	acesso	a	uma	escola	próxima	do	local	em	que	vive;
•	direito	ao	Ensino	Fundamental	obrigatório	e	gratuito.
Esses	direitos	se	estendem	a	todos	sem	qualquer	distinção	ou	preconceito	
em	relação	às	características	individuais	das	crianças	e	adolescentes.	A	educação	
como	direito	contempla	o	respeito	à	diversidade.	
6 A DIVERSIDADE NO ECA
A	 diversidade	 é	 um	 aspecto	marcante	 da	 cultura	 brasileira.	A	 histórica	
miscigenação	da	nossa	população,	baseada	no	tripé:	indígenas,	europeus	e	negros,	
formou	o	Brasil	que	conhecemos	hoje.	Somos	uma	sociedade	multirracial	e	esta	
multiplicidade	de	cores,	raças	e	etnias	pode	ser	interpretadade	variadas	formas.
Para	 além	 da	 questão	 étnico-racial,	 a	 escola	 recebe	 indivíduos	 com	
multiplicidade	de	características	religiosas,	de	orientação	sexual,	de	posicionamento	
político,	ou	seja,	com	crenças	e	valores	diversos.	Logo,	se	a	escola	é	para	todos,	a	
multiplicidade	deve	 integrar	o	processo	de	ensino	e	aprendizagem	em	todos	os	
seus	momentos	e	espaços.
As	garantias	referentes	ao	respeito	à	diversidade	são	reforçadas	em	diversos	
momentos	no	texto	do	ECA.	Como	mencionado	no	item	anterior,	no	artigo	referente	
à	educação	fica	garantido	o	acesso	e	a	permanência	na	escola	para	todas	as	crianças	
e	adolescentes,	o	direito	de	ser	tratado	de	forma	respeitosa	pelos	professores,	da	
possibilidade	de	discutir	as	questões	pedagógicas,	como	os	processos	avaliativos,	
e	o	direito	à	participação	nas	entidades	estudantis,	como	o	grêmio	estudantil.
FIGURA 22 - DIVERSIDADE NA ESCOLA
FONTE: Disponível em: <https://3.bp.blogspot.
 com/-K6g6AVluASo/VziGxvD1teI/AAAAAAAACAU/_
 Rt5XFunWY04uv6Dl9IpXZvcicMkbnLqwCKgB/
 s1600/o%2Brespeito.jpg>. Acesso em: 29 set. 2016.
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
76
Ainda	no	que	diz	 respeito	ao	direito	à	educação,	é	previsto	pelo	ECA	o	
atendimento	na	rede	regular	de	ensino	de	crianças	e	adolescentes	com	deficiência.	
O	 acesso	 desses	 sujeitos	 à	 educação	 deverá	 ocorrer	 através	 da	 sua	 inserção	 no	
ensino	regular.	Para	além	dessas	garantias,	também	integram	o	ECA:
Art.	 58.	No	processo	 educacional	 respeitar-se-ão	 os	 valores	 culturais,	
artísticos	 e	 históricos	 próprios	 do	 contexto	 social	 da	 criança	 e	 do	
adolescente,	garantindo-se	a	estes	a	liberdade	de	criação	e	o	acesso	às	
fontes	de	cultura.
Art.	59. Os	Municípios,	com	apoio	dos	Estados	e	da	União,	estimularão	
e	 facilitarão	 a	 destinação	 de	 recursos	 e	 espaços	 para	 programações	
culturais,	esportivas	e	de	lazer	voltadas	para	a	 infância	e	a	 juventude	
(DIGIÁCOMO;	DIGIÁCOMO,	2013,	p.	84).
No	ECA,	 o	 respeito	 à	 diversidade	 cultural	 integra	 o	 aporte	 dos	direitos	
das	crianças	e	dos	adolescentes.	Em	outras	palavras,	as	diversas	formas	culturais	
devem	ser	respeitadas	e,	além	disso,	deve-se	estimular	o	contato	com	diferentes	
representações	culturais.
Nesse	 sentido,	 enquanto	 a	 diversidade	 não	 for	 reconhecida	 como	 um	
desafio	que	persiste	em	nossa	sociedade,	as	desigualdades	apresentadas	no	início	
desse	tópico	permanecerão.
O	direito	à	diversidade	é	garantido	pela	lei	porque	é	fundamental	para	o	
desenvolvimento	pleno	das	crianças	e	adolescentes.	Uma	educação	de	qualidade	
deve	contemplar	aspectos	culturais,	artísticos	e	históricos	de	diversos	grupos.	É	
necessário	 superar	a	primazia	de	 conteúdos	que	privilegiam	grupos	específicos	
e	 valorizar	 conteúdos	 que	mostrem	 a	 diversidade	 pela	 qual	 nossa	 sociedade	 é	
composta.
Entre	 os	 desafios	 para	 alcançar	 o	 respeito	 à	 diversidade,	 como	 previsto	
no	 ECA,	 está	 a	 dificuldade	 em	 reconhecer	 as	 diferenças	 sem	 classificá-las,	
compreender	que	cada	indivíduo	possui	características	e	necessidades	que	advêm	
da	sua	trajetória	de	vida	e	do	grupo	social	ao	qual	pertence.
Respeitar	 a	 diversidade	 exige	 que	 nossas	 ações	 se	 guiem	 pela	 ética.	
Nenhum	grupo	humano	e	social	pode	ser	considerado	como	melhor	que	outro.	
O	reconhecimento	de	que	cada	grupo	é	diferente	é	um	avanço	significativo	para	a	
construção	dos	direitos	sociais	(GOMES,	2007).
LEITURA COMPLEMENTAR
Convenção dos Direitos da Criança - Direito de Todos
	A	Convenção	dos	Direitos	da	Criança	é	o	mais	amplo	tratado	internacional	
de	direitos	humanos	já	ratificado	na	história.
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
77
É	composta	de	um	Preâmbulo	e	54	artigos	divididos	em	três	partes:	a	Parte	
I,	definidora	e	regulamentadora,	dispõe	em	substância	sobre	os	direitos	da	criança;	
a	Parte	II	estabelece	o	órgão	e	a	forma	de	monitoramento	de	sua	implementação;	a	
Parte	III	traz	as	posições	regulamentares	do	próprio	instrumento.
O	Preâmbulo	explicita	a	base	jurídica	da	Convenção,	definindo	também	sua	
filosofia,	ao	afirmar	que	a	criança	deve,	por	um	lado,	"crescer	no	seio	da	família,	em	
um	ambiente	de	felicidade,	amor	e	compreensão"	e,	por	outro,	"Estar	plenamente	
preparada	para	uma	vida	independente	na	sociedade".
O	 artigo	 1º	 define	 juridicamente	 a	 criança	 como	 "todo	 ser	 humano	 com	
menos	de	dezoito	anos	de	idade".
Observa-se	 que	 a	 Convenção	 articula	 todos	 os	 direitos	 civis,	 políticos,	
culturais,	sociais	e	econômicos	das	crianças:	liberdade	de	expressão,	de	pensamento,	
de	consciência	e	de	crença,	de	acordo	com	sua	idade	e	sua	maturidade;	direito	à	
proteção	e	assistências	especiais	do	Estado;	direito	de	gozar	do	melhor	padrão	de	
vida	possível;	direito	à	pensão	alimentícia;	direito	à	educação;	direito	de	serem	
protegidas	 contra	 o	uso	 ilícito	de	drogas;	 direito	 à	proteção	 contra	 a	 tolerância	
econômica	e	contra	o	desempenho	de	qualquer	 trabalho	que	possa	 interferir	no	
seu	desenvolvimento	físico	e	mental.
A	 Convenção	 é	 baseada	 em	 quatro	 princípios	 fundamentais:	 não	
discriminação;	ações	que	levam	em	conta	o	melhor	interesse	da	criança;	direito	à	
vida,	à	sobrevivência	e	ao	desenvolvimento;	respeito	pelas	opiniões	da	criança,	de	
acordo	com	a	idade	e	maturidade.	Esses	princípios	orientam	as	ações	de	todos	os	
interessados,	inclusive	das	próprias	crianças,	na	realização	de	seus	direitos.
Portanto,	foi	concebida	com	as	seguintes	preocupações	e	observações:
1.		A	participação	da	criança	em	suas	próprias	e	destinadas	decisões	afetivas.
2.	A	proteção	da	criança	contra	a	discriminação	e	todas	as	formas	de	desprezo	e	
exploração.
3.		A	prevenção	de	ofensa	à	criança.
4.		A	provisão	de	assistência	para	suas	necessidades	básicas.
A	 Convenção	 foi	 ratificada	 por	 192	 países	 (apenas	 Estados	 Unidos	 e	 a	
Somália	ainda	não	aderiram).	Desde	1990,	mais	de	70	países	já	incorporaram	na	
sua	 legislação	 nacional	 estatutos	 sobre	 o	 tema,	 e	 efetuaram	 reformas	 jurídicas	
baseadas	nos	dispositivos	da	Convenção.	[...]
DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR
Essa	doutrina	era	adotada	pelo	Código	de	Menores	de	1979	e	deu	origem	a	
um	conjunto	de	regras	jurídicas	que	se	dirigiam	a	um	tipo	de	criança	específico,	os	
que	se	encontravam	em	situação	irregular,	como	os	infratores.
O	Código	de	Menores,	baseando-se	nessa	doutrina,	não	enxergava	a	criança	
como	sujeito	de	direitos,	observando-a	apenas	no	âmbito	penal.	Ele	se	colocava	
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
78
como	 uma	 legislação	 tutelar	 do	 qual	 resultou	 um	 sistema	 processual	 punitivo	
inquisitório.
Dessa	forma,	percebemos	a	importância	da	Lei	n.	8.069,	de	13	de	julho	de	
1990,	que	deu	origem	ao	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente,	que	significou	uma	
verdadeira	revolução,	ao	adotar	a	doutrina	da	proteção	integral.
DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
Foi	preciso	que	a	sociedade,	como	tal,	reconhecesse	que	era	extremamente	
importante	o	tratamento	da	criança	e	do	adolescente	como	uma	questão	prioritária.	
Assim,	muitos	teóricos	do	Direito,	como	também	aqueles	envolvidos	nas	questões	
relativas	à	criança	e	ao	adolescente,	estabeleceram	a	Doutrina	da	Proteção	Integral,	
que	consiste	no	tratamento	da	questão	da	criança	e	do	adolescente	como	prioridade	
absoluta.
Portanto,	proteção	integral	significa	que	toda	criança	deve	ser	protegida	e	ter	
seu	pleno	desenvolvimento	garantido	pela	família,	pelo	Estado,	pela	comunidade	
e	pela	sociedade.
Esta	 doutrina	 tem	 presença	 marcante	 nos	 documentos	 internacionais.	
De	tanto	ter	sido	consagrada	em	nível	mundial,	foi	incorporada	na	Constituição	
de	1988,	e,	consequentemente,	no	ECA.	Este,	logo	em	seu	artigo	1º,	ressalta	este	
princípio	como	sendoa	orientação	para	todo	o	restante	de	seu	conteúdo.
Todavia,	a	criação	da	doutrina	da	proteção	integral	não	é	recente,	pois	já	
era	 encontrada	 na	Declaração	 de	Genebra	 de	 1924,	 que	 falava	 da	 "necessidade	
de	proporcionar	à	criança	uma	proteção	especial",	como	também	na	Declaração	
Universal	 dos	 Direitos	 Humanos	 de	 1948,	 referindo-se	 ao	 direito	 da	 criança	 a	
cuidados	e	assistência	especiais.	Nesse	mesmo	sentido,	há	a	Convenção	Americana	
sobre	os	Direitos	Humanos	(San	José,	1969),	dizendo	que	o	menor,	por	sua	própria	
condição,	tem	direito	a	medidas	de	proteção.	Mais	recentemente,	as	Diretrizes	das	
Nações	Unidas	para	a	Administração	da	Justiça	da	Infância	e	da	Juventude	(1985)	
e	as	Regras	Mínimas	para	a	Proteção	dos	Jovens	Privados	de	Liberdade	(1990),	que	
decorreram	de	Assembleias	Gerais	da	ONU,	versaram	sobre	esse	tema.
O	texto	constitucional,	em	especial	nos	artigos	227	e	228,	"destruiu"	a	antiga	
rotina	das	crianças	em	"situação	irregular",	onde	suas	opiniões	eram	postergadas	e	
o	Estado/Juiz	definia,	de	forma	absoluta,	seus	destinos,	para	construir	a	moderna	
doutrina	da	"proteção	integral",	onde,	de	fato,	as	crianças	passaram	a	ser	sujeitos 
de direitos	e	não	meros	espectadores	dos	deslindes	do	Estado	sobre	suas	vidas.	
[...]
 
AS FORMAS PELAS QUAIS O ESTADO ASSEGURA A PROTEÇÃO DOS 
DIREITOS DAS CRIANÇAS
As	 ações	 do	 Estado	 visando	 implementar	 os	 direitos	 da	 criança	 têm	de	
ser	profundas,	garantindo	o	acesso	à	escola,	através	de	investimentos	e,	também,	
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
79
de	incentivos	aos	pais,	garantindo	a	sua	saúde,	através	de	políticas	de	vacinação,	
saneamento	 básico,	 habitação	 digna,	 manutenção	 do	 sistema	 público,	 a	 sua	
segurança	 por	 um	 acompanhamento	 direto	 do	 Estado,	 da	 sociedade,	 e	 apoio	
judiciário.
Os	 desdobramentos	 para	 a	 garantia	 dos	 direitos	 da	 criança	 levam	 à	
necessidade	da	funcionalidade	da	sociedade,	pois	estas	são,	de	todos,	as	que	mais	
necessitam	de	 sua	proteção.	O	Estado	deve	 agir	 em	 conjunto	 com	a	 sociedade,	
sanando	seus	problemas	para	que	a	sua	semente	nasça	e	cresça	em	um	país	melhor,	
onde	as	futuras	sementes	gozem	de	suas	liberdades	e	deveres	como	verdadeiros	
seres	humanos	que	são.
PROBLEMAS	 RELACIONADOS	 À	 MORTALIDADE	 INFANTIL,	 EVASÃO	
ESCOLAR,	DESNUTRIÇÃO,	FOME	E	MISÉRIA	DAS	CRIANÇAS	NO	BRASIL
PROSTITUIÇÃO	INFANTIL
É	 um	 problema	 que	 existe	 na	 maioria	 dos	 países	 do	 Terceiro	 Mundo.	
Segundo	cálculos	do	Unicef,	no	Brasil,	cerca	de	2	milhões	de	jovens	entre	10	e	15	
anos	estão	em	prostituição	ou	em	vias	de	se	prostituir.
O	Brasil	assinou,	mas	não	ratificou	o	Protocolo	Opcional	para	a	Convenção	
dos	Direitos	da	Criança	e	do	Adolescente	para	a	venda,	prostituição	e	pornografia	
infantil,	assim	como	as	medidas	básicas	necessárias	para	a	prevenção	e	erradicação	
dessas	violações	ou	o	Protocolo	para	a	Prevenção,	Supressão	e	Punição	do	Tráfico	
de	pessoas,	especialmente	mulheres	e	crianças,	suplementando	a	Convenção	das	
Nações	Unidas	contra	o	Crime	Organizado	Transnacional.	[...]
FONTE: CORBELLINI, Gisele. Convenção dos Direitos da Criança - Direito de Todos. 
Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/conven%C3%A7%C3%A3o-
dos-direitos-da-crian%C3%A7a-direito-de-todos>. Acesso em: 6 set. 2016.
80
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
•	O	ECA	representou	um	avanço	para	a	legislação	ao	priorizar	a	questão	da	criança	
e	do	adolescente.
•	O	Direito	da	Criança	e	do	Adolescente	surgiu	através	da	organização	popular.
•	As	transformações	na	legislação	garantiram	o	direito	à	cidadania	para	crianças	e	
adolescentes	antes	excluídos	desse	contexto.
•	Entre	os	documentos	internacionais	criados	para	proteger	os	direitos	das	crianças	
e	dos	adolescentes	destaca-se	a	Convenção	Internacional	dos	Direitos	das	Crianças	
como	elemento	central	para	a	consolidação	desse	movimento	na	América	Latina.
•	A	Doutrina	da	 Situação	 Irregular	 estabelecia	 uma	divisão	da	 infância	 entre	
crianças,	adolescentes	e	menores.	Os	menores	eram	o	grupo	excluído	socialmente	
em	decorrência	de	seu	contexto	de	vulnerabilidade.
•	A	Doutrina	da	Proteção	Integral	garante	a	prioridade	absoluta	no	tratamento	das	
crianças	e	dos	adolescentes.
•	O	Direito	da	Criança	e	do	Adolescente	pode	ser	definido	como	a	área	do	Direito	
que	visa	garantir	os	direitos	fundamentais	desse	grupo.
•	As	críticas	ao	ECA	no	Brasil	apontam	para	a	proteção	excessiva	de	crianças	e	
adolescentes	que	cometem	infrações.
•	Em	contraponto	às	críticas,	o	ECA	é	elogiado	por	suas	medidas	educativas	em	
relação	àqueles	que	cometem	infrações.
•	O	direito	à	educação	no	ECA	prevê	a	educação	como	base	para	a	construção	da	
cidadania.
•	No	texto	do	ECA	fica	garantido	o	acesso	à	educação,	mas	a	tarefa	de	educar	é	
entendida	como	responsabilidade	da	escola,	da	família	e	da	comunidade.
•	O	direito	à	diversidade	é	contemplado	no	ECA,	pois	o	Estatuto	garante	o	acesso	
e	a	permanência	na	escola,	o	tratamento	respeitoso,	a	participação	na	construção	
do	projeto	pedagógico	e	a	representação	nas	entidades	estudantis	a	todos.
81
AUTOATIVIDADE
1	O	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	prevê	o	atendimento	de	 todas	as	
crianças	 e	 adolescentes	da	 rede	de	 ensino.	Partindo	desse	pressuposto,	 a	
educação	escolar	é	garantida	pela	lei	a	crianças	e	adolescentes	com	deficiências.	
Considerando	esse	 contexto,	 analise	 as	 sentenças	 e	 assinale	 a	 alternativa	
CORRETA:
a)	(		)	O	atendimento	às	crianças	e	adolescentes	com	deficiência	deve	ocorrer	
através	de	sua	inserção	na	rede	regular	de	ensino.
b)	(		)	As	crianças	e	adolescentes	serão	inseridos	na	educação	básica	através	do	
atendimento	em	instituições	especiais	de	ensino.
c)	 (	 )	O	ensino	domiciliar	deverá	 ser	 a	 forma	de	atendimento	de	 crianças	 e	
adolescentes	com	deficiência.
d)	(		)	A	rede	de	ensino	regular	poderá	optar	pelo	atendimento	ou	não	de	crianças	
e	adolescentes	portadores	de	deficiência	em	suas	turmas	regulares.
2	O	 contexto	histórico	da	 luta	pela	proteção	dos	direitos	da	 criança	 e	do	
adolescente	inicia	com	o	reconhecimento	dos	desafios	relacionados	ao	contexto	
de	 criminalidade	e	violência	no	qual	muitos	desses	 sujeitos	 encontram-se	
inseridos.	A	partir	dessa	realidade	impõe-se	a	mudança	de	visão	do	Estado	
sobre	a	questão.	Esse	processo	ocorreu	em	todo	o	mundo	e	foi	marcado	por	
diversos	acordos	internacionais.	Considerando	esse	contexto,	classifique	as	
alternativas	utilizando	o	código	a	seguir:
I	–	Declaração	de	Genebra.
II	–	Declaração	Universal	dos	Direitos	da	Criança.
III	–	Convenção	Americana	de	Direitos	Humanos.
IV	–	Convenção	Internacional	sobre	os	Direitos	da	Criança.
(		)	Garantiu	medidas	de	proteção	para	as	crianças.
(		)	Estabeleceu	a	Doutrina	da	Proteção	Integral.
(		)	Representou	a	garantia	de	proteção	especial	à	criança.
(		)	Estabeleceu	os	princípios	e	obrigações	para	o	Estado.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	representa	a	sequência	CORRETA:
a)	(		)	IV	–	II	–	I	–	III.
b)	(		)	II	–	IV	–	III	–	I.
c)	(		)	III	–	IV	–	I	–	II.	
d)	(		)	I	–	III	–	II	–	IV.
3	A	partir	do	reconhecimento	da	sociedade	em	relação	à	importância	do	tratamento	
prioritário	à	questão	da	criança	e	do	adolescente,	surgiu	a	Doutrina	da	Proteção	
Integral.	Considerando	as	 características	da	Doutrina	da	Proteção	 Integral,	
analise	as	afirmações	a	seguir	e	assinale	V	para	verdadeira	e	F	para	falsa:
82
(	 	 )	A	Doutrina	da	Proteção	 Integral	 resultou	do	 esforço	dos	governantes,	
independente	do	contexto	das	lutas	sociais.
(	 	 )	O	 tratamento	da	criança	e	do	adolescente	como	prioridade	absoluta	é	o	
princípio	da	Doutrina	da	Proteção	Integral.
(		)	A	Doutrina	da	Proteção	Integral	é	elemento	marcante	em	diversos	documentos	
internacionais	sobre	a	criança	e	o	adolescente.
(		)	A	Doutrina	da	Proteção	Integralé	realidade	nos	países	da	América	Latina	
devido	a	suas	características	diversas	em	relação	aos	demais	continentes.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	(		)	F	–	F	–	V	–	F.
b)	(		)	V	–	F	–	V	–	F.
c)	(		)	V	–	F	–	F	–	V.
d)	(		)	F	–	V	–	V	–	F.
83
TÓPICO 2
A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O	direito	à	educação	é	garantido	pela	legislação	a	todos.	Para	tornar	o	texto	
da	lei	em	realidade	é	preciso	transformar	a	educação	e	buscar	recuperar	o	atraso	
deixado	por	séculos	de	segregação	social.
Caro(a)	acadêmico(a),	na	Unidade	1	você	conheceu	os	desafios	teóricos	da	
relação	entre	inclusão	e	educação,	bem	como	foi	apresentada	em	linhas	gerais	a	
política	de	 inclusão.	Neste	 tópico,	 abordaremos	os	pormenores	dessa	política	 e	
suas	implicações	para	a	educação.
No	primeiro	tópico	você	foi	apresentado	à	legislação	que	garante	os	direitos	
das	crianças	e	adolescentes,	agora	iremos	conhecer	as	políticas	criadas	para	garantir	
o	acesso	e	a	permanência	de	todos	na	escola	através	da	noção	de	inclusão	social.
Caro acadêmico, o termo inclusão social é utilizado em diferentes contextos. 
Você conhece alguma iniciativa de inclusão social em sua comunidade? Converse com seus 
colegas a respeito de iniciativas que promovam a inclusão de pessoas com necessidades 
especiais em diferentes situações e reflita sobre a importância dessas ações na garantia do 
direito à diversidade.
2 INCLUSÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA
A	inclusão	social	é	reconhecida	como	ferramenta	para	a	garantia	do	direito	
à	diversidade	na	sociedade.	As	ações	de	inclusão	social	são	usualmente	destinadas	
às	pessoas	com	deficiência	tendo	por	objetivo	garantir	seu	espaço	na	sociedade.
O	uso	do	termo	inclusão	remete	a	processos	que	visam	incluir	pessoas	ou	
grupos	sociais	que	por	algum	motivo	encontram-se	marginalizados	na	sociedade.	
Partindo	desse	pressuposto,	 a	 inclusão	 social	deve	proporcionar	oportunidades	
iguais	para	os	indivíduos	que	por	uma	determinada	característica	encontram-se	
ATENCAO
84
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
excluídos	socialmente,	por	exemplo,	pessoas	com	deficiências	físicas	e	intelectuais	
ou	 grupos	 que	 pela	 posição	 econômica	 não	 têm	 acesso	 aos	mesmos	 direitos	 e	
oportunidades	previstos	pela	legislação.	
As	crianças	e	adolescentes	que	devem	ser	incluídos	socialmente	são	aqueles	
que	não	têm	acesso	aos	direitos	previstos	pela	CF	e	pelo	ECA,	como	o	direito	ao	
acesso	à	educação.	
O	 debate	 sobre	 inclusão	 social	 é	 importante	 porque	 a	 exclusão	 decorre	
da	 distância	 entre	 a	 garantia	 dos	 direitos	 prevista	 na	 legislação	 e	 a	 realidade	
da	 população	 brasileira.	Como	vimos	 no	Tópico	 1,	 indicadores	mostram	que	 a	
diversidade	social	se	encontra	convertida	em	desigualdades	no	acesso	a	direitos	
humanos	fundamentais,	como	saúde	e	educação.
Inclusão Social
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos[1] resume alguns dados que podemos considerar 
como exemplos de exclusão social:
- 125 milhões de crianças no mundo não frequentam a escola, sendo dois terços delas 
mulheres.
- Somente 1% dos deficientes físicos frequentam a escola em países subdesenvolvidos e 
emergentes.
- 12 milhões de crianças morrem por problemas relacionados à falta de recursos por ano.
Vale lembrar que, por exemplo, se uma pessoa é de determinada etnia, ou cor, ou se 
ela possui algum tipo de deficiência física ou é portadora de necessidades especiais, ela 
não é automaticamente uma pessoa socialmente excluída. No entanto, se a sociedade 
não oferece condições e faz com que qualquer uma dessas características se torne um 
impeditivo à liberdade humana, então há um caso de exclusão social. Portanto, mais do 
que uma expressão, a exclusão social é, de certo modo, uma forma de violência ao ser ou 
à dignidade humana, pois impede que um indivíduo exerça a sua cidadania por razões 
eticamente não justificáveis.
 [1] Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Ética e cidadania: construindo 
valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, SEIF, SEMTEC, 
SEED, 2003. Disponível em: <http://www.oei.es/quipu/brasil/ec_inclu.pdf>.
FONTE: Mundo Educação. Inclusão Social. Disponível em: <http://
mundoeducacao.bol.uol.com.br/educacao/inclusao-social.htm>. Acesso em: 17 
set. 2016. 
Na	 relação	 entre	 inclusão	 social	 e	 educação	 é	 preciso	 considerar	 que	
existem	no	universo	da	escola	diferentes	representações	de	necessidades	especiais	
que	necessitam	da	atenção	do	Estado,	da	gestão	e	do	corpo	docente.	O	próprio	uso	
do	termo	necessidades	especiais	necessita	de	reflexão:
NOTA
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
85
Necessidades Educacionais	são	as	demandas	apresentadas	pelos	sujeitos	
para	aprender	o	que	é	considerado	importante	para	a	sua	faixa	etária,	
pela	comunidade	à	qual	a	escola	faz	parte.	Necessidades	Educacionais	
Especiais	 são	 aquelas	 demandas	 exclusivas	 dos	 sujeitos	 que,	 para	
aprender	o	que	é	esperado	para	o	seu	grupo	de	referência,	precisam	de	
diferentes	formas	de	interação	pedagógica	e/ou	suportes	adicionais	[...]	
(GLAT;	BLANCO,	2007,	p.	25-26,	grifo	do	original).
Deste	modo,	a	necessidade	educacional	especial	remete	a	duas	esferas:	às	
questões	subjetivas	e	ao	contexto	histórico	e	cultural	do	qual	o	sujeito	faz	parte.	
Podemos	identificar	necessidades	educacionais	especiais	em	alunos	que	migram	
para	comunidades	com	língua,	valores	e	costumes	distintos	da	sua	comunidade	
de	origem,	bem	como	em	alunos	que	frequentam	escolas	com	currículos	de	baixa	
flexibilidade	voltados	para	as	expectativas	das	camadas	hegemônicas	da	população	
e	distantes	do	seu	cotidiano	(GLAT;	BLANCO,	2007).
Outro	 grupo	 de	 alunos	 que	 possui	 necessidades	 educacionais	
especiais	 é	 formado	 por	 aqueles	 que	 apresentam	 diferenças	
qualitativas	 de	 desenvolvimento	 devido	 a	 deficiências	 físicas,	
motoras,	sensoriais	e/ou	cognitivas,	distúrbios	psicológicos	e/ou	
de	 comportamento	 (condutas	 típicas),	 e	 com	 altas	 habilidades	
(GLAT;	BLANCO,	2007,	p.	26).
Para	o	 sucesso	da	 inclusão	 social	as	necessidades	educacionais	especiais	
precisam	ser	 identificadas	e	 respeitadas.	Por	 exemplo,	matricular	um	aluno	em	
uma	escola	e	garantir	que	ele	frequente	as	aulas	pode	não	significar	que	esse	aluno	
irá	 aprender	 e/ou	 pertencer	 àquele	 grupo.	 Estar	 no	 mesmo	 espaço	 que	 outras	
crianças	e	frequentar	a	mesma	série	não	é	suficiente	para	incluir	o	aluno,	é	preciso	
conhecê-lo	e	proporcionar	a	ele	oportunidades	de	aprendizagem	de	acordo	com	
suas	necessidades.
Para	compreender	as	implicações	da	inclusão	social	na	escola	é	fundamental	
estabelecer	a	diferenciação	entre	deficiência	 e	necessidade	educacional	 especial.	
Quando	nos	referimos	à	deficiência	entramos	no	campo	das	condições	orgânicas	
de	cada	indivíduo.	E	quando	nos	referimos	às	necessidades	educacionais	especiais	
damos	conta	dessas	questões	orgânicas,	mas	também	consideramos	outros	fatores	
que	 influenciam	 nas	 condições	 de	 aprendizagem	 de	 cada	 indivíduo	 (GLAT;	
BLANCO,	2007).
A	 noção	 de	 necessidades	 educacionais	 especiais	 está	 mais	 próxima	 do	
que	 é	 almejado	 com	 a	 inclusão	 social,	 pois	 é	 admitido	 que	 as	 diferenciações	 e	
necessidades	dos	seres	humanos	não	estão	restritas	a	aspectos	biológicos.	Padrões	
sociais,	 históricos,	 culturais	 e	 econômicos	 também	 exercem	 influência	 na	 vida	
social.	E	com	a	educação	não	é	diferente.	
As	necessidades	educacionais	especiais	não	estabelecem	um	padrão	único,	
pois	cada	necessidade	parte	da	condição	individual	e	particular	de	um	indivíduo,	
ou	 seja,	 podemos	 nos	 deparar	 com	dois	 alunos	 que	 apresentam	 o	mesmo	 tipo	
e	 grau	 de	 deficiência,	 porém,	 cada	 um	 deles	 poderá	 apresentar	 necessidades	
particulares,	exigindo	adaptações	curriculares	e	metodológicas	diferenciadas.	Emoutra	situação	possível,	nos	deparamos	com	alunos	que	não	possuem	deficiências	
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UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
físicas,	mas	necessitam	de	apoio	diferenciado	para	percorrer	o	processo	de	ensino-
aprendizagem	(GLAT;	BLANCO,	2007).
Observe	na	charge	de	Ricardo	Ferraz	como	diferentes	indivíduos	possuem	
necessidades	especiais.	A	acessibilidade,	por	exemplo,	não	é	necessidade	exclusiva	
de	deficientes	físicos.
FIGURA 23 - DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM RELAÇÃO À DIVERSIDADE E À 
ACESSIBILIDADE 
FONTE: Disponível em: <http://www.somostodosnos.com.br/wp-
 content/uploads/2015/03/charge-sobre-acessibilidade.jpg>. 
 Acesso em: 29 set. 2016.
No	caso	das	pessoas	com	deficiência	física,	a	legislação	garante	seu	acesso	às	
escolas,	pois	historicamente	o	atendimento	a	esse	grupo	acontecia	em	instituições	
especiais.	No	Brasil	a	história	do	atendimento	às	pessoas	com	deficiência	remete	
ao	período	colonial	e,	em	grande	parte	dessa	trajetória,	as	ações	do	Estado	voltadas	
para	 esse	 atendimento	 acabaram	 por	 criar	 uma	 cultura	 de	 exclusão,	 já	 que	 as	
pessoas	 com	 necessidades	 especiais	 eram	 atendidas	 em	 instituições	 à	 parte	 da	
educação	regular.
A	 criação	 de	 instituições	 para	 atendimento	 de	 pessoas	 com	 deficiência	
e	 as	mudanças	 na	 legislação	marcaram	a	 história	 da	 inclusão	 e	 da	 exclusão	na	
sociedade	brasileira.	Como	marcos	dessa	história,	podem	ser	destacados,	segundo	
o	MEC	(2008):
•	Imperial	Instituto	dos	Meninos	Cegos	(1854)	-	atual	Instituto	Benjamin	Constant	
(IBC)	e	Instituto	dos	Surdos-Mudos	(1857)	-	atual	Instituto	Nacional	de	Educação	
de	Surdos	(INES),	ambos	no	Rio	de	Janeiro.
•	Instituto	Pestalozzi	(1926)	-	atendimento	de	pessoas	com	deficência	mental,	onde	
foi	criado	o	primeiro	atendimento	educacional	especializado.	Em	1954	foi	fundada	
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
87
a	primeira	Associação	de	Pais	e	Amigos	dos	Excepcionais	(APAE).
•	A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	(LDBEN)	–	Lei	nº	4.024/61	–	
prevê	o	direito	dos	"excepcionais"	à	educação,	preferencialmente	na	rede	regular	
de	ensino.
•	A	Lei	nº	5.692/71	estabeleceu	o	tratamento	especial	para	alunos	com	deficiência	
física,	mental,	atraso	na	relação	idade/série	e	superdotação,	porém,	não	alterou	a	
estrutura	das	escolas	para	receber	esses	alunos.
•	O	Centro	Nacional	de	Educação	Especial	 (CENESP)	 foi	 criado	em	1973	 e	 era	
responsável	por	gerir	a	educação	especial	no	Brasil.	Porém,	permaneceram	ações	
isoladas	e	assistencialistas.
•	A	Constituição	Federal	de	1998	estabelece	a	promoção	do	bem	de	todos,	educação	
como	direito	de	todos	e	a	igualdade	de	condições	de	acesso	à	escola.
•	O	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA),	Lei	nº	8.069/90,	reforça	os	termos	
da	Constituição	Federal	e	determina	a	responsabilidade	dos	pais	em	matricular	
os	filhos	nas	instituições	de	ensino.
•	A	Declaração	Mundial	de	Educação	para	Todos	(1990)	e	a	Declaração	de	Salamanca	
(1994)	passam	a	influenciar	as	políticas	de	educação	inclusiva.
•	A	Política	Nacional	de	Educação	Especial	(1994)	prevê	o	acesso	dos	portadores	de	
necessidades	especiais	às	classes	regulares	de	ensino	e	mantém	a	responsabilidade	
no	âmbito	de	uma	educação	especial.
•	A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	(LDB),	Lei	nº	9.394/96,	assegura	
ações	específicas	para	atender	às	necessidades	dos	alunos	de	acordo	com	suas	
especificidades.
•	O	Decreto	nº	3.928	dispõe	sobre	a	Política	Nacional	para	Integração	da	Pessoa	
Portadora	 de	Deficiência	 e	 define	 a	 educação	 especial	 como	modalidade	
transversal.
•	As	Diretrizes	Nacionais	para	a	Educação	Especial	na	Educação	Especial,	Resolução	
CNE/CEB	nº	2/2001,	possibilitam	a	educação	especial	como	ação	complementar	
ou	suplementar	à	escolarização.
•	O	Plano	Nacional	de	Educação	(PNE),	Lei	nº	10.172/2001,	elabora	como	meta	a	
construção	de	uma	escola	inclusiva	que	garanta	o	atendimento	à	diversidade.
•	A	Convenção	 da	Guatemala	 (1999),	 promulgada	 no	Brasil	 pelo	Decreto	 nº	
3.956/2001,	afirma	que	as	pessoas	com	deficiência	possuem	os	mesmos	direitos	
humanos	e	liberdades	fundamentais	que	toda	a	população.
•	A	Resolução	CNE/CP	nº	1/2002,	que	estabelece	as	Diretrizes	Curriculares	Nacionais	
para	a	Formação	de	Professores	da	Educação	Básica,	prevê	a	formação	de	docentes	
com	atenção	à	diversidade.
•	A	Lei	nº	10.436/02	reconhece	a	Língua	Brasileira	de	Sinais	-	Libras	como	forma	
legal	de	expressão	e	comunicação.
•	A	Convenção	dos	Direitos	das	Pessoas	com	Deficiência	assegura	o	sistema	de	
educação	inclusiva.
A	inclusão	das	pessoas	com	deficiências	no	ensino	regular	é	prevista	por	
lei	desde	a	CF	de	1988;	desde	então,	uma	série	de	leis	foram	criadas	tendo	como	
objetivo	a	garantia	desse	direito.	
A	 Lei	 7.853,	 de	 1989	 –	 Dispõe	 sobre	 o	 apoio	 às	 pessoas	 portadoras	 de	
deficiência,	 sua	 integração	 social	 é	um	desses	 exemplos.	Através	dessa	 lei	ficou	
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UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
garantido	 o	 acesso	 dos	 portadores	 de	 deficiência	 à	 rede	 pública	 e	 particular	
de	 ensino	 tendo	por	direito	 os	mesmos	benefícios	 que	outros	 alunos	 e	 a	 oferta	
obrigatória	e	gratuita	da	educação	especial	na	rede	pública	de	ensino.
A	 Lei	 de	 Diretrizes	 e	 Bases	 da	 Educação	 Nacional	 prevê,	 no	 Capítulo	
V,	 a	 educação	 especial	 como	 modalidade	 de	 educação	 escolar	 a	 ser	 ofertada	
preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino.	Dando	ênfase	ao	atendimento	das	
necessidades	especiais	de	cada	indivíduo	para	seu	sucesso	escolar.
A	inclusão	educacional	das	pessoas	com	deficiência	é	uma	questão	polêmica.	
Como	incluir	esses	alunos	requer	uma	adaptação	da	escola	em	diferentes	sentidos,	
por	vezes,	persiste	a	resistência	da	comunidade	escolar.
De	forma	mais	ampla,	o	 texto	da	Declaração	Mundial	de	Educação	para	
Todos	 de	 1990	 visou	 apontar	 objetivos	 para	 garantir	 a	 premissa	 da	Declaração	
Universal	 dos	 Direitos	 Humanos	 de	 educação	 para	 todos.	 Esses	 objetivos	 se	
referem	 à	 satisfação	 das	 necessidades	 básicas	 de	 aprendizagem	 –	 cada	 pessoa	
deve	 ter	 condições	 de	 aproveitar	 as	 oportunidades	 de	 aprendizagem;	 expandir	
o	enfoque	–	fazer	uso	do	que	há	de	melhor	nas	práticas	educacionais	existentes;	
universalizar	 o	 acesso	 à	 educação	 e	 promover	 a	 equidade;	 concentrar	 atenção	
na	 aprendizagem;	 ampliar	 os	meios	 de	 e	 o	 raio	 da	 educação	 básica;	 propiciar	
um	ambiente	adequado	à	aprendizagem;	e	 fortalecer	as	alianças	entre	os	níveis	
nacional,	estadual	e	municipal.
O	Plano	Nacional	de	Educação	também	prevê	a	inclusão	e	a	redução	das	
desigualdades	como	objetivos.	No	plano	há	um	conjunto	de	metas	voltadas	para	
a	redução	da	desigualdade	e	valorização	da	diversidade	para	universalização	do	
ensino	e	a	ampliação	da	média	de	escolaridade	da	população.
O	Plano	Nacional	para	a	Educação	em	Direitos	Humanos	de	2013	parte	do	
princípio	de	que	a	educação	básica	inclui	o	desenvolvimento	social	e	emocional	dos	
sujeitos	que	se	encontram	no	processo	de	ensino	e	aprendizagem.	A	universalização	
da	educação	básica	abre	caminho	para	que	o	conhecimento	socialmente	produzido	
seja	 compartilhado	 e	 fomenta	 a	 democracia	 social.	 A	 educação	 em	 direitos	
humanos	contempla	o	conhecimento	formal	de	modo	a	valorizar	a	diversidade,	as	
dimensões	da	sustentabilidade	e	cidadania.
Entre	os	princípios	que	norteiam	a	educação	para	os	direitos	humanos	está	
a	construção	de	pilares	para	a	educação	através	do	respeito	à	diversidade	cultural	e	
ambiental,	garantia	da	cidadania,	do	acesso,	permanência	e	conclusão	da	educação	
básica,	a	equidade	–	étnico-racial,	religiosa,	cultural,	territorial,	físico-individual,	
geracional,	de	gênero,	de	orientarão	sexual,	de	opção	política,	de	nacionalidade,	
entre	outras	–	e	a	qualidadeda	educação.
As	orientações	para	as	práticas	educacionais	que	atendam	às	diversidades	
se	 encontram	 nas	 Diretrizes	 Nacionais	 para	 a	 Educação	 Especial	 na	 Educação	
Básica.	Na	 concepção	 apresentada	 no	documento,	 a	 educação	 escolar	 tem	uma	
responsabilidade	diante	do	reconhecimento	e	valorização	da	diversidade	humana.
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
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A	partir	da	evolução	da	legislação	ficam	garantidos	o	acesso	e	a	permanência	
de	todos	na	rede	de	ensino	regular.	Esse	direito	levou	a	uma	série	de	adequações	
nas	escolas	que	incluem	a	adaptação	do	espaço	físico	a	fim	de	atender	aos	alunos	
com	necessidades	especiais	por	exemplo,	adequação	de	acessos	com	rampas	e	das	
estruturas	de	banheiros	e	salas	de	aula.	Bem	como,	adequações	curriculares	e	de	
metodologias	que	proporcionem	igualdade	de	oportunidades	no	processo	ensino-
aprendizagem.	Essas	adequações	devem	favorecer	o	acolhimento	e	o	aprendizado	
dos	alunos.
O termo "Portador de deficiência" utilizado no livro de estudos, é mencionado 
apenas num contexto histórico. O termo atual passa a ser "pessoa com Deficiência . 
A tendência é no sentido de parar de dizer ou escrever a palavra “portadora” (como 
substantivo e como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta 
pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o 
substantivo ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida 
que faz parte da pessoa. Por exemplo, não dizemos e nem escrevemos que uma certa 
pessoa é portadora de olhos verdes ou pele morena. 
Nesse sentido, o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência definiu através da portaria 
2.344, o termo correto para o tratamento das pessoas com necessidades especiais. Por 
lei, elas devem ser tratadas como Pessoa com Deficiência.
Foi retirado oficialmente do termo a palavra “portador”. A publicação do decreto aconteceu 
no Diário Oficial da União no dia 5 de novembro.
Fonte: https://acessibilidade.ufg.br/up/211/o/TERMINOLOGIA_SOBRE_DEFICIENCIA_NA_
ERA_DA.pdf?1473203540
Atualmente,	a	política	de	inclusão	social	parte	do	reconhecimento	de	um	
paradoxo	no	campo	da	educação,	composto	pela	ampliação	do	acesso	à	educação	
e	pelo	caráter	exclusivo	e	elitista	da	educação	brasileira	ao	longo	de	sua	história.
A	 escola	 historicamente	 se	 caracterizou	 pela	 visão	 da	 educação	 que	
delimita	a	 escolarização	como	privilégio	de	um	grupo,	uma	exclusão	
que	 foi	 legitimada	 nas	 políticas	 e	 práticas	 educacionais	 reprodutoras	
da	 ordem	 social.	A	 partir	 do	 processo	 de	 democratização	 da	 escola,	
evidencia-se	 o	 paradoxo	 inclusão/	 exclusão	 quando	 os	 sistemas	 de	
ensino	 universalizam	 o	 acesso,	mas	 continuam	 excluindo	 indivíduos	
e	grupos	considerados	 fora	dos	padrões	homogeneizadores	da	escola	
(MEC,	2008,	p.	9).	
Nesse	 cenário,	 a	 exclusão	 tomou	 formas	 e	 características	 diversas	 em	
processos	de	segregação	e	 integração;	esses	processos,	por	sua	vez,	construíram	
formas	de	seleção	que	naturalizam	o	fracasso	escolar.	Analisando	esse	processo	
pela	perspectiva	dos	Direitos	Humanos	e	da	cidadania,	verifica-se	como	se	formam	
os	processos	de	hierarquização	e	estratificação	social.
DICAS
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UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
Os	processos	 normativos	 no	 âmbito	das	 escolas	 levam	à	distinção	 entre	
os	 alunos	 baseada	 em	 características	 intelectuais,	 físicas,	 culturais,	 sociais	 e	
linguísticas	que	compõem	a	estrutura	tradicional	da	educação	nas	escolas.	Através	
dessa	classificação	a	educação	especial	conforma	uma	modalidade	que	substitui	o	
ensino	regular.	Esse	 formato	cria	uma	dualidade	de	normalidade/anormalidade	
definida	no	 atendimento	 clínico	dos	 alunos	 e	define	 as	práticas	 em	 relação	 aos	
portadores	de	deficiência	(MEC,	2008).
Diante	da	evolução	das	noções	de	educação	especial	e	educação	inclusiva	
ao	longo	de	nossa	história,	ficam	evidentes	alguns	padrões	característicos.	Em	um	
primeiro	momento,	as	propostas	governamentais	apontam	para	avanços	na	inclusão	
e	no	atendimento	aos	alunos	com	necessidades	educacionais	especiais.	Contudo,	o	
avanço	desses	discursos	em	práticas	não	ocorreu	no	mesmo	passo	que	o	avanço	da	
legislação	e	dos	programas	governamentais	(BATALHA,	2009).	
Filmes para abordar a inclusão de pessoas com deficiência
 A inclusão de pessoas com deficiência é prevista na Constituição e figura entre os direitos 
dos cidadãos. Na prática, no entanto, realizar essa inclusão não se resume apenas a garantir 
a presença dessas pessoas em todos os espaços. Ainda nesses contextos, vemos alguns 
erros que terminam por reforçar práticas excludentes e discriminatórias.
Em muitos casos, isso acontece porque a deficiência toma um lugar central. Dito de outro 
modo, a pessoa passa a ser mais definida pelo que não tem do que pelos diversos outros 
elementos que tem. Para quebrar esse paradigma, é necessário que as deficiências sejam 
lidas em um contexto de diversidade. Todos temos perfis e necessidades específicas. Todos 
vivemos e aprendemos cada um à nossa maneira [...]
 Intocáveis (2012)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
O filme conta a história de Philippe, um homem rico que, após sofrer um grave acidente, fica 
tetraplégico. Precisando contratar um assistente, sua história cruza com a de Driss, jovem 
de baixa renda e sem nenhuma experiência na função de cuidador. O percurso trilhado 
pelos dois é de aprendizagem mútua. Driss contribui para a retomada da identidade e da 
autoestima de Philippe a partir de um trabalho que mostra o cuidado com as deficiências, 
mas também uma atenção ímpar com as potencialidades envolvidas.
Meu nome é Radio (2003)
Classificação indicativa: inadequado para menores de 12 anos
Todos os dias, ao redor da quadra de uma escola secundária na Carolina do Sul, circula 
James Robert Kennedy. Acompanhado de um carrinho de supermercado e um rádio, o 
jovem tinha por prática observar os intensos treinos de futebol americano liderados por 
Harold Jones, um treinador competitivo, que não tinha olhos para nada além do trabalho, 
tampouco para sua mulher e filha.
Um dia, uma brincadeira de mau gosto do time com James o deixa ainda mais assustado e 
o fecha ainda mais em seu silêncio – o jovem não fala. Até que um dia, o treinador resolve 
convidá-lo para assistir a um treino e pouco a pouco o insere na equipe. O filme mostra 
a inclusão de “Rádio” – nome pelo qual James passa a atender – numa dinâmica antes 
marcada pela competição e altas habilidades, trazendo sensivelmente a possibilidade de 
aprendizagem em outros tempos e maneiras.
DICAS
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
91
Colegas (2012)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Aninha, Stalone e Márcio protagonizam uma história de amizade e sonhos. Os três fogem 
do instituto em que viviam para perseguir seus respectivos desejos de casar, ver o mar e 
voar. Ao longo da trama, os três trilham um percurso de aventura, contribuindo para que 
a Síndrome de Down seja retratada dentro de um contexto de autonomia, superação e 
aprendizagem.
Cordas (2014) 
Classificação indicativa: livre
O curta animado “Cordas” narra a amizade entre Maria, uma garotinha muito especial, 
e Nicolás, seu novo colega de classe, que sofre de paralisia cerebral. A pequena, vendo 
algumas das impossibilidades do amigo, não desiste e faz de tudo para que ele se divirta 
e consiga brincar. Reconfigurando e recriando jogos e atividades, Maria celebra a vida do 
colega, aprende ao passo que ensina e emociona a todos – inclusive os espectadores 
–, com as possibilidades do sonho e de uma amizade verdadeira. Ao final, uma surpresa 
especial, que lembra a todos da importância do educar e da relação que se estabelece no 
ensino e aprendizagem. 
FONTE: Centro de Referências

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