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AULA 2 C.SOCIAIS

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CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Aula 02
Tema: A investigação científica da sociedade: as assim chamadas Ciências Sociais
- As assim chamadas Ciências Sociais
Por Ciências Sociais entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas. As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam. Neste sentido, em geral, são postas em contraste com as Ciências Naturais e Exatas, já que essas podem ser avaliadas e quantificadas pelo método científico e na área social os métodos utilizados são outros.
Isso acontece porque nas Ciências Sociais se trabalha muito com o discurso, com as ideias das pessoas. Então a quantificação da informação é possível - existem várias técnicas de análise do discurso que transformam as ideias em dados numéricos - mas de forma diferente das Ciências da Natureza e das Exatas. As Ciências Sociais também trabalham com pesquisas quantitativas e mesmo qualitativas que envolvem números. Mas esses números surgem de maneira diferente, muitas vezes subjetiva.
As Ciências Sociais nos ajudam a "limpar a lente" para enxergarmos melhor as diferentes realidades com que convivemos. Elas têm como objeto de estudo tudo o que diz respeito às culturas humanas, sua história, suas realizações, seus modos de vida e seus comportamentos individuais e sociais. Elas ajudam a identificar e compreender os diferentes grupos sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que rege cada um deles.
- As áreas constitutivas das Ciências Sociais: Sociologia, Antropologia e Ciência Política
A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc.
Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que, em seus primórdios estudava povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o exótico e o distante, em familiar.
Assim, em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas, identificando suas diferentes visões de mundo, sistemas de parentesco, formas de classificação, cosmologias, linguagens etc. Também desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos, enfatizando a diferenciação entre seus indivíduos, com base em critérios de raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual, nacionalidade, regionalidade, afiliação religiosa, ideologia política, sistemas de crenças e valores, estilos de vida etc.
Na Ciência Política analisam-se as questões ligadas às instituições políticas. Conceitos de poder, autoridade e dominação são estudados por essa ciência. Analisam-se também as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território.
- Comparação entre os enfoques das Ciências Naturais e das Ciências Sociais
Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
Neste sentido, no que se refere ao objeto de estudo e, consequentemente, ao método de investigação, as Ciências Sociais diferem bastante das Ciências Naturais. Tal diferença, aliás, suscita intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento produzido pelas Ciências Sociais. Os argumentos utilizados têm como princípio epistemológico a dificuldade de reconhecê-las como “verdadeiras ciências”, à medida que elas tratam com eventos complexos, de difícil determinação, uma vez que envolvem valores e significados socialmente dados. Outra questão reside no fato de estar o pesquisador social, de alguma forma, envolvido com os fenômenos que pretende investigar dificultando a objetividade e a neutralidade científica.
É possível, percebermos, portanto, que as Ciências Sociais não podem ser enquadradas em “modelos” de cientificidade de outras ciências, pois possuem uma racionalidade e especificidades próprias, relativas ao seu objeto de estudo.
Nessa perspectiva, tal campo de saber não comporta métodos ou técnicas rígidas e rigorosas, nem fórmulas de aplicação imediata que garantam a obtenção de resultados objetivos e exatos. Assim, o que mais importa é a interpretação dos fenômenos, ou seja, não apenas os fatos por si só, mas a forma como se constituem esses fatos. O sujeito (o pesquisador) deve ser considerado no contexto no qual estes fatos ou fenômenos se apresentam, pois ele também faz parte do objeto que investiga.
Assim, para que se possa interpretar, analisar e investigar nessa área do conhecimento, é necessário um suporte teórico que fundamente determinadas opções metodológicas, não podendo ser considerada apenas a aplicação de determinada técnica, pois isto não garante por si só a obtenção de resultados válidos.
- A importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade.
O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento de compreensão crítico-reflexivo da realidade.
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas e até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações sócio-antropológicas, à medida que estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e ideias.
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las. Deslocamentos de pessoas e grupos motivados pelo processo de globalização da economia, que intensificou os fluxos migratórios em todo planeta, trocas culturais proporcionadas pelo estabelecimento de uma “sociedade em rede”, novos modelos de família e conjugalidade, novas configurações no campo religioso, entre outros, constituem temas de trabalhos de cientistas sociais contemporâneos. Esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos, sociedade civil e indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos acontecimentos e planejamento de ações com vistas à atuação na vida social.
– Problemas sociais e Problemas sociológicos
Sabemos que vários problemas que nos afetam individualmente são compartilhados por outros tantos indivíduos, constituindo-se, por assim dizer, problemas sociais. Entretanto, existe uma diferença entre problemas sociais e problemas sociológicos.
O “problema social” designa comumente algo que atinge um grupo ou uma categoriade indivíduos; as drogas, por exemplo. Embora a classificação de um problema social possa ser subjetiva, afinal de contas, o que é um problema para nossa cultura pode não ser em outra. Em outras palavras, o problema social é uma situação que afeta um número significativo de pessoas e é julgada por estas, ou por um número significativo de outras pessoas, como uma fonte de dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível de melhoria.
Já os problemas sociológicos são o objeto de estudo da Sociologia enquanto ciência, a qual se debruça sobre esses para compreender suas características gerais. Como vimos anteriormente, a Sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problemas sociais ou não, lançando mão de uma observação sistemática e pormenorizada das organizações e relações sociais.
O problema sociológico é uma questão de conhecimento científico que se suscita e resolve no âmbito da Sociologia. Ao contrário do que parece, formular corretamente um problema destes constitui tarefa muito difícil, em regra só acessível a quem é especialista da ciência em causa e que seja dotado de uma imaginação viva e treinado na pesquisa.
Em outras palavras, nem todas as questões suscitadas acerca das matérias de que se ocupam as Ciências Sociais constituem problemas científicos, mas podem ser problemas sociais. Só são problemas científicos as questões formuladas de tal modo que as respostas a elas confirmem, ampliem ou modifiquem o que se tinha por conhecido anteriormente. Isto significa dizer que apenas os cientistas estão em condições de enunciá-las e resolvê-las, que a sua formulação como a sua solução pressupõem um esforço metódico de pesquisa.
- O papel do indivíduo na sociedade
A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e sociedade. Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual um indivíduo se torna um membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos pré-concebidos.
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo Ralph Linton (in: O Indivíduo, a Cultura e a Sociedade), em circunstâncias normais, quanto mais perfeito seu condicionamento e consequente integração na estrutura social, tanto mais efetiva sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa.
	Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo. Como indivíduo, ajuda a transformá-la quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.

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