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Metodologia I Encontro de Pesquisadores Fazendrios UNIDADE II

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Germana Parente Neiva Belchior 
germana.belchior@sefaz.ce.gov.br 
 
 
UNIDADE II – O MÉTODO CIENTÍFICO 
19 de abril de 2012 
I ENCONTRO DE PESQUISADORES FAZENDÁRIOS 
METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA 
CIENTÍFICA: ORIENTAÇÕES INICIAIS 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O MÉTODO CIENTÍFICO 
- Em geral, o método está associado à metodologia, que é o estudo dos 
métodos utilizados no processo de conhecimento. O método é 
exatamente o caminho a ser percorrido. 
- O conhecimento científico tem uma característica particular: os 
raciocínios e as técnicas que ele utiliza podem ser claramente 
identificados. Logo, quando se sabe o caminho a ser seguido, pode-se 
chegar com mais exatidão ao resultado final. 
- Dessa forma, o método científico é o roteiro seguro que o pesquisador 
utilizará em suas investigações. Sem a utilização do(s) método(s) 
adequado(s), não há possibilidade de se construir um conhecimento 
científico, ou seja, de se fazer Ciência. 
- Para o argentino Mario Bunge (1987), o método científico é a teoria da 
investigação. Assim, para que a investigação alcance seus objetivos de 
maneira científica, é preciso que ela cumpra ou se proponha a cumprir 
algumas etapas básicas (oito), tais como: 
ETAPA 2: Colocação precisa do problema. Aqui, o problema deve ser 
recolocado à luz de novos conhecimentos articulados ou no processo de 
articulação. 
ETAPA 1: Descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de 
conhecimentos. Caso o problema não esteja enunciado com clareza e 
precisão, passa-se à etapa 2; se estiver, segue-se à etapa 3. 
ETAPA 3: Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao 
problema. Nesta etapa, o pesquisador deverá levar em consideração as 
teorias, os dados empíricos, as tecnologias existentes, para, a partir do 
conhecido, tentar resolver o problema. É o que se chama de “Estado da 
Arte”. 
ETAPA 4: Tentativa de solução do problema com o auxílio dos meios 
identificados. Caso esta tentativa não logre êxito, deve-se passar para a 
etapa 5; do contrário, passa-se à etapa 6; 
ETAPA 6: Obtenção de uma solução próxima ou exata para o problema a 
partir dos instrumentos conceituais ou empíricos disponíveis; 
ETAPA 5: Invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou 
produção de novos dados empíricos que possibilitem uma solução 
razoável ao problema; 
ETAPA 7: Investigação das consequências da solução obtida. No caso 
de uma teoria, devem-se procurar os prognósticos (conhecimentos 
prévios) que possam ser feitos com o seu auxílio. Se forem novos 
dados, devem-se examinar as consequencias que possam ter para as 
teorias existentes e relevantes; 
ETAPA 8: Prova (comprovação) da solução. Aqui, a solução encontrada 
deve ser confrontada com a totalidade das teorias e das informações 
empíricas pertinentes. Caso o resultado seja satisfatório, a pesquisa 
pode ser dada por concluída até que novos problemas surjam. No 
contrário, deve-se passar para a etapa 9. 
ETAPA 9: Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados 
empregados na obtenção da solução incorreta. Caso isto venha a 
ocorrer, estar-se diante do começo de um novo ciclo de investigação, 
caminho natural de qualquer indivíduo que queira buscar novos 
conhecimentos. 
- Como se vê, o método científico revela-se fundamental para refletir 
sobre o presente e, quem sabe, começar a abrir espaço para a 
construção de novos paradigmas. 
 - Por muito tempo, prevaleceu a ideia da possibilidade de um método 
universal aplicável a todas as áreas do conhecimento. Hoje, porém, 
diante da diversidade do objeto estudado, haverá diferentes métodos 
que sejam a ele adequados. 
2. TIPOS DE MÉTODOS CIENTÍFICOS 
- Ao considerar as formas de organização do raciocínio, pode-se 
classificar os métodos científicos em: indutivo, dedutivo, hipotético-
dedutivo, dialético e sistêmico. 
I - MÉTODO INDUTIVO: Permite que se analise o objeto para tirar 
conclusões gerais ou universais. Parte-se da observação de fenômenos 
particulares para chegar a uma proposição geral. 
- O propósito do raciocínio indutivo é chegar a conclusões mais amplas 
do que o conteúdo estabelecido pelas premissas nas quais está 
fundamentado. (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2010) 
- No Direito, aplica-se referido método quando a pesquisa está focada na 
jurisprudência, costumes, fenômenos sociais, entre outros, em relação à 
norma positivada. 
 
II – MÉTODO DEDUTIVO: Parte de argumentos gerais para particulares. 
Em um primeiro momento, são apresentados os argumentos que se 
consideram verdadeiros e inquestionáveis para, em seguida, chegar a 
conclusões formais, que estão vinculadas apenas às premissas 
estabelecidas. 
- Referido método possibilita levar o investigador do conhecido para o 
desconhecido com uma margem pequena de erro. No entanto, seu 
alcance é limitado, pois sua conclusão não pode ultrapassar o conteúdo 
enunciado nas premissas. 
- O raciocínio dedutivo fundamenta-se num silogismo, operação típica da 
Lógica que, a partir de uma premissa maior e mais genérica, e uma 
menor e mais específica, pode-se chegar a um resultado necessário que 
é a conclusão. 
EX: Premissa maior: O ser humano é mortal. 
 Premissa menor: X é um ser humano. 
 Conclusão: Logo, X é mortal. 
- Como se vê, este método é adotado por pesquisadores que possuem 
uma linha mais formal de pensamento. No Direito, ele pode ser utilizado 
quando o sujeito valoriza a norma propriamente dita, na medida em que 
ela é genérica e universal no que se refere à hipótese de incidência 
prevista deonticamente (dever-ser). 
III – MÉTODO HIPÓTETICO-DEDUTIVO: Sustentada por Popper (1993), 
tem pontos comuns com os métodos dedutivo e indutivo. Por adotar um 
procedimento racional que tramita do geral para o individual, verifica-se 
a presença da dedução. 
- No entanto, tem o procedimento experimental como condição fundante, 
sendo os experimentos obtidos indutivamente. 
 - Ao invés de utilizar uma teoria geral de base, o pesquisador formula 
hipóteses que serão consideradas seu ponto de partida (dedução). Estas 
hipóteses serão confirmadas ou não mediante pesquisa indutiva. É 
praticamente expor sua hipótese socialmente, sem receio de escondê-la 
e com disposição de receber críticas e rejeições. 
IV – MÉTODO DIALÉTICO: Aqui, não se deve confundir com a dialética 
de Hegel (tese-antítese-síntese), pois esta é um processo de pensar o 
objeto. Referido método foi elaborado por Marx como forma de analisar 
o objeto sob o aspecto material transformado e transportado para a 
mente. 
- A proposta é analisar o objeto como movimento da história. A 
dialética está onipresente na realidade, no mundo, como forma de 
articulação das partes de um todo e como processo de 
desenvolvimento dessas partes. 
- Deve ser feita uma análise concreta dos aspectos essenciais do 
objeto, como forma, conteúdo, fundamento, realidade, constituição, 
histórica e evolução. 
V – MÉTODO SISTÊMICO: O objeto deve ser estudado dentro de um 
sistema, uma vez que o mesmo é apenas uma parte. No entanto, não 
existe apenas aquele sistema, mas microssistemas internos 
(endógenos), bem como sistemas exógenos, estando todos 
interligados. 
- Deve ser avaliado o que entra (input) e o que sai (output) no sistema, 
bem como os elementos responsáveis pelo seu equilíbrio e sua 
regulação. Caberá ao pesquisador definir quais os sistemas utilizados 
para analisar o objeto investigado. 
- Entre as teorias neossistêmicas, a Teoria da Sociedade de Niklas 
Luhman desempenha um papel relevante, sobretudo por seu enlace 
com algumas preocupações atuais da Teoria e da Sociologia do Direito.III – MÉTODO HISTÓRICO: Investiga o objeto sob uma perspectiva 
histórica. Por exemplo, estudar o tributo no Império Romano é 
totalmente diferente de analisá-lo hoje, quando se defende que o 
mesmo exerce uma função social, tendo a extrafiscalidade um 
importante papel. 
IV – MÉTODO COMPARATIVO: A comparação promove o exame 
simultâneo para que eventuais diferenças e semelhanças possam ser 
constatadas e as devidas relações, estabelecidas. No âmbito do Direito, 
este método pode ser utilizado quando se compara a experiência 
jurídica nacional e a estrangeira. 
3. MÉTODOS AUXILIARES 
- Além dos métodos científicos, existem os auxiliares (secundários 
instrumentais), cujo emprego pode ser de extrema valia na aspiração de 
fundamentação rigorosa de todo o trabalho. 
I – MÉTODO EXPERIMENTAL: Também chamado de empírico, é aquele 
fundado na experiência. Busca confirmar ou rejeitar as hipóteses 
estabelecidas a partir da experiência. 
II – MÉTODO ESTATÍSTICO: A partir de coleta de dados, busca-se fazer 
ilações sobre eles. São aplicados elementos como amostra, média, 
desvio-padrão, variância, dentre outros. É utilizado em pesquisa 
quantitativa. 
SUGESTÃO DE LEITURA: 
 
 
TEXTO 3 - MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Claudia Servilha. Manual de 
metodologia da pesquisa no Direito. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 
49-101. 
 
 
TEXTO 4 – SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. São 
Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 5-73.

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