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Métodos de Pesquisa unid II(1)

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Unidade II
Unidade II
Nesta unidade, apresentaremos as linhas específicas de um projeto de pesquisa, sua organização e 
estrutura, trabalhando os métodos de pesquisa, visto que não há somente um método a seguir. Nesse 
sentido, você terá contato com assuntos relacionados à estrutura do trabalho de pesquisa, sua escolha e 
delimitações do assunto, bem como com os tipos de pesquisa (estudos de caso, bibliográficas, descritivas, 
correlacionais), a análise, o tratamento e a interpretação dos dados. 
A unidade avança para os movimentos, formatos e possibilidades de publicação da pesquisa, partindo, 
portanto, do projeto ao relatório da pesquisa, suas formas da apresentação dos resultados, não deixando 
de considerar as normas de citações e referências.
5 Métodos de pesquisa: estruturação e organização
O que chamamos de ciclo da pesquisa e aprendizagem privilegia a dimensão didático-pedagógica na 
própria prática social da pesquisa, principalmente, no âmbito universitário, em que ocorre o aprendizado 
metodológico e em que é produzida grande parte das pesquisas. 
Neste tópico, o foco recai na estrutura e na organização da pesquisa, de seu planejamento, bem 
como nos aspectos específicos do projeto.
Continuamos com o assunto dos métodos de pesquisa, agora esclarecendo o modo pelo qual os 
métodos se articulam num fio condutor como síntese. Síntese esta proporcionada pelas dimensões 
subjetiva do pesquisador (abarcando de desejos a crenças); e objetiva dos recursos e instrumentos 
reunidos pela experiência, assimilação e reflexão, num método, nele combinados; o que supõe articulação 
de raciocínios e procedimentos que, sozinhos, não nos levam muito longe, por serem incompletos.
Recorremos, continuamente, de diferentes modos, à pergunta fundamental: o que é pesquisa, afinal?
5.1 a pesquisa
Pesquisar é, de forma bem simples, procurar respostas às indagações. Procurar o que não se tem: uma 
resposta satisfatória. É a insatisfação que motiva a pesquisa; que somente ocorrerá se a curiosidade não 
estiver satisfeita, e as dúvidas, por ora, não justificarem novas buscas. Da pesquisa em geral passamos à 
pesquisa acadêmica e científica, em particular.
Pesquisa científica é, portanto, realização teórica e prática de uma investigação ordenada, desenvolvida 
e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência para a avaliação desse 
processo de aprendizagem. Trata-se de uma atividade voltada para a solução contínua de problemas, por 
meio do emprego de procedimentos científicos. Os problemas não terminam, tornam-se mais complexos, 
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Métodos de Pesquisa
assim como os instrumentos utilizados para resolvê-los. Esse movimento do conhecimento que se vai 
escapando quando se lhe parece agarrar reúne conjuntos de procedimentos sistemáticos, baseados em 
raciocínios lógicos, que têm por objetivo formular problemas e encontrar sucessivas soluções, mediante 
o emprego de métodos científicos.
A pesquisa tem sua linguagem própria, que chamamos metodológica, e integra os momentos do 
processo. A integração ocorre desde o âmbito teórico e conceitual das representações e visões de mundo 
das formas prescritas pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) até as relações 
por elas visadas (atividades acadêmicas, em sua maioria), desdobrando-se em técnicas e instrumentos 
coerentes de coleta de dados e validação das informações. 
Antes do detalhamento do projeto, cabe apresentarmos os motivos da pesquisa científica.
5.1.1 As razões de ser da pesquisa científica
Por qual motivo se faz uma pesquisa científica? Há vários deles, para diferentes pessoas e diferentes 
oportunidades. Basicamente, a pesquisa científica serve para que o pesquisador busque respostas 
para aquilo que o inquieta, aquilo que o “incomoda”. O incômodo aqui colocado é aquele gerado pela 
necessidade de buscar respostas para aquilo de que ainda não se tem certeza ou para o qual a certeza 
não seja permanente. Enfim, afora aqueles motivos que fazem da pesquisa a evolução das ciências, as 
razões de ser da pesquisa científica, dentre outras tantas, podem ser expressas por:
• exercitar e estruturar a inquietude, os impulsos, a curiosidade do estudante (pesquisador), indo 
além do lugar em que se está, procurando coisas novas, novos olhares e novos usos para aquelas 
existentes;
• descobrir, inventar e melhorar técnicas e tecnologias;
• explorar o conhecido, estimulando a intuição do pensamento científico quanto ao desconhecido, 
assumindo-o;
• aprender sobre a natureza e geri-la de modo representativo, responsável e sustentável;
• entender os sistemas socioambientais;
• produzir democraticamente inovações;
• buscar o desenvolvimento endógeno e comunitariamente sustentável;
• aumentar produtividade e competitividade, garantindo retorno à sociedade, em geral;
• gerar universalmente investimento, emprego e renda;
• buscar coletivamente soluções para os problemas sociais;
• procurar caminhos diferentes (novas variáveis e novos valores para os debates, segundo a visão 
sistêmica) para antigos e novos problemas.
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Exemplo de aplicação
E você: qual sua razão de efetuar uma pesquisa? Quais suas motivações? Já pensou nisso?
5.1.2 O que convém pesquisar? 
Escolher o que pesquisar não é uma tarefa das mais fáceis. Envolve decisão, ora motivada pelo 
próprio pesquisador, ora a ele imposta. O fato é que, como aluno-pesquisador, de que forma se escolhe 
o tema de um projeto de pesquisa? Há várias formas de escolher o tema de um projeto de pesquisa: 
• escolha motivada pela paixão por assunto ou fato específico;
• escolha motivada pelo simples incômodo e mesmo por uma insatisfação com as respostas até 
então oferecidas;
• escolha pela instituição;
• escolha baseada na área de especialização do pesquisador;
• escolha decorrente de lacuna na formação;
• escolha baseada na relevância para uma determinada área;
• escolha visando à revisão de aspectos teóricos ou práticos;
• escolha baseada na aplicabilidade.
O tema é o ponto de partida do trabalho de pesquisa. Delimita um campo de estudo no interior 
de uma grande área de conhecimento e deve ser escolhido de acordo com as tendências e aptidões do 
pesquisador. 
Encontrada uma área do conhecimento de interesse, deve-se identificar um tema plausível. Para 
avaliar a consistência de um tema, podem-lhe ser dirigidas perguntas:
• Trata-se de um problema original e relevante?
• Ainda que seja ”interessante”, é adequado para mim?
• Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?
• Existem recursos (financeiros, materiais, humanos...) para o estudo?
• Há tempo suficiente para investigar tal questão?
• Quais são as partes do seu tema?
• Qual é o contexto do tema?
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• Qual é a importância do seu tema?
• Quem deu contribuições relevantes ao tema? Como outros autores abordaram o assunto?
• O que resta por investigar no tema?
A aferição da consistência de um tema pode iniciar com tais perguntas e prosseguir na construção 
da problemática, ou problematização do tema da pesquisa, como exemplificado na seção específica do 
projeto.
Conforme bem explica Severino (2000, p. 74), 
[...] tratando-se de trabalhos acadêmicos, com finalidades didáticas e 
propedêuticas, o tema escolhido ou delimitado deve deixar margem 
para a pesquisapositiva, bibliográfica, ou de campo, com a necessária 
aprendizagem desses métodos de pesquisa, não sendo, portanto, o trabalho 
uma pura criação mental do aluno. Por isso, escolhe-se um tema já abordado 
por outros, anteriormente, embora de outras perspectivas, para que haja 
obras a respeito dele, podendo o aluno pesquisar e consultar documentação 
para a realização do seu trabalho. Por outro lado, a visão clara do tema 
do trabalho, do assunto a ser tratado, a partir de determinada perspectiva, 
deve completar-se com sua colocação em termos de problema. O raciocínio 
– parte essencial de um trabalho – não se desencadeia quando não se 
estabelece devidamente um problema. Em outras palavras, o tema deve 
ser problematizado. Toda argumentação, todo raciocínio desenvolvido num 
trabalho logicamente construído, é uma demonstração que visa solucionar 
determinado problema. A gênese dessa problemática dar-se-á pela 
reflexão surgida por ocasião das leituras, dos debates, das experiências, da 
aprendizagem, enfim, da vivência intelectual no meio do estudo universitário 
e no ambiente científico e cultural.
5.1.3 O porquê da pesquisa ou as suas justificativas
Toda pesquisa deve apresentar uma justificativa, pois, do contrário, a atividade não faria sentido. Não 
se pesquisa por nada. A justificativa mostra a relevância da pesquisa baseada no tema e nos objetivos 
propostos, identificando quais serão as contribuições principais e secundárias ao entendimento e 
à intervenção na realidade pesquisada. É a parte em que o pesquisador demonstrará o alcance e a 
efetividade da proposta de investigação. 
A relevância que se estabelece pela coerência de um projeto nunca estará somente nele mesmo, 
apenas na vontade do pesquisador ou no ineditismo do trabalho; deve-se cumprir com as intenções, 
um circuito que vai até os frutos, os benefícios sociais do trabalho de pesquisa tomado como processo. 
De outra forma, uma pesquisa não deve prestar-se somente à realização do pesquisador, mas, sim, 
apresentar-se com um apelo aplicativo, que dela alguém possa fazer uso em benefício da evolução da 
ciência.
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 observação
A justificativa de um projeto está na contribuição para o conhecimento 
sobre um tema, entretanto não podemos apenas ser guiados pelo 
utilitarismo que se esquece da participação das ciências básicas no edifício. 
Para que fique claro, na redação da justificativa, o pesquisador deverá lançar mão da bibliografia 
principal e da motivação (pessoal ou não), que ampara a iniciativa. Na justificativa, apresenta-se o que 
foi obtido, bem como as faltas, nos estudos até então realizados. Sua contribuição será preencher tais 
lacunas ou demonstrar, de forma crítica, confirmando aquilo que se entendia até então, como certo ou 
errado, dependendo dos resultados da pesquisa.
O teor básico das justificativas de pesquisa passa pelas seguintes questões:
• Que motivos justificam um projeto de pesquisa?
• Qual é a atualidade do tema, sua inserção no contexto atual?
• Há ineditismo do trabalho ou agregação de valor aos estudos sobre o tema?
• Qual é o interesse e quais os vínculos do autor com o tema e os objetivos declarados?
• Qual é a relevância, a importância científica, social, educacional do tema?
• Qual é a pertinência, a contribuição do tema para a solução de um problema atual?
Oferecemos a você um exemplo de justificativa do tema de pesquisa.
Quadro 1 – Tema e sua justificativa
Problema de pesquisa do projeto Justificativa
Estudo sobre as perdas sociais com a redução das 
experiências do gosto (consideradas, principalmente as 
possibilidades modernas não realizadas) na sociedade 
moderna e as transformações do sabor.
Há necessidade de se estabelecer a importância cultural 
da experiência da dúvida filosófica no aprendizado 
infanto-juvenil, com reflexão constante, abandonando 
a saciedade com as informações dadas sobre serviços, 
mercadorias e objetos, em geral.
Mostrar caminhos de aprendizado tradicional para 
valorizar a história das experiências e resgatar valores 
que podem nos ensinar a rever a natureza da relação dos 
seres humanos com seus produtos.
O resultado desse trabalho poderá ultrapassar os limites 
acadêmicos, tornando-se uma efetiva contribuição para 
a elaboração de políticas que regulem a educação formal, 
além de criar programas que estimulem sua via informal.
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Para Salomon (2000, p. 221), a justificativa é um elemento que jamais poderá faltar num projeto de 
pesquisa. Para ele:
[...] frequentemente, justificação e objetivos formam uma só fase do 
projeto, tal a afinidade de sua relação. Mas é possível quase sempre 
distingui-los, reservando, para objetivos, os fins teóricos e práticos que 
se propõem alcançar com a pesquisa, e para justificação, as razões, 
sobretudo teóricas, que legitimam o projeto como trabalho científico. 
Em justificação, entra a defesa do projeto, cujo referencial há de 
ser a relevância do problema: a teórica, a humana, a operacional, a 
contemporânea. Completa a justificação a exposição de interesses 
envolvidos (os teóricos, os pessoais, os da equipe de pesquisadores), 
como os relacionados com “iniciação científica”, “aperfeiçoamento”, 
“especialização”, “titulação acadêmica”, “descoberta científica” etc.
5.1.4 Para que pesquisar? Os objetivos
Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai 
procurar e o que se pretende alcançar. [...] O objetivo torna explícito o 
problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto. [...] 
Os objetivos podem definir a natureza do trabalho, o tipo de problema a 
ser selecionado, o material a coletar. [...] Respondem às perguntas: por quê? 
Para quê? Para quem? (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 158-9).
Desta forma, os objetivos da pesquisa procuram:
• propiciar avanços e eficiência nas atividades científicas, valorizando também as perguntas 
pendentes, demandantes por respostas;
• responder a perguntas do interesse da comunidade científica, que deve estar alinhada às 
necessidades da sociedade que integra, de modo geral;
• oferecer novos pontos de vista e permitir que se retome aqueles que foram precocemente 
descartados, sem a pretensão de resolver plenamente os problemas ou apenas confirmar hipóteses;
• empreender pesquisas de relevância e interesse social, principalmente, no caso das 
tecnologias;
• ineditismo em sua área do conhecimento.
A contribuição pode ser tanto teórica, nas denominadas ciências básicas ou puras, quanto baseada 
em experimentação ou melhoria de técnicas existentes, as aplicadas, desde que os casos tenham seus 
resultados generalizados.
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Os objetivos são o que não temos e que esperamos que a pesquisa nos dê. Indicam aonde queremos 
ir, o que queremos conhecer, melhorar e/ou transformar, adotando metas para monitorar e medir 
progressos no andamento. 
 Lembrete
Os objetivos são a face da moeda que do outro lado tem a hipótese; 
enquanto esta é “o que eu tenho” (o que eu acho ou penso, com aquilo que 
já sei, até com muito de preconceitos), o objetivo é o “não tenho” do objeto 
de interesse. 
Dividem-se os objetivos em duas frentes, empregando-se a terminologia de objetivos gerais e 
específicos. Os objetivos gerais indicam uma ação muito ampla, resultado pretendido, por exemplo: 
• Melhorar o desempenho do estudante universitário nas várias dimensões (aulas, exercícios e 
atividades extrassala) do aprendizado escolar. 
Já os objetivos específicosprocuram descrever ações pormenorizadas ou aspectos detalhados que 
levarão à realização dos objetivos gerais, por exemplo:
• Identificar fatores que dificultam a aprendizagem e em qual aspecto ou dimensão.
• Propor mecanismos que mitiguem, minimizem esses fatores.
• Aplicar procedimentos metodológicos que garantam a melhoria da aprendizagem.
• Descrever o perfil dos alunos que utilizam computadores.
Os objetivos dependem do tipo de pesquisa que é realizada, e, como foi dito, da concepção 
de mundo (nível teórico). Por exemplo, um projeto realizado pelo Ministério da Saúde, cujo 
problema estaria em procurar caracterizar o perfil social das comunidades em que há casos 
de cólera, teria como objetivo orientar a política pública na área de saúde, visando conter a 
doença. No caso de pesquisa acadêmica, o objetivo maior será trazer uma contribuição ao 
tema. Isso posto: 
• Objetivos gerais: referem-se a uma contribuição teórica que se espera alcançar com a pesquisa 
(por exemplo, revisão de um conceito). 
• Objetivos específicos: apresentam o resultado imediato do trabalho científico 
(apresentação de uma bibliografia atualizada sobre o tema, compilação de novos dados 
sobre um assunto).
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Seguimos oferecendo exemplo de declaração de objetivos.
Quadro 2 – Declaração dos objetivos da pesquisa
Objetivo geral Objetivos específicos
Este trabalho sobre métodos de pesquisa deseja 
recuperar os saberes e os fazeres esquecidos, o 
conhecimento que “está nas coisas”.
• Refinamento dos principais conceitos, questões, 
momentos e instrumentos da pesquisa.
• Alcançar consistência com uma proposta 
diferente, partindo das situações descritas e 
analisadas na Unidade I.
• Criar um fórum de discussões para os resultados 
práticos e retorno por parte dos alunos.
 Leitura obrigatória
Convidamos você a acessar a Minha Biblioteca e ler o livro Elaboração 
de Pesquisa Científica, de José de Sordi (São Paulo: Saraiva, 2013). 
O link que o levará à obra é: <http://online.minhabiblioteca.com.br/
books/9788502210332>. Acesso em: 22 maio 2014.
5.1.5 Como pesquisar? O método é orientado metodologicamente
A metodologia é o empreendimento de avaliação que deve situar minuciosamente toda ação prevista 
e desenvolvida no trabalho de pesquisa. 
Para Lakatos e Marconi (2007, p. 83), 
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em 
contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos 
são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de 
métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência 
sem o emprego de métodos científicos. Assim, o método é o conjunto das 
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, 
permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, 
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões 
do cientista.
O método descreve, com vistas ao aprimoramento e à eficiência, as estratégias de pesquisa, desde 
sua concepção à coleta de dados necessários, a fim de averiguar as proposições, testar a hipótese ou 
hipóteses formuladas. Isto é, aceitar e colocar os preconceitos como ponto de partida para o diálogo, que 
é a própria pesquisa. Em outras palavras, trata-se do estabelecimento dos parâmetros metodológicos da 
pesquisa que norteia: 
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• a escolha do tema e a identificação dos campos sociais (áreas, interesses e agentes) envolvidos; 
• os detalhamentos e a avaliação da escolha e dos procedimentos para a identificação, tomando 
como critério a coerência com os objetivos declarados;
• o acompanhamento da hipótese, questões ou dúvidas colocadas, de modo que as racionalize e 
facilite a execução da pesquisa no que se refere a recursos e tempo;
• crivar os instrumentos de coleta de dados e informações arrolados ou elaborados para utilização 
com indagações de fiabilidade e adequação entre concepção teórica e técnicas e procedimentos 
propostos;
• confrontar todos os passos de realização da pesquisa com seu projeto, propondo parâmetros e 
promovendo ajustes, quando necessário;
• checar a reprodutibilidade dos resultados. 
Exemplo: no estabelecimento dos parâmetros metodológicos de uma pesquisa sobre o papel 
dos movimentos sociais urbanos na luta pelo direito universal à moradia e nas políticas públicas 
de moradia, podem-se combinar métodos e técnicas qualitativos, como a história de vida, com 
métodos quantitativos, como a elaboração de um índice de casas atendidas pelo sistema habitacional 
correlacionado ao índice de membros dos movimentos, a partir de dados retirados de uma amostra 
de moradores dos bairros A, B e C. 
A metodologia ordena:
• o tipo de pesquisa; 
• o instrumental utilizado (questionário, entrevista, entre outros); 
• o cronograma; 
• a equipe de pesquisadores e a coordenação do trabalho; 
• a escolha e a utilização dos recursos; 
• as formas de tabulação e tratamento dos dados;
• tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. 
5.1.6 Quanto às classificações e aos tipos de pesquisa
Toda classificação é, a um só tempo, processo intelectual e expressão de poder, posto que sua vigência 
seja em si uma consequência de posição social de seu autor ou grupos de autores.
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São exemplos os argumentos de autoridade (uns “nomes” sustentam, mais que outros, os sistemas 
de classificação, tipologias e tipificações) e os projetos políticos dos eleitos (têm respaldo na escolha, e 
não na estritamente na lógica); respectivamente amparados na racionalidade de escolas ou grupos e na 
representatividade do sufrágio. Ou seja, em algumas vezes serão processos internos à própria ciência; 
em outras, não.
Ademais, a classificação que segue, e de resto todas as outras, deve ser objeto de reflexão e mesmo 
de contestação, antes que seja adotada. Reflexão para enxergar além de sua consistência (eficiência, 
bom funcionamento), procurando testar também sua coerência (eficácia, o cumprimento de metas e 
objetivos estabelecidos pelo projeto). Contestação quanto à adequação dos aspectos do modelo que não 
servirem à sua pesquisa, o que confere personalidade à pesquisa.
Trazendo mais luz ao conceito, classificação, para Tristão, significa: 
[...] ordenar e dispor em classes. Uma classe consiste de um número de elementos 
quaisquer (objetos e ideias) que possuem alguma característica comum pela 
qual devem ser diferenciados de outros elementos e, ao mesmo tempo, constitui 
sua própria unidade. A determinação e a seleção das classes que compreendem 
um esquema de classificação estão essencialmente relacionadas com as 
necessidades de utilização de cada esquema (apud BEZERRA, 2006, p. 13).
As classificações seguem a lógica exposta por Fabíola Maria Pereira Bezerra, com base em Prithvi N. 
Kaula e Ingetraut Dahlberg (BEZERRA, 2006, p. 13-4):
Kaula considera a ”classificação como um dos mais importantes ramos do 
conhecimento” e justifica sua afirmação quando diz que a mente humana, de 
uma forma consciente ou inconsciente e independente do fim, desenvolve 
a ação de classificar objetos, quando reúne coisas semelhantes e separa os 
outros não diretamente relacionados. 
Neste processo mental, natural e automático de classificação dos “entes, dos fatos 
e dos acontecimentos”, Pombo definiu como “pontos estáveis”, que permitem 
ao ser humano uma orientação em relação ao mundo à sua volta, estabelecendo 
hábitos, afinidades e divergências.Possibilita ainda “reconhecer os lugares, os 
espaços, os seres, os acontecimentos; ordená-los, agrupá-los, aproximá-los uns 
dos outros, mantê-los em conjunto ou afastá-los irremediavelmente”. 
Kaula afirma ainda que a utilização da classificação já era aplicada por 
grandes filósofos no processo de compreensão e análise do conhecimento. 
Refere que Aristóteles (382-322 a.C.) concebeu a classificação como 
um processo mental, dividindo originalmente o conhecimento em 5 
categorias. Posteriormente estas categorias iniciais foram desenvolvidas e 
reconhecidas por Aristóteles e seus seguidores, em outras 10 categorias, em 
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que representaram ou “qualificaram” as diversas áreas do conhecimento. 
Enquanto Kaula, em seu artigo, associa o começo do estudo da classificação, 
a partir de Aristóteles, Dahlberg já afirma que a história das classificações é tão 
antiga como a história da humanidade, citando como exemplo a enciclopédia 
do egípcio Amenope no ano 1250 a.C., embora, na época, fosse reconhecida 
apenas como a “arte de classificar”, não podendo ser considerada ainda como 
ciência, pois não havia um embasamento teórico. Segundo o autor, todos os 
trabalhos desenvolvidos na época foram “organizados sistematicamente, i. 
e., o conhecimento neles apresentado era organizado segundo alguma ideia 
preconcebida”, sendo que a sistematização do conhecimento não era feita 
da maneira esquemática como hoje se apresenta. 
Estabelecidas as concepções e as possibilidades da classificação nesse trabalho, seguimos com 
os critérios de classificação das pesquisas; e com relação às pesquisas, há o emprego genérico da 
classificação com base em seus objetivos gerais. Desse modo, classificam-se as pesquisas em exploratórias, 
descritivas e explicativas, como segue, com base em Gil (2002).
• Exploratórias: cujo objetivo é “tatear” o quanto possível em busca de quaisquer elementos 
que possam esclarecer questões (hipóteses), problemas, mostrando algo ainda não apontado. 
Envolvem, geralmente, levantamento bibliográfico e documental, muito utilizadas como etapa 
inicial de um processo de pesquisa, já que se caracterizam por esclarecer certos temas e assuntos.
 observação
As pesquisas exploratórias são realizadas para atender a diferentes 
objetivos, que vão da busca por conhecimento sobre determinado assunto, 
para avançar sobre bloqueios e limites à aproximação de um fato ou tema, 
conhecer aspectos obrigatórios de nosso entorno. 
• Descritivas e observacionais: foco na observação, no levantamento e no inventário de questões 
(dados e informações) com vistas à integração e à articulação dos elementos dos conjuntos estudados, 
de modo que confira sentido às relações aparentemente disparatadas nos momentos anteriores à 
pesquisa. A descrição é o momento mais rico do conhecimento, pois assume a imensa influência que 
recebe das visões de mundo particulares, assim como a grandeza do real, apresentando-o por dentro, 
de modo dinâmico e inacabado; pesquisas que chamamos de descritivas requerem muita maturidade 
pessoal e acadêmica, posto que não dão a última palavra, como quer o discurso explicativo. Aqui, há 
o predomínio da “razão subjetiva”, conforme foi definida.
• Explicativas: coração da pesquisa positiva moderna, posto que o termo já remete a certo 
distanciamento do pesquisador, “mostrando como as coisas funcionam”. Nas pesquisas 
denominadas explicativas, pesquisamos para descobrir os fatores que determinam os fatos 
ou colaboram para sua ocorrência, que serão apresentados como sistemas os mais fechados e 
controlados possível. Aqui, há o predomínio da “razão objetiva”, conforme foi definida.
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Também é possível classificar as pesquisas conforme o emprego de instrumentos, que devem ser 
alinhados aos procedimentos técnicos, segundo Gil (2002, p. 43), que inspira as descrições seguintes. 
• Bibliográficas: assim como a pesquisa documental, a pesquisa bibliográfica é desenvolvida 
com base em material já elaborado, constituído principalmente de textos (laicos, religiosos, leis 
diversas, cartas, livros, artigos científicos etc.). É passo inicial em quase todos os estudos, havendo 
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Documentos, para a 
pesquisa documental, são fontes originais que não sofreram intervenção, cujos sentidos serão 
reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa, enquanto o objeto da pesquisa bibliográfica 
é variado e já reproduzido, conforme as pesquisas que dele decorreram.
• Estudos de campo: são levantamentos qualitativos que colocam o pesquisador em meio ao 
objeto pesquisado, sejam relações sociais, sejam aspectos físicos e biológicos; há certa comunhão 
entre sujeito e objeto, que nos extremos podem variar dos casos em que as fronteiras entre 
ambos são bem visíveis àquelas em que desaparecerão. Há uma marca subjetiva nesses estudos, 
com preocupação com a objetividade. Trabalhos de campo são levantamentos de imersão, de 
participação, enquanto os levantamentos de dados para tabulação são instrumentos quantitativos, 
sendo usados, um e outro, conforme a fundamentação teórica (visão de mundo) e a metodologia 
(encadeamento eficiente dos passos no trabalho) da pesquisa encaminhada. Os levantamentos 
estatísticos oferecem maior distanciamento dos fatos, sendo mais ao gosto da ciência tradicional 
e do planejamento, em particular, em virtude de seus atributos matemáticos. Porém, seu uso 
adequado não deve vir da preferência pelo instrumento, mas das determinações e coerência 
metodológicas. 
• Estudos de caso: indicam o privilégio da profundidade e do detalhe, numa escala de observação 
de objeto controlado, num lugar concreto ou no plano teórico, que pode ser um bairro, uma 
empresa e até mesmo um traço de personalidade, desde que o enfoque esteja cravado. Os estudos 
de caso têm larga utilização nas ciências biomédicas (casos clínicos), com emprego nas ciências 
sociais aplicadas (administração e economia). 
 observação
É preciso não confundir o tratamento banal de qualquer caso com 
estudos de profundidade, que levam tempo para maturar e se desenvolver; 
meses, pelo menos.
• Experimental: de modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa 
científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de 
estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle 
e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. O cientista manipula diretamente 
as variáveis relacionadas ao objeto de estudo, procurando identificar causas e efeitos e 
modalidades de ocorrência do evento; cria situações de controle para evitar interferências 
nas relações de causa-efeito identificadas na amostra, como o uso do placebo. Resumindo, a 
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pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis 
que seriam capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos 
que a variável produz no objeto. A pesquisa experimental pode ou não ser feita em laboratório, 
desde que preencha os requisitos de: 1) manipulação de algum aspecto ou variável do objeto; 
2) controle da situação experimental, sobretudo, criando um grupo de controle (de referência, 
para comparação e análise); 3) distribuição aleatória dos elementos que farão parte dos grupos 
experimentais e de controle. Os estudos ocorrerão com grupos coordenados ou com sujeito 
único.
• Estudos de coorte, prospectivos,longitudinais ou de incidência: o conceito de coorte é 
empregado, na maioria das vezes, na área da saúde, em observações clínicas, na descrição de um 
grupo de indivíduos que possuem algo em comum, normalmente, a idade, mas também residência, 
permanência, exposição a agente contaminante etc. São, assim, reunidos e passam por observação 
durante períodos determinados, a fim de que sejam avaliadas as ocorrências em cada indivíduo. 
A periodização das observações deve ser criteriosa, e os dados pertinentes à história natural do 
problema em questão devem ser considerados (doença, vetores de contaminação, entre outros). 
Os estudos de coorte podem ser prospectivos (contemporâneos) e retrospectivos (históricos). 
O estudo de coorte prospectivo é elaborado no presente, com previsão de acompanhamento 
determinado, segundo o objeto de estudo. Segundo Gil (2002), sua principal vantagem é a de 
propiciar um planejamento rigoroso, o que lhe confere um rigor científico que o aproxima do 
delineamento experimental. O estudo de coorte retrospectivo é elaborado com base em registros 
do passado com seguimento até o presente. Só se torna viável quando se dispõe de arquivos com 
protocolos completos e organizados.
• Análise dos dados, tratamento estatístico ou levantamento: segundo Gil (2002), as pesquisas 
desse tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja 
conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas 
acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as 
conclusões correspondentes aos dados coletados. 
• Pesquisa ex post facto e correlacionais: a tradução literal da expressão ex post facto é “a 
partir do fato passado”. Conforme Gil (2002, p. 49), a pesquisa ex post facto é uma investigação 
sistemática e empírica, na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis 
independentes, porque já ocorreram suas manifestações, ou porque são intrinsecamente não 
manipuláveis; significa que nesse tipo de pesquisa o estudo foi realizado após a ocorrência de 
variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos. Também segundo Gil, 
uma importante modalidade de pesquisa ex post facto, muito utilizada nas ciências da saúde, é a 
pesquisa caso-controle.
Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex post facto não garante que 
suas conclusões relativas a relações do tipo causa-efeito sejam totalmente seguras. O que geralmente se 
obtém nessa modalidade de delineamento é a constatação da existência de relação entre variáveis. Por 
isso é que essa pesquisa, muitas vezes, é denominada correlacional (GIL, 2002, p. 49).
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Métodos de Pesquisa
O propósito básico dessa pesquisa é o mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de 
relações entre variáveis. Seu planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença 
mais importante entre as duas modalidades está em que, na pesquisa ex post facto, o pesquisador não 
dispõe de controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque 
ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer nesse tipo de pesquisa é identificar situações que se 
desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles.
• Pesquisa-ação: quando o pesquisador não é apenas observador exterior aos fatos, mas assume a 
necessidade de fazer parte deles. Nas palavras de David Tripp (2005, p. 445-6): 
É importante que se reconheça a pesquisa-ação como um dos inúmeros 
tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer processo 
que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática 
entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se, 
implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhoria de 
sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da 
prática quanto da própria investigação.
• Pesquisa participante: a pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela 
interação de pesquisadores e membros das situações investigadas. 
 saiba mais
Convidamos a ler o livro:
ADORNO, R. C. F. et al. O conhecimento e o poder: de quem é a palavra. 
Relato de uma experiência de pesquisa participante. Rev. Saúde Pública, 
São Paulo, v. 21, n. 5, out. 1987. Disponível em: <http://www.scielosp.org/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101987000500006&lng=pt
&nrm=iso>. Acesso em: 23 mar. 2014.
Há autores, como Serva (1995, p. 69-70) que também tratam da pesquisa participante:
A observação participante refere-se, portanto, a uma situação de pesquisa 
em que observador e observados encontram-se numa relação face a face, 
e em que o processo da coleta de dados se dá no próprio ambiente natural 
de vida dos observados, que passam a ser vistos não mais como objetos de 
pesquisa, mas como sujeitos que interagem em um dado projeto de estudos. 
[...]
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Ao resgate da subjetividade, pela inserção do pesquisador numa relação 
direta e pessoal com o observado, corresponde a abertura para a emoção, o 
sentimento e o inesperado. 
[...]
[...] a opção pela utilização da observação participante dá primazia à 
experiência pessoal vivida no campo, evitando o aprisionamento do 
pesquisador em apriorismos. Por outro lado, isso não significa, em absoluto, 
que não se disponha de quadros referenciais teóricos sólidos.
 observação
É muito importante esclarecer que, na prática, esses tipos não devem 
anteceder as escolhas e decisões de pesquisar, posto que são consequências 
do exercício real do método como fio condutor das ações; exceção no caso 
de propostas de temas e procedimentos de terceiros como condição à 
pesquisa.
5.1.7 A formulação do problema de pesquisa 
Muitos estudantes consideram inconveniente a assertiva que lhes dirigimos nas aulas: “até para não 
sabermos, é preciso saber alguma coisa”, isto é, quando alguém afirma que nada sabe sobre algo, no 
contexto da pesquisa científica, a condição para tal “desconhecimento” é a de que tenhamos conhecimento 
prévio acerca desse assunto e, desse modo, percebamos que o trabalho de formular problemas e hipóteses, 
bem como a tarefa de descrever e/ou explicar as variáveis com as quais trabalhamos como pesquisadores, 
pede certo conhecimento sobre o assunto que queremos aprender e manejar. 
Normalmente, os pesquisadores já acumulam conhecimento suficiente para elaborar problemas e 
hipóteses. Quando eles imaginam pesquisar determinado assunto, já leram e refletiram sobre o tema o 
suficiente para, com segurança, elaborar o seu problema e a hipótese da sua investigação.
No caso de trabalhos escolares, muitas vezes, o próprio professor da disciplina dá aos alunos algumas 
informações básicas sobre o tema proposto para uma pesquisa mais aprofundada, complementar e 
mesmo suplementar às aulas.
Como deveremos proceder se nos for solicitada uma pesquisa sobre um assunto que desconhecemos? 
E se devemos elaborar um problema de pesquisa e hipóteses pertinentes a esse problema, no caso de um 
tema que não dominamos?
É recomendação básica, e requisito fundamental, que façamos um estudo prévio sobre o tema 
de nosso interesse, para que possamos formular um problema de pesquisa que seja pertinente, mas, 
sobretudo, coerente.
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Esse estudo prévio pode envolver leitura de jornais, enciclopédias, sítios da internet e orientação 
ou conversas com pessoasque sabemos dominar o tema (ou que possuem um conhecimento mais 
aprofundado sobre o assunto que vamos investigar).
Muitas vezes, dada a vastidão do tema e o nosso desconhecimento sobre o assunto estudado, esse 
estudo prévio acaba se transformando em uma pesquisa bibliográfica, momento de qualquer pesquisa, 
além de modalidade importantíssima quando o objetivo for levantamento dos atributos (propriedades 
físicas, químicas, sociológicas, médicas etc.) e exploração das diversas dimensões de temas (históricas, 
geográficas, econômicas, culturais, políticas, ambientais, entre outras).
Pesquisamos a fim de descobrir respostas para problemas. No campo da metodologia científica 
(conjunto de técnicas e métodos consagrados pelo trabalho de pesquisa científica), definimos problemas 
como questões não resolvidas e que se colocam como centro de discussão e investigação. De forma 
bastante simplificada, o problema da pesquisa resume o que nos inquieta, o que nos motiva a levantar 
informações, a respeito do que queremos saber mais. 
 Lembrete
É preciso saber algo do assunto que se deseja pesquisar. 
Problema de pesquisa, para Gil (2002, p. 23), com recurso ao dicionário, é “questão não solvida e 
que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento, pois é a que mais apropriadamente 
caracteriza o problema científico”. Justifica a seleção da acepção pela clareza de que nem todo problema 
é passível de tratamento científico. E reitera que “Isto significa que, para se realizar uma pesquisa, é 
necessário, em primeiro lugar, verificar se o problema cogitado se enquadra na categoria de científico”. 
Esse autor reitera que:
toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, ou indagação. Todavia, a 
conceituação adequada de problema de pesquisa não constitui tarefa fácil, em 
virtude das diferentes acepções que envolvem este termo (GIL, 2002, p. 23).
Gil ajuda-nos na tarefa de classificar e manejar as questões da pesquisa em função de sua 
verificabilidade. Afirma ele que, nas perguntas como esta: como posso viver melhor e qual é a maneira 
correta de viver?, elaboram-se, respectivamente, problemas tecnológicos e morais (segundo o autor, de 
engenharia e de valor), contudo não são problemas científicos, porque na própria pergunta não há 
variáveis (acontecimentos cujo valor poderia mudar em função de inúmeros fatores) que possam ser 
testadas objetivamente (2002, p. 24). Em outras palavras:
Problemas de valor ou de engenharia não podem ser problemas 
científicos. Eles não são cientificamente testáveis. Não conseguimos 
levantar evidências fortes o suficiente que possam responder às questões 
formuladas dessa maneira. Podemos até nos aproximar de respostas 
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prováveis, mas dificilmente podemos chegar a uma conclusão com 
segurança e neutralidade (GIL, 2002, p. 24).
Mais:
Um problema científico é um problema que apresenta uma situação que 
pode ser testada. Se um problema é uma questão que mostra uma situação 
necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução temos que ter 
condições efetivas de discuti-lo, investigá-lo e solucioná-lo (GIL, 2002, p. 24).
Segundo vários pesquisadores e cientistas, a etapa mais difícil e trabalhosa do processo de pesquisa 
é a definição do problema. Vamos pesquisar o quê? Vamos responder a qual questão? É desse momento 
que depende todo o restante do trabalho de pesquisa. Se não formulamos adequadamente o problema, 
toda a nossa pesquisa está comprometida. Se não definimos o rumo, vamos com certeza nos perder. 
O erro mais comum em pesquisa é iniciá-la sem ter claro o problema a ser resolvido. Temos tantas ideias, 
queremos saber tantas coisas, que erroneamente consideramos que está claro o que queremos saber. Esse é o 
maior engano. Muitas vezes, não está claro nem para nós mesmos. Imaginem então para os outros.
Seguem alguns exemplos de formulação de problemas de pesquisa.
Quadro 3 – Exemplos de problemas de pesquisa
Temática Problematização do tema de pesquisa proposto no projeto.
Qualidade de vida
Avaliar se a educação escolar com preceitos médico-ambientais, jurídicos, 
políticos, logo nos primeiros anos do Ensino Fundamental, transforma 
hábitos alimentares e de higiene pessoal (profilaxia médica); conhecimento 
das normas essenciais, das leis básicas (começando pela Constituição 
Federal), participação nas decisões, na vida institucional das organizações, 
principalmente as públicas (participação política). Tudo isso de modo lúdico, 
brincando, jogando. Projeto de longa duração, com “grupo-controle”.
A utilização da informática no 
aprendizado escolar.
Verificar a eficácia da utilização de jogos eletrônicos (games variados, feitos 
com propósito educativo ou não) no aprendizado das diversas disciplinas, 
como sociologia, política, estatística, ecologia e todas as demais áreas de 
estudo. Projeto de curta duração, com possibilidades de testes qualitativos 
sobre o aprendizado.
A crise da hegemonia das áreas de 
denominação geográfica controlada, da 
vitivinicultura europeia.
Verificar se a presença de ótimas condições ambientais e culturais dos 
terroirs (clima, relevo, nutrientes no solo, saberes, tradições etc.) na 
vitivinicultura realmente são únicas, ou se as variedades de uvas viníferas 
podem ser cultivadas em quaisquer áreas cujas condições sejam aproximadas 
e artificialmente produzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova 
Zelândia, por exemplo). Exemplo da champagne, que é o único vinho 
espumante que pode receber esse nome por ser da região de Champagne, 
sendo o vinho que passa por processos similares denominado simplesmente 
espumante. Projeto de média duração e interdisciplinar, de instrumental 
múltiplo, para escapar das amarras tecnicistas. Pesquisa bibliográfica, 
videográfica (documentários e dramas) e cartográfica.
A distribuição espacial da renda nas 
regiões metropolitanas brasileiras, 
associada aos problemas ambientais e 
de infraestrutura.
Verificar se a concentração de renda, além de estar associada ao acesso 
às melhores áreas das cidades (também do campo), também explica a 
distribuição dos benefícios e problemas ambientais.
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 saiba mais
Você pode buscar as seguintes fontes para obter mais conhecimento 
sobre o assunto: 
CASTRO A. A. Formulação da pergunta de pesquisa. In: CASTRO, A. A. 
Revisão sistemática com e sem metanálise. São Paulo: AAC, 2001. Disponível 
em: <http://www.metodologia.org>. Acesso em: 20 maio 2014.
Esse capítulo faz parte de uma série de manuscritos que originou o 
curso, aberto e gratuito, de revisão sistemática e metanálise, disponibilizado 
pela Unifesp Virtual. (<http://www.virtual.epm.br/cursos/metanalise>.). 
HEGENBERG, L. et al. (Org.). Métodos de pesquisa: de Sócrates a Marx e 
Popper. São Paulo: Atlas, 2012.
LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodológicos na construção 
do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Katálysis, Florianópolis, 
v. 10, 2007. Número especial. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802007000300004&lng=en&nrm
=iso>. Acesso em: 23 mar 2014. 
Algumas considerações sobre o problema de pesquisa são necessárias: 
• Uma pesquisa só será necessária se existir uma insatisfação com as soluções oferecidas, dúvida ou 
dúvidas a serem esclarecidas. 
• A problemática é a evolução metodológica do encaminhamento da dúvida inicial que motiva 
e orienta a pesquisa; não podemos perder de vista essa origem, que, segundo os preceitos 
filosóficos geralmente aceitos, deve sempre sediar seu ciclo no senso comum, isto é, estabelecerseus horizontes no mundo da vida humana. 
• Deve ser escrito de forma clara e argumentativa: qual é a questão, e seus parâmetros, para a qual 
se busca uma resposta? 
Pode-se, ainda, qualificar os problemas quanto:
• À relevância: isso quer dizer que o problema de pesquisa precisa, de alguma forma, representar 
uma indagação ou questionamento que tenha importância no contexto histórico na construção 
do conhecimento, não podendo ser medido apenas pela aplicação das “conclusões” às quais 
chegarmos. É, então, uma questão de coerência de todo o “ciclo da pesquisa”, desde as concepções 
teóricas, técnicas, às éticas, que devem ser fundantes da ação.
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• À clareza: isso significa que não pode haver dúvidas no encaminhamento da pesquisa sobre a 
questão da pesquisa que se irá realizar.
• À possibilidade de realização: devemos nos propor trabalhos factíveis, praticáveis, no que diz 
respeito a alcance dos objetos de interesse, acesso aos recursos em geral, além de ambiente de 
pesquisa.
• Aos interesses e preferências do pesquisador: sempre que pudermos, devemos escolher nossos 
temas de pesquisa. Na vida escolar (também na profissional), principalmente quando as pesquisas 
são exercícios de aprendizagem metodológica, os temas são secundários ou restritos à prática 
exploratória e ao domínio da reprodução do assunto antes de nele criar. Ou melhor, temos de fazer 
pesquisas em temas que não são os de nossa preferência, apesar de estarmos mais interessados 
em outros assuntos. Devemos procurar escolher assuntos que nos sejam interessantes, a respeito 
dos quais temos muita curiosidade.
• À especificidade: na definição do problema principal de nossas pesquisas, temos de ser bastante 
específicos quanto ao estabelecimento dos objetivos e de sua hierarquia, pois devem ser precisados 
os aspectos (as variáveis) que poderão (deverão) ser verificados. 
Os temas muito amplos e fracionados podem apresentar-se como de difícil solução, e, se não 
definirmos exatamente o que queremos, provavelmente perderemos o foco em meio ao material 
bibliográfico (gráficos em geral, documentos, enciclopédias e artigos científicos). Devemos 
continuamente ajustar a problemática (o questionamento) da pesquisa como se fosse a busca 
pelas lentes adequadas que nos permitirão enxergar melhor nosso alvo; mais ou menos como 
fazemos naqueles exames oftalmológicos. 
Logo, quanto mais específico for o problema formulado, mais fácil será empreender buscas e aferir 
a consistência das soluções encontradas. Quanto mais específico for o problema, mais sentido terá 
nosso trabalho de pesquisa. Esse é um trabalho que costumamos denominar “recorte do tema”. Como se 
estivéssemos diante de uma enorme folha de jornal recheada de assuntos interessantes e resolvêssemos 
“recortar” um artigo sobre determinado tema.
• À forma, como pergunta: por uma questão de precisão e controle lógico, formulamos o problema 
como pergunta na forma interrogativa; precisão, em virtude da necessidade da linguagem como 
instrumento; e controle na verificação das variáveis; isto é, os “termos acessórios do problema” 
que deverão ser checados. 
A título de exemplo, seguem alguns problemas que podem ser considerados científicos, bem como 
seus motivos:
• O horário eleitoral gratuito (e demais modalidades de campanha) repercute no voto do eleitor? 
— Procura-se aqui inquirir a assistência e avaliar a extensão de impactos.
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• Os índices de desemprego, de déficit habitacional, da fome e de acesso à escola são responsáveis 
pelo crescimento da violência urbana? 
— O propósito é avaliar pelo método comparativo de amostras com diferentes combinações dos 
fatores.
• Que fatores determinam o aumento ou a diminuição dos níveis de poupança de famílias de classe 
média?
— Aferir os períodos com menores afluxos de depósito em poupança relacionados a variáveis 
socioeconômicas de renda, escolaridade, segmentação de mercado etc., conforme as hipóteses.
• A escolha da dieta básica (e de alimentos particulares) dá-se conforme o grau de instrução? 
— Averiguação das dietas básicas de grupos pesquisados da população total segundo estratos de 
escolaridade.
• Quais os fatores (psíquicos, sociais) influenciadores do hábito de amamentar? 
— Pesquisa bibliográfica e entrevistas com grupos de estratos sociais de renda, educação, domicílio 
distintos; escolhas com base nas hipóteses. 
• Os exames vestibulares refletem o nível de iniciação à leitura dos candidatos?
— Aferir a relação dos candidatos com a prática da leitura.
• Na realização de atividades por indivíduos isolados ou por grupos coordenados, qual é modo mais 
eficiente ou produtivo de execução do trabalho?
— Aferir e comparar os ciclos de atividades por modalidade.
• Qual é o impacto das atividades humanas no assoreamento dos rios urbanos?
— Mapear e mensurar os impactos da ocupação do território (atividades) na dinâmica hidrológica 
e no perfil hidrográfico da região estudada.
Os problemas mencionados anteriormente são científicos, específicos, atendendo aos 
requisitos mencionados. Formulado o problema da pesquisa, a elaboração da hipótese é a tarefa 
que, em seguida, faz-se necessária. Já dissemos que “se trata daquilo que achamos”, nossa 
“solução precária” para o problema proposto; é o que já temos sobre o objeto da pesquisa, o 
outro lado do objetivo.
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5.1.8 A elaboração das hipóteses de pesquisa 
A hipótese é, então, uma resposta (provável) ao problema a ser investigado. Em algumas pesquisas, 
essa elaboração é dispensável, ao menos em termos da sua explicitação formal (quer dizer, da sua 
declaração). Isso ocorre principalmente nos casos de estudos exploratórios ou descritivos.
De forma simplificada, podemos dizer que problemas, objetivos e hipóteses estão relacionados. 
Percebemos diferenças nos seguintes aspectos:
• enquanto os problemas são sentenças interrogativas, os objetivos são incertos, as hipóteses são 
afirmativas;
• as hipóteses são tão específicas quanto os objetivos e mais do que os problemas;
• as hipóteses apresentam uma maior preocupação com a operação da pesquisa propriamente dita; 
assim, se o problema apresenta a questão da pesquisa, a hipótese deve deixar claro qual a forma 
a ser utilizada para resolver o problema foco de investigação.
As hipóteses são consequências dos objetivos e dos problemas formulados. Elas funcionam como 
afirmações, procurando deixar evidente como serão respondidas algumas das questões pertinentes aos 
problemas. Isso ocorre porque, como as hipóteses são mais específicas, elas podem estar relacionadas 
a determinados aspectos do problema. Portanto, um mesmo problema pode gerar várias hipóteses, 
e a construção de uma determinada hipótese é escolha pessoal do pesquisador em relação a várias 
possibilidades. 
Vamos a alguns exemplos, tomados dos que já foram apresentados. 
• Exemplo 1: 
O tema é: a crise da hegemonia das áreas de denominação geográfica controlada, da vitivinicultura 
europeia.
Problema formulado: é possível manter a qualidade original de vinhos de regiões especiais nos 
vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do mundo? 
Argumento: verificar se ótimas condições ambientais e culturais dos terroirs (clima, relevo, nutrientes 
no solo, saberes, tradições etc.) na vitivinicultura realmente são únicas, ou se as variedades de uvas 
viníferas podem ser cultivadas em quaisquer áreas cujas condições sejam aproximadas e artificialmenteproduzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova Zelândia, por exemplo). Exemplo da champagne, 
que é o único vinho espumante que pode receber esse nome por ser da região de Champagne; sendo 
o vinho que passa por processos similares denominado simplesmente espumante. Projeto de média 
duração e interdisciplinar, de instrumental múltiplo para escapar das amarras tecnicistas. Pesquisa 
bibliográfica, videográfica (documentários e dramas) e cartográfica.
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Podemos formular várias hipóteses tomando o problema “É possível manter a qualidade original 
de vinhos de regiões especiais nos vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do 
mundo?” como ponto de partida. Portanto, de um mesmo problema, podemos formular duas ou mais 
hipóteses diferentes. São várias as possibilidades. Numa delas, ambos os exemplares de vinhos devem 
ser comparados. 
A título de exemplo, vamos formular duas hipóteses:
— Hipótese 1: um dos dois é melhor, a partir dos critérios convencionais empregados pela 
arbitragem, desmoralizando um dos argumentos do debate.
— Hipótese 2: os dois são de alta qualidade, e caem por terra os mitos.
Como é possível observar, as hipóteses são afirmações que se fazem na tentativa de obter 
respostas para a solução de um determinado problema. Seja lá qual for a hipótese escolhida, sua 
confirmação ou não auxilia na descoberta da resposta ao problema que formulamos. O pesquisador 
deve escolher aquela hipótese que mais o agrada e que lhe parece mais próxima de responder ao 
problema formulado. 
• Exemplo 2: 
O tema é: a distribuição espacial da renda nas regiões metropolitanas brasileiras e associação aos 
problemas socioambientais e de infraestrutura.
Problema formulado: a distribuição territorial da renda é causa principal de processos sociais que 
afirmam ou negam a qualidade de vida da população?
Argumento: verificar se a concentração de renda, além de estar associada ao acesso às melhores 
áreas das cidades (e do campo), também explica a distribuição dos benefícios e problemas ambientais. 
Para cada um dos fatores, podemos formular uma hipótese correspondente. 
— Hipótese 1: o poder aquisitivo; a renda determina o acesso às melhores áreas dos espaços 
urbanos e agrários. 
— Hipótese 2: a concentração de renda é acompanhada de mobilização e solução política 
(lobbies) dos problemas e atendimento de demandas. 
— Hipótese 3: as condições socioambientais em geral expressam o comportamento dos grupos 
com associação direta a esses espaços.
As hipóteses anteriores são afirmações que fazemos na tentativa de obter respostas para a solução de 
um determinado problema, qual seja, o da descoberta dos fatores que estão relacionados ao crescimento 
da violência urbana. Seja lá qual for a hipótese escolhida, sua confirmação ou não nos permite descobrir 
se o fator selecionado pode ou não estar vinculado ao crescimento da violência. O pesquisador deve 
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escolher a hipótese de sua preferência e a que lhe parece mais próxima de responder ao problema 
formulado. 
5.1.8.1 Papel das variáveis
Como dissemos, na hipótese, estamos imaginando a existência de alguma relação entre coisas ou fatos. 
Por exemplo, vamos imaginar o seguinte problema de pesquisa:
• Problema: a ocorrência de cáries está relacionada ao acompanhamento odontológico preventivo?.
Estamos nos perguntando se o hábito de consultar com frequência o dentista pode estar relacionado 
à frequência com que surgem cáries. Para esse problema, podemos formular a seguinte hipótese:
• Hipótese: a frequência com que surgem cáries está relacionada à frequência de acompanhamento 
odontológico preventivo. 
Nessa afirmação, estamos procurando investigar se “frequência de acompanhamento odontológico” 
e “frequência de ocorrência de cáries” estão relacionadas. Para efeito da nossa pesquisa, “frequência de 
acompanhamento odontológico” e “frequência de ocorrência de cáries” serão as nossas variáveis. São as 
coisas ou os fatos que procuraremos estudar.
Quando o pesquisador elabora a hipótese de pesquisa, ele deve esclarecer exatamente o que significam 
as variáveis com as quais ele irá trabalhar. No exemplo anterior, acompanhamento odontológico pode 
ter significados diferentes para pessoas diferentes. Da mesma forma, pode haver diferentes maneiras de 
entender o que significa “ocorrência de cáries”.
As variáveis (as coisas e os fatos sobre os quais iremos trabalhar) necessitam ser definidas, 
detalhadamente, pelo pesquisador. No exemplo, as nossas variáveis podem ser explicadas da seguinte 
maneira:
— Frequência de acompanhamento odontológico preventivo: deve ser entendido como número 
de consultas preventivas (excluídos os tratamentos) a um profissional especializado em saúde 
dentária (dentista ou ortodontista), no período de um ano.
— Frequência de ocorrência de cáries: deve ser entendida como o número de vezes, ao longo de 
um ano, correspondente ao surgimento de cáries.
A partir da definição das nossas variáveis, deixamos claro o que iremos pesquisar. A partir da definição 
das nossas variáveis, qualquer pessoa pode compreender exatamente qual afirmação procuraremos 
confirmar ou negar.
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Vamos retomar um exemplo anterior.
• O problema formulado é: “será que a propaganda eleitoral influencia decisivamente o voto do 
eleitor?”.
• Hipótese 1: no caso de eleitores indecisos, assistir ao programa eleitoral durante os três meses 
anteriores à eleição pode ajudá-los a definir a intenção de voto.
As nossas variáveis são:
• Variável 1: exposição ao programa eleitoral, que será entendida como o número de vezes que o 
eleitor assistiu/esteve exposto à propaganda partidária especialmente elaborada para o período 
de eleições, veiculada por meio da televisão. 
• Variável 2: intenção de voto, que será entendida como a declaração espontânea de qual será o 
voto quando da eleição.
Fica claro também, na nossa formulação hipotética, que estaremos investigando essa possível relação 
dentre as pessoas declaradamente indecisas (quer dizer, que em um primeiro momento declararam não 
ter candidato definido). Também estamos esclarecendo que estudaremos a influência da propaganda 
eleitoral nos três meses anteriores ao pleito (período usual em que a propaganda eleitoral é veiculada).
Vejamos mais um exemplo:
• O problema formulado é: “quais os fatores que contribuem para o crescimento da violência 
urbana?”.
• Hipótese 1: quanto maior o desemprego, maior será a violência urbana. 
As nossas variáveis são:
• Desemprego, que será compreendido como a inexistência de vínculo empregatício formal 
do indivíduo durante um ano (quer dizer, iremos definir que o indivíduo será considerado 
desempregado se não tiver tido algum trabalho com “registro em carteira” no período de 
doze meses).
• Violência urbana, que será entendida como o número de crimes (assaltos, roubos, assassinatos) na 
cidade durante o período de um ano.
Definidas as variáveis, podemos mencionar que as estudaremos a partir de estatísticas fornecidas 
por determinadas entidades de pesquisa ligadas ao governo municipal. Nosso trabalho será o de analisar 
se existe uma associação entre desemprego e violência urbana, por meio da comparação dos números 
que tivermos disponíveis.
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Exemplo de aplicação
Retome outros exemplos de problemasmencionados anteriormente. Para cada um deles, formule 
uma hipótese e defina as variáveis de forma que seja possível confirmar ou não a hipótese formulada.
Que fatores determinam o aumento ou diminuição dos níveis de poupança de famílias de classe 
média?
O grau de instrução determina a escolha de determinado tipo de alimento?
A condição social dos alunos está relacionada aos resultados de exames vestibulares?
A realização, em grupo, de determinada tarefa pode estar relacionada com a diminuição do tempo 
de execução e finalização da tarefa?
Exercício de aplicação
Oferecemos mais uma oportunidade de colocar em prática aquilo que estamos tratando. Veja o 
roteiro da atividade proposta:
1. A partir da bibliografia recomendada (a seguir), apresente a definição de “problema de pesquisa” 
(também denominada problemática e questão de pesquisa), destacando sua importância no 
conjunto do projeto. 
2. Diferencie um problema científico de um não científico. 
3. Formule um problema científico seguindo as sugestões (“dicas” dos autores recomendados) e as 
regras (condições estritas).
4. Responda às questões correlatas àquelas da problematização do tema, tais como: qual é a 
relação entre a problematização e os instrumentos e técnicas de pesquisa? Qual é a relação entre 
problemática e resultados da pesquisa? 
Observações: o exercício deve ter redação direta, contemplando justificativas, devendo ser 
apresentado nas condições mínimas estabelecidas para trabalhos acadêmicos, no que diz respeito à 
indicação de fontes e referências, começando a empregar ao menos as normas mais elementares, isto é: 
ABNT NBR 6023:2002 – Informação e documentação – Referências – Elaboração (original); ABNT NBR 
10520:2002 – Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação (original). 
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Métodos de Pesquisa
 saiba mais
Bibliografia para o exemplo de aplicação:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-10520: 
informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. 
Rio de Janeiro, 2002a.
___. NBR-6023: informação e documentação – Referências – 
Elaboração. Rio de Janeiro, 2002b.
Ou: 
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
HEGENBERG, L. et al. (Org.). Métodos de pesquisa: de Sócrates a Marx e 
Popper. São Paulo: Atlas, 2012.
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos 
e seminários. São Paulo: Atlas, 2013.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 
2000. p. 63-71. 
5.1.9 Quando pesquisar? Tempo coberto pelo projeto
Toda pesquisa tem um início, um meio e um fim. Não falamos somente em termos de conteúdo, mas 
também de tempo de execução. Quando a pesquisa começa, em quanto tempo se desenvolve e quando 
será finalizada? Tratamos, portanto, de um calendário, de um cronograma. 
 saiba mais
Convidamos você a ler o artigo “Origem e Evolução do Nosso Calendário”, 
escrito por Manuel Nunes Marques. Está disponível em: <http://www.mat.
uc.pt/~helios/Mestre/H01orige.htm>. Acesso em: 22 maio 2014. 
Temos certeza de que apreciará a leitura.
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Figura 18 – O calendário
O cronograma deve obedecer a um calendário predeterminado pelo agente pesquisador e descrever 
o tempo necessário para a realização de cada uma das partes propostas no projeto. 
Conforme Salomon (2000, p. 223), “um projeto que não se reduz a mero ’projeto de intenções‘, uma 
vez que tem de ser tecnicamente redigido, não pode deixar de conter cronograma e orçamento”. 
No cronograma estão representados os elementos constitutivos do processo de pesquisa, tomando 
como referenciais o tempo e a natureza das atividades. Além disso, ainda para Salomon (2000, p. 223-4):
a concepção do cronograma é dinâmica e flexível e pode ser mostrada: a) 
definindo-se a priori que início, duração, término de uma fase ou de uma 
atividade não hão de ser entendidos rigidamente e de maneira estanque; b) 
nem sempre o término de uma fase é condição necessária para o início de 
outra subsequente; há possibilidade de imbricação de fases e [de] projeção 
de uma fase iniciar-se concomitantemente com outra.
As etapas podem ser coincidentes, mas não excludentes. Por exemplo, é possível fichar um texto 
e levantar dados secundários no mesmo mês, mas não é possível fazer uma análise comparativa das 
entrevistas sem tê-las terminado. Salomon (2000, p. 223) ensina que: 
A forma mais racional de se fazer um cronograma é assumir o modelo 
cartesiano de cruzamento de coordenadas ou da tabela cruzada, em que as 
colunas mostram os períodos e momentos do tempo reservado a cada fase 
da pesquisa, e as fileiras delineiam as fases e tarefas a cumprir. 
Lá vai um exemplo:
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Quadro 4 – Exemplo de cronograma
Etapas Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Leitura e fichamento
Levantamento de dados em campo
Entrevista com operários
Entrevista com dirigentes
Análise comparativa
Redação do texto
 saiba mais
Consulte o livro de Délcio Vieira Salomon, Como fazer uma monografia 
(São Paulo: Martins Fontes, 2000). O Capítulo 8 apresenta outro bom 
exemplo de como se elaborar um cronograma.
5.1.10 A pesquisa socioambiental: das ciências básicas às aplicadas
O adjetivo socioambiental supõe a junção dos reinos físico, orgânico e cultural, articulando as 
ciências parcelares (disciplinas) em suas interfaces (intersecções), de modo que diminua as reduções 
e o esfacelamento da realidade. Qualquer que seja a pesquisa, sempre terá por objeto eventos sociais 
(relações sociais e culturais) e ambientais (trocas de matéria e energia); portanto, dirigindo-se à junção 
socioambiental, sejam acontecimentos empíricos (ciências sociais aplicadas, como a sociologia e 
a geografia), seja nos imaginados (como a geometria e a física teórica), nas ciências básicas ou nas 
aplicadas.
Anteriormente, tratamos da importância do trabalho científico na aquisição de conhecimento e na 
ampliação da nossa compreensão do mundo, focando nos objetos de uso cotidiano, passando agora 
àqueles mais complexos, infelizmente, restritos aos especialistas. 
Como vimos, a pesquisa é o conjunto de atividades que tem por objetivo estudar e investigar 
determinado fenômeno selecionado. Isso quer dizer que, escolhidos certo tema ou certa área do 
nosso interesse, a todas as atividades que desenvolveremos para atingir esse objetivo (aumentar 
o conhecimento sobre o assunto) chamamos de pesquisa. Costumamos dizer que a pesquisa é um 
processo, porque envolve trabalhos desenvolvidos durante um determinado período de tempo e que, 
normalmente, cruzam-se e têm uma relação de interdependência.
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A pesquisa científica tem características bastante definidas:
• a pesquisa é um processo formal: segue regulamentos e normas claras e explícitas;
• a pesquisa é um processo sistemático: é realizada de forma ordenada, com uma intenção declarada;
• a pesquisa é um processo que se utiliza de metodologia específica: serve-se de procedimentos e 
estratégias cientificamente aprovadas.
Podemos então definir pesquisa como o processo formal e sistemático que, por meio da utilização 
da metodologia científica, permite que ampliemos os nossos conhecimentos. A partir daí, como 
entendermos a pesquisa social avançada e suas ligações capilares com a pesquisa ambiental?
Toda pesquisa é, a um só tempo, social eambiental, posto que é dedicada ao estudo da realidade 
social que se entrelaça com a ambiental (biomas e ecossistemas), realidade essa que envolve inúmeros 
aspectos referentes ao homem em seus relacionamentos com outros homens, com a variedade ambiental 
(conjunto de formas orgânicas e inorgânicas) e as instituições. Quer dizer que é o tipo de pesquisa que 
encontramos nas mais variadas ciências (geografia, ecologia, sociologia, antropologia, ciência política, 
educação, psicologia etc.).
Dentre os vários temas aos quais se dedica a pesquisa socioambiental, podemos ressaltar alguns:
• produção do espaço geográfico e degradação ambiental;
• diagnóstico e prognóstico socioambiental;
• planejamento territorial, ambiental, econômico;
• estudos de políticas públicas;
• personalidade humana;
• família,
• grupos sociais;
• comportamento individual e coletivo;
• mudanças sociais;
• problemas sociais;
• comportamento político;
• organização social. 
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Pelas suas características e temáticas particulares, as Ciências Sociais não desfrutam do mesmo 
prestígio que outras áreas das ciências, porém tem havido mudanças positivas com o esclarecimento 
sobre as interfaces e a maior aceitação das diversas disciplinas, antes descartadas. Algumas das razões 
desse descarte costumam ser:
• a realidade social não segue o mesmo padrão do universo físico, sendo impossível determinar a 
causalidade (tal fator causar tal fenômeno) e a previsibilidade (se tal fator ocorrer, termos uma 
chance de tantos por cento de certo fenômeno ocorrer) dos objetos estudados;
• é extremamente difícil quantificarmos os fenômenos sociais estudados;
• os pesquisadores sociais lidam com temas com os quais podem estar psicologicamente envolvidos, 
o que dificulta a objetividade nesse tipo de trabalho;
• geralmente, os fenômenos sociais envolvem tantos aspectos que se torna quase impossível defini-los 
e controlá-los. 
A defesa mais fácil seria mostrarmos que os problemas anteriormente mencionados também 
ocorrem em diversas pesquisas das ciências naturais. No entanto, a melhor resposta para essas críticas 
é a demonstração das inúmeras possibilidades de executarmos pesquisa científica com o objetivo de 
estudarmos fenômenos sociais.
Exemplo de aplicação
Folheando o jornal diário, podemos listar uma série de assuntos e temas de nosso interesse. 
Dentre esses assuntos, podemos selecionar alguns que poderiam ser objeto de estudo de pesquisas 
socioambientais. Faça a leitura de algum jornal. Depois: 
• faça uma lista dos temas de interesse;
• selecione aqueles que podem ser identificados como temas de interesse da pesquisa socioambiental;
• faça um pequeno esboço das justificativas para uma pesquisa acerca do tema selecionado.
6 o projeto de pesquisa
O ciclo da pesquisa constitui-se no caminho de busca calcada no projeto que descreve detalhadamente 
seus atributos (assunto, objeto de interesse, justificativas da escolha e motivações do sujeito, além das 
referências e dos recursos previstos) e no relatório monográfico, produzido em seu amadurecimento 
com a finalidade de expor os resultados da pesquisa em fóruns adequados. 
O trabalho de pesquisa pressupõe um objeto de estudo definido. Quer dizer, se vamos pesquisar, 
temos de definir de maneira bastante precisa o que pretendemos investigar e aonde queremos chegar; 
esse é o papel do projeto, organizar a ação que segue pistas e persegue um ou mais alvos. 
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Vamos estudar as formas mais adequadas para delimitar problemas, elaborar as hipóteses de trabalho 
e definir as condições variáveis que afetam o tema e, portanto, a pesquisa, que deve ser prioritariamente 
voltada para os interesses coletivos; em qualquer que seja a área, pois o fundamental é melhorar a vida 
das pessoas, não de algumas, mas de todas as pessoas.
Esses procedimentos são fundamentais. Sem eles, saímos para pesquisar sem objetivo definido. Sem 
essa clareza, pesquisamos sem rumo. Se não estabelecemos metas, perdemo-nos em um amontoado de 
papéis e ideias, impossibilitados de investigar qualquer questão e sem ampliarmos o nosso conhecimento 
sobre o mundo que nos cerca. Essa é a diferença entre estudar temas sem comprometimento (o que até 
pode ser o início de uma grande pesquisa) e a pesquisa científica.
O projeto de pesquisa tem uma sequência padronizada que, entretanto, não deve ser absolutamente 
rígida, mas aberta às transformações da realidade, às alterações das condições dadas no momento da 
formulação da pesquisa. Seguem duas sugestões de formatos, um de Geraldo Inácio Filho, outro de 
Antônio Carlos Gil. 
Quadro 5 – Sequência dos momentos do projeto
Projeto de pesquisa
Título
1. Tema
2. Tipo de pesquisa
3. Justificativa
4. Objetivos
5. Fundamentação teórica 
6. Metodologia de execução do projeto
7. Cronograma
8. Previsão de recursos humanos
9. Previsão de recursos materiais
Referências bibliográficas
Fonte: Inácio Filho (1995).
Muito próxima da sequência anterior, de Geraldo Inácio Filho, é a de Antônio Carlos Gil, que apresenta 
o seguinte processo de pesquisa, em seu livro sobre elaboração de projetos:
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Formulação do 
problema
Elaboração dos 
instrumentos de 
coleta de dados
Construção de 
hipóteses
Pré-teste dos 
instrumentos
Análise e 
interpretação dos 
dados
Determinação do 
plano
Seleção da amostra
Redação do 
relatório da 
pesquisa
Operacionalização 
das variáveis
Coleta de dados
Figura 19 – Diagrama da pesquisa segundo Antônio Carlos Gil
O diagrama ou esquema anterior é muito próximo de nossa linha de raciocínio, começando 
pela construção das questões que motivam e justificam nova pesquisa sobre um assunto qualquer, 
“encerrando-se” com a redação final da monografia. A sequência dos quadrinhos não deve ser tomada 
de modo rígido, pois a redação não começa no final, nem a gama de instrumentos surge depois de todo 
o campo da pesquisa ser demarcado (identificação de variáveis ou aspectos do tema), o que seria o 
correto, pois não são neutros aos nossos olhos; temos preferências que, embora devam ser domesticadas, 
estão presentes. Enfim, o que determinamos como a linha mais correta de raciocínio é mais um modelo 
de planejamento e de trabalho acadêmico do que fundação de concepção de plano linear inflexível. 
As perguntas da pesquisa levam à estrutura do projeto (são, portanto, estruturadoras) e, assim, o 
que pesquisar leva da temática (a área que se quer pesquisar, de modo bem geral) ao tema (dentre 
os assuntos da temática), em sua extensão ou seu recorte disciplinar dos horizontes da pesquisa. A 
indagação ou o porquê de se pesquisar geram as justificativas; o para quê, os objetivos; o como ou 
modo, a metodologia; e o quando, o cronograma. 
Seguem comentários sobre as fases, ou melhor, os momentos do projeto de pesquisa, juntando 
aquilo que os dois esquemas apresentados têm de melhor, a nosso ver.
• Título: é a denominação do trabalho e uma forma de se apropriar dele; algo como um “batismo” 
da relação que se estabelece; em nossa cultura, tudo o que é personalizado e deve ser mostrado, 
partilhado, tem nome. Importante: é flexível e pode mudar durante a pesquisa, até mesmo 
contando a história das mudanças das ideias iniciais que culminarão no relatório monográfico. A 
maior regra é manter-se coerente com o produto final.
• Tema: é aquilo que nos interessou ou foi imposto como de nosso interesse; todo tema

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