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Teoria da Constituição - Direito Constitucional em questões

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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS 
PROFESSOR VICENTE PAULO 
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ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO 
Iniciaremos, hoje, um novo curso on-line de exercícios de Direito 
Constitucional. A nossa tarefa será árdua, longa, mas prometo que eu 
farei o possível para torná-la o mais agradável possível. 
Para mim, tornar agradável o estudo do Direito Constitucional para 
concursos é simplesmente conseguir desmistificar os principais tópicos 
da disciplina, tornando-os acessíveis a todo candidato, seja qual for a 
sua formação acadêmica. É este o papel do professor que leciona Direito 
para concursos públicos: desmistificar os conceitos jurídicos, tornando-
os acessíveis a todos! É isso que eu pretendo fazer em todos os nossos 
encontros a partir de hoje – especialmente porque, cá entre nós, é só o 
que eu sei fazer nesse segmento de concursos, quem conhece o meu 
trabalho sabe da simplicidade dele, seja em aulas presenciais, seja em 
aulas a distância... 
Para alcançar esse nosso objetivo, minha metodologia será a seguinte: 
trazer para o papel exatamente os comentários de sala de aula, com a 
mesma simplicidade e objetividade; só não trarei para este curso on-line 
as minhas piadas de sala de aula, porque essas, eu sei, nem 
presencialmente têm graça... 
Então, é isso! Vamos transformar este curso on-line num bate-papo, 
numa troca de experiências em busca do seu sonho de aprovação em 
concurso! Que Deus nos ilumine nessa caminhada. 
Vamos ao trabalho. 
Antes de adentrarmos propriamente no exame dos exercícios, faremos 
uma breve revisão sobre a entrada em vigor de uma nova Constituição. 
Para entendermos bem o assunto tratado nesta aula, vamos voltar um 
pouco no tempo, até 5/10/1988, data da promulgação da Constituição 
Federal de 1988. Nessa data, quando promulgada a atual Constituição, 
havia no ordenamento jurídico diversas normas jurídicas em vigor, tais 
como: a Constituição Federal de 1969, leis complementares, leis 
ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos, decretos-leis, 
resoluções, regimentos dos Tribunais do Poder Judiciário, decretos do 
Presidente da República – dentre outras. 
Pois bem, o que teremos que saber, ao final desta aula, é o que 
aconteceu com todas essas normas pretéritas em virtude da 
promulgação da nova Constituição de 1988. Teremos que saber o que 
aconteceu com a Constituição de 1969; teremos que saber o que 
aconteceu com as demais normas – leis complementares, leis 
ordinárias, decretos etc. - anteriores a 5/10/1988 e que estavam em 
vigor no momento da promulgação da Constituição de 1988; o que 
aconteceu com aquelas normas que estavam no período da vacatio legis 
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(vacância da lei) no momento em que foi promulgada a Constituição de 
1988 – e assim por diante. 
Portanto, vamos voltar no tempo, nos imaginar em 5/10/1988 e 
discutir, ponto a ponto, todos esses aspectos relacionados à força da 
nova Constituição em relação às normas pretéritas, em relação ao 
chamado direito pré-constitucional. 
O primeiro aspecto a examinar é o que acontece com a Constituição 
pretérita, quando é promulgada a nova Constituição. O que aconteceu 
com a Constituição de 1969 quando, em 5/10/1988, foi promulgada a 
Constituição de 1988? 
O entendimento é muito simples: a nova Constituição revoga 
integralmente a Constituição pretérita, independentemente da 
compatibilidade entre os seus dispositivos. A nova Constituição opera a 
revogação global, de uma só vez, da Constituição antiga; não há nem 
que se perder tempo examinando se os dispositivos da Constituição 
pretérita são (ou não) compatíveis com a nova Constituição, pois, de 
uma forma ou de outra, todos eles serão revogados por esta; ainda que 
os dispositivos da Constituição pretérita sejam plenamente compatíveis 
com a nova Constituição, serão eles integralmente revogados por esta. 
Esse é o entendimento válido no Brasil, que você terá que levar para a 
sua prova. 
Entretanto, há países que optam por aproveitar os dispositivos da 
Constituição pretérita que não são incompatíveis com a nova 
Constituição. Nesses países, os artigos da Constituição pretérita que não 
são incompatíveis com a nova Constituição são recepcionados por esta, 
como se fossem leis. Eles passam pelo fenômeno chamado 
desconstitucionalização, isto é, perdem o seu status de norma 
constitucional e ingressam no novo ordenamento como leis, o que 
significa dizer que, daí por diante, poderão ser revogados por outras leis 
(não necessitando mais de aprovação de emenda constitucional para a 
sua revogação). 
Assim, nos países que adotam a desconstitucionalização, com a 
promulgação da nova Constituição, teremos que examinar os 
dispositivos da Constituição pretérita, um a um, para ver quais são 
compatíveis e quais são incompatíveis com a nova Constituição. Após 
essa análise, são duas as situações possíveis: (a) os artigos da 
Constituição pretérita que forem incompatíveis com a nova Constituição 
serão por esta revogados; (b) os artigos da Constituição pretérita que 
forem compatíveis com a nova Constituição serão por esta 
recepcionados, com status de normas infraconstitucionais. 
Importante: a tese da desconstitucionalização não foi adotada pelo 
Brasil, valendo, entre nós, o entendimento antes exposto, segundo o 
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qual a nova Constituição revoga integralmente a Constituição antiga, 
ainda que haja compatibilidade entre os seus dispositivos. 
Visto o que acontece com a Constituição pretérita, falta-nos agora saber 
o que acontece com as demais normas do ordenamento jurídico 
pretérito, isto é, com as normas infraconstitucionais pretéritas – o 
chamado direito ordinário pré-constitucional (leis complementares, 
leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos, decretos, portarias, 
regimentos etc.). 
Em relação a esse direito ordinário, não podemos dizer que ele será 
integral e globalmente revogado pela nova Constituição, ainda que com 
ela compatível. Aliás, se isso acontecesse, teríamos um caos jurídico no 
Estado, sempre que promulgada uma nova Constituição. Imagine se, 
com a promulgação da Constituição Federal em 5/10/1988, 
amanhecêssemos no dia seguinte sem nenhuma lei no nosso 
ordenamento, sem Código Penal, sem Código Civil etc. 
Então, para evitar-se esse caos jurídico, são aproveitadas as leis 
anteriores compatíveis com a nova Constituição, por meio do 
mecanismo conhecido por recepção do direito pré-constitucional. O 
efeito da nova Constituição sobre o direito ordinário pré-constitucional 
pode ser assim resumido: 
a) leis que estejam em vigor e sejam incompatíveis com a nova 
Constituição – serão revogadas pela nova Constituição; 
b) leis que estejam em vigor e sejam compatíveis com a nova 
Constituição – serão recepcionadas pela nova Constituição; 
c) leis que estejam no período de vacatio legis no momento da 
promulgação da nova Constituição – não serão recepcionadas pela nova 
Constituição, ainda que sejam com esta materialmente compatíveis; 
d) leis que não integrem o ordenamento jurídico no momento da 
promulgação da nova Constituição – não serão recepcionadas pela nova 
Constituição; estas leis poderão ser repristinadas pela nova 
Constituição, desde que haja disposição expressa nesse sentido no novo 
texto constitucional (repristinação expressa). 
Feito esse breve resumo acerca da força da nova Constituição sobre o 
direito pré-constitucional, passemos ao exame dos exercícios, para, a 
partir deles, tratarmos dos detalhes faltantes sobre cada um desses 
aspectos. 
1) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assinale a opção 
correta. 
a) Com o advento de umanova Constituição, normas da Constituição 
anterior que sejam compatíveis com o novo diploma continuam a 
vigorar, embora com força de lei. 
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b) Chama-se Constituição outorgada aquela que é votada pelos 
representantes do povo especialmente convocados para elaborar o novo 
Estatuto Político. 
c) Normas de lei ordinária anteriores à nova Constituição que sejam com 
essa materialmente compatíveis são tidas como recebidas, mesmo que 
se revistam de forma legislativa que já não mais é prevista na nova 
Carta. 
d) Admite-se pacificamente entre nós a invocação do direito adquirido 
contra norma provinda do poder constituinte originário. 
e) Assentou-se a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido 
de que as normas anteriores à Constituição com essa materialmente 
incompatíveis são consideradas inconstitucionais e, não, meramente 
revogadas. 
Gabarito: “c” 
Comentário. 
A assertiva “a” está errada, pois, com a promulgação de uma nova 
Constituição, todas as normas da Constituição anterior são 
integralmente revogadas, ainda que sejam compatíveis com o novo 
texto constitucional. Ao afirmar que as normas da Constituição anterior 
que sejam compatíveis com a nova Constituição continuam a vigorar, 
embora com força de lei, a assertiva faz referência à tese da 
desconstitucionalização, que, como vimos, não é adotada pelo Brasil. 
A assertiva “b” não trata propriamente desse assunto, mas vamos 
comentá-la, a fim de manter a originalidade da questão da Esaf. 
Constituição outorgada é aquela elaborada sem a participação do povo, 
isto é, que é elaborada unilateralmente, por um impostor ou agente 
revolucionário. A Constituição votada pelos representantes do povo é 
denominada promulgada, popular ou democrática. Portanto, está errada 
a assertiva “b”. 
A assertiva “c” está certa. De fato, para que uma lei ordinária seja 
recepcionada pela nova Constituição, a compatibilidade que se exige diz 
respeito, exclusivamente, ao conteúdo (compatibilidade material). 
Significa dizer que não é exigida a chamada compatibilidade formal 
(que diz respeito aos aspectos formais, ligados à elaboração da norma) 
entre a lei antiga e a nova Constituição. 
Assim, no exame da compatibilidade do direito pré-constitucional com a 
nova Constituição só nos interessa saber se o conteúdo da norma antiga 
contraria ou não a nova Constituição. Em caso positivo, a norma antiga 
será revogada; em caso negativo, será ela recepcionada pela nova 
Constituição. 
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Enfim, para se saber se uma norma antiga foi recepcionada ou não pela 
nova Constituição só interessa uma coisa: verificar se há 
compatibilidade material (de conteúdo) entre elas. 
Não interessa, em absolutamente nada, o exame da chamada 
compatibilidade formal entre a norma antiga e a nova Constituição, 
conforme melhor explicado nos parágrafos seguintes. 
Não interessa também em nada o fato de o processo legislativo pelo 
qual foi elaborada a norma antiga ser diferente do processo legislativo 
atualmente em vigor. Para se ter uma idéia, temos leis da época do 
Império que foram recepcionadas pela Constituição Federal de 1988! 
Ora, imaginem vocês as diferenças entre o processo legislativo da época 
do Império e o atual processo legislativo, disciplinado na CF/88! 
Não interessa em nada a mudança de espécie legislativa para o 
tratamento da matéria. Por exemplo: se a Constituição de 1969 exigia 
lei ordinária para o tratamento da matéria e a Constituição de 1988 
passou a exigir lei complementar para disciplinar a mesma matéria, esse 
fato não prejudicará a recepção da norma antiga. 
Também não interessa em nada a mudança de competência para o 
tratamento da matéria. Por exemplo: se na Constituição pretérita a 
competência para o tratamento da matéria pertencia à União, mas a 
Constituição de 1988 repassou tal competência aos Estados, esse fato 
não atrapalhará a recepção da norma federal antiga, editada pela União. 
Não interessa, ainda, o fato de a espécie normativa antiga não mais 
existir no novo ordenamento constitucional. É o caso dos decretos-leis. 
O decreto-lei era uma das espécies integrantes do processo legislativo 
federal na vigência da Constituição de 1969. Agora, na vigência da 
Constituição de 1988, o processo legislativo não mais contempla o 
decreto-lei (ele foi substituído pela medida provisória), mas temos 
diversos decretos-leis em pleno vigor nos dias atuais, por terem sido 
recepcionados em razão de sua compatibilidade material com a 
Constituição de 1988. 
Veja que todos esses aspectos anteriores não dizem respeito ao 
conteúdo da norma (compatibilidade material). Logo, não nos 
interessam para o fim de recepção do direito ordinário pré-
constitucional. 
De volta ao enunciado da assertiva “c”, note-se que ele trata 
exatamente da hipótese do decreto-lei, pois sabemos que há diversos 
decretos-leis em pleno vigor nos dias atuais, em razão de sua recepção 
por compatibilidade material com a Constituição de 1988, mesmo 
sabendo-se que essa forma legislativa já não mais é prevista na 
Constituição de 1988. 
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A assertiva “d” está errada, porque afirma que se admite a invocação de 
direito adquirido contra norma provinda do poder constituinte originário. 
Sabemos que o poder constituinte originário é o poder que elabora uma 
nova Constituição. Logo, falar-se na invocação de direito adquirido 
“contra norma provinda do poder constituinte originário” é o mesmo que 
falar-se na invocação de direito adquirido “contra uma nova 
Constituição”. E, sobre esse assunto, é firme a jurisprudência do STF no 
sentido de que não há direito adquirido frente a uma nova Constituição. 
Significa dizer que não há nenhum impedimento a que uma nova 
Constituição afaste direitos adquiridos sob a vigência da Constituição 
pretérita. Isso porque uma das características do poder constituinte 
originário é o seu caráter ilimitado ou autônomo, segundo o qual, na 
elaboração da nova Constituição, não está ele limitado pelo direito 
anterior, não tendo que respeitar quaisquer limites postos pelo direito 
positivo antecessor. 
A assertiva “e” está errada, porque as normas anteriores à Constituição 
com esta materialmente incompatíveis são consideradas simplesmente 
revogadas, e não inconstitucionais. 
Com efeito, é firme a jurisprudência do STF no sentido de que a nova 
Constituição revoga as normas ordinárias pretéritas com ela 
materialmente incompatíveis. Assim, uma lei de 1980, cujo conteúdo é 
materialmente incompatível com a Constituição de 1988, foi 
simplesmente revogada por esta em 5/10/1988, data de sua 
promulgação. 
Alguns constitucionalistas defendem que nessa hipótese não teríamos 
propriamente uma revogação, mas sim um caso de 
inconstitucionalidade superveniente. A Lei de 1980, cujo conteúdo é 
incompatível com a Constituição Federal de 1988, tornar-se-ia 
inconstitucional frente a esta em 5/10/1988, data de promulgação do 
novo texto constitucional. Para esses, teríamos, então, um caso de 
inconstitucionalidade superveniente, isto é, uma inconstitucionalidade 
que ocorreria no futuro, em razão da promulgação de um novo texto 
constitucional em sentido contrário (ou seja: a lei editada em 1980 
tornar-se-ia inconstitucional no futuro, em 5/10/1988, em razão da 
promulgação do novo texto constitucional em sentido contrário). 
Porém, o STF não admite a tese da inconstitucionalidade superveniente. 
Para o Tribunal, a nova Constituição simplesmente revoga as leis 
anteriores com ela materialmente incompatíveis. 
A fundamentação para esse entendimentodo STF é que a 
inconstitucionalidade nada mais é do que um desrespeito à Constituição 
e que, portanto, em 1980 o legislador não tinha como desrespeitar a 
Constituição Federal de 1988, por uma simples e óbvia razão: ela não 
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existia! Logo, para o STF, só se pode falar em inconstitucionalidade de 
uma norma em face da Constituição de sua época, jamais em relação a 
uma Constituição futura. O conflito material entre norma antiga e 
Constituição futura resolve-se pela revogação, e não pela 
inconstitucionalidade superveniente. 
Veja que, segundo esse entendimento do STF (que é o válido para a 
prova, evidentemente!), não podemos jamais falar em 
inconstitucionalidade de uma norma pré-constitucional, editada antes de 
5/10/1988, em face da Constituição Federal de 1988. Mesmo que uma 
lei pré-constitucional desrespeite a todos os incisos do art. 5º da 
Constituição Federal de 1988 não poderá ela ser hoje declarada 
inconstitucional por esse motivo! Por quê? Porque uma norma só pode 
ser considerada inconstitucional em confronto com a Constituição de sua 
época, jamais em face de uma Constituição futura. Essa lei antiga 
materialmente incompatível com o art. 5º da Constituição Federal de 
1988 foi simplesmente revogada por esta, em 5/10/1988. 
Para concluirmos os comentários a essa questão, vamos a uma dúvida 
que sempre surge nas minhas aulas presenciais. A dúvida é a seguinte: 
podemos afirmar, então, que o Poder Judiciário não realiza controle de 
constitucionalidade do direito pré-constitucional em confronto com a 
Constituição Federal de 1988? 
Não, não podemos afirmar isso. O Poder Judiciário pode sim realizar, 
hoje, controle de constitucionalidade do direito pré-constitucional em 
confronto com a Constituição de 1988. Mas como, se não podemos falar 
em inconstitucionalidade nesse caso? 
Muito simples. O Poder Judiciário realizará controle de 
constitucionalidade do direito pré-constitucional, mas não para declarar 
a norma antiga “constitucional” ou “inconstitucional” frente à 
Constituição de 1988. Ao examinar a validade da norma antiga, decidirá 
o Poder Judiciário se ela foi revogada pela Constituição de 1988 (por 
incompatibilidade material) ou se foi recepcionada por esta (por 
compatibilidade material). Entendeu? Há controle de 
constitucionalidade, mas não para a declaração da constitucionalidade 
ou inconstitucionalidade da norma pré-constitucional em confronto com 
a Constituição de 1988 (e sim para o reconhecimento da revogação ou 
da recepção da norma antiga pela nova Constituição de 1988). 
Bem, como este curso on-line é de revisão em exercícios (o que 
pressupõe um pré-conhecimento da disciplina!), podemos avançar um 
pouco. Vejamos o que acontece com o julgamento de uma argüição de 
descumprimento de preceito fundamental – ADPF pelo STF. 
Sabe-se que a ADPF é a ação do controle concentrado perante o STF 
que admite a aferição da validade de leis federais, estaduais, distritais e 
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municipais, inclusive anteriores à Constituição de 1988 (pré-
constitucionais). Logo, na ADPF, o STF aprecia a validade do direito pré-
constitucional (editado antes de 5/10/1988) ou do direito pós-
constitucional (editado após 5/10/1988), mas sempre em confronto 
com a Constituição Federal de 1988. 
No julgamento de uma ADPF pelo STF temos, então, o seguinte: 
a) se a norma objeto da ação é pós-constitucional (editada após 
5/10/1988), a decisão do STF reconhecerá a sua constitucionalidade ou 
a sua inconstitucionalidade; 
b) se a norma objeto da ação é pré-constitucional (editada em data 
anterior a 5/10/1988), reconhecerá o STF a sua revogação pela CF/88 
(no caso de incompatibilidade material) ou a sua recepção pela CF/88 
(no caso de compatibilidade material). 
Esse mesmo raciocínio é aplicável ao controle concreto ou incidental, 
realizado pela via difusa. Quando o Poder Judiciário aprecia, diante de 
um caso concreto, a validade de uma lei em confronto com a 
Constituição de 1988, temos o seguinte: 
a) se a lei é pós-constitucional, a decisão reconhece a sua 
constitucionalidade ou a sua inconstitucionalidade; 
b) se a lei é pré-constitucional, a decisão reconhece a sua revogação ou 
a sua recepção. 
Olha, que questão excelente essa da Esaf! A partir dela, conseguimos 
revisar praticamente todos os aspectos relevantes sobre a força de uma 
nova Constituição sobre o direito pré-constitucional. 
 
2) (ESAF/PFN/2006) Considerando o Direito Brasileiro, assinale a opção 
correta, no que diz respeito às conseqüências da ação do poder 
constituinte originário. 
a) Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituição entrega à 
competência privativa dos Municípios fica imediatamente revogada com 
o advento da nova Carta. 
b) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob 
cuja regência foi editada, mas que, até o advento da nova Constituição, 
nunca fora objeto de controle de constitucionalidade, não é considerada 
recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade 
material e esteja de acordo com o novo processo legislativo. 
c) Para que a lei anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto 
Magno, é mister que seja compatível com este, tanto do ponto de vista 
da forma legislativa como do conteúdo dos seus preceitos. 
d) Normas não recebidas pela nova Constituição são consideradas, 
ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade superveniente. 
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e) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal convergem para afirmar que normas da Constituição anterior ao 
novo diploma constitucional, que com este não sejam materialmente 
incompatíveis, são recebidas como normas infraconstitucionais. 
Gabarito: “b” 
Comentário. 
A assertiva “a” está errada, porque a mudança na competência para o 
tratamento da matéria não prejudica a recepção da lei pré-
constitucional. Na hipótese desta assertiva, a competência para o 
tratamento da matéria, na vigência da Constituição pretérita, pertencia 
à União, que, à época, editou a lei federal correspondente. Como a nova 
Constituição repassou essa competência aos Municípios, se a lei federal 
pretérita for materialmente compatível com o novo texto constitucional, 
será ela recepcionada, e continuará sendo utilizada pelos Municípios até 
que esses venham a editar suas próprias leis locais sobre o assunto. 
Nesse caso, diz-se que a lei federal foi recepcionada “com status de lei 
municipal”, significando dizer que, no novo ordenamento constitucional, 
terá ela “comportamento de lei municipal”, podendo o seu texto ser 
afastado por leis municipais posteriores. Caso a competência para o 
tratamento da matéria houvesse sido repassada para os Estados, a lei 
federal teria sido recepcionada “com status de lei estadual” e, portanto, 
poderia ser posteriormente afastada por leis estaduais. 
A assertiva “b” foi considerada certa pela Esaf. Esse assunto é muito 
polêmico, e depois de dez anos acompanhando provas de concursos, 
essa é a primeira vez que o vejo sendo cobrado por uma banca 
examinadora. Mas, como tudo na vida tem a primeira vez, vamos 
entender a controvérsia que cerca esse assunto. 
Pelo que estudamos nesta aula até aqui (e muito provavelmente pelo 
que você aprendeu com os seus professores até aqui também!), são 
dois os requisitos para que uma lei ordinária pré-constitucional possa 
ser recepcionada pela nova Constituição: (a) estar em vigor no 
momento da promulgação da nova Constituição; e (b) ser 
materialmente compatível com a nova Constituição. 
Acercadesses dois requisitos não há controvérsia alguma, conforme 
explicado nos dois parágrafos seguintes. 
Se a lei pré-constitucional não estiver em vigor no momento da 
promulgação da nova Constituição, não poderá ela ser recepcionada, em 
hipótese alguma. Enfim, se a lei pré-constitucional foi retirada do 
ordenamento jurídico antes da data da promulgação da nova 
Constituição (pela revogação ou pela declaração de 
inconstitucionalidade), é certo que ela não poderá mais ser 
recepcionada. Nesse caso, o que poderá ocorrer será a sua 
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repristinação, caso a nova Constituição traga disposição expressa 
nesse sentido (poderá ocorrer a repristinação expressa). 
Da mesma forma, se a lei pré-constitucional for incompatível 
materialmente com a nova Constituição, ela será simplesmente 
revogada por esta. 
Portanto, como dito antes, não há nenhuma controvérsia sobre a 
existência desses dois requisitos para o fim de recepção do direito 
ordinário pré-constitucional. 
Onde está, então, a controvérsia? A controvérsia está em saber se há 
um terceiro requisito para o fim de recepção de uma lei pré-
constitucional. Que requisito seria esse? Esse requisito poderia ser assim 
indicado: “ter sido a lei validamente elaborada em relação à 
Constituição de sua época”. Ou, ainda, na seguinte pergunta: “uma lei 
que desrespeita a Constituição de 1969, mas que ainda não foi 
declarada inconstitucional na data da promulgação da Constituição de 
1988, pode ser recepcionada por esta”? Ou, finalmente, assim: “uma lei 
que esteja em vigor na data da promulgação da Constituição de 1988 e 
seja materialmente compatível com esta, poderá ser recepcionada, 
ainda que seja inválida em relação à Constituição de 1969?” 
Não há consenso sobre esse assunto. 
Há os que defendem que se a lei ainda não foi retirada do ordenamento 
jurídico e é materialmente compatível com a nova Constituição, ela será 
recepcionada e pronto, nada importando a sua relação com a 
Constituição pretérita (isto é, nada importando se ela desrespeita ou 
não a Constituição pretérita). Para esses, uma vez promulgada a nova 
Constituição, daí por diante só interessa a relação da lei pré-
constitucional com o novo texto constitucional, não tendo mais nenhuma 
importância, para o fim de recepção, o fato de a lei desrespeitar a 
Constituição pretérita. 
Para outros, a coisa é diferente. Se a lei desrespeita a Constituição de 
sua época, ainda que esteja em pleno vigor no momento da 
promulgação da nova Constituição, e seja com esta plenamente 
compatível, não poderá ela ser recepcionada. Para esses, a validade da 
lei deve ser aferida levando-se em conta a Constituição em vigor no 
momento da sua elaboração. Logo, se a lei desrespeita a Constituição 
que vigorava quando ela foi editada, tal lei já nasceu morta – e, 
portanto, não poderá ser recepcionada pela nova Constituição. 
Veja que, nessa questão, a Esaf adotou esse segundo entendimento, 
segundo o qual uma lei pré-constitucional que desrespeita a 
Constituição pretérita, que vigorava quando ela foi editada, não pode 
ser recepcionada, mesmo que ainda esteja no ordenamento jurídico na 
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data da promulgação da nova Constituição e seja com esta 
materialmente compatível. 
Na prática, seguindo essa posição adotada pela Esaf, seriam três (e não 
apenas dois!) os requisitos para que uma lei pré-constitucional seja 
recepcionada, a saber: 
a) estar em vigor na data da promulgação da nova Constituição; 
b) ser materialmente compatível com a nova Constituição; 
c) ter sido validamente elaborada em relação à Constituição pretérita, 
que vigorava no momento de sua elaboração. 
Pois é, eu acho uma pena a Esaf cobrar em prova matéria tão polêmica 
como essa, mas, fazer o quê, não adianta ficarmos brigando com banca 
examinadora... 
A assertiva “c” está errada porque, como vimos, para o fim de recepção 
do direito pré-constitucional só interessa a aferição da compatibilidade 
material, ligada ao conteúdo da norma. A compatibilidade formal é 
absolutamente irrelevante. Logo, a menção à necessidade de 
compatibilidade da forma legislativa invalida essa assertiva. 
A assertiva “d” está errada porque as normas pré-constitucionais não 
recebidas (não recepcionadas) pela nova Constituição são consideradas 
meramente revogadas. Não há que se falar em inconstitucionalidade 
superveniente, mas sim em mera revogação do direito pré-
constitucional não compatível com a nova Constituição. 
A assertiva “e” está errada, porque todas as normas da Constituição 
pretérita são integralmente revogadas pela nova Constituição, ainda que 
supostamente compatíveis com o novo texto constitucional. A assertiva, 
ao afirmar que as normas da Constituição pretérita que não sejam 
materialmente incompatíveis com a nova Constituição são recebidas por 
esta como normas infraconstitucionais, está apresentando a tese da 
desconstitucionalização, que, como vimos, não é adotada no Brasil. 
 
3) (ESAF/PROMOTOR/CE/2001) A respeito do poder constituinte 
originário, assinale a opção que consigna a assertiva correta. 
a) De acordo com a opinião predominante, as normas da Constituição 
anterior, não incompatíveis com a nova Lei Maior, continuam válidas e 
em vigor, embora com status infraconstitucional. 
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as normas 
ordinárias anteriores à nova Constituição, com esta materialmente 
compatíveis, mas elaboradas por procedimento diverso do previsto pela 
nova Carta, tornam-se constitucionalmente inválidas. 
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c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a 
superveniência de norma constitucional materialmente incompatível com 
o direito ordinário anterior opera a revogação deste. 
d) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o 
advento de nova Constituição não pode afetar negativamente direitos 
adquiridos sob o regime constitucional anterior. 
e) Dá-se o nome de repristinação ao fenômeno da novação de fontes, 
que garante a continuidade da vigência, sob certas condições, do direito 
ordinário em vigor imediatamente antes da nova Constituição. 
Gabarito: “c” 
Comentário. 
A letra “a” está errada, porque afirma que as normas da Constituição 
antiga que não forem incompatíveis com a nova Constituição continuam 
válidas, com status infraconstitucional. O entendimento válido entre nós 
é que a nova Constituição revoga integralmente a Constituição antiga, 
ainda que haja compatibilidade entre os seus dispositivos. Na verdade, 
esse enunciado está defendendo a aplicação da tese da 
desconstitucionalização, que, como vimos, não é adotada no Brasil. 
A letra “b” está errada porque afirma que normas ordinárias antigas 
materialmente compatíveis com a nova Constituição, mas elaboradas 
por procedimento diverso do previsto pela nova Carta, tornam-se 
constitucionalmente inválidas. 
No exame da compatibilidade do direito pré-constitucional com a nova 
Constituição só nos interessa a chamada compatibilidade material, 
isto é, o conteúdo da norma. Só interessa saber se o conteúdo da norma 
antiga contraria ou não a nova Constituição. Em caso positivo, a norma 
antiga será revogada; em caso negativo, será ela recepcionada pela 
nova Constituição. Enfim, para se saber se uma norma antiga foi 
recepcionada ou não pela nova Constituição só interessa verificar se há 
compatibilidade material (de conteúdo) entre elas. 
Não interessa, em absolutamente nada, o exame da compatibilidade 
formal entre a norma antiga e a nova Constituição. Veja que o 
enunciado afirmaque o fato de a norma antiga ter sido elaborada por 
procedimento diverso do previsto na nova Constituição a invalidaria, o 
que não é verdade, pois se trata de aspecto meramente formal, que não 
prejudica a recepção. 
A assertiva “c” está certa. Segundo a jurisprudência do STF, a nova 
Constituição revoga as normas ordinárias antigas com ela 
materialmente incompatíveis. Uma lei de 1980, cujo conteúdo é 
incompatível com a Constituição Federal de 1988, foi simplesmente 
revogada por esta em 5/10/1988, data de promulgação do novo texto 
constitucional. 
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A assertiva “d” está errada porque afirma que uma nova Constituição 
não pode afetar direito adquirido sob o regime constitucional anterior. 
Ora, sabe-se que uma nova Constituição é obra do poder constituinte 
originário, que é um poder ilimitado ou autônomo, isto é, que não está 
sujeito a nenhum limite imposto pelo direito positivo anterior. Significa 
dizer, em simples palavras, que o poder constituinte originário, ao 
elaborar uma nova Constituição, não se submete à observância de 
nenhuma regra do ordenamento constitucional anterior, podendo criar o 
novo Estado de acordo com sua exclusiva conveniência, mesmo que, 
para isso, tenha que afastar direitos adquiridos na vigência do texto 
constitucional pretérito. Em 1988, por exemplo, a Assembléia Nacional 
Constituinte, no exercício do poder constituinte originário, poderia 
construir o novo Estado brasileiro sem obediência a nenhum limite 
imposto pela Constituição de 1969. 
Enfim, não há nenhum impedimento a que uma nova Constituição 
afaste direitos adquiridos sob a vigência da Constituição pretérita. Nesse 
sentido, é firme a jurisprudência do STF de que não há direito adquirido 
frente a uma nova Constituição. 
A assertiva “e” está errada porque confunde os conceitos de recepção e 
repristinação do direito pré-constitucional. 
A recepção é o fenômeno que garante a continuidade da vigência do 
direito ordinário pré-constitucional em vigor no momento da 
promulgação da nova Constituição, desde que presente a chamada 
compatibilidade material (de conteúdo). 
A repristinação é o fenômeno que garante o revigoramento do direito 
pré-constitucional que não estava em vigor no momento da 
promulgação da nova Constituição. No Brasil, a repristinação do direito 
anterior não-vigente no momento da promulgação da nova Constituição 
só ocorrerá se houver disposição expressa nesta (poderá ocorrer 
repristinação expressa). Se a nova Constituição nada disser a respeito, 
não haverá repristinação desse direito não-vigente (não há, em nosso 
ordenamento jurídico, repristinação tácita). 
 
Recepção Repristinação 
Para normas pré-constitucionais 
em vigor no momento da 
promulgação da nova Constituição 
Para normas pré-constitucionais 
não-vigentes no momento da 
promulgação da nova Constituição 
É fenômeno tácito, que não exige 
disposição expressa na nova 
Constituição 
Apenas ocorre se houver disposição 
expressa no texto da nova 
Constituição 
 
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4) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Suponha a existência de uma lei 
ordinária regularmente aprovada com base no texto constitucional de 
1969, a qual veicula matéria que, pela Constituição de 1988, deve ser 
disciplinada por lei complementar. Com base nesses elementos, pode-se 
dizer que tal lei 
a) foi revogada por incompatibilidade formal com a Constituição de 
1988. 
b) incorreu no vício de inconstitucionalidade superveniente em face da 
nova Constituição. 
c) pode ser revogada por outra lei ordinária. 
d) foi recepcionada com força de lei ordinária, mas somente pode ser 
modificada por lei complementar. 
e) pode ser revogada por emenda à Constituição Federal. 
Gabarito: “e” 
Comentário. 
Vimos que o fato de a Constituição pretérita exigir lei ordinária e a nova 
Constituição passar a exigir lei complementar não prejudica em nada a 
recepção da norma, pois essa distinção diz respeito à compatibilidade 
formal. Nesse caso, a lei ordinária será recepcionada normalmente, mas 
assumirá, no novo ordenamento constitucional, status de lei 
complementar. Significa dizer que, no novo ordenamento constitucional, 
a lei ordinária antiga não mais poderá ser revogada por outra lei 
ordinária, mas somente por outra lei complementar ou por norma de 
hierarquia superior (emenda constitucional). 
Com base nesse entendimento, passemos ao exame das assertivas. 
A assertiva “a” está errada porque, como dito, no conflito entre norma 
pré-constitucional e Constituição futura só interessa a compatibilidade 
material (conteúdo da norma), sendo absolutamente irrelevante a 
compatibilidade formal (aspectos formais de elaboração da norma). 
A assertiva “b” está errada porque afirma que haveria, na hipótese, vício 
de inconstitucionalidade superveniente. Já vimos que essa mudança de 
natureza formal – exigência de lei complementar para matéria até então 
disciplinada por lei ordinária – não prejudica em nada a recepção da 
norma antiga e que, também, a tese da inconstitucionalidade 
superveniente não é aceita no Brasil. 
A assertiva “c” está errada porque afirma que a lei ordinária antiga pode 
ser revogada por outra lei ordinária. Ora, se a nova Constituição exige 
lei complementar para o tratamento da matéria, significa dizer que a lei 
antiga foi recepcionada com força (status) de lei complementar, só 
podendo ser revogada no novo ordenamento constitucional por outra lei 
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complementar ou por emenda constitucional, que é norma de hierarquia 
superior à lei complementar 
A assertiva “d” está errada porque afirma que a lei antiga foi 
recepcionada com força de lei ordinária, o que não é correto. Se a nova 
Constituição exige lei complementar para o tratamento da matéria, a lei 
ordinária pré-constitucional foi recepcionada com força de lei 
complementar. 
A assertiva “e” está certa. Se a nova Constituição exige lei 
complementar para o tratamento da matéria, a lei ordinária antiga foi 
recepcionada com status de lei complementar, só podendo daí por 
diante ser revogada por outra lei complementar ou por emenda 
constitucional. 
Sobre esse aspecto, um comentário importante. 
Não é correto afirmar que uma lei ordinária pré-constitucional 
recepcionada com status de lei complementar “só pode ser revogada 
por outra lei complementar”. Poderá ela ser revogada por outra lei 
complementar ou por outra norma de hierarquia superior, que é o caso 
da emenda constitucional. 
Da mesma forma, não é correto afirmar que uma norma recepcionada 
com força de lei ordinária “só pode ser revogada por outra lei ordinária”. 
Ora, se a norma foi recepcionada com força de lei ordinária, poderá ser 
revogada por outra lei ordinária, por lei complementar, por lei delegada 
(se não se tratar de matéria vedada à lei delegada), por medida 
provisória (se não se tratar de matéria vedada à medida provisória) e 
por emenda constitucional. 
 
5) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002/MODIFICADA) Assinale a 
opção correta. 
a) A lei anterior à Constituição Federal incompatível, no seu conteúdo, 
com a nova Carta da República, deve ser declarada, por meio de ação 
direta de inconstitucionalidade, supervenientemente inconstitucional. 
b) As normas da Constituição de 1967/1969, que não entram, quanto ao 
seu conteúdo, em linha colidente com a Constituição de 1988, são 
consideradas como recebidas pela nova ordem, com status de lei 
complementar. 
c) A lei posterior à Constituição de 1988, mas anterior à reforma desta 
Carta validamente promovida por emenda constitucionalcom a qual 
referida lei é materialmente incompatível, é considerada revogada para 
todos os efeitos apenas a partir do instante em que o Supremo Tribunal 
Federal reconhece tal situação em decisão definitiva, e não a partir da 
entrada em vigor daquela emenda. 
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d) Todo Decreto-Lei editado antes da Constituição de 1988 perdeu 
eficácia depois da promulgação desta, uma vez que a ordem 
constitucional em vigor não previu tal instrumento normativo. 
e) Lei ordinária anterior à Constituição de 1988, com ela materialmente 
compatível, é tida como recebida pela nova ordem constitucional, 
mesmo que esta exija lei complementar para regular o assunto. 
Gabarito: “e” 
Comentário. 
A assertiva “a” afirma que uma lei pré-constitucional materialmente 
incompatível com a nova Constituição deve ser declarada, por meio de 
ação direta de inconstitucionalidade, supervenientemente 
inconstitucional. 
Vimos que o STF não admite a tese da ocorrência da 
inconstitucionalidade superveniente, segundo a qual uma lei tornar-se-ia 
supervenientemente inconstitucional em razão da promulgação de um 
novo texto constitucional em sentido contrário. Para o STF, a lei pré-
constitucional materialmente incompatível com a nova Constituição é 
simplesmente revogada por esta. Portanto, só esse aspecto já invalida 
a assertiva, pois não é juridicamente possível declarar a 
inconstitucionalidade de norma pré-constitucional frente à Constituição 
futura. 
Há um outro erro na assertiva que é a menção à ação direta de 
inconstitucionalidade – ADIN como meio para a declaração da 
inconstitucionalidade do direito pré-constitucional. Conforme veremos 
mais adiante, no exame do controle de constitucionalidade, a ADIN não 
admite como seu objeto direito pré-constitucional. Em hipótese alguma 
uma norma pré-constitucional (editada antes de 5/10/1988) poderá ser 
impugnada em ação direta de inconstitucionalidade perante o STF. 
Há, portanto, dois erros na assertiva “a”: (i) no caso de 
incompatibilidade material entre lei antiga e a nova Constituição não 
temos inconstitucionalidade superveniente, mas sim mera revogação da 
norma pré-constitucional; (ii) não caberia ação direta de 
inconstitucionalidade contra a lei, porque essa ação não admite como 
seu objeto normas pré-constitucionais. 
A assertiva “b” está errada porque a nova Constituição revoga 
integralmente a Constituição antiga, independentemente da 
compatibilidade entre os seus dispositivos. A tese da 
desconstitucionalização – que admite a recepção de dispositivos da 
Constituição pretérita com força de lei – não é adotada no Brasil. 
A assertiva “c” está errada. Sempre que entra em vigor um novo texto 
constitucional (isto é, sempre que entra em vigor uma nova Constituição 
ou uma nova emenda constitucional), a lei anterior materialmente 
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incompatível com esse novo texto constitucional é considerada 
tacitamente revogada nessa mesma data (data de entrada em vigor 
do novo texto constitucional). 
Exemplificando: se a Constituição de 1988 entrou em vigor em 
5/10/1988, nessa data todas as leis anteriores com ela materialmente 
incompatíveis foram revogadas. Da mesma forma, se determinada 
emenda constitucional entrou em vigor em 20/12/2004, nesta mesma 
data as leis anteriores com ela materialmente incompatíveis foram 
tacitamente revogadas. 
Importantíssimo esse ponto. Sempre que entra em vigor um novo texto 
constitucional, opera-se, nessa mesma data, a revogação das leis 
anteriores com ele materialmente incompatíveis e a recepção das leis 
anteriores com ele materialmente compatíveis. Esses fenômenos – 
recepção ou revogação do direito pré-constitucional pela nova 
Constituição – ocorrem tacitamente, com a simples entrada em vigor do 
novo texto constitucional. 
Isso não significa que no futuro não possamos ter dúvida sobre a 
recepção de determinada lei pré-constitucional. Podemos? Sem dúvida. 
Ainda hoje, diante de um caso concreto, é possível que tenhamos 
dúvida se determinada lei foi recepcionada ou revogada pela 
Constituição de 1988. Em que situação? 
Suponha um contrato celebrado no ano de 2006, sobre o qual 
supostamente incida determinada lei publicada no ano de 1985. Nesse 
caso, um dos sujeitos pode entender que essa lei pré-constitucional não 
é aplicável ao contrato, por ter sido revogada pela Constituição de 1988, 
em face de sua incompatibilidade material. Por sua vez, o outro sujeito 
pode entender que referida lei pré-constitucional foi recepcionada pela 
Constituição Federal de 1988, por ser com ela materialmente 
compatível. 
Diante dessa controvérsia, caberá ao sujeito que se sentir prejudicado 
recorrer ao Poder Judiciário para que este decida se referida lei de 1985 
foi revogada ou recepcionada pela Constituição Federal de 1988. 
Mas, qualquer decisão proferida pelo Poder Judiciário terá efeitos 
retroativos a 5/10/1988 (data da promulgação da CF/88). Assim, se o 
Poder Judiciário decidir, em 2007, que essa lei de 1985 foi revogada, 
essa revogação ocorreu em 5/10/1988 (data da entrada em vigor da 
vigente Constituição), e não na data da decisão judicial. O mesmo 
raciocínio vale para a hipótese do reconhecimento da recepção da 
norma. 
Enfim: a revogação (ou a recepção) do direito pré-constitucional ocorre 
sempre na data da entrada em vigor do novo texto constitucional 
(nova Constituição ou nova emenda constitucional). Mesmo que o Poder 
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Judiciário só reconheça formalmente a revogação (ou a recepção) em 
momento futuro, a decisão judicial retroagirá àquela data. 
Portanto, a assertiva “c” está errada porque afirma que a norma só é 
considerada revogada a partir da decisão do STF, o que não é verdade. 
Essa norma, materialmente incompatível com a nova emenda 
constitucional, é considerada revogada a partir da data de entrada em 
vigor da emenda. 
A assertiva “d” está errada porque afirma que todo o decreto-lei perdeu 
sua eficácia com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que 
não prevê essa espécie normativa. 
De fato, a Constituição de 1988 não prevê o instrumento normativo 
decreto-lei, haja vista sua substituição pela medida provisória. Porém, 
esse fato em nada retira a eficácia daqueles decretos-leis antigos 
materialmente compatíveis com a Constituição de 1988. Trata-se de 
aspecto meramente formal, que, como vimos, não prejudica a recepção 
do direito pré-constitucional. 
Assim, com a promulgação da Constituição de 1988, os decretos-leis 
com ela materialmente incompatíveis foram revogados e, aqueles 
materialmente compatíveis, foram por ela recepcionados e estão hoje 
em pleno vigor. 
Uma dúvida que sempre surge em sala de aula: se atualmente não 
temos a figura do decreto-lei no nosso processo legislativo, qual a força 
(status) que têm hoje os antigos decretos-leis que foram recepcionados? 
Depende. A força desses decretos-leis depende do novo tratamento 
dado à matéria pela Constituição Federal de 1988. Se a Constituição de 
1988 passou a exigir lei complementar para o tratamento da matéria 
disciplinada no decreto-lei antigo, este tem hoje status de lei 
complementar; se a Constituição Federal de 1988 exige lei ordinária 
para o tratamento da mesma matéria, o decreto-lei antigo tem hoje 
força de lei ordinária – e assim por diante. 
A assertiva “e” está certa, pois o fato de a Constituição de 1988 passar 
a exigir lei complementar para o tratamento de matéria até então 
disciplinada em lei ordinária não prejudica em nada a recepção dessa lei 
ordinária. Trata-se de aspecto meramente formal, irrelevantepara o fim 
de recepção. Nesse caso, se houver compatibilidade material, a lei 
ordinária antiga será recepcionada normalmente e assumirá, no novo 
ordenamento constitucional, status de lei complementar, só podendo ser 
revogada daí por diante por outra lei complementar ou por emenda 
constitucional. 
 
6) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A legislação federal anterior à 
Constituição de 1988 e regularmente aprovada com base na 
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competência da União definida no texto constitucional pretérito é 
considerada recebida como estadual ou municipal se a matéria por ela 
disciplinada passou segundo a nova Constituição para o âmbito de 
competência dos Estados ou dos Municípios, conforme o caso, não se 
podendo falar em revogação daquela legislação em virtude dessa 
mudança de competência promovida pelo novo texto constitucional. 
Item CERTO. 
Comentário. 
A questão é muito simples, senão vejamos. 
No regime constitucional anterior, a competência sobre determinada 
matéria pertencia à União, que havia editado lei federal sobre o assunto. 
Se a Constituição futura repassar a competência sobre a matéria para os 
estados-membros, a lei federal antiga será recepcionada com força de 
lei estadual e,daí por diante, poderá ser afastada por lei estadual. 
Ou, se a Constituição futura repassar a competência sobre a matéria 
para os Municípios, a lei federal antiga será recepcionada com força de 
lei municipal edaí por diante, poderá ser afastada por lei municipal. 
Enfim, a mudança da competência para o tratamento da matéria – da 
União para os Estados ou para os Municípios - não prejudica a recepção, 
apenas altera o status da norma. 
 
7) (ESAF/AFRF/2000) Sabe-se que a Constituição em vigor não prevê a 
figura do Decreto-Lei. Sobre um Decreto-Lei, editado antes da 
Constituição em vigor, cujo conteúdo é compatível com esta, é possível 
afirmar: 
a) Continua a produzir efeitos na vigência da nova Carta, por força 
do mecanismo da recepção. 
b) Deve ser considerado formalmente inconstitucional e, por isso, 
insuscetível de produzir efeitos, pelo menos a partir da Constituição de 
1988. 
c) Deve ser considerado revogado com o advento da nova 
Constituição. 
d) Deve ser considerado repristinado, podendo produzir efeitos 
parciais. 
e) Passa a valer como decreto autônomo, perdendo a sua eficácia 
com relação às matérias submetidas ao princípio da legalidade. 
Gabarito: “a” 
Comentário. 
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Vimos que, para o fim de recepção do direito pré-constitucional, só é 
relevante a compatibilidade material (conteúdo da norma). 
Logo, se houver compatibilidade material (de conteúdo) entre a norma 
antiga e a nova Constituição, a norma antiga será recepcionada, nada 
importando os aspectos meramente formais (processo legislativo, forma 
legislativa da norma antiga etc.). 
Como a assertiva diz que o conteúdo do decreto-lei antigo é compatível 
com a Constituição Federal de 1988, será ele por esta recepcionado 
(mesmo sabendo-se que a Constituição Federal de 1988 não prevê o 
instrumento normativo decreto-lei em seu processo legislativo). 
 
8) (ESAF/ANALISTA/BACEN/2001) Não se pode discutir em juízo a 
validade de uma lei em face da Constituição que vigorava quando o 
diploma foi editado, se a lei é plenamente compatível com a 
Constituição que se encontra atualmente em vigor. 
Item ERRADO. 
Comentário. 
Esse enunciado, de altíssimo nível, nos remete ao assunto controle de 
constitucionalidade do direito pré-constitucional. 
Vejam que o examinador quer saber se é possível hoje, na vigência da 
Constituição de 1988, discutir perante o Poder Judiciário a validade de 
uma lei antiga em face da Constituição antiga (vigente na época da 
elaboração da lei), mesmo sabendo que essa lei antiga é plenamente 
compatível com a Constituição Federal de 1988. 
Imaginem uma lei pré-constitucional publicada no ano de 1985, sob a 
vigência da Constituição de 1969. O examinador quer saber se é 
possível hoje, na vigência da Constituição de 1988, discutir a validade 
dessa lei de 1985 em face da Constituição de 1969, sabendo-se que a 
lei é plenamente compatível com a Constituição de 1988. 
Observem que não se quer discutir a validade da lei pré-constitucional 
em confronto com a Constituição futura, de 1988. Não, não é isso. O 
próprio enunciado já afirma que a lei antiga é plenamente compatível 
com a Constituição de 1988. A discussão é se a lei é válida (ou não) em 
face da Constituição de 1969, em vigor no ano de 1985, quando a lei foi 
editada. 
E então, pode hoje o indivíduo recorrer ao Poder Judiciário pleiteando a 
declaração da inconstitucionalidade de uma lei de 1985 por desrespeito 
à Constituição de 1969, mesmo sabendo que essa lei é compatível com 
a Constituição de 1988? 
A resposta é afirmativa. 
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Se a lei é pré-constitucional, podemos afirmar que até 4/10/1988 
(último dia da vigência da Constituição de 1969) a sua validade foi 
regulada pela Constituição de 1969. Vale dizer, até 4/10/1988 a 
validade da lei estava sujeita à observância do texto e princípios da 
Constituição de 1969. Concordam? 
Logo, se nesse período o indivíduo foi prejudicado por essa lei (na 
celebração de determinado contrato, por exemplo), poderá requerer 
hoje ao Poder Judiciário a declaração de sua inconstitucionalidade em 
confronto com a Constituição de 1969, com o fim de afastar a sua 
aplicação ao caso concreto. Se o indivíduo quer afastar a aplicação da lei 
àquele período pretérito, deverá discutir a sua validade em face da 
Constituição de 1969, pois era esta que regulava a validade da lei 
naquele período. 
Ainda sobre esse assunto, três aspectos merecem destaque. 
O primeiro é que, nesse caso, o Poder Judiciário declarará a 
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei antiga em face da 
Constituição de sua época. Não é caso para reconhecimento da 
revogação ou da recepção da lei pré-constitucional, pois o confronto não 
é com Constituição futura, mas sim com a Constituição da época da 
publicação da lei. 
O segundo é que o Poder Judiciário apreciará a compatibilidade material 
e formal da lei antiga em confronto com a Constituição de sua época, e 
não somente a Compatibilidade material, como ocorre no confronto com 
uma Constituição futura. É que a lei deve obediência material (de 
conteúdo) e também formal (processo de elaboração) em relação à 
Constituição de sua época. Diferentemente do confronto com 
Constituição futura, em que só há relevância no exame da 
compatibilidade material (conteúdo da norma). 
O terceiro é que esse controle de constitucionalidade em confronto com 
Constituição pretérita só é possível diante de um caso concreto. Só 
poderá impugnar a lei pré-constitucional em face da Constituição 
pretérita aquele que houver sido prejudicado por ela, em um caso 
concreto. Não existe controle abstrato em confronto com Constituição 
pretérita. Todo o controle abstrato só se presta à aferição da validade de 
normas em confronto com a Constituição Federal de 1988 – jamais 
frente a Constituição pretérita! 
 
A partir dessas considerações, podemos concluir que o direito pré-
constitucional pode ser objeto de controle de constitucionalidade em 
face da Constituição de sua época e, também, em face da Constituição 
futura, conforme síntese apresentada no quadro abaixo: 
 
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Controle de constitucionalidade do direito pré-constitucional 
Em face da Constituiçãode sua 
época 
Em face da Constituição futura 
Para o reconhecimento da 
constitucionalidade ou da 
inconstitucionalidade 
Para o reconhecimento da recepção 
ou da revogação 
Exame da compatibilidade material 
e formal 
Exame somente da compatibilidade 
material 
Somente controle concreto Controle concreto ou abstrato, na 
via da argüição de descumprimento 
de preceito fundamental - ADPF 
 
9) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É possível em recurso extraordinário 
julgado na vigência da Constituição de 1988 declarar a 
inconstitucionalidade de lei anterior a essa Carta por incompatibilidade 
material ou formal com a Constituição pretérita. 
Item CERTO. 
Comentário. 
A assertiva trata do mesmo assunto do item anterior, no qual vimos que 
é possível, sob a vigência da Constituição de 1988, discutir a validade 
do direito pré-constitucional em confronto com a Constituição pretérita. 
O recurso extraordinário é o meio idôneo para se levar à apreciação do 
STF controvérsia constitucional suscitada em casos concretos, 
apreciados pelos juízos inferiores. É o meio pelo qual o STF poderá ser 
provocado para decidir sobre a validade do direito pré-constitucional em 
confronto com Constituição pretérita. 
Importante notar que o examinador fez expressa menção à 
incompatibilidade material e formal, deixando claro que, no confronto do 
direito pré-constitucional com a Constituição de sua época, interessa-
nos não só a compatibilidade material (de conteúdo), mas também a 
compatibilidade formal (de forma, de processo de elaboração). 
Bem, até agora só vimos questões da Esaf sobre esse assunto. Vamos, 
daqui por diante, dar uma olhada em alguns exercícios do Cespe/Unb e 
da Fundação Carlos Chagas – FCC, a fim de que você tenha uma idéia 
de como essas bancas abordam em seus concursos os mesmos pontos 
até aqui estudados. 
 
10) (CESPE/PROCURADOR/TCPE/2004) Considere a seguinte situação 
hipotética. Uma lei foi publicada na vigência da Constituição anterior e 
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se encontrava no prazo de vacatio legis. Durante esse prazo, foi 
promulgada uma nova Constituição. Nessa situação, segundo a 
doutrina, a lei não poderá entrar em vigor. 
Item CERTO. 
Comentário. 
Sabe-se que cabe ao legislador a fixação do momento de entrada em 
vigor da lei. 
Como regra, o legislador fixa para o início da vigência a data da 
publicação da lei. Por isso é comum, no texto da lei, a presença do 
seguinte comando: “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação”. 
Porém, nem sempre é assim. 
O legislador poderá diferir o início da vigência da lei para um momento 
futuro à sua publicação. Publica-se a lei em janeiro de 2006, mas difere-
se a sua entrada em vigor para julho de 2006, por exemplo. 
O legislador poderá, ainda, ser omisso quanto ao início da entrada em 
vigor da lei (isto é, o texto da lei pode não fixar a data de início da sua 
vigência). 
Nesse caso – omissão do legislador quanto à data do início da vigência 
da lei -, aplica-se o disposto no art. 1º da Lei de Introdução do Código 
Civil – LICC, segundo o qual a lei começa a vigorar em todo o país 45 
dias depois de oficialmente publicada, e nos Estados estrangeiros depois 
de 3 meses da publicação oficial. 
Em todos esses casos, o período compreendido entre a publicação e a 
entrada em vigor da lei é chamado de vacatio legis (vacância da lei). 
Diz-se “vacância da lei” porque a lei já integra o ordenamento jurídico, 
mas permanece em estado de vacância, sem incidência, sem força 
obrigatória em relação aos seus destinatários. 
Fixada essa breve noção sobre a vacatio legis, passemos ao exame do 
exercício: o que acontece se for publicada uma nova Constituição no 
período de vacatio legis? A norma vacante entrará em vigor no novo 
ordenamento constitucional que se inicia? 
Imagine uma lei publicada em setembro de 1988, omissa quanto à data 
de sua entrada em vigor. Diante da omissão, essa lei só entraria em 
vigor no país após 45 dias de sua publicação. Logo, na data da 
promulgação da Constituição Federal de 1988 (5/10/1988) a lei estaria 
durante o período da vacatio legis. Poderia essa lei entrar em vigor no 
novo ordenamento constitucional que se inicia? 
Embora não exista consenso a respeito, o entendimento doutrinário 
dominante é no sentido negativo, de que a norma vacante não entrará 
em vigor no novo ordenamento constitucional que se inicia, vale dizer, 
não poderá ela ser recepcionada pela nova Constituição. Por que não? 
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Porque a norma não estava em vigor na data da promulgação do novo 
texto constitucional e, como vimos, a recepção do direito pré-
constitucional materialmente compatível só alcança as normas “em 
vigor” no momento da promulgação da nova Constituição. 
 
11) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2005) No caso brasileiro, os 
efeitos do exercício do poder constituinte derivado sobre a legislação 
anterior à promulgação do novo texto constitucional são de duas 
naturezas: ou as normas são recepcionadas, por estarem formal e 
materialmente em conformidade com o novo texto constitucional, ou 
são consideradas revogadas por inconstitucionalidade. 
Item ERRADO. 
Comentário. 
Todas as afirmações desse item estão erradas! Sabe-se que o poder 
constituinte originário é aquele que elabora uma nova Constituição. Ora, 
conforme estudamos exaustivamente nesta aula, os efeitos do poder 
constituinte originário sobre a legislação anterior à promulgação do novo 
texto constitucional são os seguintes: (a) ou as normas são 
recepcionadas, por estarem materialmente em conformidade com o 
novo texto constitucional; ou (b) são consideradas revogadas, por 
incompatibilidade material com o novo texto constitucional. 
Logo, o enunciado está errado por dois motivos: primeiro, porque, no 
caso da recepção, não há necessidade de compatibilidade formal, basta 
que haja compatibilidade material; segundo, porque a revogação do 
direito pré-constitucional não se dá em razão de inconstitucionalidade, 
mas sim de mera incompatibilidade material. 
 
12) (FCC/AUDITOR/TCE-MG/2005) A legislação infraconstitucional 
editada anteriormente à Constituição de 1988 
(A) perdeu eficácia 180 dias após a sua promulgação. 
(B) foi implicitamente revogada e, na seqüência, repristinada. 
(C) continua integralmente válida. 
(D) foi republicada a fim de ter validade formal. 
(E) foi recepcionada nos aspectos que não contrariam as novas normas 
constitucionais. 
Gabarito: “e” 
Comentário. 
O enunciado nos traz uma indagação genérica sobre o destino do direito 
infraconstitucional editado em data anterior à promulgação da 
Constituição de 1988. Sabemos que o direito infraconstitucional pré-
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constitucional: (a) foi recepcionado pela Constituição de 1988, no caso 
de compatibilidade material com o novo texto constitucional; ou (b) foi 
revogado pela nova Constituição, em razão de incompatibilidade 
material com o novo texto constitucional. A assertiva que responde ao 
enunciado da questão é, portanto, a letra “e”. 
 
13) (FCC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MP-PE/2002) A Constituição 
considerava que uma determinada matéria podia ser regulada por lei 
ordinária, sendo certo que a nova Constituição exige lei complementar. 
Nesse caso, a lei ordinária votada sob a vigência do anterior texto 
constitucional é considerada, havendo compatibilidade com o texto 
atual, 
(A) revogada, por inconstitucionalidade material, uma vez que essa 
matéria só pode ser regulada por lei complementar. 
(B) revogada, por defeito formal, devendo uma leicomplementar ser 
votada com preferência absoluta de tramitação pelo Congresso Nacional. 
(C) repristinada, visto que, mesmo votada em época anterior à 
Constituição, mantém sua vigência por não conflitar com o novo texto. 
(D) recepcionada, porque recebida pela Constituição nova, mas será 
sempre uma lei ordinária e por outra lei ordinária poderá ser revogada. 
(E) recepcionada, agora com status de lei complementar, tanto que só 
poderá ser revogada por uma lei desse tipo. 
Gabarito: “e” 
Comentário. 
O enunciado é muito simples. A Constituição pretérita exigia lei ordinária 
para disciplinar determinada matéria, ao passo que a nova Constituição 
passou a exigir lei complementar. Nesse caso, caso haja compatibilidade 
material, a lei ordinária editada na vigência da Constituição pretérita 
será recepcionada pela nova Constituição, mas com status de lei 
complementar. Afirmar que a lei ordinária pré-constitucional será 
recepcionada “com status de lei complementar” significa dizer que, na 
vigência da nova Constituição, tal lei não mais poderá ser revogada por 
lei ordinária, mas somente por outra lei complementar ou por norma de 
hierarquia superior, que é o caso de emenda à Constituição. 
Essa questão da Fundação Carlos Chagas não está bem formulada, pois 
tal lei não só poderá ser revogada por lei complementar, mas, também, 
por normas de hierarquia superior (emendas constitucionais). Mas, 
como eu disse anteriormente, não podemos “brigar” com a banca 
examinadora! Temos que, nesses casos, marcar a opção “mais correta”. 
Bem, de qualquer forma, por eliminação, podemos verificar que as 
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outras assertivas apresentadas na questão estão nitidamente erradas, o 
que nos levaria a marcarmos a letra “e” como resposta desta questão. 
Bons estudos! Valorize esse tema, pois ele tem sido cobrado em 
concursos de forma bastante avançada. Caso remanesçam dúvidas, 
trocaremos idéias no fórum criado para esse fim. 
Vicente Paulo 
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LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA 
 
1) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assinale a opção 
correta. 
a) Com o advento de uma nova Constituição, normas da Constituição 
anterior que sejam compatíveis com o novo diploma continuam a 
vigorar, embora com força de lei. 
b) Chama-se Constituição outorgada aquela que é votada pelos 
representantes do povo especialmente convocados para elaborar o novo 
Estatuto Político. 
c) Normas de lei ordinária anteriores à nova Constituição que sejam com 
essa materialmente compatíveis são tidas como recebidas, mesmo que 
se revistam de forma legislativa que já não mais é prevista na nova 
Carta. 
d) Admite-se pacificamente entre nós a invocação do direito adquirido 
contra norma provinda do poder constituinte originário. 
e) Assentou-se a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido 
de que as normas anteriores à Constituição com essa materialmente 
incompatíveis são consideradas inconstitucionais e, não, meramente 
revogadas. 
 
2) (ESAF/PFN/2006) Considerando o Direito Brasileiro, assinale a opção 
correta, no que diz respeito às conseqüências da ação do poder 
constituinte originário. 
a) Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituição entrega à 
competência privativa dos Municípios fica imediatamente revogada com 
o advento da nova Carta. 
b) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob 
cuja regência foi editada, mas que, até o advento da nova Constituição, 
nunca fora objeto de controle de constitucionalidade, não é considerada 
recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade 
material e esteja de acordo com o novo processo legislativo. 
c) Para que a lei anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto 
Magno, é mister que seja compatível com este, tanto do ponto de vista 
da forma legislativa como do conteúdo dos seus preceitos. 
d) Normas não recebidas pela nova Constituição são consideradas, 
ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade superveniente. 
e) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal convergem para afirmar que normas da Constituição anterior ao 
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novo diploma constitucional, que com este não sejam materialmente 
incompatíveis, são recebidas como normas infraconstitucionais. 
 
3) (ESAF/PROMOTOR/CE/2001) A respeito do poder constituinte 
originário, assinale a opção que consigna a assertiva correta. 
a) De acordo com a opinião predominante, as normas da Constituição 
anterior, não incompatíveis com a nova Lei Maior, continuam válidas e 
em vigor, embora com status infraconstitucional. 
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as normas 
ordinárias anteriores à nova Constituição, com esta materialmente 
compatíveis, mas elaboradas por procedimento diverso do previsto pela 
nova Carta, tornam-se constitucionalmente inválidas. 
c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a 
superveniência de norma constitucional materialmente incompatível com 
o direito ordinário anterior opera a revogação deste. 
d) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o 
advento de nova Constituição não pode afetar negativamente direitos 
adquiridos sob o regime constitucional anterior. 
e) Dá-se o nome de repristinação ao fenômeno da novação de fontes, 
que garante a continuidade da vigência, sob certas condições, do direito 
ordinário em vigor imediatamente antes da nova Constituição. 
 
4) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Suponha a existência de uma lei 
ordinária regularmente aprovada com base no texto constitucional de 
1969, a qual veicula matéria que, pela Constituição de 1988, deve ser 
disciplinada por lei complementar. Com base nesses elementos, pode-se 
dizer que tal lei 
a) foi revogada por incompatibilidade formal com a Constituição de 
1988. 
b) incorreu no vício de inconstitucionalidade superveniente em face da 
nova Constituição. 
c) pode ser revogada por outra lei ordinária. 
d) foi recepcionada com força de lei ordinária, mas somente pode ser 
modificada por lei complementar. 
e) pode ser revogada por emenda à Constituição Federal. 
 
5) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002/MODIFICADA) Assinale a 
opção correta. 
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a) A lei anterior à Constituição Federal incompatível, no seu conteúdo, 
com a nova Carta da República, deve ser declarada, por meio de ação 
direta de inconstitucionalidade, supervenientemente inconstitucional. 
b) As normas da Constituição de 1967/1969, que não entram, quanto ao 
seu conteúdo, em linha colidente com a Constituição de 1988, são 
consideradas como recebidas pela nova ordem, com status de lei 
complementar. 
c) A lei posterior à Constituição de 1988, mas anterior à reforma desta 
Carta validamente promovida por emenda constitucional com a qual 
referida lei é materialmente incompatível, é considerada revogada para 
todos os efeitos apenas a partir do instante em que o Supremo Tribunal 
Federal reconhece tal situação em decisão definitiva, e não a partir da 
entrada em vigor daquela emenda. 
d) Todo Decreto-Lei editado antes da Constituição de 1988 perdeu 
eficácia depois da promulgação desta, uma vez que a ordem 
constitucional em vigor não previu tal instrumento normativo. 
e) Lei ordinária anterior à Constituição de 1988, com ela materialmente 
compatível, é tida como recebida pela nova ordem constitucional, 
mesmo que esta exija lei complementar para regularo assunto. 
 
6) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A legislação federal anterior à 
Constituição de 1988 e regularmente aprovada com base na 
competência da União definida no texto constitucional pretérito é 
considerada recebida como estadual ou municipal se a matéria por ela 
disciplinada passou segundo a nova Constituição para o âmbito de 
competência dos Estados ou dos Municípios, conforme o caso, não se 
podendo falar em revogação daquela legislação em virtude dessa 
mudança de competência promovida pelo novo texto constitucional. 
 
7) (ESAF/AFRF/2000) Sabe-se que a Constituição em vigor não prevê a 
figura do Decreto-Lei. Sobre um Decreto-Lei, editado antes da 
Constituição em vigor, cujo conteúdo é compatível com esta, é possível 
afirmar: 
a) Continua a produzir efeitos na vigência da nova Carta, por força 
do mecanismo da recepção. 
b) Deve ser considerado formalmente inconstitucional e, por isso, 
insuscetível de produzir efeitos, pelo menos a partir da Constituição de 
1988. 
c) Deve ser considerado revogado com o advento da nova 
Constituição. 
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d) Deve ser considerado repristinado, podendo produzir efeitos 
parciais. 
e) Passa a valer como decreto autônomo, perdendo a sua eficácia 
com relação às matérias submetidas ao princípio da legalidade. 
 
8) (ESAF/ANALISTA/BACEN/2001) Não se pode discutir em juízo a 
validade de uma lei em face da Constituição que vigorava quando o 
diploma foi editado, se a lei é plenamente compatível com a 
Constituição que se encontra atualmente em vigor. 
 
9) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É possível em recurso extraordinário 
julgado na vigência da Constituição de 1988 declarar a 
inconstitucionalidade de lei anterior a essa Carta por incompatibilidade 
material ou formal com a Constituição pretérita. 
 
10) (CESPE/PROCURADOR/TCPE/2004) Considere a seguinte situação 
hipotética. Uma lei foi publicada na vigência da Constituição anterior e 
se encontrava no prazo de vacatio legis. Durante esse prazo, foi 
promulgada uma nova Constituição. Nessa situação, segundo a 
doutrina, a lei não poderá entrar em vigor. 
 
11) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2005) No caso brasileiro, os 
efeitos do exercício do poder constituinte derivado sobre a legislação 
anterior à promulgação do novo texto constitucional são de duas 
naturezas: ou as normas são recepcionadas, por estarem formal e 
materialmente em conformidade com o novo texto constitucional, ou 
são consideradas revogadas por inconstitucionalidade. 
 
12) (FCC/AUDITOR/TCE-MG/2005) A legislação infraconstitucional 
editada anteriormente à Constituição de 1988 
(A) perdeu eficácia 180 dias após a sua promulgação. 
(B) foi implicitamente revogada e, na seqüência, repristinada. 
(C) continua integralmente válida. 
(D) foi republicada a fim de ter validade formal. 
(E) foi recepcionada nos aspectos que não contrariam as novas normas 
constitucionais. 
 
13) (FCC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MP-PE/2002) A Constituição 
considerava que uma determinada matéria podia ser regulada por lei 
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ordinária, sendo certo que a nova Constituição exige lei complementar. 
Nesse caso, a lei ordinária votada sob a vigência do anterior texto 
constitucional é considerada, havendo compatibilidade com o texto 
atual, 
(A) revogada, por inconstitucionalidade material, uma vez que essa 
matéria só pode ser regulada por lei complementar. 
(B) revogada, por defeito formal, devendo uma lei complementar ser 
votada com preferência absoluta de tramitação pelo Congresso Nacional. 
(C) repristinada, visto que, mesmo votada em época anterior à 
Constituição, mantém sua vigência por não conflitar com o novo texto. 
(D) recepcionada, porque recebida pela Constituição nova, mas será 
sempre uma lei ordinária e por outra lei ordinária poderá ser revogada. 
(E) recepcionada, agora com status de lei complementar, tanto que só 
poderá ser revogada por uma lei desse tipo. 
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GABARITO 
 
1) C 
2) B 
3) C 
4) E 
5) E 
6) CERTO 
7) A 
8) ERRADO 
9) CERTO 
10) CERTO 
11) ERRADO 
12) E 
13) E

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