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Concepções de cultura

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Concepções de Cultura
 Objetivo da aula: 
Propor uma revisão do termo cultura seguindo a proposta de Thompson. 
Estudar cultura popular, cultura de massa e indústria cultural
Definir cultura global e cultura local.
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Concepções de Cultura
	Abordagens da cultura segundo Thompson:
CLÁSSICA
DESCRITIVA
SIMBÓLICA
ESTRUTURAL
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	Concepções de Cultura
Segundo Thompson
Concepção Clássica:
cultivo dos grãos, para o cultivo da mente
Concepção Descritiva:
conjunto de crenças, costumes, idéias e valores, artefatos, objetos e instrumentos materiais, de um grupo
Concepção simbólica
“teias de significados que o homem mesmo teceu” 
Concepção Estrutural:
Formas simbólicas em contextos estruturados
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Cultura Popular
É a que emana do cotidiano, da vida das pessoas, fortalecendo-se quando possibilita a identificação dos elementos que a compõem como constituintes do grupamento, para tanto, os valores, as crenças e o modo de vida são fundamentais. 
Nasce da base do povo, não é imposta, é legada das gerações pretéritas.
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Cultura Popular
A cultura popular deste século tem nos meios de comunicação de massa um fator determinante na constituição e na forma de acumulação do conhecimento.
Os indivíduos passam a receber um número cada vez maior de dados e informações. Esse fato reflete diretamente no imaginário popular. 
Atenção: A cultura popular não é estática. Não deve ser confundida com tradicionalismo, ela pode e deve sofrer modificações de forma e conteúdo sem que isso sem constitua na sua desfiguração. 
Não se pode pretender que formas de manifestação cultural arcaicas permaneçam inalteradas, isso significa estagnação, interrupção do processo de crescimento.
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Alta Cultura 
Alta cultura, cultura erudita ou cultura de elite:
É aquela criada ou supervisionada, por uma elite cultural que opera no interior de alguma tradição estética, literária ou científica; onde o produto simbólico é submetido à aplicação sistemática de padrões críticos independentes do seu consumidor.
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Cultura de Massa
Produtos culturais manufaturados para um mercado de massa.
Produto simbólico veiculado pelos meios de difusão maciça: rádio, TV, cinema, jornais, revistas e livros.
Quando determinados valores (elementos) da vida de um povo passam a ser consumidos por um grande número de pessoas.
Determina um consumo imediatista onde não há metabolização. 
Não tem um compromisso cultural.
Pode construir fatos ou mesmo implantar ideias, elevar mitos e destruir conceitos ou pessoas. 
É um consumo rápido.
Nem sempre há valorização dos valores éticos. 
Pode determinar o comportamento das pessoas. 
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Indústria Cultural 
 (como os críticos chamam a cultura de massa)
Em meados dos anos 40, Adorno e Horkheimer criam o conceito de indústria cultural.
Analisam a produção industrial dos bens culturais como movimento global de produção da cultura como mercadoria. 
Segundo eles, os produtos culturais, os filmes, os programas radiofônicos, as revistas ilustram a mesma racionalidade técnica, o mesmo esquema de organização e de planejamento administrativo que a fabricação de automóveis em série ou os projetos de urbanismo.
"Previu-se algo para cada um a fim de que ninguém possa escapar".
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Cada setor da produção é uniformizado e todos o são em relação aos outros. 
A civilização contemporânea confere a tudo um ar de semelhança.
 Indústria Cultural - bens padronizados para satisfazer às numerosas demandas, às quais os padrões da produção devem responder. 
Por intermédio de um modo industrial de produção, obtém-se uma cultura de massa feita de uma série de objetos que trazem de maneira bem manifesta a marca da indústria cultural: serialização-padronização-divisão do trabalho. 
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Em um mundo industrializado em que a mercadoria impera absoluta, tudo precisa se transformar em mercadoria, levando ao consumo rápido e superficial: a arte, as idéias, os valores espirituais, as invenções, a criação. 
“A obra de arte, toda produção artística, que é individual, original, pessoal e que tinha como finalidade a manifestação do sentimento e da percepção íntima do belo, passa a ser mercadoria.” 
GUARESCHI, 1993:63.
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Reflexões:
O modo industrial de produção da cultura corre o risco de padronização com fins de rentabilidade econômica e controle social. 
Entretanto... Nem por isso a crítica legítima da indústria cultural deixa de estar estreitamente ligada à nostalgia de uma experiência cultural independente da técnica.
Walter Benjamin, em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, apresenta uma posição mais "tolerante“ que a de Adorno e Horkheimer. 
Segundo Benjamin, o princípio da reprodução torna obsoleta uma velha concepção de arte que ele chama "aurática". 
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Imagens Auráticas:
A arte é dotada de um valor especial que confere a suas produções um prestígio particular: uma AURA.
AURA: Auréola luminosa mais ou menos sobrenatural que supostamente emana de certas pessoas ou objetos.
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 Imagens Auráticas:
 - Irradiam vibrações particulares, especiais.
 - Não podem ser vistas como um objeto comum.
Por mais próximo que o fruidor esteja da obra, pensar na aura da obra de arte significa pensar que há uma distância entre uma imagem e seu espectador.
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“Perda” da Aura
Contexto: virada do século XIX para o XX.
Processos de produção e distribuição da cultura e da arte deixam de ser limitados a um pequeno grupo seleto e passam a ter o engajamento direto das massas, condicionadas pelos novos media, novas técnicas: os MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA OU INDÚSTRIA CULTURAL.
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Walter Benjamim
The Work of Art in Age of Mechanical Reproduction
 
Os Meios de massa participam da renovação dos costumes culturais das sociedades onde exercem sua função.
Boa ou má, essa renovação estilística tem constante repercussão no plano artístico, promovendo-lhe o desenvolvimento.
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Walter Benjamim
Mas... Será que a obra de arte difundida em exemplares múltiplos ainda é uma obra de arte?
Será que essa multiplicação, essa massificação, não implica na perda da aura, logo, no desaparecimento do que é a própria essência da arte?
“A HISTÓRIA DE TODA FORMA DE ARTE CONHECE ÉPOCAS CRÍTICAS EM QUE ESSA FORMA ASPIRA A EFEITOS QUE SÓ PODEM SE CONCRETIZAR ÉM ESFORÇO NUM NOVO ESTÁGIO TÉCNICO, ISTO É, NUMA NOVA FORMA DE ARTE.”
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Imagens Auráticas
 A arte em geral só tem sentido se estivermos preparados para aceitar o valor aurático das obras de arte - mas a natureza dessa aura e as obras em que será reconhecida não pararam de mudar desde que existe arte.
(Aumont, 1993:302)
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Apocalípticos e Integrados
A problemática não está resolvida. Existem argumentos pró e argumentos contra a cultura de massa e em defesa da alta cultura. 
“O erro dos apologistas é afirmar que a multiplicação dos produtos da cultura seja boa em si, segundo um ideal de homeostase do livre mercado, e não deva submeter-se a uma crítica e a novas orientações. 
O erro dos apocalípticos-aristocráticos é pensar que a cultura de massa seja radicalmente má, justamente porque é um fato industrial, e que hoje se possa dar cultura subtraída ao condicionamento industrial.”
(ECO: 1970, 33)
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Apocalípticos e Integrados
Além desses erros apontados por Eco, que significam um radicalismo das duas correntes, é preciso considerar o fato de que a cultura de massa não pode ser vista nem analisada do ponto de vista da alta cultura. 
Vista desde este ângulo, ela vai sempre permanecer incompreensível e conduzir distorções. 
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Questão da Técnica
Assim, de certo modo, as críticas de Adorno e Horkheimer podem ser consideradas como um protesto erudito contra a introdução da técnica no mundo da cultura, como se isso representasse uma espécie de dessacralização da arte. 
Questões da técnica: Heidegger e os três momentos: 
Cartesiano	
Kantiano	
Nietzschiniano 
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Heidegger e Questão da Técnica
1- Momento
Cartesiano:
O homem pretende legitimamente dominar a natureza. 
Graças à evolução da ciência, tenta fazer com que o natural se torne um apêndice do artificial, a cultura. 
Os fins do homem justificam o controle da natureza que o antecede e contém. 
SILVA, Juremir Machado da, 2003.
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Heidegger e Questão da Técnica
2- Momento Kantiano:
Associação entre técnica, ciência e fins antropológicos alcança o campo político. 
Trata-se, então, de dominar a natureza em nome da emancipação e da autonomia da humanidade. 
Consolida-se o ideal do progresso, ancorado numa racionalidade orientada para a prática e comprometida com o futuro das sociedades.
Espera-se que os avanços técnicos e científicos favoreçam a construção da felicidade e culturas do Bem e do Verdadeiro. 
Passa-se da possibilidade cartesiana de manipulação progressiva da natureza ao imperativo categórico da transformação do natural (intervenção da técnica) em benefício do cultural.
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Heidegger e Questão da Técnica
3- Momento Nietzschiano:
Terceira etapa da aventura moderna, em que se instauraria, de fato, o ‘mundo da técnica’:
O projeto emancipacionista ou a vontade de emancipação cede lugar à vontade de poder.
Os fins nobres da humanidade sendo substituídos por uma vontade ‘incondicionada’, volta para si mesma. 
A hegemonia do mundo da técnica consistiria numa vertigem circular da vontade da vontade: a dominação pela dominação, o controle pelo controle, a técnica como uma finalidade em si mesma. 
Daí o caráter ‘inumano e fatal’ do imaginário tecnológico.
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A técnica é incontrolável
Heidegger não responsabilizava o homem pela hegemonia da técnica nem acreditava na eficácia das lamentações contra o avanço desta. 
Para ele, paradoxalmente, a técnica é, numa primeira leitura, incontrolável.
Logo, o homem nada pode fazer e está absolvido. 
SILVA, Juremir Machado da, 2003:36.
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“A filosofia anti-humanista de Heidegger, nessa primeira percepção, absolve o homem ao declarar-lhe inexoravelmente prisioneiro. A vontade de potência corresponde, no caso, ao poder da técnica (do imaginário tecnológico com extensão incontornável do homem) sobre o mundo. Por trás da neutralidade da busca da essência, parece esconder-se uma aparência por demais visível: a transformação do criador em fantoche da criatura.”
SILVA, Juremir Machado da, 2003:37.
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Noção instrumental
A técnica moderna, associada à ciência, obedece a um tipo particular de revelação, diferente da ‘produção’. 
Trata–se da ‘provocação’. Através desta, extrai–se da natureza uma energia. 
 O agricultor de antigamente ‘confiava’ a semente às forças naturais sem provocar a terra. Mas a agricultura industrializada ‘requer’ uma provocação, ‘a utilização máxima ao menor custo’.
SILVA, Juremir Machado da, 2003:38.
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A questão da Técnica
A revelação que rege a técnica moderna caracteriza–se como uma interpelação no sentido de uma provocação. 
Tal provocação, em Heidegger, significa o ato pelo qual se arranca da natureza uma energia escondida que altera o meio original. 
O homem é o sujeito dessa interpelação.
E aqui começa o problema central da ‘questão da técnica’. Sujeito livre? Autônomo? Que sujeito? Sujeito ou objeto? Controlador ou controlado? Agente ou agido?
SILVA, Juremir Machado da, 2003:39.
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Cultura Local
Cultura Global
 Invasão Cultural
 Aculturação
 Imperialismo Cultural
Homogeneização Cultural
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Cultura Local
Surgiu da relação do homem com o meio ambiente e da necessidade de sobrevivência dentro deste. 
Com o passar do tempo, o conhecimento empírico adquirido e passado de geração a geração foi adequando–se às realidades de cada sociedade, devido, principalmente, a fatores geográficos e climáticos. 
Caracteriza–se pelo reconhecimento dos elementos culturais pelos membros do grupo e por um conjunto de relacionamentos sociais mais estreitos.
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Cultura Global
Fruto das novas relações do homem com outras culturas, propiciadas pelas novas tecnologias em expansão.
Noção de agregados, acúmulos ou amontoados de particularidades culturais, justapostas no mesmo campo, no mesmo espaço limitado. (Featherstone, 1995:170).
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Cultura Global
Fatores essenciais à Cultura Global:
Fluxo cultural
Fluxo de pessoas – imigrantes, trabalhadores, turistas.
Fluxo de informação e imagem – TV, cinema, rádio revista, jornal, internet
Capitalismo – que ao se valer do entrelaçamento de nações, provoca, conseqüentemente, o entrelaçamento de suas culturas.
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Cultura Global
Dentro desse fluxo cultural, a americanização é soberana.
A cultura norte-americana se impõe como a cultura global, devido a sua soberania econômica e política, estendendo assim, a sua hegemonia ao campo cultural.
 “As culturas locais são inevitavelmente suprimidas devido a proliferação dos bens de consumo, da propaganda e dos programas de mídia gerados no Ocidente (sobretudo nos Estados Unidos).” 
(FEATHERSTONE, 1995:160).
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“Os repertórios folclóricos locais, tanto aqueles ligados às artes cultas quanto às populares, não desaparecem. Mas seu peso diminui em um mercado onde as culturas eletrônicas transnacionais são hegemônicas, quando a vida social urbana se faz cada vez menos nos centros históricos e mais nos centros comerciais modernos da periferia, quando os passeios se deslocam dos parques característicos de toda a cidade para os shoppings que imitam uns aos outros em todo o mundo.” 
(CANCLINI, 1999:134).
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Com a globalização, o interesse prioritário de uma comunidade, que antes era circunscrito a si e a seus arredores, muda para uma escala global.
Acontecimentos no outro lado do mundo, tornam-se prioridade, enquanto que interesses da própria comunidade, como apresentações culturais, eventos comunitários, discussões e debates locais ficam em segundo plano.
“Um evento remoto torna-se próximo e o que nos rodeia fica afastado.” (ORTIZ, 1998:63).
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Invasão Cultural
Invasão Cultural
 (apropriação de valores)
Quando os valores intrínsecos de uma cultura são roubados, defasados. Isso resulta em uma aculturação.
Aculturação
(colocar outros valores)
Movimento no sentido de introduzir novos valores ou conceitos num determinado grupo ou segmento cultural.
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Nivelamento
Homogeneização cultural
A era da comunicação mecanizada e centralizada via imprensa, rádio, filmes e televisão, criou uma 'gleichshaltung' (nivelamento) sem precedentes na história'. Desaparecem os valores particulares e individuais das várias culturas. Tudo se nivela. 
Imperialismo Cultural
Conjunto de processos pelos quais uma sociedade é introduzida no sistema moderno mundial, e o modo pelo qual sua camada dirigente é levada, por fascínio, pressão, força ou corrupção, a moldar as instituições sociais para que correspondam aos valores e estruturas do centro dominante do sistema ou ainda para lhes servir de promotor dos mesmos.
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Hibridações
O conflito entre as culturas globais e as identidades locais, gera estudos que se interrogam sobre os complexos processos de apropriação e reapropriação, de resistências e mimetismos:
Crioulização
Mestiçagem
Hibridização

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