Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 1 AULA 12 – COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO Na aula de hoje, comentaremos exercícios sobre comissão parlamentar de inquérito – CPI. Estudar CPI é estudar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Por quê? Porque a Constituição Federal só trouxe um dispositivo sobre o assunto (§ 3º do art. 58), nada esclarecendo a respeito da competência e dos limites para a atuação dessas comissões parlamentares. Em razão dessa realidade, coube ao Supremo Tribunal Federal, diante de casos concretos a ele submetidos, fixar o delineamento constitucional de tais órgãos, conforme veremos nesta aula. Como as questões sobre CPI são muito simples e repetidas (pois, na verdade, todos os exercícios sobre o assunto limitam-se a reproduzir os entendimentos do STF sobre os poderes das comissões), antes de comentá-las, faremos uma breve revisão dos entendimentos do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto. Na verdade, especificamente nesta aula, considero mais importante esta minha revisão introdutória, a seguir, do que as questões propriamente ditas! Aliás, àqueles que gostam desse assunto, recomendo a leitura da coletânea de julgados elaborada pelo Supremo Tribunal Federal, denominada “O STF e as CPIs”, divulgada gratuitamente na página principal do site do Tribunal (www.stf.gov.br). Nessa coletânea estão todos os julgados relevantes do Tribunal acerca da atuação das comissões parlamentares de inquérito das Casas do Congresso Nacional na vigência da Constituição Federal de 1988. O material é extenso, exigirá muito tempo para uma leitura completa, mas é ótimo para você realizar uma pesquisa rápida, caso surja alguma dúvida sobre algum ponto específico acerca de CPI. Passemos ao resumo dos entendimentos do Supremo Tribunal Federal sobre as comissões parlamentares de inquérito - CPI. 1) ATUAÇÃO TÍPICA Os trabalhos de investigação da CPI constituem exemplo de atuação típica do Poder Legislativo, pois cabe a esse Poder, além da função legislativa, a função típica fiscalizatória. 2) PRESSUPOSTOS São três os pressupostos para a criação de CPI: a) requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa; b) apontamento de fato determinado a ser investigado; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 2 c) fixação de prazo certo para conclusão dos trabalhos. Esses pressupostos são indispensáveis e suficientes para a criação da CPI, ou seja, não pode ser criada CPI sem o atendimento de tais pressupostos e nem podem ser exigidos outros pressupostos para a criação de CPI. 3) SIMETRIA Por força do princípio da simetria, as regras previstas na Constituição Federal sobre criação de CPI nas Casas do Congresso Nacional (§ 3º do art. 58) são de observância obrigatória pelos estados, Distrito Federal e municípios no tocante à criação de CPI local. Assim, os pressupostos para a criação de CPI nas Assembléias Legislativas, na Câmara Legislativa do Distrito Federal ou nas Câmaras Municipais são exatamente os mesmos exigidos para a criação de CPI nas Casas do Congresso Nacional, ou seja: requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa, apontamento do fato determinado a ser investigado e a fixação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos. 4) FATO DETERMINADO Para a criação de uma CPI, é indispensável o apontamento do fato determinado a ser investigado. Em razão dessa exigência constitucional, temos que: a) não se admite a criação de CPI genérica, inespecífica (por exemplo: a criação da “CPI do Judiciário”, para investigar, genericamente, as irregularidades desse Poder, seria flagrantemente inconstitucional); b) o apontamento inicial de um fato determinado não impede que a CPI investigue outros fatos com ele conexos, surgidos no decorrer dos trabalhos de investigação; c) o depoente não está obrigado a responder perguntas estranhas ao fato determinado que ensejou a criação da CPI. 5) PRAZO CERTO A fixação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos da CPI não impede a sua prorrogação sucessiva, desde que no âmbito da mesma legislatura. 6) RESERVA DE JURISDIÇÃO Embora a Constituição Federal estabeleça que as CPIs “terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”, o fato é que tais comissões não têm os mesmos poderes de um magistrado. Isso porque existem na Constituição certas medidas que só podem ser determinadas por membros do Poder Judiciário, protegidas pela chamada “reserva de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 3 jurisdição” (medidas que foram reservadas exclusivamente ao Poder Judiciário). 7) RESPEITO AO FEDERALISMO As CPIs do Congresso Nacional não dispõem de poderes para investigar irregularidades no âmbito da competência material dos estados, Distrito Federal e municípios – e vice-versa. Irregularidades no âmbito da competência de tais entes federados deverão ser investigadas por CPI criada pelo respectivo órgão legislativo local (Assembléia Legislativa, Câmara Legislativa do Distrito Federal e Câmaras Municipais, conforme o caso). 8) INVESTIGAÇÃO AUTÔNOMA O poder de investigação da CPI possui natureza autônoma, que não se confunde com a investigação policial ou judicial. Assim, pode ser criada CPI para investigar fato que já que esteja sendo objeto de investigação policial ou judicial. 9) NEGÓCIOS PRIVADOS A CPI tem competência para investigar negócios privados, desde que tenham relevância pública. 10) ATO JURISDICIONAL A CPI não dispõe de competência para investigar atos de natureza jurisdicional, isto é, atos praticados por membro do Poder Judiciário no desempenho de sua função típica (decisões judiciais). A CPI poderá investigar atos administrativos praticados por membro do Poder Judiciário (decisões administrativas em geral, tais como: nomeação de servidor, autorização de licitação pública etc.), mas não poderá investigar ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais). 11) CONVOCAÇÃO DE AUTORIDADES A CPI dispõe de competência para convocar autoridades públicas, inclusive Ministros de Estado e membros do Ministério Público. 12) CONVOCAÇÃO DE INDÍGENA A CPI dispõe de competência para convocar indígena para depor, desde que observados os seguintes requisitos: a) que o depoimento seja em data e horário previamente fixado, no âmbito da respectiva comunidade indígena; b) que o depoimento seja acompanhado por um representante da Fundação Nacional do Índio - Funai e por um antropólogo conhecedor da respectiva comunidade. 13) DIREITOS DOS DEPOENTES CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 4 Os depoentes podem invocar perante CPI: a) o direito ao silêncio, a fim de evitar a auto-incriminação; b) o direito ao sigilo profissional; c) o direito de ser assistido por advogado, inclusive de comunicar-se com este durante as sessões. 14) COLEGIALIDADE Os atos da CPI que impliquem restrição de direito deverão ser decididos com observância do princípio da colegialidade, isto é, por deliberação da maioria absoluta dos membros da comissão. 15) MOTIVAÇÃO Os atos da CPI que impliquem restrição de direito deverão ser obrigatoriamente fundamentados, sob pena de nulidade. 16) PUBLICIDADE INDEVIDA A CPI não pode conferir publicidade indevida aos dados sigilosos obtidos em razão de sua investigação, sob pena de responsabilização. Uma vez obtidos os dados sigilosos (dados bancários, fiscais ou telefônicos, por exemplo), a CPI passa a ter o dever de sobre eles guardar sigilo, somentepodendo utilizá-los para o fim a que se destinam (esclarecimento dos fatos investigados e elaboração do relatório conclusivo da investigação). 17) CONTROLE JUDICIAL Os atos praticados pela CPI estão sujeitos a controle pelo Poder Judiciário. Em regra, têm sido utilizados pelas vítimas o habeas corpus (quando o ato da CPI implique ofensa, direta ou indireta, ao direito de locomoção) e o mandado de segurança (nos demais casos de ilegalidade), ambos impetrados diretamente perante o Supremo Tribunal Federal, pois cabe a esse Tribunal processar e julgar, originariamente, essas ações contra atos emanados dos órgãos do Congresso Nacional. 18) INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR Os trabalhos da CPI terminam com a elaboração do relatório conclusivo de sua investigação, que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Como se vê, a competência da CPI restringe-se à investigação parlamentar. Logo, CPI não oferece denúncia ao Poder Judiciário, não processa, não julga, não apura responsabilidade, não condena, não impõe penalidade. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 5 19) COMPETÊNCIA A CPI dispõe de competência para: a) determinar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico; b) convocar e inquirir testemunhas; c) conduzir coercitivamente testemunhas; 20) INCOMPETÊNCIA A CPI não dispõe de competência para: a) autorizar a interceptação telefônica; b) autorizar mandados de busca e apreensão domiciliar; c) determinar medidas cautelares que visem a assegurar eventual execução do investigado, tais como: arrolamento, arresto, seqüestro ou a indisponibilidade de bens; proibição de o investigado ausentar-se do País etc. d) determinar a prisão de depoente, salvo diante de flagrante delito; e) determinar a anulação de atos administrativos. Feita essa breve revisão, passemos aos exercícios sobre comissão parlamentar de inquérito – CPI. 1) (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO / 2007) Segundo o artigo 58 da Constituição, para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito é necessário requerimento de um terço dos integrantes dos membros das casas, conjunta ou separadamente, para a apuração de fato determinado e prazo certo, sendo que os parlamentares podem impor penalidades e sanções civis e criminais. Item ERRADO. A CPI não dispõe de competência para processar e julgar o investigado, tampouco para impor penalidade de qualquer natureza. O trabalho parlamentar termina com a elaboração de um relatório final que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que promova responsabilização civil ou criminal dos infratores. 2) (CESPE/PROCURADOR FEDERAL/AGU/2007) Caso uma comissão parlamentar de inquérito com funcionamento em Brasília intime um indígena, que mora no estado de Mato Grosso, a prestar depoimento na condição de testemunha, no DF, haverá violação às normas constitucionais que conferem proteção específica aos povos indígenas, uma vez que a intimação do indígena configuraria, em tese, CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 6 constrangimento à sua liberdade de locomoção, por ser vedada pela CF a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo nas hipóteses constitucionalmente elencadas. Item CERTO. Conforme vimos, os índios só podem ser ouvidos por comissão parlamentar de inquérito no âmbito da respectiva comunidade indígena, além de ser obrigatória a presença de um representante da Funai e de um antropólogo conhecedor da respectiva comunidade. 3) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ - BA/ 2005) Relativamente às comissões parlamentares de inquérito (CPIs) no Congresso Nacional, julgue os itens que se seguem. I) A competência para julgar mandado de segurança contra atos praticados pelas CPIs do Congresso Nacional, após a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, é do Superior Tribunal de Justiça (STJ). II) Conforme o entendimento que se firmou no STF, as CPIs não podem expedir mandado de busca e apreensão domiciliar, mas devem requerê- lo à autoridade judiciária competente. O item I está errado, pois a competência para julgar mandado de segurança e habeas corpus contra atos praticados por CPI do Congresso Nacional é originária do Supremo Tribunal Federal. O item II está certo, pois, de fato, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que CPI não dispõe de competência para expedir mandado de busca e apreensão domiciliar, por se tratar de ato privativo de membro do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XI). 4) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ - BA/ 2005) Julgue os itens seguintes, relativos ao Poder Judiciário e às funções essenciais à justiça. I) Se uma CPI descobrisse que dirigente de uma empresa pública praticara, em 1990, atos dolosos dos quais resultou lesão ao patrimônio público, o ramo competente do Ministério Público não mais poderia ajuizar ação para ressarcimento do erário, porquanto o prazo prescricional, nesses casos, é qüinqüenal. II) Em decorrência das garantias constitucionais fundamentais, as CPIs não podem realizar a prisão de ninguém, porquanto elas são destinadas à investigação, mas não têm autoridade para efetuar a restrição da liberdade dos cidadãos; tais restrições, necessariamente, devem originar-se de decisão da autoridade judiciária competente. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 7 O item I está errado porque a ação de ressarcimento ao erário é imprescritível, por força do § 5º do art. 37 da Constituição Federal. O item II está errado, porque as CPIs podem, por ato próprio, decretar a prisão de investigado, desde que diante de flagrante delito. 5) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DO ACRE/2006) As comissões parlamentares de inquérito constituídas no âmbito das assembléias legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal não podem determinar a quebra de sigilo bancário nem a violação do domicílio. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a previsão constitucional para a criação de CPIs no âmbito do Congresso Nacional (art. 58, § 3º) é extensível aos estados, Distrito Federal e municípios. Dessa forma, os poderes de investigação das CPIs das Casas do Congresso Nacional são extensíveis às CPIs criadas no âmbito das assembléias legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal, podendo estas, portanto, decretar a quebra do sigilo bancário do investigado. Não podem elas autorizar a violação de domicílio, haja vista que nem mesmo as CPIs do Congresso Nacional podem determinar tal medida. 6) (CESPE/PROCURADOR/MINISTÉRIO PÚBLICO – TO/2006) Empresário acusa mais três sanguessugas O interrogatório sigiloso do empresário Darci Vedoin à justiça federal no Mato Grosso revela, em detalhes, o suposto envolvimento no chamado Escândalo das Sanguessugas de mais três deputados federais que não são investigados até agora nem pela comissão parlamentar de inquérito (CPI) a respeito do assunto nem pelo STF. Os três são acusados por Darci de terem acertado propina de 10% em relação ao valor das verbas do orçamento que direcionariam, por meio de emendas, para que prefeituras adquirissem ambulâncias superfaturadas de empresas ligadas à máfia. Folha de S. Paulo, 2/8/2006, p. A5 (com adaptações). O texto acima se refere à chamada Máfia das Sanguessugas, uma possível quadrilha que proporia emendas à lei orçamentária para direcionar recursos federais a prefeituras. Estas, por sua vez, com os recursos, adquiririam ambulâncias superfaturadas, de empresasligadas ao esquema. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 8 Em face do texto e considerando as normas aplicáveis à organização dos poderes, assinale a opção correta. a) Caso o Ministério Público (MP) ofereça denúncia contra os deputados federais, referidos no texto, ela deverá ser apreciada pelo STF; o mesmo se aplicaria, nessa situação, na hipótese de ajuizamento de ação por improbidade administrativa, a qual caberia ao procurador-geral da República. b) Considere a seguinte situação hipotética. Um promotor de justiça recebeu os autos da investigação de uma CPI, cujo relatório final considerou haver provas suficientes para a responsabilização de certas pessoas por crime contra a administração pública. Nessa situação, deverá o membro do MP oferecer, de imediato, a competente denúncia, deixando para o Poder Judiciário toda análise acerca da culpabilidade dos envolvidos e das provas reunidas pela comissão, ao término do devido processo legal. c) Se o membro de uma CPI relacionada com a notícia declarasse à imprensa que determinado parlamentar, supostamente envolvido com o escândalo, era “ladrão” e “peculatário”, o primeiro não poderia ser criminalmente responsabilizado, ainda que o ofendido pudesse provar a falsidade da invectiva, em exceção da verdade. d) Uma vez que detêm poderes investigatórios próprios das autoridades judiciais, as CPIs podem decretar medidas de cunho cautelar análogas às cabíveis no processo penal. Desse modo, se houver elementos que amparem o ato, diante de uma dada situação concreta e mediante adequada justificação, essas comissões podem decretar a condução coercitiva de testemunhas, buscas e apreensões, quebras de sigilo, indisponibilidade de bens e prisão temporária (embora não a preventiva). Gabarito: “c” A assertiva “a” está errada porque o foro por prerrogativa de função de que dispõem os congressistas não alcança ação de natureza civil, como a ação de improbidade administrativa. Portanto, na situação exposta, a denúncia seria apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, por se referir à matéria penal, mas a ação de improbidade administrativa seria apreciada pela Justiça comum competente. A assertiva “b” está errada porque o Ministério Público não está obrigado a oferecer denúncia ao Poder Judiciário, em razão de recomendação de CPI. Ao receber o relatório da CPI, poderá o Ministério Público: CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 9 a) determinar o seu arquivamento, caso entenda que não há elementos consistentes, que justifiquem o oferecimento da denúncia; b) requisitar a realização de diligências complementares, caso entenda necessárias; c) oferecer a denúncia ao Poder Judiciário, caso entenda que há elementos que justifiquem a medida. A assertiva “c” está certa porque, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as manifestações dos congressistas enquanto membros de CPI estão protegidas pela imunidade material, segundo a qual “os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos” (CF, art. 53). A assertiva “d” está errada, porque as CPIs não podem decretar medidas cautelares análogas às cabíveis no processo penal, tais como: a indisponibilidade de bens, a prisão temporária, a proibição de o investigado ausentar-se do País ou comarca etc. 7) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TJ – PA/2006) Não ofende o princípio constitucional da separação e independência dos poderes a intimação de magistrado para prestar esclarecimentos perante comissão parlamentar de inquérito sobre ato jurisdicional típico que praticou. Item ERRADO. As CPIs não dispõem de competência para convocar magistrado para depor acerca da prática de ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais). As CPIs só podem convocar juízes para depor acerca da prática de atos administrativos. 8) (CESPE/ANALISTA/STM/99) Os poderes investigatórios de uma CPI afirmam-se como instrumentos básicos para que ela possa processar e julgar os acusados. Item ERRADO. As CPIs não processam, nem julgam o investigado. Não cabe às CPIs apurar responsabilidade civil ou penal do investigado. Os trabalhos das CPIs terminam com a realização da investigação e a elaboração de um relatório conclusivo, que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou penal dos infratores (CF, art. 58, § 3º). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 10 9) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO STM/99) O prazo para conclusão dos trabalhos de uma CPI há de ser determinado, o que não impede a possibilidade de sua prorrogação. Item CERTO. Na criação de uma CPI, a Constituição exige a indicação de um prazo certo para a conclusão dos seus trabalhos. Entretanto, esse prazo inicialmente indicado não é fatal, podendo ser sucessivamente prorrogado dentro da mesma legislatura. 10) (CESPE/ANALISTA/STM/99) A criação de uma CPI requer a indicação inicial do fato a ser apurado; não se pode criar uma CPI para investigar se não há um fato determinado a ser investigado. Item CERTO. Na criação da CPI é obrigatória a indicação do fato determinado a ser investigado. A Constituição não admite a criação de CPI sem o apontamento do fato determinado a ser investigado, vale dizer, não se admite a criação de uma CPI para a investigação de situação inespecífica, genérica. Assim, segundo a jurisprudência do STF, a indicação inicial do fato determinado tem as seguintes conseqüências para os trabalhos da comissão: a) não se admite a criação de CPI para a investigação de situação genérica, inespecífica; b) a indicação do fato determinado não impede a investigação de outros fatos surgidos no decorrer dos trabalhos da comissão, conexos com aquele; b) o depoente não está obrigado a responder perguntas estranhas ao fato determinado que ensejou a criação da CPI. 11) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Assinale a decisão que a Comissão Parlamentar de Inquérito não está legitimada para proferir a) determinação de quebra de sigilo bancário. b) determinação de quebra de sigilo fiscal. c) convocação de Ministro de Estado para depor. d) determinação de indisponibilidade de bens do investigado. e) determinação da prisão em flagrante de depoente. Gabarito: “d” CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 11 Diz a Constituição que as comissões parlamentares de inquérito terão “poderes de investigação próprios das autoridades judiciais” (art. 58, § 3º). Entretanto, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que as CPIs não têm os mesmos poderes dos magistrados, haja vista que a Constituição reservou a competência para praticar certas medidas exclusivamente aos membros do Poder Judiciário. Essas matérias que, segundo a jurisprudência do STF, são de competência exclusiva do Poder Judiciário, constituem a chamada “reserva de jurisdição”. Portanto, a expressão “reserva de jurisdição” é usada para designar o conjunto de medidas de competência exclusiva do Poder Judiciário. Quando se diz que a autorização para a interceptação das comunicações telefônicas é medida protegia pela cláusula “reserva de jurisdição”, está se afirmando que essa medida só pode ser adotada por membro do Poder Judiciário. Assim, a essência do estudo das CPIs é saber a competência e a incompetência dessas comissões, segundo as orientações firmadas pelo STF. Segundo a jurisprudência do STF, a CPI pode, por ato próprio: a) Convocarinvestigado e testemunhas para depor; b) Investigar negócios realizados entre particulares; c) Determinar a condução coercitiva de testemunha, no caso de recusa ao comparecimento; d) Determinar a quebra do sigilo bancário (o STF reconheceu até mesmo o poder de CPI estadual para quebrar o sigilo bancário perante o Banco Central); e) Determinar a quebra dos sigilos fiscal e telefônico; f) Investigar fatos que já sejam objeto de inquéritos policiais ou de processos judiciais; g) Convocar indígena para depor, desde que na respectiva comunidade e com a presença de representante da Funai e de antropólogo conhecedor da respectiva comunidade; h) Convocar magistrados para depor sobre a prática de atos administrativos; i) Convocar Ministro de Estado e membros do Ministério Público para depor; j) Determinar diligências que entender necessárias; l) Utilizar-se da polícia judiciária para localizar testemunha; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 12 m) Requisitar de repartições públicas informações e documentos de seu interesse. Ainda sobre a competência das CPIs, uma observação importante. Segundo a jurisprudência do STF, todos os atos das comissões parlamentares que impliquem restrição a direito (quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico etc.) só serão válidos se forem observados dois princípios: fundamentação (os atos da CPI deverão ser necessariamente fundamentados) e colegialidade (os atos deverão ser aprovados por maioria absoluta dos membros da CPI). Segundo a jurisprudência do STF, a CPI não pode, por ato próprio: a) Desrespeitar o direito ao silêncio e ao sigilo profissional dos depoentes; b) Conferir publicidade irrestrita aos dados sigilosos obtidos em razão de sua investigação; c) Convocar magistrados para depor sobre a prática de ato de natureza jurisdicional; d) Impedir a presença de advogado dos depoentes em suas reuniões, tampouco impedir a comunicação entre o depoente e seu advogado durante a inquirição; e) Decretar a busca e apreensão domiciliar de documentos; f) Decretar a indisponibilidade de bens e outras medidas cautelares dessa natureza (seqüestro de bens, arresto de bens etc.); h) Proibir o investigado de ausentar-se do País; i) Decretar a prisão do depoente, salvo em situação de flagrante delito; j) Autorizar a interceptação telefônica (escuta); l) Oferecer denúncia ao Poder Judiciário; m) Processar, julgar, condenar, apurar responsabilidade civil ou penal do investigado, impor penalidade. A resposta da questão é a letra “d” porque, dentre todas as medidas apontadas, a única que não pode ser decretada diretamente por CPI é a determinação de indisponibilidade de bens do investigado. 12) (ESAF/PFN/2003) Suponha que, no curso de uma CPI no Congresso Nacional, tenham sido decretadas as medidas abaixo, com relação a certos investigados: I. quebra de sigilo bancário; II. busca domiciliar de documentos incriminadores; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 13 III. interceptação telefônica; IV. proibição de o investigado se ausentar do país; V. proibição de o investigado se comunicar com o seu advogado durante a sua inquirição; VI. seqüestro de bens mediante ato fundamentado em provas de desvio de bens públicos. Dessas medidas, quantas não poderiam ter sido decretadas pela CPI: a) uma b) duas c) três d) quatro e) cinco Gabarito: “e” A questão pede quantas medidas, dentre as citadas, não podem ser decretadas pela CPI. Cuidado! Questão como essa pode confundir o candidato na hora da prova. Portanto, segue uma dica: marque em sua prova o que a questão exatamente está pedindo (item correto, item incorreto etc.). Pode parecer uma dica boba, mas, com a tensão na hora da resolução da prova, se não tomar esse cuidado o candidato pode se confundir e marcar o que não deveria. Na questão em comento, por exemplo, se não tivesse observado atentamente o enunciado, o candidato poderia ter marcado a letra “a”, por ser apenas uma medida que pode ser tomada pela CPI. Conforme detalhado em questão anterior, dentre as medidas apontadas, apenas a quebra do sigilo bancário poderá ser decretada diretamente pela CPI. As outras cinco medidas apontadas na questão (II, III, IV, V e VI) não podem ser decretadas diretamente pela CPI. 13) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Sobre as comissões parlamentares de inquérito, assinale a opção correta. a) As comissões parlamentares de inquérito dispõem de todos os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, estando hoje assentado que podem, inclusive, decretar a busca e apreensão de documentos em escritórios e residências particulares. b) As comissões parlamentares de inquérito não têm o poder de anular atos do Executivo. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 14 c) As comissões parlamentares de inquérito podem decretar a quebra do sigilo bancário e telefônico de investigados, não necessitando motivar tais decisões, dada a sua natureza política. d) As comissões parlamentares de inquérito têm o poder de promover a responsabilidade penal dos responsáveis por danos ao interesse público que tiverem apurado. e) As comissões parlamentares de inquérito não têm legitimidade para sindicar fatos relacionados com negócios realizados entre particulares. Gabarito: “b” A assertiva “a” está errada porque, como vimos, as CPIs não dispõem de todos os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, em razão do reconhecimento, pelo STF, da existência da cláusula “reserva de jurisdição”, que contempla matérias da competência exclusiva do Poder Judiciário. A assertiva “b” está certa porque, de fato, CPI não pode decretar a anulação de ato do Poder Executivo. A competência da CPI termina com a realização das investigações e elaboração do relatório final que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores (art. 58, § 3º). A assertiva “c” está errada porque os atos das CPIs que implicam restrição a direito deverão, necessariamente, ser fundamentados, sob pena de nulidade. A assertiva “d” está errada porque, como vimos, a competência das CPIs termina com a realização da investigação e elaboração do relatório final que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores (art. 58, § 3º). A assertiva “e” está errada porque as CPIs dispõem de competência para investigar negócios entre particulares, desde que tenham relevância pública (um bom exemplo foi a conhecida CPI da Nike, criada para investigar negócios particulares entre a CBF e essa empresa multinacional). 14) (ESAF/AFC/2000) Sobre as comissões parlamentares de inquérito, é correto afirmar: a) Podem anular atos do Executivo que considerem lesivos ao interesse público. b) Podem determinar a quebra de sigilo bancário dos seus investigados, independentemente de ordem judicial. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 15 c) Podem decretar a prisão preventiva de seus investigados, por prática de crime, no passado, relacionado com o objeto da CPI. d) Podem decretar a indisponibilidade ou a perda de bens de investigados, quando descobrem prova de desvio de recursos públicos. e) Não há hipótese em que se admita o direito de o depoente se calar perante uma CPI. Gabarito: “b” A assertiva “a” está errada porque CPI não pode anular ato do PoderExecutivo. A assertiva “b” está certa, porque CPI pode decretar a quebra do sigilo bancário, desde que em decisão necessariamente fundamentada e por deliberação de maioria absoluta dos seus membros. A assertiva “c” está errada porque a única hipótese em que CPI pode decretar a prisão de depoente é no caso de flagrante delito, jamais pela prática de crime no passado, ainda que supostamente relacionado com o objeto da investigação da CPI. A assertiva “d” está errada porque CPIs não podem decretar a indisponibilidade ou a perda de bens de investigados, haja vista se tratar de medida da competência exclusiva do Poder Judiciário (isto é, protegida pela reserva de jurisdição). A assertiva “e” está errada porque é legítima a invocação do direito de permanecer calado perante CPI, seja na qualidade de investigado, seja na condição de testemunha, sempre que o depoente entender que a sua resposta poderá incriminá-lo (privilégio da não auto-incriminação). 15) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no plano federal não pode: a) quebrar sigilo telefônico de investigado. b) investigar ato administrativo algum de integrante do Judiciário. c) quebrar sigilo bancário de investigado. d) anular ato do Executivo praticado de modo comprovadamente contrário à moral e ao direito. e) convocar integrante do Ministério Público para depor. Gabarito: “d” Conforme vimos, as CPIs não dispõem de competência para anular ato do Poder Executivo. Todas as outras medidas – quebra dos sigilos bancário e telefônico, investigação de ato administrativo de integrante do Poder Judiciário e CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 16 convocação de Ministro para depor – podem ser diretamente determinadas pelas CPIs. 16) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A Comissão Parlamentar de Inquérito pode determinar a quebra do sigilo de comunicações telefônicas de alguém que esteja sob a sua investigação. Item ERRADO. A competência para determinar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação das comunicações telefônicas) é exclusiva do Poder Judiciário, conforme determinação expressa da Constituição Federal (art. 5º, XII). A interceptação das comunicações telefônicas não pode ser confundida com a quebra do sigilo telefônico. A interceptação das comunicações telefônicas diz respeito à gravação atual do conteúdo da conversa (escuta), para posterior degravação e juntada aos autos de processo como prova. Essa medida é executada pela autoridade policial competente, a partir de autorização do Poder Judiciário. A quebra do sigilo telefônico (registro) diz respeito ao acesso dos registros das ligações efetuadas e recebidas por um dado telefone, em período pretérito. Esses registros são obtidos perante a companhia telefônica e a quebra de sigilo telefônico pode ser determinada por comissão parlamentar de inquérito – CPI. 17) (ESAF/AFRF/2000) A respeito das CPIs – Comissões Parlamentares de Inquérito, como reguladas na Constituição Federal, é correto afirmar: a) São órgãos do Congresso Nacional encarregados de legislar sobre irregularidades da Administração Pública. b) São criadas, no âmbito do Congresso Nacional, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, para a apuração de fato determinado e por tempo certo. c) São órgãos permanentes do Congresso Nacional dotados de todos os poderes das autoridades judiciárias. d) Trata-se de instrumento de imposição de penalidades pelo Legislativo. e) São órgãos do Legislativo, auxiliares do Ministério Público, criados com a finalidade de realizar investigações policiais sobre crimes de relevância política. Gabarito: “b” CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 17 A assertiva “a” está errada porque a CPI não dispõe de competência para legislar sobre os assuntos objeto de sua investigação. A CPI poderá, ao final dos seus trabalhos, se entender conveniente, propor ao Legislativo projeto de lei (CF, art. 61). A assertiva “b” está certa porque, de fato, podemos ter CPI da Câmara dos Deputados, CPI do Senado Federal e CPI do Congresso Nacional, integrada de Deputados e Senadores, chamada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI. Vale lembrar que essas CPIs somente poderão ser criadas para a investigação de um fato determinado apontado no momento de sua criação e deverão, necessariamente, ser criadas com a indicação de um prazo certo para a conclusão dos seus trabalhos, embora esse prazo possa ser sucessivamente prorrogado dentro da mesma legislatura. A assertiva “c” está errada porque as CPIs não são órgãos permanentes do Congresso Nacional, mas sim temporários, criados por prazo certo, que se extinguem com a conclusão da investigação. A assertiva “d” está errada porque CPI não dispõe de competência para apurar e impor responsabilidade, nem no âmbito civil, nem no âmbito penal. Como vimos, a competência da CPI termina com a realização da investigação e elaboração do relatório final que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que este promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores (art. 58, § 3º). A assertiva “e” está errada porque as CPIs não são órgãos auxiliares do Ministério Público, mas sim órgãos temporários do Legislativo, que auxiliam no desempenho de atribuição típica deste Poder, no tocante à função fiscalizatória e de controle. Cuidado! É comum em sala de aula o aluno entender que CPI é exemplo de desempenho de atribuição atípica (acessória) do Poder Legislativo, o que é um grande equívoco. Na verdade, o trabalho no âmbito de CPI constitui atuação típica do Poder Legislativo, pois esse Poder dispõe de duas funções típicas, de igual importância: função legislativa, de elaboração de normas gerais e abstratas, e função fiscalizatória e de controle, cujo exemplo é a investigação realizada pelas CPIs. 18) (ESAF/AGU/99) Não se pode invocar sigilo profissional perante Comissão Parlamentar de Inquérito. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, é legítima a invocação de sigilo profissional perante CPI. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 18 Isso não significa, porém, que os detentores do sigilo profissional (advogado em relação ao cliente, por exemplo) estejam desobrigados de comparecer à CPI. Se convocados, deverão eles comparecer perante a CPI e, lá estando, se lhes forem dirigidas perguntas cuja resposta esteja protegida pelo sigilo profissional poderão, em relação a tais perguntas, invocar o direito de sigilo profissional. 19) (ESAF/AFCE/TCU/99) As Comissões Parlamentares de Inquérito podem determinar a busca e apreensão de documentos, no domicílio de pessoa submetida à sua investigação. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, a determinação de busca e apreensão domiciliar é medida privativa do Poder Judiciário, isto é, trata-se de medida protegida pela reserva de jurisdição (CF, art. 5º, XI). 20) As comissões parlamentares de inquérito não têm legitimidade para sindicar fatos que estejam sendo investigadas no curso de inquéritos policiais. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, o poder de investigação das CPIs é autônomo em relação aos poderes investigativos de outros órgãos do Estado. Significa dizer que mesmo que o fato determinado já esteja sendo investigado em inquérito policial ou processo judicial poderá ser criada CPI com o mesmo fim, sem ofensa ao poder de investigação dos demais órgãos. 21) A testemunha convocada para depor perante uma comissãoparlamentar de inquérito do Congresso Nacional e que entenda ilegítima a sua convocação poderá impetrar habeas corpus para se livrar da convocação. Item CERTO. Os poderes de investigação da CPI não são absolutos e, portanto, os atos praticados pela comissão podem ser impugnados perante o Poder Judiciário, no caso de ilegalidade ou abuso de poder. Em regra, as ilegalidades e arbitrariedades praticadas pelos membros das CPIs são atacadas por meio da impetração de mandado de segurança, que é o remédio constitucional idôneo para o afastamento de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 19 lesão ou ameaça a direito líquido e certo do impetrante (CF, art. 5º, LXIX). Entretanto, como as CPIs dispõem do poder de determinar a prisão em flagrante do depoente, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que também será cabível o habeas corpus, sempre que houver, em decorrência de ilegalidade ou arbitrariedade, lesão ou ameaça potencial ao direito de locomoção. Vejamos uma situação prática na qual, em tese, será cabível a impetração de habeas corpus em decorrência dos trabalhos de CPI. Imagine que João tenha sido convocado para depor como testemunha em uma CPI que investiga certo fato fraudulento praticado por Pedro. Suponha que a convocação não tenha sido devidamente fundamentada pela CPI. Nessa situação, João poderá impetrar habeas corpus perante o STF, alegando potencial ameaça ao seu direito de locomoção. Por quê? Primeiro, porque se não comparecer voluntariamente à CPI, João poderá ser conduzido coercitivamente (as CPIs dispõem do poder de conduzir coercitivamente testemunhas). Segundo, porque se João comparecer à CPI e se recusar a responder às perguntas dos congressistas, é possível que a CPI determine a sua prisão em flagrante. Para evitar essa potencial ameaça ao seu direito de locomoção, João poderá impetrar habeas corpus preventivo perante o STF, para que o Tribunal afaste o risco de condução coercitiva ou, se for o caso, de ser preso pelo fato de não responder às perguntas dos membros da CPI. Vale lembrar que o habeas corpus contra ato de CPI federal (da Câmara, do Senado ou do Congresso Nacional) é impetrado diretamente no STF, pois cabe a esse Tribunal julgar, originariamente, esse remédio constitucional contra os atos emanados dos órgãos do Congresso Nacional. Quando eu explico esse assunto em sala de aula é comum algum aluno perguntar: “por que o depoente impetra habeas corpus preventivo no STF se é sabido que ele tem o direito de permanecer calado perante CPI? Por que a CPI decretaria a sua prisão, se ele tem assegurado constitucionalmente o direito ao silêncio?” Pois é, trata-se de questão política. O fato é que as CPIs se transformaram no melhor palanque eleitoral do país, na grande chance de aparição do parlamentar na mídia nacional. Tanto é verdade que no momento da indicação dos membros de uma CPI há uma disputa danada, todo mundo querendo ser indicado para integrar a CPI e assegurar a aparição nacional na mídia! Mas, daí, criada a CPI, tem-se que fazer alguma coisa para chamar a atenção, para que ela “decole” na mídia. E, segundo os entendidos no assunto, só há duas ótimas maneiras de chamar a atenção da mídia para uma CPI: a convocação de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 20 gente famosa (Ronaldinho, o “fenômeno”, na CPI da Nike; a dançarina Sheila Mello, com um decote estonteante, na CPI da Pirataria etc.) ou a decretação da prisão de depoente. Entendeu? Os parlamentares têm consciência da arbitrariedade do seu ato, mas estão pouco preocupados com o fato de o depoente conseguir, minutos depois, um habeas corpus liberatório! O que interessa é que a CPI tenha ganhado algum espaço na mídia, assegurando aos parlamentares alguns minutos de fama junto ao seu eleitorado! E assim continua o nosso Brasil... Para encerrarmos, um conselho de amigo! Se algum dia você for convocado para depor perante uma CPI, não chegue lá de mãos vazias! Dê uma passadinha antes no STF, impetre um habeas corpus preventivo e resguarde previamente os seus direitos fundamentais! Não seja um boneco-propaganda de CPI! Dê uma passadinha no STF, que fica bem pertinho do Congresso Nacional, dá para ir a pé; o habeas corpus é gratuito, não exige advogado, pode ser impetrado até em papel de embrulhar pão e a liminar é concedida rapidamente, normalmente em algumas horas! Fique bem – e bons estudos. Vicente Paulo CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 21 LISTA DOS EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA 1) (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO / 2007) Segundo o artigo 58 da Constituição, para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito é necessário requerimento de um terço dos integrantes dos membros das casas, conjunta ou separadamente, para a apuração de fato determinado e prazo certo, sendo que os parlamentares podem impor penalidades e sanções civis e criminais. 2) (CESPE/PROCURADOR FEDERAL/AGU/2007) Caso uma comissão parlamentar de inquérito com funcionamento em Brasília intime um indígena, que mora no estado de Mato Grosso, a prestar depoimento na condição de testemunha, no DF, haverá violação às normas constitucionais que conferem proteção específica aos povos indígenas, uma vez que a intimação do indígena configuraria, em tese, constrangimento à sua liberdade de locomoção, por ser vedada pela CF a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo nas hipóteses constitucionalmente elencadas. 3) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ - BA/ 2005) Relativamente às comissões parlamentares de inquérito (CPIs) no Congresso Nacional, julgue os itens que se seguem. I) A competência para julgar mandado de segurança contra atos praticados pelas CPIs do Congresso Nacional, após a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, é do Superior Tribunal de Justiça (STJ). II) Conforme o entendimento que se firmou no STF, as CPIs não podem expedir mandado de busca e apreensão domiciliar, mas devem requerê- lo à autoridade judiciária competente. 4) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ - BA/ 2005) Julgue os itens seguintes, relativos ao Poder Judiciário e às funções essenciais à justiça. I) Se uma CPI descobrisse que dirigente de uma empresa pública praticara, em 1990, atos dolosos dos quais resultou lesão ao patrimônio público, o ramo competente do Ministério Público não mais poderia ajuizar ação para ressarcimento do erário, porquanto o prazo prescricional, nesses casos, é qüinqüenal. II) Em decorrência das garantias constitucionais fundamentais, as CPIs não podem realizar a prisão de ninguém, porquanto elas são destinadas CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 22 à investigação, mas não têm autoridade para efetuar a restrição da liberdade dos cidadãos; tais restrições, necessariamente, devem originar-se de decisão da autoridade judiciária competente. 5) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DO ACRE/2006) As comissões parlamentares de inquérito constituídas no âmbito das assembléias legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal não podem determinar a quebra de sigilo bancário nem a violação do domicílio. 6) (CESPE/PROCURADOR/MINISTÉRIO PÚBLICO – TO/2006) Empresário acusa mais três sanguessugas O interrogatório sigiloso do empresário Darci Vedoin à justiça federal no Mato Grosso revela, em detalhes, o suposto envolvimento no chamado Escândalo das Sanguessugas de mais três deputados federais que não são investigados até agora nem pela comissão parlamentar de inquérito(CPI) a respeito do assunto nem pelo STF. Os três são acusados por Darci de terem acertado propina de 10% em relação ao valor das verbas do orçamento que direcionariam, por meio de emendas, para que prefeituras adquirissem ambulâncias superfaturadas de empresas ligadas à máfia. Folha de S. Paulo, 2/8/2006, p. A5 (com adaptações). O texto acima se refere à chamada Máfia das Sanguessugas, uma possível quadrilha que proporia emendas à lei orçamentária para direcionar recursos federais a prefeituras. Estas, por sua vez, com os recursos, adquiririam ambulâncias superfaturadas, de empresas ligadas ao esquema. Em face do texto e considerando as normas aplicáveis à organização dos poderes, assinale a opção correta. a) Caso o Ministério Público (MP) ofereça denúncia contra os deputados federais, referidos no texto, ela deverá ser apreciada pelo STF; o mesmo se aplicaria, nessa situação, na hipótese de ajuizamento de ação por improbidade administrativa, a qual caberia ao procurador-geral da República. b) Considere a seguinte situação hipotética. Um promotor de justiça recebeu os autos da investigação de uma CPI, cujo relatório final considerou haver provas suficientes para a responsabilização de certas pessoas por crime contra a administração pública. Nessa situação, deverá o membro do MP oferecer, de imediato, a competente denúncia, deixando para o Poder Judiciário toda análise CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 23 acerca da culpabilidade dos envolvidos e das provas reunidas pela comissão, ao término do devido processo legal. c) Se o membro de uma CPI relacionada com a notícia declarasse à imprensa que determinado parlamentar, supostamente envolvido com o escândalo, era “ladrão” e “peculatário”, o primeiro não poderia ser criminalmente responsabilizado, ainda que o ofendido pudesse provar a falsidade da invectiva, em exceção da verdade. d) Uma vez que detêm poderes investigatórios próprios das autoridades judiciais, as CPIs podem decretar medidas de cunho cautelar análogas às cabíveis no processo penal. Desse modo, se houver elementos que amparem o ato, diante de uma dada situação concreta e mediante adequada justificação, essas comissões podem decretar a condução coercitiva de testemunhas, buscas e apreensões, quebras de sigilo, indisponibilidade de bens e prisão temporária (embora não a preventiva). 7) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TJ – PA/2006) Não ofende o princípio constitucional da separação e independência dos poderes a intimação de magistrado para prestar esclarecimentos perante comissão parlamentar de inquérito sobre ato jurisdicional típico que praticou. 8) (CESPE/ANALISTA/STM/99) Os poderes investigatórios de uma CPI afirmam-se como instrumentos básicos para que ela possa processar e julgar os acusados. 9) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO STM/99) O prazo para conclusão dos trabalhos de uma CPI há de ser determinado, o que não impede a possibilidade de sua prorrogação. 10) (CESPE/ANALISTA/STM/99) A criação de uma CPI requer a indicação inicial do fato a ser apurado; não se pode criar uma CPI para investigar se não há um fato determinado a ser investigado. 11) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Assinale a decisão que a Comissão Parlamentar de Inquérito não está legitimada para proferir a) determinação de quebra de sigilo bancário. b) determinação de quebra de sigilo fiscal. c) convocação de Ministro de Estado para depor. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 24 d) determinação de indisponibilidade de bens do investigado. e) determinação da prisão em flagrante de depoente. 12) (ESAF/PFN/2003) Suponha que, no curso de uma CPI no Congresso Nacional, tenham sido decretadas as medidas abaixo, com relação a certos investigados: I. quebra de sigilo bancário; II. busca domiciliar de documentos incriminadores; III. interceptação telefônica; IV. proibição de o investigado se ausentar do país; V. proibição de o investigado se comunicar com o seu advogado durante a sua inquirição; VI. seqüestro de bens mediante ato fundamentado em provas de desvio de bens públicos. Dessas medidas, quantas não poderiam ter sido decretadas pela CPI: a) uma b) duas c) três d) quatro e) cinco 13) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Sobre as comissões parlamentares de inquérito, assinale a opção correta. a) As comissões parlamentares de inquérito dispõem de todos os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, estando hoje assentado que podem, inclusive, decretar a busca e apreensão de documentos em escritórios e residências particulares. b) As comissões parlamentares de inquérito não têm o poder de anular atos do Executivo. c) As comissões parlamentares de inquérito podem decretar a quebra do sigilo bancário e telefônico de investigados, não necessitando motivar tais decisões, dada a sua natureza política. d) As comissões parlamentares de inquérito têm o poder de promover a responsabilidade penal dos responsáveis por danos ao interesse público que tiverem apurado. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 25 e) As comissões parlamentares de inquérito não têm legitimidade para sindicar fatos relacionados com negócios realizados entre particulares. 14) (ESAF/AFC/2000) Sobre as comissões parlamentares de inquérito, é correto afirmar: a) Podem anular atos do Executivo que considerem lesivos ao interesse público. b) Podem determinar a quebra de sigilo bancário dos seus investigados, independentemente de ordem judicial. c) Podem decretar a prisão preventiva de seus investigados, por prática de crime, no passado, relacionado com o objeto da CPI. d) Podem decretar a indisponibilidade ou a perda de bens de investigados, quando descobrem prova de desvio de recursos públicos. e) Não há hipótese em que se admita o direito de o depoente se calar perante uma CPI. 15) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no plano federal não pode: a) quebrar sigilo telefônico de investigado. b) investigar ato administrativo algum de integrante do Judiciário. c) quebrar sigilo bancário de investigado. d) anular ato do Executivo praticado de modo comprovadamente contrário à moral e ao direito. e) convocar integrante do Ministério Público para depor. 16) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A Comissão Parlamentar de Inquérito pode determinar a quebra do sigilo de comunicações telefônicas de alguém que esteja sob a sua investigação. 17) (ESAF/AFRF/2000) A respeito das CPIs – Comissões Parlamentares de Inquérito, como reguladas na Constituição Federal, é correto afirmar: a) São órgãos do Congresso Nacional encarregados de legislar sobre irregularidades da Administração Pública. b) São criadas, no âmbito do Congresso Nacional, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, para a apuração de fato determinado e por tempo certo. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 26 c) São órgãos permanentes do Congresso Nacional dotados de todos os poderes das autoridades judiciárias. d) Trata-se de instrumento de imposição de penalidades pelo Legislativo. e) São órgãos do Legislativo, auxiliares do Ministério Público, criados com a finalidade de realizar investigações policiais sobre crimes de relevância política. 18) (ESAF/AGU/99) Não se pode invocar sigilo profissional perante Comissão Parlamentar de Inquérito. 19) (ESAF/AFCE/TCU/99)As Comissões Parlamentares de Inquérito podem determinar a busca e apreensão de documentos, no domicílio de pessoa submetida à sua investigação. 20) As comissões parlamentares de inquérito não têm legitimidade para sindicar fatos que estejam sendo investigadas no curso de inquéritos policiais. 21) A testemunha convocada para depor perante uma comissão parlamentar de inquérito do Congresso Nacional e que entenda ilegítima a sua convocação poderá impetrar habeas corpus para se livrar da convocação. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 27 GABARITO 1. E 2. C 3. I – E II – C 4. I – E II – E 5. E 6. C 7. E 8. E 9. C 10. C 11. D 12. E 13. B 14. B 15. D 16. E 17. B 18. E 19. E 20. E 21. C
Compartilhar