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Intervenção na economia: Falhas de mercado e falhas de governo Prof. Leandro Willer Email: coimbra.lwp@gmail.com Bibliografia • REZENDE, Fernando. Finanças Públicas. Cap. 1. Evolução das funções do governo e crescimento do setor público – Pag. 17 a 20; 27 a 30 Como é organizada a economia? • Economia planificada X Economia de Mercado Na realidade vivemos em um mix destas: Economia Mista = Economia de mercado com intervenção do Estado *As economias se diferenciam pelo nível de interveção estatal A intervenção Econômica • O dispêndio governamental, ou gastos do governo, quer seja para consumo ou investimento, tem por característica gerar o bem estar social. O que é o Estado? • Congresso Nacional, Governo, Supremo Tribunal instituições e organismos públicos esferas locais e estaduais – Muitas vezes não é clara a fronteira entre instituição pública e privada • Empresas estatal e participação no capital de uma empresa privada • Distinção geral – Instituições públicas são baseadas em eleições pela população, direta ou indiretamente (nomeação por um eleito); Na privada, há nomeação ou eleição pelos acionistas, administradores, proprietários. – O Estado possui determinados direitos de coerção Os objetivos do Estado • Os impostos servem para cobrir as despesas governamentais que se justificam por três funções básicas: 1. Ajustamento na alocação de recursos • Corrigir as falhas de mercado • Ofertar bens que não são ou são ofertados de forma insuficiente para a população pelo setor privado 2. Ajustamento na distribuição • Possibilidade de mobilidade social • Promover oportunidade educacional • Habilidades individuais (esforço) sendo recompensadas 3. Ajustamento visando a estabilidade econômica • Manter o uso adequado dos fatores de produção • Estabilizar o valor da moeda Estado regulador • “[...] o grande desafio para regulamentação econômica é encontrar o ponto ótimo que viabilize a lucratividade, de um lado, e o bem- estar dos consumidores, de outro, na forma de disponibilidade de bens e serviços de qualidade e a preços razoáveis. “ • FALHAS DE MERCADO O que motiva a intervenção? Uma situação em que o mercado, por si só, fracassa ao alocar os recursos com eficiência. Informações imperfeitas • Gera assimetria de informação: Os agentes não possuem todas as informações para definir o preço justo do bem – Impede o mercado de operar de forma eficiente. – EX. • Maioria das cervejas mais consumidas no país é feita com milho transgênico • Rótulos terão de mostrar ingredientes alergênicos a partir de julho (2016) • A cachaça é um bem com características peculiares quanto à informação: sua qualidade pode não ser de fácil avaliação para o consumidor comum, mesmo após seu consumo • Riscos e incertezas podem impossibilitar a oferta de um bem – Poupanças nos bancos (Caderneta, CDB) – Construção de hidrelétrica Indivisibilidade do produto (Bens públicos) • Quando os bens não podem ser individualizados torna-se ineficaz o sistema de preços. – Não exclusividade (não se aplica o direito de propriedade) – Não rivalidade (não implica em acréscimos de custos o uso por mais pessoas, isto é, não reduz a possibilidade do uso dos demais) Um bem que tem que ser fornecido para todos os consumidores envolvidos • Estes não possibilitam lucro ao setor privado, ou seja, não há interesse em ofertá-los apesar de existir demanda para o mesmo. – O Estado pode compulsoriamente obter recursos para o financiamento • Exemplo: Segurança nacional, iluminação pública, alarme contra incêndio, Bens Públicos • Diante da existência de bens públicos, o Estado pode intervir de forma a obter recursos de forma compulsória para financiamento da produção. Problemas semelhantes: Bens sociais • Princípio da exclusão: – Qualquer indivíduo estará excluído dos benefícios caso não pague por ele • Não exclusividade – não se aplica o direito de propriedade; não há possibilidade de trocas • Rivalidade – O uso por um agente reduz a disponibilidade de uso dos demais • Não rivalidade – não implica em acréscimos de custos o uso por mais pessoas, isto é, não reduz a possibilidade do uso dos demais Rival Não Rival Passível de exclusão Bem Privado Bem de clube Não exclusivo Bem de propriedade comum Bem público Externalidades • O papel alocativo dos preços: – Determina a escassez relativa (necessidade X disponibilidade) • O papel distributivo dos preços: – O quanto cada agente na sociedade pode consumir da parcela do esforço coletivo • As externalidades não são refletidas nos preços de mercado, o que pode gerar resultados ineficientes. – Ações de um agente sobre o bem-estar dos que estão em torno (efeito colateral), de forma que este impacto não tenha repercussão sobre os preços Externalidades • Quando compradores e vendedores desconsideram os efeitos externos pode haver ineficiência na alocação – Externalidade positiva – Externalidade negativa • Exemplos: Apicultor e florista, bares, fumantes As externalidades, o cigarro e as motocicletas • (...) Verificou-se o quão onerosas para os cofres públicos eram as doenças decorrentes do hábito de fumar. A partir de então o estado iniciou uma luta gigantesca para combater o tabagismo no País. Ou seja, a indústria fumageira do País gerava uma enorme externalidade negativa para a sociedade brasileira: os não-fumantes também estavam pagando este custo social. O conceito de externalidade ajuda a explicar a taxação sobre o cigarro, as campanhas contra o seu uso e os projetos de lei que visam a direcionar recursos para estimular produtores de fumo a trocarem de cultura agrícola. • (...) Nos últimos anos, as vendas de motocicletas cresceram muito no Brasil. (...) o número crescente de acidentes é assustador, impactando a população sob dois aspectos. • O primeiro recai sobre o serviço de saúde pública que acaba deslocando recursos humanos e financeiros para atender tais ocorrências nas emergências dos hospitais, prejudicando muitas pessoas que passam o dia inteiro à espera de atendimento ou pacientes de diversas enfermidades que aguardam exames e vaga para a internação. • O segundo impacto é sobre a produtividade do País e seu serviço de previdência. A média de idade dos acidentados é na faixa de 18 a 39 anos. Idade altamente produtiva. Os sobreviventes deixam de trabalhar e demandam o tratamento do serviço de saúde, além daqueles aposentados por invalidez. Ao deixar de trabalhar, deixa-se de contribuir com a previdência e dividem-se os custos com toda a sociedade. Próalcool – Programa brasileiro de Álcool (externalidades positivas) • Programa de substituição em larga escala dos derivados de petróleo. • Foi desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas quando dos choques de preço de petróleo (1975) • Menor poder de poluição que leva a melhor condição de vida e saúde para população • Tecnologia nova que incentiva o progresso tecnológico Lei beneficia a Fiat em PE • A fábrica que a Fiat fará em Pernambuco vai se beneficiar de alterações legais feitas especificamente para a montadora italiana. Essas alterações permitirão que ela usufrua da isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) até 2020. • Enquanto Pernambuco recebe sua montadora, o Ceará ainda está na fase de prospecção de uma fábrica deste tipo. O governador do Estado, Cid Gomes, já afirmou que está em negociação com investidores chineses, mas não dá mais detalhes. • O investimento da Fiat será de R$ 3 bilhões. O empreendimento deve gerar 3.500 empregos diretos. • "O estaleiro de Fortaleza, que a prefeita nossa (Luizianne Lins)não quis porque era um estaleiro que ia mexer um pouco com a imagem de Fortaleza, quando Fortaleza não quis, ele foi para onde? Para Pernambuco. Mas por que ele foi para Pernambuco? Porque as coisas estavam preparadas, inclusive com licença ambiental mais adiantada do que em outros estados", justificou (Lula) Poder de mercado • O mercado perfeitamente competitivo baseia- se na homogeneidade de produto e livre entrada e saída de empresas (o preço responde aos anseios do mercado) • Poder de Mercado: Capacidade de um único agente (ou peq. grupo) de influenciar significativamente os preços de um mercado. (Ex. Cervejaria AMBEV) *CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica Para Anatel, participação acima de 20% representa Poder de Mercado Significativo • A Anatel aprovou nesta quinta-feira, 11/2011, a definição de que operadoras de telefonia móvel com participação de mercado superior a 20% são considerados grupos com Poder de Mercado Significativo. • Por princípio econômico e de concorrência, empresas com Poder de Mercado Significativo seriam aquelas com capacidade de impor condições que pode ser prejudiciais aos clientes – preços maiores, por exemplo – por conta da força que possui. • É prática comum nas atividades de regulação o estabelecimento de critérios diferenciados para empresas com ou sem PMS, ou seja, a definição permite que a Anatel, por exemplo, possa estabelecer regras mais rígidas aquelas empresas com esse poder, e mais amenas às empresas que não o possuem. Estrutura de Mercado • A concentração (ou competição) de mercado é o elemento básico da estrutura • Grau de competição – Competição perfeita – Concorrência monopolística • diferenciação de produtos, que possibilita a escolha mais personalizada para cada cliente; • livre entrada e saída de empresas do mercado – Oligopólio • Pouca diferenciação dos produtos • Restrição à entrada – Monopólio http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2 017/02/1855704-orgao-do-cade- recomenda-veto-a-fusao-entre-kroton-e- estacio.shtml 03/02/2017 Cade pode vetar venda da área de camisinhas da Hypermarcas • (Cade) propôs que a operação de venda do negócio de preservativos da Hypermarcas para a Reckitt Benckiser (RB) seja impugnada. (...) anunciada em janeiro deste ano e está avaliada em R$ 675 milhões. • O Grupo RB detém as marcas de lubrificantes íntimos KY e Durex. Já a Hypermarcas atua no mesmo segmento com as marcas Olla e Jontex • há ponderações também em relação à existência de "significativas" barreiras à entrada, "especialmente em relação à marca e aos investimentos em marketing necessários", e uma rivalidade "bastante reduzida" neste mercado. O parecer destaca ainda que o "histórico de entrada revela que, quando elas (entradas) ocorrem, não conseguem atingir um patamar de participação de mercado relevante que impeça o exercício de poder de mercado" Barreiras à entrada • Barreiras devido: – Diferenciação de produto • Qualidade, efeito reputação – Vantagens absolutas • Controle de tecnologia, controle de matérias primas, Imperfeições no mercado de capitais, Canais de distribuição exclusivos – Economias de escala • custos fixos elevados – Investimentos iniciais elevados * Barreiras à saída podem levar a estratégias de retaliação (custos irreversíveis) Análise de mercado de previdência privada (Barreiras) Posição contribuição Eficiência 1 Seg. 213,73% 2 Seg. 113,96% 3 Seg. 155,78% 4 Seg. ñ banc 100,00% 5 Seg. 115,32% 6 Seg. 130,27% 7 Seg. ñ banc 113,61% 8 Seg. ñ banc 163,93% 9 Seg. 254,87% 10 Seg. 100,00% 11 Seg. 100,00% 12 Seg. ñ banc 100,00% 13 Seg. 100,00% 14 Seg. ñ banc 100,00% 15 Seg. ñ banc 100,00% 16 Seg. 100,00% 17 Seg. ñ banc 100,00% 18 Seg. 166,24% 19 Seg. ñ banc 115,23% 20 Seg. 183,68% Tabela 2 Seguradoras eficientes X Posição das contribuições retidas e prêmios ganhos O QUE JUSTIFICA LIMITAR O PODER DO GOVERNO? Falhas de Governo e intervenção nos direitos individuais Falhas de Governo • As pessoas tem objetivos variados, assim como, valorizam diferentes coisas subjetivamente à cada situação. – O governo, mesmo objetivando o bem estar social, não consegue acompanhar estes interesses dinâmicos ou, nem mesmo, observa-los. Ou seja, haverá prejuízo de alguns em nome do interesse público – As decisões do Estado são decisões coletivas, de forma que atropelam certas preferências individuais (Ex. sorvetes) Falhas de Governo • O Estado cresce muitas vezes por interesses privados (dos governantes) que veem no poder público uma forma de dividir custos com a sociedade para benefícios privados. – Lobby da bancada ruralista e o grito das indústrias Análise: BNDES gastou R$ 1,2 tri com empresas "amigas", como JBS e BRF https://economia.uol.com.br/noticias/redacao /2017/03/21/analise-bndes-gastou-r-12-tri- com-empresas-amigas-como-jbs-e-brf.htm Falhas de intervenção do Estado • 4 falhas sistemáticas 1. Informação limitada • Consequências complexas de difícil previsão 2. Controle limitado dos agentes privados • Como reagirão os agentes? 3. Controle limitado da burocracia • A execução em geral é delegada a diferentes órgão e esferas (como garantir o empenho, interpretação correta evitar choques de interesses...?) 4. Limitações impostas pelo processo político • Decisões influenciadas por políticos com interesses privados – Arrecadação de fundos para campanha – Arrecadar eleitorado (gera soluções simples e populistas para problemas complexos) *Os erros de uma política foi acidente ou seria esperado? O governo cria distorções: • O governo deve ser limitado pois as falhas de governo podem ser maiores que as falhas de mercado que buscam resolver – Ex. controle de preços – Motivo: grande ignorância quanto ao comportamento do mercado Exemplos do efeito negativos da intervenção: – Diferença de preços sem justificativa econômica (postos de gasolina nas fronteiras dos estados) – Política de preço mínimo ou máximo (gera desequilíbrio entre oferta e demanda) – Criação de empresas não competitivas devido aos incentivos fiscais A História das coisas • video
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