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SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO Ansiedade, estresse e depressão

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Sumário
Rafaela de Almeida Schiavo 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
02. Psicologia da Gravidez
03. Primigestas e multíparas: ansiedade no terceiro trimestre
04. Indicadores de Estresse e Ansiedade entre primigestas e 
multíparas no terceiro trimestre de gestação
05. Estresse e Ansiedade no terceiro trimestre de gestação
06. Indicadores de estresse na gestação
07. Estresse no terceiro trimestre de gestação
08. Estresse na gestação: um problema de saúde pública
09. Sintomas de Estresse, Ansiedade e Depressão no 
Terceiro Trimestre de Gestação
10. Depressão Gestacional: um estudo exploratório
11. Ansiedade, Estresse e depressão no terceiro trimestre 
da gravidez
12. Fatores de Risco para Depressão Gestacional de 
Mulheres Usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS)
01. Introdução 02
03
04
07
10
12
34
36
38
41
44
52
Introdução
Rafaela de Almeida Schiavo 
02
        O Ciclo Gravídico Puerperal é marcado por alterações 
emocionais, características deste período, com possibilidade de 
desencadear conflitos psíquicos, comprometendo a saúde 
mental da mulher. 
       Tais alterações, frutos de fatores sociais e psicológicos, podem 
influenciar o desenvolvimento da gestação, assim como o bem- 
estar e saúde da mãe e do feto. Entre os fatores psicológicos que, 
geralmente, implicam em complicação durante gestação, parto 
e puerpério estão os sintomas de estresse, ansiedade e 
depressão. 
       A autora deste e-book Rafaela de Almeida Schiavo, pretende 
apresentar aos leitores, a prevalência dos sintomas de ansiedade, 
estresse e depressão de gestantes no final da gravidez e desta 
forma mostrar a importância de se realizar uma boa avaliação do 
estado psicológico de gestantes, pois, sabe-se que a maternidade 
é um período potencial de crise, entretanto, poucos profissionais 
têm se preocupado em investigar o estado emocional de 
mulheres nessa fase, negligenciando o fato de que nem todas as 
gestantes vivenciam este momento como o momento mais 
pleno e feliz de suas vidas, como a mídia divulga. 
       É necessário que profissionais da saúde tenham consciência 
de que o período gestacional é sim, um momento potencial de 
crise. Portanto, merece maior e melhor atenção à saúde e saúde 
mental nesta etapa.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Psicologia da Gravidez
Rafaela de Almeida Schiavo 
03
        A gravidez é uma trajetória que faz parte do processo normal 
do desenvolvimento. Este é um período na vida da mulher de 
transição e ansiedade. Além das mudanças corporais, também 
ocorrem mudanças psíquicas e sociais. Este fato é acentuado 
quando é a primeira gestação. Nesta fase, a mulher deixa o status 
de filha e esposa passando a desempenhar o papel de mãe. 
       Estar na condição de grávida não é vivido com o mesmo 
sentido emocional por todas as gestantes, tomar conhecimento 
de que se está grávida, pode ser bem ou mal recebido 
dependendo da mulher e a partir de então várias mudanças 
podem ocorrer na vida desta e, independentemente de como é 
recebida a notícia ou de como esta encara a gravidez, não estará 
livre da ambivalência de amor e ódio pela gestação. 
       O primeiro desejo de ter um bebê ocorre ainda na infância. O 
brincar de boneca serve como identificação com sua mãe, a 
menina pode fazer com a boneca tudo o que sua mãe faz com 
ela, a boneca-bebê se torna um filho para ela. A relação da
gestante com seu bebê, portanto, inicia-se muito antes da 
fecundação, antes mesmo de engravidar as mulheres fantasiam 
um filho, criando sobre ele expectativas.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Primigestas e multíparas
Rafaela de Almeida Schiavo 
04
        A gravidez é uma trajetória que faz parte do processo normal 
do desenvolvimento. Neste período é esperado que a mulher
apresente ansiedade em decorrência das mudanças próprias 
desta fase, e dependendo de como estas vivenciam tais 
mudanças, podem apresentar níveis alterados de ansiedade. Este 
trabalho pretendeu averiguar a proporção de ansiedade-estado 
no terceiro trimestre de gestação de primigestas e multíparas e 
averiguar se existe relacionamento entre a ansiedade-estado e 
variáveis sociodemográficas e da gestação. 
       Método: Investigou-se 159 gestantes, sendo 98 primigestas e 
61 multíparas, no terceiro trimestre de gestação, todas usuárias 
do SUS de uma cidade do interior paulista. Aplicou-se o 
Inventário de Ansiedade-Estado (IDATE), utilizando-se, como 
indicativo de sintomas de alta ansiedade, o critério de corte de 
escore igual ou acima do percentual 75. Aplicou-se também uma 
entrevista inicial para coleta de dados sóciodemográficos (idade, 
estado civil, escolaridade, número de gestações) e dados à 
respeito da gestação (saúde, ameaça de aborto, abortamento 
anterior, planejamento da gravidez, desejo da gestante e do 
parceiro pela gravidez). Os dados foram analisados usando o 
programa estatístico SPSS for Windows, versão 17.0. Para as 
análises de diferenças entre duas condições utilizou-se o Teste t 
independente, adotando-se p < 0.05 como nível crítico e as
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
ansiedade no terceiro trimestre
Rafaela de Almeida Schiavo 
05
análises de correlação foram submetidos ao Teste r de Pearson, 
adotando-se p < 0.05, como nível crítico. 
      Os resultados indicam que no terceiro trimestre 67 (42%) 
manifestaram alta ansiedade, o teste t independente indicou que 
existe diferença significativa entre a ansiedade-estado 
manifestado por primigestas e multíparas (t(157)=2.09; p = 0.03), o 
teste t indicou também que não existe diferença entre a 
ansiedade-estado manifestada por adolescentes e adultas 
(t(157)=1.53; p = 127), o teste r de Pearson foi utilizado para avaliar 
se existe correlação entre a ansiedade-estado e os dados da 
entrevista inicial das participantes. O teste indicou que das 
primigestas houve associação nas variáveis da entrevista (ameaça 
de aborto (r=0.233; p = 0.011); gravidez planejada (r=0.218; p= 
0.016); desejo pela gravidez (r=0.539; p < 0.001) e desejo do 
parceiro pela gravidez (r=0.455; p <0.001)). Já as multíparas 
apresentaram relacionamento apenas na variável (desejo da 
gestante pela gravidez) (r=0.240; p = 0.031). 
      Discussão. Os resultados encontrados indicam que há uma 
grande porcentagem de mulheres que estão apresentando 
ansiedade clínica no final da gestação, dados estes preocupantes, 
já que elevados níveis de ansiedade na gestação podem trazer 
consequências para a mulher na gestação e no puerpério, para o 
feto, para o nascimento do bebê e seu desenvolvimento humano. 
      Os dados também revelam que existe diferença entre a 
ansiedade manifestada por primigestas e multíparas, e não 
encontramos diferença em relação adolescente e adulta. Entre as 
perguntas do questionário inicial observou-se que existe um 
relacionamento entre a ansiedade-estado manifestada por
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
06
primigestas no terceiro trimestre e o ter passado por ameaça de 
aborto no inicio da gestação, o planejamento da gravidez, o 
desejo pela gravidez, e o desejo do parceiro. Quanto às 
multíparas só foi encontrado associação na variável desejo da 
gestante pela gravidez. 
     Podemos concluir que mulheres que passaram por ameaça 
de aborto no inicio da gravidez, as que não planejam e não 
desejam a gestação, assim como seus parceiros, fazem parte de 
um grupo de maior chance de apresentar alta ansiedade no final 
da gravidez, merecendo maioratenção dos profissionais que a 
atendem.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Indicadores de Estresse e 
Ansiedade entre 
primigestas e multíparas 
no terceiro trimestre de 
gestação
Rafaela de Almeida Schiavo 
07
        Estresse e ansiedade são condições normais no final da 
gestação, pois é um momento de inseguranças e expectativas 
quanto ao futuro. O problema ocorre quando o estresse e/ou 
ansiedade são vivenciados de forma intensa nesse período, pois 
em níveis elevados tanto o estresse quanto a ansiedade podem 
tornar prejudiciais para a saúde materno-infantil. 
        O presente trabalho buscou comparar os indicadores de 
estresse e ansiedade entre primigestas e multíparas no terceiro 
trimestre e investigar a associação entre tais indicadores com 
variáveis sociodemográficas e dados da gestação. Para essa 
pesquisa utilizou-se os instrumentos Inventário de Ansiedade 
Traço/Estado (IDATE), Inventário de Sintomas de Stress de Lipp 
(ISSL) e uma Entrevista Inicial com perguntas referentes a 
gestação e expectativas com a gravidez. 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
08
        Participaram 159 gestantes, sendo 98 primigestas e 61
multíparas, usuárias de uma Unidade Básica de Saúde de uma 
cidade do interior paulista. Utilizou-se de estatística descritiva e 
inferencial para a análise dos resultados. Os resultados indicaram 
que 78% das primigestas apresentaram estresse, sendo que 
destas 72% estavam na fase de resistência, 25% na fase de quase 
exaustão e 3% na fase de exaustão, 87% apresentaram sintomas 
psicológicos e 10% sintomas físicos e 3% apresentaram sintomas 
físicos e psicológicos concomitantemente. 
        Já as multíparas 95% delas apresentaram estresse, sendo 
que destas 5% estavam na fase de alerta, 62% na fase de 
resistência, 31% na fase de quase exaustão, 2% na fase de
exaustão, 21% apresentaram sintomas físicos, 74% sintomas 
psicológicos e 5% sintomas físicos e psicológicos 
concomitantemente. Quanto a ansiedade, 37% das primigestas 
apresentou alta ansiedade e das multíparas 51%. 
        Realizou-se o Teste t independente para verificar se existe 
diferença estatística entre o estresse apresentado entre 
primigestas e multíparas, observou-se que há diferença (t(157) 
=2,51; p < 0.05), onde as multíparas apresentaram maior estresse 
do que primigestas, e associando as variáveis de estresse com a 
Entrevista Inicial por meio do teste X2, observou-se que não há 
associação entre tais variáveis. 
        Quanto a ansiedade, observou-se por meio do Teste t 
independente que existe diferença significativa entre a ansiedade 
manifestada por primigestas e multíparas (t(157) = 2,09; p < 0,05), 
onde as multíparas apresentam níveis de ansiedade mais 
elevados do que primigestas, e associando as variáveis de
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
09
ansiedade com as da Entrevista Inicial por meio do teste X2, 
observou-se que há relacionamento entre, a idade das gestantes 
(X2 (1) = 4,31; p < 0,05), a escolaridade (X2 (3) = 12,39; p < 0,05), o não 
planejamento da gravidez (X2 (1) = 15,94; p < 0,01), o não desejar a 
gravidez (X2 (2) = 29,95; p < 0,01), e o não desejo do parceiro pela 
gravidez (X2 (2) = 19,16; p < 0,01). 
       Com esses resultados, ainda que com um número limitado 
de participantes, é possível concluir que mães de pelo menos um 
filho já nascido apresentam maior estresse e ansiedade durante o 
terceiro trimestre do que as gestantes que não têm filhos 
nascidos, pode se concluir também que o estresse no terceiro 
trimestre não foi associado aos dados sociodemográficos e as 
condições da gestação, entretanto a alta ansiedade no terceiro 
trimestre está associada com menor grau de instrução, ao não 
planejamento da gravidez, ao não desejo da gestante e do 
parceiro pela gestação.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Estresse e Ansiedade no 
terceiro trimestre de 
gestação
Rafaela de Almeida Schiavo 
10
        O ciclo gravídico puerperal é marcado por alterações 
emocionais características desse período, no entanto, há 
possibilidade de desencadear transtornos psíquicos significativos 
comprometendo a saúde mental da mulher. Fatores sociais e 
psicológicos maternos podem influenciar o desenvolvimento da 
gestação, bem como o bem-estar e saúde da mãe e do feto. Os 
fatores psicológicos que geralmente implicam em complicação 
durante gestação, parto e puerpério são o estresse e a ansiedade 
vivenciados na gravidez. 
       A presença de altos níveis de ansiedade e de estresse durante 
a gestação pode ser um fator de risco para o equilíbrio 
emocional materno e para o desenvolvimento do bebê, inclusive 
durante o período fetal. O objetivo deste trabalho foi identificar o 
estresse e ansiedade em primigestas após o sexto mês de 
gestação. 
       Participaram da pesquisa 54 primigestas, 16 estavam com seis 
meses, 16 com sete meses, 14 oito meses e oito com nove meses. 
Para realização dessa investigação foi utilizado os instrumentos 
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e o Inventário de 
Sintomas de Stress de Lipp (ISSL). 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
11
      Os resultados obtidos com o IDATE indicaram que cinco 
gestantes apresentaram baixa ansiedade, 41 ansiedade e oito, 
alta ansiedade. Já os resultados obtidos com o ISSL, indicaram 
que 13 primigestas não apresentaram sintomas de estresse e 41 
apresentaram sintomas, 31 estavam em fase de resistência e 10 
em fase de quase exaustão. Delas, 37 foram classificadas com 
sintomas psicológicos e seis foram classificadas com sintomas 
físicos, sendo que, para duas participantes houve igual 
prevalência dos sintomas físico e psíquicos. 
      Podemos concluir que para estas participantes o estado 
emocional prevalente após os seis meses de gestação é o ansioso 
e que para a maioria, este também é um período estressante. 
Pesquisas sugerem que medidas de prevenção como o 
oferecimento de programas de atenção à gestante e apoio 
psicossocial poderiam controlar a ansiedade e estresse na 
gestação, minimizando problemas decorrentes de uma gravidez 
ansiógena, tais como: nascimento prematuro, baixo peso, 
ansiedade materna pós-natal e depressão pós-parto. O 
acompanhamento psicológico durante a gravidez, em mulheres 
de risco, pode contribuir para uma vivência mais saudável da 
gestação, prevenindo perturbações obstétricas e patológicas.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Indicadores de estresse 
na gestação
Rafaela de Almeida Schiavo 
12
        O estresse pode ser entendido como uma resposta 
fisiológica, psicológica e comportamental, de um indivíduo que 
procura se adaptar e se ajustar às solicitações internas e/ou 
externas ao organismo (MARGIS et al., 2003).  Santos e Castro 
(1998) em uma revisão da literatura encontraram descrições de 
estresse a partir de três conceituações distintas. A primeira é 
centrada no ambiente reunindo acontecimentos ou 
circunstâncias percebidas como ameaçadoras ou perigosas, 
provocando sentimentos e situações de tensão; a segunda 
concepção encara o estresse como uma resposta, centrando-se 
nas reações das pessoas aos acontecimentos estressores e, a 
terceira concepção inclui acontecimentos estressores e respostas 
de tensão, descrevendo a relação entre a pessoa e o meio que a 
envolve. 
       Estresse é um estado que é percebido como uma ameaça ao 
equilíbrio fisiológico do sujeito. Em geral, a respostaao estresse é 
projetada para ter uma duração limitada e as mudanças 
resultantes desta atividade hormonal e de neurotransmissores, 
são rapidamente restauradas aos níveis pré-estresse. Por este 
motivo, o estresse foi denominado por Selye (1936) como 
Síndrome de Adaptação Geral (SAG). 
       No entanto, quando o estresse é de natureza crônica e o 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
13
indivíduo não consegue se adaptar a ele, isso poderá resultar em 
outros distúrbios, tais como: de ansiedade, depressão, diabetes, 
alcoolismo, tabagismo e abuso de drogas. Mudanças 
importantes na vida, tais como novo emprego, casamento, 
separação e nascimento de um filho, também podem gerar 
respostas de estresse nos sujeitos. 
       Em 1956, Selye (1936) citado por Camelo e Angerami, (2004) 
descreveu três fases ou estágios do estresse. A primeira, 
denominada fase de alarme que tem inicio quando a pessoa se 
defronta com um estressor, havendo um desequilíbrio 
homeostático e, então, o organismo se prepara para "luta ou 
fuga". É uma reação benéfica ao organismo à medida que 
prepara para que ele possa atuar em situações de urgência. 
       Goulart e Lipp (2008) ressaltam que o problema surge 
quando a prontidão fisiológica não é necessária ou quando é 
excessiva, característica da fase seguinte, denominada de 
resistência. Ela ocorre quando a fase de alerta persiste, devido à 
longa duração ou à grande intensidade do estressor e o 
organismo se utiliza das reservas de energia adaptativa, na 
tentativa de se reequilibrar. Se a reserva de energia adaptativa é 
suficiente, a pessoa se recupera e sai do processo de estresse. 
Porém, se o estressor exigir mais esforço de adaptação do que é
possível para aquele indivíduo, então, o organismo se enfraquece 
e torna-se vulnerável a doenças (CAMELO; ANGERAMI, 2004; 
GOULART JR.; LIPP, 2008). Por fim, Selye descreveu a fase da 
exaustão, quando o organismo encontra-se esgotado pelo 
excesso de atividades e pelo alto consumo de energia gasto na 
tentativa de buscar o restabelecimento do equilíbrio 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
14
homeostático. Tal fase ocorre quando a resistência da pessoa não 
foi suficiente para lidar com a fonte de estresse ou se houver, 
concomitantemente, a ocorrência de outros estressores 
(CAMELO; ANGERAMI, 2004; GOULART JR.; LIPP, 2008). 
      Lipp (2000) descreveu uma fase intermediária, entre a fase de 
resistência e a de exaustão, denominada de Quase Exaustão. Essa 
fase caracteriza-se por um enfraquecimento da pessoa que não 
está conseguindo adaptar-se ou resistir ao estressor, mas que 
ainda não tenha atingido a exaustão completa (CAMELO; 
ANGERAMI, 2004; GOULART JR.; LIPP, 2008; LIPP, 2004). 
      Em decorrência do estresse pode haver o enfraquecimento do 
sistema imunológico, aumentando as chances de infecções, 
como também pode afetar os aspectos afetivos emocionais do 
sujeito, favorecendo o adoecimento. As respostas inadequadas 
do sistema de estresse também podem prejudicar o crescimento 
e desenvolvimento do individuo, e pode ser responsável por uma 
série de problemas endócrinos, metabólicos, autoimunes e 
psiquiátricos. 
      Gestantes que são expostas por longo prazo a eventos 
estressores, são fortes candidatas a apresentarem riscos à sua 
saúde e a do feto. O feto responde ao estresse materno, com 
aumento de frequência cardíaca. Além disso, o estresse materno 
durante a gestação aumenta o risco à pré-disposição ao 
desenvolvimento de doenças mentais. O estresse crônico durante 
o período do desenvolvimento do cérebro humano, tem sido, 
associado a déficits de aprendizagem e comportamentais, além 
de distúrbios do humor, incluindo a depressão em idades mais 
avançadas (VAN DER HOVE et al., 2006).
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
15
       Para Busnel (2002 p.62) existem diferentes tipos de estresse 
materno que podem causar efeitos no feto e sobre o recém- 
nascido.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
[...] o estresse transmitido pela mãe, através de toda 
a sua fisiologia, pelas variações do ritmo cardíaco, da 
pressão arterial, da respiração, eventualmente a sua 
comunicação e todo o efeito hormonal produzido 
por uma agressão. [...] estresse de origem externa. 
São devido às drogas, ao fumo e ao alcoolismo. [...] o 
estresse físico ou fisiológico que pode resultar de 
surras – violência física a que é submetida à mãe- ao 
excesso de calor, a grandes infecções, febres altas, 
desnutrição e ao ruído intenso.
       O estresse na gestação, em geral, está associado, aos 
aborrecimentos diários sentidos no início da gravidez e ao medo 
do parto em meados da gestação. No período gestacional, 
principalmente a primigesta, passa por diversas situações 
inesperadas e desconhecidas. 
       O estresse durante a gestação pode ser um fator de risco para 
o equilíbrio emocional materno e para o desenvolvimento do 
bebê, inclusive durante o período fetal. Crianças cujas mães 
foram expostas a eventos estressores na gravidez, apresentam 
taxas elevadas de problemas emocionais e comportamentais, 
sugerindo que o estresse materno no período gestacional pode 
causar um efeito sobre o feto, que dura até pelo menos meados 
da infância (O’CONNOR; HERON; GOLDING; GLOVER, 2003;
Rafaela de Almeida Schiavo 
16
O’CONNOR et al., 2002; GUTTELING et al., 2005; HUIZINK et al., 
2002). 
       Além disso, o estresse no período gestacional pode ser um 
fator na perturbação da etiologia do desenvolvimento neural, 
implicando em psicopatologias tais como: algumas formas de 
esquizofrenia e transtornos afetivos já na idade adulta (WATSON, 
et al., 1999; TALGE; NEAL; GLOVER, 2007). 
       Um estudo realizado por Buitelaar et al. (2003) avaliou o 
estresse de gestantes por meio de questionários e coleta de 
saliva para verificar a concentração de cortisol como medida 
endocrinológica do estresse materno. Após o nascimento do 
bebê os pesquisadores avaliaram o desenvolvimento cognitivo 
da criança por meio da Bayley Scales of Infant Development 
(BSID), aos três e oito meses de idade, verificando que os bebês, 
filhos de mulheres que apresentaram estresse durante a 
gravidez, apresentaram atrasos cognitivos no desenvolvimento, 
principalmente os bebês de oito meses de idade. Os autores 
sugerem que os prejuízos cognitivos, foram mais observados em 
bebês com oito meses, pois estes apresentam um 
desenvolvimento maior de consciência e interesse no mundo 
externo, do que bebê com idade inferior. 
       Sabe-se hoje, que qualquer substancia ingerida pela grávida é 
passada ao feto, atravessando a placenta. Desta forma, as 
perturbações emocionais que provocam alterações neuro- 
hormonais, também irão repercutir sobre o estado 
neurofisiológico do feto. Os mesmos são lançados na corrente 
sanguínea e passados ao feto pelo cordão umbilical, provocando 
um estado no feto, semelhante àquele sentido pela gestante 
(WILHEIM, 1997; BUSNEL, 1999).   
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
17 
       A placenta tem função de barreira intermediária e 
mensageira ativa do “diálogo” materno-fetal, produzindo e 
liberando substâncias reguladoras da fisiologia. O estresse 
fisiológico e patológico influencia tal função, de modo que, o 
estímulo do estresse endógeno ou exógeno estimule a secreção 
de Hormônio Liberador de Corticotrofina (HLC) placentário, como 
resposta adaptativa da placenta para fugirdessas condições 
adversas (FLORIO et al., 2002). 
       Sabe-se que a atividade do eixo Hipotálamo-Pituitária- 
Adrenal (HPA) é aumentado em mulheres grávidas. O estresse 
pré-natal quando duradouro, pode provocar perturbações no 
HPA, o cortisol ao atravessar a placenta pode afetar o feto e 
perturbar o processo de desenvolvimento em curso, podendo 
desta forma, ocasionar maior vulnerabilidade à psicopatologia 
em crianças e adolescentes, que foram expostos por longo prazo 
ao estresse materno, no período fetal (O’CONNOR et.al., 2005; 
VAN DEN BERGH; MULDER; MENNES; GLOVER, 2005). 
       Estudos indicam que gestantes expostas ao estresse dão a luz 
significativamente mais cedo, e a bebês com peso ao nascer, 
inferior à média dos nascidos de mães não expostas ao estresse 
(CONDE; FIGUEIREDO, 2003; ARAÚJO; PEREIRA; KAC, 2007; 
AUSTIN; LEADER, 2000; LOBEL; DUNKEL-SCHETTER; SCRIMSHAW,
1992; WADHWA et al., 1993). Existe uma associação entre a 
ansiedade materna durante a gravidez e aumento da resistência 
do índice da artéria uterina, o que poderia explicar as associações 
entre a ansiedade materna e o baixo peso ao nascer (MANCUSO, 
et al., 2004; DIEGO et al., 2006; TEXEIRA; FISK; GLOVER, 1999). 
       O estresse materno na fase pré-natal pode também causar 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
18
complicações obstétricas, risco de pré-eclâmpsia, mecônio no 
liquido amniótico e asfixia fetal (CORREIA; KURKI et al., 2000; 
BURSTEIN et al., 1974; BHAGWANANI et al., 1997), além da 
depressão no período gestacional, indicativo para ansiedade e 
depressão puerperal (CURY; MENEZES, 2006; O’CONNOR; 
HERON; GLOVER, 2002; BROUWERS; VAN BAAR; POP, 2001; ROSS 
et al., 2003).     
       Pretende-se neste trabalho responder a duas questões: Como 
é o nível de estresse no terceiro trimestre de gestação? Há 
diferença entre primigestas e multíparas quanto ao estresse 
apresentado 
Objetivos 
       O objetivo deste trabalho foi o de avaliar o estresse de 
gestantes no terceiro trimestre de gestação e investigar se existe 
diferença no nível de estresse entre primigestas e multíparas. 
Método 
       Este trabalho tem caráter de pesquisa exploratória, onde os 
dados foram analisados usando o programa estatístico SPSS 17.0. 
Realizando-se análise descritiva e estatística. 
Participantes: 
       Participaram desta pesquisa, 147 gestantes, usuárias do SUS 
(Sistema Único de Saúde), que estavam no terceiro trimestre de 
gestação. Das participantes 58% eram primigestas e a idade 
média foi de 21 anos para primeigestas e 27 para as multíparas. 
Quanto ao estado civil das primigestas, 66% residiam com o pai 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
19
do bebê, 17% estavam namorando e 17% não estavam mais com 
o pai do bebê. Já as multíparas, 79% residiam com o pai do bebê, 
16% estavam namorando e 5% não estavam mais com o pai do 
bebê. 
       Em relação a escolaridade das primigestas, 13% tinham o 
ensino fundamental incompleto, 27% fundamental completo, 
53% ensino médio completo e 7% ensino superior.  A 
escolaridade das multíparas era de, 34% ensino fundamental 
incompleto, 20% fundamental completo, 43% médio completo e 
3% superior. 
Local: 
       A coleta de dados foi feita em um Núcleo de Saúde Central, 
de uma cidade de médio porte, do interior paulista. 
Materiais: 
       Foi utilizada uma Entrevista Inicial, elaborada para esse 
estudo, para a coleta de informações demográficas das 
participantes e informações sobre a gestação. 
       Para a avaliação de sintomas de estresses utilizou-se o 
Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL) (Lipp, 2000) para 
adultos acima de 15 anos. O inventário é composto por quatro 
quadros (quadro 1: 24 horas; quadro 2: uma semana e quadro 3: 
um mês). Este instrumento pode ser aplicado em grupo de até 
20 pessoas ou individualmente. O ISSL contém 15 itens para o 
quadro 1, sendo 12 itens relacionados a Sintomas Físicos e três 
itens relacionados à Sintomas Psicológicos; outros 15 itens para o 
quadro 2, sendo 10 itens relacionados à Sintomas Físicos e cinco
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
20
itens relacionados à Sintomas Psicológicos e 23 itens para o 
quadro 3, sendo 12 itens relacionados à Sintomas Físicos e 11 itens 
relacionados à Sintomas Psicológicos. A aplicação obedeceu às 
instruções do Manual. 
Procedimento 
a) Para coleta dos dados: 
       Todas as gestantes, no terceiro trimestre, foram identificadas 
no Núcleo de Saúde, junto ao setor de agendamento no dia em 
que estas tinham consulta marcada com o obstetra ou 
ecografista. Eram então, convidadas a participar do presente 
projeto. O projeto era, explicado e dirimidas as dúvidas. Em caso 
de aceite, depois de cumpridos os protocolos éticos previstos 
pelo CONEP (1996) Assinatura do Consentimento Livre e 
Esclarecido, elas respondiam ao Inventário de Sintomas de Stress 
de Lipp (ISSL) e a Entrevista Inicial, antes da consulta médica. Ao 
final da aplicação estas foram informadas quanto ao resultado. 
b) Para análise dos dados 
       A tabulação dos dados do ISSL foi realizada a partir das 
respostas das participantes. Para chegar aos escores brutos 
somam-se por quadro as respostas P (Psicológicos) e F(Físicos) 
separadamente, de modo que se obtiveram três escores físicos e 
três psicológicos, em um total de seis. Em seguida, somam-se os 
escores P + F por quadro, de modo que se tenham três escores 
um para cada quadro do inventário. Se qualquer dos subescores 
de P + F atingir o critério para o quadro pertinente, pode concluir- 
se que a pessoa tem estresse.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
21
      Para a análise estatística usou-se o programa SPSS 17.0, com o 
objetivo de verificar se há diferença significativa entre o estresse, 
a fase do estresse e os sintomas de estresse apresentados por 
primigestas e multíparas, a partir do Test t (student), para 
amostras independentes. 
Resultados 
     Os dados coletados na Entrevista Inicial sobre aspectos da 
gestação indicou que, 12% das primigestas tinham história de 
aborto anterior, 9% tiveram ameaça de aborto, 15% 
apresentavam problemas de saúde durante a gestação e 41% 
planejaram a gravidez. Quanto às multíparas, 28% tinham 
história de aborto anterior, 8% tiveram ameaça de aborto, 13% 
apresentaram problemas de saúde durante a gestação e 34% 
planejaram a gravidez. 
     Observa-se que a frequência de abortos anteriores foi maior 
para o grupo das multíparas, enquanto que as primigestas 
planejaram mais esta gestação do que as multíparas. Nas demais 
variáveis analisadas não se observou diferenças entre os grupos. 
     A Tabela 1 mostra o resultado da avaliação do estresse de 
gestantes no terceiro trimestre de gestação. Os dados indicam 
que 85% das participantes apresentaram estresse no terceiro 
trimestre de gestação, sendo mais frequente nas multíparas 
(95%).
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
22
        O teste t para amostras independentes indicou que há 
diferença significativa (p<0.05) entre a manifestação do estresse 
no terceiro trimestre, entre primigestas e multíparas, indicando 
que, este segundo grupo parece mais vulnerável ao 
desenvolvimento de estresse t (145) = 2.940; p= 0,004. 
       É apresentado na Tabela 2, as fases do estresse onde as 
participantes desta pesquisa foram classificadas no terceiro 
trimestre de gestação.Nota-se que nenhuma primigesta foi classificada na fase de 
alerta, 57% (n=49) foram classificadas na fase de resistência, 19% 
(n=16) na fase de quase exaustão e 2% (n=2) na fase de exaustão.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
        Entre as multíparas 5% (n=3) estavam na fase de alerta, 61% 
(n=37) na fase de resistência, 28% (n=17) na fase de quase exaustão 
e 2% (n= 1) na fase de exaustão. 
       Das 125 gestantes, 86% da amostra, que apresentaram 
estresse, foram analisados os níveis do mesmo e, observou-se 
que 69% delas se encontraram na fase de resistência, e 27% na 
fase de exaustão. Analisando cada grupo observou-se que a
Rafaela de Almeida Schiavo 
23
maior frequência foi das primigestas 73% na fase de resistência, e 
em quase exaustão, foram as multíparas 29%. Nas fases de alerta 
e exaustão a frequência foi pequena para os dois grupos. 
      Houve diferença significativa na fase de estresse que se 
encontram primigestas e multíparas de acordo com o teste t 
(p<0.05), é possível dizer que a fase mais predominante do 
estresse de gestantes é o da fase de resistência e a fase que 
aparece com menor frequência é a de alerta, quando no terceiro 
trimestre de gestação. 
      Observa-se que na Tabela 3, analisando os sintomas de 
estresse apresentado pelas participantes desta pesquisa no 
terceiro trimestre de gestação, que 9% (n=8) das primigestas 
manifestaram sintomas físicos de estresse, enquanto que 66% 
(n=57) apresentaram sintomas psicológicos e 2% (n=2) 
apresentaram igualmente sintomas físicos e psicológicos.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
        Já as multíparas 13% (n=8) manifestaram sintomas físicos, 71%
(n=43) apresentaram sintomas psicológicos e 12% (n=7) 
apresentaram sintomas físicos e psicológicos. 
       Embora se observe que o sintoma psicológico é o que
Rafaela de Almeida Schiavo 
24
aparece com maior frequência no terceiro trimestre de gestação 
(80%), a análise estatística revela uma diferença significativa 
quando comparamos os sintomas apresentados por primigestas 
e multíparas (p<0.05), onde primigestas apresentam uma 
pequena frequência dos sintomas físicos e menor frequência 
ainda quando classificadas igualmente com sintomas físicos e 
psicológicos. Já as multíparas apresentam uma frequência 
consideravelmente acima das primigestas na manifestação de 
sintomas físicos e dos sintomas igualmente físicos e psicológicos. 
Conclusão 
         Com os resultados encontrados é possível afirmar que 
grande parte das gestantes no terceiro trimestre de gestação, 
estão estressadas. Ser mãe de pelo menos um filho é uma 
condição favorável ao aparecimento dos sintomas de estresse. A 
fase de resistência é a mais frequente entre as gestantes que 
apresentam estresse no terceiro trimestre e a fase de alerta é a 
que surge com menor frequência, sendo os sintomas 
psicológicos o mais presente no estresse manifestado pelas 
gestantes. 
        É possível dizer que há diferença significativa entre o estresse 
apresentado por primigestas e multíparas, sendo as multíparas 
mais propensas a manifestação do estresse, verificou-se também 
que a fase de resistência é mais frequente em primigestas e a 
fase de quase exaustão é mais frequente em multíparas. Os 
sintomas de estresse manifestados por primigestas e multíparas 
são significativamente diferentes, sendo as multíparas mais 
propensas a apresentar sintomas físicos e físicos e psicológicos 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
25
concomitantemente. 
       Tais resultados apontam a grande necessidade de que mais 
pesquisas em relação ao estresse na gestação, sejam realizadas 
em nosso país, é importante que haja trabalhos que investiguem 
os motivos pelos quais gestantes apresentam estresse no ultimo 
trimestre, existem muitos trabalhos que levantam alguns pontos 
que em geral, levam grávidas a apresentarem alterações do 
humor, mas há poucos trabalhos que investigaram quais 
poderiam ser os possíveis eventos estressores durante a gestação. 
       É importante frisar que há poucos estudos psicológicos 
nacionais que investigam o estresse gestacional, mas há muita 
literatura estrangeira, principalmente apontando os prejuízos que
o estresse pode causar na mãe, no feto, e ao longo do ciclo vital 
do sujeito que foi exposto na vida uterina ao estresse materno. 
       Pesquisas estrangeiras não revelam números tão altos de 
participantes com estresse, como os encontrados neste trabalho. 
Algumas hipóteses em relação aos possíveis eventos estressores 
no final da gestação poderiam ser o fato, de que existe uma 
preconcepção sociocultural sobre o parto, onde as mulheres 
imaginam que sentirão uma dor terrível, o medo da mudança da 
rotina de vida após nascimento do bebê, a alta ansiedade, 
preocupação financeira, profissional, conjugal, entre outras. 
       Infelizmente no Brasil não é dada a devida atenção pré-natal, 
às gestantes, o pré-natal psicológico não é realizado na maioria 
dos atendimentos. Sabe-se hoje que a maternidade é um 
período potencial para o desenvolvimento de crise, mas parece 
que a maioria dos profissionais da saúde, tem negligenciado este 
fato, a fase onde mais há ocorrências de internações e
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
26
desencadeamento de problemas psiquiátricos em mulheres, é 
durante a gravidez e pós-parto. 
      O ideário de que a maternidade é uma fase “linda e 
maravilhosa” na vida das mulheres, pode ser um dos fatores que 
contribuem para esta ser negligenciada por parte dos 
profissionais da saúde. 
      O mito que foi criado historicamente em torno da 
maternidade, como sendo uma “Benção de Deus”, “O desejo de 
toda mulher”, entre outros, faz com que a própria gestante ao ter 
sentimentos hostis em relação a gravidez, ou em relação ao 
próprio bebê, sinta um forte sentimento de culpa, o que pode 
levar ao desenvolvimento do estresse, principalmente se a 
mulher já é mãe e engravida novamente, em um momento não 
apropriado. 
      Este ideário construído coloca em risco a saúde da gestante, e 
a do bebê, pois, os próprios profissionais da saúde, não estão 
preparados para ouvir que ela não está feliz com a gravidez 
naquele momento, ou qualquer outro evento desagradável que 
possa ter ocorrido. Muitas são mal compreendidas pela equipe 
que a atende, os profissionais recebem alta demanda de 
pacientes e não dispõem de tempo hábil para um atendimento 
clínico mais atencioso e humanitário. 
      É de máxima importância e urgência que o atendimento à 
gestante ganhe nova atenção. Já é sabido que o ciclo gravídico 
puerperal é marcado por alterações emocionais, características 
desse período, no entanto, há possibilidade de desencadear 
transtornos psíquicos significativos comprometendo a saúde 
mental da mulher. 
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
27
      A fase de gestação, é um período potencial para o 
desenvolvimento de crise, existe um número alto de pesquisas 
que apontam porcentagem considerável de mulheres que 
apresentam transtornos psiquiátricos nesta fase do 
desenvolvimento. 
     Havendo tantas pesquisas, nacionais e internacionais 
apontando números alarmantes de mulheres com sua saúde 
mental comprometida, durante o período gestacional, não é 
mais possível e aceitável que os profissionais da saúde continuem 
a negligenciar a importância de se fazer um acompanhamento 
psicológico da grávida. 
     Por meio do pré-natal médico e psicológico,é que se poderá 
prevenir, os riscos a saúde materno-infantil, tais como; o 
nascimento prematuro, abaixo do peso, complicações 
obstétricas, atrasos no desenvolvimento infantil, ansiedade e ou 
depressão pós-parto, psicose puerperal, entre outros. 
     Organizar programas de atenção à gestante poderia minimizar 
o estresse da grávida. Os programas de atenção à gestante têm 
entre seus objetivos o informar a gestante, familiares ou casais 
grávidos, quanto aos aspectos biopsicossociais da gestação, parto 
e puerpério, além de proporcionar um espaço para que os 
integrantes possam partilhar sua experiência gestacional, suas 
angústias, dúvidas, necessidades etc. 
     Tais programas são comumente chamados de Cursos para 
Gestante, de Psicoprofilaxia, de Pré-natal Psicológico, de 
Preparação para o Parto, entre outros nomes. Em geral os 
encontros são ministrados por profissionais da saúde. 
     Pesquisas sugerem que medidas de prevenção como o
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
28
oferecimento de programas de atenção à gestante e apoio 
psicossocial poderiam, minimizar os problemas decorrentes de 
estresse na gravidez, contribuindo para uma vivência mais 
saudável da gestação, prevenindo perturbações obstétricas e 
patológicas, para a mãe e bebê.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
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SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Estresse no terceiro 
trimestre de gestação
Rafaela de Almeida Schiavo 
34
        Gestantes que são expostas por longo prazo a eventos 
estressores, são candidatas potenciais a apresentarem riscos à 
sua saúde e a do feto, tais como, nascimento prematuro, baixo 
peso, complicações obstétricas, pré-eclâmpsia, mecônio, asfixia 
fetal, depressão no período puerperal, entre outras. 
        O objetivo deste trabalho foi avaliar o estresse de gestantes 
no terceiro trimestre de gestação. Para esta pesquisa utilizou-se o 
Inventário de Stress de Lipp. As 135 gestantes participantes foram 
identificadas em uma Unidade Básica do Sistema Único de 
Saúde de uma cidade do interior paulista, sendo 81 primigestas e 
54 que já tinham pelo menos um filho. Os resultados indicaram 
que 84% (114) apresentaram estresse e 15% (21) não apresentaram 
sintomas de estresse. Das que apresentaram sintomas de 
estresse 3% (3) estavam em fase de alerta, 66% (75) em fase de 
resistência, 28% (33) na fase de quase exaustão e 3% (3) em fase 
de exaustão, destas 11% (13) apresentaram sintomas físicos, 82% 
(93) sintomas psicológicos e 7% (8) apresentaram igualmente 
sintomas físicos e psicológicos. 
        Com os resultados obtidos é possível afirmar que no terceiro 
trimestre de gestação grande parte das grávidas encontra-se 
estressadas, em sua maioria na fase de resistência com 
prevalência de sintomas psicológicos. Tais resultados apontam
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
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para um problema que deve ser alvo de políticas públicas 
eficientes considerando os danos que o estresse vivenciado na 
gravidez pode causar a gestante e ao feto, no parto e pós-parto e 
ainda, possível prejuízos ao filho em idades mais avançadas.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Estresse na gestação
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        Gestantes que são expostas por longo prazo a eventos 
estressores, são fortes candidatas a apresentarem riscos à sua 
saúde (complicações obstétricas, pré-eclâmpsia, além da 
depressão no período puerperal) e à do feto (mecônio no líquido 
amniótico e asfixia fetal, nascimento prematuro e/ou abaixo do 
peso). O objetivo deste trabalho foi avaliar o estresse de gestantes 
no terceiro trimestre de gestação. Foram avaliadas 135 gestantes, 
identificadas em uma Unidade Básica do Sistema Único de 
Saúde, que estavam no terceiro trimestre de gestação, onde 81 
eram primigestas e 54 já tinham pelo menos um filho. 
        Para esta pesquisa exploratória utilizou-se o Inventário de 
Stress de Lipp (ISSL). Os resultados encontrados indicaram que, 
das 81 primigestas, apenas 18 (22%) não apresentaram sintomas 
de estresse e das 54 gestantes que já tinham pelo menos um 
filho, apenas 3 (6%) delas não apresentaram sintomas de 
estresse. Das primigestas que apresentaram sintomas de 
estresse, 45 (56%) estavam na fase de resistência, 16 (20%) na fase 
de quase exaustão e 2 (2%) na fase de exaustão, sendo que 54 
(67%) apresentavam sintomas psicológicos, 6 (7%) sintomas 
físicos e 3 (4%) apresentaram sintomas físicos e psicológicos. Das 
gestantes que já tinham pelo menos um filho e que 
apresentaram sintomas de estresse, 3 (6%) estavam na fase de 
alerta, 30 (56%) na fase de resistência, 17 (31%) na fase de quase
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
um problema de saúde pública
Rafaela de Almeida Schiavo 
37
exaustão e 1 (1%) na fase de exaustão, sendo que, 39 (72%) 
apresentavam sintomas psicológicos, 7 (13%) sintomas físicos e 5 
(9%) sintomas psicológicos e físicos. 
       Os resultados sugerem que mães de pelo menos um filho, 
apresentam mais estresse do que as que estão grávidas pela 
primeira vez. A fase de resistência é prevalente em ambos os 
grupos, os sintomas psicológicos são o mais presente para 
ambos os grupos. Medidas de prevenção como o oferecimento 
de programas de atenção à gestante e apoio psicossocial 
poderiam minimizar os problemas decorrentes de estresse 
durante a gravidez, contribuindo para uma vivência mais
saudável da gestação, prevenindo perturbações obstétricas e 
patológicas, para a mãe e para o bebê.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Sintomas de Estresse, 
Ansiedade e Depressão no 
Terceiro Trimestre de 
Gestação
Rafaela de Almeida Schiavo 
38
        O ciclo gravídico puerperal é marcado por alterações 
emocionais características desse período, mas em alguns casos 
podem ocorrer alterações emocionais significativas, 
comprometendo a saúde mental da mulher. 
        Encontram-se na literatura vários estudos referentes á 
depressão puerperal, com índices de 10 a 15% de mulheres com 
depressão pós-parto, em vários países, no entanto, os distúrbios 
psíquicos que acometem a mulher durante gestação, seja a 
depressão, a ansiedade ou o estresse, têm sido pouco estudados 
e precisam ser melhores investigados pelas consequências que 
podem ter para o parto e puerpério. 
        Este trabalho, de delineamento transversal, teve por objetivo 
avaliar sintomas de estresse, ansiedade e depressão em 
mulheres no terceiro trimestre de gestação. Foram avaliadas 301 
gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde, em três cidades 
do interior paulista. A avaliação ocorreu nos locais onde as 
gestantes realizavam o pré-natal.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
39
       Elas eram convidadas a participar da pesquisa e, as que 
aceitavam, assinavam o termo de consentimento livre e 
esclarecido e respondiam ao Inventário de Sintomas de Stress de 
Lipp (ISSL), Inventário de Ansiedade Traço/Estado (IDATE) e 
Inventário de Depressão de Beck (BDI). 
        Os resultados indicaram que 182 (60,5%) apresentaram 
sintomas de estresse, 8 (4,4%) estavam na fase de alerta, 147 
(80,7%) na fase de resistência, 24 (13,2%) na fase de quase 
exaustão e 3 (1,6%) na fase de exaustão, 48 (26,4%) apresentavam 
sintomas físicos, 120 (65,9%) sintomas psicológicos e 14 (7,7%) 
ambos os sintomas. 
        Com relação à ansiedade, 107 (35%) apresentaram alta 
ansiedade traço, 102 (34%) alta ansiedade estado e 72 (24%) 
apresentaram sintomas de depressão.  Os resultados mostram 
um alto número de gestantes com sintomas de estresse, a 
maioria na fase de resistência, com uma prevalência de sintomas 
psicológicos. 
        Nota-setambém alta a porcentagem de grávidas com 
sintomas de ansiedade e de depressão. Avaliar a ansiedade, a 
depressão e o estresse durante a gestação, no momento em que 
um alto número de grávidas comparecem aos serviços de pré- 
natal, pode ajudar a prevenir possíveis prejuízos ao 
desenvolvimento do bebê, tais como o nascimento prematuro e 
baixo peso, já associados á saúde mental materna. 
        Há experiências descritas na literatura de programas de 
atenção à gestante que, além de informá-la, aos familiares ou 
mesmo aos casais grávidos dos aspectos biopsicossociais da
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
40 
gestação, parto e puerpério, proporcionam um espaço para que 
os integrantes possam partilhar sua experiência gestacional, suas 
angústias e dúvidas, com benefícios para a saúde mental da 
mulher.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Depressão Gestacional
Rafaela de Almeida Schiavo 
41
        Sintomas de depressão são comuns durante a gestação, e 
podem ser indicativos de depressão pós-parto. O objetivo desse 
trabalho foi avaliar sintomas de depressão em gestantes usuárias 
do Sistema Único de Saúde e associar com variáveis de uma 
entrevista. 
        Participaram 34 gestantes usuárias do Sistema Único de 
Saúde de uma cidade do interior paulista. As participantes foram 
identificadas junto o setor de agendamento de uma Unidade 
Básica de Saúde no dia de consulta pré-natal, não houve critério 
de exclusão para participar da pesquisa, as gestantes que 
aceitaram contribuir assinaram um termo de consentimento livre 
e esclarecido e foram informadas quanto à ausência de ônus para 
sua participação e sobre o sigilo das informações por elas 
prestadas. 
        Após responderem ao instrumento, essas foram informadas 
sobre o resultado do teste e as que apresentaram sintomas 
significativos de depressão, foram orientadas a procurarem um 
profissional da saúde mental. Para a coleta de dados utilizou-se o 
Inventário de Depressão de Beck (BDI) e uma Entrevista para 
coleta de informações sociodemográficas e da gestação. 
        Os resultados indicaram que 24% (n=8) apresentaram 
sintomas significativos de depressão. Das participantes 47% (n=16) 
eram primigestas e 53% (n=18) multíparas, 9% (n=3) estavam no
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
um estudo exploratório
Rafaela de Almeida Schiavo 
42
primeiro trimestre, 23% (n=8) no segundo trimestre e 68% (n=23) 
no terceiro trimestre, 85% (n=29) eram adultas e 15% (n=5) 
adolescentes. 
       Das primigestas 25% (n=4) manifestaram sintomas 
significativos de depressão e das multíparas 22% (n=4). Das que 
estavam no primeiro trimestre 66% (n=2) apresentaram sintomas 
significativos de depressão, no segundo trimestre 37% (n=3) e no 
terceiro trimestre 13% (n= 3) apresentaram sintomas significativos. 
        Das adultas, 28% (n= 8) manifestaram sintomas depressivos e 
das adolescentes nenhuma manifestou. Quanto a escolaridade, 
das que apresentaram sintomas significativos de depressão, 63% 
(n=5) cursaram até o ensino fundamental e 37% (n=3) concluíram 
o ensino médio ou superior. E quanto ao desejo da gestante pela 
gravidez 62% (n=5) das que não desejaram a gestação, 
manifestaram sintomas significativos de depressão e das que
desejaram 38% (n=3) apresentaram sintomas. 
         Os resultados apresentados ainda que com uma amostra 
pequena da população, indica que o índice de mulheres que 
apresentam sintomas significativos de depressão na gestação é 
elevado, quando se leva em consideração que pesquisas 
internacionais apontam que esse índice é de 15 a 20%. Outro 
resultado que se destaca é que nenhuma gestante adolescente 
manifestou sintomas depressivos, nota-se também que há uma 
tendência às mulheres com baixa escolaridade, apresentar 
sintomas depressivos na gestação, bem como se observou 
também prevalência desses sintomas em mulheres que não 
desejaram a gravidez. 
        Pode-se concluir, portanto, que, durante a gestação é
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
43
possível já se observar sintomas depressivos no comportamento 
materno, podendo esses sintomas ter relação com a 
manifestação de depressão-pós-parto. Pesquisas indicam que o 
Brasil apresenta índices elevados de mulheres que manifestam 
depressão pós-parto, mas ainda é escassa a literatura a respeito 
da depressão gestacional, sendo importante que pesquisas iguais 
a essa com participação de uma amostra maior sejam realizadas.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Ansiedade, Estresse e 
depressão no terceiro 
trimestre da gravidez
Rafaela de Almeida Schiavo 
44
        Na gravidez, a ansiedade é uma das desordens mentais 
comuns (SILVA et al., 2010) com índices superiores aos do 
puerpério (SCHIAVO; RODRIGUES, 2011; BREITKOPF et al., 2006). 
Altos níveis de ansiedade na gestação podem, desencadear 
depressão no período gestacional (ROSS et al., 2003; HERON et 
al., 2004) além de ser indicativo para ansiedade e depressão 
puerperal (FAISAL-CURY; MENEZES, 2006; ROSS et al., 2003; 
HERON et al., 2004). 
        Já o estresse na gestação, em geral, está associado a eventos 
específicos como aborrecimentos diários no inicio da gravidez e 
ao medo do parto em meados da gestação (BUITELAAR et al., 
2003). Segundo Esper e Furtado (2010) a média de eventos 
estressores durante a gestação é de cinco eventos por gestante e 
o quadro pode se agravar se no contexto familiar houver situação 
econômica difícil, violência doméstica, uso de drogas, depressão, 
pânico e complicações pré-natais (COSTA, et al., 1999; SEGATO et 
al., 2009; WOODS et al., 2010). Pesquisas apontam que mais de 
75% das gestantes, apresentam sinais significativos de estresse 
(SCHIAVO; RODRIGUES, 2010; SEGATO et al., 2009; WOODS et al., 
2010).
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
45
       A depressão pode estar presente antes do nascimento do 
bebê. Para Pereira; Lovisi; Lima; Legay (2010), sintomas de 
depressão são comuns durante a gestação, principalmente 
quando a gestante ainda é uma adolescente. Para eles os 
principais fatores associados são: história anterior de depressão, 
sangramento anômalo e hospitalização na atual gravidez, 
história de acidente, incêndio ou catástrofe e maus-tratos 
durante a vida. Há indícios que mostram que a depressão na 
gestação pode ter relação com a presença de depressão pós- 
parto. Uma pesquisa longitudinal realizada por Faisal-Cury e 
Menezes (2012) com 831 gestantes por meio do Self Report 
Questionnaire (SRQ - 20) indicou que entre 219 mães que tinham 
sintomas depressivos no pós-parto, quase 50% já haviam 
apresentado sintomas depressivos durante a gravidez. Este 
trabalho teve por objetivo, avaliar a saúde mental de gestantes 
no terceiro trimestre de gestação. 
Método 
        Participaram da pesquisa 205 gestantes usuárias do Sistema 
Único de Saúde SUS, todas estavam no terceiro trimestre de 
gestação. Os dados foram coletados em Unidades Básicas de 
Saúde de três cidades do interior paulistanas. Aplicou-se uma 
Entrevista Inicial para obter dados sociodemográficos. Para a 
avaliação de ansiedade foi utilizado o Inventário de Ansiedade 
Traço/Estado - IDATE. Para a avaliação de stress foi utilizado o 
Inventário de Sintomas de Stress de Lipp – ISSL e para a avaliação 
de depressão foi utilizado o Inventário de Depressão de Beck – 
BDI.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaelade Almeida Schiavo 
46
Procedimentos de coleta de dados 
        As gestantes no início do terceiro trimestre foram 
identificadas junto ao setor de agendamento das Unidades 
Básicas de Saúde das cidades e foram convidadas a participar da 
pesquisa. Receberam todas as informações pertinentes em
relação às atividades realizadas, sendo informadas sobre o sigilo 
das informações por elas fornecidas quando da apresentação 
dos dados em eventos e publicações da área. 
        Explicou-se também, quanto à ausência de qualquer ônus 
para a participação na pesquisa, assim como da manutenção dos 
demais serviços por elas usufruídos no SUS, em caso de 
desistência, ou recusa em participar da pesquisa. A partir do 
aceite e redimidas todas as dúvidas, as participantes assinaram 
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com 
a Resolução 196/96 do CONEP. Procedimento de avaliação: Os 
dados foram analisados seguindo os respectivos manuais de 
aplicação e correção dos testes IDATE; ISSL e BDI e para análise
quantitativa utilizou-se o programa Statistical Package for the 
Social Sciences for Windows 17. 
        Os resultados indicaram que 78% das gestantes entrevistas 
moram junto com o parceiro, 15% eram solteiras e 6% apenas 
namoravam. Quanto a escolaridade, 21% possui ensino 
fundamental incompleto, 28% ensino fundamental completo, 
48% ensino médio completo e 3% ensino superior completo. A 
renda familiar para 40% das entrevistas foi de até um salário 
mínimo, 56% de um a três salários, 4% de 3 a 6 salários e 1% 
acima de seis salários. Quanto a Ansiedade traço 38% das 
gestantes são geralmente ansiosas e 36% apresentaram alta
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
47
ansiedade-estado, no momento da entrevista. 
       Quanto aos estresse 62% das gestantes o manifestaram, 5% 
estavam na fase de alerta, 82% estavam na fase de resistência, 
12% estavam na fase de quase exaustão e 2% na fase de 
exaustão. Quanto aos sintomas de estresse, observou-se que 25% 
apresentaram sintomas físicos, 67% sintomas psicológicos e 8% 
apresentaram ambos os sintomas. Quanto a depressão 21% das 
gestantes apresentaram sintomas depressivos significativos. 
Discussão 
        Os resultados apresentados indicam que a maioria das 
gestantes entrevistadas, moram junto com o parceiro, possuem 
ensino médio completo e renda familiar entre um e três salários 
mínimos. É possível observar também que uma porcentagem 
considerável de gestantes apresentam alta ansiedade no terceiro 
trimestre da gravidez. Em relação ao estresse observamos que 
esse é um fenômeno marcante no terceiro trimestre de gestação, 
mais da metade das participantes apresentaram estresse em 
alguma fase, sendo a de maior frequência a fase de resistência 
com marcante presença de sintomas psicológicos. 
        Já em relação aos sintomas depressivos, observamos que há 
também uma porcentagem considerável de gestantes que 
apresentam sintomas de depressão, pesquisas indicam que 10 a 
20% das mulheres manifestam Depressão Pós-Parto (HANNA; 
JARMAN; SAVAGE, 2004; RIGHETTI; BOUSQUET; MANZANO, 
2003) e com os dados encontrados nessa pesquisa é possível 
pensar que essa porcentagem também vale para mulheres ainda 
gestantes, o que sugere que a depressão pós-parto realmente
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
48
não é mais provável do que a depressão gestacional como já 
defendido por Evans et al., (2009). 
Conclusão 
       Podemos concluir que o terceiro trimestre de gestação 
merece atenção especial por parte da equipe de saúde que 
atende a gestante, uma vez que temos alta frequência de 
grávidas que apresentam algum problema de saúde mental 
nesse período como exposto aqui. Programas de atenção a 
gestante poderiam ser implantados nas Unidades Básicas de 
Saúde, tais programas poderiam ajudar não só no diagnóstico e 
encaminhamento para tratamento como também para 
prevenção de tais problemas de saúde mental na gestação.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
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SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
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SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Fatores de Risco para 
Depressão Gestacional de 
Mulheres Usuárias do 
Sistema Único de Saúde 
(SUS)
Rafaela de Almeida Schiavo 
52
        Os índices atuais de depressão no Brasil, em diferentes 
momentos da vida, que atingem sujeitos de diversas faixas 
etárias, faz com que seja considerado um problema de saúde 
publica que necessita de programas de intervenção para 
remediar e prevenir seus efeitos no individuo e nas pessoas que o 
cercam. Durante o Ciclo Gravídico Puerperal, marcado por várias 
alterações emocionais e aumento da sensibilidade da mulher, a 
depressão pode influenciar o desenvolvimento da gestação, 
assim como o bem-estar e saúde materno-infantil. 
        Há vasta literatura sobre a depressão-pós-parto (FONSECA; 
SILVA; OTTA, 2010; PEREIRA; LOVISI, 2008; GOMES et al., 2010), 
mas, estudos recentes  mostram que  a depressão pode estar 
presente antes do nascimento do bebê e que  sintomas de 
depressão são comuns durante a gestação (PEREIRA, et al., 2010). 
Pesquisas indicam que a depressão na gestação está associada a
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
53
depressão pós-parto (COX; CONNOR; KENDEL, 1982; EVANS et 
al.,2009 ) e a depressão gestacional é mais comum que a 
puerperal (PEREIRA; LOVISI, 2008; EVANS, 2009), criando a 
necessidade de conhecer os possíveis fatores de proteção e de 
risco para planejar sua prevenção e tratamento. 
       O Objetivo deste trabalho foi o de identificar a possível 
associação de variáveis sociodemográficas de gestantes à 
manifestação de Depressão Gestacional. 
Metodologia 
        Participaram da pesquisa 131 mulheres, no terceiro trimestre 
gestacional, usuárias do Sistema Único de Saúde, que foram 
contatadas em uma Unidade Básica de Saúde de uma cidade do 
interior paulista quando em sala de espera para o pré-natal ou 
ultrassom obstétrico. As gestantes responderam a uma Entrevista 
Inicial para coleta de dados sociodemográficos, de saúde e sobre 
suas expectativas em relação ao parto e ao filho e ao Inventário 
de Depressão de Beck- BDI. 
        Para analisar os resultados empregou-se analise descritiva e 
estatística, utilizando os testes Qui-quadrado, Teste F de Fisher e 
adotou-se o nível de 5% de significância. 
        Os resultados indicaram que, da amostra como um todo 
42% das gestantes eram primigestas; 76% moravam junto com o 
parceiro, 49% tinham ensino fundamental completo ou 
incompleto, 47% ensino médio completo e 4% superior
completo, 73%  estavam desempregadas. A maioria das 
mulheres tinha uma baixa renda familiar, para 41% delas era de 
até um salário e 53% tinham uma renda de 2 a 3 salários.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
54
       Em relação a saúde 5% disseram ter algum problema crônico 
de saúde física ou mental e 23% contaram que  desenvolveram 
problemas de saúde durante a gestação atual, 13% disseram ser 
fumantes, 19%  tinham alguém da família com problemas de 
saúde mental. 21% disseram já ter tido algum abortamento e 7% 
relataram ameaça de aborto, 61% das gestantes e 68% dos 
parceiros das entrevistadas desejaram o bebê. Em relação à 
depressão, 21% apresentaram depressão gestacional. 
        Houve associação significativa entre algumas variáveis 
sociodemograficas, de saúde e as expectativas da gestante e a 
manifestação de depressão gestacional: escolaridade (p = 0,01), 
problemas de saúde física ou mental da gestante (p = 0,04), 
ameaça de aborto na gestação atual (p <0,001) e não desejo da 
gestante pela gravidez (p = 0,01). 
Conclusões 
        Neste estudo, gestantes com menor escolaridade, com 
problemas de saúde física ou mental, que passaram no início da 
gestação atual por ameaça de abortamento e que não 
desejavam a gestação, tinham mais chance de apresentar 
depressão gestacional, sendo estas variáveis, potenciais fatores 
de risco. 
        Outros estudos já haviam demonstrado que dificuldades 
financeiras, baixa escolaridade, desemprego, dependência de 
substâncias, violência doméstica e ambivalência com relação ao 
feto são fortes fatores de risco para depressão durante a gravidez 
e no pós-parto (ENGLE, 2009) e sugerem algumas direções para o 
planejamento dos serviços de saúde.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Rafaela de Almeida Schiavo 
55
       Em primeiro lugar, aumentar e facilitar a oferta de serviços de 
atendimento à gestante que permita assiduidade ao pré-natal, 
ajudando a evitar problemas físicos durante o período, assim 
como abortos prematuros. Em segundo lugar, para a prevenção 
ou não agravamento dos sintomas depressivos no período 
gestacional, colocar em prática atendimentos em saúde focados 
em medidas socioeducativas, como serviços psicológicos, onde a 
gestante possa falar sobre suas dúvidas e conflitos com relação à 
gestação, evitando-se que os sintomas depressivos apresentados 
evoluam para o pós-parto, com todas as consequências que esse 
quadro possa causar na mulher e no desenvolvimento do seu 
filho.
SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão
Referências 
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Rafaela de Almeida Schiavo 
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SAÚDE MENTAL NA GESTAÇÃO 
Ansiedade, estresse e depressão

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