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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO AULA 14: PROCESSO LEGISLATIVO DAS LEIS Revisaremos, hoje, o processo legislativo de elaboração das leis ordinárias e complementares, por meio de comentários a exercícios que tratam das diferentes fases desse procedimento (iniciativa, discussão e votação, sanção, veto etc.). Paralelamente, revisaremos, também, a relação hierárquica entre as diferentes espécies normativas que integram o nosso ordenamento jurídico, desde as normas constitucionais originárias até os atos administrativos, como os decretos do chefe do Executivo. Eu aprecio muito ministrar aulas sobre processo legislativo (tenho até um livro publicado só sobre esse assunto em co-autoria com o Prof. Marcelo Alexandrino - “Processo Legislativo”, Editora Impetus) e, justamente por isso, corro sempre o risco de exagerar nos comentários! Por isso, tentarei ser o mais conciso possível, enfatizando somente aqueles detalhes que têm sido mais cobrados pelas bancas examinadoras. Vamos, então, revisar esse assunto apaixonante! 1) (FCC/PROCURADOR DO MUNICÍPIO 2ª CLASSE/PREFEITURA DE SALVADOR/2006) O veto do Presidente da República a projeto de lei a) não pode ser parcial. b) não pode ser tácito. c) deve ser apreciado, em sessão conjunta, pelos Deputados e Senadores, em votação aberta. d) se não mantido pelo Congresso Nacional, leva a que o projeto de lei seja promulgado pelo Presidente do Senado Federal. e) não pode ser político, admitindo-se apenas o veto jurídico. Gabarito: “b” O veto é a manifestação de discordância do Chefe do Executivo com o projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. É o poder constitucionalmente outorgado ao Chefe do Executivo para recusar sanção a projeto de lei já aprovado pelo Legislativo. A Constituição Federal dispõe que, se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á, total ou parcialmente (CF, art. 66, § 1º). WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 1 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Assim, pode-se concluir que a assertiva “a” está errada, pois o veto do Presidente da República poderá sim ser parcial, desde que abranja texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea (art. 66, § 2º). A assertiva “b” está certa, pois, de fato, não existe, entre nós, veto tácito, por decurso de prazo. O veto é sempre ato expresso, devendo resultar de uma manifestação explícita do Presidente da República. Afinal, o silêncio do Chefe do Executivo, durante o prazo assinalado para o veto, implica sanção tácita do projeto de lei (CF, art. 66, § 3º). A assertiva “c” está errada porque a apreciação do veto deverá ser em sessão conjunta e voto secreto, e não em votação aberta (art. 66, § 4º). A assertiva “d” está errada porque, no caso de rejeição do veto, a prioridade para a promulgação da matéria é do Presidente da República, que terá o prazo de 48 (quarenta e oito horas) para fazê-lo. Apenas se o Presidente da República não o fizer nesse prazo, é que nasce a competência do Presidente do Senado, que, igualmente, terá o prazo de 48 horas para a promulgação. Se este também não o fizer, caberá ao Vice-Presidente do Senado Federal fazê-lo (art. 66, § 7º). A assertiva “e” está errada porque o veto do Presidente da República poderá ser político ou jurídico. Será político, quando fundamentado na motivação “contrário ao interesse público”; será jurídico, quando fundamentado na “inconstitucionalidade” do projeto (art. 66, § 1º). 2) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT- RN/2003) O Presidente da República vetou integralmente, por contrário ao interesse público, um projeto aprovado pelo Congresso Nacional. Este, examinando as razões do veto, rejeitou-o, devolvendo o projeto para a promulgação do Presidente da República. Decorrido o prazo, sem qualquer providência do Chefe do Poder Executivo, a lei será promulgada pelo a) Presidente da Câmara dos Deputados. b) Presidente do Senado Federal. c) Presidente do Supremo Tribunal Federal. d) Vice-Presidente da República. e) Procurador Geral da República. Resposta: “b” Vamos revisar um pouco de processo legislativo de elaboração das leis. Determina a Constituição, em seu artigo 66, que a Casa na qual tenha sido concluída a votação (Câmara dos Deputados ou Senado Federal) WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 2 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. Entretanto, se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo- á, total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. Uma vez encaminhado ao Legislativo, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. Ao final da apreciação do veto pelo Congresso Nacional, teremos o seguinte: a) caso o veto seja mantido, o projeto será arquivado e a respectiva matéria somente poderá constituir novo projeto, na mesma sessão legislativa, se houver solicitação da maioria absoluta de uma das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67); b) se o veto for rejeitado pelo Congresso Nacional, a matéria será encaminhada ao Presidente da República para promulgação. Recebida a matéria, o Presidente da República terá o prazo de quarenta e oito horas para promulgá-la. Entretanto, se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (CF, art. 66, § 7º). Está correta, portanto, a assertiva “b”, pois, diante a omissão do Presidente da República, a competência para a promulgação pertence ao Presidente do Senado Federal. Cuidado com esse detalhe! Há uma tendência de o candidato pensar que, nas hipóteses de “rejeição do veto” e “sanção tácita do projeto, em razão do silêncio do Presidente da República”, a competência para a promulgação é, diretamente, do Presidente do Senado Federal. Isso não é verdade. Nessas duas hipóteses, a prioridade para a promulgação pertence ao Presidente da República, que terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para fazê-lo. A competência do Presidente do Senado Federal somente nascerá se esse prazo de 48 (quarenta e oito) horas esgotar-se sem a manifestação do Presidente da República. Essa regra consta expressamente do § 7º do art. 66 da Constituição Federal. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 3 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO 3) (FCC/ ANALISTA – ÁREA CONTROLE INTERNO/MPU/2007) É certo que o veto do Presidente da República a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional pode ser a) parcial, com exclusão de parte de texto de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. b) rejeitado por qualquer das Casas do Congresso. c) oposto, se o projeto de lei for contrário ao interesse público. d) rejeitado pelo voto da maioria simples dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. e) deverá ser oposto no prazo máximo de dez dias úteis, contados do recebimento do projeto. Resposta: “c” Vamos analisar, uma a uma, as assertivas desta nova questão, cobrada recentemente no concurso do Ministério Público da União. A assertiva “a” está errada, pois o veto parcial do Chefe do Executivo a um projeto delei somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea (CF, art. 66, § 2º). Dessa forma, é vedado o veto parcial que incida sobre parte de texto de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Ou seja, não poderá haver veto incidindo sobre orações, palavras ou expressões isoladas de um desses dispositivos do projeto de lei. A assertiva “b” está errada, pois o veto do Presidente da República a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional não poderá ser rejeitado por qualquer das casas do Congresso. O veto somente poderá ser rejeitado em sessão conjunta do Congresso Nacional, em escrutínio secreto, por maioria absoluta de votos (CF, art. 66, § 4º). A assertiva “c” está certa porque, de fato, o veto poderá ser oposto se o Presidente da República considerar o projeto de lei, no todo ou em parte, (i) inconstitucional ou (ii) contrário ao interesse público (CF, art. 66, § 1º). A assertiva “d” está errada porque o veto do Chefe do Executivo a um projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional somente poderá ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta (e não da maioria simples!) dos Deputados e Senadores, em sessão conjunta, mediante escrutínio secreto (CF, art. 66, § 4º). Em síntese, conforme expresso no art. 66, § 4º, a apreciação do veto se dará em sessão conjunta do Congresso Nacional, dentro de trinta dias a WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 4 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. A assertiva “e” está errada, pois o Presidente da República dispõe do prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, para vetar o projeto de lei. Decorrido o prazo de quinze dias úteis sem que o Presidente da República manifeste-se expressamente, seu silêncio importará em sanção tácita do projeto de lei (CF, art. 66, § 3º). 4) (FCC/PROCURADOR DE CONTAS DE 2ª CLASSE/MP-AM/2006) Terão início no Senado Federal a discussão e a votação dos projetos de lei de iniciativa a) da Câmara dos Deputados. b) do Supremo Tribunal Federal e do Senado Federal. c) do Presidente da República e do Senado Federal. d) dos Tribunais Superiores e do Senado Federal. e) do Senado Federal. Resposta: “e” Determina a Constituição que a discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados (art. 64), bem assim aqueles apresentados pelos cidadãos, no uso da iniciativa popular (art. 61, § 2º). Na verdade, dentre todos os legitimados do art. 61 da Constituição Federal, somente os projetos de lei apresentados por Senador da República ou por Comissão do Senado terão a discussão e votação iniciada no Senado Federal. Todos os demais legitimados do art. 61 da Constituição apresentarão seus projetos de lei à Câmara dos Deputados. 5) (FCC/AUDITOR/TCE-PI/2005) Projeto de lei complementar de iniciativa do Presidente da República, visando à instituição de novo Código Tributário Nacional, é aprovado sob regime de urgência nas Casas do Congresso Nacional, sendo submetido à apreciação do Presidente da República, que sanciona, promulga e faz publicar. O novo Código Tributário Nacional, nessa hipótese, seria inconstitucional, porque a) o Presidente não possui iniciativa para projeto de lei complementar. b) normas gerais em matéria tributária não dependem de lei complementar. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 5 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO c) não se aplicam os prazos do regime de urgência a projetos de código. d) projeto de lei de iniciativa do Presidente não se submete a sanção. e) não tramitam em regime de urgência projetos de iniciativa do Presidente. Resposta: “c” O regime de urgência Constitucional está previsto nos §§ 1º ao 4º do art. 64 da Constituição Federal, cujas regras podem ser assim resumidas: a) o Presidente da República poderá solicitar urgência para a apreciação de projetos de sua iniciativa; b) se o Presidente da República solicitar a urgência, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal deverão se manifestar sobre a proposição, cada qual, sucessivamente, em até quarenta e cinco dias; ademais, se o Senado Federal emendar o projeto, a Câmara dos Deputados deverá apreciar as emendas no prazo de dez dias; c) caso esses prazos não sejam cumpridos, haverá o que rotineiramente se denomina “trancamento de pauta”, isto é, serão sobrestadas todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação (note-se que o trancamento de pauta não é absoluto, pois não atinge as matérias que tenham prazo constitucional determinado, como é o caso das medidas provisórias); d) esses prazos não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional; e) o regime de urgência não pode ser aplicado aos projetos de código (Código Penal, Código Civil, Código Tributário etc.), pois se trata de matéria que, pela sua complexidade, exige muito debate no âmbito das Casas do Congresso Nacional, não podendo ser apreciada nesses prazos tão exíguos. Portanto, o Código Tributário Nacional aprovado seria inconstitucional porque o regime de urgência constitucional não pode ser aplicado à aprovação de códigos. 6) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 8ª REGIÃO/2004) No que diz respeito ao processo legislativo, considere: I – Espécie normativa destinada a veicular basicamente as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 6 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO II – Ato normativo elaborado e editado pelo Presidente da República, em razão de autorização do Poder Legislativo, nos limites postos por este, para possibilitar a eficiência do Estado e suas necessidades de agir com maior celeridade. Essas espécies normativas, referem-se, respectivamente, a) à resolução e à medida provisória. b) ao decreto legislativo e à lei delegada. c) à lei ordinária e ao decreto legislativo. d) à lei complementar e à medida provisória. e) à emenda constitucional e à lei delegada. Resposta: “b” De fato, o decreto legislativo é espécie normativa primária integrante do processo legislativo (art. 59, VI) utilizada pelo Congresso Nacional para o tratamento das matérias da sua competência exclusiva, principalmente daquelas enumeradas no art. 49 da Constituição Federal. Portanto, na esfera federal, o decreto legislativo é ato privativo do Congresso Nacional para dispor sobre as matérias de sua competência exclusiva, sem sanção do Presidente da República. A lei delegada, por sua vez, é elaborada pelo Presidente da República após autorização, mediante resolução, do Congresso Nacional (CF, art. 68). O Presidente da República solicita a delegação e o Congresso Nacional a aprova, expedindo uma resolução, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício, tudo isso nos termos do art. 68 da Constituição. 7) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 20ª REGIÃO/2002) Invocando sua iniciativa privativa, o Presidente da República apresenta ao Congresso Nacional projeto de lei prevendo a criação de determinado número de cargos públicos. No Congresso, um Deputado apresenta emenda a esse projeto, aumentando o número de cargos a serem criados. Tal emenda é a) constitucional, pois a matéria versada nesse projeto não é de iniciativa privativa do Presidente da República. b) inconstitucional, pois um Deputado, isoladamente, não tem o poder de apresentar emenda a projeto delei. c) inconstitucional, pois não é possível emenda de parlamentar em projeto de iniciativa privativa do Presidente da República. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 7 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO d) constitucional, pois o poder de apresentar emendas a todo projeto de lei é inerente ao exercício do mandato parlamentar. e) inconstitucional, pois está implicando aumento da despesa prevista no projeto. Resposta: “e” Sabe-se que os membros do Congresso Nacional podem emendar os projetos de lei apresentados ao Congresso Nacional. Poderão ser emendados até mesmo aqueles projetos apresentados no âmbito da chamada “iniciativa privativa” de outro órgão (iniciativa privativa do Presidente da República, por exemplo). Entretanto, determina o art. 63, I, da Constituição que não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvadas, unicamente, as leis orçamentárias (art. 166, § 3º e § 4º). Assim, a mencionada emenda parlamentar seria flagrantemente inconstitucional, pois, com o aumento do número de cargos, certamente haverá aumento de despesa, causado pela emenda apresentada pelo Deputado. Vale lembrar, ainda, que além de não poder aumentar a despesa, a emenda parlamentar deve, necessariamente, guardar pertinência temática com a matéria constante do projeto, isto é, a emenda não pode tratar de assunto estranho à matéria constante do projeto apresentado pelo detentor da iniciativa privativa. Em resumo, podemos afirmar que são dois os requisitos que deverão ser cumpridos pelas emendas parlamentares a projeto de lei resultante de iniciativa privativa do Presidente da República: (i) não implicar aumento de despesa; e (ii) guardar pertinência temática com a matéria constante do projeto. 8) (FCC/JUIZ SUBSTITUTO/TJ-RN/2002) Determinado projeto de lei de iniciativa do Supremo Tribunal Federal é primeiramente discutido, votado e aprovado sem emendas no Senado Federal, seguindo para a Câmara dos Deputados, onde também é discutido, votado e aprovado sem emendas, sendo então enviado ao presidente da República, para sancioná-lo ou vetá-lo no prazo de 15 dias úteis, contados da datas do recebimento. Todavia, o Presidente da República resta silente, sendo, pois, o projeto considerado vetado. Considerando exclusivamente os aspectos mencionados, nessa situação foram WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 8 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO a) desrespeitadas as regras constitucionais quanto à ordem de votação entre as casas legislativas, quanto ao prazo para sanção ou veto e quanto aos efeitos do silêncio do Presidente da República. b) respeitadas as regras constitucionais quanto ao processo legislativo. c) desrespeitadas apenas as regras constitucionais quanto à ordem de votação entre as casas legislativas e quanto aos efeitos do silêncio do Presidente da República. d) desrespeitadas apenas as regras constitucionais quanto ao prazo para sanção ou veto e quanto aos efeitos do silêncio do Presidente da República. e) desrespeitadas apenas as regras constitucionais quanto à ordem de votação entre as casas legislativas. Resposta: “c” Determina a Constituição que a discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e, ainda, dos cidadãos, na forma da iniciativa popular, terão início na Câmara dos Deputados (CF, art. 61, § 2º e art. 64). Assim, o trâmite do projeto de lei detalhado no enunciado da questão desrespeita as regras constitucionais quanto à ordem de votação entre as Casas Legislativas, pois afirma que o mencionado projeto, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, teve sua votação iniciada no Senado Federal. Além disso, estabelece a Constituição que a Casa Legislativa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. Decorrido o prazo de quinze dias úteis, o silêncio do Presidente da República importará sanção (art. 66, § 3º). Logo, o trâmite legislativo em questão desrespeita, também, as regras constitucionais quanto aos efeitos do silêncio do Presidente da República, pois este implica, sempre, a sanção tácita do projeto, e não o veto ao projeto, como afirmado. 9) (FCC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MP-SE/2002) Considere a hipótese de Resolução do Congresso Nacional delegar ao Presidente da República a elaboração de uma lei, especificando seu conteúdo, os termos de seu exercício e determinando a apreciação do projeto pelo Poder Legislativo. Nesse caso, o Congresso Nacional deliberará em a) votação única, sendo vedada qualquer emenda. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 9 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO b) duas votações, em cada uma das Casas, sendo permitidas emendas supressivas e aditivas. c) duas votações das Casas reunidas, sendo vedada qualquer emenda. d) duas votações das Casas reunidas, sendo permitidas somente as emendas supressivas. e) votação única, sendo permitidas somente as emendas supressivas. Resposta: “a” A presente questão trata de uma das espécies integrantes do processo legislativo: leis delegadas. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Essa delegação terá a forma de resolução do Congresso Nacional e deverá especificar o seu conteúdo e os termos para o seu exercício (CF, art. 68, caput e § 2º). Conforme está explicitado na assertiva “a”, que é a resposta da questão, caso a resolução determine a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, sendo vedada qualquer emenda (CF, art. 68, § 3º). Vamos entender melhor esse assunto. Quando o Congresso Nacional aprova a resolução da delegação legislativa, isto é, quando delega competência ao Presidente da República para que ele elabore uma lei delegada, essa delegação poderá assumir duas formas: (a) delegação típica; ou (b) delegação atípica. Na primeira forma – delegação típica –, a delegação será para o Presidente da República elaborar a lei delegada, promulgá-la e publicá- la, sem nenhuma manifestação ou controle posterior do Congresso Nacional. Na segunda espécie de delegação – delegação atípica -, a delegação é somente para que o Presidente da República elabore o projeto de lei delegada e o submeta à posterior aprovação do Congresso Nacional. Nesse caso, a Constituição determina que a apreciação do projeto de lei delegada pelo Congresso Nacional será em votação única, sendo vedada qualquer emenda. Enfim, o Congresso Nacional apreciará o projeto de lei delegada elaborado pelo Presidente da República, mas não poderá alterá-lo; deverá aprová-lo integralmente, ou rejeitá-lo integralmente. 10) (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS/TRF 4ª REGIÃO/2004) Em matéria de processo legislativo diz-se que a Resolução é WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 10 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO a) ato do Congresso Nacional, ou de qualquer de suas Casas, destinada a regular matérias de sua competência ou de competência privativa do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, mas em regra com efeitos internos. b) espécie normativa destinada a veicular assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional, cujo procedimento é tratado pela Constituição Federal, decorrendo sempre efeitos de natureza externa. c) espécie normativa elaborada e editada pelo Presidente da República em razão de autorização do Poder Legislativo, e nos limites postos por este, mas sem as características de um ato normativo primário. d)ato normativo diferenciado, com processo legislativo próprio, dispondo sobre matéria comum às demais leis, com a diferença de que o quorum para a sua aprovação é de maioria absoluta. e) ato normativo, com forma de lei, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal sobre qualquer matéria, decorrente dos casos de relevância e urgência, devendo ser submetido ao Congresso Nacional. Resposta: “a” Diferentemente do decreto legislativo, que na esfera federal é ato privativo do Congresso Nacional, a resolução poderá ser editada pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou pelo Congresso Nacional, para disciplinar as matérias de competência da respectiva Casa Legislativa. Na prática, as resoluções são editadas: pela Câmara dos Deputados, para regulamentar as matérias do art. 51 da Constituição; pelo Senado Federal, para disciplinar as matérias do art. 52 da Constituição; pelo Congresso Nacional, para disciplinar as matérias de sua competência privativa, ressalvadas aquelas que exijam lei (art. 48) ou decreto legislativo (art. 49). Da mesma forma, ao contrário do decreto legislativo, que é expedido para a regulação de matéria de natureza externa, as resoluções normalmente são utilizadas para disciplinar matéria interna, de interesse das próprias Casas Legislativas. 11) (FCC/Analista Judiciário – Área Judiciária/ TRT 5ª Região/2003) O Presidente da República apresentou ao Senado Federal projeto de lei dispondo sobre servidores públicos da União, requerendo que fosse colocado em votação em regime de urgência. O projeto não tendo sido colocado em votação nos 45 dias seguintes, foram sobrestadas todas as demais deliberações em curso no Senado Federal, até que se ultimasse a votação, com exceção daquelas com prazo constitucional determinado. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 11 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Na situação narrada, verifica-se vício de inconstitucionalidade formal na tramitação do projeto, porque a) somente após 30 dias da apresentação do projeto o Presidente da República poderia ter solicitado a urgência. b) não é cabível solicitação de urgência nos projetos de lei sobre servidores públicos. c) o Presidente da República não tem iniciativa legislativa para a matéria. d) o sobrestamento das deliberações somente poderia ocorrer após decorridos 60 dias da apresentação do projeto à Casa legislativa competente. e) a votação do projeto deveria iniciar-se na Câmara dos Deputados. Resposta: “e” Comentário. A assertiva “a” está errada porque a Constituição Federal, ao determinar que o Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa (CF, art. 64, § 1º), não impõe prazo limite para que seja solicitada tal urgência. A assertiva “b” está errada porque, como se sabe, o Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa (CF, art. 64, § 1º) e a iniciativa do projeto de lei de que trata o enunciado da questão foi do Presidente da República. Note-se que o projeto de lei em questão trata de matéria de iniciativa privativa do Presidente da República (CF, art. 61, § 1º, II, c). Na verdade, a Constituição Federal somente veda que o Presidente da República solicite urgência para apreciação de projetos de código, como, por exemplo, Código Tributário, Código Civil, Código Penal etc. (CF, art. 64, § 4º). A assertiva “c” está errada, pois a Constituição Federal determina que são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria (CF, art. 61, § 1º, II, c). A assertiva “d” está errada, pois, uma vez solicitada a urgência pelo Chefe do Executivo, se a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual, sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa (trancamento de pauta), com exceção WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 12 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação (CF, art. 64, § 2º). A assertiva “e” está certa porque, de fato, o projeto de lei de que trata a questão foi apresentado na Casa Legislativa errada, o que ocasiona o vício de inconstitucionalidade formal na tramitação do projeto. De acordo com o texto constitucional, a discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados (CF, art. 64). Dessa forma, por ser de iniciativa do Presidente da República, o projeto de lei em questão deveria ter sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. 12) (FCC/ ANALISTA – ÁREA ORÇAMENTO/MPU/2007) A respeito de Processo Legislativo, observe: I. Em regra, não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República. II. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria reservada à lei complementar. III. O veto parcial do Presidente da República somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. IV. A matéria constante de projeto de lei rejeitado poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta de dois terços dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. Diante disso, conclui-se como correto o que consta APENAS em a) II, III e IV. b) II e III. c) I, III e IV. d) I, II e IV. e) I, II e III. Resposta: “e” Comentário. A assertiva I está certa, pois a Constituição Federal determina que não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República (CF, art. 63, I) e, neste mesmo inciso, estabelece uma exceção no tocante à matéria orçamentária (art. 63, I c/c art. 166, § 3º e § 4º). WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 13 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO A expressão “em regra” foi corretamente utilizada na assertiva, pois, de fato, a regra geral é a vedação ao aumento da despesa prevista no projeto de lei de iniciativa exclusiva pelo Presidente da República, existindo, porém, uma ressalva a essa vedação, que corresponde às leis orçamentárias. A assertiva II está certa porque, de fato, determina a Constituição Federal que é vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria reservada à lei complementar (CF, art. 62, § 1º, III). Veja que temos, aqui, mais uma assertiva sobre as vedações constitucionais à edição de medida provisória! Como eu já disse antes, quando tratamos de medida provisória, memorize essas vedações, pois a FCC adora esse assunto e, portanto, a chance de ser cobrado na prova é grande! A assertiva III está certa porque, de acordo com a Constituição Federal, o veto parcial somente poderá incidir sobre texto integral de artigo, de inciso, de parágrafo ou de alínea (CF, art. 66, § 2º). Sabe-se que o veto do Presidente da República a um projeto de lei poderá ser total – quando incidir sobre todo o texto do projeto de lei - ou parcial – quando alcançar apenas alguns dispositivos do projeto de lei. Mas, o veto parcial não poderá incidir sobre orações, palavras ou expressões isoladas de um dispositivo, por força dessa vedação constante do § 2º do art. 66 da Constituição. A FCC considerou errada a afirmativa IV, por força do disposto no art. 67 da Constituição, que determina que a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante propostada maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. Como a assertiva diz que a proposta deve ser de dois terços dos membros da Casa Legislativa, a FCC a considerou errada. Entretanto, com o devido respeito, o “examinador decoreba” da FCC pisou na bola feio nessa questão! Por quê? Simplesmente porque “dois terços” correspondem a um número superior à “maioria absoluta”. Vejamos o caso da Câmara dos Deputados, que é composta de 513 deputados. Nessa Casa, então, a maioria absoluta corresponde a 257 deputados (primeiro número após a metade), enquanto dois terços correspondem a 342 deputados. Ora, se maioria absoluta da Casa Legislativa pode solicitar o retorno da matéria, em novo projeto de lei, na mesma sessão legislativa, é óbvio que dois terços dos seus membros (numericamente superior) também poderão! Enfim, quando a Constituição Federal determina que a matéria somente poderá constituir novo projeto de lei, na mesma sessão legislativa, por WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 14 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO solicitação de maioria absoluta, é óbvio que essa expressão “maioria absoluta” há que ser entendida como “no mínimo, maioria absoluta”, ou “maioria absoluta ou qualquer outro número superior de membros da Casa”. 13) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) É constitucionalmente possível que o Congresso Nacional aprove lei ordinária, sem que a mesma tenha sido votada, quer pelo Plenário da Câmara dos Deputados, quer pelo Plenário do Senado Federal. Item CERTO. Em regra, os projetos de lei são apreciados previamente pelas comissões e depois votados no Plenário das Casas Legislativas. Entretanto, é possível que os projetos de lei sejam aprovados, conclusivamente, no âmbito das comissões, sem necessidade de submissão da matéria ao Plenário das Casas Legislativas. A autorização para essa aprovação conclusiva de projeto de lei no âmbito das comissões consta da própria Constituição Federal, que estabelece que cabe às comissões, em razão da matéria de sua competência, discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa (CF, art. 58, § 2º, I). Cabe destacar que a parte final desse dispositivo constitucional permite a retirada da competência de deliberação conclusiva da comissão, desde que haja recurso de um décimo dos integrantes da Casa Legislativa. Portanto, se o projeto de lei estiver tramitando em regime conclusivo nas comissões e um décimo dos integrantes da respectiva Casa Legislativa entender que, dada a relevância da matéria, deverá ela ser objeto de maior transparência e discussão no âmbito do Plenário, poderão apresentar recurso retirando a competência de deliberação conclusiva das comissões, forçando a submissão do projeto de lei à apreciação do Plenário. Cabe destacar, também, que não é qualquer espécie legislativa que pode ser objeto de aprovação conclusiva no âmbito das comissões. Os regimentos das Casas Legislativas estabelecem as matérias que não podem ser aprovadas conclusivamente nas comissões (trata-se de matéria regimental, que não nos interessa no estudo do Direito Constitucional). Mas, só para você ter uma idéia sobre o assunto, vejamos um exemplo. As leis complementares e as emendas constitucionais não podem ser aprovadas conclusivamente no âmbito das comissões. Por que não? WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 15 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Porque essas espécies legislativas exigem deliberação qualificada para sua aprovação (maioria absoluta e três quintos dos membros das Casas Legislativas, respectivamente). Ora, como poderia ser apurada essa maioria qualificada no âmbito de uma comissão? Como apurar 308 votos de deputados (três quintos da Câmara dos Deputados) no âmbito de uma comissão? Como apurar 257 votos de deputados (maioria absoluta da Câmara dos Deputados) no âmbito de uma comissão? 14) (ESAF/AFC/STN/2005) Tendo o presidente da República enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei que cria o Código de Direito Administrativo Federal e já tendo a proposição sido aprovada na Câmara dos Deputados, poderá o presidente pedir urgência constitucional para esse projeto de lei, o qual deverá ser votado pelo Senado Federal no prazo máximo de quarenta e cinco dias contado do recebimento do pedido, sob pena de sobrestarem-se todas as demais deliberações legislativas dessa Casa Legislativa. Item ERRADO. O Presidente da República pode solicitar urgência para apreciação de projetos de lei de sua iniciativa (CF, art. 64, § 1º). Caso o Presidente da República solicite urgência, o processo legislativo será do tipo sumário, no qual a Câmara dos Deputados terá o prazo de 45 dias para apreciar o projeto, o Senado Federal terá mais 45 dias e, se o projeto for emendado no Senado Federal, a Câmara terá apenas 10 dias para apreciar tais emendas (esses prazos não correm nos períodos de recesso do Congresso). Caso haja o esgotamento desses prazos sem a deliberação sobre a matéria, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. Veja que esse trancamento de pauta não alcança as deliberações que tenham prazo constitucional determinado, como é o caso das deliberações sobre as medidas provisórias. Bem, a assertiva está errada porque a Constituição proíbe a utilização do processo legislativo sumário para a aprovação de código (CF, art. 64, § 4º). A razão para essa proibição é que não faria sentido as Casas Legislativas serem obrigadas a apreciar um projeto de Código (Código Penal, por exemplo) em um prazo tão exíguo. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 16 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO 15) (ESAF/APO/MPOG/2005) A lei destinada a estabelecer as normas gerais para organização do Ministério Público dos Estados é de iniciativa privativa do Presidente da República. Item CERTO. De fato, determina a Constituição que é de iniciativa privativa do Presidente da República a lei que disponha sobre normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados (art. 61, § 1º, II, d). Muito cuidado com as regras constitucionais sobre a iniciativa de lei envolvendo o Ministério Público! São muitos detalhes, resumidos nos parágrafos seguintes. A lei complementar de organização do Ministério Público é de iniciativa concorrente entre o chefe do Executivo e o respectivo Procurador-geral (CF, art. 61, § 1º, II, d c/c art. 128, § 5º). Logo, na esfera federal, a iniciativa da lei complementar de organização do Ministério Público da União é concorrente entre o Presidente da República e o Procurador-geral da República. No âmbito estadual, a iniciativa da lei complementar estadual de organização do Ministério Público do Estado é concorrente entre o Governador e o Procurador-geral de Justiça. Entretanto, ao organizar o seu Ministério Público, o Estado está obrigado a seguir as normas gerais estabelecidas em lei federal de iniciativa privativa do Presidente da República (CF, art. 61, § 1º, II, d). Por último, temos a iniciativa de lei sobre a criação e extinção de cargos e serviços auxiliares, a política remuneratória e os planos de carreira do Ministério Público, que é privativa do respectivo Procurador-geral (CF, art. 127, § 2º). 16) (ESAF/APO/MPOG/2005) É vedado o aumento de despesa, prevista no projeto de lei de orçamento anual, por meio de emenda apresentada por Parlamentar durante o processo legislativo desse projeto de lei no Congresso Nacional. Item ERRADO. Como regra, a Constituição proíbe a apresentaçãode emenda parlamentar que aumente despesa de projeto de lei resultante de iniciativa exclusiva do chefe do Executivo (art. 63, I). Porém, ao estabelecer essa proibição, a Constituição ressalva expressamente a possibilidade de aumento de despesa por emenda parlamentar ao projeto de lei do orçamento anual (art. 166, § 3º) e ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art. 166, § 4º). WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 17 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Portanto, nesses dois projetos de lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo – projeto de lei do orçamento anual e projeto de lei de diretrizes orçamentárias – a Constituição admite emenda parlamentar que aumente despesa. 17) (ESAF/APO/MPOG/2005) Nos termos da Constituição, é fase obrigatória do processo legislativo das leis delegadas a apreciação do projeto, elaborado pelo Presidente da República, pelo Congresso Nacional, que sobre ele deliberará em sessão única, vedada qualquer emenda. Item ERRADO. Determina a Constituição que as leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional (art. 68). Portanto, o processo legislativo de elaboração de uma lei delegada é desencadeado pela solicitação de delegação feita pelo Presidente da República ao Congresso Nacional. O Congresso Nacional apreciará a solicitação de delegação e, se a aprovar, baixará uma resolução especificando o conteúdo da delegação e os termos de seu exercício (art. 68, § 2º). A resolução poderá, ou não, determinar a apreciação posterior do Congresso Nacional. Se a resolução não determinar a apreciação posterior do Congresso Nacional, o Presidente da República elaborará a lei delegada, a promulgará e publicará, sem nenhuma participação do Legislativo (delegação típica). Se a resolução determinar a apreciação ulterior do Congresso Nacional, o Presidente da República elaborará um projeto de lei delegada e o submeterá ao Congresso Nacional, que o apreciará em votação única, vedada qualquer emenda (delegação atípica). Veja que neste último caso (delegação atípica) o Congresso Nacional não poderá emendar o projeto de lei delegada elaborado pelo Presidente da República. Ou ele o rejeitará integralmente, determinando o seu arquivamento, ou o aprovará integralmente, devolvendo-o ao Presidente da República para promulgação e publicação. A assertiva está errada porque diz que é fase obrigatória do processo legislativo das leis delegadas a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, o que não é verdade (trata-se de opção do Congresso Nacional, no momento de aprovação da resolução). WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 18 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO 18) (ESAF/AFC/CGU/2003) Nos termos da CF/88, o Presidente da República só poderá solicitar urgência para apreciação de proposição que verse sobre matéria cujo projeto de lei seja de sua iniciativa privativa. Item ERRADO. Estabelece a Constituição que o Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa (art. 64, § 1º). Veja que o texto constitucional não exige que o projeto de lei trate de matéria de iniciativa privativa do Presidente da República. Exige, apenas, que o projeto de lei seja apresentado pelo Presidente da República. Portanto, ainda que o projeto de lei por ele apresentado trate de matéria cuja iniciativa não lhe é privativa – matéria tributária, por exemplo – poderá o Presidente da República solicitar urgência para a sua apreciação. 19) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Sofre de inconstitucionalidade a lei orgânica do Município que não prevê a hipótese de iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros. Item CERTO. A Constituição estabelece a obrigatoriedade de iniciativa popular no processo legislativo das leis na esfera federal (art. 61, § 2º), estadual e distrital (art. 27, § 4º) e municipal (art. 29, XIII). Portanto, a lei orgânica que não prevê a iniciativa popular de projeto de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros é flagrantemente inconstitucional, por ofensa ao art. 29, XIII, da Constituição. 20) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Conforme disposto expressamente na Constituição, depois de vetado o projeto de lei, o Presidente da República pode efetuar juízo de retratação, sancionando o diploma integralmente, desde que o faça antes de o Congresso Nacional se reunir para apreciar o veto. Item ERRADO. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 19 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Embora a Constituição não o diga expressamente, o veto do chefe do Executivo é ato absolutamente irretratável, ou seja, não admite desistência. 21) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Vencido o prazo constitucional para a sanção ou veto, se o Presidente da República permanecer inerte, nem vetando, nem sancionando a lei, esta deverá ser tida como tacitamente vetada. Item ERRADO. Expirado o prazo de quinze dias úteis para o veto, o silêncio do Presidente da República implica sanção tácita, e não veto (art. 66, §§ 1º e 3º). Nesse ponto, uma breve observação. A redação do art. 66, § 3º, da Constituição, ao prever a sanção tácita, refere-se a “quinze dias”, e não a “quinze dias úteis”. Porém, esse § 3º do art. 66 deve ser combinado com o § 1º do mesmo artigo, que estabelece o prazo de quinze dias úteis para que o Presidente da República vete o projeto de lei. Ora, se o Presidente da República tem o prazo de quinze dias úteis para vetar, não podemos pensar em sanção tácita em quinze dias corridos, porque, caso contrário, poderíamos ter a esdrúxula situação de ocorrência da sanção tácita (com a expiração dos quinze dias corridos) e veto posterior ao mesmo projeto de lei (dentro dos quinze dias úteis)! Para finalizar, que tal um puxão de orelha no examinador da Esaf! Há mais um erro na redação dessa assertiva da Esaf! É um detalhe, provavelmente não proposital. Que erro é esse? Bem, o erro é que a assertiva fala em sancionar ou vetar a lei, o que é um equívoco. Por quê? Porque não se sanciona ou se veta uma lei, mas sim um projeto de lei! A coisa funciona assim: a sanção e o veto incidem sobre o projeto de lei, e não sobre a lei; ao incidir sobre o projeto de lei, a sanção faz nascer a lei, que será posteriormente promulgada e publicada; portanto, a promulgação e a publicação é que incidem sobre a lei – o veto e a sanção não, estes incidem sobre projeto de lei! 22) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Não pode haver emenda parlamentar a projeto de lei da iniciativa privativa do Chefe do Executivo. Item ERRADO. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 20 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO O projeto de lei de iniciativa privativa do Chefe do Executivo pode ser emendado pelos parlamentares, desde que sejam observados, cumulativamente, dois requisitos: a) as emendas parlamentares não impliquem aumento de despesa, exceto no caso do projeto da lei do orçamento anual e da lei de diretrizes orçamentárias (art. 63, I); e b) as emendas guardem pertinência temática com a matéria apresentada no projeto de lei. Mas, cuidado! Esses requisitos são cumulativos, isto é, as emendas parlamentares não poderão implicar aumento de despesa e deverão guardar pertinência temática com a matéria apresentada no projeto de lei. Se houver vício na emenda, a qualquer desses dois requisitos, a lei resultante será inconstitucional, ainda que o projeto de lei tenha sido sancionado pelo chefe do Executivo. Isso porque, segundo a jurisprudência do STF, a sanção do chefe do Executivonão convalida eventual vício de emenda parlamentar. Por falar em iniciativa privativa do chefe do Executivo, abro parêntese para um breve comentário sobre essa terminologia. Em se tratando de iniciativa de lei, as expressões “iniciativa privativa”, “iniciativa exclusiva” e “iniciativa reservada” são equivalentes. A própria Constituição ora utiliza a expressão “iniciativa privativa” (art. 61, § 1º), ora refere-se à “iniciativa exclusiva” (art. 63, I). Os candidatos normalmente fazem confusão com isso porque a distinção entre “exclusiva” e “privativa” é de suma importância no estudo da repartição de competências, para diferenciar a competência administrativa exclusiva e indelegável da União (art. 21) da competência legislativa privativa e delegável da União (art. 22). Mas, repita-se, em se tratando de iniciativa de lei, não há distinção a ser feita entre tais expressões. 23) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Assinale a opção correta. a) É constitucionalmente ilegítimo o projeto de lei sobre matéria da iniciativa exclusiva do Presidente da República que foi proposto por grupo de parlamentares no Congresso Nacional, mesmo que a lei tenha sido sancionada pelo Chefe do Executivo. b) Num projeto de lei do Chefe do Executivo que concede gratificação a certa categoria de servidores da Administração Pública Direta, é legítima a emenda parlamentar que estende a vantagem a outras WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 21 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO categorias do serviço público, que estejam sob as mesmas condições da beneficiada inicialmente, sob o fundamento da isonomia. c) Não há impedimento a que, num projeto de lei, fixando novos vencimentos para certa carreira do serviço público, encaminhado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, seja aprovada emenda parlamentar sobre tema diverso, modificando regras sobre promoção de militares. d) A Constituição veda a apresentação de emendas parlamentares a projeto de lei de iniciativa popular. e) As regras básicas do processo legislativo federal referentes a reserva de iniciativa são facultativamente seguidas pelos Estados- membros. Gabarito: “a” A assertiva “a” está certa porque se a matéria é de iniciativa exclusiva do Presidente da República, não podem os parlamentares apresentar projeto de lei sobre ela, sob pena de inconstitucionalidade, ainda que o Presidente da República posteriormente sancione o projeto resultante dessa iniciativa viciada. Isso porque, segundo a jurisprudência do STF, a sanção do chefe do Executivo não convalida o vício verificado na iniciativa. Logo, se houver vício na iniciativa, ainda que o Presidente da República posteriormente sancione o projeto de lei resultante, esse ato de sanção não convalidará o vício verificado na iniciativa, isto é, a lei resultante será inconstitucional, e sua invalidade poderá ser argüida a qualquer momento perante o Poder Judiciário. A assertiva “b” está errada porque essa emenda parlamentar, que estende vantagem a outras categorias do serviço público, é inconstitucional, por implicar aumento de despesa em projeto de lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo (art. 61, § 1º, II, a). A assertiva “c” está errada porque a emenda parlamentar estaria tratando de tema diverso daquele apresentado pelo chefe do Executivo e, como vimos, a emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa privativa do chefe do Executivo deve guardar pertinência temática com a matéria apresentada no projeto de lei. A assertiva “d” está errada porque não há nenhuma proibição à apresentação de emenda parlamentar a projeto de lei resultante de iniciativa popular (art. 61, § 2º). Aliás, vale lembrar que o projeto de lei resultante de iniciativa popular será apresentado à Câmara dos Deputados e, daí por diante, seguirá o trâmite de projeto de lei apresentado por qualquer outro legitimado WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 22 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO (discussão e votação, apresentação de emendas, envio para sanção ou veto do chefe do Executivo etc.). A assertiva “e” está errada porque, segundo a jurisprudência do STF, as regras básicas do processo legislativo federal são de observância obrigatória pelos estados-membros, inclusive no tocante à iniciativa de lei. Assim, as matérias que na esfera federal são de iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61, § 1º, e art. 165) são, no âmbito estadual, de iniciativa privativa do Governador. 24) (ESAF/TCE/RN/2000) Os Estados-membros são livres para regular aspectos do processo legislativo referentes à reserva de iniciativa de modo diferente do estabelecido plano federal. Item ERRADO. Acabamos de estudar que, segundo a jurisprudência do STF, as regras básicas do processo legislativo federal são de observância obrigatória pelos estados-membros, inclusive no tocante à iniciativa de lei. Por exemplo: as matérias que na esfera federal são de iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61, § 1º, e art. 165) são, no âmbito estadual, de iniciativa privativa do Governador. Logo, os estados-membros não são livres para regular diferentemente as hipóteses de iniciativa de lei previstas constitucionalmente para o processo legislativo federal. 25) (ESAF/AFC/STN/2000) Uma lei que a Constituição prevê como sendo da iniciativa privativa do Supremo Tribunal Federal, proposta à deliberação do Congresso Nacional, entretanto, por um grupo de parlamentares, será considerada válida se o Presidente da República vier a sancioná-la. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, a sanção do chefe do Executivo não convalida o vício verificado na iniciativa. Portanto, se houve vício na iniciativa, a lei resultante será inconstitucional, ainda que o projeto de lei tenha sido sancionado pelo chefe do Executivo. 26) (ESAF/AFC/STN/2000) O veto do Presidente da República a um projeto de lei tem caráter absoluto, impedindo que o Congresso Nacional volte a discutir o mesmo assunto na mesma sessão legislativa. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 23 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Item ERRADO. No Brasil, o veto é do tipo relativo ou superável, e não absoluto. Significa dizer que o veto não põe fim ao processo legislativo, não impede, em caráter absoluto, que a lei venha a ser aprovada. Ao contrário, o veto prolonga o processo legislativo, porque faz nascer uma nova fase, obrigatória, que é a fase de apreciação do veto. Ao ser apreciado pelo Congresso Nacional, o veto poderá ser rejeitado – total ou parcialmente -, permitindo o nascimento da lei. 27) (ESAF/AFC/STN/2000) Pelo mecanismo do veto parcial, o Presidente da República pode vetar expressões contidas no caput de um artigo de lei, sem ter que necessariamente vetar todo o caput do artigo. Item ERRADO. Determina a Constituição que o veto parcial somente poderá incidir sobre texto integral de artigo, de inciso, de parágrafo ou de alínea (art. 66, § 2º). 28) (ESAF/AFC/STN/2000) Um projeto de lei pode ser proposto à Câmara dos Deputados por iniciativa popular; a Constituição, porém, não prevê a possibilidade de o Congresso Nacional ser provocado a deliberar sobre proposta de Emenda à Constituição resultante diretamente de iniciativa popular. Item CERTO. A Constituição prevê a iniciativa popular no processo legislativo de elaboração das leis na esfera federal (art. 61, § 2º), estadual e distrital (art. 27, § 4º) e municipal (art. 29, XIII). Entretanto, não há previsão constitucional para a iniciativa popular em se tratando de proposta de emenda à Constituição. Os únicos legitimados para a apresentação de proposta de emenda à Constituiçãoestão enumerados no art. 60, I a III, dentre os quais não se encontram os cidadãos. 29) (ESAF/AFRF/2000) Sobre a sanção ou veto do Presidente da República no âmbito do processo legislativo, é correto dizer: a) Vetado um dispositivo de lei pelo Presidente da República, a lei somente entrará em vigor, mesmo nas partes não vetadas, depois de analisado o veto pelo Congresso Nacional. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 24 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO b) Diz-se que houve veto parcial quando um projeto de lei teve o texto integral de um dos seus artigos vetado pelo Presidente da República. c) O silêncio do Presidente da República no prazo constitucional para a sanção ou veto importa veto tácito ao projeto de lei. d) Os projetos de lei de iniciativa popular, aprovados pelo Congresso Nacional, não se submetem à sanção presidencial. e) Se o veto não for apreciado pelo Congresso Nacional dentro de 30 dias da sua comunicação ao Presidente do Senado Federal, o veto torna- se, tacitamente, definitivo. Gabarito: “b” A assertiva “a” está errada porque o veto parcial não impede a promulgação e entrada em vigor da parte não vetada do projeto de lei. Se o projeto de lei é composto de dez artigos e o chefe do Executivo vetar somente dois desses artigos, os demais artigos não ficarão aguardando a apreciação do veto pelo Congresso Nacional. Serão eles promulgados e publicados, independentemente da apreciação pelo Congresso Nacional do veto aos dois artigos. A assertiva “b” está certa porque, de fato, temos o veto parcial quando um projeto de lei teve o texto integral de um (ou de alguns) dos seus artigos, parágrafos, incisos ou alíneas vetado pelo chefe do Executivo (art. 66, § 2º). Temos o veto total quando todos os dispositivos do projeto de lei são vetados pelo chefe do Executivo. A assertiva “c” está errada porque o silêncio do Presidente da República no prazo constitucional para a sanção ou veto (quinze dias úteis) importa sanção tácita ao projeto de lei (art. 66, § 3º). A assertiva “d” está errada porque os projetos de lei de iniciativa popular, se aprovados pelas Casas do Congresso Nacional, serão submetidos à sanção do Presidente da República. A assertiva “e” está errada porque não existe rejeição tácita do veto no Brasil, isto é, o veto não é considerado rejeitado por decurso de prazo, com a expiração do prazo de trinta dias para sua apreciação. Então, com a expiração do prazo, o veto é considerado mantido? Também não. O veto nem é considerado rejeitado, nem é considerado mantido. Continuará sendo um veto pendente de apreciação. O que acontecerá, então? WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 25 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Com o esgotamento do prazo de trinta dias sem a apreciação do veto, este será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (art. 66, § 6º). Vale lembrar que, como o veto é apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional, será ele colocado na ordem do dia da sessão conjunta imediata, ficando sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (isto é, ocorre o trancamento de pauta da sessão conjunta imediata, e não da pauta das Casas Legislativas). 30) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O projeto de lei de iniciativa do presidente da República, em regime de urgência constitucional há mais de quarenta e cinco dias, uma vez aprovado na Câmara dos Deputados será revisto pelo Senado Federal, sobrestando, desde seu recebimento pelo Senado Federal, todas as demais deliberações dessa casa legislativa, até que se ultime a sua votação. Item ERRADO. Essa assertiva está absolutamente errada! Primeiro, porque na solicitação de urgência do Presidente da República, que dá início ao processo legislativo sumário, cada Casa Legislativa tem o prazo de quarenta e cinco dias para apreciar o projeto. Portanto, com o recebimento da matéria pelo Senado Federal, depois da expiração dos primeiros quarenta e cinco dias na Câmara dos Deputados, não há sobrestamento automático das demais deliberações do Senado Federal, porque esta Casa Legislativa terá, também, o prazo de quarenta e cinco dias para apreciar a matéria (art. 64, § 2º). Vale lembrar que esses prazos do processo legislativo sumário não correm durante os períodos de recesso do Congresso Nacional (art. 64, § 4º). Segundo, porque ainda que na hipótese dada houvesse o sobrestamento (coisa que, como explicado acima, não ocorreu!), este não alcançaria todas as deliberações da Casa Legislativa, pois não são alcançadas pelo sobrestamento as deliberações com prazo constitucional determinado, como as medidas provisórias (art. 64, § 2º). Bem, o que a Esaf fez nesse enunciado foi confundir o trancamento de pauta do processo legislativo de urgência das leis (art. 64, § 2º) com o trancamento de pauta das medidas provisórias (art. 62, § 6º). Vejamos, na tabela abaixo, as diferenças entre esses dois sobrestamentos de pauta das Casas Legislativas: WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 26 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Trancamento de pauta das medidas provisórias (art. 62, § 6º) Trancamento de pauta do processo legislativo de urgência das leis (art. 64, § 2º) Um só prazo de 45 dias para a atuação das duas Casas do Congresso Nacional Cada Casa Legislativa tem o prazo de 45 dias para apreciar a matéria Com a expiração do prazo, o trancamento da pauta da Casa em que a MP estiver tramitando é absoluto, isto é, a Casa estará impedida de deliberar sobre qualquer matéria legislativa Com a expiração de qualquer um dos prazos, o trancamento da pauta da Casa em que o projeto estiver tramitando não é absoluto, pois não alcança as matérias que tenham prazo constitucional determinado 31) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Mesmo depois de mantido o veto do Chefe do Executivo a certo projeto de lei, o Legislativo pode, dando-se conta de que o veto era in-tempestivo, dá-lo por inexistente, considerando o projeto de lei tacitamente sancionado. Item ERRADO. Assim como o veto do chefe do Executivo, a apreciação do veto pelo Congresso Nacional é irretratável, insuscetível de desistência. Vamos entender bem essa situação. O Congresso Nacional pode, previamente, recusar o veto encaminhado pelo chefe do Executivo, dando conta de sua intempestividade, hipótese em que o projeto de lei será considerado tacitamente sancionado (art. 66, § 3º). Entretanto, o Congresso Nacional não pode receber o veto, apreciá-lo em sessão conjunta e, posteriormente, considerá-lo inexistente, com a alegação de que foi intempestivo. 32) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Assinale abaixo a única hipótese em que foram atendidas as normas básicas do processo legislativo fixado na Constituição Federal. a) Desde de que não impliquem aumento da despesa prevista, as emendas parlamentares a projetos de lei sobre organização dos serviços administrativos do Poder Judiciário podem dispor sobre matéria diversa daquela que é objeto da proposta inicial. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 27 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO b) Podem as Leis Orgânicas dos Municípios estabelecer que a competência para iniciar o processo legislativo é, como regra, do chefe do Poder Executivo municipal e, apenas como exceção, da Câmara Municipal. c) É de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo estadual a lei que disponha sobre organização do Ministério Público do Estado. d) Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, que, ao concluira votação, enviará o respectivo projeto para sanção ou veto do chefe do Poder Executivo estadual. e) Podem as Constituições estaduais estabelecer a exigência de lei complementar para matérias que, segundo a Constituição Federal, são disciplinadas por lei ordinária cujo projeto seja de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Gabarito: “d” A assertiva “a” está errada porque a emenda parlamentar a projeto de lei resultante de iniciativa privativa - como é o caso desse projeto de lei sobre a organização dos serviços administrativos do Poder Judiciário, cuja iniciativa é privativa desse Poder – deve observar, cumulativamente, dois requisitos: (i) não implicar aumento de despesa (CF, art. 63, II); e (ii) guardar pertinência temática com a matéria proposta no projeto. A assertiva afirma que as emendas parlamentares, desde que não implicassem aumento de despesa, poderiam tratar de matéria diversa daquela que é objeto da proposta inicial, o que é vedado, em face do requisito “pertinência temática”. A assertiva “b” está errada porque, segundo a jurisprudência do STF, as regras básicas do processo legislativo federal são de observância obrigatória pelos estados, Distrito Federal e municípios. Dentre essas regras de observância obrigatória estão, sem dúvida, as referentes à iniciativa de lei. Então, se a Constituição Federal assegura a qualquer congressista a legitimidade para a apresentação de projeto de lei, essa simetria deverá ser observada no âmbito dos entes federados, atribuindo-se a legitimidade a qualquer deputado (nos estados e no Distrito Federal) e a qualquer vereador (nos municípios). A assertiva “c” está errada porque a lei complementar estadual que disponha sobre a organização do Ministério Público é de iniciativa concorrente entre o Governador e o Procurador-geral da Justiça (CF, art. 61, § 1º, II, d c/c art. 128, § 5º). WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 28 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO A assertiva “d” está certa por força do art. 28, § 2º, da Constituição, segundo o qual os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa. Ora, se a Constituição refere-se à lei, é porque a matéria deverá ser discutida e votada pelo Legislativo e o projeto, depois de aprovado, remetido ao chefe do Executivo, para sanção ou veto. A assertiva “e” está errada porque essa medida implicaria, segundo a jurisprudência do STF, ofensa ao princípio da separação dos Poderes, haja vista que o Legislativo estaria interferindo (exigindo maior quorum para aprovação) em matéria de iniciativa privativa do chefe do Executivo. 33) (ESAF/PFN/2003) Não sofre de inconstitucionalidade formal a lei federal, de iniciativa de parlamentar, que, versando sobre matéria tributária, concede benefício fiscal a certas categorias de contribuintes de impostos de competência da União. Item CERTO. O enunciado está certo porque, segundo a jurisprudência do STF, a iniciativa de lei em matéria tributária não é privativa do chefe do Executivo. Logo, os membros do Poder Legislativo podem ter iniciativa sobre matéria tributária, sem ofensa à Constituição. Houve polêmica sobre essa matéria, mas, segundo o STF, a iniciativa privativa em matéria tributária prevista na Constituição é somente para matéria tributária no âmbito dos Territórios Federais (art. 61, § 1º, II, b). 34) (ESAF/PFN/2003) Não havendo aumento de despesa, o Poder Legislativo pode livremente emendar projeto de lei de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. Item ERRADO. Como vimos, a emenda parlamentar a projeto de lei resultante de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo deve observar, cumulativamente, dois requisitos: (i) não implicar aumento de despesa (CF, art. 63); e (ii) guardar pertinência temática com a matéria proposta no projeto. A assertiva afirma que não havendo aumento de despesa, o Legislativo seria livre para emendar o projeto de lei de iniciativa privativa do WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 29 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Presidente da República, e isso não é certo, pois deverá ser observada, ainda, a necessária pertinência temática com a matéria proposta no projeto. 35) (ESAF/PFN/2003) Diante de demora do Chefe do Executivo em apresentar projeto de lei da sua iniciativa privativa, o Poder Legislativo pode aprovar lei fixando prazo para que o projeto seja encaminhado. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, é inconstitucional, por ofensa ao princípio da separação dos Poderes, a fixação de prazo pelo Poder Legislativo para que o chefe do Poder Executivo apresente projeto de lei sobre matéria de sua iniciativa privativa. O entendimento é de que quando a Constituição Federal estabelece a iniciativa privativa de lei a certo órgão, ela está outorgando não só a discricionariedade sobre o conteúdo do projeto de lei a ser apresentado, mas, também, sobre o momento de apresentação desse projeto de lei. 36) (ESAF/PFN/2003) É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a sanção presidencial a projeto de lei supre eventual vício de iniciativa. Item ERRADO. Atualmente é firme o entendimento do STF no sentido de que a sanção do chefe do Executivo não convalida eventual vício de iniciativa. Se a matéria é de iniciativa privativa do Presidente da República e o projeto de lei é apresentado por um congressista, ainda que esse projeto seja aprovado pelo Legislativo e expressamente sancionado pelo chefe do Executivo, a lei resultante será inconstitucional, e essa invalidade poderá ser argüida perante o Poder Judiciário. 37) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Não viola os princípios da separação dos Poderes e da constitucionalidade das leis considerar que a sanção do Presidente da República a projeto de Lei que deveria ser de sua iniciativa privativa, mas que fora apresentado ao Poder Legislativo por parlamentar convalida o vício formal de iniciativa. Item ERRADO. A explicação é a mesma do item anterior: segundo a jurisprudência do STF, a sanção do chefe do Executivo não supre o vício verificado na iniciativa. WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 30 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO 38) (ESAF/PFN/1998) Na hipótese de superação do veto parcial, a disposição vetada de um projeto de lei sancionado pelo Presidente da República entrará em vigor com eficácia retroativa (ex tunc). Item ERRADO. Quando o chefe do Executivo veta parcialmente o projeto de lei, a parte não vetada do projeto não fica aguardando a apreciação do veto pelo Congresso Nacional, podendo ser promulgada e publicada. O veto, acompanhado da devida motivação, seguirá para o Presidente do Senado Federal, que o submeterá à apreciação do Congresso Nacional, que terá o prazo de trinta dias para, em sessão conjunta e escrutínio secreto, apreciar o veto, só podendo rejeitá-lo por deliberação de maioria absoluta dos Deputados e Senadores (art. 66, §§ 1º e 4º). Caso, vinte dias depois, o veto seja rejeitado pelo Congresso Nacional, os dispositivos ingressarão no ordenamento jurídico com eficácia retroativa à data da publicação dos demais dispositivos não-vetados (ex tunc)? Ou será que os dispositivos entrarão em vigor com eficácia somente daí por diante (ex nunc)? Os dispositivos que tiveram o veto rejeitado entrarão em vigor com eficácia somente daí por diante (ex nunc), pois até então, em relação a eles, o processo legislativo ainda não havia sido concluído. 39) (ESAF/AGU/1996) É admissível a rejeição parcial do veto total. Item CERTO. Assim como o veto pode ser total ou parcial, a suarejeição também poderá ser total ou parcial. Significa dizer que o Congresso Nacional poderá rejeitar o veto em relação a todos os dispositivos vetados (rejeição total), ou poderá rejeitar o veto em relação a alguns dispositivos e mantê-lo em relação a outros dispositivos do projeto de lei (rejeição parcial). 40) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos e medidas provisórias situam-se no mesmo patamar no que tange à hierarquia das normas jurídicas. Item CERTO. Dispõe a Constituição Federal que o processo legislativo compreende a elaboração de: emendas à Constituição; leis complementares; leis WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 31 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO ordinárias; leis delegadas; medidas provisórias; decretos legislativos e resoluções (CF, art. 59). Dentre essas espécies normativas, a única que se situa num patamar hierárquico diferenciado é a emenda constitucional, que, por ser norma constitucional, encontra-se no mesmo nível hierárquico das normas constitucionais originárias, inseridas na Constituição no momento da sua elaboração. Todas as demais espécies normativas que integram o nosso processo legislativo - leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções – encontram-se no mesmo patamar hierárquico. A distinção entre elas diz respeito à reserva de matéria, e não ao critério hierárquico. Assim, medida provisória não pode disciplinar matéria reservada à lei complementar, ou ao decreto legislativo, mas não por ser hierarquicamente inferior a essas duas espécies normativas, e sim porque a Constituição reservou certas matérias à lei complementar e ao decreto legislativo. Portanto, ressalvada a emenda constitucional – que se situa em um patamar hierárquico superior, por ser norma constitucional -, todas as demais espécies que integram o nosso processo legislativo situam-se no mesmo nível hierárquico. 41) (ESAF/AFC/STN/2005) Os tratados internacionais, dentro da hierarquia das normas, serão sempre equiparados à lei ordinária. Item ERRADO. Depois da promulgação da EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciário), os tratados internacionais celebrados pelo Brasil não terão, necessariamente, hierarquia de lei ordinária. Os tratados internacionais em geral, incorporados pelo rito legislativo ordinário (aprovados definitivamente pelo Congresso Nacional, por decreto legislativo; promulgados pelo Presidente da República, por decreto), são equiparados à lei ordinária federal. Porém, em se tratando de tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, poderão eles ser incorporados com hierarquia de lei ordinária federal (se incorporados pelo rito ordinário: aprovação definitiva pelo Congresso Nacional, por decreto legislativo; promulgação pelo Presidente da República, por decreto) ou com hierarquia de emenda constitucional (se incorporados pelo rito especial, previsto no art. 5º, § 3º, da Constituição: aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos). WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 32 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO Logo, não podemos afirmar que os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil têm hoje, sempre, hierarquia de lei ordinária. Por que não? Porque se eles versarem direitos humanos e forem aprovadas em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos, terão hierarquia equivalente às emendas constitucionais. 42) (ESAF/AFTE/RN/2004) Em razão da estrutura federativa do Estado brasileiro, as normas federais são hierarquicamente superiores às normas estaduais, porque as Constituições estaduais estão limitadas pelas regras e princípios constantes na Constituição Federal. Item ERRADO. Não há hierarquia entre normas oriundas de entes estatais distintos, vale dizer, não há hierarquia entre normas federais, estaduais, distritais e municipais. O conflito entre essas normas é resolvido com base na competência do ente federado para o tratamento da matéria, e não de acordo com o critério hierárquico. No conflito entre uma lei federal e uma lei municipal dispondo sobre o horário de funcionamento do comércio local prevalecerá a lei municipal. Mas, não pelo fato de a lei municipal ser hierarquicamente superior à lei federal. Prevalecerá a lei municipal porque o Município é o ente federado competente para a fixação do horário de funcionamento do comércio local, por representar assunto de interesse local (CF, art. 30, I). Se o conflito fosse entre uma lei federal e uma lei municipal fixando o horário de funcionamento das agências bancárias da municipalidade, a prevalência seria da lei federal, pois compete privativamente à União dispor sobre horário de funcionamento de instituições bancárias. Note- se: a lei federal prevaleceria não por ser hierarquicamente superior à lei municipal, mas sim em razão de ser a União o ente federado competente para dispor sobre a respectiva matéria. Entretanto, devemos ressalvar duas situações importantes. A primeira é que existe hierarquia entre a Constituição Federal, a Constituição do Estado e a Lei Orgânica do Município. Num patamar de superioridade hierárquica temos a Constituição Federal, num patamar hierarquicamente inferior temos a Constituição do Estado, e, finalmente, numa posição hierarquicamente inferior a esta temos a Lei Orgânica do Município. A Lei Orgânica do Distrito Federal é hierarquicamente equiparada à Constituição do Estado. A segunda é que no âmbito da legislação concorrente a Constituição estabeleceu uma situação em que, no caso de conflito, a lei federal WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 33 CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO prevalecerá sobre a lei estadual. Trata-se do caso em que a superveniente lei federal de normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (CF, art. 24, § 4º). Note-se que, nesse caso, a própria Constituição já estabeleceu uma relação de subordinação da lei estadual à lei federal superveniente. Portanto, ressalvadas essas duas situações especiais, não há hierarquia entre normas federais, estaduais, distritais e municipais. 43) (ESAF/AFRE/RN/2005) Em razão da estrutura federativa do Estado brasileiro, as normas federais são hierarquicamente superiores às normas estaduais, porque as Constituições estaduais estão limitadas pelas regras e princípios constantes na Constituição Federal. Item ERRADO. É verdade que a Constituição Estadual é hierarquicamente inferior à Constituição Federal. Também é verdade que a Constituição do Estado é limitada pelas regras e princípios estabelecidos pela Constituição Federal (CF, art. 25). Porém, não é verdade que as leis federais são hierarquicamente superiores às leis estaduais. Como vimos, não existe hierarquia entre leis federais, estaduais, distritais e municipais. Eventuais conflitos entre essas normas são resolvidos pelo critério da competência para dispor sobre a matéria, e não pelo critério hierárquico. 44) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Assinale a opção correta. a) Segundo a visão pacificada da doutrina e da jurisprudência, os tratados de que o Brasil faz parte, versando direitos individuais, têm a mesma estatura hierárquica das normas constitucionais. b) No texto da Constituição Federal de 1988, há diferença hierárquica entre normas definidas como cláusulas pétreas e as demais normas do Estatuto Político. c) No texto da Constituição Federal de 1988, há diferença hierárquica entre normas estatuídas pelo poder constituinte originário e normas acrescentadas ao texto original por meio de emenda constitucional. d)
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