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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • A Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale é tida como a melhor sistematização do Direito. Para Reale, toda experiência jurídica pressupõe a correlação entre esses três elementos: fato, valor e norma. A TEORIA TRIDIMENSIONAL DE MIGUEL REALE Teoria Tridimensional Corrente Ciência Fato Dado da realidade (sociedade) Sociologismo/Realismo Sociologia Jurídica Valor Elemento de natureza moral (justiça) Jusnaturalismo Filosofia Jurídica Norma Elemento regulador (lei) Positivismo/Normativism o Dogmática INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • A dimensão normativa do direito corresponde ao Dever-Ser (Deôntica) do Direito, sendo em realidade o seu diferencial com as demais áreas das Ciências Sociais e humanas, como a Sociologia, a História e a Filosofia, por exemplo. O tridimensionalismo de Reale reflete a preocupação diretiva e sistematizante presente no positivismo jurídico do Século XIX e no normativismo jurídico de Hans Kelsen. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • A dimensão do FATO remete às correntes de perfil sociológico e realista do final do Século XIX, que ressaltava a importância do fenômeno histórico-social na construção das instituições de Direito, sendo sempre lembrada a contribuição do direito costumeiro para a tradição jurídica ocidental, sendo a reaproximação entre a Ciência do Direito e a esfera do Ser (Ôntica). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • A dimensão VALORATIVA OU AXIOLÓGICA é um retrato da preocupação moral presente nas diferentes concepções sobre o Direito Natural, surgidas ao longo dos séculos. • Os valores representam exatamente a união dos campos do Dever-Ser e do Ser na Ciência do Direito e que eram vistos como totalmente separados por Kelsen. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • Na realidade, as normas jurídicas (Dever-Ser) são resultado de um conjunto de valores que se afirma com a experiência histórica das sociedades (Ser). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO TEORIA DA NORMA JURÍDICA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO CONCEITO DE NORMA JURÍDICA A norma jurídica é um comando, um imperativo dirigido às ações dos indivíduos e das pessoas jurídicas e demais entes . É uma regra de conduta social. Sua finalidade é regular as atividades dos sujeitos em suas relações sociais . A norma jurídica imputa certa ação ou comportamento a alguém que é seu destinatário. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS DA NORMA JURÍDICA - GENERALIDADE: a norma jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei. - ABSTRATIVIDADE: as normas jurídicas visam a estabelecer uma fórmula padrão de conduta aplicável a qualquer membro da sociedade e não aos casos específicos (fatos cotidianos). INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS DA NORMA JURÍDICA • BILATERALIDADE: expressa o fato da norma possuir dois lados: um representado pelo direito subjetivo e o outro pelo dever jurídico, de tal modo que um não pode existir sem o outro, pois regula a conduta de um ou mais sujeitos em relação à conduta de outro(s) sujeito(s). Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo) Sujeito passivo (possuidor do dever jurídico) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS DA NORMA JURÍDICA • IMPERATIVIDADE: revela a missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, pois o direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Para garantir efetivamente a ordem social, o Direito se manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. Tal caráter significa imposição de vontade e não simples aconselhamento. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS DA NORMA JURÍDICA • COERCIBILIDADE: Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui dois elementos: • PSICOLÓGICO: exerce a intimidação através das penalidades previstas para as hipóteses de violações das normas jurídicas. • MATERIAL: é a força propriamente que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre espontaneamente. • OBS: Diferença entre: Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS DA NORMA JURÍDICA • ATRIBUTIVIDADE (ou autorizamento): o que compete à norma é autorizar ou não o uso das faculdades humanas. • A norma jurídica atribui às partes de uma relação jurídica, direitos e deveres recíprocos.Ou seja, atribui à outra parte o Direito de exigir o seu cumprimento. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO NORMAS DE CONDUTA Normas primárias, exatamente porque cumprem a finalidade básica das regras de direito, que é a disciplina de comportamentos na sociedade Estrutura da norma = hipótese (fato) + dispositivo (sanção) • Ex: É proibido pisar na grama. Multa 1 SM. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO NORMAS DE ORGANIZAÇÃO Chamadas também de secundárias, fixam competências e atribuições no âmbito do Estado, algo indispensável no Estado do Direito, no qual prevalece o império da lei, estando as autoridades públicas subordinadas a um princípio de legalidade estrita, segundo o qual as suas ações somente podem ocorrer nos limites fixados pela lei. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO QUANTO AO TIPO DE COMANDO • exige de seu destinatário uma conduta positiva ou uma ação,sendo antijurídica qualquer atitude diferente da prescrita na lei ou a omissão NORMA IMPERATIVAOU COGENTE • A hipótese legalmente estabelecida não pode acontecer do contrário enseja aplicação de uma sanção jurídica. NORMA PROIBITIVA • Compreende aquelas situações em que a ordem jurídica cria um padrão de agir, mas permite ao destinatário optar por uma atuação diferente, de acordo com o princípio da autonomia privada. NORMA SUPLETIVA (PERMISSIVA) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO QUANTO À AMPLITUDE NORMA GENÉRICA NORMA ESPECÍFICA (PARTICULAR) NORMA INDIVIDUALIZADA (“DE EFEITOS CONCRETOS”) •As normas que trazem em si princípios de direito ou garantias fundamentais tendem a ter uma dicção genérica: “todos são iguais perante a lei”, por exemplo. •São normas específicas, por exemplo, as que disciplinam o contrato de locação imobiliária residencial, exatamente porque há uma infinidade de modalidades contratuais e dentro do contrato locação há também diferentes espécies. •Tem aplicação a uma situação determinada, perfeitamente identificávelno tempo e no espaço, havendo casos em que sua disciplina jurídica se exaure na incidência sobre um fato específico ou perdura durante reduzido período de tempo. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO QUANTO AO ELEMENTO ESPACIAL • normas estabelecidas com base em tratados, convenções e costumes internacionais, cujo fundamento se encontra no princípio da “auto- limitação da soberania”, segundo o qual, os Estados se submetem voluntariamente às regras de direito internacional, a elas aderindo e recepcionando no direito interno, de acordo com os procedimentos previstos na legislação de cada país. NORMA DE DIREITO INTERNACIONAL • as normas editadas por um determinado ente da federação terão sua aplicação circunscrita ao território respectivo, sendo a legislação federal aplicável em todo o território nacional. NORMA DE DIREITO INTERNO (FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO QUANTO AO ELEMENTO TEMPORAL O usual é que uma norma ao entrar em vigor, assim permaneça até que outra norma a revogue. • NORMA PERMANENTE Situação excepcional no direito, se traduz por uma norma cuja vigência é limitada no tempo por disposição expressa daquele que a criou ou pelo exaurimento das hipóteses concretas por ela alcançadas. Uma norma prevendo uma anistia ou um parcelamento de um débito fiscal normalmente terá uma data limite para que os interessados requeiram o benefício. • NORMA TEMPORÁRIA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO QUANTO AOS EFEITOS SOBRE O FATO • Ex nunc Os efeitos NÃO retroagem. • Ex tunc Os efeitos retroagem. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO OUTRAS CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES a) Normas codificadas são aquelas que constituem um corpo orgânico sobre certo ramo do direito, como o Código Civil. b) Normas consolidadas são as que formam uma reunião sistematizada de todas as leis existentes e relativas a uma matéria; a consolidação distingue-se da codificação porque sua principal função é a de reunir as leis existentes e não a de criar leis novas, como num Código. Ex: CLT. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO OUTRAS CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES • c)Normas extravagantes ou esparsa: todas as leis que não estão incorporadas às Codificações ou Consolidações. São as leis que vagam fora; são as editadas isoladamente para tratar de temas específicos. Ex: Lei de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, Lei do Inquilinato etc. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO • Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, não deve estar apenas estruturada logicamente segundo um juízo categórico ou hipotético, pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade. • Na lição de Miguel Reale, a validade de uma norma jurídica pode ser vista sob três aspectos: 1) técnico-formal = vigência – validade formal 2) social = eficácia – validade social 3) ético = fundamento – validade ética INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO A) VALIDADE FORMAL (Vigência): Vigência: "a executoriedade compulsória de uma norma jurídica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração" (Miguel Reale). A norma jurídica tem vigência quando pode ser executada compulsoriamente pelo fato de ter sido elaborada com observância aos requisitos essenciais exigidos: 1) emanada de órgão competente; com obediência aos trâmites legais; e cuja matéria seja da competência do órgão elaborador INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO B) VALIDADE SOCIAL OU EFICÁCIA. Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica pode ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo descumprida, ela vale formalmente. O Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente eficaz. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO É ineficaz desde o seu nascedouro. O desuso de uma norma tem causas variadas, podendo ser resultado do fenômeno da norma defectiva, que prevê hipótese, mas não contém sanção; ser decorrente de uma hipótese legal de impossível cumprimento em termos concretos ou de uma exigência jurídica irrazoável, injusta ou que afronte o senso comum que predomina na sociedade. • LEI EM DESUSO É aquela que durante um determinado período até teve aplicação na sociedade, mas que sofreu um enfraquecimento de sua normatividade com o passar dos anos. • LEI ANACRÔNICA (VELHA, ULTRAPASSADA, DEFASADA) O DESUSO DAS LEIS E AS LEIS ANACRÔNICAS INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO C) VALIDADE ÉTICA OU FUNDAMENTO Toda a norma jurídica deve possuir ainda validade ética ou fundamento. O fundamento é o valor ou o fim visado pela norma jurídica. Toda norma jurídica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores necessários ao homem e à sociedade. Se ela visa atingir um valor ou afastar um desvalor, ela é um meio de realização desse fim valioso, encontrando nele a sua razão de ser ou o seu fundamento. As regras que protegem, por exemplo, as liberdades, são consideradas como tendo fundamento, porque buscam um valor considerado essencial ao ser humano.
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