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Livro Recurso administrativo Previdenciário

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Manual de recurso administrativo previdenciário – aspectos procedimentais, organizacionais e jurídicos.
 ADRIANO MAUSS[2: Advogado. Servidor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Diretor de Processo Administrativo do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário – IBDP, ex-Chefe do Serviço de Benefício da Agência do INSS de Carazinho/RS, Mestre em Desenvolvimento (Linha de Pesquisa: Direito, Cidadania e Desenvolvimento) pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Especialista em Direito Previdenciário pela IMED – Faculdade Meridional e em Direito do Trabalho e Seguridade Social pela Universidade de Passo Fundo. Professor em cursos de Pós Graduação em Direito. Pesquisador da temática de Direito Processual Administrativo Previdenciário. Livros publicados: Processo Administrativo Previdenciário: prática para um processo de benefício eficiente. Editora Plenum. Coautoria: Alexandre Schumaker Trikes. “Aposentadoria dos portadores de deficiências: aspectos legais, processuais e administrativos.” Editora LTR. Coautoria: José Ricardo Caetano Costa.]
SUMÁRIO: 
Lista de abreviaturas:
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
CRPS – Conselho de Recursos da Previdência Social
CRSS – Conselho de Recursos do Seguro Social
RPS – Regulamento da Previdência Social
MDSA - Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
SINPAS - Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
LBA – Legião Brasileira de Assistência
FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-estar do Menor
DATA-PREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social 
IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social
CEME – Central de Medicamentos
RGPS – Regime Geral de Previdência Social
MTPS - Ministério do Trabalho e Previdência Social
NFLD - Notificações de débitos de tributos previdenciários
CAJ - Câmaras de Julgamentos
JRPS – Junta de Recursos da Previdência Social
SUS - Sistema Único de Saúde
IN – Instrução Normativa
ConJur/AGU – Consultoria Jurídica da Advocacia Geral da União
SIPPS – Sistema Informatizado de Protocolos da Previdência Social
CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais
APS – Agência da Previdência Social
PAD - Processo administrativo disciplinar
ATM - Assessoria Técnica Médica
NCPC – Novo Código de Processo Civil
GEX – Gerência Executiva
SRD - Seção de Reconhecimento de Direitos
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Inicialmente é necessário informar ao leitor que o segurado ou interessado possui um sistema bastante desenvolvido em termos de regulamentação e sistemas de informática, dentro da administração previdenciária, para buscar os seus direitos. Essa evolução tem sido constante, e o Processo administrativo, ao longo dos anos tem evoluído consideravelmente. É preciso, então, entender todo esse sistema a fim de utilizá-lo em prol do beneficiário da Previdência Social.
Especificamente quanto ao sistema recursal administrativo ainda existem alguns problemas que vão ser trabalhados no transcorrer desse estudo, entretanto fazendo um comparativo com outros órgãos do Governo Federal e mesmo da Previdência Social, o sistema processual administrativo é muito bom, pois as garantias Constitucionais do processo estão bem definidas no regulamento infralegal que o organiza, além de uma estrutura bem consolidada, mas que ainda sofre pela grande demanda que possui. Por esse motivo que os problemas também são multiplicados, afinal são demandas de massa que acabam refletindo para diversas pessoas.
Nesse contexto, é fundamental que o sistema processual administrativo previdenciário deve ter, além de uma análise inicial bem executada, a possibilidade de que a decisão inicial seja revisada no caso de haver um requerente inconformado com alguma decisão do INSS. Isso transmite sensação de segurança aos administrados, além de minimizar os efeitos nefastos de possíveis erros, na análise dos fatos ou da interpretação do direito, que sempre podem ocorrer, evitando injustiças no reconhecimento do benefício pleiteado.
Na esfera processual administrativa previdenciária a fase recursal é aonde se inaugura o litígio, pois é nesse momento que passa a existir a chamada pretensão resistida, ou seja, quando o requerente solicita um direito ao INSS e este profere decisão pelo indeferimento do pedido ou o encerramento da fruição de algum direito. A Legislação (especialmente a Constituição Federal e a Lei nº 8.213/91) garante o direito de defesa do segurado, mais do que isso, a possibilidade de peticionar livremente (independente de custas ou de empecilhos) perante a administração previdenciária a fim de requerer um direito que entende ser devido, podendo inclusive contestar decisões tomadas pela Autarquia Previdenciária através de um recurso, ainda impetrado na esfera administrativa, que será decidido por um órgão administrativo hierarquicamente superior e autônomo. Essa decisão, no entretanto, não exclui a possibilidade de apreciação pelo Poder Judiciário. 
A Lei Geral de Benefícios da Previdência Social, que é a Lei nº 8.213 de 24.07.91, expressamente prevê a possibilidade de interposição de recurso administrativo através do seu art. 126, entretanto não esclarece seus fundamentos basilares, pois remete o estabelecimento de seus critérios e procedimentos ao regulamento infralegal, conforme segue: 
Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. 
Pela legislação não adentrar em detalhes ela também abre espaço para uma interpretação ampla do instituto do recurso. Nesse aspecto, portanto, há possibilidade de interposição de recurso em toda decisão do INSS que cause prejuízo ao segurado ou interessado, ainda que essa decisão não seja especificamente a final do processo. Pode ser interposto recurso de despachos que não considerem algum tempo de contribuição ou remuneração, de decisões que fixem a data de início de benefícios, de decisões que não reconheçam a condição de dependência econômica de um interessado, dentre outras situações. Estes são alguns exemplos de decisões que, mesmo tendo sido deferido o benefício, causam prejuízo ao requerente, e por tal motivo são passíveis de controle hierárquico administrativo em sede recursal.
Considerando que a Lei nº 8.213/91 estabeleceu a necessidade de o sistema recursal administrativo previdenciário ser regulamentada através de decreto, o Poder Executivo incluiu no Decreto 3.048/99 regras específicas de organização e funcionamento, dentro do Capítulo Único “Dos órgãos Colegiados” e na Seção II “Do Conselho de Recursos da Previdência Social”. Esse regulamento estabeleceu nos arts. 303 a 309 os parâmetros gerais desse procedimento. 
Além desse regulamento, ainda existe a Portaria MDSA nº 116 de 20/03/2017, que aprovou o Regimento Interno do Conselho de Recursos do Seguro Social, revogando a Portaria MPS nº 548/2011, que pelo advento da Lei nº 13.341/2016, estava completamente desatualizado, já que a nomenclatura do órgão foi modificada, acabando com o “Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS” e passando a se chamar “Conselho de Recursos do Seguro Social - CRSS”, conforme veremos a seguir.[3: Lei nº 13.341/2016. Art. 7º. [...] Parágrafo único.  Mantidos os demais órgãos e entidades supervisionadas que lhe componham a estrutura organizacional ou que lhe estejam vinculados, ficam transferidos:I - o Conselho de Recursos da Previdência Social, que passa a se chamar Conselho de Recursos do Seguro Social, e o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, do Ministério do Trabalho e Previdência Social para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário;]
 
Contextualização do Conselho de Recursos do Seguro Social (CRSS).
O Conselho de Recursos do Seguro Social foi organizado pelo Decretonº 3.048/99, através do art. 303, entretanto sua nomenclatura foi alterada pela Lei nº 13.341/2016. Antes da alteração realizada pela referida Lei era denominado de Conselho de Recursos da Previdência Social.
O Conselho de Recursos, conforme esclarece o Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99) no seu art. 303 é um órgão de controle dos atos do INSS, vinculado ao Ministério da Previdência Social (atualmente, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário - MDSA) destinado a julgar recursos impetrados pelos beneficiários e interessados, bem como do próprio INSS (quando é sucumbente em decisão de primeira instância recursal).
Nestes temos assim estabelece o art. 303 do Regulamento da Previdência Social:
Art. 303. O Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, colegiado integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social, é órgão de controle jurisdicional das decisões do INSS, nos processos referentes a benefícios a cargo desta Autarquia.
O Conselho de Recursos tem como fundamento principal garantir o caráter democrático e descentralizado da administração previdenciária, preceito básico e fundamental estabelecido na Carta Magna de 1988, em seu art. 10, e também no art. 194, conforme se colaciona abaixo:
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
[...]
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
O CRSS tem grande responsabilidade no comando do sistema recursal administrativo, já que deve exercer função de um verdadeiro controle de qualidade dos atos administrativos praticados pelo INSS.
Isso ocorre devido que o CRSS não está vinculado ao INSS, sendo formado por representantes classistas dos trabalhadores, dos empregadores e também do governo. O CRSS, em última análise, representa a sociedade, desta forma, deve aproximar suas decisões aos anseios da sociedade que ela representa.
Para esse trabalho fundamental, no entanto, deve respeitar os paramentos estabelecidos na legislação em vigor e também os fundamentos constitucionais que norteiam todo o sistema jurídico brasileiro. 
A história do CRSS em um cenário de mudanças.
A Previdência Social viveu no ano de 2016 um momento de profunda reestruturação. Necessário, no entanto, avaliar o contexto histórico em que vivemos, que para seja compreendido qual o objetivo das mudanças propostas. 
O país está vivendo um momento de extrema crise política, com o Impeachman da Presidente Dilma Rouseff e a sua sucessão efetiva pelo seu Vice, Michel Temer, como Presidente da República. O Brasil também está enterrado em uma profunda crise econômica e os governos de todos os entes federativos estão enfrentando problemas profundos de orçamento. Nesse sentido a prioridade do novo governo da República é diminuir o gasto público e realizar diversas reformas estruturais no país, uma delas a da Previdência. Como o CRSS faz parte do sistema organizacional do Governo Federal, ele também sofre modificações importantes na sua vinculação institucional com vistas a se adequar a essa realidade de contenção de despesas. Com a extinção do Ministério da Previdência, ele passa a ser vinculado a Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, com a publicação da Medida Provisória nº 726/2016, que depois foi transformada na Lei nº 13.341/16.
Esses momentos de crise, no entanto, são cíclicos e fazem parte da evolução social do país. Podemos observar em vários momentos históricos que as crises passam e acabam trazendo avanços, em algumas situações, embora possam deixar também cicatrizes profundas. A fim de exemplificar o que mencionamos acima, vamos buscar em alguns momentos históricos, igualmente importantes e turbulentos que nos permitem refletir, quanto ao seu significado perante a Seguridade Social no Brasil e no Mundo.
Momentos históricos importantes
A preocupação com a “Seguridade” do trabalhador ultrapassa os séculos. Desde as primeiras civilizações, dizem os historiadores, que os indivíduos se preocupavam em garantir assistência social aos necessitados. Em Roma, as famílias tinham a obrigação de prestar assistência aos servos mediante uma contribuição de seus membros em benefício daqueles necessitados.
Com o avanço das civilizações e a organização dos Estados a concepção de “seguro” aos trabalhadores ganhou ênfase, sendo instaurada em diversos países, tais como, na Alemanha e na Inglaterra. Seus preceitos foram avançando e se adequando as características locais pelos continentes do globo terrestre. 
No Brasil, formas rudimentares de Previdência Social podem ser visualizadas desde a Constituição do Império, no ano de 1824. Já a Constituição Republicana de 1891, trouxe ao nosso ordenamento a primeira grande evolução nesta área, pois foi a primeira Carta Política que mencionou a palavra aposentadoria em seu art. 75. Embora o nome fosse familiar as suas características não eram parecidas com as atuais, devido a inexistência de qualquer forma de contribuição prévia, ou seja, pagava-se benefício sem nenhuma contraprestação por parte do beneficiário. Outra evolução trazida por aquela Carta Política pode ser observada nas suas disposições transitórias, que previa uma pensão vitalícia ao Imperador D. Pedro II. 
Consequentemente as legislações que se sucederam, começaram a tratar de assuntos relacionados à Previdência. No período pós-crise da Bolsa de Valores, em 1919, especificamente em 24 de janeiro de 1923, foi publicado o Decreto nº 4.682, mais conhecido como Lei Eloy Chaves, que instituiu caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários, em nível nacional. Tal lei ficou conhecida nacionalmente como sendo o marco inicial da Previdência Social oficial no Brasil.
Em emenda constitucional, promulgada em 03 de setembro de 1926, o Congresso Nacional avocou para si a responsabilidade de legislar sobre matérias previdenciárias, não podendo ser regra legislativa estadual. Logo, portanto, ampliou-se o rol dos beneficiários da Lei Eloy Chaves, primeiro para os empregados portuários e marítimos (Decreto Legislativo nº 5.109/1926), posteriormente para os serviços de telegrafia e radiotelegráficos (Lei nº 5.485/1928) e aos empregados de força, luz e bondes (Decreto nº 19.497/1930).
A partir da crise estabelecida pela Revolução de 1930, o sistema previdenciário sofre nova alteração. Nesse momento cada categoria profissional passava a ter um fundo próprio de aposentadoria, conforme o molde italiano de previdência. A contribuição para esses fundos era constituída por três vertentes: do Estado, do empregado e do empregador. Sua gerência era realizada por representantes dos empregados, do empregador e do governo. Assim possibilitou que fossem garantidos, além das aposentadorias e pensões, também serviços de saúde, hospitalares e ambulatoriais. Observamos, nessa fase o embrião do sistema de participação quadripartite de todos os atores envolvidos no sistema previdenciário. 
A Constituição de 1934 trouxe grandes inovações para a Previdência Social. Teve importância devido a consolidação de diversas conquistas dos trabalhadores e a forma de controle de todo o sistema. Nela foi consolidada a forma tríplice de custeio (art. 121), mantinha a competência legislativa sobre a matéria apenas o Poder Legislativo Federal (art. 39), fixava a proteção social ao trabalhador, assegurava a aposentadoria por invalidez e a aposentadoriacompulsória com 68 anos de idade para os funcionários públicos (art. 170).
No que tange a assistência ao trabalhador e aos excluídos socialmente essa Constituição consolida uma evolução bastante interessante, já que foi promulgada dentro de um período de ditadura populista de Getúlio Vargas. A Constituição de 1934 estabeleceu a competência da União para criação de regras para a Assistência Social, bem como dava poderes aos estados-membros para gerirem os serviços de saúde e assistenciais, deixando ao Governo Federal a incumbência de fiscalizar a efetiva aplicação desses direitos para a população. Ainda criou uma rede de proteção social ao trabalhador, que continha a fixação de regras para a assistência médica e sanitária aos trabalhadores e as gestantes. Assegurou o direito ao descanso à gestante antes e depois do parto sem prejuízo do salário e emprego. Garantiu manutenção da previdência aos empregados, em favor da velhice, invalidez, maternidade e em casos de acidente de trabalho ou morte.[4: Vide art. 121 e seguintes da Constituição Federal de 1934.]
Notadamente a Constituição do Estado Novo, outorgada em 1937, no auge da era Vargas, foi bastante sintética em termos previdenciários, regredindo em vários pontos, e não havendo nenhum ponto de evolução. Compilou todo o “aparato” legislativo previdenciário em apenas duas alíneas do art. 137 daquela Constituição. Entretanto, esse período foi importante pelo fato de que as leis trabalhistas tiveram um incremento bastante positivo na proteção social, pois em 1942 que foi publicada a Consolidação das Leis Trabalhistas, que vigora até hoje, e inaugurou um novo modelo de proteção do trabalhador, que tem relação direta com o sistema previdenciário.
No período de redemocratização do Brasil, após a queda da Ditadura Vargas, a Constituição de 1946 passou a dar mais ênfase ao sistema de proteção social. Com ela o Brasil conheceu pela primeira vez, a expressão “Previdência Social” em um texto constitucional, substituindo, por conseguinte, a expressão “Seguro Social” que imperava anteriormente. Esta Constituição dispôs sobre a Previdência Social no capítulo referente ao Direito do Trabalho, outra inovação. Manteve a forma de custeio anterior, com tri-polaridade de contribuintes.[5: Vide art. 5º da Constituição Federal de 1946.][6: Vide art. 157, XVI, da Constituição Federal de 1946.]
A partir do final da década de 1940 verificou-se um movimento no sentido de unificação da legislação que tratava das políticas sociais. Neste sentido, em 01/05/1954 com a publicação do Decreto nº 35.448, que versou sobre a instituição do Regulamento Geral dos Institutos de Previdência, foram uniformizados os princípios basilares aplicáveis nesse ramo. A tendência, portanto, era também de unificar e padronizar todo o sistema de Previdência Social existente, o que ocorreu com a Lei nº 3.807, de 26/08/60, que ficou conhecida como a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). Observa-se que anterior a ela existiu um intenso movimento legislativo, do qual Martinez esclarece:
Igualmente importantes são as leis criadoras dos ex-IAP. Convém não esquecer a Lei Orgânica do Seguro Social do Brasil (Decreto-lei n. 7.526/45 e Decreto n. 35.448/54) o Decreto-lei n. 7.036/44 dá grande impulso à proteção acidentária. O primeiro critério vinculando o salário mínimo é estabelecido pelo Decreto-lei n. 7.835/45 Surge o Departamento Nacional de Previdência Social (Decreto-lei n. 8.742/46). Em 1947 iniciam-se os estudos iniciais com vistas a LOPS. Em 1952 o auxilio-maternidade, no ex-IAPI. Em 1953 todas as CAPl`s são fundidas na CAPFESP (Decreto n. 32.667/53). Em 1957 é criado o SASSE (Lei n. 3.149/57). [...] Com a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (Lei n. 3.807/60) é dado grande passo.
Finalmente, como último grande acontecimento deste período, é criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) através do decreto nº 72 de 21/11/66 que unifica por completo todos os institutos de aposentadorias e pensões existentes no país, não sendo mais permitida a criação de institutos a parte.
Outra ocorrência que merece registro, já em pleno período de crise institucional causado pela Ditadura Militar, é a publicação da Lei nº 6.439/77 que instituiu o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), visando a reorganização da Previdência Social, com a integração das gestões administrativa, financeira e patrimonial do Ministério da Previdência, bem como integrar os serviços de assistência médica e social. Tal sistema subdividia-se em várias instituições, que são: o INPS (que tinha como obrigação manter os benefícios e prestações previdenciários); o INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (responsável pela assistência médica); LBA – Legião Brasileira de Assistência (responsável pela prestação de assistência aos carentes); FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-estar do Menor (responsável pelo bem-estar do menor); DATA-PREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (responsável pela manutenção e processamento dos dados da Previdência); IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições previdenciárias e assistenciais); e CEME – Central de Medicamentos (responsável pela distribuição de medicamentos gratuitamente ou a baixo preço).
Com a promulgação da atual Carta Magna, elaborada num período de redemocratização, a Previdência Social passa a ter um novo tratamento, pois ela passa a integrar o gênero da Seguridade Social. É considerado um dos tripés da Seguridade Social, juntamente com a Assistência Social e a Assistência à Saúde. A previsão constitucional se insere no Capítulo VIII, estando atrelada ao Título da Ordem Social tendo como premissas o bem-estar e a justiça sociais.
Neste período se destacam, antes da vigência das Leis nº 8.212/91 e nº 8213/91, a vinculação do INAMPS no Ministério da Saúde, desvinculando a assistência médica da Previdência Social (influência do novo conceito de Seguridade Social), e da fusão do IAPAS e do INPS em INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), autarquia federal criada pela Lei nº 8.029, de 12/03/1990. 
Na concepção de Cruz e Alves (2010, p.12) a “autarquia previdenciária, enquanto agente operador da Previdência Social brasileira ostenta a posição de uma das maiores, se não a maior, entidade pública brasileira”. Essa afirmação mencionada pelos autores, pode ser aferida também quando analisamos números registrados pelo Instituto, através do Anuário Estatístico da Previdência Social (BRASIL, 2016), referenciando que mais de setenta milhões de segurados contribuem com o Regime Geral de Previdência Social.
As Leis nº 8.212 e nº 8.213, publicadas em 1991, foram instituídas para cumprirem a exigência do art. 59 do ADCT. Também foram necessárias devido a obrigação de realizar adaptações da Previdência Social face os preceitos da nova Constituição. A LBA, a CEME e o INAMPS foram extintos. Também a Assistência Social foi reorganizada pela Lei nº 8.742/93.
Também é nessa época que é criado o Conselho de Recursos da Previdência Social e se aprova o primeiro regimento interno, através da Portaria MPS nº 430, de 08 de setembro de 1992. Esse regulamento foi sendo aperfeiçoado, sendo que em 2011 foi aprovada a Portaria MPS nº 548, que vigorou por mais de 5 anos.
Assim, o mapa organizacional do então Ministério da Previdência e Assistência Social foi refeito, sendo sua divisão constituída de: Conselho Nacional de Previdência Social; Conselho Nacional de Assistência Social; Conselho de Recursos da Previdência Social; Conselho de Gestão da Previdência Complementar; Secretaria de Previdência Social; Secretaria de Estado de Assistência Social; Inspetoria-Geral da Previdência Social.
Em 16 de dezembro de 1998 foi promulgada no Congresso Nacional a Emenda Constitucional nº 20 que alterou substancialmente o sistema previdenciário nacional no que tange o setor privado. E mais recentemente a Emenda Constitucional nº41/2003 que alterou as regras de previdência para os servidores públicos. Nota-se neste período um acentuado período de involução dos direitos alcançados anteriormente, em muito pela justificativa de desequilíbrio financeiro nas contas da Seguridade Social. 
No ano de 2007, a Lei nº 11.457, introduz importante alteração estrutural, extinguindo a Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social e criando a Secretaria da Receita Federal do Brasil. A partir deste momento, a atribuição do INSS se relaciona a análise e administração dos benefícios previdenciários e da Receita Federal do Brasil atrelada as contribuições do RGPS – Regime Geral de Previdência Social. 
Recentemente, as modificações legislativas e estruturais têm se intensificado nos últimos dois anos (2015 e 2016), fruto do discurso reformista de crise financeira e aumento da longevidade das pessoas. Foram inúmeras as alterações que se sucederam nesse período. Diferentemente das outras reformas, condensadas e originárias do Congresso Nacional (Emenda Constitucional nº 20/98, 41/2003 e 47/2005). Estas reformas têm se notabilizado por serem iniciadas através de medidas provisórias, fazendo alterações pontuais em benefícios de natureza não programável (auxílio-doença, pensão por morte, salário maternidade, auxílio reclusão). Além disso, mudanças estruturais na organização dos órgãos que compõe o sistema previdenciário, tais como: extinção do Ministério da Previdência Social e vinculação da pasta ao Ministério do Trabalho e depois ao Ministério da Fazenda; vinculação do INSS e do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. 
Sem adentrar no mérito das alterações em benefícios, a forma como as modificações foram realizadas já é questionável (visto que realizar reformas previdenciárias com medidas provisórias, em primeira análise, é inconstitucional, já que não há como justificar a urgência nessas medidas), além disso, perde a legitimidade do crivo popular, pois as medidas foram propostas sem nenhuma discussão com os atores envolvidos, sendo que isso normalmente ocorre durante o processo legislativo.
Embora as medidas de extinção do Ministério da Previdência não é uma medida bem vista por especialistas e por boa parte da população, o fato é que as modificações propostas por Medida Provisória nº 726 foram confirmadas pelo Congresso Nacional, que a transformou na Lei nº 13.341/2016 consolidando a reestruturação administrativa do Governo Federal no Governo de Michel Temer.
No que tange a matéria recursal administrativa, a mais recente modificação ocorreu com a publicação do novo regimento interno do CRSS, através da Portaria MDSA nº 116 em 20 de março de 2017, que revogou o antigo regulamento e adequando seus termos e procedimentos as modificações implementadas em lei.
Das alterações legislativas junto a estrutura ministerial da pasta previdenciária
Após a contextualização histórica da Seguridade Social de forma geral e também, em específico, da Previdência Social, que hoje não é mais confundida como nos primórdios, cabe ressaltarmos que ao longo dos últimos cinquenta anos, as alterações dos ministérios que se vinculam as políticas previdenciárias são rotineiras. No ano de 1960 surge pela primeira vez uma “pasta governamental” com a titulação “Previdência Social”, criada pela Lei n 3.782, com a nomenclatura de Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). Desde então, o Ministério da Previdência Social manteve-se integrado ao organograma do Governo Federal de forma autônoma ou em conjunto com outras pastas. Entretanto, sempre teve papel de grande importância no contexto administrativo, devido a sua importância social e econômica.
No ano de 1974, foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), através da Lei 6.036. Já em 1990, por meio de mudanças administrativas propostas pelo governo Collor, o Ministério do trabalho e Previdência Social (MTPS) foi unificado, ficando vinculados a DATAPREV, o INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (autarquia federal criada pelo Decreto nº 99.350, de 27.06.1990) e o próprio Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS (regulamentado pelo Decreto nº 3.048/99 no art. 303 e art. 304).
Com grande relevância na política social do País, em 2003, os Ministérios foram remodelados e a matéria relativa a Previdência Social passou a atuar de forma autônoma e exclusiva dentro da organização federal. Esse status tem seu significado e merecimento devido a Previdência Social, conforme dados disponibilizados através do documento intitulado Anuário Estatístico da Previdência Social, administrar por meio do INSS, cerca de 32,7 milhões de benefícios no Regime Geral de Previdência Social. [7: Vide anuário estatístico de 2015. Fl. 276.]
Nesse Anuário também é apresentado o número de processos julgados pelas instâncias de julgamento recursal do CRSS ao longo dos anos, nesse sentido, traz-se uma tabela interessante:
[8: Vide anuário estatístico de 2015, fl. 732.]
Analisando os dados percebe-se uma diminuição substancial dos processos recursais impetrados perante a primeira instância no período de 2013 a 2015. Fazendo uma análise empírica dos dados, entendemos que essa diminuição se deveu a baixa efetividade dos recursos nos últimos anos. Por exemplo, em 2013 o índice de reforma das decisões de indeferimento chegou a apenas 18%. Em 2014 e 2015 esse índice chega chegou a 21% e 22%, respectivamente. Esses índices ainda são tímidos, do ponto de vista de garantia de direito, já que se comparado com o Poder Judiciário o índice de concessões é muito maior, mas muito disso se deve ao fato que tal procedimento ainda não é plenamente conhecido pelos requerentes e também pelos profissionais do ramo.[9: Não foram disponibilizados os números dos recursos relativos à segunda instância recursal administrativa, por tal motivo não foram informados no texto.]
É necessário que a Previdência Social se reestruture de forma a garantir seu papel fundamental de manutenção dos mínimos existenciais para a população assistida e que está abrangida em seu sistema. Esse ponto de vista é referido nas palavras de Cruz e Alves (2010, p.12)
[...] Somente com a proteção social fornecida pela Previdência Social, o mínimo existencial é garantido à expressiva parcela da população, permitindo-lhes os meios básicos para assegurar a dignidade humana desta referida massa populacional. 
Dessa forma, as mudanças político-administrativas, requerem ampla reflexão, consciência dos objetivos constitucionais atrelados a Previdência Social e decisões que leve em conta o caráter protetivo, tendo como premissa a atuação como “seguro” em momentos de dificuldades por parte de seus beneficiários. 
Como de praxe, dentro do contexto histórico da Seguridade e principalmente da Previdência Social, mudanças conceituais e políticas permearam nova alteração a estrutura ministerial. A Medida Provisória 696, de 02 de outubro de 2015, promoveu a fusão do Ministério do Trabalho e Emprego com o Ministério da Previdência Social, dando origem novamente ao Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS).
Essa seria a última alteração do Ministério da Previdência Social antes de sua extinção. Mesmo em grande parte de sua história, padecendo por dificuldades financeiras, mas cumprindo o seu grande papel social, sendo fundamental a redução de pobreza e na geração de renda da população brasileira, o Ministério específico foi extinto e o INSS e o CRPS (agora denominado de CRSS) passou a se vincular a ministério diverso, por força da Medida Provisória 726, como um dos primeiros atos realizados pelo governo de Michel Temer.
 A extinção do Ministério da Previdência Social fez a gestão das políticas públicas sobre previdência para o Ministério da Fazenda. Enquanto que o INSS passou a ser vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). Nesse mesmo ato o Conselho de Recurso da Previdência Social (CRPS) foi vinculado ao Ministério do DesenvolvimentoSocial e Agrário (MDSA) e teve seu nome alterado para Conselho de Recursos do Seguro Social (CRSS). Discute-se, no entanto, se essa metodologia organizacional é realmente adequada para fazer frente aos desafios desses dois órgãos no atendimento ao seu público alvo.
Em torno dessa problemática que esse estudo se desenvolve, sendo realizada uma avaliação comparativa do CRPS – Conselho de Recursos da Previdência Social, quanto sua situação organizacional anterior e a atual nomenclatura, CRSS – Conselho de Recursos do Seguro Social, no sentido de observar qual o seu futuro e também a melhor forma de atuar na busca de um serviço de qualidade para os beneficiários da Previdência Social que necessitam da interposição de um recurso.
A estruturação do CRPS anterior a reforma administrativa de 2016.
A estrutura organizacional do CRPS foi definida primeiramente pelo Decreto nº 3.048 de 06/05/1999, que foi a norma responsável pela regulamentação do Regime Geral da Previdência Social, estabelecendo inclusive, as diretrizes gerais do Conselho de Recursos da Previdência Social. Esses preceitos gerais estão descritos no seu art. 303, conforme segue: 
Art. 303. O Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, colegiado integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social, é órgão de controle jurisdicional das decisões do INSS, nos processos referentes a benefícios a cargo desta Autarquia. 
§ 1º O Conselho de Recursos da Previdência Social compreende os seguintes órgãos: 
I – vinte e nove Juntas de Recursos, com a competência para julgar, em primeira instância, os recursos interpostos contra as decisões prolatadas pelos órgãos regionais do INSS, em matéria de benefícios a cargo desta Autarquia;
As Juntas de Recurso são órgãos considerados de primeira instância na estrutura recursal administrativa do antigo CRPS. A elas competem julgar os processos recursais advindos diretamente das Agências da Previdência Social, cujos benefícios ou serviços foram indeferidos, ou que tiveram uma decisão desfavorável parcialmente, e o segurado, resignado com a decisão, pleiteia a reforma da mesma e a concessão da benesse pleiteada.
A estrutura básica estabelecida pelo regulamento é que exista uma quantidade mínima de Juntas de Recursos, com intuito de atender a demanda de processos recursais oriundas do INSS. Dentro dessa configuração, não existe competência territorial, ou seja, a demanda poderá ser julgada pela Junta Recursal que esteja com a carga de processos menor, sendo de qualquer Estado da Nação, privilegiando os princípios norteadores da celeridade e eficiência. No próprio processo administrativo, não se fala em competência territorial, podendo o segurado requerer o benefício em qualquer Agência do INSS do País, independentemente do local em que resida. 
Atualmente existem três Juntas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, uma nos estados de Rondônia, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Pernambuco, Ceará e Amazonas. Não existem Junta de Recursos nos estados de Acre, Roraima, Amapá e Tocantins, em face de sua demanda não ser suficiente para justificar o custo de uma estrutura administrativa complexa como esta. Essa sistemática torna a distribuição processual mais racional, já que essa regra autoriza a distribuição ou a redistribuição de processos de um Estado para Juntas de outros entes federados, quando naquele órgão local exista uma sobrecarga de processos, tornando o processo mais célere. De regra, quando um processo recursal é protocolado, ele é encaminhado através do sistema eletrônico para um órgão de distribuição central, sendo direcionado preferencialmente para a Junta local, entretanto, se o estoque represado de processos seja elevado, os novos processos serão distribuídos para outra Junta com menor demanda ou mais eficiente. Esse expediente tem sido usado para desafogar as Juntas de alguns estados, que recebem mais processos do que sua condição de julgar.
Ademais, existe outro órgão administrativo dentro do Conselho de Recursos do Seguro Social. Considerada a segunda instância recursal administrativa, as Câmaras de Julgamento (CAJ) são competentes para julgar processos recursais impetrados contra as decisões da primeira instância, ou seja, das Juntas de Recurso (JRPS). Sua sede física está localizada em Brasília (DF), tendo competência jurisdicional em todo o território nacional. A organização das Câmaras de Julgamento está fundamentada no artigo 303, em seu inciso II, do Decreto nº 3.048/99: 
Art. 303. O Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, colegiado integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social, é órgão de controle jurisdicional das decisões do INSS, nos processos referentes a benefícios a cargo desta Autarquia. 
§ 1º O Conselho de Recursos da Previdência Social compreende os seguintes órgãos: [...]
II – quatro Câmaras de Julgamento, com sede em Brasília, com a competência para julgar, em segunda instância, os recursos interpostos contra as decisões proferidas pelas Juntas de Recursos que infringirem lei, regulamento, enunciado ou ato normativo ministerial;
É importante salientar que a alteração promovida pela Lei nº 13.341/2016 não foi a única ao longo de sua história. Esse contexto pode ser vislumbrado nas palavras de Berwanger (2011, p. 5): 
Antes da criação da Receita Federal do Brasil, havia seis Câmaras de Julgamento, pois julgavam também os recursos dos contribuintes, neste caso, em única instância, ou seja, quando se tratava de matéria tributária, os recursos eram distribuídos diretamente no Conselho, em Brasília. 
Tendo caráter cooperativo, para com a demanda recursal das Câmaras de Julgamento, foram criadas, de forma provisória, “Composições Adjuntas”, que são vinculadas as Câmaras de Julgamento, mas possuem estruturas próprias, com competência para julgarem todas as demandas oriundas do sistema recursal administrativo. Essa possibilidade de ampliação da capacidade de julgamento dos processos foi criada pelo art. 5º, §3º, do antigo Regimento Interno do CRSS, aprovado pela Portaria MPS nº 548/2011.
Complementando a estrutura organizacional do Conselho de Recursos da Previdência Social, o Conselho Pleno, tem competência para uniformizar a jurisprudência administrativa mediante enunciados, julgar incidentes de uniformização de jurisprudência em tese e no caso concreto, além de deliberar sobre cassação de Conselheiros. 
Nesse sentido, a Portaria MPS nº 548, de 13 de setembro de 2011 elencou quais as funções do Conselho Pleno, conforme seu art. 15: 
Art. 15. Compete ao Conselho Pleno:
I - uniformizar, em tese, a jurisprudência administrativa previdenciária, mediante emissão de enunciados;
II - uniformizar, no caso concreto, as divergências jurisprudenciais entre as Juntas de Recursos nas matérias de sua alçada ou entre as Câmaras de julgamento em sede de recurso especial, mediante a emissão de resolução; e
III - deliberar acerca da perda de mandato de Conselheiros, nos casos em que o Presidente do CRPS entender necessário submeter a decisão ao colegiado.
No que tange a competência, às Juntas de Recurso (órgão com menor nível hierárquico dentro da organização do CRPS) compete julgar recursos formulados pelos segurados do INSS que tem seus pedidos negados pela administração conforme segue:
Art. 17. Compete às Juntas de Recursos julgar os Recursos Ordinários interpostos contra as decisões do INSS nos processos de interesse dos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, nos processos referentes aos benefícios assistenciais de prestação continuada previstos no art. 20 da Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993 e, nos casos previstos na legislação, nos processos de interesse dos contribuintes do Regime Geral de Previdência Social.
Como informamos anteriormente, a Lei nº 11.457/2007 (que criou a chamada “Super Receita Federal do Brasil”)reestrutura o sistema de arrecadação de tributos federais, assim o INSS não atua mais como órgão arrecadador, apenas é responsável pela concessão de benefícios. Portanto as Juntas de Recursos não julgam mais processos que versem sobre notificações de débitos de tributos previdenciários (NFLD), entretanto ainda é de competência do INSS realizar cálculos de contribuições em atraso de contribuintes individuais pessoas físicas, que espontaneamente requeiram o pagamento de contribuições não realizadas em época própria. Sobre essas decisões (no caso de haver indeferimentos ou provimentos parciais) são passíveis recursos administrativos. Sobre a competência das Juntas de Recursos a Portaria nº 548/2011 estabelecia no art. 17 que: 
Art. 17. Compete às Juntas de Recursos julgar os Recursos Ordinários interpostos contra as decisões do INSS nos processos de interesse dos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, nos processos referentes aos benefícios assistenciais de prestação continuada previstos no art. 20 da Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993 e, nos casos previstos na legislação, nos processos de interesse dos contribuintes do Regime Geral de Previdência Social.
Num nível hierárquico superior às Juntas de Recursos, encontram-se as Câmaras de Julgamentos (CaJ). Esse colegiado é competente para julgar qualquer matéria oriunda de decisões das Juntas em que uma das partes não esteja plenamente satisfeita e interpõe novo recurso. Conforme segue o dispositivo do Regimento Interno anterior:
Art. 16. Compete às Câmaras de Julgamento julgar os Recursos Especiais interpostos contra as decisões proferidas pelas Juntas de Recursos.
Parágrafo único. O INSS poderá recorrer das decisões das Juntas de Recursos somente quando:
I - violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial;
II - divergirem de súmula ou de parecer do Advogado Geral da União, editado na forma da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993;
III - divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do MPS ou da Procuradoria Federal Especializada - INSS, aprovados pelo Procurador-Chefe;
IV - divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS;
V - tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; e
VI - contiverem vício insanável, considerado como tal as ocorrências elencadas no § 1º do art. 60.
Conforme se vislumbra no dispositivo acima, as CaJ’s podem julgar demandas tanto oriundas do segurado quanto do INSS, pois ambas são partes legítimas para interpor recurso de decisões das Juntas de Recursos. Entretanto, enquanto o segurado pode exercer o direito de recorrer de forma plena, o INSS somente poderá propor uma peça contestatória da decisão das Juntas de Recurso, no caso de violação ao parágrafo único do art. 16, acima colacionado.
Nesse liame, outra restrição estabelecida em regulamento ao direito do duplo grau de jurisdição era elencada no art. 18 da Portaria MPS nº 548/2011, o qual estabelece matérias de alçada em que, nem o INSS, tampouco o segurado, poderá manifestar sua contrariedade a decisão e recorrer ao órgão superior recursal, conforme segue:
Art. 18. Constituem alçada exclusiva das Juntas de Recursos, não comportando recurso à instância superior, as seguintes decisões colegiadas:
I - fundamentada exclusivamente em matéria médica, quando os laudos ou pareceres emitidos pela Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos Peritos do INSS apresentarem resultados convergentes; e
II - proferida sobre reajustamento de benefício em manutenção, em consonância com os índices estabelecidos em lei, exceto quando a diferença na Renda Mensal Atual - RMA decorrer de alteração da Renda Mensal Inicial – RMI.
O mandatário geral do CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social) era o presidente, que era nomeado pelo Ministro da Previdência Social, dentre um representante do Governo, conforme estabelecia o art. 3º do antigo Regimento Interno:
Art. 3º O CRPS é presidido por um representante do governo com notório conhecimento da legislação previdenciária, nomeado pelo Ministro de Estado da Previdência Social.
Parágrafo único. O Presidente do CRPS é substituído, nas suas ausências e impedimentos, por um dos Presidentes de Câmara de Julgamento, previamente designado, ou pelo titular da Coordenação de Gestão Técnica.
Por sua vez, cada Junta ou Câmara de Julgamento é composta por dois representantes do Governo, também nomeados pelo Ministro de Estado. Também constitui os colegiados, um representante das empresas e um dos trabalhadores. Nesse sentido era o que disciplinava o art. 5º da Portaria nº 548/2011:
Art. 5º. As Câmaras de Julgamento e as Juntas de Recursos, presididas e administradas por representante do governo, são integradas por quatro membros, denominados Conselheiros, nomeados pelo Ministro de Estado da Previdência Social obedecendo-se a seguinte composição de julgamento:
I - um Conselheiro Presidente da respectiva Câmara ou Junta, que presidirá a composição de julgamento;
II - um Conselheiro representante do governo;
III - um Conselheiro representante dos trabalhadores; e
IV - um Conselheiro representante das empresas.
Nesse corolário, a participação da “sociedade” no Conselho de Recursos é uma condição estabelecida por princípios Constitucionais, que atende ao disposto na Constituição Federal, quando trata dos objetivos da Seguridade Social em seu art. 194: 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
[...] 
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. 
Os nomeados para exercer um cargo de conselheiro do CRPS devem possuir conhecimento da causa previdenciária, mas não é exigência comum para todos os indicados, a conclusão de curso superior. A maioria das entidades de classe deve indicar representantes com graduação superior completa, não necessariamente em Direito, com exceção dos representantes dos trabalhadores rurais que não precisam cumprir essa exigência de formação (para eles basta ter ensino médio completo), conforme dispõe o inciso II do § 4º do art. 303 do Decreto nº 3.048/99. Os representantes dos trabalhadores e dos empregadores são nomeados após terem sido escolhidos numa lista tríplice formada pelas entidades sindicais de classe. Além do art. 194 a Constituição Federal de 1988 também estabelece em seu art. 9º a forma de constituição dos conselhos representativos dos interesses profissionais e previdenciários com integrantes dos trabalhadores e empregadores, conforme segue: 
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Existiam, por evidente, os representantes do Governo, que eram servidores de carreira do Executivo Federal, preferencialmente do Ministério da Previdência Social ou do INSS, que possuíam curso superior completo (não importando a área do conhecimento) e notório conhecimento da legislação previdenciária. São escolhidos pelo Ministro da pasta no qual o CRPS está vinculado. No caso, os representantes do Governo terão dedicação exclusiva ao Conselho, percebendo a remuneração do cargo de origem. Como não há um acréscimo na remuneração do servidor, o mais comum era que os representantes do Governo fossem indicados entre servidores inativos, pois estes poderiam perceber jetons, de acordo com sua produção, da mesma forma que os conselheiros representantes dos trabalhadores e das empresas. Dessaforma, representa aos servidores aposentados um acréscimo em sua renda. 
O mandato dos Conselheiros era de dois anos, podendo ser reconduzido indefinidamente, conforme a conveniência da administração e das entidades de classe que representa. Nesse aspecto observamos o que disciplinava o art. 9º do Regimento Interno anterior: 
Art. 9º O mandato dos Conselheiros das Câmaras de Julgamento e das Juntas de Recursos é de dois anos, a contar da publicação do ato de nomeação, sendo permitida a recondução, conforme estabelece o Regulamento da Previdência Social, atendidas as condições impostas por este Regimento.
Esta á uma contextualização da estrutura organizacional do CRPS antes do advento da reforma ministerial engendrada pela Medida Provisória 726/2016 e da aprovação do novo Regimento Interno do CRSS (Portaria MDSA nº 116/2017), sendo que no próximo capítulo será tratado da forma como esse órgão recursal será configurado após a reforma. 
A nova estrutura do Conselho de Recursos do Seguro Social 
Como já mencionado, a Medida Provisória nº 726, publicada no dia 13 de maio de 2016, promoveu consideráveis alterações na estrutura do Governo Federal. Quanto ao assunto em tela, o inciso II do Parágrafo Único do art. 7º da referida Medida Provisória é que trata do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) e o transforma em Conselho de Recursos do Seguro Social (CRSS), vinculando ao MDSA. 
Aparentemente uma mera troca de nomenclatura, mas que na verdade, amplia seu rol de possibilidades, tendo em vista que o termo “Seguro Social” é bem mais amplo que “Previdência Social”. 
A expressão Seguro Social traz a ideia de Seguridade, que por sua vez, remonta a todo o sistema jurídico de proteção social instituído pela Constituição Federal, em seu artigo 194 aos residentes no País. A Proteção Social não se restringe apenas aos serviços Previdenciários, mas também os serviços de Saúde e de Assistência Social, conforme segue:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Nesse sentido, essa nova nomenclatura nos faz compreender que o CRSS abarque também recursos relativos aos benefícios advindos de todo o Sistema de Seguridade Social, tais como recursos oriundos da bolsa família e outros programas assistenciais do governo, administrados pela Assistência Social dos Municípios. Dessa forma, abriria margem inclusive para atuação em procedimentos oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS), incrementando ampliação significativa em sua competência em um nível nunca antes experimentado.
Vale lembrar que essa avaliação se trata apenas de uma cogitação, tendo em vista que estamos em um estágio embrionário da reforma legislativa, que não chegou ainda a ser devidamente analisada pela doutrina e pelo próprio MDSA, já que até o momento não foi publicado um novo regimento interno para adequar as normas internas do Conselho a sua nova missão institucional. 
Nesse enfoque se faz necessária uma ampla discussão sobre o assunto, trazendo para o processo todos os atores envolvidos (segurados, governo, assistências sociais municipais, entidades de classe dos profissionais que atuam na área e os próprios Conselheiros do antigo CRPS), para que haja ampla reflexão com intuito de analisar o contexto institucional e buscar uma nova sistemática para que Conselho se torne cada vez mais eficiente e efetivo. Se cumpra seu papel de autoridade hierarquicamente superior que pratica atos de controle da administração previdenciária.
É necessário que o poder decisório do INSS sofra revisões constantes, tendo em vista os graves problemas que enfrenta para proferir atos administrativos que respeitem o princípio da legalidade e as demais normas informadoras da administração. Para realizar essa tarefa essencial de revisão, nada melhor que um “tribunal” formado por representantes dos próprios atores partícipes do processo administrativo, tornando a estrutura do Conselho de Recursos uma expressão efetiva dos princípios democráticos de participação popular junto ao poder público.
No entanto, para que esse Conselho seja efetivamente pleno e cumpra com seu dever institucional previsto no Decreto nº 3.048/99, especificamente no art. 303, deve imbuir-se de autonomia administrativa, orçamentária e decisória, sempre dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Direto Público e também pela Jurisprudência do Poder Judiciário, que, via de regra, dará sempre a última decisão sobre o direito pleiteado.
Essas alterações sugeridas ainda precisam de muita reflexão, sendo que dessa análise deve ser consolidadas através de um ato administrativo normativo (um Decreto ou uma Resolução) ou mesmo uma lei regulamentadora de suas atividades. A recém publicada Portaria MDSA nº 116 publicada em 20/03/2017 aprovou o novo regimento interno do CRSS. Entretanto perdeu-se uma enorme oportunidade para ampliar o poder decisório do CRSS e melhorar todo o sistema recursal que anteriormente era regulado pela Portaria MPS nº 548 de 13/09/2011, já que a nova regra não inova em nenhum momento. 
Esse novo regimento interno não muda em nada na estrutura administrativa, orçamentária e decisória do CRSS, mantendo o organograma do Conselho da forma como foi organizado pela Resolução anterior. Nesse sentido preparamos um comparativo do regimento antigo e do atual a fim de que se observem as similitudes:
	RI do CRSS – Portaria 116/2017
	RI do CRPS – Portaria 154/2008
	CAPÍTULO I - DA CATEGORIA E DA COMPETÊNCIA 
Art. 1º O Conselho de Recursos do Seguro Social - CRSS, colegiado integrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário - MDSA, é órgão de controle jurisdicional das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, nos processos de interesse dos beneficiários e das empresas, nos casos previstos na legislação. 
Parágrafo único: O CRSS tem sede em Brasília/DF e jurisdição em todo o Território Nacional. 
	CAPÍTULO I 
DA NATUREZA, SEDE E FINALIDADE 
Art. 1º O Conselho de Recursos da Previdência Social -CRPS, colegiado integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social MPS, é órgão de controle jurisdicional das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, nos processos de interesse dos beneficiários e das empresas, nos casos previstos na legislação. 
Parágrafo único. O CRPS tem sede em Brasília DF e jurisdição em todo o Território Nacional. 
	
CAPÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO 
Art. 2º O CRSS tem a seguinte estrutura: 
I - ÓRGÃOS COLEGIADOS: 
1. Conselho Pleno; 
2. Quatro Câmaras de Julgamento; 
2.1. Quatro Serviços de Secretaria de Câmara de Julgamento; 
3. Vinte e nove Juntas de Recursos; e 
II - ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS: 
1. Presidência; 
1.1. Serviço de Secretaria do Gabinete da Presidência; 
1.2. Serviço de Apoio aos Órgãos Colegiados; 
1.3. Assessoria do Gabinete; 
2. Coordenação de Gestão Técnica; 
3. Divisão de Assuntos Jurídicos; 
4. Divisão de Assuntos Administrativos; 
§ 1º Os Órgãos Colegiados serão assistidos por Assessoria Técnico - Médica no âmbito do CRSS. 
§ 2º As competências e atribuições de Seções, vinculadas as Funções Gratificadas - FG no âmbito do CRSS, em conformidade com o anexo II do Decreto n.º 8.949, de 29 de dezembro de 2016, serão definidas em ato próprio da Presidência do Conselho de Recursos do Seguro Social. 
	CAPÍTULO II 
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 
Art. 2º O CRPS tem a seguinte estrutura: 
I - ÓRGÃOS COLEGIADOS: 
1. Conselho Pleno; 
2. Quatro Câmaras de Julgamento; 
2.1. Quatro Serviços de Secretaria de Câmara de Julgamento; 
3. Vinte e nove Juntas de Recursos; e 
3.1. Vinte e nove Seções de Secretaria de Junta de Recursos. 
II - ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS: 
1. Presidência; 
1.1. Serviço de Secretaria do Gabinete da Presidência; 
1.1.1. Seção de Apoio Administrativo do Gabinete; 
1.2. Serviço de Apoio aos Órgãos Colegiados; 
1.3. Assessoria do Gabinete; 
2. Coordenação de Gestão Técnica;2.1. Seção de Apoio Administrativo; 
3. Divisão de Assuntos Jurídicos; 
3.1. Seção de Apoio Administrativo; 
4. Divisão de Assuntos Administrativos; 
4.1. Seção de Protocolo; 
4.2. Seção de Informática; 
4.3. Seção de Administração e Suprimento; e 
4.4. Seção de Apoio ao Servidor; 
4.5. Seção de Documentação. 
Parágrafo único. Os Órgãos Colegiados serão assistidos por Assessoria Técnico-Médica Especializada. 
 
Observamos pela leitura comparativa dos artigos constantes no novo regimento interno e do anterior que tanto a estrutura (art. 2º) como a competência (art. 1º) do CRSS permanecem inalteradas. Diante disso tudo que já foi estudado no item antecedente desse livro ainda se aplica ao sistema atual.
Uma prova da necessidade de alteração regimental está no fato de que quando foi discutida a eficácia do Enunciado nº 35, do extinto CRPS, publicado em 20/11/2013, foi estabelecido pelo Conselho Pleno que as decisões das turmas recursais administrativas não poderiam contrariar os pareceres da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social (atualmente Ministério da Fazenda, já que passa ser o responsável pelas políticas públicas de Previdência), essa decisão engessou o CRSS que necessita de flexibilidade para fazer frente aos desafios dos Direitos Sociais. 
Uma orientação como esta viola frontalmente o princípio do duplo grau de jurisdição administrativo e do devido processo legal, visto que as decisões proferidas por um órgão colegiado, destinado a revisão dos atos praticados pela administração previdenciária, são limitadas pela própria parte que atua no pólo passivo da demanda (com interesse no desfecho favorável aos seus interesses do processo). O INSS possui um poder de persuasão e um aparato organizacional muito maior que o segurado. Ainda assim, o órgão julgador possui limitações que vão além do próprio processo e da argumentação das partes. Cria-se aí uma situação de parcialidade e de desequilíbrio processual que ofende frontalmente todos os princípios amplamente protegidos pela Constituição Federal, principalmente no seu art. 5º.
Nessa conjuntura de reformulação administrativa seria muito importante adentrar em questões problemáticas de ordem jurisdicional do novo CRSS. O que se impõem é que este órgão se torne mais efetivo, combativo e consiga efetuar o controle os atos praticados pelo INSS de forma precisa, a fim de atender os anseios dos segurados da Previdência Social. 
Outro ponto nefrálgico dessa reformulação organizacional passa pela ampliação da competência decisória, a fim de atingir questões relativas a toda a Seguridade Social, passando a ser o órgão recursal de excelência dentro da Administração Pública Federal. 
Entretanto o que se percebeu com a publicação da Portaria nº 116/2017 é que a administração central não se preocupou em fortalecer o CRSS. O novo Regimento Interno limitou-se a atualizar o nome dos órgãos alterados por conta da reformulação da estrutura do Governo Federal e a fazer mudanças pontuais em alguns ritos processuais, como, por exemplo, a antiga revisão de ofício que foi extinta para ser incluída no capítulo relativo aos embargos de declaração.
O sistema informatizado de tramitação processual
O programa que faz a tramitação recursal no processo administrativo recursal é similar aos mais modernos programas de gestão processual que existem em nosso país. Com o sistema denominado de “e-recursos” o CRSS tem controle completo sobre os recursos impetrados pelos segurados, interessados, empresas e também pelo INSS. O sistema de gestão processual permite aos administradores terem uma visão geral sobre o estoque de processos em andamento nos órgãos recursais.
O e-recursos é um sistema informatizado da Previdência Social, baseado no programa e-proc do TRF da 4ª Região, que visa gerenciar e fazer toda a tramitação dos processos recursais administrativos protocolizados por interessados em processos iniciados nas agências do INSS de todo o Brasil. Com base nesse sistema o procedimento recursal tornou-se, praticamente, todo realizado via on-line. Pode ser acessado pelo endereço: https://erecursos.previdencia.gov.br/login.php/.
Esse programa melhorou consideravelmente a eficiência na tramitação e análise dos processos recursais. Ocorreu, nos últimos anos, após a sua implantação, uma diminuição considerável no tempo de espera para a o julgamento das demandas, inclusive na esfera de segunda instância.
É necessário, no entanto, o aprimoramento da sua interface de programação para permitir que os requerentes também tenham acesso direto ao processo e possam realizar a juntada de documentos e fazer movimentações processuais.
Para possibilitar esse tipo de atuação, o governo federal já publicou Decreto nº 8936/2016 que regulamentou a nova plataforma digital do Governo Federal. Conforme publicação constante no Site do Ministério do Planejamento e Gestão:[10: Decreto nº 8.936 de 19/12/2016 que Institui a Plataforma de Cidadania Digital e dispõe sobre a oferta dos serviços públicos digitais, no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.]
A publicação do Decreto 8.936 faz parte das ações do governo federal para aumentar a oferta de serviços públicos digitais. Somente neste ano foram estabelecidas a Política de Governança Digital, a Estratégia de Governança Digital (EGD), a legislação para compartilhamento de bases de dados, a Política Brasileira de Dados Abertos e ainda fizemos um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral para o uso de dados biométricos”, afirma Marcelo Pagotti, secretário de Tecnologia da Informação do MP.
Dentre as determinações este decreto estabelece o prazo de seis meses para que seja disponibilizada, pelo comitê gestor, uma ferramenta de solicitação (peticionamento) eletrônica e acompanhamento de serviços pelos usuários. Já os órgãos da administração federal direta, autárquica e fundacional (onde se inclui o INSS) devem incluir seus respectivos serviços no serviços.gov.br em 12 meses. Assim, provavelmente até o início de 2018 o INSS terá que disponibilizar aos seus usuários a possibilidade de formalizar seus recursos através do modo digital, sem a necessidade de ir até as suas agências.
Certamente avanços consideráveis no sentido de facilitar e ampliar a utilização do procedimento recursal pelos usuários do sistema previdenciário. Entretanto, de nada adianta facilitar o acesso dos usuários nos sistemas se a conclusão do processo ainda é deficitária. Dessa forma, é necessário que todos os sistemas, os funcionários e a própria legislação respeitem os princípios basilares do Direito Previdenciário e Processual. Por tal motivo que o próximo capítulo se destina ao estudo dos principais princípios que norteiam o processo administrativo. 
DOS PRINCÍPIOS INFORMADORES DO RECURSO ADMINISTRATIVO
Em todo o estudo relativo a institutos do Direito, é necessário analisar quais são os seus princípios informadores, a fim de que se estabeleçam os paradigmas ou fundamentos a serem seguidos. A melhor hermenêutica a ser aplicada no caso concreto, deve sempre se balizar por esses princípios. No caso em tela, temos uma situação em que não existe uma norma legal específica (com status de lei ordinária) que regule os caminhos do processo recursal administrativo previdenciário. Toda a regulação relativa ao procedimento recursal administrativo previdenciário é baseada em normas infralegais, que interpretam e estabelecem procedimentos baseados em leis genéricas (especialmente a Lei nº 8.213/91 e a Lei nº 9.784/99). Então, com mais razão ainda, nesse caso, temos que nos valer dos princípios para avaliar se o regulamento está em consonância com o que se estabelece na lei e se não há prejuízo ao cidadão, destinatário final da norma. Assim, cada ato administrativo deve ser efetuado dentro dos melhores fins para os administrados.
O que se pretende trazer aqui são conceitos sobre alguns princípios que a doutrina em geral considera mais importantes dentro da matéria recursal e administrativa.Não se pretende, como já mencionamos, exaurir a matéria, apenas aclarar algumas questões que mais tem relevância dentro do sistema recursal administrativo.
A doutrina diverge quanto aos critérios classificatórios dos princípios. Há autores que agrupam princípios processuais apenas, outros que classificam em processuais e materiais e outros como constitucionais e infraconstitucionais. Para o presente trabalho iremos adotar uma classificação eminentemente processual.
Do princípio do duplo grau de jurisdição administrativa
Este é o princípio que dá origem a todo o sistema recursal, no sentido de que estabelece a necessidade de um sistema hierárquico que tenha o poder de revisão dos atos decisórios emanados de agentes públicos com hierarquia menor. Segundo a lição doutrinária estabelecida por Santos (1993, p. 83-84), “in verbis”:
O princípio do duplo grau de jurisdição, consagrado pela Revolução Francesa, consiste em admitir-se, como regra, o conhecimento e decisão das causas por dois órgãos jurisdicionais sucessivamente, o segundo de grau hierárquico superior ao primeiro.
De acordo com esse conceito esse princípio estabelece a necessidade de que uma decisão possa ser reavaliada por outra autoridade com supremacia hierárquica que fará uma avaliação sobre os aspectos formais e de mérito da decisão rescindenda. Também cabe observar que o princípio do duplo grau de jurisdição não representa garantia de cunho constitucional, portanto não é obrigatório para a administração que se crie instâncias administrativas revisoras ou grau hierárquico de jurisdição administrativa. Entretanto, em sendo criado a sua observação pela entidade é obrigatória. Uma premissa desse direito é seu livre acesso, não é permitido que a lei condicione a admissibilidade do recurso administrativo a qualquer valor relativo a preparo, como ocorre no processo judicial. Pode-se criar, no entanto, critérios formais que restrinjam sua requisição, como por exemplo, estipulação de um prazo máximo para impetração.
É nosso entendimento, no entanto que, embora o princípio do duplo grau de jurisdição administrativo não esteja respaldado expressamente no texto Constituição Federal, é um dever que a Administração deve respeitar, já que o recurso administrativo integra, em última análise, o exercício da ampla defesa no processo administrativo. Além disso, é necessário garantir ao administrado a revisão das decisões tomadas pelas entidades públicas. 
A fim de se tornar mais claro ao leitor a regra Constitucional, colacionamos o inc. LV do art. 5º da Constituição Federal, em seu inteiro teor: 
Art. 5º. [...] 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Embora não seja expresso, nos parece que qualquer sistema processual administrativo que não possua em sua organização órgãos hierárquicos de controle que permitam a interposição de recursos que questionem atos decisórios por ele realizados é inconstitucional e deve ser reorganizado seguindo o princípio do duplo grau de jurisdição. Por tal motivo que a própria Lei nº 8.213/91, em seu art. 126, trouxe como mandamento obrigatório a criação através de regulamento infralegal um sistema recursal específicos para o Sistema Previdenciário do RGPS. A Lei nº 9.784/99 também estabeleceu em seu art. 56 e seguintes, a necessidade de que as decisões proferidas no âmbito administrativo do Governo Federal fossem revisadas através de recurso.
Nesse aspecto, o sistema recursal administrativo no Direito Previdenciário é um instrumento fundamental de garantia processual, que dá aos administrados segurança e garantia de ampla defesa em decisões proferidas pelo INSS.
Princípio da gratuidade ou livre acesso ao contencioso administrativo
Além da previsão constitucional, o princípio da gratuidade tem respaldo legal infraconstitucional expresso. Pode ser encontrado na Lei nº 9.784/99, no inciso XI do parágrafo único, do artigo 2º, sendo seguido por leis estaduais que já regularam os processos administrativos no âmbito de suas competências:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: [...]
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;
A gratuidade é inerente ao exercício da função administrativa, pois se trata do aparato estatal apto a procedimentalizar a prestação de serviço público, que é dever do Estado.
Diante disso o procedimento recursal na Previdência Social deve ser instaurado sem custo algum ao recorrente, bem como eventuais diligências que devam ser realizadas também devem ser custeadas pela administração. O acesso livre, pleno e desembaraçado do direito de petição.
Do direito de petição
Embora não seja tecnicamente um princípio e sim um direito individual com a garantia de cláusula pétrea, a Constituição Federal de 1988 quando regulou esse direito deu ao administrado o poder de apresentar requerimento à repartição pública para defender algum direito seu ou de terceiro, bem como de buscar alguma certidão do órgão público de seu interesse, de forma livre e desembaraçada. Esse direito fundamental está expresso na Constituição Federal, em seu art. 5º, por esse motivo se apresenta como uma garantia fundamental do individuo, conforme segue:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[…]
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
 
Este poder que o administrado possui, combinado com o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição Administrativo, estabelece o dever do INSS (no nosso caso específico) de receber as petições apresentadas pelos interessados sem que se estabeleça qualquer tipo de empecilho ao protocolo. O recorrente sempre terá sua petição recebida no INSS, sem que se cobre qualquer tipo de taxa e mesmo que já tenha decorrido o prazo regulamentar para a interposição do pedido. A decisão tomada pelo órgão recursal pode até ser de não provimento. Pode, através de um ato administrativo fundamentado, entender que os requisitos para o que se pleiteia não foram atingidos, entretanto o que se defende com o Direito de Petição, é o poder postulatório perante a repartição pública, independente do resultado.
Do princípio da legalidade
Na esfera administrativa o princípio da legalidade é condição primordial de validade de qualquer ato praticado. Esse princípio restringe a atuação da administração pública, já que com base em sua premissa só permite fazer o que a lei autoriza, diferentemente de um particular, que também tem atuação pautada pela Legalidade, mas, nesse caso, é possível fazer tudo o que a lei não proíbe. O objetivo desse princípio é evitar ao máximo a discricionariedade da Administração, restringindo sua atuação, sendo notória a necessidade da existência de determinação legal para a atuação administrativa.
Sobre esse aspecto Carvalho Filho (2015, p. 20) esclarece que:
O princípio da legalidade é certamente a diretriz básica da conduta dos agentes da Administração. Significa que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei. Não o sendo, a atividade é ilícita. 
Tal postulado, consagrado após séculos de evolução política, tem por origem mais próxima a criação do Estado de Direito, ou seja, do Estado que deve respeitar aspróprias leis que edita.
Sobre a função do princípio da legalidade, Mauss e Triches (2016, p. 56) informam que: 
O princípio tem incidência no âmbito previdenciário no que se refere à atuação da autarquia federal, seja no âmbito da concessão ou da revisão do benefício previdenciário, a qual deve observar a legislação pertinente à matéria, assim como no procedimento, tudo com vista a garantir a igualdade e segurança dos segurados.
O Princípio da Legalidade é que orienta a administração pública a realizar seus atos sempre vinculados a um dispositivo legal, nesse sentido nos parece imprescindível que qualquer decisão tomada no âmbito da Previdência Social seja fundamentada com base em dispositivo constante em lei ou ato superior vigente na época do requerimento ou da prestação do serviço, seja para a concessão ou para o indeferimento do pedido. Não nos parece lógico, no esteio da interpretação desse princípio, que qualquer ato normativo infralegal seja utilizado como fundamento para decisão da administração previdenciária. Embora a Instrução Normativa (IN) seja (ou pelo menos deveria ser) uma interpretação fiel da lei. A IN pode ser usada como baliza de conduta do servidor, para parametrizar a interpretação da administração sobre alguma situação, mas a decisão em si, sobre o direito material, deveria estar calcada, invariavelmente, em texto legal.
Ocorre na prática costumeira da Administração Previdenciária, são apresentadas aos requerentes apenas decisões, pautadas apenas nos regulamentos infralegais (decreto ou instrução normativa). Em casos muito raros são apresentadas decisões fundamentadas em texto de lei e muito menos ainda baseado na Constituição Federal.
No entanto, as decisões proferidas em sede recursal, no CRSS, têm fugido a essa regra equivocada de fundamentação, pois, normalmente, os acórdãos têm buscado calcar seus elementos decisórios na lei ou em normas superiores, raras vezes no decreto e na instrução. Este é um dos motivos pelos quais defendemos no transcorrer desse estudo que o CRSS tem atuado como um verdadeiro revisor dos atos do INSS e também como uma forma de transcender, em alguns casos, a inoperância do Estado.
 
Do princípio do devido processo legal administrativo
No que tange a matéria processual o princípio do devido processo legal é um dos mais importantes cânones constitucionais relacionados ao processo. É com base nele que se protegem os direitos subjetivos dos administrados, sendo um requisito de legalidade de qualquer decisão proferida pela administração. Não por acaso foi expressamente mencionado em cláusula pétrea constitucional pelo legislador constituinte originário, no art. 5º, LIV, que estabelece ser ele uma garantia individual do cidadão nos seguintes temos:
Art. 5º. [...] LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
 
No esteio desse mandamento constitucional, que por ser genérico serve tanto para o processo judicial quanto ao administrativo, é necessário que a administração paute sua atuação no sentido de garantir o interesse público, sempre tomando decisões mediante um processo justo, que garanta segurança dos trâmites legais do processo impedindo-se, por conseguinte, decisões arbitrárias ou que privilegiem interesses espúrios das autoridades envolvidas.
Esse princípio consagra garantias destinadas à defesa de posições jurídicas perante a Administração Pública e ao Poder Judiciário, encontrando maior expressão em seus princípios correlatos do contraditório e da ampla defesa, que devem afiançar às pessoas expostas ao seu crivo com um procedimento integro, probo e eqüitativo com o mesmo poder de argumentação e paridade de forças entre as partes.
Além dos princípios básicos do contraditório e da ampla defesa, do devido processo legal também surge a necessidade de respeito ao princípio da legalidade, moralidade, impessoalidade, razoabilidade, publicidade, eficiência, moralidade dentre outros (conforme estabelece o art. 37 da Carta Constitucional de 1988), a fim de que se mantenha a probidade do processo administrativo (FURTADO, 2007, p. 1203). 
Para se entender melhor o que são e a importância dos princípios do contraditório e da ampla defesa serão estudados no item que segue.
Do princípio do contraditório e da ampla defesa
Na esfera recursal o princípio do contraditório possui especial relevância e abrange o direito de manifestar seu próprio ponto de vista e suas razões sobre determinado fato ou documento constante no processo. Com base nesse princípio deve ser sempre oportunizada a todas as partes do processo a possibilidade de apresentar seus argumentos.
O princípio do contraditório é corolário do princípio da igualdade, uma vez que propicia oportunidades iguais aos administrados para manifestarem-se, apresentando suas provas.
De todo e qualquer fato envolvendo benefícios previdenciários deve ser dada a garantia de defesa ao segurado, concedendo-lhe o direito de se manifestar. Em todos os aspectos, esta garantia de defesa no processo administrativo é a essência do princípio.
No processo recursal esse princípio salvaguarda o direito do recorrente e também do INSS de manifestarem-se sobre qualquer alegação da parte contrária, podendo realizar as alegações em todas as fases recursais, mesmo em última instância.
No mesmo esteio de salvaguarda está o princípio da ampla defesa, que guarda estreita relação com o princípio do contraditório.
Esse princípio, na verdade, complementa o contraditório dando os instrumentos para que o interessado pratique o contraditório com plenitude. Tanto é verdade que normalmente esses princípios vêm associados na doutrina e na lei. A própria Constituição Federal fez isso em seu art. 5º, inciso LV, conforme segue: “Art. 5º. [...] LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”(grifo nosso) Notem que a Carta Magna amplia ao processo administrativo também a necessidade de ser respeitado esses dois princípios. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2007, p. 367) ensina em breve passagem que esses princípios dependem um do outro para terem plenitude:
O princípio do contraditório, que é inerente ao direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega alguma coisa, há de ser ouvida também a outra, dando-se-lhe oportunidade de resposta. Ele supõe o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação. Exige: 1- notificação dos atos processuais à parte interessada; 2- possibilidade de exame das provas constantes do processo; 3- direito de assistir à inquirição de testemunhas; 4- direito de apresentar defesa escrita.
Gilmar Ferreira Mendes (2009, p. 592), eminente Ministro do STF, esclarece que o contraditório e a ampla defesa não se constituem em meras manifestações das partes em processos judiciais e administrativos, mas devem espelhar uma garantia de tutela do sistema jurídico para manutenção do devido processo legal.
Pelo princípio da ampla defesa é necessário garantir ao administrado a oportunidade de se manifestar e contradizer qualquer alegação, prova ou registro que a administração possua a respeito do segurado, dependente ou empresa. Não pode haver no processo administrativo nenhuma restrição ao exercício desse direito, tanto é verdade, que o recorrente pode se manifestar e juntar novos elementos a qualquer momento, mesmo após expirado os prazos regulamentares (por exemplo de contrarrazões) que, mesmo assim, poderão ser avaliados pelo julgador.
José Afonso da Silva (2005, p.189) esclarece que o princípio do contraditório e da ampla defesa, juntamente com o livre acesso à justiça, são os fundamentos que mantém o devido processo legal, tão grande é a importância dessas balizas principiológicas. 
O princípio da ampla defesa garante a perspectiva do segurado de produzir as provas que se fizerem necessárias ao direito alegado, com os meios e recursos a ela inerentes,

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