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Capitulo_9

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IX
OS SEXOS E A NEUTRALIÇÃO SEXUAL
Dans la plupart des espéces domestiques, le zootechnicien doit 
s'occuper d'un troisiéme groupe d'individus, les “neutres”, dont 
l'importance numérique dèpasse souvent celle des individus sexues et 
dont le rôle éconpmique est des plus étendus. - P. DECHAMBRE
1 Dimorfismo sexual
Há certos caracteres individuais, que aparecem sempre normalmente, nos 
animais do mesmo sexo, somente. Quer dizer que os animais, a maioria dos animais 
domésticos, por exemplo, apresentam uma caracterização de acordo com seu sexo. Isto 
é o que se denomina dimorfismo sexual: cada sexo tem caracteres próprios, que o 
distinguem do outro sexo.
Tais caracteres, chamados sexuais, se dividem em dois grupos (para alguns, em 
três):
1 Caracteres sexuais primários, que são os órgãos genitais, correspondentes a 
cada sexo ou caracteres genitais. (MARAÑON, 1930);
2 caracteres sexuais secundários, que são aqueles que, sem propriamente 
determinarem o sexo, têm uma relação fisiológica com os primeiros, e aos 
quais MARAÑON denominou simplesmente caracteres sexuais. 
Disse que, para alguns autores, três seriam os grupos de caracteres referentes ao 
sexo: primários, secundários e terciários. Aos primeiros correspondem as glândulas 
genitais exclusivamente; aos segundos, os órgãos acessórios dessas glândulas destinadas 
ao êxito da reprodução; e os terciários seriam os caracteres sexuais externos, 
morfológicas e fisiológicas.
A terminologia de MARAÑON (1930) é mais simples, concisa e natural, e então 
será preferível falar em caracteres genitais e caracteres sexuais. Os genitais são 
constituídos pelos próprios órgãos de geração: glândulas germinais ou gônadas e órgãos 
anexos. Os caracteres sexuais (ou c. s. secundários) são de certo modo uma 
conseqüência da atividade dos caracteres genitais e, por isso, sua plenitude se dá quando 
o animal chega a idade adulta. São de natureza morfológica, e se desenvolvem em 
correspondência com as glândulas germinais. Sem estas (castração), eles não se põem 
em evidência ou regridem, como se estudará adiante.
Essa diversificação dos indivíduos consoante os sexos, ou dimorfismo sexual, 
varia muito com as espécies consideradas, sendo mais acentuada em umas do que em 
outras. As espécies domésticas, mais importantes, podem ser seriadas, quanto ao seu 
dimorfismo sexual, desde aquelas nas quais a diferenciação entre machos e fêmeas é 
maior, até as de menor diferenciação, assim: Galinha, Carneiro e Boi, Cabra, Porco, 
Peru, Cão, Cavalo, Jumento, Gato, Pato e Marreco, Coelho e cobaia. Nas aves, certas 
raças apresentam maior dimorfismo sexual do que outras, dentro da mesma espécie, 
pela forma da plumagem e em certos casos pela coloração.
2 Os Caracteres sexuais
Os caracteres sexuais secundários são de natureza morfológica ou fisiológica, 
como já ficou dito. Ou por outras palavras, o dimorfismo sexual pode manifestar-se na 
morfologia e na fisiologia do animal.
131
Sem entrar na apreciação pormenorizada de cada espécie em particular, as 
modificações verificadas nos animais domésticos, e reguladas pelo sexo, são as 
seguintes:
1 Na morfologia:
No que diz respeito ao “formato” e “peso”, a regra é ser o macho maior e mais 
pesado, em geral, do que a fêmea. Esta diferença é, porém, tanto menos pronunciada 
quanto mais aperfeiçoada a raça. Uma seleção natural se exerce, nos rebanhos criados 
extensivamente, de tal maneira a persistirem de preferência aqueles machos mais fortes, 
mais valentes, o que quer dizer maiores e mais pesados. Já na criação melhorada, a 
seleção que age é a artificial, promovendo a uniformização dos sexos, trazendo a 
diminuição dessa diferença no porte e formato entre machos e fêmeas.
Em algarismos diz-se que nas Galinhas a desigualdade em peso, a favor do 
macho, é de 25 a 40%. No Boi, essa diferença é bem mais sensível algumas vezes, 
podendo ir de 70 a 600 kg. Nos eqüinos, já se mostra mínima, assim como nos porcos, 
ovinos e caprina. Mas nessas duas espécies há uma agravação com a idade.
Quanto à “ossatura”, o esqueleto do macho se mostra mais forte, os ossos 
maiores e mais grossos, ao contrário da fêmea, cuja armação óssea é mais delicada, o 
que lhe dá feição esbelta. As fêmeas, embora não se mostrem com a bacia mais larga, 
em absoluto, interiormente, têm-na mais ampla, de maior capacidade. Com a idade 
estabelece-se desequilíbrio entre quartos anteriores e posteriores: nos machos, os 
anteriores se mostram com aparência mais desenvolvida do que as posteriores; nas 
fêmeas, é o inverso que se verifica.
O crânio do macho é mais reduzido relativamente, em comprimento, contudo se 
apresenta largo. Na fêmea, mostra-se mais estreito e alongado. Os chifres são mais 
fortes e mais grossos nos machos; e, em certas espécies, é o apanágio deste sexo: 
Carneiros e Cabras, com exceção de algumas raças de ovinos, mochas totalmente.
As defesas, em geral, são mais desenvolvidas nos machos, ou faltam nas fêmeas: 
esporão, caninos etc., inclusive os chifres já referidos.
Pelo que anteriormente dissemos o macho, sendo mais forte, segue-se possuir 
“musculatura” mais desenvolvida, principalmente nos quartos anteriores, no pescoço e 
no peito. De inúmeras observações que fez, NATHUSIUS concluiu que nos eqüinos o 
peito é mais largo no cavalo, e mais profundo na égua, e a canela (perímetro) é nesta 
mais fina do que naquele.
Formato, esqueleto e músculos dão ao macho feição de masculinidade, como se 
diz. Enquanto que a fêmea, pelo seu pequeno formato, pela sua conformação às vezes 
angulosa, e pelo esqueleto mais fino e reduzido, pelo menor desenvolvimento de seus 
músculos, mostra-se de feição feminil. O macho tem a parte anterior do corpo mais 
desenvolvida, enquanto que a fêmea já possui mais desenvolvidos os quartos traseiros.
O órgão da lactação, se bem que não seja privativo das fêmeas, existe também 
nos machos, em estado rudimentar.
A coloração do macho, comparativamente com a das fêmeas, é mais escura, 
mais carregada, e a pele, por sua vez, se apresenta nele mais grossa, mais dura, mas 
pilosa, mais rica em excreções das glândulas sudoríparas, mais untuosas, portanto: os 
machos têm cheiro ativo, característico: o odor hircino do bode é típico.
A barbela se mostra mais desenvolvida no touro do que na vaca, faltando nesta, 
algumas vezes. No caso dos zebuínos, além da barbela bem maior há que considerar 
ainda o umbigo e principalmente a giba, do mesmo modo mais desenvolvidos nos 
machos.
132
2 Fisiologia
Com respeito a fisiologia da pele, quase não será preciso repetir o que atrás já 
ficou explicado. O macho tem as secreções mais abundantes (com exceção da secreção 
láctea), donde o seu cheiro particular, ativo.
No macho, há maior consumo de alimentos: ele queima, durante o mesmo 
espaço de tempo, muito mais combustível-alimento do que a fêmea, donde eliminar 
mais resíduos também.
A circulação do sangue é mais ativa no macho, e seu sangue é mais rico de 
hemoglobina, o que concorda com um consumo maior de alimentos. Por isso tudo, a 
fêmea é um organismo mais resistente a fome, a deficiência ou irregularidade de 
alimentação, mostrando-se quase sempre mais manteúda, salvo quando em aleitamento.
A voz, que varia conforme a espécie, também se diferencia com o sexo do 
individuo. No Gallus gallus, o galo canta e a galinha cacareja; o Pato grasna, 
distinguindo-se de sua fêmea; no Equus caballus a voz do macho é bem diferente da 
égua, que não relincha como o garanhão; no Bos taurus o touro tem um gaiteado, algo 
diferente do mugido da vaca; no Bos indicus só o macho é que emite um som 
característico,e raramente; o bode emite sons que não se confundem com os da cabra: 
finalmente no Carneiro essa distinção é nula, o mesmo acontecendo nos suínos e no 
Cão.
O “temperamento”, no macho, é mais vivo e excitável. A fêmea é mais dócil, 
mais mansa, mais sociável. Pelo seu temperamento os reprodutores tornam-se 
facilmente perigosos, agressivos e bravios.
Quanto ao "rendimento zootécnico", o macho, por ser talvez mais rústico, e 
menos produtivo comparado com a fêmea, salvo quanto à produção de carne, de lã e 
força dinâmica em geral. A fêmea é mais precoce, engorda mais facilmente, e mais cedo 
fornece renda ao criador. Até na função dinâmica da velocidade que, a primeira vista 
pareceria poder constituir apanágio do macho, a fêmea lhe é comparável por vezes 
mesmo sobrepujando-o.
3 Origem dos caracteres sexuais
A maioria dos caracteres sexuais, aqueles mais evidentes tem sua origem numa 
correlação fisiológica entre eles e os órgãos genitais, ou melhor, entre eles e certas 
secreções de tais órgãos. Começam a se manifestar já nos animais novos, porém de 
modo mais ou menos discreto ou velado, de tal maneira que dificulta, senão impede (em 
algumas espécies) a separação sexual dos indivíduos, de tenra idade, baseada neles. Na 
puberdade pronunciam-se, e somente em plena maturidade, quando o indivíduo 
completou seu desenvolvimento, é que tem concluída sua manifestação, com o 
funcionamento ativo das glândulas sexuais.
Sua manifestação pode tornar-se imperfeita se o macho ou a fêmea forem 
retardados em sua reprodução, porquanto é com funções genésicas as normaliza-se que 
se processa o pleno desenvolvimento do corpo do animal e, portanto, nessa ocasião é 
que fêmea e macho adquirem todos seus atributos sexuais. Impedir a manifestação das 
funções genésicas pode acarretar embaraço na plena formação de tais caracteres. Uma 
fêmea, que nunca procriou, conserva de algum modo, certos caracteres neutros da 
puberdade. O macho, em grau mais atenuado, pode não apresentar uma manifestação 
completa dos atributos de seu sexo, se nunca fecundou, se seu aparelho genital não 
entrou em regular e normal funcionamento.
Fecundar e ser fecundado, isto é, fazer funcionar seus órgãos genitais, eis a 
garantia mais completa para o aparecimento dos caracteres secundários do sexo, pelos 
133
quais a diferenciação entre machos e fêmeas se torna facílima mesmo naquelas espécies 
de mais difícil distinção.
Do funcionamento, pois, das glândulas sexuais - testículo no macho, e ovário, na 
fêmea é que depende a aparecimento daqueles caracteres secundários de sexualidade. 
Há, portanto uma relação fisiológica entre ambos, como ficou dito. E fisiologicamente 
se explica o fenômeno dizendo que testículo e o ovário, funcionando, produzem 
secreções que provocam esse dimorfismo sexual. São os hormônios, que têm uma ação 
importante sobre a conformação do animal, dai expressão de GLEY: "São substâncias 
morfogenéticas, de ação morfogênica".
Do exposto ressalta-se que as influências hormônicas podem, variar de 
intensidade, e de algum modo em qualidade, no processo de caracterização ao do 
indivíduo. Por isso, os sexos embora opostos podem apresentar-se ora mais afastados, 
ora mais aproximados em sua morfologia e fisiologia. Isto é, há na realidade transições 
entre macho e fêmea, podendo acontecer mesmo que os órgãos do macho e da fêmea 
não se achem mutuamente excluídos no mesmo indivíduo (LIPSCHÜTZ, 1928). Ou, em 
outras palavras, da atividade hormônica pode depender maior ou menor aproximação do 
indivíduo a este ou aquele sexo. Podendo mesmo coexistirem, no mesmo indivíduo, os 
órgãos do macho e da fêmea, como é o caso da galinha, embora esta possua um 
testículo rudimentar a direita.
Estudando os efeitos, da castração, chegou-se ao que sabemos: os hormônios 
determinantes dos caracteres sexuais secundários se originam no testículo ou no ovário, 
descobrindo-se a estreita relação entre glândulas do sexo e caracteres sexuais. A 
supressão do testículo, por exemplo, acarreta a regressão de certos caracteres dessa 
natureza ou uma paralisação no seu desenvolvimento, tudo dependendo da época e do 
modo de operar essa supressão. Como veremos adiante, ao estudarmos os efeitos da 
castração, os caracteres próprios do macho - que lhe dão feição masculina, e os da 
fêmea, que lhe conferem a feminilidade estão dependendo ou da presença de tais 
glândulas ou da sua integridade.
Por outro lado, a injeção de extratos dessas glândulas, em castrados, demonstra a 
influência de tais substâncias na formação de certos caracteres próprios do sexo. A 
partir de certo peso da glândula, o aparecimento e desenvolvimento desses caracteres 
são completos, mas abaixo de certo mínimo não há nenhuma manifestação. Por 
exemplo, num galo, 04 decigramas de testículo são suficientes para que se formem 
todos os seus atributos de macho. Este é o limiar hormônico (em tal caso) abaixo do 
qual continuarão ausentes aqueles caracteres de galo. Mas se for ultrapassada a massa 
limite de hormônios, nem por isso haverá exageração da masculinidade. É a lei muito 
falada do "tudo ou nada".
Mas nem todos os caracteres precisam da mesma quantidade de hormônio, para 
sua expressão: uns mais e outras menos. Todavia essas diferenças são mínimas, ficando 
entre limites próximos, dentro do limiar hormônico, correspondente aquele mínimo. Por 
isso, uma vez atingido o mínimo suficiente, são despertados todos os caracteres sexuais, 
donde sua completa expressão.
Deve ainda ser lembrado que o desenvolvimento e a função das glândulas 
sexuais são dirigidos pelos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior.
Fala-se numa predominância do hormônio testicular sobre o do ovário. No caso 
dos gêmeos bissexuados, da vaca, sabe-se que a fêmea (o chamado freemartin) é estéril, 
e apresenta uma conformação mais ou menos neutra. Isso resulta da mistura do sangue, 
que circula em ambos os fetos, devido à anastomose dos vasos sangüíneos; dai uma 
influência do hormônio masculino (produzido pelo feto masculino) sobre o feto 
feminino. Tal influência não decorre do predomínio, propriamente, desse hormônio 
134
sobre o outro, mas devido a sua formação antecipada. Formando-se primeiramente o 
hormônio masculino, este fica com a vantagem de agir mais cedo sobre ambos os fetos, 
dai determinar no feto masculino sua caracterização de macho, e no feminino uma 
aproximação ao sexo oposto, indo até a uma inibição do normal desenvolvimento da 
glândula correspondente, que se achava ainda em fase atrasada de crescimento. Como se 
vê, trata-se de uma ação antecipada de hormônio, em relação á do outro.
A intersexualidade pode ser interpretada também como a falta de predominância 
absoluta de um hormônio sexual sobre o outro. E que ela é causada, não pela presença 
simultânea de células germinais masculinas e femininas, mas sim pela presença de 
células de atividade hormônicas, de ambos os sexos. Quando não seja de natureza 
genética, segundo a hipótese de R. GOLDSCHMIDT, tão bem demonstrada com a 
Lymantria dispar.
A origem dos hormônios sexuais está esclarecida, e sabemos que, nos machos, o 
tecido intersticial do testículo (células de Leydig) é o responsável pela formação do 
hormônio masculino (testosterona). Estas células de Leydig, por isso, são alcunhadas de 
“glândula da puberdade” Assim, no testículo, está bem distinta a atividade dos tecidos 
que o constituem: a função seminal ou externa é exercida pelos canais seminíferos; a 
função endócrina, pelo tecido intersticial.
Quanto aos hormônios femininos, os estrógenos, são produtos do folículo de 
Graaf. Como se sabe, no ovário háo tecido folicular e o intersticial. O primeiro, de 
natureza epitelial, é formado pelos folículos de Graaf, portadores de urna célula 
caracteristicamente diferenciada: o óvulo ou gameta feminino. O tecido intersticial é 
constituído de células epitelióides, em grupos esparsos entre as vesículas de Graaf. 
Quando o folículo termina seu desenvolvimento ou amadurece, rompe-se libertando o 
óvulo, e no lugar da ruptura forma-se uma cicatrícula, de células especiais, que recebeu 
o nome de corno amarelo. Os hormônios originam-se do próprio folículo.
Em resumo, formam-se no testículo e no ovário os hormônios, com marcada 
influência sobre a caracterização dos indivíduos, de acordo com seu sexo. Tanto é assim 
que se pede feminizar um macho castrado, com a implantação de um ovário nele (ou 
injeções de hormônios femininos); assim como masculinizar uma fêmea castrada, 
enxertando nela um testículo, ou injetando-lhe hormônio masculino. Isto tem sido 
comprovado desde STEINACH (1920) e VERA DANTCHAKOFF (1938), esta com sua 
famosa “Hitstoire d’un Coq” (Paris, 1936).
A síntese de substâncias com propriedades dos estrógenos já foi conseguida, e 
muitos desses produtos já focam preparados, em geral sob fórmulas simples. Mas 
nenhum deles foi encontrado ira natura (S. A. ASDELL, 1955). Diferem dos estrógenos 
naturais pelo fato de não serem destruídos quando ingeridos por via bucal, o que veio 
permitir serem administrados com a ração.
O mais conhecido é o dietilatilbestrol ou estilbestrol, que tem sido 
experimentado na engorda de frangos (ANDREWS & BOHREN 1947, e outros) e para 
acelerar o crescimento de bovinos, e carneiros (DINNUSSON ET AL 1949, e ANDREWS et al 
1919).
4 As modificações provocadas pela castração
No sexo masculino, as modificações, que a emasculação provoca, são as 
seguintes:
Morfologicamente, o macho castrado apresenta-se com os órgãos da geração, 
tais como o pênis, a próstata, glândula de Cowper etc. menos desenvolvidos; as tetas se 
mostram, todavia, maiores e engrossadas.
135
O crescimento corporal prolonga-se até os 5 a 6 anos, quando sabemos que o 
animal não emasculado (bovinos) cresce ate os quatro anos e meio, nos tardios. A altura 
é maior, os quartos traseiros são mais desenvolvidos, havendo um quase equilíbrio entre 
éster e os anteriores. A bacia fica mais ampla, quase tanto quanto a da fêmea. De modo 
geral, o corpo se apresenta mais curto e engrossado.
O crânio torna-se alongado e fino, os chifres maiores, razão porque não é 
possível estudar a craniologia dos neutros. O efeito mais comum da castração é uma 
tendência ao alongamento da cabeça, sobretudo ao nível da face. Os chifres dos bois se 
alongam, mas não engrossam. A marrafa do boi é menos alta do que a do touro. Entre 
os ovinos, quando os chifres são atributos do macho apenas a castração impede seu 
aparecimento ou faz paralisar seu desenvolvimento; mas se são comuns aos dois sexos, 
então os chifres, nos castrados, tomam a conformação dos da fêmea.
Embora mais desenvolvidos, o esqueleto do emasculado pesa menos e os ossos 
são mais densos.
As formações epidérmicas (inclusive as crinas) tornam-se mais finas, mais 
abundantes e algo mais brilhantes. A lã do Carneiro castrado cedo é de peso intermédio 
entre a do macho (tosão mais pesada) e a da fêmea (tosão menos pesada). 
Qualitativamente ela se aproxima da lã da ovelha.
A pele afina-se, o couro conseqüentemente pesará menos.
Nas Aves, as modificações morfológicas refletem-se do seguinte modo. No galo, 
verifica-se, com a castração, um decréscimo da crista e da barbeia, que se mostram 
também mais anêmicas e delgadas. Esses dois apêndices da cabeça não alcançam nem o 
desenvolvimento do galo, nem o da galinha, parando na forma infantil.
A plumagem do capão não se altera, propriamente. Há apenas intensificação de 
seu desenvolvimento, dentro das linhas masculinas; por exemplo, as penas caudais são 
mais longas e de coloração mais viva, o que em geral se dá com as demais penas.
Os esporões não são influenciados; se eles mal se formam é que se trata de raça 
de esporão reduzido.
Quanto ao formato, o capão é maior, com maior largura corporal, talvez uns 
25%, de peso a mais, o que é resultado de um acúmulo de gordura.
O Marreco castrado conserva sua plumagem de macho, mas quando ocorre a 
muda não vem à plumagem de verão (normalmente desaparece com a muda seguinte, do 
outono). É que a muda se desregulariza com a castração.
Fisiologicamente, as transformações do macho castrado são apreciáveis, a 
começar pela nutrição geral; quase toda a fisiologia animal é influenciada, máxime se 
for completa a emasculação. Sabemos que o ovário e o testículo são órgãos reguladores 
do consumo de gordura, e sem eles essa gordura tende a se acumular.
Favorece ainda a formação de depósitos de gordura duas outras modificações 
acarretadas pela castração, e que são o temperamento calmo, linfático, do castrado e 
uma notação não perturbada pelas funções genésicas. O temperamento calmo é uma 
fiança para a economia de energia corporal, e energia economizada e gordura que se 
acumulará. Daí uma carne de melhor qualidade.
A voz sofre também modificações, porquanto no boi o mugido nada lembra o 
gaitear do touro, vibrante e enérgico, e no cavalo castrado quase desaparece o relincho, 
tão próprio e denunciador do vigor genésico do garanhão. O capão perde também o 
canto do galo, e as demais atitudes psicosexuais deste para com as galinhas,
Nas outras espécies, inclusive no Marreco, não se dá nenhuma modificação 
quanto à voz, apenas quanto ao comportamento psicosexual, pois desaparece a corte à 
fêmea.
136
Figura 32 - Crista de Legorne normal e castrado: a - galo adulto; b e c – galinha adulta; 
d – capão adulto (de Godale).
Figura 33- Galinha Legorne transformada em galo devido à ablação do ovário esquerdo,
e evolução da gônoda direita em testículo (J. Benoit, do livro Vie et Reproduction, de 
M. Aron, 1929).
No sexo feminino, em geral as modificações morfológicas são atenuadas em 
relação com aquelas verificadas nos machos, mormente se a castração for praticada já 
na idade adulta. Quando nova ainda, seus órgãos genitais e anexos pouco se 
desenvolvem, e neste caso até as próprias glândulas mamárias.
Nos bovinos, a conformação da fêmea, precocemente ovariotomizada, 
assemelha-se a de um macho castrado, isto é, a de um boi, embora não atinja as 
dimensões deste, ficando, todavia maior do que uma novilha de idade igual. As novilhas 
estéreis, chamadas “maninhas”, apresentam-se com a forma de boi pequeno, todavia 
mais cheias de carne, mais gordos e pesadas do que as novilhas normais da mesma 
idade.
A cabeça da fêmea castrada alonga-se e afina-se semelhantemente ao que seda 
com o macho emasculado. Os chifres tornam-se mais grossos e maiores.
137
Figura 34 – Perfil de uma vaca normal (maior) e de uma vaca castrada (menor) – Média 
de cem animais normais e de onze castrados (de Tandler e Keller)
Nas Aves, as modificações verificadas, no caso da fêmea, são muito maiores do 
que nas outras espécies. Há uma influência especial sobre a plumagem que se torna 
mais brilhante, e, além disso, aparecem esporões rudimentares. O volume da galinha 
castrada aumenta, e esta sensivelmente se aproxima, em tudo, do macho neutralizado, 
chegando-se a estabelecer certa contusão entre ela e o capão. A marreca castrada, cedo, 
adquire a plumagem do macho, até as penas caudais eriçadas, características do sexo 
masculino.
Quando adulta, a ave castrada não mostra nenhuma modificação em seu 
esqueleto, tal como se passa nos machos. A plumagem é alterada, assim como a 
musculatura, de modo geral, e ainda os acessórios genitais,mas em termos. Tudo menos 
pronunciadamente.
As modificações fisiológicas são reduzidas aos impulsos sexuais e as suas 
conseqüências. O cio desaparece, o temperamento torna-se mais calmo, dando-se certo 
acúmulo de gordura, em vista da ausência do órgão regulador do consumo das matérias 
graxas orgânicas, e que são os órgãos genitais.
A lactação, nos mamíferos domésticos, se prolonga com a ovariotomia. Mas 
quando esta é feita fora da época da produção, ou antes, da idade desta, acarreta a 
falência completa da aptidão e produtiva correspondente. Ainda mais, o leite da fêmea 
castrada é de composição mais uniforme, e quantitativamente não sofre também a 
influência modificadora do cio, que desapareceu.
Em geral todos os efeitos da castração serão tanto maiores quanto mais novo for 
o animal; conseqüentemente, no adulto, muito menores hão de ser as modificações, 
muito menos sensíveis.
A castração unilateral da fêmea, ou do macho, conduz ao desenvolvimento 
exagerado do órgão que se não eliminou, e o animal não perde nem a potência, nem a 
fecundidade de procriar.
A galinha faz exceções, porquanto só tem um ovário normal, de lado esquerdo. 
Só muito raramente se há verificado a presença de dois ovários ativos.
Se a operação produziu a eliminação do ovário normal, o ovário direito passa 
por um processo de crescimento, apresentando a aparência de testículo. Neste caso a 
galinha toma a plumagem de galo, formando-se até esporões. Quando se removem os 
dois ovários, só então se verifica o aspecto de capão.
Tem sido registrado, entretanto o fato de galinhas que, espontaneamente, tomam 
as características de galo. MC CANE e WALTON (1930) referem que uma Ligth Sussex, 
138
depois uma postura normal no seu primeiro ano de vida, passou por uma radical 
transformação, no segundo ano, apresentando plumagem e esporões de galo, chegando 
mesmo a festejar uma das outras galinhas, suas antigas companheiras. No terceiro ano, 
nova modificação – essa galinha com feição de galo – procura o ninho, chocando uma 
dúzia de ovos, de outra, postos ali, dos quais saíram onze pintinhos. No quarto ano 
recomeça a postura interrompida por dois anos, entra em muda adquirindo a plumagem 
de galinha, finalmente.
5 Quando é indicada a castração
Como complemento, vamos apontar as eventualidades nas quais o criador deve 
ocorrer à neutralização sexual de seus animais, e elas não são poucas.
1 Para preparar animais de açougue, gordos, de carne mais saborosa (bois, 
chibarros, capados, capões) eliminando-se ainda o odor desagradável do macho 
fecundante (bode e varrasco). 
2 Para obter fêmeas de açougue, eliminando-se o cio e conseqüentemente as 
perturbações que ele acarreta a fácil engorda das porcas.
3 Para afastar da reprodução certos indivíduos indesejáveis, numa seleção racial 
bem conduzida.
4 Para conseguir animais de trabalho, com temperamento calmo e dócil: boi de 
trabalho, cavalo e burro quartaus.
5 Para corrigir o mau temperamento de animais de sela ou de trabalho, tornando-
os dóceis e fáceis de utilizar.
6 Para prolongar o período de lactação, de fêmeas que vão ser afastadas da 
reprodução. O desaparecimento do cio nas vacas castradas tem como conseqüência o 
prolongamento do período de lactação; prática, aliás, que não ocorre devido aos riscos 
da operação laboriosa, e por não compensar economicamente tais riscos e despesas.
7 Para obter produtos de melhor qualidade, no caso de certas espécies cuja 
função zootécnica principal, senão única, é a produção de peles, plumas etc.. Quais 
sejam o Coelho, a Avestruz etc. Aplicação esta ainda no campo experimental.
8 Enfim, para curar de satiríase ou de ninfomania, respectivamente, machos ou 
fêmeas com tais exaltações.
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Questionário Nº 9
1 - Que é dimorfismo sexual? 2 - Há caracteres sexuais? Explique. 3 - Como podem ser 
os caracteres sexuais? 4 - Serie as espécies domésticas, tendo em vista a acentuação do 
dimorfismo sexual. 5 - Como variam os sexos morfologicamente e cite os caracteres 
sexuais morfológicos mais importantes. 6 - Fale sobre o que há a respeito do formato e 
do peso. 7 - Idem, da ossatura e do crânio, das defesas naturais e da musculatura. 8 - 
Idem, das mamas, da pelagem e da barbeia. 9 - Que há na fisiologia geral e no 
rendimento zootécnico, entre macho e fêmea? 10 - Idem, na voz e no temperamento. 11 
- Como se manifesta a correlação fisiológica entre caracteres sexuais e sexo, cedo, 
tarde? 12 - Quando mais se acentua essa correlação? 13 - Quais as glândulas endócrinas 
que influem no estabelecimento do dimorfismo sexual e como se verifica essa in-
fluência? 14 - Que relação há entre o caráter sexual e a quantidade de hormônio 
secretado, e que vem a ser limiar harmônico? 15 – Como agem os hormônios sexuais, 
qualitativa ou quantitativamente? 16 – Que é free-martim, como se forma e por que é 
estéril? 17 - Haverá predominância de um hormônio sexual sobre o outro? Explique. 18 
- Como explicar a intersexualidade sob o conto de vista hormônico? 19 - Onde se 
origina o hormônio sexual no macho? 20 - Na fêmea? 21 - Modificações do macho 
castrado: nos órgãos acessórios da geração. 22 - Idem, no crescimento corporal e no 
esqueleto. 23 - idem, na pele, pelos, crinas, couro. 24 - Idem. nas aves. 25 - 
Modificações fisiológicas do macho castrado. 26 - Como são as modificações 
morfológicas na fêmea castrada? 27 - E as fisiológicas? 28 - Quando se mostram mais 
pronunciados os efeitos da Castração? 29 - Quando se indica a castração? 30 - Há 
hormônios sexuais sintéticos, quais suas características que permite seu emprego na 
criação para que possam ser usadas?
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