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Universidade Federal de Santa Maria Clínica Médica 1 – DERMATOLOGIA ANTÔNIO DE CASTRO, MED 104 CÂNCER DE PELE Decorre da exposição à radiação ultravioleta (RUV), que causa danos ao DNA (dímeros de pirimidina). Soma-se a isso falhas dos mecanismos de reparo, falha na indução da apoptose e falha do sistema imunológico ou seja, somente após todas as linhas de proteção terem sido incapazes. A RUV é dividida em comprimentos de onda, que modifica seus principais efeitos sobre o corpo: imunossupressão e indução de mutação de DNA (oncogênese). UVA: tem boa penetração pela camada de O3 o tempo todo, atinge toda profundidade da derme, promovendo a liberação de melanina “estocada” UVB: cerca de 1000x mais potente que a UVA, penetra parcialmente, principalmente no sol a pino (10-16h), atingindo somente até a epiderme basal (camada em constante mitose), estimulando a síntese de melanina. Além disso, também tem papel na síntese de vitamina D, por isso, pacientes negros tem maior risco para hipovitaminose. UVC: não penetra pela camada de O3. Fenômeno de Meirovsky: devido a atuação constante de UVA e LV, ocorre liberação de melanina e uma pigmentação muito rápida (dentro de 2-3h) que é capaz de durar até 3 semanas. A RUV causa reações fotoquímicas capazes de gerar EROs, responsáveis pelos processos de oxidação (envelhecimento como processo adaptativo ao estresse oxidativo). Essa radiação pode ser parada por elementos cromóforos, que tem capacidade de absorvê-la), sendo no corpo humano representados pela melanina e pelo DNA. Obs.: existem dois tipos de melanina: Eumelanina pigmento preto, ativa funcionalmente Feomelanina pigmento vermelho, sem atividade Para que a RUV seja capaz de causar danos, é precisa ser maior que a dose eritematosa mínima (DEM), vista por eritemas em zonas de pele protegidas quando expostas à radiação. Dessa observação, se classificam os tons de pele (fototipos de Flitzpatrick) de 1 a 5 ou de 1 a 6. Fototipo 1: predominantemente feomelanina Fototipo 2: pouca eumelanina, queima mais do que bronzeia Fototipo 3: equilíbrio entre bronzeado e risco de queimar Fototipo 4: bronzeia fácil, dificilmente queima Fototipo 5: não queima devido à grande cobertura de melanina Vale ressaltar que todos os fototipos possuem a mesma quantidade de melanócitos; o que altera é a expressão de melanina. O tempo de exposição à radiação solar está diretamente relacionada à maioria dos tipos de cânceres de pele (exceto melanoma apical e alguns casos da Doença de Bowen). Exposições eventuais com grandes períodos de insolação associam-se mais com Carcinoma Basocelular (CBC) e melanoma; já exposições contínuas têm maior relação com Carcinoma epidermoide (CEC). Câncer de pele é classificado em dois grandes grupos: Melanoma: acral, lentigo maligno, nodular e extensivo superficial Não melanoma: CBC (invasivo, expansivo e superficial) CEC (ceratoacantoma, doença de Bowen e CEC propriamente dito Contudo, antes das características de câncer, podem ocorrer lesões de pele com potencial neoplásico: Ceratose associada ao CEC, pode regredir se o fator desencadeante (sol) for suprimido. Leucoplasia (ceratose actínica) Ceratose tóxica por arsênio ou alcatrão Corno cutâneo investigar (AP) Universidade Federal de Santa Maria Clínica Médica 1 – DERMATOLOGIA ANTÔNIO DE CASTRO, MED 104 Papulose Bowenoide associada ao HPV Eritroplasia de Queyrat CEC in situ peniano por HPV Não associação de formas pré-neoplásicas com CBC. MELANOMA Menor incidência, maior mortalidade dentre os cânceres de pele 1/3 origina-se de nevos; 2/3 origina-se de pele sã ocorrência de novo, por isso remoção de todos os nevos não inviabiliza ocorrência de melanoma. Melanócitos presentes em pele, retina, meninges, TGI ... ou seja, melanócito é um tipo celular que está na pele, mas não é da pele possibilidade de ocorrência de melanoma extracutâneo. Nevos ou pintas são aglomerados de melanócitos, podendo ou não ter potencial de malignidade. Aumento do risco: o queimaduras > bronzeamento > fototerapia o caucasianos tem maior risco geral o maior número de nevos o nevos congênitos o síndrome do nevo displásico (familiar) o histórico de melanoma, pessoal ou familiar No Brasil, tem maior incidência no sul (SC e RS); no mundo, na Austrália (população descendente de europeus com feomelanina e muita exposição solar) Raramente acomete a população negra, sendo na pele palmoplantar. Cresce de forma radial, horizontal e depois verticaliza-se. Pode ocorrer regressão da lesão prognóstico ruim, já que há tanta mitose que as células morrem por baixo aporte vascular. Melanoma Extensivo Superficial: Maior incidência Modelo de representação clássico Em homens, afeta mais o dorso; em mulheres, pernas áreas de exposição solar descuidada Maior prevalência pelos 50 anos Maculopapulas, de halo irregular, com diferentes cores Crescimento radial e horizontal lento, precisa de anos para verticalizar-se Prognóstico moderado Melanoma Lentigo Maligno: 2º mais frequente Acomete geralmente face, podendo apresentar-se também em cabeça, pescoço, dorso e mãos, devido a relação direta com exposição solar. Maior prevalência em idosos Crecimento lento (5-20 anos), sendo principalmente radial Bom prognóstico Melanoma Nodular: Lesão ulcerovegetante de cor negra Acomete principalmente dorso, cabeça e pescoço Maior prevalência em fase adulta Crescimento rápido, levando poucos meses para verticalizar Prognóstico ruim Melanoma Acral: Único sem relação com exposição solar, por isso, é o mais comum na população negra; apesar de ter distribuição uniforme entre todas as etnias. Universidade Federal de Santa Maria Clínica Médica 1 – DERMATOLOGIA ANTÔNIO DE CASTRO, MED 104 Mancha negra que evolui para nódulo ou ulceração Acomete extremidades, com predileção pelo polegar e 1º pododáctilo, peri ou subunguenal, ou superfície palmoplantar Evolução imprecisa (de meses há anos), não sendo possível estimar quando iniciará a invadir Prognóstico ruim Obs.: embriologicamente, não deveria haver melanócitos palmoplantares Diagnóstico de Melanoma Indícios de malignização em nevos pré-existentes: o Prurido o Alteração pigmentar o Crescimento descompensado assimétrico o Inflamação o Ulceração o Sangramento o Pigmentação além das bordas (Sinal de Hutchinson quando ocorre na unhas) ABCDE do câncer de pele melanoma: principal critério é a coloração. Aumenta-se a especificidade da avaliação com adicionar a evolução, porém, é fator muito relativo se não documentada por foto. Dermatoscopia para aumentar acurácia do exame clínico, possibilitando localizar origem celular e se benigna ou não nos casos de origem melanocítica Biopsia excisional ou incisional (somente em áreas de pele “nobres”), tendo margem cirúrgica variando conforme o Índice de Breslow. Anatomopatológico (AP): Subtipo histológico Fase do crescimento (radial ou vertical) Nível de Clark (acamada acometida da pele) 1: in situ 2: derme papilar 3: derme reticular 4: toda a derme 5: hipoderme Índice de Breslow Número de mitoses por mm² Presença de infiltrado linfocitário Presença de invasão vascular e/ou linfática Ulceração Regressão Satelitóse microscópica TNM para estadiamento patológico Pesquisa por linfonodo sentinela: Breslow ≥ 1, ulcerado, mitoses e microssatélites linfocintigrafia se linfonodo +, esvaziar cadeia; se linfonodo -, solicitar histopatológicopara confirmar. Breslow > 4 esvazia cadeia Primeiro se faz margem mínima para depois pesquisa de linfonodo sentinela. CARCINOMA BASOCELULAR Câncer de pele mais comum Câncer de pele com melhor prognóstico A partir de células indiferenciadas dos folículos pilossebáceos Histologicamente parecido com a camada basal da epiderme Não é carcinoma verdadeiro porque não produz queratina Crescimento muito lento Universidade Federal de Santa Maria Clínica Médica 1 – DERMATOLOGIA ANTÔNIO DE CASTRO, MED 104 Capacidade invasiva local, sem metástase Maior frequência quanto mais baixo o fototipo Maior prevalência em idade adulta Características expansivas, superficiais e invasivas (acometendo face tem potencial para levar o paciente à morte) Pápula translucida e brilhante de tom amarelado/perolado ou lesão ulcerovegetante ou vegetante Pode apresentar telangiectasias discretas na superfície Forma terebrante ulceração invasiva de crescimento rápido, provocando destruição agressiva Forma pigmentada lesão papulosa com melanina (pode confundir com melanoma), não inflamatória e sem comprometimento ganglionar ou sistêmico. Acomete preferencialmente a porção cefálica do corpo, sendo a asa do nariz, orelhas e periorbicular os piores sítios para acometimento cerebral. Diagnóstico clínico, suspeitar de lesões que sangram espontaneamente ou por trauma mínimo Biopsiar Atentar às reincidivas (pcte que já teve tem maior risco para ter novamente) CARCINOMA ESPINOCELULAR OU EPIDERMOIDE (CEC): A partir de queratinócitos, principalmente de mucosas/submucosas Maior malignidade que o CBC uma vez que tem maior risco para metástase Evolução lenta, porém mais rápido que CBC Mais incidente na população masculina Mais prevalente na população idosa Relacionado à exposição solar contínua e à imunossupressão Associado à xeroderma pigmentoso (doença genética que impossibilita mecanismos de reparo do DNA), albinismo oculocutâneo, LES e epidermodisplasia verruciforme (HPV) Mais prevalente em pele com lesão ceratose actínica, úlceras, cicatrizes antigas, queimaduras, radiodermites, leucoplasias Lesão inicial é uma pápula com ceratose Crescimento vertical para fora (vegetação) ou infiltrativo (principalmente em lábio inferior e mucosas), gerando lesões ulceradas, nódulos, vegetações verrucosas ou condilomatosas. Quando o sítio é mucosa (muito comum) há grande risco para metástase (10% dos casos) Terapia fotodinâmica ótima como tratamento. Ceratoacantoma: nódulo com queratina central (vulcão), de rápida evolução, mais incidente em paciente com fotodano e 20% evolui para CEC invasivo. Conduta sempre cirúrgica. Doença de Bowen: CEC in situ com evolução lenta (anos), produz queratina e não necessariamente se desencadeia de exposição solar. CEC propriamente dito: acomete geralmente o lábio inferior, ocorre a partir de ceratose actínica e lembra lesão por ulceração (úlcera de Marjolin e condiloma acuminado gigante). Ceratose Actínica: decorre da exposição contínua à RUV, por isso pouco comum em jovens e poupa áreas de pele protegidas. É uma proliferação organizada e funcional de queratinócitos, com potencial neoplásico. São lesões pequenas, múltiplas, superfície rugosa e acastanhada, podendo acompanhar eritema e descamação. Se a remoção for seguida por sangramento, o prognóstico é ruim (evolução para CEC). Não tem relação com CBC ou Melanoma.
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