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Poderes Administrativos - Direito Administrativo em questões

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CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS P/ TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 4 – PODERES ADMINISTRATIVOS 
 
Olá, amigos, tudo bem? Retornamos ao nosso dia habitual – quinta-
feira. Antes que alguém indague qual a razão de estarmos abordando o 
assunto “Poderes Administrativos”, uma vez que este não está no edital, 
explicamos a razão: o exercício dos Poderes Administrativos implica a 
produção de atos desta natureza, atos administrativos. Então, ao 
abordarmos Poder Discricionário, ao fim, falaremos de ato discricionário. 
Essa aula, portanto, é como se fosse uma continuação da aula de atos 
administrativos, assunto tão importante para concurso do TCU. 
Os assuntos a serem abordados na aula de hoje são: 
1 – Definição de Poderes Administrativos. 
2 – Classificação dos Poderes Administrativos: I) Vinculado; II) 
Discricionário; III) Regulamentar (ou normativo); IV) Hierárquico; V) 
Disciplinar; e, VI) De Polícia. 
3 – Uso e Abuso de Poder. 
 
*** Em tempo: uma retificação à aula anterior (referente a atos 
administrativos). Ao falarmos dos Decretos Autônomos na aula anterior 
(questão 18) dissemos que estes produzem efeitos concretos. Na 
realidade, o Decreto Autônomo que produz efeitos concretos é o 
previsto na alínea “b” do inc. VI do art. 84 da CF/88 (extinção de cargos 
públicos VAGOS mediante DECRETO). O previsto na alínea “a” do 
mesmo dispositivo é um NORMATIVO autônomo, vez que trata das 
normas gerais de funcionamento da Administração. Vejam mais 
comentários na questão 6 da presente aula. 
 
Muito bem. Feitos os esclarecimentos iniciais, passemos à aula de hoje. 
 
1 - (2004/CESPE/PGE-CE) Os poderes administrativos são 
instrumentais, sendo utilizados pela administração pública para cumprir 
suas finalidades. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS - DEFINIÇÃO 
Comentários: 
O Estado, como temos visto ao longo desse nosso curso, é uma ficção 
jurídica, criação humana, de representação coletiva. Por ser uma 
abstração, o Estado, não age por si mesmo. Nesse quadro, surgem os 
agentes públicos, aos quais a ordem jurídica confere prerrogativas 
diferenciadas, a serem utilizadas para a consecução dos interesses da 
sociedade. 
Esse conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica 
confere aos agentes públicos, no desempenho de tarefas de 
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Administração Pública, para o fim de permitir que o Estado alcance seus 
fins, denomina-se Poderes Administrativos. 
Regra geral, os Poderes Administrativos são concedidos por lei e 
destinam-se a instrumentalizar o Administrador Público para o 
atingimento do fim último a que se presta o Estado: a satisfação dos 
interesses públicos. 
Em contrapartida, por tutelarem interesses coletivos, impõe-se aos 
agentes públicos, de modo geral, uma série de deveres. Em 
determinadas hipóteses, pode-se mesmo afirmar que os Poderes 
Administrativos convertem-se em verdadeiros deveres administrativos. 
De fato, enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o 
detém, no setor público representa um dever do administrador para com 
a comunidade que representa. A doutrina fala, então, em Poder-dever 
de agir: 
Enquanto para o particular, o poder de agir é uma faculdade, 
para o administrador público é uma obrigação de atuar, desde 
que se apresente a oportunidade de exercitá-lo em benefício da 
comunidade. 
Pode-se concluir, preliminarmente, que há pouca margem de decisão ao 
agente quando surge a oportunidade (dever) de agir. Disto resulta que a 
omissão da autoridade ou o silêncio administrativo ocorridos quando é 
seu dever atuar gerará a responsabilização do agente omisso, 
autorizando a obtenção do ato não realizado, se for o caso, por via 
judicial, como por exemplo, por intermédio de mandado de segurança, 
quando ferir direito líquido e certo do interessado. 
Por oportuno, e em análise ao presente item, há de se fazer diferença, 
ainda, entre Poderes Administrativos e Políticos. Aqueles são poderes 
instrumentais da Administração, instrumentos de trabalho para 
cumprimento de tarefas de natureza administrativa. São normalmente 
classificados assim: I) Vinculado; II) Discricionário; III) Regulamentar 
(ou normativo, para alguns da doutrina); IV) Hierárquico; V) Disciplinar; 
e, VI) De Polícia. 
Já os Poderes Políticos são aqueles listados no art. 2º da CF/88 
(Executivo, Legislativo e Judiciário). São estruturais e inerentes à 
organização do Estado, integrando a organização constitucional, sendo 
que a inter-relação entre estes é objeto de estudo de ramo próprio do 
Direito, o Direito Constitucional. 
 
2 - (2005/CESPE/ANCINE/ADVOGADO) Poder discricionário é o que 
o direito concede à administração, de modo explícito ou implícito, para a 
prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua 
conveniência, oportunidade e conteúdo. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS 
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Comentários: 
Não é difícil percebermos que é impossível a Lei prever todas as 
condutas a serem adotadas pelo Administrador em face das situações 
concretas que se apresentam e que exigem pronta solução. Dessa 
maneira, por vezes, a Lei faculta ao administrador a possibilidade de 
adotar uma dentre várias (ou pelo menos mais de uma) condutas 
possíveis, a qual deve estar alinhada ao melhor atendimento do 
interesse público, o que resulta num juízo discricionário por parte do 
responsável pelo ato. Mas, atenção: o juízo discricionário de forma 
alguma pode ser confundido com um “livre arbítrio”. 
De fato, a Administração Pública, ao contrário dos particulares de modo 
geral, só pode fazer aquilo que a Lei lhe determina ou autoriza (princípio 
da legalidade administrativa – art. 37, caput, da CF/88). Neste último 
caso (autorização) é que há discricionariedade. Todavia, em ambas as 
situações, a conduta do agente deve estar pautada na Lei, não se 
admitindo ações que desbordem os limites da Lei. Falta ao 
administrador público, portanto, a possibilidade de escolher livremente, 
da forma que melhor entender (livre arbítrio), uma vez que limitado, 
SEMPRE, pela Lei. Portanto, pode-se afirmar que arbitrariedade é, para 
a Administração Pública, sinônimo de ilegalidade. 
A discricionariedade, na visão da maior parte dos doutrinadores, é 
resumida em um binômio: CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE. A 
primeira indica em que condições vai se conduzir o agente (o modo de 
agir deste); a segunda diz respeito ao momento em que a atividade 
deve ser produzida. 
Muito bem, uma parte do item já está explicada: a discricionariedade diz 
respeito à possibilidade de avaliação por parte do agente público quanto 
à conveniência e à oportunidade de agir. Sigamos adiante, ao trecho 
que fala que a discricionariedade refere-se, ainda, ao conteúdo dos atos 
administrativos, ou seja, um de seus elementos, o objeto, conforme já 
vimos na aula anterior. 
Apenas para relembrar, os elementos (requisitos) do ato administrativo 
são cinco (cinco): competência, finalidade, forma, motivo, e objeto. Os 
três primeiros são vinculados, ou seja, sobre estes o agente não possui 
liberdade quanto à decisão e à forma de agir. A discricionariedade, 
quando existente, diz respeito aos dois últimos, motivo e objeto, que 
constituem, em essência, o que a doutrina denomina de mérito 
administrativo, existente nos atos discricionários (APENAS PARA 
REGISTRO: não são os elementos, em si, que constituem o mérito, é 
sim a condução de tais elementos, o seu manejo). Passemos a um 
exemplo, tendo em conta nossa premissa de análise: é impossível a 
norma prever todas as condutas a serem adotadas pelo administrador 
público.CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS P/ TCU 
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A licença capacitação, prevista para os servidores públicos federais 
regidos pela Lei 8.112/90, poderá concedida, A CRITÉRIO DA 
ADMINISTRAÇÃO, para que um servidor faça um curso ligado às 
atribuições de seu cargo (art. 87 da Lei 8.112). A expressão, A 
CRITÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO, faz com que esta possa, por razões 
evidentes, decidir se numa circunstância fática qualquer dará ou não a 
licença pleiteada pelo servidor, ou seja, decidir o conteúdo (objeto) do 
ato: defere ou não o pedido de licitação? Fica a critério da 
Administração. 
Contudo, como falamos, apesar da liberdade dada ao administrador nos 
atos administrativos discricionários, não há uma liberdade sem limites. A 
título de exemplificação, podemos citar alguns limites quanto à 
concessão da licença capacitação: 
I) Apontados pela Lei (art. 87 da Lei 8.112): curso ligado às atribuições 
do cargo, com duração de ATÉ três meses; 
II) No caso de indeferimento do pedido, a necessidade de se motivar o 
ato denegatório, em razão do princípio da motivação dos atos da 
Administração Pública, como falamos na aula anterior também. 
Em suma, discricionariedade não é sinônimo de liberdade ampla e 
irrestrita. Contrário disso, a Administração sempre contará com limites 
no seu agir, de modo explícito ou implícito, que, aliás, é o trecho do 
item que ainda carece de ser explicado. 
Basicamente, podemos apontar que há discricionariedade para a 
Administração Pública nas seguintes situações: 
I) a própria lei concede a possibilidade à Administração de agir dessa 
forma (discricionária), como no caso de remoção de ofício do servidor, 
para atender necessidade de serviço; 
II) a lei é omissa, dado que não há viabilidade de se prever por meio 
de normas de cunho geral e abstrato todas as hipóteses que surgirão 
para a decisão administrativa; 
III) a lei prevê certa competência, mas não a conduta a ser adotada, 
diante de determinada situação. Melhor exemplo a ser dado no que se a 
este caso é em matéria de poder de polícia, para o exercício do qual é 
impossível traçar todas as condutas possíveis diante de lesão ou ameaça 
de lesão à vida, à segurança pública, etc; e, 
Muitos doutrinadores afirmam haver discricionariedade por parte da 
Administração quando esta faz interpretação de conceitos 
indeterminados. Um exemplo. 
A Lei (10.520/2002) determina que a modalidade de licitação pregão 
serve à aquisição de bens e serviços “comuns”. Mas o que seria o 
“comum”, para a Lei? Em casos como este, de conceitos imprecisos - 
indeterminados, caberia uma interpretação por parte da Administração 
com certa margem de liberdade, daí dizer, discricionária, para parte da 
doutrina. 
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Por fim, registramos que, contraposto ao Poder Discricionário, existe um 
Poder denominado, por parte da doutrina, de Vinculado (ou regrado), 
que seria aquele conferido por Lei à Administração para a prática de 
atos nos quais a liberdade de atuação é mínima, ou mesmo inexiste. 
Nos atos vinculados, todos os elementos que o compõem (competência, 
finalidade, forma, motivo e objeto) encontram expressa e minudente 
previsão legal, sendo que o órgão/entidade responsável pela prática do 
ato não goza de liberdade alguma para implementação dos atos 
vinculados, para os quais haveria uma única saída prevista na Lei, por 
esta determinada. Em razão disso, alguns outros autores consideram 
que não existe “Poder Vinculado”, uma vez que esse não encerra 
prerrogativa do Poder Público, mas mera restrição à atuação 
administrativa, constituindo a vinculação, quando muito, atributo 
(característica) dos outros poderes da Administração. 
Finalizamos este item dizendo que para alguns autores, da mesma 
forma que a vinculação, a discricionariedade não seria um Poder, em si, 
mas também uma característica da atuação da Administração Pública no 
exercício dos seus reais Poderes Administrativos, o Disciplinar, o 
Normativo, e o de Polícia. 
 
3 - (2002/CESPE/AGU) Quando o presidente da República expede um 
decreto para tornar efetiva uma lei, ele exerce o poder regulamentar. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – NORMATIVO 
Comentários: 
Como dissemos na questão anterior, não haveria como o legislador 
prever todas as soluções a serem adotadas em face das situações reais 
enfrentadas pela Administração Pública. Tampouco caberia a este 
mesmo legislador tornar exeqüível todas as normas que edite. A tarefa 
tornar-se-ia por demais onerosa, até desvirtuando o sentido de 
abstração e generalidade inerente às Leis. 
Incumbe à Administração, então, complementar as leis, criando os 
mecanismos para sua efetiva implementação. Essa é a principal 
característica do Poder Regulamentar, o qual, pode ser entendido como 
a prerrogativa dada à Administração Pública de editar atos gerais para 
complementar as leis e permitir sua efetiva implementação. 
Alguns autores preferem falar em Poder Normativo em vez de Poder 
Regulamentar, uma vez que este representa apenas uma das formas 
pelas quais se expressa aquele, coexistindo com outras. O Poder 
Regulamentar, no essencial, seria exercido pelos Chefes do Executivo. 
Nesse sentido, a CF/88 dispõe no inc. IV do art. 84 da CF/88 que 
compete ao Presidente da República privativamente, dentre outras 
atribuições: sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
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expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Daí, sem 
dúvida, a correção do item que estamos analisando. 
Todavia, a produção de atos administrativos normativos também pode 
ser feita por outras autoridades, órgãos ou entidades. Os Ministros de 
Estado, por exemplo, podem editar atos normativos (inc. II do art. 87 
da CF/88). É conhecido tanto que órgãos, como a Receita Federal e o 
Próprio TCU, editem atos normativos em suas áreas de competência. 
Quanto às entidades, não há mais dúvida que as Agências Reguladoras, 
por exemplo, podem editar normativos em suas áreas de atuação (o 
famigerado Poder Normativo Técnico). Daí por que alguns, como nós, 
preferem a expressão Poder Normativo, em vez de Regulamentar. 
No que consistiria, então, a diferença dos normativos 
ADMINISTRATIVOS, para as Leis? De início, lembramos semelhança 
entre ambos: são normas. Todavia, as Leis são não normas 
ORIGINÁRIAS, criando, via de regra, o direito novo. Isso se dá com as 
Leis (por serem originárias), sobretudo no que diz respeito à criação de 
novas obrigações, em razão de disposição constitucional expressa, o inc. 
II do art. 5º da CF/88, que dispõe: ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de LEI. 
De sua parte, os atos normativos administrativos possuem natureza 
derivada (atos secundários), vez que deverão estar adstritos aos limites 
que lhes impõem as Leis. Como exemplo do que se afirma, vejam mais 
acima, neste item, o inc.IV do art. 84 da CF/88: os decretos editados 
pelo Presidente da República serão expedidos para fiel cumprimento das 
Leis, as quais lhe constituem limite, portanto. Os decretos constituem 
uma das formas de expressão do Poder Normativo da Administração 
Pública, assim como o são as Resoluções, as Instruções, Portarias e 
Deliberações, desde que dotadas de caráter normativo, ou seja, 
genéricas e abstratas. 
 
4 - (2007/CESPE/PGE/TÉC. EM ADM) O poder normativo da 
administração se revela exclusivamente por meio de decreto do 
presidente da República. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – NORMATIVO 
Comentários: 
Esse item é apenas para se contrapor ao anterior e para que fixemos 
melhor o assunto: os Decretoseditados pelo Presidente da República 
constituem apenas UM DOS MEIOS mediante o qual se expressa o Poder 
Normativo da Administração Pública, que também se manifesta 
mediante Resoluções, as Instruções, Portarias e Deliberações, desde que 
dotadas de caráter normativo. Por relevante, apontamos que até mesmo 
o Conselho Nacional de Justiça dispõe de Poder Normativo, alguém 
duvida? 
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5 - (2007/CESPE/PGE/TÉC. EM ADM) Os atos normativos editados 
com base no poder regulamentar ou de regulação da administração são 
primários. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – NORMATIVO 
Comentários: 
Neste item, retomamos à diferenciação entre leis e os atos normativos 
administrativos. 
Inicialmente, chamamos atenção para o fato de que o examinador fez 
diferença entre os atos decorrentes do poder regulamentar e os 
decorrentes DA REGULAÇÃO. É que alguns autores têm entendido que a 
regulação, por seu relevo, deve ser tratada como uma atividade à parte 
das tradicionais atividades de Administração Pública (serviços públicos, 
fomento, polícia administrativa e intervenção, para relembrar). 
De outro lado, alguns autores entendem que o exercício do Poder 
REGULAMENTAR seria exclusivo dos Chefes do Executivo, enquanto o 
Poder NORMATIVO seria difundido por toda a Administração Pública. 
Para não deixar margem para recursos, o examinador optou pela 
distinção. Bom, superada essa ligeira “preliminar”, passemos ao 
conteúdo do item em si. 
Como falamos anteriormente, os atos administrativos NORMATIVOS não 
inovam a ordem jurídica, que é atributo próprio das Leis. 
A Administração não pode a pretexto de regulamentar norma, criar 
direito novo, introduzindo novidade no mundo jurídico, dado que este 
papel cabe ao Legislativo, este sim, possuidor da prerrogativa de 
produzir novidades jurídicas, em razão do que dispõe o inc. II do art. 5º 
da CF/88, já visto por nós. Inclusive, nos termos do art. 49, V, da 
CF/88, em caso de o Decreto exorbitar o conteúdo da Lei, caberá 
exclusivamente ao Congresso Nacional sua sustação. Dessa forma, os 
atos normativos administrativos são atos DERIVADOS, que deverão 
estar adstritos aos limites que lhe estabelecem as Leis. Por isso, o erro 
da questão. 
Os atos administrativos normativos objetivam, portanto, “explicar” 
melhor o conteúdo de uma norma preexistente (a Lei, em regra), sendo 
atos derivados (secundários). 
Assim, os atos legislativos TÍPICOS (as Leis) diferem dos normativos 
administrativos (Decretos, Instruções Normativas e outros) não pelos seus 
conteúdos (genéricos e abstratos), mas sim por sua originariedade 
(novidade) com relação ao mundo jurídico. 
 
6 - (2005/CESPE/MA-MT/PROMOTOR) Para alguns estudiosos, a 
Emenda Constitucional n.º 32/2001 deu ao presidente da República o 
poder de baixar os chamados decretos autônomos, dentro de certos 
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limites. Independentemente dessa discussão, é certo que o chefe do 
Poder Executivo, ao baixar decretos para dispor acerca da organização e 
do funcionamento da administração federal, continua submetido ao 
princípio da legalidade e não pode, por exemplo, criar nem extinguir 
órgãos públicos. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – NORMATIVO x DECRETOS 
AUTÔNOMOS 
Comentários: 
Essa questão é excelente para tratarmos de um dos temas mais 
controvertidos em nossas aulas presenciais: afinal, a Administração 
Pública pode adotar atos administrativos AUTÔNOMOS com relação às 
Leis? Todavia, antes de adentrarmos o assunto, trataremos dos dois 
tipos “clássicos” de atos administrativos normativos, a partir dos 
Decretos: de execução (ou regulamentares) e autônomos. 
Os decretos/regulamentos de execução são regras jurídicas gerais, 
abstratas e impessoais, concebidas em função de uma lei, para lhe dar 
fiel execução e referentes à atuação da Administração. No âmbito 
federal, a competência para expedição desses decretos é do Presidente 
da República (art. 84, inc. IV), sendo tal competência indelegável 
(parágrafo único do art. 84). Fundamento básico para a edição de 
decretos de execução é que estes devem ser editados em função de 
uma Lei que futuramente exigirá a participação da Administração na sua 
efetivação. Assim, não seria razoável, ou mesmo legal, a Administração, 
sob a argumentação de estar no exercício do Poder Regulamentar, 
expedir decretos de execução em razão de normas que nada tem a ver 
com o exercício de suas atribuições, tais como alguns dispositivos de 
Direito Comercial, por exemplo. 
Os Decretos Autônomos foram (re) introduzidos em nossa ordem 
jurídica por intermédio da Emenda Constitucional 32/2001. A partir da 
promulgação desta, compete ao Presidente da República “dispor, 
mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da 
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem 
criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou 
cargos públicos, quando vagos”. 
Ressaltamos que, a despeito do que estabelece a alínea “a”, a criação e 
extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública continua a 
depender de Lei (art. 88, CF – reserva legal). São duas situações 
distintas, então: tratando-se de organização/funcionamento da 
administração federal (alínea “a”), competência do Presidente da 
República, por meio de decreto (autônomo), competência que é 
delegável, nos termos do art. 84, parágrafo único da CF/88; já a 
criação/extinção de Ministérios é matéria a ser tratada em lei. 
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Hoje, para fins de concurso público, deve ser aceita a existência de 
Decretos Autônomos tão só nas hipóteses que listamos acima. Mas, em 
que residiria a autonomia desses atos administrativos? 
A “autonomia” vem do Decreto dessa natureza não se ater aos limites 
postos por uma Lei, como no caso dos regulamentares, mas de se 
arvorar diretamente no texto constitucional, ou seja, de irem além da lei 
(praeter legem) e não só até os limites desta (secundum legem). 
Todavia, cumpre fazer distinção das hipóteses em que é cabível o 
Decreto Autônomo. 
No que diga respeito à organização e funcionamento da administração, o 
Decreto Autônomo tem natureza NORMATIVA, sendo genérico abstrato, 
vez que trata de regras gerais aplicadas ao funcionamento da 
Administração. 
No segundo caso (extinção de cargos), o Decreto tem efeitos concretos, 
tratando, especificamente, de uma situação específica da Administração. 
Por fim, é acertada a questão quando diz que na edição de Decretos 
Autônomos a Administração Pública continua submissa à Lei, ante o 
inafastável princípio da Legalidade, previsto no texto constitucional. 
Nem todas as matérias relacionadas ao funcionamento da Administração 
poderão tratadas por decretos. Exemplo disso, a criação/extinção de 
órgãos públicos, a criação de autarquias, a autorização das demais 
entidades da Administração Indireta, a concessão de aumentos a 
servidores públicos etc. 
 
7 - (2004/CESPE/DEFENSOR PÚBLICO) O poder regulamentar 
possui, ao lado de seu fundamento jurídico, um fundamento político, 
consistente na conveniência e oportunidade que se reconhece ao Poder 
Executivo para orientar a administração pública em relação a 
pormenores inerentes à execução da lei. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER NORMATIVO 
Comentários: 
Mais uma questão no bom estilo “CESPEANO”... 
Normalmente, nossa estimada banca examinadora é assim: não se 
contenta com o conhecimento puro e literal de leis por parte do 
candidato. Exige deste compreensão de mundo, daquilo que o cerca, e, 
quanto a aspectos jurídicos,do SISTEMA como um todo. 
De fato, é uma opção política do Legislador “abrir mão” de parte de sua 
competência de elaborar Leis gerais e abstratas, deixando a cargo do 
Administrador que desça aos detalhes necessários à aplicação destas. 
Aliás, é assim em razão da própria separação de funções, consagrada no 
texto da CF/88 (art. 2º: Poderes Independentes e harmônicos entre si, o 
Executivo, Legislativo e o Judiciário). O Administrador Público, e não o 
Legislador, é quem conhece melhor os problemas práticos do dia a dia 
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da Administração, e, por isso, em alguns casos, melhor deixar ao seu 
encargo o detalhamento quanto à melhor aplicação das Leis. Ilustremos 
a situação, com um exemplo que se encaixa em nosso curso: o Pregão. 
O Pregão é uma modalidade de licitação que se destina à AQUISIÇÃO 
(alienação NUNCA) de bens e serviços comuns (Lei 10.520/2002). Mas, 
o que seriam bens e serviços COMUNS? A Lei não os define, restando ao 
Administrador Público fazê-lo. Em nível federal, o maior desses 
administradores, o Presidente da República, editou, então, o Decreto 
3.555/2000, o qual trás uma lista EXEMPLIFICATIVA (e não taxativa) de 
bens e serviços comuns, facilitando o entendimento dos conceitos 
indeterminados contidos na Lei (a execução dos “pormenores” citados 
no item que estamos analisando). Mas por que a Lei não poderia descer 
a esses pormenores? Em síntese, por duas razões: I) o Administrador é 
quem tem conhecimento dos detalhes do funcionamento administrativo 
de rotina. Ele, portanto, quem conhece o que merece ser melhor 
esclarecido; II) se a Lei for por demais detalhada, rapidamente cairá em 
desuso. Se a Lei fixa o que é comum, por exemplo, o que ficasse de fora 
seria “incomum”. Só que o que não é comum hoje, pode ser amanhã. 
Exemplo disso: alguns bens de informática, como teclado, monitor, CPU, 
etc. há vinte anos, absolutamente não comuns. Não caberia, por 
conseguinte, pregão para estes (até mesmo por que esta modalidade foi 
criada bastante depois...). Hoje, bastante comuns, cabendo pregão. Se 
a Lei tivesse definido o que deveria ser entendido por comum e tivesse 
deixado de fora bens de informática, não poderíamos ter pregão para os 
ditos bens. Todas as vezes que fosse alterado o entendimento quanto ao 
que é comum, teríamos de ter uma alteração na Lei que trata da 
matéria, com todo o rito formal previsto na CF. Imaginem a confusão... 
É por uma questão prática mesmo que se deixam alguns detalhes a 
serem regulamentados pela Administração Pública, a “Lei em seus 
pormenores necessários à execução”, como bem o disse o examinador 
do CESPE. 
Ressaltamos, todavia, que o Legislador não pode, sob pena de ofensa ao 
princípio de separação dos poderes, atribuir in totum (integralmente) 
competência legiferante ao Executivo, ou seja, não pode dizer a este: 
LEGISLA! Nessa situação, ocorreria uma delegação legislativa “em 
branco” (seriam “decretos autorizados”), tida por inconstitucional pelo 
STF, e, assim, inaceitável em nosso sistema jurídico. 
Mesmo naquelas matérias de alta dose de tecnicidade, a delegação 
concedida para a Administração regulamentá-las deverá ser limitada. 
Assim, o Legislativo poderia, por exemplo, determinar regras básicas, 
enquanto à Administração caberia a regulamentação técnica, de maior 
detalhamento, o procedimental em si, de acordo com parâmetros 
estabelecidos na norma. A Administração não pode, portanto, a pretexto 
de regulamentar norma, criar direito, introduzindo novidade no mundo 
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jurídico, dado que este papel cabe ao Legislativo, este sim, possuidor da 
prerrogativa de produzir novidades jurídicas. 
 
8 - (2006/CESPE/AGU/ADV) O TCU, mediante seu poder normativo, 
pode fixar normativamente, para toda a administração pública federal, o 
valor a partir do qual a tomada de contas especial deve ser 
imediatamente remetida ao tribunal. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – NORMATIVO 
Comentários: 
Para respondermos esse item vamos dar uma passeada em assunto 
bastante interessante: as Tomadas de Contas Especiais que podem ser 
instauradas pelo Tribunal. Ressaltamos que o mesmo diz respeito à 
disciplina de Controle Externo, também bastante importante no contexto 
dos certames para o cargo de Analista do TCU. 
Como dissemos anteriormente, o Poder Administrativo da Administração 
Pública não se esgota na produção de Decretos por parte do Chefe do 
Executivo. O Tribunal de Contas da União, por exemplo, também o 
possui. 
O desempenho da função normativa pelo TCU encontra respaldo na Lei 
Orgânica da Corte de Contas Federal - LOTCU, que assim dispõe em seu 
art. 3º: Ao Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua 
competência e jurisdição, assiste o poder regulamentar, podendo, 
em conseqüência, expedir atos e instruções normativas sobre 
matéria de suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe 
devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob pena de 
responsabilidade. 
Antes de dar seguimento á análise do item, destacamos que há pequena 
impropriedade terminológica no dispositivo citado da LOTCU: em 
realidade, atribui-se Poder NORMATIVO ao TCU, vez que o Poder 
Regulamentar é exercido mediante DECRETOS expedidos pelos Chefes 
de Executivo, para que se dê fiel cumprimento às Leis. Todavia, se o 
examinador afirmar em prova que assiste Poder Todavia, se o 
examinador afirmar em prova que assiste Poder Regulamentar ao TCU, 
pela literalidade da LOTCU, teríamos que marcar o item como correto. 
Coisas de concurso… 
A mesma LOTCU fixa no § 2º do art. 8º que as tomadas de contas 
especial deverão ser, desde logo, encaminhada ao Tribunal de Contas da 
União, para julgamento, se o dano causado ao erário federal for de valor 
igual ou superior àquele fixado pelo Tribunal em cada ano civil, na forma 
estabelecida no seu regimento interno. Chamamos, aqui no TCU, esse 
valor que determina o envio imediato das TCE’s ao Tribunal de “valor de 
alçada”, que é uma referência de custo para a análise e instrução de um 
processo de contas especiais, que podem ser instauradas em razão de: 
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I) omissão no dever de prestar contas; 
II) não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, 
na forma prevista no inciso VII do art. 5° da LOTCU; 
III) ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores 
públicos; e, 
IV) prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que 
resulte dano ao erário 
Ressaltamos que a instauração da TCE é um dever da autoridade 
administrativa competente, a qual, se não o fizer, acabará sendo 
responsabilizada solidariamente pelo dano, junto com o seu causador (o 
gestor e todos os demais responsáveis ordenador 
Vê-se que as contas especiais são instauradas em razão de fatos graves, 
que levam à pressuposição que houve má utilização de recursos públicos 
por parte de um gestor. Ainda que não seja da nossa matéria, que há, 
ainda, as contas ordinárias anuais, tomadas e prestações de contas, 
conforme o caso, que são levadas à apreciação do TCU, para que órgão 
afira, rotineiramente, se os recursos públicos federais foram 
adequadamente utilizados. Em suma: não se deve confundir contas 
ESPECIAIS com contas ANUAIS – as primeiras serão instauradas em 
decorrência de um fato que leva à conclusão preliminar que houve 
indevida aplicação de recursos públicos; as últimas constituem o 
instrumento para que se faça conferência quanto aos recursos que são 
rotineiramente passados aos gestores públicos. Pois bem, retomemos 
nossa questão. 
O Regimento Internodo TCU – RITCU, repetindo a LOTCU, fixa no seu 
art. 199 que a tomada de contas especial será, desde logo, 
encaminhada ao Tribunal para julgamento, se o dano ao erário for de 
valor igual ou superior à quantia fixada em cada ano civil. Vai além o 
RITCU, estabelecendo a competência para a fixação do valor: do 
PLENÁRIO do Tribunal, que o fará até a última sessão ordinária de um 
ano para vigorar no exercício subseqüente. A fixação do valor de alçada 
das TCE’s será feita mediante ATO NORMATIVO, conforme estabelece o 
§ 1º do já citado art. 199 do RITCU (especificamente, uma Decisão 
Normativa do TCU, ainda que o Regimento não o diga). Assim,não há 
duvidas: assiste Poder Normativo ao TCU, no exercício de suas 
competências. 
Ah – para finalizar: o valor fixado pelo TCU para envio imediato das 
TCE’s ao Tribunal no exercício de 2007 é de R$ 23.000,00. 
 
9 - (2006/CESPE/ANA/ANALISTA ADM.) Regulamentos ou 
resoluções do Poder Executivo Federal não poderão ser invalidados pelo 
Poder Judiciário por via da ação direta de inconstitucionalidade quando 
contrariarem a Constituição Federal, uma vez que esse instrumento só é 
aplicável quando uma lei violar a Constituição. 
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Gabarito: ERRADO 
Tema: NORMATIVO 
Comentários: PODERES ADMINISTRATIVOS – NORMATIVO x 
CONTROLE JUDICIAL 
A regra geral é que os atos normativos (e também os não normativos) 
devem ser praticados sem vícios. Nesse sentido, levando em conta a 
regra geral, verifica-se a existência de uma série de instrumentos ou 
mecanismos que visam coibir a prática nociva de se editar atos ilegais. 
Inicialmente, diga-se que, conforme o inc. V, art. 49 da CF, compete 
exclusivamente ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do 
Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de 
delegação legislativo. Tal controle visa nitidamente impedir a usurpação 
da competência legiferante (de legislar) do poder que, 
constitucionalmente, a detém, ou seja, visa restringir a invasão de 
competência do Legislativo pelo Executivo. 
Já o inafastável controle judicial dos atos administrativos normativos 
(inc. XXXV do art. 5º da CF/88) variará conforme a natureza destes e 
em razão à norma infringida. No caso de conflito com a lei, o ato 
normativo estará sujeito ao controle de legalidade. De outra parte, o ato 
normativo (apenas o PRIMÁRIO) poderá ser submetido ao controle de 
constitucionalidade, desde que ofenda diretamente a Lei Maior, 
PODENDO, PORTANTO, CONSTITUIR OBJETO DE CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE, MESMO NA VIA DIRETA. Nesta situação, não 
haverá lei subordinadora do ato regulamentar editado, o qual será 
qualificado como autônomo, podendo ser impugnado por intermédio da 
Ação Direta de Inconstitucionalidade, permissiva da invalidação dos atos 
que ofendem diretamente a constituição. Assim, conclui-se que só SÃO 
PASSÍVEIS DE CONTROLE DIRETO DE CONSTITUCIONALIDADE OS 
ATOS ADMINISTRATIVOS AUTÔNOMOS. Nessa linha, já decidiu o STF: 
Ação Direta de Inconstitucionalidade – Objeto – Decreto. Uma vez 
ganhando contornos de verdadeiro ato autônomo, cabível é a ação 
direta de inconstitucionalidade. (Adin 1396-3. Informativo STF, nº. 98). 
Lembramos que a própria Administração emitente do ato normativo 
poderá controlá-lo, em razão do princípio da autotutela (Súmula/STF 
473), tantas vezes destacado em nosso curso. 
Enfim, todos os Poderes tem possibilidade de controlar atos 
administrativos, pelas razões que são sintetizadas abaixo: 
I) a própria Administração emitente do ato, em razão do princípio da 
autotutela; 
II) o Legislativo, vez que pode sustar os atos normativos do Executivo 
que exorbitem do poder regulamentar; 
III) o Judiciário, em razão do princípio da inafastabilidade de jurisdição 
de índole constitucional (inc. XXXV do art. 5º da CF/88). Reiteramos que 
o controle CONCENTRADO de inconstitucionalidade só será possível 
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quanto a atos administrativos revestidos de autonomia, na linha da 
jurisprudência do STF. 
 
10 - (2007/CESPE/PC-ES/AGENTE) O poder hierárquico é exercido 
com a finalidade de coordenar as atividades administrativas, no âmbito 
interno, não sendo possível em seu nome o exercício do poder de 
revisão dos atos administrativos de subordinados. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – HIERÁRQUICO 
Comentários: 
Nas relações pautadas na hierarquia vislumbra-se vínculo de 
subordinação entre órgãos e agentes que componham a relação de 
direito em questão. 
A despeito de as relações hierárquicas serem inerentes ao interior do 
Poder Executivo, não se pode afirmar que restrinjam a este no âmbito 
da Administração Pública. De fato, onde ocorra o desempenho da função 
administrativa poderá ocorrer uma relação hierárquica, mesmo no 
âmbito do Legislativo ou no Judiciário. Mas quando os membros desses 
dois poderes estiverem exercendo suas funções típicas, de legislar ou de 
julgar (funções legislativa e jurisdicional, respectivamente), inexiste 
hierarquia. Não há, portanto, hierarquia entre parlamentares ou 
membros da magistratura no desempenho de suas atribuições típicas. 
É o Poder Hierárquico que permite à Administração distribuir e escalonar 
as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, 
estabelecendo as relações de subordinação entre os servidores do seu 
quadro de pessoal. 
Junto com o Poder Hierárquico (até mesmo decorrência deste) anda o 
Poder Disciplinar, entendido como a possibilidade de a Administração 
aplicar sanções àqueles que, submetidos à ordem interna, descumpram 
as ordens advindas da hierarquia posta. Com efeito, de nada valeria 
falar em hierarquia se o superior não pudesse aplicar punições aos 
infratores administrativos que lhe são subordinados. 
Do Poder Hierárquico resultam, ainda, as prerrogativas dos superiores 
de ordenar, fiscalizar, rever, delegar ou avocar, com relação aos 
subordinados. Vejamos cada um desses aspectos. 
Ordenar implica impor ao subordinado a conduta a ser adotada diante 
do caso concreto. Consigne-se que o dever de obediência do 
subordinado não será absoluto: nos casos em as ordens emanadas pelos 
superiores foram manifestamente ilegais não há que se cumpri-las. A 
afirmativa encontra amparo mesmo no texto da atual Carta Magna, que 
estabelece, em seu art. 5º, inc. II que ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. Regra no mesmo 
sentido está contida na Lei 8.112/90, que estabelece o Regime Jurídico 
dos Servidores Públicos da União, ao estatuir, no inc. IV, art. 116, que o 
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servidor é obrigado a cumprir com as ordens que lhes são dadas, salvo 
quando manifestamente ilegais. 
Fiscalizar significa verificar se a conduta dos subordinados se alinha 
com o que dispõem as normas legais e regulamentares, bem como em 
relação às diretrizes fixadas pelos agentes superiores. 
Revisar implica a apreciação pelos superiores quanto aos aspectos dos 
atos praticados pelos inferiores, no sentido de mantê-los ou invalidá-los. 
A revisão ocorrerá de ofício (iniciativa da Administração) ou por 
provocação do interessado, e só poderá ocorrer até quando o ato ainda 
não tenha se tornado definitivo para a Administração ou não tenha 
gerado direito adquirido para o Administrado. 
Delegar consiste na transferência de atribuições de um órgão a outro 
no aparelho administrativo. Não é admitida com relação a atos políticos, 
bem como de um Poder para outro, salvo nos casos constitucionalmente 
previstos (por exemplo, no caso de lei delegada). Em nível federal, há, 
hoje, normaque trata de tal instituto, a Lei 9.784/99, a ser tratada na 
aula referente ao Processo Administrativo e já abordada noutros 
momentos desse nosso curso. 
Avocar é a possibilidade que tem o superior de trazer para si as funções 
exercidas por um subalterno. É medida excepcional, que só pode ser 
realizada à luz de permissivo legal e que desonera o subordinado com 
relação à qualquer responsabilidade referente ao ato praticado pelo 
superior. Não pode ser avocada, destaque-se, a atribuição 
expressamente dada por lei a certo órgão ou agente, como no caso dos 
julgamentos de licitações pelas comissões competentes. 
Finalmente, é de se registrar que não se deve confundir vinculação 
administrativa com subordinação. Enquanto a primeira tem caráter 
externo e é conseqüência do controle que as pessoas federativas têm 
sobre as pessoas administrativas que compõem a administração 
indireta, a última é de caráter interno, estabelecida entre órgãos de uma 
mesma entidade, como decorrência do poder hierárquico. Assim, a 
relação da União com uma de suas autarquias é de vinculação destas 
para com aquela, enquanto que a relação de uma divisão de um 
Ministério (órgãos criados) com relação ao próprio Ministério é de 
subordinação (hierárquica). 
 
11 - (2007/CESPE/AGU/PROCURADOR) O ato disciplinar é 
vinculado, deixando a lei pequenas margens de discricionariedade à 
administração, que não pode demitir ou aplicar quaisquer penalidades 
contrárias à lei, ou em desconformidade com suas disposições. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – DISCIPLINAR 
Comentários: 
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Esse item representa um “marco” para o entendimento do Poder 
Disciplinar em provas do CESPE. É que boa parte da doutrina entende 
que o exercício de tal Poder seria essencialmente discricionário, 
sobretudo por que as sanções (punições) disciplinares não são tão 
“fechadinhas” (tipificadas) quanto no Direito Penal. Todavia, sempre 
mencionamos em sala de aula que essa (pseudo) discricionariedade no 
exercício do Poder Disciplinar é relativizada pelo dever que as 
autoridades têm de determinar a apuração de eventuais infrações 
cometidas por seus subordinados. 
De fato, o Poder Disciplinar decorre, em boa medida, do escalonamento 
hierárquico verificado no exercício da atividade administrativa (vejam o 
item anterior, no qual tratamos do Poder Hierárquico/hierarquia 
administrativa). Com efeito, se ao superior é dado poder de fiscalizar os 
atos dos subordinados, nada mais lógico que, em verificando o 
descumprimento de ordens ou normas, tenha a possibilidade de impor 
as devidas sanções que a conduta infratora exija. 
Neste quadro, parte da doutrina entende que o Poder Disciplinar seria 
uma faculdade de sancionar, no âmbito interno da Administração 
Pública, as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas 
à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. Cabem algumas 
pequenas observações com relação ao conceito. 
O termo “faculdade” contido poderia dar a impressão de que se trata de 
decisão discricionária da autoridade, a qual avaliaria a conveniência em 
agir. Não o é. Em verdade, trata-se de um poder-dever, que obriga a 
autoridade a apenar o infrator, caso a sanção a ser aplicada esteja na 
esfera de sua competência. Para ratificar o afirmado, basta ver o que 
estabelece o art. 143 da Lei 8.112/90, que estatui o denominado 
Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, Autarquias e 
Fundações Públicas: A autoridade que tiver ciência de irregularidade no 
serviço público é obrigada a promover sua apuração imediata.... 
Comprovada a infração cometida, não pode a autoridade se furtar da 
aplicação pena devida ao infrator. Ressaltamos que a necessária 
apuração de uma infração que tenha conhecimento poderá implicar 
responsabilidade criminal ao Administrador, pelo que se vê do art. 320, 
do Código Penal: Deixar o funcionário, por indulgência, de 
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo, 
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da 
autoridade competente... 
Fica claro que caso a autoridade tenha conhecimento de infração 
cometida por seus subordinados, deverá determinar sua apuração, sob 
pena de ser também responsabilizado pela infração que não fora 
apurada. VINCULADA, portanto, a atuação da autoridade no que diz 
respeito à apuração. Contudo, o item fala em “pequenas margens de 
discricionariedade” no exercício do Poder Disciplinar. Em que residiria 
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essa discricionariedade, então? Peguemos exemplos na Lei 8.112/90, 
que trata do regime jurídico aplicável aos servidores da Administração 
Pública Federal, na Administração Direta, Autárquica e Fundacional. 
Uma das punições previstas pela Lei 8.112/90 (art. 127) é a demissão. 
Dentre as hipóteses para aplicação desta encontra-se a insubordinação 
grave em serviço (inc. VI do art. 132 da Lei 8.112/90). Mas, o que seria 
uma insubordinação “grave”? A Lei não define, tratando-se de um 
conceito indeterminado, o que, para parte da doutrina, gera a 
discricionariedade da Administração, ao interpretá-lo (relembrem o 
assunto no item 2, mais acima). 
Noutra passagem (art. 130), A Lei 8.112/90 diz que a suspensão será 
aplicada nos casos de reincidência das faltas puníveis com advertência e 
de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a 
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. 
Mas quantos seriam os dias para cada infração? Nesse sentido, é que 
existe discricionariedade (pequena) no exercício do Poder Disciplinar. 
Registramos, ainda, que não há de se confundir o Poder Disciplinar, 
administrativo, com o Poder Punitivo Geral do estado (o que os diversos 
ramos jurídicos chamam de jus puniendi). Enquanto aquele é de ordem 
interna, abrangendo as infrações relacionadas ao serviço, este é mais 
amplo, realizado também, por exemplo, pelo Poder Judiciário, ao 
reprimir crimes e contravenções, com tipos estabelecidos nas leis 
penais. 
Também é digno de nota que, em determinadas situações, há 
possibilidade de uma mesma infração levar à punição administrativa e 
penal (e até civil), sendo que a primeira é de menor severidade, por 
assim dizer, com relação à última (penal). Certas infrações implicarão 
apenas sanções administrativas, não alcançando conseqüências na 
esfera penal. Observe-se que, por não terem uma “tipicidade” tão rígida 
quanto as sanções penais, as condutas administrativas infratoras 
permitem à autoridade fazer juízo de valor quanto à penalidade 
administrativa a ser aplicada. Aqui, sim, pode-se afirmar que há uma 
discricionariedade “relativa” no agir da autoridade aplicadora, a qual, de 
toda forma, deve se ater ao princípio da adequação punitiva, aplicando 
sanção adequada ao caso verificado. 
Consignamos que nos atos de punição disciplinar sempre deverá haver 
motivação, que pode ser entendida como a exposição dos motivos, de 
fato e de direito, que levaram à aplicação da sanção disciplinar. Ainda 
que de forma resumida, a motivação deverá ocorrer, como condição de 
validade do ato sancionatório. Tal providência encontra-se positivada, 
por exemplo, na Lei 8.112/90, que estabelece no art. 128, parágrafo 
único: o ato de imposição da penalidade mencionará sempre o 
fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. Nesse mesmo sentido 
no art. 50, inc. II da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo 
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na Administração Pública Federal. Estabelece o dispositivo: Os atos 
administrativos deverão ser motivados, comindicação dos fatos e dos 
fundamentos jurídicos, quando: I - ...; II - imponham ou agravem 
deveres, encargos ou sanções; ... 
Assim, mesmo que se possa afirmar que subsista pequena margem de 
discricionariedade no exercício do Poder Disciplinar, indispensável a 
motivação das sanções administrativas que encontram respaldo nesse 
Poder. 
Por fim, não sei se escapou aos amigos, mas dissemos que 
PARTICULARES também podem se submeter às vias do Poder 
Disciplinar. É o caso, por exemplo, dos que firmam contratos com a 
Administração Pública, que estarão submetidos às sanções disciplinares 
pelo vínculo estabelecido por intermédio do instrumento contratual (o 
contrato cria um vínculo “especial” do contratado, que permite à 
Administração lançar mão de seu Poder Disciplinar). Nesse sentido, o 
art. 87 da Lei 8.666/93 fixa as penas que podem ser aplicadas aos 
contratados, pelo descumprimento de suas obrigações. Claro que, para 
tanto, as sanções devem estar previstas no contrato firmado, sobretudo 
especificando as infrações puníveis. 
 
(2005/CESPE/ANS/Advogado) A respeito do poder de polícia 
administrativa, julgue os itens a seguir. 
12 - Existe, no ordenamento jurídico brasileiro, além das inúmeras 
conceituações doutrinárias, um conceito legal de poder de polícia. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA: 
CONCEITUAÇÃO 
Comentários: 
De início, já respondendo a questão, registramos que o Poder de Polícia 
encontra-se positivado no art. 78 do Código Tributário Nacional - CTN, 
que estabelece: considera-se poder de polícia a atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse 
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de 
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de 
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do 
Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos. O Poder de Polícia encontra uma 
(péssima) definição na Lei. 
O conceito encontra-se contido no CTN em razão do exercício do Poder 
de Polícia constituir fato gerador de taxas, em virtude do que dispõe a 
CF/88 (Art. 145, II, além do art. 77 do mesmo CTN). Pode-se, afirmar, 
então, que é indevida a cobrança de tarifa em decorrência do Poder de 
Polícia. De fato, a tarifa caracteriza-se por ser preço público, tendo 
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natureza negocial e contratual, adequada para remunerar serviços 
públicos econômicos, não se adequando, portanto, ao exercício do poder 
polícia. 
Vê-se, no conceito dado pela norma, a amplitude do conceito legal. São 
diversas áreas que podem exigir a atuação da polícia administrativa: 
segurança, higiene, mercado, etc. Todavia, sendo bem sincero, ESTE 
CONCEITO É HORRÍVEL! Nossa, é extenso demais e informar que é 
bom, muito pouco. Preferimos entender o Poder de Polícia da forma que 
boa parte da doutrina o entende: a faculdade colocada à disposição do 
Estado para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e 
direitos individuais, em benefício do coletivo e do próprio Estado. 
Em linguagem menos técnica, podemos dizer que o exercício do Poder 
de Polícia impõe “por na balança”: o que é mais importante, o indivíduo 
ou o coletivo? Via de regra, será o coletivo, óbvio. O todo é mais 
importante que o indivíduo. Em resumo, o Poder de Polícia consiste na 
limitação do uso do exercício das liberdades individuais, quando assim 
exigir o interesse público. 
 
13 - (2007/CESPE/ANA/CURSO DE FORMAÇÃO) As manifestações 
do poder de polícia ocorrem por meio de leis e atos normativos, e atos 
administrativos unilaterais dotados de auto-executoriedade e 
coercibilidade. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA x 
CARACTERÍSTICAS 
Comentários: 
De forma ampla, Poder de Polícia abrange todas as ações do Estado que 
impliquem limitação de direitos individuais. Interessante destacar que o 
Poder de Polícia possui sensível diferença com relação a outras tarefas 
da Administração Pública, como,por exemplo, a prestação de serviços 
públicos. Aliás, muitas vezes se confunde serviço público com Poder de 
Polícia, sobretudo, a administrativa. Ainda que se pudesse tratar um 
sem número de distinções entre tais tarefas da Administração Pública, 
há uma fundamental: nos serviços públicos há uma PRESTAÇÃO feita 
aos particulares, de modo geral, como, por exemplo, serviços de energia 
elétrica ou telefonia. No exercício do Poder de Policia há uma 
RESTRIÇÃO às liberdades individuais ou à propriedade, como no caso da 
interdição de um estabelecimento comercial por ausência de condições 
sanitárias de funcionamento. Ou seja, pode-se entender o Poder de 
Polícia como uma intervenção NEGATIVA do Estado na sociedade, 
restritora da autonomia que vale para os particulares, via de regra. 
Muitas vezes, contudo, o exercício do Poder de Polícia pode levar à 
exigência de obrigações POSITIVAS do Estado com relação ao particular. 
Exemplo disso: é necessário que se cumpram os requisitos necessários 
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para a obtenção da carteira de motorista, obrigando ao particular a 
FAZER os exames, as horas-aula de trânsito, etc. Mas o que a carteira 
de motorista (que é uma licença) tem a ver com o Poder de Polícia? É 
que sem ela nós não podemos conduzir um veículo automotivo, de 
forma legítima. 
Pois bem. Apesar de, aparentemente, o particular ter a obrigação de 
“tirar” a carteira, há uma restrição potencial por detrás dessa exigência. 
O Poder Público não quer que, na condução de um veículo, um 
particular, inábil, venha a causar danos aos demais. Logo, o Estado 
pode acabar restringido uma liberdade individual (de ir e vir) em prol do 
coletivo. Como dissemos, o Poder de Polícia é uma intervenção negativa 
do Estado na sociedade. Basta apenas que se veja pelo ângulo correto. 
Releva destacar o importante papel do Poder Legislativo no que diga ao 
exercício do Poder de Polícia. Incumbe ao referido Poder a função 
precípua de criar o direito, dado que apenas por lei pode-se impor 
obrigações ou proibições, o que constitui princípio constitucional, haja 
vista que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei (art. 5º, II, CF, o já citado e conhecido princípio 
da reserva legal). Entendendo-se o Poder de Polícia como toda e 
qualquer restrição pelo Estado, por Leis ou atos administrativos, com 
relação às liberdades individuais e ao uso da propriedade, é claro que o 
Poder de Polícia é exercido, também, pelo Legislativo. 
Estritamente, ao se referenciar Polícia ADMINISTRATIVA quer-se tratar 
de atividades administrativas que culminam no uso pelos agentes da 
Administração das prerrogativas que lhe foram concedidas e que 
tenham por resultado a restrição e o condicionamento da liberdade e 
propriedade. Cumpre relembrar que a atuação da Administração ocorre 
dentro dos limites estabelecidos pelas Leis, preexistentes quanto ao 
efetivo uso do Poder de Polícia. Por oportuno, cite-se o comando contido 
no § único do art. 78 do CTN, que estatui como regular o uso do poder 
ora abordado quando desempenhado pelo órgão competente nos limites 
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de 
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de 
poder. Em síntese, a Polícia Administrativa é atividade a ser 
desempenhada nos limites da LEI. Mas sigamos na análise do item, que 
trata de duas características usualmente apontadas quanto ao exercício 
do Poder de Polícia: auto-executoriedade e coercibilidade. 
A auto-executoriedadeconsiste na possibilidade da maior parte dos 
atos administrativos decorrentes do exercício do Poder de Polícia serem 
imediata e diretamente executados pela própria Administração, 
independentemente de autorização ou intervenção ordem judicial. É 
pressuposto lógico do exercício do Poder de Polícia, sendo necessária 
para garantir agilidade às decisões administrativas no uso desse poder. 
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Contudo, a auto-executoriedade não está presente em todos os atos que 
venham a decorrer do Poder de Polícia Administrativa. 
Com efeito, no caso, por exemplo, das multas, permite-se, de maneira 
auto-executória, apenas a imposição (aplicação) destas, mas não a sua 
cobrança, a qual deverá ser realizada por meio da ação adequada na 
esfera judicial. Nem todos os atos que venham a decorrer do Poder de 
Polícia são, portanto, auto-executórios. 
Parte da doutrina opta por desdobrar o atributo da auto-executoriedade 
em dois: a exigibilidade (privilège du prèalable) e a executoriedade 
(privilège d’action d’office). 
Em decorrência da exigibilidade, a decisão administrativa constante de 
um ato de polícia se impõe ao administrado, independentemente de sua 
concordância. Para fazer valer esse instituto, a Administração pode 
lançar mão de meios indiretos de coação, tais como as multas ou a 
impossibilidade de licenciamento de veículo, enquanto não pagas as 
multas anteriores. 
Pela executoriedade, haverá coação direta, ou material, do administrado 
para a prática de um ato. Há executoriedade, por exemplo, na 
dissolução de uma reunião ocorrente em determinado local. 
Não se confunda auto-executoriedade das sanções de polícia com 
punição sumária e sem defesa. A adoção de medidas sumárias, sem 
defesa por parte de um atingido por estas é fato raro, só podendo ser 
utilizada em situações excepcionais, quando a demora pode levar à 
ineficácia da medida, em si. É o que ocorre, por exemplo, na interdição 
de estabelecimentos que, por sua estrutura física, estejam a ameaçar a 
vida das pessoas, ou na apreensão e destruição de alimentos impróprios 
para o consumo humano. Nesse caso, pode-se adotar a medida, 
preliminarmente, para só então se dar vazão ao contraditório, com os 
meios que lhes são próprios. 
Em razão do atributo da coercibilidade, as medidas adotadas pela 
Administração no exercício do Poder de Polícia podem ser impostas de 
maneira coativa aos Administrados, independente de prévia 
manifestação judicial. De todo modo, em face das pretensões da 
Administração, que poderão sofrer forte resistência dos particulares, a 
Administração poderá, a priori, demandar manifestação do Judiciário, no 
intuito de diminuir essa resistência. Tal situação é comum, por exemplo, 
na interdição de prédios que, em decorrência de suas instalações físicas, 
sejam inseguros para o exercício de certas atividades. De qualquer 
maneira, o particular insatisfeito com a atuação administrativa poderá 
levar a situação à apreciação do Poder Judiciário, a quem competirá, 
última forma, decidir sobre a questão discutida. A coercibilidade 
justifica, ainda, o uso da força física no caso de resistência do 
administrado, a qual deverá ser proporcional à tal resistência. 
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Bom registrar que nem todo ato de polícia é dotado de coercibilidade: de 
fato, as licenças, autorizações e permissões, decorrentes do poder de 
polícia, contam com a concordância do destinatário do ato, daí dizer 
que, nestes atos, não há falar em coercibilidade. 
Há uma terceira característica dos atos decorrentes do Poder de Polícia e 
que não foi tratada na questão: a discricionariedade. 
Administração detém razoável liberdade de atuação no exercício do 
Poder de Polícia. Dentro dos limites dados pela lei, a Administração 
poderá valorar critérios de conveniência e oportunidade para a prática 
dos atos de polícia, determinando critérios para definição, por exemplo, 
de quais atividades irá fiscalizar, bem como as sanções aplicáveis em 
decorrência de uma certa infração, as quais, é lógico, devem estar 
previstas em lei. 
A regra é que atividade decorrente do Poder de Polícia, sobretudo a 
administrativa, é discricionária, mas, sob determinadas circunstâncias, 
será vinculada. É o caso das concessões de licenças, atos 
administrativos vinculados e definitivos, por meio dos quais a 
Administração reconhece o direito subjetivo de um particular à prática 
de determinada atividade, a partir do preenchimento de certas 
condições necessárias ao gozo desse direito. Por exemplo, para exercer 
uma profissão, que é um direito constitucional, há que se obter licença 
para tanto. Cumpridos os requisitos para a obtenção desta, a 
Administração deverá concedê-la ao particular. Chamamos atenção para 
que não se confunda a licença com o alvará, pois este apenas se 
apresenta como uma das formas de exteriorizar a licença. 
Assim, pode-se afirmar que a regra é a discricionariedade do exercício 
do Poder de Polícia, mas nada impede que este, sob determinadas 
situações, seja vinculado. 
 
14 - O poder de polícia pode expressar-se por meio de atos realizados 
no exercício de competência discricionária ou por intermédio de atos 
vinculados. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA: ATOS 
DISCRICIONÁRIOS x VINCULADOS 
Comentários: 
Como se disse na ampla exposição da questão anterior,o exercício do 
Poder de Polícia é essencialmente discricionário. A afirmativa ganha 
mais sentido quando se recorda a atividade legislativa: realmente, 
cumpre ao legislador fazer OPÇÕES quanto ao regramento imposto às 
liberdades individuais por intermédio das Leis. 
Limitando-nos a analisar a atuação administrativa e ao Poder de Polícia 
dessa natureza, em razão do conteúdo de nosso curso, indicamos que 
boa parte das vezes (MAS NÃO SEMPRE) os atos decorrentes serão de 
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natureza discricionária, como, por exemplo, na produção de 
autorizações, que são atos típicos do Poder de Polícia e que possuem 
conhecida natureza discricionária. Todavia, há atos que decorrem do 
exercício do Poder de Polícia que têm natureza vinculada, como as 
licenças para desempenho de atividades profissionais, listadas no item 
anterior. 
Em síntese: AINDA QUE O EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA 
SEJA ESSENCIALMENTE DISCRICIONÁRIO, HÁ ATOS QUE 
DECORREM DE SEU EXERCÍCIO QU SERÃO VINCULADOS, COMO 
NO CASO DAS LICENÇAS. 
 
15 - O poder de polícia, atualmente, tem ampla aplicação, 
manifestando-se, por exemplo, em prol da preservação da saúde 
pública, da segurança de edificações e do controle de publicações. 
Gabarito: CERTO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA: ÁREAS DE 
ATUAÇÃO 
Comentários: 
Como se viu nas questões anteriores, são amplas as atribuições e o 
exercício decorrente do Poder de Polícia. Todos os exemplos listados no 
item em análise alinham-se ao desempenho do Poder de Polícia, 
inclusive com a (horripilante) definição dada pelo art. 78 do CTN, citada 
na questão 12 acima. 
O presente item serve para apontar que é cada vez mais abrangente a 
atuação do Poder de Polícia do Estado, que se faz sentir nas atividades 
mais diversas, como no exercício de atividades profissionais (licenças 
para exercício de profissões) e divertimentos públicos (fiscais de 
postura), por exemplo. 
 
 
16 - (2004/CESPE/AGU) Se determinado órgão público apreende 
medicamentos comercializados ilegalmente, esse ato constitui exercício 
do poder de polícia administrativa, embora tenha caráter repressivo e 
apesar de esse poder agir de maneira sobretudo preventiva. 
Gabarito:CERTOTema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA 
Comentários: 
A questão é muito boa para que, preliminarmente, fixemos o seguinte 
entendimento: o Poder de Polícia Administrativa é, EM REGRA, 
preventivo, mas pode ser usado de forma repressiva, quando 
necessário. Mas aproveitemos esse item para diferenciar o exercício do 
Poder de Polícia Administrativa para a dita Polícia Judiciária. 
A Polícia Administrativa é atividade da Administração que “se exaure 
em si mesma”, ou seja, com início e fim no âmbito da função 
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administrativa, levada a efeito por entidades e órgãos administrativos, 
incidindo basicamente sobre as liberdades e propriedade dos indivíduos. 
Já Polícia Judiciária atua na preparação da atuação função 
jurisdicional, sendo executada por órgãos de segurança (polícia civil de 
um estado, a exemplo), referindo-se ao indivíduo, ou seja, aquele que 
poderia cometer um ilícito penal. 
Evidentemente, há ilícitos penais que repercutirão na esfera 
administrativa, assunto o qual será abordado oportunamente na aula 
referente aos agentes públicos (que será enviada no dia 30/08). 
A doutrina indica que há uma linha de diferenciação básica entre a 
Polícia Administrativa e a Judiciária, que diz respeito à ocorrência ou não 
de ilícito penal. Com efeito, quando atua na área de ilícito puramente 
administrativo (preventiva ou repressivamente) a Polícia é 
Administrativa. Quando o ilícito penal (crimes e contravenções) é 
praticado, é a Polícia Judiciária que age. Como exemplo de Polícia 
Administrativa pode-se citar a fiscalização de atividades de comércio, 
sobre condições de estocagem de alimentos, etc. Quando há 
investigação criminal, com a audiência de testemunhas, inspeções e 
perícias, por exemplo, estão a se desenvolver atividades de Polícia 
Judiciária, após o término das quais os elementos deverão ser enviados 
ao Ministério Público, para a adoção das providências pertinentes. 
 Outro critério adotado para diferenciação entre as Polícias 
Administrativa e Judiciária seria quanto a seu caráter: quando 
preventivo, trata-se de atividade de polícia administrativa; quando 
repressivo, de polícia judiciária. Tal critério, contudo, deve ser 
relativizado, conforme já expusemos preliminarmente neste item. 
A Polícia Administrativa também atua repressivamente quando, por 
exemplo, apreende arma usada indevidamente ou quando interdita um 
estabelecimento comercial ou quando apreende medicamentos, como no 
item que ora analisamos. 
Já os agentes da Polícia Judiciária podem agir de modo preventivo, de 
modo a evitar a prática de delitos, como, por exemplo, em campanhas 
de conscientização para que se evite violência contra crianças e idosos. 
Em resumo, pode-se afirmar: a Polícia Administrativa reveste-se, 
eminentemente, de caráter preventivo, mas, sob determinadas 
circunstâncias, terá caráter repressivo. Já a Polícia Judiciária é 
eminentemente repressiva, mas pode agir, em alguns casos, de modo 
preventivo. 
 
17 - (2007/CESPE/PGE-PA/ADVOGADO) A Conforme entendimento 
do STF, o poder de polícia não pode ser delegado a pessoas ou 
instituições privadas, mesmo que haja lei nesse sentido. 
Gabarito: CERTO 
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Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA – 
POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO 
Comentários: 
O Exercício do Poder de Polícia administrativo, doutrinariamente, é 
dividido em originário e delegado. 
De maneira originária, o Poder de Polícia é exercido pelas pessoas 
políticas que integram o Estado (União, Estados e Distrito Federal e 
Municípios), abarcando os atos administrativos praticados por estas, no 
exercício do Poder de Polícia, por intermédio de seus órgãos. 
Ocorre que o poder público, conhecidamente, não age exclusivamente 
por órgãos e agentes internos a sua estrutura. Quando o poder de 
polícia é levado a efeito pelas pessoas administrativas do Estado, 
componentes da Administração indireta, em decorrência de delegação 
(outorga) legal da entidade estatal a qual pertence está-se diante do 
poder de polícia delegado. Duas são as condições para validade dessa 
delegação, conforme a jurisprudência do STF: 
I) Deve decorrer de lei formal, oriunda do regular exercício da função 
Legislativa; 
II) O delegatário (aquele que recebe a delegação) deve ser integrante 
da administração indireta, devendo possuir, ainda, personalidade 
jurídica de direito público. 
Observe-se que a doutrina não admite outorga do poder de polícia a 
pessoas da iniciativa privada, sem vínculo oficial com os entes públicos, 
dado que tais pessoas não possuem o poder de império (ius imperii), 
próprio e privativo do Poder Público. 
Essa questão foi tratada, incidentalmente, pelo STF no julgamento da 
ADIn 1.717, na qual se tratou da natureza jurídica dos conselhos de 
fiscalização de profissões, como, por exemplo, o de Engenheiros e 
Arquitetos, o de Economistas, de Médicos, etc. Excetuada a OAB, pelas 
razões que tratamos na aula 2, os conselhos de fiscalização devem ser 
vistos como entidades de natureza autárquica, ou seja, SÃO 
AUTARQUIAS (corporativas – de fiscalização de profissões). Assim 
devem ser vistas tais entidades sobretudo em razão de sua principal 
atividade – PODER DE POLÍCIA COM RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES. 
 
18 - (2007/CESPE/ANA/CURSO DE FORMAÇÃO) O poder de polícia 
apresenta como limites ao seu exercício a necessidade, a 
proporcionalidade e a eficiência na prática do ato. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: PODERES ADMINISTRATIVOS – PODER DE POLÍCIA x LIMITES 
PARA EXERCÍCIO 
Comentários: 
Em razão do contínuo aumento das atividades estatais, o que tem se 
observado é o proporcional aumento nas atividades de Polícia 
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Administrativa, alcançando as mais diversas áreas, tais como: proteção 
à moral e aos bons costumes, controle de publicações, saúde pública, 
etc. A regra para definir a área de abrangência da polícia administrativa 
é a seguinte: verificando-se relevante interesse da coletividade ou do 
Estado, ocorre a possibilidade, de maneira correlata, do exercício do 
Poder de Polícia Administrativa para a proteção desses interesses. 
De outra parte, o exercício do Poder de Polícia não poderia ser ilimitado, 
haja vista que este não poderia simplesmente fulminar direitos da 
sociedade e dos indivíduos, de modo geral. Assim, têm-se como limites 
ao exercício do Poder de Polícia, dentre outros: os direitos do cidadão, 
prerrogativas individuais e liberdades públicas asseguradas na 
Constituição e nas leis, etc. 
Outros pressupostos de limitação do Poder ora estudado são a 
proporcionalidade dos atos de polícia, bem como a observância do 
devido processo legal. 
Em decorrência da proporcionalidade, que pode ser entendida como a 
adequada relação entre a medida restritiva e o benefício a ser atingido, 
a decisão adotada pela autoridade não poderá ultrapassar o necessário 
para atingimento do benefício desejado pela coletividade, sendo 
desproporcional o ato de polícia praticado com abuso de, podendo ser 
corrigido pela atuação do Poder Judiciário, por exemplo. O item em 
análise é quase tautológico (repetitivo) quando aponta que o Poder de 
Polícia tem como limite a necessidade de agir e a proporcionalidade na 
adoção da medida. Na atuação PROPORCIONAL, a Administração Pública 
só deve usar os meios NECESSÁRIOS para garantir a eficácia do ato. 
Aliás, cabem aqui comentários sobre eficácia, comparando-a com a 
eficiência citada na questão. 
Na visão de alguns doutrinadores (destaque para a Prof. Di Pietro), 
eficácia, necessidade e proporcionalidade são as “regras” básicaspara o 
adequado exercício do Poder de Polícia. Como as duas primeiras já 
foram tratadas, tratemos da eficácia, que pode ser entendida como a 
escolha da decisão ADEQUADA para impedir um dano ao interesse 
público, constituindo. A eficácia limita, sem dúvida, a atuação do Estado 
no desempenho do Poder de Polícia administrativa, no qual só pode 
utilizar da medida precisa para o atendimento do interesse público. 
ATENÇÃO: EFICIÊNCIA NÃO É UM LIMITE PARA O DESEMPENHO 
DO PODER DE POLÍCIA OU DE QUALQUER OUTRA ATIVIDADE 
ADMINISTRATIVA. 
Contrário disso, a eficiência é um valor, um princípio, que determina à 
Administração Pública que busque, da melhor maneira possível, as 
melhores saídas para as situações em que tenha de agir. Percebe-se 
diferença fundamental entre a eficiência e a eficácia, sobretudo no que 
se relaciona ao exercício do Poder de Polícia: enquanto a primeira é um 
valor POSITIVO, orientando a atuação da Administração para a escolha 
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da melhor solução técnica possível, a segunda tem um caráter mais 
RESTRITIVO, impondo que a Administração utilize tão só de medidas 
adequadas no que diga as suas decisões, sobretudo aquelas que 
venham a restringir liberdades individuais, como no caso do exercício do 
Poder de Polícia. 
Por fim, para a aplicação das sanções decorrentes do Poder de Polícia 
deve ser observado o devido processo legal (due process of law), 
garantindo-se ao administrado o direto à ampla defesa, assegurado 
constitucionalmente (art. 5º, LIV e LV, CF). 
 
19 - (2004/CESPE/PF/Delegado-Regional) O abuso de poder, na 
modalidade de desvio de poder, caracteriza-se pela prática de ato fora 
dos limites da competência administrativa do agente. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: ABUSO DE PODER – DESVIO DE PODER 
Comentários: 
Os Poderes concedidos aos agentes para o bom desempenho de suas 
atribuições de interesse público devem ser usados com normalidade, 
dentro dos contornos da lei. Não pode a autoridade, por achar-se no uso 
legítimo dos poderes que lhe foram cometidos, ir além dos limites que 
lhe foram estabelecidos Para que não sejam invalidados, os atos das 
autoridades e dos agentes em geral devem, então, ser legítimos, legais 
e morais, atendo-se, em qualquer espécie, aos interesses públicos da 
coletividade. O mau uso do poder, de forma desproporcional, ilegal, ou 
sem atendimento do interesse público, constitui o abuso de poder, que 
pode ocorrer de duas formas: 
I) O agente atua fora dos limites de sua competência; e, 
II) O agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse 
público que deve nortear todo o desempenho administrativo. 
No primeiro caso, verifica-se o excesso de poder, com o agente 
público exorbitando das competências que lhe foram atribuídas, 
invadindo competências de outros agentes, ou praticando atividades que 
não lhe foram conferidas por lei. O vício aqui é de competência, 
tornando o ato arbitrário, ilícito, portanto. 
Na segunda situação, embora o agente esteja atuando nas raias de sua 
competência, pratica ato visando fim diverso do fixado em lei ou exigido 
pelo interesse público. Ocorre, então, o que a doutrina costumeiramente 
chama de desvio de poder ou de finalidade. Conseqüentemente, o 
vício do ato, nesse caso, não é de competência do agente, mas de 
finalidade. Em duas acepções pode ocorrer essa violação da finalidade: 
de forma ampla, quando o ato praticado ofende genericamente o 
interesse público, como a concessão de vantagens pecuniárias a um 
grupo de servidores, ou de forma específica, quando o ato, por exemplo, 
desatende o objetivo previsto em norma, tal como no já clássico 
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exemplo da remoção de ofício do servidor como forma de punição do 
mesmo. Tal figura jurídica [a remoção] tem por fim o atendimento de 
necessidade do serviço, e não poderia, com intuito diverso, ser utilizada 
como forma de punição do servidor, sob pena de invalidação por desvio 
de finalidade. 
Então, em rápida síntese, o abuso de poder é gênero, do qual são 
espécies o excesso de poder e o desvio de poder ou de finalidade. 
Desta forma, percebe-se o erro na construção do item: atribui-se ao 
desvio de poder aquilo que é conceitualmente visto como excesso de 
poder. 
 
20 - (2007/CESPE/PC-ES/AGENTE) A razoabilidade pode ser 
utilizada como parâmetro para o controle dos excessos emanados de 
agentes do Estado, servindo para reprimir eventuais abusos de poder. 
Gabarito: CERTO 
Tema: ABUSO DE PODER 
Comentários: 
Por ser útil à análise deste item, relembramos o que dissemos a respeito 
da razoabilidade na aula 1: há doutrinadores que defendem tese que a 
proporcionalidade seria uma “faceta” da razoabilidade. 
Entendendo-se atuação razoável como aquela que seria adotada por um 
homem de conhecimento mediano ante uma situação concreta que se 
apresenta, tal homem (médio) lançaria mão dos meios adequados para 
que os fins pretendidos fossem atendidos, sem exageros. 
Nesse contexto, interessante observar que o princípio da razoabilidade 
constituirá um dos principais fundamentos para controle dos atos 
administrativos discricionários. Nestes (atos discricionários), a 
Administração conta com um certo grau de liberdade, o qual, contudo, 
não pode ultrapassar os limites do “razoável”. Mas então, quais seriam 
esses limites? Mas não há dúvida que a conduta dessarrazoada é 
ilegítima, vez que arbitrária, desbordando dos contornos dados pela Lei. 
A razoabilidade, por conseguinte, também exige a adequação entre 
meios e fins, pelo que não estaria incorreto, numa prova de concurso, 
afirmar-se que o princípio da proporcionalidade está contido, ou é uma 
decorrência, da razoabilidade. 
Apenas para fechar, alguns exemplos de como o Judiciário tem se 
utilizado da razoabilidade para controlar atos da Administração Pública. 
Citamos a Jurisprudência do STF porque é, normalmente, a que o 
examinador cobra em prova: 
I – Recurso Extraordinário nº 140.889. Assim é resumida pelo STF em 
sua página na internet o teor da Decisão relacionada a este processo 
Razoabilidade da exigência de altura mínima para ingresso na carreira 
de delegado de polícia, dada a natureza do cargo a ser exercido. 
Violação ao princípio da isonomia. Inexistência. Entende o Egrégio 
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Tribunal Constitucional que é razoável a exigência de altura mínima para 
o cargo de Delegado de Polícia. Então, baixinhos (como nós...) podem 
ter seu ingresso limitado para tal cargo. Lembramos, todavia, que a 
altura mínima haveria de estar disposta EM LEI, ante o que 
 
II – Adin 1.158. Esse julgado é ótimo. Vejam o resumo do STF: A norma 
legal, que concede a servidor inativo gratificação de férias 
correspondente a um terço (1/3) do valor da remuneração mensal, 
ofende o critério da razoabilidade que atua, enquanto projeção 
concretizadora da cláusula do substantive due process of law, como 
insuperável limitação ao poder normativo do Estado. Incide o legislador 
comum em desvio ético-jurídico, quando concede a agentes estatais 
determinada vantagem pecuniária cuja razão de ser se revela 
absolutamente destituída de causa. Abstraindo a linguagem própria do 
STF, o juridiquês, sabem o que a Administração queria fazer? 
CONCEDER GRATIFICAÇÃO DE FÉRIAS A APOSENTADOS!!! É isso 
mesmo! Férias para aposentado! Só rindo, né? Absolutamente 
desarrazoado, não? 
 
21 - (2002/CESPE/AGU) Marcos é governador de um estado-membro 
do Brasil e, por isso, tem o poder de remover servidores públicos de 
uma localidade para outra, para melhor atender ao interesse público. 
Um servidor do estado

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