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1 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 OBJETIVOS 1) Compreender a importância do aleitamento materno (desenvolvimento do sistema imunológico, técnicas e aspectos nutricionais) ALEITAMENTO MATERNO INTRODUÇÃO • O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. • Amamentar é mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. • Cabe ao profissional identificar e compreender o aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar, cuidando do binômio (mãe-filho) e família. DEFINIÇÕES • Diz-se que uma criança está em AM quando recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. • O padrão de AM pode ser assim classificado: • AM EXCL USIVO (AME) : quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos. • AM PREDOMINANTE: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões) e sucos de frutas). • AM COMPL EMENTADO : quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos complementares, definidos como qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementar o leite materno. O termo “suplemento” tem sido usado para água, chás e/ou leite de outras espécies. • AM MISTO OU PARCIAL : quando a criança recebe, além do leite materno, outros tipos de leite. DURAÇÃO DO AM • A OMS, o Ministério da Saúde e a SBP recomendam AM por 2 anos ou mais, sendo de forma exclusiva nos primeiros 6 meses. • Apesar da tendência ascendente nas taxas de AM no Brasil, a maioria das mulheres ainda está longe de praticar a duração recomendada da amamentação. • A duração mediana da amamentação no Brasil é de 14 meses e a do AME, 1,4 meses. • Em torno de 25% das mulheres amamentam entre 18 e 23 meses e menos de 10% conseguem manter o AME até os 6 meses. IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO • Os efeitos da AM sobre a saúde da criança e da mulher que amamenta comprovam a superioridade da amamentação sobre outras formas de alimentar a criança pequena: • REDUÇÃO DA MORTAL IDA DE INFANTIL : estima-se que a AM pode reduzir em 13% a mortalidade em crianças menores de 5 anos por causas preveníveis. • Nenhuma outra estratégia alcança o impacto da amamentação na redução de motes. A amamentação na primeira hora de vida tem sido associada à redução da mortalidade neonatal. • REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA E GRAVIDADE DA DIARREIA : há fortes evidências epidemiológicas de que a amamentação confere proteção contra diarreia, sobretudo em crianças de baixo nível socioeconômico de países de baixa renda. • É importante salientar que essa proteção diminui quando o AM deixa de ser exclusivo; • REDUÇÃO DA MORBIDADE POR INFECÇÃO RESPIRATÓRIA : a proteção da amamentação contra infecções respiratórias e otite média foi demonstrada em vários estudos. • REDUÇÃO DE AL ERGIAS : há evidências de que o risco de dermatite atópica em crianças com história familiar de atopia, nascidas a termo e amamentadas exclusivamente por pelo menos 3 meses, é menor quando comparadas com crianças amamentadas por menos tempo, assim como é menor a chance de desenvolver asma em crianças sem história familiar de asma, quando comparadas com crianças não amamentadas. • A exposição a pequenas doses de leite de aca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso, é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas infantis na maternidade. • REDUÇÃO DE DOENÇAS C RÔNICAS: há relatos consistentes da associação entre AM e menor chance de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2, pressões sistólica e diastólica mais baixas e níveis menores de colesterol total. • MEL HOR NUTRIÇÃO : por ser próprio da espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. Atualmente, o crescimento da criança amamentada é a referência usada nas curvas de crescimento da OMS. • MEL HOR DESENVOL VIMEN TO COGNITIVO E INTEL IGÊNCIA : as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto, quando comparadas com as não amamentadas ou amamentadas por um período 2 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 inferior. Essa vantagem foi observada em diferentes faixas etárias, até mesmo em adultos. • MEL HOR DESENVOL VIMEN TO DA CAVIDADE BUCAL : a interrupção precoce do exercício que a criança faz para retirar o leite do seio da mãe pode determinar ruptura do desenvolvimento motor-oral harmônico, prejudicando o alinhamento adequado dos dentes e as funções da mastigação, deglutição, respiração e fala. • PROTEÇÃO CONTRA DOEN ÇAS NA MUL HER QUE AMAMENTA : contra câncer de mama e de ovário, e o desenvolvimento de diabetes tipo 2, além do efeito anticoncepcional. • ECONOMIA : não amamentar tem implicações financeiras, podendo onerar uma família de modo substancial. Ao gasto com leites industrializados , devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas. • Onera também o sistema público de saúde e as empresas/serviços públicos e privados, pelas faltas ao trabalho de mães e pais por doença da criança. • PROMOÇÃO DO VÍNCUL O AFETIVO DO BINÔMI O : apesar de difícil comprovação, é praticamente consenso que a amamentação traz benefícios psicológicos para a criança e para mãe. É uma oportunidade ímpar de intimidade e afeto, gerando sentimentos de segurança e proteção na criança e de autoconfiança e realização como mãe na mulher. PRINCIPAIS DETERMINANTES DO INSUC ESSO DO AM • A prática do AM é influenciada por diversos fatores de ordem socioeconômica, étnica, cultural e psicológica. Podendo ser individuais ou contextuais. • Há indícios de que a presença do pai em casa pode diminuir a chance de manutenção do AM por 2 anos ou mais. Esse dado é mais um argumento da importância de se envolver o pai da criança nas consultas com o pediatra. COMPOSIÇÃO E ASPECTO DO L EITE MATERNO • O leite materno é homogêneo quanto à sua composição. Apenas as mulheres com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado tanto qualitativamente como quantitativamente. • O leite maduro só é secretado por volta do 10° dia pós-parto. • Nos primeiros dias, a secreção láctea é chamada de colostro, que contém mais proteínas e menos lipídios do que o leite maduro, e é rico em imunoglobulinas, em especial a IgA. • O leite de mães de recém-nascidos pré-termo difere do de mães de bebês a termo. • A água contribui com quase 90% da composição do leite materno, o que garante o suprimento das necessidades hídricas de uma criança e AME, mesmo em climas quentes e áridos. • O principal carboidrato do leite materno é a lactose, e a principal proteína é a lactoalbumina. As gorduras são o componente mais variável do leite materno e são responsáveis por suprir até 50% das necessidades energéticas da criança pequena. • Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa são essenciais no desenvolvimento cognitivo e visual, e na mielinizaçãodos neurônios. • A concentração de gordura no leite (e consequentemente o teor energético) aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do final da mamada (leite posterior) é mais rico em energia e sacia melhor a criança; daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. • Levando em conta que o leite materno contém baixa concentrações de vitamina K, vitamina D e Ferro, o Departamento de Nutrologia da SBP faz as seguintes recomendações de suplementação das crianças amamentadas: • Vitamina K ao nascimento; • Vitamina D diária até os 18 meses para as crianças sem exposição regular ao sol; • Ferro até os 2 anos de idade a partir da introdução da alimentação complementar em crianças nascidas a termo, ou antes em lactentes pré-termo. • A cor e o aspecto do leite humano variam ao longo da mamada como decorrência das variações na sua composição e também de acordo com a dieta da mãe. Por exemplo, o leite é mais amarelado quando a mãe tem dieta rica em betacaroteno, e esverdeado com dietas ricas em riboflavinas. 3 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 • No início da mamada, o teor de água e a presença de constituintes hidrossolúveis confere ao leite coloração de água de coco; no meio da mamada, com o aumento da concentração de caseína, o leite tende a ter coloração branca opaca; e, no final, em virtude da concentração dos pigmentos lipossolúveis, o leite é mais amarelado. • O leite humano possui vários fatores imunológicos específicos e não específicos que conferem proteção ativa e passiva contra infecções nas crianças amamentadas. A IgA secretória é a principal imunoglobulina, que atua contra microrganismos que colonizam ou invadem superfícies mucosas. • A especificidade dos anticorpos IgA no leite humano é um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, proporcionando proteção à criança contra os agentes infecciosos prevalentes no meio em que ela está inserida. • A concentração de IgA no leite diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. • Outros fatores de proteção que se encontram no leite materno são: leucócitos, que matam microrganismos; lisozima e lactoferrina, que atuam sobre bactérias, vírus e fungos; oligossacarídeos (mais de 130 compostos), que previnem ligação da bactéria na superfície mucosa e protegem contra enterotoxinas no intestino, ligando-se a bactéria. • Alguns fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente inativados pelo calor, razão pelo qual o leite humano pasteurizado não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. TÉCNICA DA AMAMENTAÇ ÃO • A técnica de amamentação, em especial o posicionamento do binômio (mãe-filho) e a pega/sucção do bebê, são importantes para a retirada efetiva do leite pela criança e proteção dos mamilos. • Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, podendo resultar em “má pega”. • Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração de leite, dificultando o esvaziamento da mama, com consequente diminuição da produção do leite e ganho de peso insuficiente do bebê, apesar de, muitas vezes, ele permanecer longo tempo no peito. • Muitas vezes, o bebê com pega inadequada é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais nutritivo e rico em gorduras. • Ademais, a má pega favorece traumas mamilares. Estudos ultrassonográficos mostram que quando o bebê faz a pega correta, o mamilo fica posicionado na parte posterior do palato, protegido de fricção e compressão, prevenindo traumas mamilares. • Durante as mamadas, é importe que mão e bebê estejam em posição confortável, que não haja obstáculos para o bebê abocanhar tecido mamário suficiente (p.ex., dedos em forma de tesoura), retirar o leite efetivamente e deglutir e respirar livremente. • Quando a criança é amamentada em posição adequada e tem pega boa, a mãe não sente dor. • Toda dupla mãe-bebê em AM deve ser avaliada por meio de observação completa de uma mamada. A OMS destaca 4 pontos-chave para posicionamento e 4 para pega, que caracterizam uma boa técnica. • Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação: ♥ Bochechas do bebê encovadas a cada sucção. ♥ Ruídos da língua. ♥ Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada. ♥ Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama. ♥ Dor a amamentação. • Mais recentemente, tem-se valorizado o laid-back breastfedding (termo ainda sem tradução para o português). É um “jeito de amamentar” mais natural e descontraído, que consiste em adotar posições que facilitam a liberação de comportamento instintivos na mãe e na criança que favorecem a amamentação. • A mãe assume posição semideitada, relaxada, com ombros, cabeça e pescoço bem apoiados; o bebê fica em cima da mãe, em posição longitudinal ou oblíqua, não havendo necessidade de apoiá-lo, pois ele se mantém fixado à mãe pela força da gravidade, livre da 4 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 pressão das costas. As mãos da mãe podem ficar livres. • Nessa posição, o bebê usa mais os seus reflexos neonatais primitivos (rastejamento, acomodação, preensão palmar e plantar, flexão das mãos, dos pés e dos dedos, mãos na boca, abertura da boca, lambida, sucção e deglutição). • Essa posição promove a locomoção do bebê; ele rasteja, acomoda-se e frequentemente pega sozinho a mama. • Alguns autores defendem que amamentar usando a laid-back position dá mais autonomia ao bebê, dando- lhe chance para usar seu potencial inato. 2) Entender o mecanismo da icterícia neonatal (metabolismo da bilirrubina, diagnóstico diferencial, tratamento e fisiologia) ICTERÍCIA NEONATAL INTRODUÇÃO • Observa-se em cerca de 60% dos recém-nascidos a termo e em 80% dos recém-nascidos pré-termos em sua primeira semana de vida. • O desafio é saber identificar a natureza desta alteração, isto é, se decorrente de causas fisiológicas ou patológicas, e ter o conhecimento do momento exato de intervir, empregando medidas terapêuticas. • Definimos icterícia como a coloração amarelada de pele e mucosas, provocado por um aumento da fração indireta ou lipossolúvel da bilirrubina, geralmente quando 7mg/dl ou da sua fração direta. • A grande complicação desta impregnação não acontece a nível cutâneo, mas sim encefálico. Em níveis muito elevados, a bilirrubina indireta pode cruzar a barreira hematoencefálica produzindo efeito tóxico sobre os neurônios, levando ao desenvolvimento de um quadro de encefalopatia bilirruibínica. • Trata-se de uma das manifestações mais frequentes do período neonatal, ocorrendo em recém-nascidos de todas as idades gestacionais. • Designa a coloração amarelada da pele e/ou conjuntivas, sendo definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) 1,5 mg/ dL ou de bilirrubina direta (BD) 1,5 mg/dL, desde que esta represente mais do que 10% do valor de bilirrubina total (BT). • É visível na avaliação clínica quando o nível de BT sérica excede 5mg/dL. • No RN, a maioria dos casos de icterícia decorre de um aumento da fração indireta, ou livre, da bilirrubina (BI) e apresenta uma evolução benigna. • Na prática, 85% dos RN a termo, e também prematuros, desenvolvem icterícia clínica. • Em torno de 6% de RN saudáveis a termo mostram níveis de BT 12,9 mg/dL, e 3% 15 mg/dL. • Uma pequena parcela, no entanto, que apresentam níveis críticos de BI, pode desenvolver a encefalopatia bilirrubínica, complicação grave denominada kernicterus (forma crônicada doença, com sequelas clínicas permanentes por toxicidade da bilirrubina). • Estima-se que na década de 2000, nos países desenvolvidos, tenha ocorrido 1 caso de kernicterus para cada 40.000 a 150.000 nascidos vivos. FISIOPATOL OGIA • O metabolismo da bilirrubina em um RN está em transição do estágio fetal, durante o qual a placenta é a principal via de eliminação da bilirrubina lipossolúvel, para o estágio adulto, no qual a forma conjugada (direta) hidrossolúvel é excretada pelos hepatócitos no sistema biliar e depois no trato gastrointestinal. • A bilirrubina é um produto da degradação do agrupamento heme, que deriva da hemoglobina (75%) e de outras proteínas (25%), como miogblobina, citocromo, catalases e peroxidases. • O heme é convertido no sistema reticuloendotelial em basicamente 2 reações químicas: • 1ª medida pela hemeoxigenase que transforma a hemoglobina em biliverdina: e a 2ª é catalisada pela biliverdina redutase, produzindo a bilirrubina. • O ferro liberado desta reação é reaproveitado pelo organismo e armazenado em baço e fígado. • A bilirrubina indireta (lipossolúvel) então parte do sistema reticuloendotelial, liga-se a albumina plasmática para poder ser carreada até o fígado: 1 g 5 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 de albumina tem capacidade de ligação de 8,5 mg de bilirrubina, chegando próximo à membrana dos hepatócitos, difunde-se por meio do meio lipídico, e no citoplasma volta a ligar-se a uma proteína – lingadina – cuja função é carreá-la até o retículo endoplasmático liso. • Dentro dessa organela, a BI é convertida à bilirrubina direta com ajuda da enzima uridilglucoroniltransferase. • As formas de BD mono ou diglicuronídeo estão aptas a serem liberadas na bile. Esses novos pigmentos são hidrossolúveis e suficientemente polares para serem excretados pela bile ou filtrados pelos rins (bilirrubina direta). • Com a bile, a bilirrubina direta chega ao instestino delgado onde, no adulto e na criança maior, será reduzida a estercobilina pela presença de bactérias da flora local e uma pequena quantidade será desconjugada a bilirrubina indireta (pela enzima betaglicuronidase) e reabsorvida pela circulação enterro-hepática. • No RN, a flora intestinal está ausente até mais ou menos o final da primeira semana de vida, com estercobilina praticamente indetectável. • Ademais, nessa fase da vida, a betaglicuronidase está presente de forma ativa, aumentando a quantidade de bilirrubina indireta que será reabsorvida na circulação enterro-hepática. • Sabe-se que 1g de hemoglobina produz cerca de 34 mg de bilirrubina. • No período neonatal existem fatores bioquímicos que promovem uma maior elevação da bilirrubina indireta. Como: ♥ Aumento da carga de bilirrubina a ser metabolizada pelo fígado: as hemácias fetais apresentam menor sobrevida e, além disso, o hematócrito ao nascimento é alto (50-63%). Há maior risco de hemólise e infecção. ♥ Diminuição da captação e conjugação hepáticas, por imaturidade dos sistemas enzimáticos. A enzima glicuroniltransferase pode ter sua ação e potência reduzidas por fatores como hipóxia, infecção, hipotireoidismo e hipotermia. ♥ Competição ou bloqueio da enzima glicoruniltransferase por substâncias que necessitem de conjugação com o ácido glicurônico para excreção e drogas. ♥ Presença de defeitos genéticos que acarretem ausência de glicuronil transferase ou sua diminuição e defeitos de captação da bilirrubina pelo hepatócito. ♥ Exarcebação da circulação enterro-hepática por jejum e demora na eliminação do mecônio. QUADRO CL ÍNICO • A época de surgimento da icterícia vai depender do distúrbio patológico que a originou. Mas também devemos lembrar que o aumento do nível de bilirrubina pode ser um evento fisiológico ou decorrente da amamentação. • Existe uma regra (não muito precisa, mas bastante difundida na prática clínica pediátrica) que relaciona os níveis de bilirrubina com a topográfica da icterícia no RN (zonas de Kramer). • A progressão da icterícia se faz de maneira “craniocaudal”, com nível de 5 mg/dl determinada icterícia notada apenas na face. • Valor de 15 mg/dl está associado à tonalidade alcançando a parte média do abdome, enquanto um teor de 20 mg/dl está associado com coloração amarelada das mãos e pés e todo corpo. • O exame físico não é um método preciso e confiável para determinar nível sérico de bilirrubina. Logo, todos os bebês deverão colher sangue para determinação sérica dos níveis de bilirrubina. • Casos de icterícia neonatal que sugerem origem não fisiológica deverão ser avaliados por meio de exames laboratoriais complementares, como: ♥ Hemograma completo com contagem de reticulócitos. ♥ Tipagem sanguínea. ♥ Teste de Coombs. ♥ Esfregaço de sangue periférico. ♥ Avaliação para deficiência de glicose-6- fosfato. • Principais indicações para coleta de testes bioquímicos: ♥ Icterícia de início nas primeiras 24 horas de vida; ♥ Icterícia em RN aparentemente doente; ♥ Sinais de hemólise: palidez e hepatoesplenomegalia. Os exames revelarão anemia, reticulocitose e aumento progressivo da bilirrubina (0,5 mg/dl/h). ♥ Icterícia evidente até a metade do abdome; ♥ Incompatibilidade Rh ou ABO. ♥ Irmão que tenha necessitado de fototerapia. 6 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 ♥ Céfalo-hematoma ou sangramento significativo. DIAGNÓSTICO DIFERENC IAL • Podemos compreender a icterícia neonatal sob 2 pontos de vista diferentes: icterícia de significado fisiológico e patológico. A hiperbilirrubinemia direta terá sempre conotação patológica. • Ademais, o período de aparecimento da icterícia também tem importância, pois se correlaciona com os possíveis fatores etiológicos, como: ♥ AO NASCIMENTO OU NAS PRIMEIRAS 24H DE VIDA (sempre patológica): eritroblastose fetal, hemorragia oculta, sepse, doença de inclusão citomegálica, rubéola, toxoplasmose congênita, secundária a hematomas e quimoses extensas. ♥ NO 2º A 3º DI A: fisiológica, síndrome de Crigler-Najjar, do aleitamento da materno. ♥ DO 3º DIA A 1ª SEMAN A: sepse, doença de inclusão citomegálica, sífilis, toxoplasmose e infecção do rato urinário. ♥ APÓS A 1ª SEMANA : leite materno, sepse, atrésia congênita dos ductos biliares, hepatite, galactosemia, hipotireoidismo, esferocitose hereditária e deficiências enzimáticas levando à hemólise (G6PD); fibrose cística. ♥ PERSISTÊNCIA APÓS 1 MÊS: icterícia fisiológica associada a hipotireoidismo ou estenose pilórica, síndrome da bile espessa, galactosemia, atrésia congênita dos ductos biliares, infecções congênitas, uso de parenteral, sínfrome de Crigler-Najjar. • Várias são as restrições do metabolismo da bilirrubina que explicam a chamada “icterícia fisiológica”: a origem da bilirrubina está na degradação de hemácias , fisiologicamente normal nos RN. • A partir disso, instala-se uma cascata de eventos: a sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito e a menor capacidade de captação, conjugação e excreção hepática da bilirrubina. • A sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito decorre da produção aumentada de BI: o RN produz 2 a 3 vezes mais bilirrubina do que o adulto, por conta da maior quantidade proporcional de hemoglobina e menor vida médica das hemácias, que é de 70 a 90 dias. • Uma vez que o catabolismo de 1g de hemoglobina fornece 34 mg de bilirrubina, a produção de bilirrubina no neonato é de 6 a 10 mg/kg, sendo 75% derivada do catabolismo dos eritrócitos e 25% do anel heme, das proteínas hepáticas e da destruição de eritrócitos imaturos. • A classificação da icterícia neonatal envolve 2 grandes grupos de patologias, que acolhem váriostipos de causas. • Trata-se da hiperbilirrubinemia indireta (produzida pelo aumento sérico da fração livre (BI), e a direta (acúmulo da fração conjugada, ou direta, da bilirrubina (BD). HIPERBIL IRRU BINE M IA INDIRETA • Apenas a estimativa clínica não é suficiente para avaliar os RN com BI 12mg/dL. • Recomenda-se a dosagem rotineira da bilirrubina sérica ou transcutânea. O ideal é dosar as bilirrubinas em todos os bebês ictéricos. • A amostra de sangue coletado deve permanecer em frasco ou capilar envolto de papel alumínio para evitar o contato com a luz e a degradação da bilirrubina. • A avaliação da bilirrubina transcutânea é realizada, de preferência, no esterno. Os aparelhos atualmente usados apresentam coeficiente elevado de correlação (0,91 a 0,93) com a BT sérica até valores de 13 a 15 mg/dL em RN a termo e pré-termo, independentemente da coloração da pele. Mas, valores ≥ 13 mg/ dL devem ser confirmados pela mensuração sérica de BT. • Na investigação da Hiperbilirrubinemia indireta , alguns exames laboratoriais são essenciais, outros são desdobrados conforme o curso do quadro. • Outros exames podem ser importantes para casos de atividade hemolítica não explicada por incompatibilidade ABO ou Rh, como pesquisa de anticorpos maternos para antígenos irregulares (anti- c, anti-e, anti-E, anti-Kell), se mão multigesta, ou previamente transfundida, ou ainda em RN com prova de Coombs direta positiva sem fator identificado. • A dosagem de gliscose-6-fosfatodesidrogenase (G6PD) pode contribuir para explicar icterícia em outra causa definida, e o teste do pezinho avalia a função da tireoide. Dosagem sérica de sódio é útil em alguns casos. • O aparecimento de icterícia nas primeiras 24 a 36 horas de vida alerta para a presença de doença hemolítica por incompatibilidade sanguínea Rh ou, menos frequentemente, ABO, sendo anemia e reticulose indicativos da hemólise. ICTERÍCIA FISIOL ÓGIC A • Normalmente, o nível de bilirrubina indireta no soro do cordão umbilical encontra-se entre 1 e 3 mg/dl e eleva-se a partir de então, chegando no 2º dia ao valor de 5 mg/dl, o que determina a icterícia. 7 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 • Acredita-se que a icterícia fisiológica é reflexo da maior produção de bilirrubina pela degradação de hemácias fetais, que possuem uma sobrevida mais curta que as hemácias dos adultos, combinada com uma limitação transitória da captação e da conjugação hepáticas, além da exarcebação da circulação enterro- hepática. • O valor da bilirrubina atinge um pico de 5-6 mg/dl por volta do 2º ao 4º dia, podendo alcançar 12mg/dl, caindo a seguir para nível menor que 2 mg/dl entre o 5º e 7º dia de vida. • Como nos pré-termos a captação e a conjugação são amis lentas, eles tornam-se mais ictéticos (pico de BI entre o 4º e o 7º dia de vida, podendo alcançar 15 mg/dl) e permanecem mais tempo ictéricos (até o meio da 2ª semana de vida). • Os fatores de risco associados a uma icterícia fisiológica mais intensa incluem: ♥ Filhos de mão diabética. ♥ Raça oriental. ♥ Prematuridade. ♥ Altitude. ♥ Policitemia. ♥ Drogas (vit K3). ♥ Eliminação tardia de mecônio. ♥ História familiar de irmão que teve icterícia fisiológica. • Quadro comum, benigno e autolimitado. O termo tem sofrido restrições, mas ainda é muito usado. • Reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. • Estdo brasileiro com RN a termo, de peso adequado para idade gestacional, saudáveis, em aleitamento materno exclusivo e adequado, mostrou o seguinte perfil dos níveis séricos de BT nos primeiros 12 dias de vida: • Percentil 50: 5,6 mg/dL no 3º e 4º dias de vida e 4,8 mg/ dL no 6º dia. • Percentil 95: 8,2 mg/dL na 24} hora de vida, 12,2 mg/dL no 4º dia e 8,5 mg/dL no 12º dia. • A literatura classicamente atribui o valor de 13 mg/dL como o máximo para delimitar a icterícia fisiológica, mas os níveis indicativos de tratamento com fototerapia têm sido mais permissivos. ICTERÍCIA ASSOCIADA AO L EITE MATERNO • Existem 2 formas de icterícia associada ao leite materno. ♥ Forma precoce (Icterícia do aleitamento materno) Os RN amamentados exclusivamente no seio materno são fisiologicamente mais ictéricos do que os alimentados com fórmulas nos primeiros dias de vida. Isso se deve ao aumento na circulação enterro-hepática, por um ingesta de leite insuficiente relacionada às dificuldades do início da amamentação e, consequentemente, pela menor quantidade de eliminação do mecônio. Essa forma de icterícia não patológica surge entre o 2º e o 3º dia de vida e está associada a sinais de dificuldades alimentares, como pega/posicionamento incorretos, perda de peso acentuada nos primeiros dias de vida. No final da primeira semana, RN alimentados exclusivamente ao seio materno podem apresentar nível elevado de bilirrubina. ♥ Forma tardia (Icterícia do Leite Materno) Tem um início mais tardio, e afeta 2-4% dos RN a termo. Ao redor do 4º dia, ao invés de haver a queda esperada dos níveis de bilirrubina como manda a história natural da icterícia fisiológica, sua concentração continua até o 14º dia de vida, podendo alcançar cifras de 20-30 mg/dl. Se o aleitamento é continuado, estes níveis normais em 4 a 12 semanas. Se o aleitamento for suspenso, os níveis caem rapidamente em 48 horas. Estes bebês apresentam-se saudáveis, com bom ganho ponderal, não apresentam qualquer alteração de função hepática ou de hemólise. Parece existir fatores no leite materno que interferem com o metabolismo da bilirrubina. Quando houver dúvida do diagnóstico ou o nível de bilirrubina for muito elevado, pode- se realizar uma prova terapêutica: suspende- se o aleitamento por 24h, deixando o RN com complemento. A bilirrubinemia cai rapidamente, podendo ocorrer discreto aumento à reintrodução do aleitamento, mas não atingindo os valores antes encontrados. 3) Descrever o sistema imunológico do recém- nascido (principais diferenças da resposta imune da criança e do adulto) SISTEMA IMUNE DA CRIANÇA INTRODUÇÃO • O SI engloba o desenvolvimento da resposta imune inata, a indução de resposta antígeno-específica e memória imunológica para patógenos, em paralelo ao desenvolvimento e à manutenção de tolerância à antígenos próprios, à flora saprófita e aos antígenos alimentares. • A 1ª linha de defesa contra patógenos invasores é a barreira física (pele, membranas mucosas). • RESPOSTA IMUNE INATA : ♥ Células epiteliais. ♥ Sistema complemento. ♥ Fagócitos. ♥ Natural Killers (NK). 8 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 • RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA: - especificidade/memória imunológica ♥ Linfócitos T (imunidade celular) ♥ Linfócito B (imunidade inata). BARREIRAS CUTÂNEA E GASTRINTESTINAL • Logo após o nascimento, a pele é colonizada pela flora microbiana. A pele neonatal é frágil e pequenas lesões podem afetar sua integridade. • O vernix caseoso, presente ao nascimento, é secretada pelas glândulas sebáceas fetais e contém proteínas e peptídeos antimicrobianos com atividade microbicida e neutralizante de toxinas microbianas. • A pele do RN apresenta uma expressão aumentada de peptídeos antimicrobianos, quando comparada a de crianças maiores e adultos. Tais características são essenciais para a transição do ambiente intra-uterino estéril para o meio externo rico em microrganismos. • A colonização do trato gastrointestinal ocorre imediatamente após o parto e implica desenvolvimento de tolerância e homeostase imunológicas necessárias para as interações comensais com a flora saprófita. • O SI do trato GI precisa ainda desenvolver tolerância aos antígenos alimentares. Taldesenvolvimento é um processo ativo que inicia na vida intra-uterina e continua após o nascimento, especialmente nos 2 primeiros anos de vida. • Na mucosa intestinal, as células epiteliais produzem citocina, fatores de crescimento e proteínas que ajudam na interação e ativação de células dendríticas. • O aleitamento materno é fonte de IgA secretora, é rico em lactoferrina, lisozima, proteínas antimicrobianos, ator de transformação e crescimento-beta (TGF-beta), interleucina 10 e fatores que regulam a sinalização de receptores toll-like (TLR). SISTEMA COMPL EMEN TO • Constituído por proteínas circulantes e proteínas associadas a membranas. • Ativação completa do SC envolve enzimas proteolíticas e a ativação sequencial dessas enzimas (cascata enzimática). • 3 vias: alternativa, clássica e da lectina. • O SC realiza: resposta inflamatória, opsonização e lise de microrganismos. • A síntese de proteínas do complemento pode ser detectada em torno de 6 a 14 semanas gestacionais. O RN apresenta uma acentuada deficiência do componente C9, que é importante na lise de determinadas bactérisa gram-negativas. • Foi também descrita a deficiência funcional do componente C3b, o que pode resultar em comprometimento da capacidade de opsonização, dificultando a fagocitose de bactérias capsuladas. • Estudos em pré-termos indicam um decréscimo significativo da ativação das vias clássica e alternativa, ao lado de níveis séricos baixos dos componentes C3 e C4. • Os níveis séricos das proteínas do complemento aumentam logo após o nascimento e atingem os valores de adultos entre 6 e 18 meses de vida. MONÓCITOS • São detectados, em tono da 4ª semana gestacional, no saco vitelino e, posteriormente, no fígado fetal e na medula óssea. • A capacidade de produção dos monócitos e o percentual de monócitos presentes na circulação do RN são iguais ou maiores que no adulto. Mas, o influxo de monócitos ao sítio de inflamação e a subsequente resposta inflamatória são mais demorados . • A produção reduzida de citocinas pró-inflamatórias no período fetal é necessária para evitar os efeitos nocivos dessas citocina sobre o crescimento intra- uterino do feto e no risco de abortamento. • Embora seja benéfica pra tal situação, implica em maior vulnerabilidade do neonato para patógenos intracelulares, como: Listeria monocytogenes e infecções pelo vírus da herpes 1,10. • O sistema imune amadurece da concepção à vida adulta. O recém-nascido e o lactente apresentam várias deficiências imunológicas decorrentes da imaturidade fisiológica do sistema imune, destacando-se: ♥ Deficiência do Sistema Complemento. ♥ Decréscimo da quimiotaxia de fagócitos. ♥ Déficit da atividade das células NK. ♥ Predominância de linfócitos T naive. ♥ Decréscimo na produção de citocinas. ♥ Deficiências de mecanismos de citoxicidade celular. ♥ Menor concentração sérica dos diferentes isotipos de imunoglobulinas. ♥ Inabilidade para responder a antígenos polissacarídeos. • Os diferentes componentes da resposta imune inata atingem a maturação completa até os 2 anos de idade, enquanto que o desenvolvimento de resposta imune adaptativa similar à de adultos ocorrerá ao final da infância. • Outro aspecto importante é a imunidade passiva materna, que consiste na transferência transplacentária de anticorpos da classe IgG da mãe para o feto, conferindo a proteção necessária para os primeiros meses de vida da criança. Mas, essa imunidade passiva implica limitações no diagnóstico sorológico de algumas infecções congênitas e o risco da resposta de anticorpos específica para determinadas agentes infecciosos e imunizações. • As deficiências imunológicas da criança, decorrentes de maturação do SI, explicam a maior suscetibilidade a vários patógenos observada na infância, especialmente nos RNs e lactentes, e fundamentam 9 Módulo 8 – Problema 2 – Arilson Lima da Silva – MED3 condutas preventivas e terapêuticas para o controle de doenças infecciosas em pacientes pediátricos. 4) Determinar o conceito de mortalidade infantil (epidemiologia e principais causas) MORTALIDADE INFANTIL • Número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. • A mortalidade infantil compreende a soma dos óbitos ocorridos nos períodos: ♥ neonatal precoce (0-6 dias de vida) ♥ neonatal tardio (7-27 dias) ♥ pós-neonatal (28 dias e mais). • Estima o risco de 1 nascido vivo morrer durante seu 1º ano de vida. • São classificadas de tal forma: ♥ ALTAS: 50 ou mais ♥ MÉDI AS: 20 – 49. ♥ BAI XAS: menos de 20. • Método do cálculo (direto): Nº de óbitos de residentes com menos de 1 ano de idade dividido pelo Nº total de nascidos vivos multiplicado por 1000. • A mortalidade em menores de 5 anos (ou mortalidade na infância) constitui um indicador chave na avaliação da situação de saúde da população. • Sua inclusão entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e Sustentável para o período posterior até 2030 atesta importância. • Nos últimos 25 anos, um declínio importante da mortalidade na infância foi constatado no Brasil – o país atingiu a meta de 4 dos ODM antes de 2015. Mas, os níveis atuais ainda não elevados, o que torno importante a avaliação do desempenho desse indicador por estados para a identificação de desigualdades regionais. • A maior parte dos óbitos na infância concentra-se no 1º ano de vida, sobretudo no 1º mês. Há uma elevada participação das causas perinatais como a prematuridade, o que evidencia a importância dos fatores ligados à gestação, ao parto e ao pós-parto. • O número de óbitos para menores de 5 anos no Brasil apresentou uma importante queda: de 191.505, em 1990, para 51.226, em 2015. • Houve mudança na proporção de óbitos por idade entre os períodos: em 1990, a faixa etária com maior número de óbitos era de 28-364 dias (óbitos pós- neonatais), que representava cerca de 44% dos óbitos. • Seguido das faixas etárias de 0-6 dias (óbitos neonatais precoces) • 1-4 anos e 7-27 dias (óbitos neonatais tardios) • Em 2015, a mortalidade neonatal precoce despontou como o principal componente na ocorrência de óbitos na infância, correspondendo a 41% dos casos. • A taxa encontrada, no Brasil, foi de 52,5/1000 NV, em 1990 e, 17/1000 NV, em 2015, representando queda de 67,6%. • No Pará, taxa de 63,1/1000 NV em 1990 para 18,4/1000 NV em 2015. Queda de 70, 9%. • A prematuridade foi a principal causa de óbito em ambos os anos analisados. • Anomalias congênitas, que ocupava 5ª colocação em 1990, ocupa a 2ª colocação em 2015. PRINCIPAIS CAUSAS • PRINCIPAIS CAUSAS EM 1990 : ♥ Prematuridade. ♥ Doenças diarreicas. ♥ Infecções no trato respiratório inferior. ♥ Asfixia e trauma no nascimento. ♥ Anomalias congênitas. ♥ Septicemia e outras infecções neonatais. ♥ Desnutrição. ♥ Meningite. ♥ Outras desordens neonatais. ♥ Acidentes de trânsito. • PRINCIPAIS CAUSAS EM 2015 : ♥ Prematuridade. ♥ Anomalias congênitas. ♥ Asfixia e trauma no nascimento. ♥ Septicemia e outras infecções neonatais. ♥ Infecções do trato respiratório inferior. ♥ Outras desordens neonatais. ♥ Doenças diarreicas. ♥ Meningite. ♥ Desnutrição. ♥ Aspiração de corpo estranho. ARTIGO: Principais causas da mortalidade na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de Carga Geral de Doença. Revista Brasileira de Epidemiologia (Maio de 2017).
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