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01 - Noções introdutórias e Procedimentos em espécie

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
 
 Prof. Antonio Guerra
 antonioguerraprof@gmail.com
“Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si.” Ayrton Senna
“É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” 
1 Coríntios 2:9
Noções introdutórias e Procedimentos em espécie.
Noções introdutórias:
O que é direito processual?
O direito material dá ao processo seu sentido. É a sua razão de ser. O processo nasce para resolver aquele problema de direito material.
O direito material é para o processo um valor. 
Segundo Didier, não existe nenhum assunto de processo para cuja compreensão você possa ignorar o direito material discutido.
Não significa dizer que o processo é dispensável, pois é por meio dele que se realiza o direito material. Há uma relação de complementaridade entre o direito material e o direito processual.
Direito processual é:
Direito processual é:
O processo serve ao direito material, ao tempo em que é servido por ele.
O processo serve ao direito material, de que maneira? Realizando, concretizando o direito material. 
O direito material serve ao processo? Sim, mas de que maneira? O direito material dá sentido ao processo. O valor do processo (razão de ser) é o direito material que determina. 
Há entre processo e direito material uma relação de mútua cooperação, simbiose. Não é uma relação hierárquica como se o direito material fosse sempre superior ao direito processual. 
Noções introdutórias:
O que é processo?
Um instrumento através do qual a atividade jurisdicional é exercida. 
É o meio pelo qual os conflitos são solucionados. 
Serve para aplicar o direito material adequadamente. 
O fim da jurisdição é resolver os conflitos. O processo é o que permite que isso aconteça.
Relação jurídica processual somada ao procedimento. Composto pelo aspecto interior (processo) e exterior (procedimento).
Processo é:
Processo é:
Devemos lembrar, ainda, que o processo de conhecimento pode ser classificado em:
Declaratório;
Constitutivo;
Condenatório.
Noções introdutórias:
O que é direito processual?
É um conjunto de regras que regulam o processo, para que não ocorra da forma que o juiz bem entenda, para que exista a garantia mínima de uma série de princípios que façam com que o processo tenha uma tendência de produzir resultados justos, para que as pessoas tenham a garantia de revisão de uma decisão injusta.
O juiz deve decidir com base nas provas do processo e não com sua opinião sobre aquele indivíduo. O processo deve ser ordenado, ético (art. 5º LV, LIV) e, ao mesmo tempo, rápido e eficiente (art. 5º, LXXVIII).
Noções introdutórias:
Qual é a finalidade do processo?
Resolver conflitos jurídicos, como um acidente de carro. Mas um acidente por si só não é um conflito jurídico, por ex.: alguém que bateu no seu carro assume a culpa e te entrega um cartão (reparar o dano). Há conflito? Se ele reparar o dano não haverá.
A autotutela (força privada) foi substituída pela jurisdição (capacidade do Estado de dizer o direito material aplicado e resolver o conflito) – o Estado implementou um sistema complexo de resolução de conflitos. Mas para saber o que é um conflito, devemos saber o que é o direito material que é descumprido.
O processo é um instrumento através do qual a atividade jurisdicional é exercida. É o meio pelo qual esses conflitos são solucionados. 
Procedimento:
O que é procedimento?
É a maneira, o caminho, pela qual o processo se desenvolve, se exterioriza.
No procedimento é que são fixadas as regras (prazos, modos, etc.) para que as partes, o juiz e os auxiliares da justiça pratiquem os atos processuais tendentes a conduzir cada tipo de processo do começo ao fim. Assim, cada rito diz, por exemplo, se a contestação deve ser ofertada dentro de certo prazo ou em audiência; se a sentença deve conter relatório, fundamentação e dispositivo ou apenas fundamentação e dispositivo (caso do procedimento dos Juizados).
Procedimento:
É o conjunto regulador daqueles atos concatenados, de que se constitui o processo, firmado em disposições legais e que dizem respeito à forma, à sequencia, ao lugar, à oportunidade, etc., com que deve o processo se desenvolver.
A determinação do procedimento é por exclusão. Se não for o caso de procedimentos especiais, sumário ou sumaríssimo, será adotado o procedimento comum ordinário (arts. 270-272, CPC).
Procedimento:
Devemos lembrar que:
Processo: instrumento através do qual a jurisdição atua para a composição dos litígios.
Processo = rito (procedimento) + litigância. É o procedimento em contraditório (aspecto externo) animado pela relação jurídica processual (aspecto interno).
Num mesmo procedimento podem existir vários processos, conforme art. 105, CPC. Da mesma forma, podem haver dois procedimentos para uma só modalidade de processo, conforme art. 272, CPC.
Procedimento:
Fases do procedimento:
O procedimento em primeiro grau apresenta-se estruturado conforme as fases lógicas, que tornam efetivos os princípios fundamentais que o orientam: princípio da iniciativa da parte, princípio do contraditório e princípio do livre convencimento do órgão judicial.
Em matéria civil, o órgão jurisdicional só age quando provocado (art. 262, CPC). Logo, é necessária a iniciativa da parte, formulando a demanda, para que o órgão judicial se manifeste.
Procedimento:
Sobre o pedido formulado pelo autor na demanda, há que ser aberta a oportunidade para a manifestação do réu.
Para formar convicção sobre a veracidade dos fatos alegados pelas partes em suas manifestações, é necessário que o juiz examine as provas introduzidas nos autos.
É com base nas provas que o juiz forma seu convencimento, e julgará a causa fazendo atuar a vontade da lei no caso concreto.
 Procedimento:
Procedimento comum ordinário:
É o padrão e o modelo de aplicação complementar.
O que o caracteriza é a previsibilidade de quatro fases procedimentais, por tipo de ato predominante em cada fase, que se sucedem umas às outras e nas quais se assegura a prática do maior número possível de atos processuais (art. 274, CPC).
Não podemos esquecer que suas regras podem ser aplicadas também ao procedimento sumário e ao especial, em caráter supletivo, desde que inexista disposição específica em contrário, e não contrariem as suas peculiaridades.
Procedimento comum ordinário:
Fase postulatória: corresponde aos pedidos processuais, sejam do autor (petição inicial – art. 282, CPC), sejam do réu (contestação, exceções e reconvenção – art. 297, CPC).
Fase ordinatória: é a fase em que o juiz de pôr ordem no processo, decidindo qual rumo a ser seguido (arts. 323-331, CPC). Atividades do juiz a serem realizadas nessa fase: 
Verificar a necessidade de dar ao autor oportunidade para manifestar-se sobre a contestação;
Procedimento comum ordinário:
Sanar eventuais irregularidades ou extinguir o processo sem julgamento do mérito;
Decidir sobre a necessidade de produção de provas ou não
Fase instrutória: consiste na utilização dos meios probatórios para comprovação dos fatos alegados pelas partes (art. 331, § 2º, CPC).
Fase decisória: ocorre na audiência (art. 454 e § 3º, CPC) com a sentença (art. 456, CPC).
Procedimento comum sumário:
Neste procedimento comum sumário não se pode falar em fases diferenciadas. Sua distinção é quase imperceptível.
Sua estrutura é muito mais simplificada e concentrada que a do procedimento comum ordinário.
Esse procedimento tem por escopo propiciar solução mais célere a determinadas causas, especificadas em face de seu valor ou de sua natureza. 
Isso reflete-se na acentuada concentração e simplificação dos atos processuais, de tal modo que a atividade postulatória e a atividade instrutória acabam por interpenetrar-se. 
Procedimento comum sumário:
Tais fases (postulatória e instrutória), inclusive, já podem ser exercitadas
em grande parte na audiência de instrução e julgamento, passando-se em seguida a decisão (art. 277 a 280, CPC).
Cabimento (art. 275, CPC):
causas de até 60 salários mínimos, excluídas as que tratem de estado e capacidade das pessoas;
independentemente do valor:
Procedimento comum sumário:
1- de arrendamento rural e de parceria agrícola; 
2- de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; 
3- de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; 
4- de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; 
5- de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; 
6- de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; 
7- nos demais casos previstos em lei.
Procedimento comum sumário:
Cabe pedido contraposto na contestação, mas não cabe reconvenção.
Não admite: ação declaratória incidental e intervenção de terceiro (salvo assistência, recurso de terceiro prejudicado e intervenção fundada em contrato de seguro).
Pode ser convertido em ordinário.
Procedimento comum sumário:
Procedimento comum sumário:
Procedimento comum sumaríssimo:
Juizados Especiais.
Tema aprofundado em disciplina específica.
Procedimento especial:
Os procedimentos especiais assim são chamados por serem destinados a determinados tipos de lide ou questão, que, em razão de sua natureza, requer regras que permitam uma solução mais célere e adequada do litígio. 
Procedimento especial:
Em regra, a diferenciação dos procedimentos especiais para o comum ordinário se dá por atos processuais que acontecem antes do encerramento da fase postulatória. Ex.:
decisão sobre medidas liminares – mandado de segurança, ações possessórias, ação civil pública e ação popular
impossibilidade de dilação probatória: mandado de segurança.
Dividem-se em procedimentos especiais de jurisdição voluntária e de jurisdição contenciosa.
Procedimento especial de jurisdição voluntária:
Também chamada de jurisdição integrativa (arts. 1103-1112, CPC).
Alguns atos jurídicos precisam de participação do Poder Judiciário para que possam produzir efeitos. A simples vontade dos participantes do ato não basta para produzir as consequências almejadas.
O magistrado, verificando o preenchimento das condições legais do ato, torna-o perfeito, apto para a produção dos efeitos jurídicos almejados, permitindo, assim, que os efeitos jurídicos buscados sejam alcançados.
Procedimento especial de jurisdição voluntária:
Por exemplo: não se pode promover a interdição de alguém senão por meio do Judiciário, embora se trate de hipótese de jurisdição voluntária.
A doutrina afirma que em grande parte dos casos de jurisdição voluntária têm-se, na verdade, hipóteses de jurisdição necessária: as partes devem submeter o ato ao magistrado, não se tratando de mera faculdade, sob pena daquele não produzir efeito. O crivo do Judiciário é, portanto, necessário e não opcional. Por exemplo: não se pode promover a interdição de alguém senão por meio do Judiciário, embora se trate de hipótese de jurisdição voluntária.
Tal procedimento especial é decidido por sentença, apelável, portanto.
Procedimento especial de jurisdição contenciosa:
Ação de consignação em pagamento (arts. 890-900, CPC);
Fundada na recusa em receber;
Fundada na dúvida sobre quem deva legitimamente receber;
De aluguéis.
Ações possessórias (art. 920, CPC);
Da reintegração e da manutenção de posse;
Do interdito proibitório (art. 932, CPC);
Da ação de nunciação de obra nova (art. 934, CPC).
Procedimento especial de jurisdição contenciosa:
Ação de usucapião;
Se a usucapião é de bem móvel, o procedimento é o comum (ordinário, sumário e juizados);
Usucapião de bem imóvel: se for comum (a usucapião prevista no Código Civil), o procedimento é o especial, previsto no CPC – artigos 941 a 945.
Usucapião de bem imóvel especial rural, prevista na CF, para imóveis rurais, o procedimento é o da Lei 6969/81.
Usucapião de terras devolutas, para os casos de quem tenha usucapido o bem antes da CF/88. O procedimento é o da Lei 6969/81.
Embargos de terceiro (art. 1.046, CPC);
Procedimento especial de jurisdição contenciosa:
Ação monitória (art. 1.102, CPC);
Ação de improbidade
A lei 8429/92 disciplinou o procedimento a ação de improbidade, aplicando-se subsidiariamente a lei 7347/85 (Lei da ACP).
Reclamação Constitucional
Segundo o STF, todavia, trata-se de direito constitucional de petição previsto no art. 5º, XXIV da CF - ADI 2480, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2007.
Súmulas 368, 734, STF.
Desapropriação.
Formação, suspensão e extinção do processo.
Formação do processo civil:
O art. 262, CPC consagra o princípio da inércia do juiz e do impulso oficial: “O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial”.
O princípio da demanda explica que o Poder Judiciário não prestará a tutela jurisdicional senão quando houver provocação das partes ou dos interessados (art. 262, § 2º, CPC).
O Judiciário é inerte, não dá início aos processos de ofício, sempre aguardando que a parte o requeira.
Compete a parte e aos interessados delimitar os contornos da demanda, indicando ao juiz qual a sua pretensão e os fundamentos fáticos que se embasa.
Formação do processo civil:
O ato que dá início ao processo é a propositura da demanda, que ocorre quando a petição inicial, elaborada pelo autor, deixa as suas mãos e é entregue ao Poder Judiciário.
A partir daí, já existe um processo, embora a relação jurídica processual ainda não esteja completa, porque o réu ainda não foi citado.
Conforme o art. 263, CPC, considera-se proposta a ação tanto que a petição inicial seja despachada ou simplesmente distribuída. 
Nesse momento, porém, não se sabe ainda se o processo seguirá adiante ou não.
Formação do processo civil:
A propositura da ação significa que a demanda deu entrada em juízo, mas não que o processo vai ter seguimento, nem que a relação jurídica vai tornar-se completa.
Após a propositura, o juiz verificará se a petição inicial está em termos ou não, e se o processo tem ou não condições de prosseguir, completando-se a relação jurídica processual.
Verificação dos requisitos dos arts. 282 e 283, CPC.
Uma análise cuidadosa da petição inicial nesse momento é de suma importância, pois até então a relação jurídica processual não está completa, e a demanda ainda pode ser modificada sem maiores dificuldades pelo autor.
Formação do processo civil:
Caso a petição inicial estiver em termos, o juiz determinará que o réu seja citado, completando-se a relação jurídica processual.
Se o juiz verifica: que ela não preenche os requisitos exigidos por lei e não é possível emendá-la; ou se o autor não cumpre a determinação judicial de correção dos vícios que contém, o juiz indefere a inicial e extingue o processo antes mesmo que a relação jurídica processual se torne completa.
Formação do processo civil:
Há que se distinguir, portanto, três momentos processuais distintos:
O da propositura da ação, que ocorre assim que ela é distribuída;
O do despacho do juiz que ordena a citação e recebe a petição inicial;
O momento em que a relação jurídica processual se completa quando o réu é efetivamente citado, passando a integrar a relação jurídica processual.
Desde a propositura da ação, considera-se que há litispendência (existência de lide pendente), o que se verifica desde a propositura da ação até o trânsito em julgado da decisão proferida.
Formação do processo civil:
Desde a propositura da ação (art. 263, CPC), considera-se que há litispendência (existência de lide pendente), o que se verifica desde a propositura da ação até o trânsito em julgado da decisão proferida.
Trata-se da proibição de que outra lide idêntica seja ajuizada. É um dos efeitos da citação válida (art. 219, CPC).
Já existe ação pendente desde o momento em que a demanda é proposta, mas ela só
produzirá o efeito de impedir que outra ação idêntica seja proposta a partir da citação válida.
É a partir da citação que se torna prevento o juízo, que se perpetua a competência, que existe óbice para a propositura de outra ação idêntica, que se estabiliza a demanda, não se permitindo mais a alteração do pedido e da causa de pedir (salvo com o consentimento do réu), que torna litigiosa a coisa, que se interrompe o curso dos prazos de prescrição e decadência.
Formação do processo civil:
OBS.: A lei atribui a eficácia interruptiva da prescrição e da decadência à citação válida, mas determina a sua retroação à data do ajuizamento da ação. 
Ou seja, a data da propositura da demanda é o marco inicial para a suspensão daqueles prazos, que, por sua vez só terão eficácia com a citação válida. 
Trata-se de um sistema misto de produção de efeitos, em que a lei atribui relevância para a interrupção dos prazos a dois atos distintos: à propositura da ação e à citação válida.
A citação válida é indispensável para que a interrupção se aperfeiçoe, mas é a propositura da demanda que vai fixar o momento em que isso ocorre. 
Suspensão do processo civil:
A suspensão é a paralisação temporária do processo.
Para que ela ocorra é preciso que se verifique uma das causas que impedem por algum tempo o curso normal do processo, mas que são superáveis.
Se o obstáculo não for temporário, mas definitivo, não haverá suspensão, e sim extinção.
As causas suspensivas ora decorrem da própria lei, ora de determinação judicial, ora da vontade das partes.
Suspensão do processo civil:
Algumas hipóteses de suspensão do processo são gerais e se aplicam a todos os tipos de processo, como as mencionadas no art. 265, I a III e V.
Outras são específicas do processo de conhecimento, como a do art. 265, IV.
E, por fim, outras do processo de execução, art. 791, I e III, CPC.
Durante a suspensão do processo, não são praticados atos processuais, senão aqueles urgentes. 
Os atos que tenham sido praticados serão considerados ineficazes e terão de ser repetidos.
Suspensão do processo civil:
As hipóteses de suspensão do processo previstas no art. 265, CPC, são:
1- Morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou procurador;
2- Convenção das partes (suspensão por até 6 meses, e não suspende prazos peremptórios em curso);
3- Oposição de exceção ritual de incompetência do juízo e suspeição ou impedimento do juiz;
Suspensão do processo civil:
4- Sentença de mérito que dependa do julgamento de um outro processo, ou de verificação de fato, ou da produção de certa prova, requisitada a outro juízo (ex.: carta precatória ou rogatória), ou ainda do julgamento de questão de estado objeto de declaração incidente;
5- Força maior, considerados como tal os fatos imprevistos e inevitáveis que constituam obstáculo para o regular andamento do processo, como as greves dos funcionários do Judiciário ou eventuais desastres naturais que impeçam temporariamente o funcionamento dos serviços forenses;
Suspensão do processo civil:
6- Demais casos previstos em lei.
As que decorrem da admissão de alguns casos de intervenção de terceiros;
A decorrente de arguição de falsidade documental (art. 394, CPC);
Suspensão em caso de dúvida quanto à sanidade mental do citando, art. 218 e parágrafos;
Por determinação do juiz (art. 110, CPC), se o conhecimento da lide depender necessariamente d verificação da existência de fato delituoso que aguarda pronunciamento da justiça criminal.
Por fim, a declaração de suspensão pode ser automática ou não.
Extinção do processo civil:
O processo de conhecimento tem por objetivo a produção de um provimento jurisdicional que revista de certeza jurídica o direito que está sendo postulado.
O autor tem uma pretensão em face do réu, que será submetido à apreciação judicial para dizer se ele tem ou não razão.
Se o tiver, o juiz concederá ao autor o provimento postulado, que pode desde logo produzir os efeitos almejados.
Extinção do processo civil:
São duas as espécies de sentença, ou acórdãos, que podem ser proferidas no processo de conhecimento:
As que apreciam a pretensão formulada, seja em sentido afirmativo ou negativo, e que por isso são denominadas de mérito;
E aquelas em que não foi possível, pelas mais variadas razões, apreciar a pretensão do autor em face do réu, que são de extinção sem resolução de mérito.
Nestas, o processo foi extinto, mas houve algum óbice que impediu o juiz de apreciar a pretensão formulada.
A resolução do mérito é o objetivo natural do processo de conhecimento, que terá atingido o seu fim e cumprido a sua meta.
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
O art. 267 do CPC enumera as hipóteses.
1- Quando o juiz indeferir a petição inicial. 
Isso porque ela não preencheu os requisitos exigidos por lei para o seu recebimento (art. 295, CPC).
Se o vício for sanável, o juiz dará oportunidade para o autor proceder à correção, sob pena de indeferimento. 
Há, no entanto, duas hipóteses em que o juiz indefere a petição inicial, extinguindo o processo com julgamento de mérito: em razão de prescrição ou decadência (que poderá ser de ofício pelo juiz - art. 219, § 4º, c/c art. 269, IV, CPC).
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
A expressão “indeferimento da inicial” deve ficar reservada para a hipótese em que o juiz põe fim ao processo sem ter havido a citação do réu.
Nada obsta que eventual vício ou inépcia da petição inicial possam, mesmo após a contestação, ensejar a extinção do processo. Nesse sentido STF, RT, 636/188).
Entretanto, quando isso ocorrer, não haverá propriamente indeferimento da inicial, mas extinção do processo por falta de um pressuposto processual de desenvolvimento válido e regular do processo, qual seja, a aptidão da petição inicial.
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
2- Quando ficar parado durante mais de um ano o processo por negligência das partes. 
Proposta a ação, o processo corre por impulso oficial.
Hipótese pouco provável de acontecer em virtude da determinação do próximo inciso.
Entretanto, a extinção só ocorrerá desde que verificadas duas condições: 
Primeiro, que o processo não possa prosseguir, pela omissão quanto à prática de um ato que seja indispensável;
Segundo, que o autor seja intimado pessoalmente para dar andamento ao feito, em 48 horas, sob pena de extinção (art. 267, § 2º, CPC).
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
3- Quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de trinta dias. 
O juiz fará as mesmas duas determinações do inciso anterior.
No entanto, o processo não será extinto sem que tenha havido prévio requerimento do réu, conforme Súmula 240, STJ.
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
4- Quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo. 
Por exemplo: se a capacidade processual ou postulatória do autor estiverem irregulares, o processo será extinto, mas antes o juiz deve conceder um prazo para regularização (art. 13, CPC).
Todavia, há pressupostos processuais cuja ausência é insanável e levará irremediavelmente à extinção do processo (matéria de ordem pública – de ofício). Por exemplo: se um dos polos do processo for ocupado por quem não tem capacidade de ser parte. 
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
Há casos em que a falta de um pressuposto processual de validade ensejará a nulidade do processo, mas não a sua extinção.
Por exemplo, é pressuposto de validade que o juízo seja competente. Se a demanda for proposta e correr perante juízo incompetente, constatado o vício, o processo será declarado nulo e remetido ao juízo competente, mas não extinto. O mesmo se dará se o processo for conduzido por juiz impedido.
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
5- Quando o juiz acolher a alegação de perempção,
litispendência e coisa julgada.
Este inciso está contido no anterior, pois esses três fenômenos constituem pressupostos processuais negativos. 
Podem ser conhecidos de ofício e a qualquer tempo.
Perempção é a perda do direito de ação por aquele que, por três vezes anteriores, deu causa à extinção do processo por abandono.
Litispendência e coisa julgada são causas impeditivas para o prosseguimento do processo, porque pressupõem a existência de outra ação idêntica em andamento ou já transitada em julgado, respectivamente. 
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
6- Quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual.
A falta de uma das condições torna o autor carecedor da ação, o que constitui óbice inafastável para a obtenção de uma resposta de mérito.
O juiz, antes de apreciar a pretensão do autor, deve analisar o preenchimento dos pressupostos processuais e das condições da ação, nessa ordem.
Podem ser alegadas de ofício e a qualquer tempo e, não estão sujeitas a preclusão (art. 267, IV, V e VI, CPC).
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
OBSERVAÇÃO: 
Segundo Oskar Von Bülow, a relação jurídica processual tem três aspectos que a distingue da relação de direito substancial: os sujeitos (autor, réu, Estado-juiz), o objeto (prestação jurisdicional), e os pressupostos processuais (requisitos de existência, validade e eficácia do processo).
Os pressupostos processuais são de existência ou de validade.
 Os pressupostos de existência subdividem-se em subjetivos e em objetivos. Os primeiros são compostos de: um órgão jurisdicional e da capacidade de ser parte (aptidão de ser sujeito processual). O pressuposto processual de existência objetivo é a própria demanda (ato que instaura um processo, ato de provocação).
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
OBSERVAÇÃO: 
Os pressupostos processuais de validade subjetivos dizem respeito ao juiz (sua competência e imparcialidade) e às partes (que devem ter capacidade processual e capacidade postulatória). Já os pressupostos processuais de validade objetivos podem ser intrínsecos ou extrínsecos. Os intrínsecos são os pressupostos que devem ser vistos dentro do processo, como o adequado desenrolar dos atos processuais. Os extrínsecos, também chamados de negativos, são pressupostos que não devem estar presentes. Em outras palavras, para que o processo seja válido, não podem existir, como a coisa julgada, por exemplo.
 Diante da superficial análise das condições da ação e dos pressupostos processuais, nota-se que são todos requisitos de admissibilidade para o conhecimento de um conflito perante o Poder Judiciário, através do qual será possível que se forneça ou não aos litigantes o bem da vida que se busca.
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
7- Pela convenção de arbitragem.
O art. 1º da Lei 9.307/96 estabelece que as pessoas capazes de contratar podem valer-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
A existência da convenção de arbitragem sujeita a solução do litígio à decisão do árbitro, excluindo, destarte, a possibilidade de julgamento feito pelo Estado. 
Tema será aprofundado na disciplina de Mediação e Arbitragem no 10º período.
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
8- Quando o autor desistir da ação.
Desistência da ação não se confunde com a renúncia ao direito de ação.
A desistência tem cunho estritamente processual, e não afeta o direito substancial do autor, que poderá retornar a juízo posteriormente, com a mesma demanda.
Pode ser requerida a qualquer momento, enquanto não proferida a sentença de mérito. Depois desta, pode haver a desistência do recurso, mas não da ação (STF RE 163.976-1 MG).
Será necessário o consentimento do réu caso a desistência ocorra após decorrido o prazo para sua resposta, 15 dias (arts. 267, § 4º c/c 297, CPC). 
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
Pode ser parcial em relação a um dos litisconsortes, desde que não seja litisconsorte necessário (art. 298, p. u. CPC). Caso a desistência ocorra após o prazo de resposta dos réus, necessitará o consentimento fundamentado de todos eles para que ocorra a desistência de um dos réus.
Já a renúncia diz respeito ao próprio direito substancial subjacente e implica a extinção do processo com resolução do mérito (art. 269, V, CPC).
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
9- Quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal.
Há algumas ações que tem cunho personalíssimo e não se transmitem por força da sucessão.
Exemplos: as ações de separação e divórcio, anulação de casamento, interdição (quando houver morte do interditado).
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
10- Quando ocorrer confusão entre autor e réu.
A confusão é um fenômeno que pode ocorrer em consequência de transmissão de bens ou direitos, por ato inter vivos ou causa mortis. 
Por exemplo: se o filho demanda o pai para a cobrança de uma dívida, e este vem a falecer, deixando-o como único herdeiro, a ação não poderá prosseguir.
11- Nos demais casos prescritos no Código.
Arts. 47, parágrafo único, e 265, § 2º, CPC. 
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
Consequências:
1- Ela não atinge o direito substancial subjacente à ação e não faz coisa julgada material.
Por isso, não impede a repropositura da demanda no futuro (art. 268, CPC).
Entretanto, a repropositura não é automática, devendo implementar-se o requisito faltante que ocasionou a extinção. 
Por exemplo: processo extinto por ilegitimidade das partes somente admite repropositura, se sobrevier circunstância que implemente essa condição da ação faltante no processo anterior. 
Extinção do processo civil:
Sem resolução do mérito
2- O processo extinto não mais produzirá os efeitos da litispendência, uma vez que não haverá mais lide pendente.
3- A citação válida interrompe a prescrição, mesmo que o processo seja extinto sem resolução de mérito.
Extinção do processo civil:
Com resolução do mérito
O CPC art. 269, enumera em cinco incisos as hipóteses em que haverá resolução de mérito (acobertadas pela autoridade da coisa julgada material, o que impede idêntica demanda).
Sendo o mérito a pretensão formulada na inicial, ele só será verdadeiramente julgado quando o juiz proferir sentença acolhendo ou rejeitando o pedido do autor (inciso I do art. 269, CPC).
Mas, além dessa, há outras hipóteses de resolução que a lei considera como sendo de mérito (incisos II a V do art. 269, CPC).
 
 Este material é fruto de uma compilação da matéria sob o enfoque de diversos autores, dentre eles: Alexandre Freitas Câmara, Daniel Amorim Assumpção Neves, Fredie Didier Junior, Humberto Theodoro Junior, Luiz Guilherme Marinoni, Marcus Vinícius Rios Gonçalves e outros.
Sua utilização é restrita à docência e sem fins lucrativos.

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