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Exantema Febril 
Autor: 
Luciana Moura Gori 
Especialista em Clínica Médica e em Dermatologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-
FMUSP). 
Última revisão: 09/03/2009 
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INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES 
Um exantema pode ser definido como uma erupção aguda e generalizada da pele, a qual pode estar associada à febre ou a outros 
sintomas constitucionais. Pode ser uma manifestação de uma doença infecciosa, de doença autoimune ou de reação adversa a droga. 
Uma história minuciosa e um exame físico cuidadoso são essenciais para se fazer um diagnóstico correto. Apesar de exames 
laboratoriais serem úteis na confirmação do diagnóstico, os resultados dos testes muitas vezes não estão disponíveis imediatamente. 
Os quadros exantemáticos podem se apresentar sem qualquer gravidade (roséola), como podem ser ameaçadores à vida (síndrome do 
choque tóxico); por isso, o clínico deve estar preparado para diagnosticar estes casos e decidir sobre hospitalização do paciente, isolamento e 
antibioticoterapia empírica. 
 
ACHADOS CLÍNICOS 
A história dos pacientes com exantema deve incluir as seguintes informações: 
 
1. Caracterização dos sintomas: perguntar sobre a duração e a gravidade da febre, e a relação temporal entre a febre e o 
desenvolvimento do rash. Um rash que surge logo que a febre cede é típico da roséola infantum. No eritema infeccioso, as 
“bochechas esbofeteadas” e um rash semelhante a um rendilhado podem ocorrer até 1 semana após a resolução da febre. A história 
também deve incluir a região onde o exantema começou, a direção da disseminação, a velocidade com que se espalhou e a presença 
ou ausência de prurido. 
2. História de vacinação: o paciente vacinado para rubéola, sarampo e caxumba (MMR) torna os diagnósticos de rubéola e sarampo 
menos prováveis, porém não os excluem. O rash pode ser devido à vacinação recente com MMR. 
3. História de contato: se há exposição recente a pacientes enfermos e contato com doenças sexualmente transmissíveis. Perguntar 
sobre contato próximo com mulheres grávidas, pois a rubéola e o parvovírus B19 (causador do eritema infeccioso) podem causar 
lesão ao feto. 
4. História de viagens: verificar as doenças endêmicas nos locais onde o paciente esteve. 
5. Estado imunológico: é importante porque muitas doenças que resultam em febre e rash apresentam-se de maneira diferente em 
pacientes imunocomprometidos. 
6. Epidemiologia para HIV: como comportamento sexual de risco ou uso de drogas injetáveis. 
7. Epidemiologia local: verificar quais são as doenças infecciosas frequentes na comunidade local e estar informado sobre a ocorrência 
de epidemias. 
8. Uso de medicações: sempre questionar a respeito dos fármacos usados nos últimos 30 dias devido à necessidade do diagnóstico 
diferencial dos exantemas de outras etiologias com as farmacodermias. 
9. Em relação ao exame físico, o médico deve avaliar a distribuição, a configuração e o arranjo das lesões. É importante também a 
avaliação dos sinais vitais e do estado geral. Devem ser pesquisados sinais de toxemia, adenopatia, lesões orais e conjuntivais, 
hepatoesplenomegalia, alterações na ausculta pulmonar e cardíaca, evidência de escoriações, alterações das partes moles, dos 
sistemas osteoarticular e neurológico. 
 
Tabela 1: Dados de anamnese e exame físico relacionados ao exantema 
Dados de anamnese e exame físico Doenças mais frequentemente associadas 
Sintomas constitucionais exuberantes, rash maculopapular, fotofobia, conjuntivite, tosse, 
congestão nasal manchas de Koplik 
sarampo 
Máculas róseas, sintomas constitucionais discretos, adenomegalia retroauricular e occipital, 
manchas de Forschheimer (Figura 2) 
rubéola 
Eritema intenso nas bochechas, exantema reticulado difuso, artrite nos adultos eritema infeccioso 
Febre alta sem sintomas associados e exantema quando a febre desaparece Exantema súbito (roséola) 
Exantema maculopapular, adenopatia generalizada, faringite, edema palpebral, 
esplenomegalia, rash com uso de ampicilina 
Mononucleose infecciosa 
Rash macular, cefaleia frontal, dor retro-orbitária, prostração intensa, febre, mialgias, 
artralgias 
Dengue 
Febre, artralgias, mialgias, faringite, linfadenopatia generalizada, rash maculopapular, 
úlceras orais associadas a comportamento sexual de risco, transfusões ou uso de drogas 
injetáveis 
HIV agudo 
Máculas e pápulas vermelho-vivo, simétricas no tronco e membros, pruriginosas, 
associadas ao uso de medicação 
Farmacodermia 
Eritema difuso, faringite, palidez perioral, linhas de Pastia, língua em framboesa, 
descamação 
Escarlatina 
Eritema macular difuso, febre, hipotensão, acometimento multissistêmico, descamação na 
convalescença 
síndrome do choque tóxico 
Exantema escarlatiniforme, porém às vezes morbiliforme ou eritema polimorfo; fissuras 
labiais, língua em framboesa, edema de mãos e pés com descamação posterior; 
linfadenopatia cervical, faringite, vasculite de artérias coronárias 
Doença de Kawasaki 
Exantema maculopapular transitório, cor de salmão, localizado no tronco anterior, que surge 
com a febre. Hepatoesplenomegalia, artralgia, artrite e linfonodomegalia associadas 
Doença de Still 
Febre, calafrios, cefaleia, prostração, mialgias (principalmente nas panturrilhas), sufusão 
conjuntival, rash no tronco que pode ser composto de máculas, pápulas, urticária ou 
petéquias. Icterícia e choque na forma íctero-hemorrágica 
Leptospirose 
Cefaleia, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia ou constipação intestinal, 
esplenomegalia, febre com bradicardia relativa, máculas róseas que se localizam no tronco 
anterior e somem à digitopressão 
Febre tifoide 
Maculopápulas hiperpigmentadas, disseminadas, acometendo palmas e plantas; placas 
mucosas, lesões de condiloma plano (principalmente perianais), micropoliadenopatia, febre 
Sífilis secundária 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
O diagnóstico diferencial do exantema febril pode ser organizado de acordo com as características do rash. 
Há uma classificação especial dos exantemas que os colocam em dois grandes grupos: exantemas morbiliformes e exantemas 
escarlatiniformes (Tabela 2). Os exantemas morbiliformes consistem em máculas e pápulas eritematosas, com áreas de pele sã entre as lesões; 
assemelham-se às erupções observadas no sarampo. Os exantemas escarlatiniformes constituem-se de eritema confluente semelhante à 
Escarlatina. 
As erupções que não se enquadram na classificação acima, como a varicela (rash vesiculoso) e a doença meningocócica (rash 
purpúrico), serão estudadas em capítulos específicos. 
 
Tabela 2: Classificação dos exantemas 
Exantemas morbiliformes Exantemas escarlatiniformes 
As doenças clássicas que fazem parte deste grupo são: sarampo, rubéola, eritema 
infeccioso, roséola. Outras doenças que podem ser citadas neste grupo são: Dengue 
(na Dengue hemorrágica, o rash pode ser petequial), infecção aguda pelo HIV, 
enteroviroses, adenoviroses, Leptospirose, Doença de Still, Febre tifoide, Sífilis 
secundária, Mononucleose infecciosa e outras síndromes mononucleose-like, como 
toxoplasmose, citomegalovirose, hepatites virais agudas. Grande parte das erupções 
causadas por agentes são morbiliformes. 
Escarlatina, síndrome do choque tóxico, Doença 
de Kawasaki, farmacodermias 
 
Exantemas Morbiliformes 
Sarampo 
O sarampo inicia-se com sintomas prodrômicos como febre, mialgia, cefaleia, congestão nasal, tosse, conjuntivite e fotofobia. Na fase 
prodrômica, surgem também manchas esbranquiçadas na mucosa oral, as manchas de Koplik, que são patognomônicas da doença. 
O exantema do sarampo tem início em torno do 4º diafebril, com maculopápulas que surgem na face e se espalham em direção 
craniocaudal, com tendência a confluência. O diagnóstico é confirmado por sorologia. 
 
Rubéola 
Sinais e sintomas prodrômicos da rubéola são mais comuns em adolescentes e adultos. Em crianças, os pródromos são raros, e muitas 
vezes a infecção é subclínica (em até 50% dos casos). 
Os sinais e sintomas que antecedem o rash incluem: febre baixa, cefaleia, conjuntivite, dor de garganta, tosse, adenomegalia dolorosa 
cervical, retroauricular e occipital. Podem ser observadas petéquias no palato, chamadas de manchas de Forschheimer. 
O exantema tem duração curta, de 2 a 3 dias; inicia-se na face, com progressão craniocaudal e é constituído por máculas róseas que 
podem confluir. 
Artralgias e artrite às vezes estão presentes, principalmente em mulheres. A sorologia confirma o diagnóstico. 
 
Eritema Infeccioso 
Doença causada pelo parvovírus B19, é caracterizada por sintomas constitucionais leves e duas fases de exantema. A fase inicial 
apresenta-se como um eritema brilhante e vermelho-vivo nas bochechas (“bochechas esbofeteadas”). A segunda fase do exantema caracteriza-
se por maculopápulas que acometem tronco e membros e formam um rendilhado difuso, que desaparece em 6 a 10 dias mas pode recorrer 
durante 3 semanas. 
Artralgias ou artite são comuns em adultos, muitas vezes simulando um quadro de artrite reumatoide. Em pacientes com anemias 
hemolíticas crônicas pode haver anemia aplástica. Infecção em mulheres grávidas pode ocasionar hidropisia fetal. O diagnóstic o pode ser 
confirmado por sorologia. 
 
Roséola 
Também chamada de Exantema súbito, é uma doença causada pelo herpesvírus humano tipo 6. É mais comum em criança, sendo 
raramente vista após os 4 anos de idade. Caracteriza-se por início rápido de febre alta em paciente com bom estado geral, seguido de surgimento 
de exantema quando ocorre a defervescência. A sorologia pode auxiliar no diagnóstico. 
 
Mononucleose Infecciosa 
É causada pelo vírus Epstein-Barr e caracteriza-se pela tríade de febre, faringite e linfadenopatia generalizada. Outras manifestações 
frequentes são mal-estar, cefaleia, anorexia e mialgias. Edema periorbitário, petéquias no palato e hepatomegalia também podem ser 
observados. Esplenomegalia está presente em 50% dos casos. Ocorre rash maculopapular difuso (às vezes pode ser urticariforme ou petequial) 
em 10% dos casos, porém, quando administradas ampicilina ou amoxicilina, o rash acomete 90% dos pacientes. O hemograma evidencia 
linfocitose atípica e a sorologia detecta anticorpos heterófilos. 
 
Dengue 
Os sintomas da Dengue são febre, cefaleia frontal, dor retro-orbitária, mialgias, dor óssea, artralgias, náuseas e prostração. Um rash 
macular aparece transitoriamente no 1º ou 2º dia da doença. Linfonodomegalia cervical não dolorosa pode aparecer em 50% dos c asos. Os 
exames laboratoriais podem revelar leucopenia com linfocitose e aumento discreto das transaminases. Rash petequial, prova do laço positiva, 
plaquetopenia, hemoconcentração e sangramentos indicam evolução para a Dengue hemorrágica. Os testes sorológicos devem ser solicitados 
a partir do 5º dia após o início da febre. 
 
Infecção Aguda pelo HIV 
A infecção aguda pelo HIV pode ser assintomática ou evoluir com sintomas a partir de 1 a 6 semanas após o contato, caracterizando-
se por um quadro gripal ou uma síndrome mono-like. Os sintomas e as alterações do exame físico apresentados são: febre, mialgias, artralgias, 
cefaleia, faringite, linfadenopatia generalizada, rash maculopapular acometendo principalmente tronco, palmas e plantas. Em alguns casos, são 
observadas úlceras orais e/ou genitais. 
O diagnóstico nesta fase pode ser feito pela pesquisa do antígeno p24 no sangue ou do RNA viral no plasma. 
 
Farmacodermias 
As erupções cutâneas relacionadas a agentes são muito variadas, indo desde um rash macular benigno até o quadro grave da síndrome 
de Stevens-Johnson. Porém, o rash mais comum relacionado à medicação é um exantema macular que surge cerca de 8 dias após a 
administração do agente. Esta reação de hipersensibilidade é tipicamente simétrica, inicia-se na porção superior do tronco ou face e então 
progride para as extremidades inferiores. O prurido, quando presente, ajuda a fazer o diagnóstico. Pode haver ainda sintomas gerais, como 
febre, artralgias e cefaleias. O hemograma às vezes revela eosinofilia. A Tabela 3 lista frequentes agentes causadores de exantema 
maculopapular. 
 
Tabela 3: Agentes que causam exantema maculopapular. 
Alopurinol Captopril 
Diclofenaco Penicilinas 
Tiazídicos Naproxeno 
Sulfonamidas Fenobarbital 
Piroxicam Fenitoína 
Fenotiazinas Dipirona 
Tiabendazol Ácido nalidíxico 
Hipoglicemiantes orais 
 
Exantemas Escarlatiniformes 
Escarlatina 
A Escarlatina normalmente se segue a uma faringoamigdalite aguda ou a uma infecção cutânea causada pelo estreptococo beta-
hemolítico do grupo A. A maioria dos casos acomete crianças de 1 a 10 anos de idade, ocorrendo raramente em adultos. 
A doença inicia-se com febre, dor de garganta, calafrios, mialgias, náuseas e cefaleia. O rash surge de 2 a 3 dias depois, iniciando-se 
pelo tronco superior e face, e caracteriza-se por eritema difuso com minúsculas pápulas, deixando a pele com textura de lixa. Observam-se 
ainda petéquias nas dobras axilares, antecubitais e inguinais (linhas de Pastia), palidez perioral, língua em framboesa, petéquias no palato e 
faringoamigdalite exsudativa com linfadenopatia submandibular dolorosa. A involução do exantema é seguida por descamação difusa, mais 
proeminente em mãos e pés. Os exames laboratoriais revelam leucocitose com desvio à esquerda e aumento da antiestreptolisina O (ASLO). 
 
Síndrome do Choque Tóxico 
É uma doença febril multissistêmica causada por cepas de Staphylococcus aureus produtores de toxina, os quais podem estar 
relacionados à infeção ou apenas colonização de locais como nasofaringe, ossos, reto e feridas. Esta síndrome caracteriza-se por febre alta, 
rash, hipotensão e envolvimento de 3 ou mais órgãos. Ocorre eritema macular difuso, eritema importante das mucosas (principalmente 
conjuntival) e edemas de mãos e pés. Pode haver ulceração das mucosas oral, esofágica, vaginal e vesical. Na fase de convalescença, observa-
se descamação das palmas e plantas. As hemoculturas são positivas em 5 a 15% dos casos. 
O estreptococo pode causar quadro semelhante, porém está associado à doença invasiva, com dor intensa no local afetado, maior 
positividade na hemocultura (50% ou mais) e mortalidade mais alta. 
 
Doença de Kawasaki 
A Doença de Kawasaki é uma vasculite sistêmica de etiologia desconhecida, que acomete sobretudo crianças com menos de 5 anos, e 
ocasionalmente adultos. Apresenta-se como um quadro de febre alta e rash escarlatiniforme, porém, às vezes, é polimorfo. Também fazem 
parte do quadro clínico hiperemia de faringe, fissuras labiais, língua em framboesa, conjuntivite, edema de mãos e pés com posterior 
descamação, adenopatia cervical e, em 25% dos casos, vasculite de artérias coronárias, às vezes com formação de aneurisma. Não há teste 
confirmatório específico para esta doença. O diagnóstico deve ser feito com base em critérios clínicos. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Exames Laboratoriais 
Os exames laboratoriais devem ser solicitados de acordo com a suspeita clínica. Alguns exames gerais, como hemograma, bioquímica 
e hemoculturas, muitas vezes ajudam no diagnóstico diferencial, na avaliação da gravidade do caso e na sua condução. 
O hemograma pode mostrar leucopenia com linfocitose nos exantemas virais e, no caso da mononucleose, grande quantidade de 
linfócitos atípicos, e, às vezes, plaquetopenia. Na Escarlatina e na síndrome do choque tóxico, os achadosdo hemograma são leucocitose com 
neutrofilia. Na Dengue hemorrágica, observa-se plaquetopenia importante e hemoconcentração. Eosinofilia no sangue periférico pode reforçar 
a hipótese diagnóstica de Farmacodermia. 
As enzimas hepáticas podem estar elevadas na Dengue, na Mononucleose infecciosa e na síndrome do choque tóxico. Na última, ur eia 
e creatinina muitas vezes estão elevadas. Hemoculturas são imprescindíveis na avaliação de um quadro séptico. Quando negativas, reforçam 
o diagnóstico de síndrome do choque tóxico estafilocócico, já que no choque tóxico estreptocócico o agente é identificado na maioria dos casos. 
A sorologia sela o diagnóstico dos exantemas virais, porém, muitas vezes não está disponível de imediato. No caso da Dengue, por 
exemplo, ela deve ser colhida apenas a partir do 5º dia do início da febre. Por isso, é muito importante que o médico saiba fazer um diagnóstico 
clínico. 
 
Exames de Imagem 
Devem ser solicitados apenas se a situação clínica demandar, como uma radiografia de tórax num paciente com suspeita de pneumonia 
como complicação de sarampo. No caso da Doença de Kawasaki, devem ser solicitados exames de imagem para a avaliação de acomet imento 
das artérias coronárias, como ecocardiograma, angiografia por ressonância magnética ou angiografia convencional. 
 
TRATAMENTO 
O tratamento dos diversos tipos de exantema é, muitas vezes, de suporte, como na maioria dos exantemas virais. A Tabela 4 resume o 
tratamento de algumas causas selecionadas. 
 
Tabela 4: Tratamento de causas selecionadas de exantema febril 
Causas Tratamento 
sarampo 
Repouso, manutenção da hidratação. É recomendada a aplicação de dose única de vitamina A nas populações 
com deficiência desta vitamina e nos indivíduos com risco de grave envolvimento (p.ex., pacientes com 
imunodeficiência, desnutrição, evidência de xeroftalmia ou problemas de absorção intestinal). A dose é de 
200.000 UI em cápsula ou aerossol. 
rubéola, eritema infeccioso, 
roséola, Mononucleose 
infecciosa 
Tratamento sintomático. Na Mononucleose infecciosa, a corticoterapia pode ser útil nos casos de complicação 
com obstrução de vias aéreas por hipertrofia tonsilar, trombocitopenia grave e anemia hemolítica. 
Dengue Sintomáticos. Evitar AAS. Em caso de Dengue hemorrágica, internação hospitalar e hidratação parenteral. 
Infecção aguda pelo HIV A recomendação atual do Ministério da Saúde é não indicar a terapia antirretroviral nesta fase da infecção. 
Escarlatina 
Penicilina G benzatina 1.200.000 U via IM dose única. Pacientes alérgicos à penicilina: eritromicina 500 mg 
VO a cada 6 horas, ou clindamicina 300 mg VO a cada 8 horas por 10 dias. 
síndrome do choque tóxico 
Internação, ressuscitação hídrica. 
síndrome do choque tóxico estafilocócico: oxacilina 2 g EV a cada 4 ou 6 horas, por 10 a 15 dias. 
síndrome do choque tóxico estreptocócico: penicilina G 3 a 4 milhões de unidades EV a cada 4 horas, 
associada à clindamicina 600 a 900 mg EV a cada 8 horas por 10 a 14 dias. Aplicar pomada de mupirocina 
nas áreas infectadas e realizar drenagem de abscessos ou debridamento quando necessário. 
Em ambos os tipos de choque, considerar imunoglobulina EV nos casos que não melhoram, apesar da terapia 
adequada. 
Doença de Kawasaki 
Aspirina na dose de 30 a 100 mg/kg/dia e imunoglobulina EV em dose única de 2 g/kg em 10 horas. A dose 
de aspirina deve ser reduzida para 3 a 5 mg/kg/dia após a defervescência, que normalmente ocorre em torno 
do 14º dia de doença. 
Doença de Still 
Aspirina em dose alta (1 g VO 3 vezes/dia) ou outros AINH. Metade dos pacientes requer prednisona, às vezes 
em doses maiores que 60 mg/dia VO, ou inibidores de TNF. 
Leptospirose 
Penicilina 1,5 a 3,5 milhões de unidades a cada 6 horas EV ou ceftriaxona 1 g/dia EV. Nos casos leves a 
moderados, pode ser administrada precocemente a doxicilina 100 mg VO 2 vezes/dia por 7 dias. 
Febre tifoide 
Fluoroquinolonas são o tratamento de escolha. Ciprofloxacino 750 mg 2vezes/dia ou levofloxacino 500 mg 
1vez/ dia por 5 a 7 dias nos casos não complicados e 10 a 14 dias para infecção grave. Ceftriaxona 2 g/dia 
EV por 7 dias também é eficaz. 
Sífilis secundária Penicilina G benzatina 2 doses de 2.400.000 U IM aplicadas com intervalo de 1 semana. 
 
TÓPICOS IMPORTANTES 
 exantema febril é um achado frequente na prática clínica e pode ser manifestação de uma doença sem gravidade ou de uma doença 
com mortalidade alta; o médico precisa saber fazer o diagnóstico clínico, pois muitas vezes o resultado sorológico é tardio. 
 Na história clínica, deve-se questionar sobre o início e progressão do rash; tentar caracterizar os sintomas, lembrando os mais 
característicos de cada enfermidade, como fotofobia, conjuntivite e tosse no sarampo; dor retro-orbitária na Dengue; prurido importante 
nas farmacodermias. Verificar histórico vacinal, pesquisar história de contato, viagens, estado imunológico, epidemiologia para HIV e 
uso de medicações. A faixa etária do paciente também é muito importante, pois doenças como sarampo, eritema infeccioso, Exantema 
súbito, Escarlatina e Doença de Kawasaki são mais prevalentes na população infantil que na adulta. 
 O exame físico deve ser minucioso, tentando caracterizar o rash, sua configuração e distribuição; pesquisando adenomegalia, 
organomegalia, lesões orais e conjuntivais. Recordar os sinais mais característicos de cada enfermidade, como as manchas de Koplik 
no sarampo, as “bochechas esbofeteadas” do eritema infeccioso, o rash com o uso de ampicilina na Mononucleose infecciosa, a língua 
em framboesa na Escarlatina e na Doença de Kawasaki. 
 Exames laboratoriais, como hemograma e bioquímica, podem ajudar no diagnóstico diferencial e na condução do caso. Nos exantemas 
virais, a sorologia confirma o diagnóstico. 
 
BIBLIOGRAFIA 
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