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Caderno de Ética Geral e Profissional - Marcus Seixas

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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL
Marcus Seixas
Aulas
ÉTICA GERAL
O que é a ética?
- Ética como liberdade: É o agir moral do indivíduo de possuir a liberdade intrínseca. A comunidade impõe uma moralidade que muitas vezes não vem do indivíduo, ela é externa. É interessante que o indivíduo não haja com medo das sanções difusas aplicadas pelo grupo. Logo, age-se eticamente quando os valores individuais são seguidos, assim como a liberdade. Quem é coagido a fazer algo contra os seus valores não possui responsabilidade ética, ou a possui de forma limitada. “Não há certezas e fórmulas no campo da ética, é o encontro do indivíduo com os seus deveres práticos existenciais, aquilo que ninguém está a salvo. A medida ética é sempre uma conquista, uma experiência e uma atitude de cada um, por natureza, intransferível” – Eduardo Bittar.
→ Características principais do agir ético: Conduta livre a autônoma, autoconvencimento e ausência de temor das sanções difusas.
→ A significação da ética: “A ética corresponde ao exercício da reciprocidade, respeito e responsabilidade. Demanda da conduta livre e autônoma, conduta dirigida pela convicção pessoal, conduta insuscetível de coerção (a conduta só é feita eticamente se não por metus cogendi poenae – pena privativa de liberdade ou restritiva de direito), mas por livre convencimento do agente dentro de regras e costumes sociais” – Eduardo Bittar.
O saber “ético”:
→ Ética x moral: A ética é pautada em especulações individuais e a moral é uma construção coletiva de valores, geralmente espontânea. A ética pode transformar a moralidade (tende a criticá-la), a moral pode ser vista de modo diferente pelos indivíduos, e tende a ser conservadora (caricaturização). “O saber ético estuda a ação humana como relação exterior (exterioridade), como intenção espiritual (intencionalidade), e como conjunto de resultados práticos (finalidade, utilidade). O saber ético é o saber acerca das ações e dos hábitos humanos, e, portanto, da virtudes e dos vícios humanos e das habilidades para lidar com umas e com outros.” – Eduardo Bittar.
Ética como prática: “A ética como prática consiste na atuação concreta e conjugada da vontade e da razão, de cuja interação se extraem resultados que se corporificam por diversas formas” – Eduardo Bittar.
Deve-se buscar agir eticamente, em conformidade com seus valores → “agir virtuoso”. A ética é uma prática constante de valores e razões, não é um ato único. Segundo os antigos gregos, agir virtuosamente é agir de acordo com a sua ética e a ética da pólis (imperativo categórico → Kant). Antiético é quem desobedece seu próprio padrão ético (vai contra os seus próprios valores).
Ética e “ciência”: A ética pode ser considerada uma ciência do saber, mas se aproxima muito mais da filosofia. “A ética é filosofia prática que tem por conteúdo o agir humano.” – Eduardo Bittar.
A ética pode ser estudada em dois níveis – a ética normativa e a metaética: a ética normativa estuda as relações da ética, a moralidade, etc. Já a metaética é uma ciência epistemológica, pois estuda o estudo da ética normativa, “ciência sobre a ciência”. A ética pode-se dividir em dois outros níveis – a ética geral e a ética aplicada: quando falamos de ética moral estamos falando de ética geral. Já a ética aplicada aprecia as normas morais ou códigos de conduta de certos grupos sociais. A ética profissional é um grupo da ética aplica, e a ética profissional do profissional de direito é um subgrupo.
ÉTICA GERAL
Os fins da ação ética: A característica da ação ética é que ela pressupõe uma liberdade de opções e uma responsabilidade. Existem diversas perspectivas éticas:
→ Éticas hedonistas: o prazer como aspecto orientador da ética.
→ Éticas eudemônicas: buscam a felicidade e a autorealização.
→ Éticas intelectuais: gozo contemplativo intelectual.
→ Éticas espirituais: a orientação religiosa orienta a ética.
A única certeza que se há é que o homem é um ser ético.
Alteridade: interação dos homens com o próximo. Possibilitando o desenvolvimento da autoconsciência, da racionalidade e dos confrontos éticos. Segundo os gregos, alteridade é o espelho dos vícios e das virtudes da individualidade.
O objeto do saber ético e as normas morais: A moralidade compreende o que é socialmente aceito e surge espontaneamente dentro da comunidade. Os indivíduos produzem padrões éticos para a sociedade através da alteridade, e uma comunidade encuca esses padrões éticos para a sociedade através de mitos. Nas normas morais não possuem cogência, nem imperatividade, possuem sanções difusas e espontaneidade.
O objeto do saber ético e as normas jurídicas: As normas jurídicas se distinguem das morais em razão da cogência e da imperatividade. A norma moral é exigida do indivíduo, mas este não é obrigado por via da força, a se comportar como a moral. A norma moral se preocupa com a intenção do homem e a norma jurídica com o comportamento externo. As normas jurídicas possuem cogência, imperatividade, formalidade (necessidade de procedimento especial), sanção organizada, necessidade de segurança jurídica. As comunidades estabelecem procedimentos especiais para criar as normas jurídicas. O surgimento do Estado vem da necessidade de regular as formalidades da sociedade. O Estado cria uma esfera ética diferente da moral, bem como formaliza mecanismos para o cumprimento das normas jurídicas.
Democracia, direito e moral: Vivemos hoje num Estado Democrático de Direito, onde os direitos individuais éticos são respeitados e assegurados por lei. O consenso transforma ética e moral em direito, através do procedimento democrático. No mundo jurídico, uma fundamentação, por exemplo, não pode ser feita com base em moral e ética, mas sim com base no direito, porém, podem haver muitos argumentos de cunho moral ou ético, pois as normas possuem valor. Quando os discursos de fundamentação se transformam em discursos de aplicação, pode-se perceber a moral e a ética dentro do direito:
Discursos de fundamentação: cunho moral, político e ético.
Discursos de aplicação: são utilizados no caso concreto (exemplo: discursos judiciais).
ÉTICA GERAL
Soluções éticas x soluções jurídicas: Em uma democracia, busca-se discutir acerca da moral e da ética (discurso de fundamentação), que transformam-se em normas jurídicas (discurso de aplicação). Dentre as características do discurso de aplicação podemos indicar: existência de solução jurídica que é dada por um terceiro fora do processo, presença de cogência normativa, etc.Norma jurídica geral norma jurídica do caso
Aplica-se o discurso de aplicação dá-se um solução
Ao contrário da decisão jurídica, a solução ética é resolvida por via de um consenso, debate, acordo entre os envolvidos. Surge espontaneamente (não há obrigação/cogência). O consenso pode não chegar a existir caso haja grande diferenciação ética, por isso, muitas vezes a moralidade está presente nos consensos. As conciliações são um exemplo de solução ética, ajudando inclusive a diminuir a quantidade de processos abertos no âmbito do direito (Lei de Mediação Penal/1995 e Justiça Restaurativa).
Moral, justiça e direito: A moral e a justiça são fenômenos valorativos. Discute-se como o direito passa a ser valorado. 
Teoria Pura do Direito: Ética ≠ Direito: não cabe ao direito analisar a justiça.
Sabemos hoje que o problema da justiça não deve ser ignorado. Atualmente, o justo é o que ocorre consensualmente, procedimentalmente, logo, não há resposta correta, preexistente, para o caso concreto. A resposta correta é aquela que ocorre quando se seguem os procedimentos para a situação do conflito apresentado.
Pluralidade ética – pluralismo ético: Não podemos considerar ético um comportamento destrutivo. É necessário que haja uma tolerância ética; quando não há respeito a esta premissa não há ética, há arbitrariedade. O respeito à alteridade do outro deve ser desrespeitada. A intolerância gera tirania ética. O exercício de condutas que agridem a alteridade não é ético, pois limita a liberdadedo outro. É necessário o pluralismo. Chamam-se a-éticos aqueles indivíduos que desrespeitam a ética do outro.
Ética do consenso: Ética individualista x ética do consenso – Ética individualista é aquela pautada em valores e desejos egoístas, o agir moral é voltado à satisfação de um indivíduo, e, não são adotados parâmetros externos para avaliar o comportamento do indivíduo, logo, qualquer conduta é justificável, inclusive aquelas que a moralidade postula como negativas. A ética do consenso, postulada por Habermas, afirma que o indivíduo deve se submeter para o seu próprio bem, às concessões necessárias para que haja o mínimo de lesão para os outros e o máximo de engajamento social, mantendo também a individualidade. “Autorealização sem sufocar a realização dos outros”.
INTRODUÇÃO À ÉTICA PROFISSIONAL
A Ética Profissional regula as relações da ética no meio profissional. A ética do trabalho surge principalmente na Idade Média, no estudo dos ofícios medievais, que pressupunham a adesão de uma conduta moral (não positivada). Os mestres passavam para o seu aprendiz um “agir moral prudente”, além das técnicas. As Faculdades de Direito também surgem na Idade Média (Faculdade de Leis e Faculdade de Cânones). Através das universidades e da Filosofia Escolástica, surge o jurista, encarregado de jurisdizer o direito.
Modernamente, surgem organizações profissionais dentro do ambiente jurídico, que tendem a sub agrupar os profissionais do ramo do direito, atuando na regulamentação da moral e do código de ética desses grupos.
Contemporaneamente, tem se dado mais importância social ao trabalho (valor agregado à sociedade). O profissional do direito exerce o “múnus público”.
A codificação dos comportamentos éticos coletivos da classe dos advogados surgiu na época do positivismo para sanar um problema: o sentimento ético individual de cada profissional. Assim, os profissionais do direito passaram a ser constrangidos a seguir as normas.
Consequências negativas das transformações das normas éticas em normas jurídicas:
Compartimentalização da ética em tantas partes quanto as profissões existentes;
Juridicização dos mandamentos éticos (julgamento por instâncias jurídicas de controle);
Perda da espontaneidade do surgimento das normas éticas;
Preocupação dos moralistas: “o homem deixa de ser moral para ser cumpridor de normas”.
OBS: O código de ética é de caráter minimalista e sancionatório, com maioria das normas proibitivas.
Consequências positivas da codificação:
Transforma algo incerto em certo, aplicável a todos;
Os profissionais devem contrair obrigações.
Dever ético de saber x dever ético de ser: As normas éticas de saber são o conhecimento propriamente dito, o processo de passar pela faculdade, se graduar. As normas éticas de ser são estabelecedores de comportamentos e condutas que devem ser adquiridos pelos profissionais.

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