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Capitulo_7

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VII
OS CARACTERES RACIAIS
Characters are neither equally heritable nor equally important. -. 
LUSH
1 O Indivíduo e a Raça
Vimos, em capítulo anterior, como deve ser encarado o indivíduo, sob o 
ponto de vista zootécnico: o indivíduo pode ser decomposto em genótipo e fenótipo. 
Também vimos que o fenótipo é o que mais interessa ao explorador do animal 
doméstico, como máquina viva. Do exterior e da atividade fisiológica dessa 
máquina viva é que depende o êxito de sua exploração, por parte do criador industrial. 
O genótipo só indiretamente interessa aquele que apenas explora a utilidade do 
animal doméstico. Interessa, sim, ao criador propriamente, pois o melhoramento só 
se processa com êxito quando baseado no genótipo. Isto é, naquilo que passa a 
outra geração.
A seleção dos animais é, então, feita tendo-se em vista sua herança 
biológica, seu genótipo, seus caracteres hereditários ou raciais. O estudo, pois, dos 
caracteres raciais, dos indivíduos, é indispensável, a fim de se poder distingui-los e 
agrupá-los em raças. É que a raça constitui, na verdade, o agrupamento 
zootecnicamente fundamental, para o melhoramento da população.
Ao criador industrial interessa o indivíduo, considerado como fenótipo. Ao 
criador melhorista, já interessa o indivíduo como genótipo, quanto as suas 
possibilidades de dar origem à outra geração. Isto é, quanto à raça e à linhagem.
Os indivíduos, dentro da espécie, variam: daí as raças e variedades; mas 
dentro destas há ainda diferenças nos indivíduos, mais em umas espécies do que em 
outras, podendo-se mesmo estabelecer uma escala do máximo de diferenciação 
individual ao mínimo: galinos, ovinos, caprinos, suínos, bovinos, eqüinos e asininos.
2 Natureza dos Atributos Animais
Os atributos, que os seres vivos apresentam, e que constituem seu 
fenótipo, variam de uns para os outros, de tal modo que o homem, a fim de 
estabelecer uma ordem no estudo deles, procurou fazer grupos, reunindo aqueles 
com caracteres semelhantes. Daí a classificação ou divisão dos animais em ramos, 
classes, ordens, famílias, gêneros e espécies, como vimos, ao fazer-se a 
nomenclatura dos animais domésticos.
De acordo com o grupo considerado, assim será o caráter ou atributo 
distintivos. Os caracteres que mais nos interessam são os raciais, porquanto, 
como se sabe, em zootecnia nos baseamos, quase sempre, no grupo chamado 
raça.
Mas acontece que os caracteres raciais nem sempre são apenas raciais. 
Podem ser confundidos com os caracteres da espécie. Mas sendo grande sua 
variabilidade, dentro desta, isso possibilita a divisão dos animais em raças, de 
acordo com maior ou menor intensidade do caráter específico, que assim se torna 
racial. Um exemplo: a produção de lã é um caráter especifico, mas pode tornar-
se racial, conforme venha a manifestar-se. A produção de leite - caráter a bem 
dizer da classe – Mammalia - toma, praticamente, nos bovinos, um sentido específico 
e racial.
97
É que não convém esquecer - raça é uma concepção mais convencional do 
que natural, como já foi anteriormente esclarecido. Mas, embora convencional, com 
ela é que lida o criador, na prática da criação, dai à necessidade de considerar e 
estudar os chamados caracteres raciais.
Esses tributos raciais ou étnicos são, todavia, de natureza diferente. 
Biologicamente podem ser distribuídos em dois grupos: morfológicos e fisiológicos, 
incluindo nestes as faculdades de produção que, como se sabe, mais interessam à 
zootecnia. Todavia, ainda podemos encará-los sob o ponto de vista zootécnico, e 
neste caso teremos três grupos de caracteres raciais:
1 – exteriores
2- fisiológicos
3 - econômicos ou zootécnicos
Os atributos exteriores, que mais interessam, são: conformação e proporções, 
porte, peso, coloração, pelagem, pele, pelos e mucosa, chifres, orelhas, crista e 
plumagem.
Os atributos fisiológicos, propriamente ditos são: constituição orgânica, 
temperamento, odor, faro e os caracteres morais ou psíquicos.
Os atributos chamados econômicos são atributos fisiológicos dos quais o 
homem tira vantagens, dai sua maior importância e por isto serão tratados em 
capítulo próprio a seguir. São eles: a prolificidade, o crescimento, a precocidade, a 
engorda, a lactação, a aptidão lanígera, a aptidão oveira, a aptidão dinâmica.
3 Os Atributos Exteriores
Os atributos, que dizem respeito ao exterior do animal, são os mais 
importantes na caracterização das raças. É que eles são mais prontamente 
distinguíveis mais fáceis de serem classificados, e em geral também os de maior 
força hereditária. Todavia, somente em casos especiais é que apresentam valor 
econômico intrínseco, ou, ainda, importância indireta.
Seu valor é intrínseco no caso dos animais de utilidade ornamental, nas 
raças de luxo (função afetiva do animal), nos quais o que se procura é 
determinado exterior ou determinados atributos exteriores, tais como pelagem, 
plumagem.
Seu valor é indireto quando se procura, por meio deles, descobrir ou 
determinar o valor econômico do animal, atribuindo-se uma correlação entre 
exterior e produção.
Não se pode discutir que as raças se distinguem pelos caracteres exteriores, 
visíveis, palpáveis, e que são mais vezes menos influenciáveis pelo ambiente, 
apresentando maior constância e fixidez. É pela pelagem ou coloração dos animais, 
pelos atributos como conformação de certas regiões, como a cabeça, é pelos 
chifres, orelhas, crista, porte, que se identificam ou que se descrevem as raças. 
Chega-se mesmo a pretender classificar mestiços por certos caracteres exteriores, 
que eles apresentam. É que certos atributos morfológicos dos animais domésticos 
são, muitas vezes, verdadeiras marcas de fábrica.
A importância dos caracteres exteriores precisa, porém, ser limitada em face 
do valor que devemos dar aos caracteres de natureza econômica. Na apreciação 
destes, indiretamente, através de certos atributos exteriores, também devemos ser 
cautelosos. A observação empírica de uma correlação entre exterior e produção 
98
não tem sido confirmada pela observação experimental. Por isso a escolha dos 
animais, apenas pelo que estão mostrando, exteriormente, não pode oferecer muita 
segurança na indicação de certas faculdades econômicas, nem também como 
garantia precisa, para se prever como serão seus descendentes.
No exame do exterior de um animal é preciso, portanto não confiar demais, 
e em cada caso considerar a importância a ser conferida aos caracteres examinados.
4 Conformação, porte, peso, proporções
A conformação é um característico étnico de grande importância, na 
divisão dos animais em raças. As diversas regiões, em que se divide o animal, 
apresentam diferenças de conformação. Assim a cabeça, por exemplo, pode ser de 
perfil reto, ou convexo, ou côncavo. A marrafa do boi pode ser alta ou baixa. O 
pescoço - piramidal rodado ou de cisne; a garupa - simples ou dupla horizontal ou 
inclinada, ou obliqua; os membros e suas partes - curtos ou longos.
A proporção entre as linhas de comprimento, altura e largura dão 
margem a diferentes formatos do animal: longilíneo, mediolíneo, brecilíneo.
O porte, que indica o desenvolvimento do animal, varia etnicamente, 
servindo até para separar grupos raciais, em determinados casos; assim é que 
temos, por exemplo, o porco Yorkshire “grande”, “médio” e “pequeno”, 
constituindo três variedades estabelecidas fundamentalmente por essadiferença de 
tamanho. Trata-se de um atributo por demais sensível aos fatores do meio.
O peso, que de algum modo varia com o porte, permite distinguirem-se os 
animais em eu métricos - de peso médio; hipométricos, de peso abaixo da média da 
espécie, e hipermétricos, acima.
Mais importante do que isto é o peso ao nascer, e ainda o peso a desmama - 
dois atributos de fundo hereditário, que variam de certo modo conforme o 
indivíduo e a idade.
O peso ao nascer das primíparas, por exemplo, é menor do que de vacas 
adultas1. O mesmo acontece com o peso da vaca, em relação ao de seu bezerro. 
Quanto mais pesada, maior será a tendência da vaca produzir bezerros mais 
pesados (Mahadevan, 1958).
Segundo BELLE (1939), o peso dos bezerros corresponde a 1/14 do peso vivo da 
vaca.
Essa é uma influência materna, que colabora com a carga genética. Há, 
todavia uma influência paterna, esta sim, fundamentalmente genética, embora 
"nenhum gen. definido tenha sido identificado" (Mahadevan, 1958).
Há também certa influência da raça, assim com as observações de vários 
pesquisadores brasileiros2 é admissível concluir-se que, entre os zebuínos, a média 
mais alta do peso ao nascer é do Indubrasil: 30,0 kg (machos) e 28,9 kg (fêmeas). 
Enquanto isto o Gir é o que apresenta média mais baixa: 22-24 kg (machos) e 21-22 
kg (fêmeas).
Mas de modo geral o Indubrasil, o Nelore e o Guzerá apresentaram 
médias mais ou menos equivalentes.
O Caracu, raça nativa melhorada, tem bezerros machos com 27 kg ao 
nascerem, e fêmeas com 26,4 kg (JORDÃO e VEIGA, 1939). 
Segundo EKLES, ANTONY e PALMER (1934) o bezerro Jersey é 6,3 % do 
peso da vaca; o Holandês – 7,8%; o Guernsey - 7,1%, o Schwyz 8,9 % . Como se vê, 
diferenças algo sensíveis. 
1 Ver de A. “O Gado dos Tópicos”, pág. 73.
2 Veiga, Chieffi & Abreu (1948). Villares, J. B. (1948). Veiga, Chieffi & Paiva (1948).
99
Da observação desse atributo chega-se a três conclusões (DOMINGUES, 
1961):
a) sua variabilidade, seja nas raças tropicais, seja naquelas dos climas 
temperados;
b) seu fundo genético indiscutível: influência paterna e materna, e da 
constituição genética do próprio feto, e do seu sexo;
c) sua variabilidade depende também sensivelmente dos fatores ambientes, 
além da influência da própria fêmea gestante: seu desenvolvimento e peso, e suas 
condições fisiológicas. Quanto ao peso a desmama devemos considerá-lo de certo 
modo mais importante do que o peso ao nascer. É o mais importante tendo-se em 
vista ser, esse peso, o mais barato de todos, em se tratando de gado de corte, ou seja, 
para os que vendem garrotes para recria.
O peso a desmama depende de duas coisas: da carga genética do bezerro 
e da capacidade criadeira, da vaca-mãe, que por sua vez é um atributo hereditário, 
visto como o principal, para isto, é a lactação. No gado de corte, na criação do 
qual não se considera a lactação - esta pode reduzir-se a ponto de embaraçar a 
criação dos bezerros.
Pesquisas de KNAPP (1941) e colaboradores mostraram não existir correlação 
entre o peso a desmama e o ganho-de-peso posteriormente. Chegaram mesmo a 
admitir a existência de certa correlação negativa, de sorte que os bezerros menos 
pesados, a desmama, é que seriam os mais capazes de ganhar peso, posteriormente. O 
mesmo observaram KOCH e CLARK (1955).
A conclusão a tirar não deve ser, porém, a preferência por esses bezerros 
menos pesados ao serem desmamados. Os mais pesados são mais vantajosos por dois 
motivos: ganharam peso a baixo custo (somente ou quase com o aleitamento) e tal 
seja esse peso alcançarão mais cedo determinado peso, para consumo, pela 
vantagem inicial apresentada.
5 Coloração e pelagem
A cor dos animais é atributo básico na distinção das raças, com poucas 
exceções, como por exemplo, na espécie eqüina, cujas raças não se diferenciam, 
propriamente, pela pelagem. Nas outras espécies é ela, porém, um caráter por 
vezes típico, e de marcada fixidez. Daí ser possível na maioria das vezes, 
promover-se a determinação étnica do animal, pela sua pelagem.
Ela é também muito importante quando se trata da adaptação de certas 
raças a determinados climas. Em geral, sabemos que as pelagens claras (de pele 
rosada ou não), ou às escuras, são mais próprias das regiões temperadas; e 
quanto mais nos aproximamos do Equador, tanto mais favorecidas se mostram às 
pelagens de coloração amarela, de tonalidade clara ou escura, sempre com pele 
pigmentada, nunca rósea.
BONSMA (1940) chegou, após experiências na África do Su1, com o gado 
Africânder, Hereford, Shorthorn e Polled Angus, à conclusão de que pelos brancos, 
amarelos ou vermelhos sobre pele preta constituem uma combinação ideal para a 
resistência às altas temperaturas e as irradiações infravermelhas e ultravioletas. A 
pelagem preta é mais indicada para as regiões onde estas últimas é que são mais 
intensas.
Nos climas quentes, a pele clara predispõe às irrupções epidérmicas. A 
pelagem totalmente preta, nos bovinos por exemplo, pode não se mostrar muito 
favorável, por facilitar o ectoparasitismo, além de dificultar a reflexão do calor 
corporal, como adiante veremos. O amarelo e o cinza, pelo contrário, parecem ser 
100
colorações ideais para os trópicos. No estudo objetivo da adaptação do gado bovino 
aos climas tropical e subtropical, uma das conclusões de RHOAD (1940) é que “o 
pelo curto, a pele pigmentada e a coloração dos pelos são fatores importantes”. E 
explica: “Com respeito à pelagem, as pesquisas na Fazenda Experimental de Ibéria 
tem mostrado que, com a insolação de 10.000 velas de intensidade, a pelagem 
clara (pele preta) como a dos zebuínos, reflete cerca de 22% do calor solar, enquanto 
as pelagens amarelo-claro, mediana ou escura, do Jersey, refletem cerca de 14%, 9% 
e 5%, respectivamente; o vermelho do Santa Gertrudis reflete cerca de 4% e o 
preto do Aberdeen Angus, cerca de 2%. A importância da pelagem, como fator 
influente na adaptabilidade, é demonstrada na preponderância das colorações 
cinzento-claras e amarelas, nas raças nativas dos climas tropicais”. O que se 
confirmou com as observações de BONSMA (1955), na África do Sul.
A coloração típica do Hereford, com sua cabeça branca, pode dificultar a 
adaptação aos climas de intensa insolação, visto ser comum a presença de câncer 
em torno dos olhos, se estes não forem protegidos por um anel vermelho. É o que 
a observação e a experiência têm ensinado, como se conclui ainda dos trabalhos de 
BONSMA.
Os práticos pretendem que as pelagens claras, ou mesmo a despigmentação 
parcial do pelo, sejam uma causa indicativa de diminuição do vigor, da 
vitalidade, do valor do indivíduo como reprodutor. É possível dizer que a 
despigmentação é um característico que pode desvalorizar o animal para 
reprodução. Falta, contudo a palavra da experimentação, ou uma observação 
rigorosa nesse sentido. O que se sabe é haver certa tendência para escolher 
reprodutores dentre os mais escuros, mais pigmentados, livres de qualquer suposta 
aproximação com o albinismo.
A pelagem também é atributo de grande importância quando se trata, por 
exemplo, de espécies cujo valor econômico reside nela quase exclusivamente. 
Assim temos o Carneiro, cuja lã escura ou preta não apresenta o mesmo valor 
da lã branca, devido à facilidade com que esta recebe os corantes; o Coelho, cuja 
pele é tanto mais preciosa quanto mais se aproxima do tipo comercialmente mais 
procurado; os animais de luxo, Cães eGatos, cuja qualidade e coloração da 
pelagem têm o seu quê de precioso, pelo que se faz necessário fixá-las de acordo 
com a exigência do mercado consumidor. O mesmo acontece com as Galinhas de 
utilidade ornamental, cuja plumagem constitui um dos caracteres que mais as 
valorizam.
Pelo contrário, em se tratando de animais, cujo valor se baseia em outras 
funções produtivas - nos animais de produção econômica, propriamente - então 
quase que desaparece a importância da pelagem, na sua exploração deles. Esta se 
restringe a orientar o criador sobre a origem racial do indivíduo, sobre a pureza 
de sangue: mas sem se lhe dar demasiado merecimento.
6 A pele, os pelos e a mucosa
A pele, que já estudamos como elemento da pelagem, deve ainda ser 
considerada quanto a sua espessura, sua extensão e sua riqueza em glândulas.
A espessura da pele é característico que, até certo ponto, pode ser 
considerado como étnico. Em geral as raças melhoradas têm pele fina, enquanto 
que as rústicas têm-na mais grossa. Há, contudo raças que conservam a pele grossa 
apesar de melhoradas em suas funções produtivas: a Charolesa, por exemplo. A 
pele grossa é, pois atributo que raças aperfeiçoadas conservam, por herança, de 
seu tipo étnico originário rústico.
101
Essa apreciação da espessura da pele convém lembrar, e puramente 
empírica. Uma tentativa conhecida de medir rigorosamente a espessura de couros 
verdes, de bovinos, e zebuínos, e seus mestiços, por meio de um calibrador especial, 
não deu indicações que servissem para uma conclusão definitiva, segundo seus 
autores3.
Antigamente, pensava-se que a finura e suntuosidade da pele eram 
características de raças inclinadas à produção leiteira, e de leite gordo; mas isso 
não foi ainda confirmado experimentalmente. A frouxidão da pele quer dizer 
abundância de tecido conjuntivo, e, portanto de aptidão para engorda.
Verifica-se variação no peso dos couros, entre as espécies domésticas de 
Bovinae. Assim o Búfalo parece ter o couro mais pesado (mais grosso também) do 
que o dos bovinos. Observação feita no matadouro de Belém dá para o couro de 
Búfalo de Marajó o peso de 49 kg (média de 433 indivíduos), enquanto que para os 
mestiços de Zebu, sob as mesmas condições, esse peso variou de 30 a 40 kg. Outros 
dados tomados de abate, no mesmo matadouro, dão à média de 56,3 kg - o que nos 
permite generalizar, dizendo que o couro de búfalos pesa em torno de 50 a 60 kg.
Os zebuínos se caracterizam por apresentarem uma pele cuja área é bem 
maior do que a superfície corporal, parecendo ter sido talhada para um animal 
maior. Ela se mostra solta, formando dobras no pescoço, e estendo-se em forma 
de barbela e de "umbigo". WORSTELL e BRODY (1953) verificaram que a área da 
superfície corporal do Zebu é 12% maior do que a do Jersey do mesmo peso. 
Sua barbela se mostra, então, muito desenvolvida, assim como o umbigo e a 
bainha dos machos. Isto parece favorecer a adaptação do animal ao clima quente 
e úmido dos trópicos, pois lhes permite dissipar mais calor, transpirar e respirar pela 
pele, de modo mais eficiente, para agüentar as altas temperaturas e as grandes 
soalheiras.
Outra diferenciação, que se depara no couro, é quanto ao número de 
glândulas sudoríparas. KELLEY (1932) e YAMANE e ONO (1936) e outros 
fizeram verificações todas concludentes em admitir que, nos zebuínos, é maior 
o número de glândulas dessa natureza, além de serem maiores e mais ativas. Dos 
trabalhos de DOWLING (1955) e de NAY e HAYMAN (1956) conclui-se não 
somente que o Zebu tem maior número (cerca de 1 ½ vez mais) do que o gado 
europeu, bem como se trata de glândulas maiores 2 ½ vezes, e em forma de saco. 
Outra observação é que, na barbela, as glândulas são menos numerosas e 
ligeiramente menores do que no corpo.
A coloração da mucosa, nas aberturas naturais ou mucosas visíveis, pode ser 
um caráter étnico. Temos, por exemplo, a mucosa clara do Si mental, a amarela 
do Caracu. A rósea do Devon, a pigmentada ou escura do Holandês. A qualidade e 
dimensão do pelo são atributos ligados a certas raças de modo caracterizaste, 
donde haver raças que se distinguem pela variação particular do modo de ser de 
seus pelos. Assim, citam-se o Cão dos Esquimós e o das populações da 
cordilheira andina, de pelo longo, duro e áspero; o Coelho e o Gato Angorá de pelo 
longo e sedoso; a Cabra Angorá de pelo longo e crespo; o Carneiro Karakul de lã 
crespa quando nova, e lisa, quando adulto; o Carneiro Merino de lã fina e 
tamanha médio, e ondulada; o Carneiro Lincoln de lã comprida; certas raças de 
cavalo, como a Belga, a Clydesdale, com pelos nas extremidades dos membros, 
típicos.
3BLACK, SEMPLE & LUSH (1939) – Beef production and quality as influenced by crossing Brahman 
with Hereford and shorthorn Catle. Washigton. U. S. Dep. Of. Agriculture.
102
7 Os chifres
Os chifres constituem também atributo racial importante, seja pela sua 
ausência, seja pela variada conformação que apresentam certas raças de bovinos e 
zebuínos. Como extremos, citemos as nossas duas raças nativas, a Mocha (sem 
chifres) e a Junqueira (de chifres desenvolvidos ao máximo). O modo de inserção 
dos chifres permite classificar as raças bovinas em retilíneas, convexilíneas e 
concavilíneas, como propôs BARON (1888). Nos zebuínos, é flagrante a diferenciação 
étnica por meio desses apêndices córneos, que se mostram bem diversos quanto à 
implantação, direção e forma, nas raças Gir, Nelore, Guzerá e Indubrasil.
Ainda, a seção do chifre varia hereditariamente: há chifres de seção oval e 
de seção circular. Enfim, há chifres finos e curtos, finos e médios, grossos e curtos, e 
grossos e longos. Há chifres brancos com pontas escuras (Holandês), chifres claros 
com pontas afogueadas (Caracu), chifres escuros (raças indianas).
8 Plumagem das Aves
Nas aves, a coloração da plumagem não podia deixar de constituir 
elemento de distinção étnica. Mesmo dentro da raça, ela ainda pode ser um 
elemento, para isso, como é o caso das variedades ou sub-raças de Galinha: a raça 
Legorne, por exemplo, está fragmentada em variedades tais como a Branca, a 
Perdiz, a Preta e outras: a Orpington tem a variedade Branca, a Preta, a Amarela; a 
Plymouth Rock pode ser Barrada, Branca. Como se vê sempre o critério da plumagem 
como fundamental.
Mas a plumagem pode variar ainda conforme o sexo, seja geneticamente, seja 
por influência harmônica. Os hormônios sexuais, que estabelecem o dimorfismo do 
sexo, influem na formação da plumagem, que pode ser então masculina ou feminina, 
conforme a carga harmônica do indivíduo, e não propriamente quanto ao sexo.
A coloração diferente dos indivíduos, conforme o sexo depende da atividade 
de gens sex-linked (ligados ao sexo). Daí a diferença entre galo e galinha, na 
plumagem, que se nota em certas raças como a Wyandotte prateada, na Brown 
Legorne, na Dorking prateada e nas variedades de Game.
9 As orelhas
Nas espécies domésticas esse é um atributo de grande variabilidade, desde 
sua ausência até as variedades de dimensão e forma.
Indivíduos sem orelhas ocorrem entres os caprinos, daí a chamada cabra 
“Nambi”, cujas orelhas são ausentes ou reduzidas a rudimento.
Nos coelhos verifica-se grande variação desse atributo, que normalmente 
mede 12-14 cm. Mas no caso da raça Bélier, as orelhas são demasiadamente 
grandes e largas, tendo-se medida até 69 cm de envergadura (da ponta de uma 
orelha à ponta da outra, passando pela nuca) e 18 cm de largura. Trata-se do Bélier 
inglês, raça de finalidademeramente esportiva.
O que se passa com as raças zebuínas, criadas no Brasil, também constitui 
um exemplo da importância das orelhas como atributo étnico. O Gir, por exemplo, 
tem orelha grande, encartuchada, pendente, que começa em forma de canudo, 
abrindo-se depois em boca de sino, para terminar em ponta temos três tipos 
étnicos: 1- Porco céltico, de orelhas grandes e pendentes; 2- Porco Ibérico, de 
orelhas médias, com a ponta dobrada ou caída para frente; 3- Porco asiático, de 
orelhas pequenas ou em pé ou quase.
103
10 A crista dos Galinos
Na Galinha, a forma da crista é um caráter étnico, que serve para distinguir 
certas raças e ainda as variedades. Conhecem-se, além de outras, cinco formas clássicas 
de cristas que são:
1 - Crista simples ou de serra, ereta no galo e dobrada na galinha, e que é típica 
das raças chamadas do Mediterrâneo: Legorne, Minorca, lã Bresse e outras; sua forma 
reduzida é encontrada nas raças de dupla utilidade de origem americana e inglesa: 
Plymauth Rock, Rhode Island, New Hampshire, Langshan, Orpington e outras.
2 - Crista de ervilha, reduzida a três ordens de glomérulos dispostos 
longitudinalmente ao eixo da cabeça, como nas raças Brahma, Indian Game, Bukeye, 
Aseef e outras.
3 - Crista de rosa, com uma base larga e uma cauda alongada e afilada para trás, 
e que encontramos nas raças Hamburguesa e Wyandotte.
4 - Crista de noz, cuja forma lembra a de uma amêndoa descascada, e que se 
depara na raça Malaia, afim dos dois tipos étnicos, (ervilha e rosa), cujas cristas têm os 
fatores genéticos fundamentais desta forma de crista.
5 - Finalmente a crista rudimentar ou ausente, como na raça Breda.
11 Os Atributos Fisiológicos
Os caracteres fisiológicos são de duas ordens: os puramente fisiológicos e os que 
se confundem com as funções produtivas ou faculdades econômicas. O temperamento, a 
constituição orgânica, a precocidade, a velocidade de crescimento, a prolificidade, o odor, a 
imunidade, o insulto, a memória pertencem ao primeiro grupo de caracteres com uma dobra 
para dentro, formando o "gavião". O Guzerá tem a orelha grande e larga, acabanada, com 
a parte ventral voltada para dentro. E o Nelore apresenta orelhas menores, em relação 
às demais, em forma de concha, terminando em ponta de lança.
Nos Suínos deparamos ainda as orelhas como atributo étnico, característico para 
distinção das raças. Assim é que propriamente fisiológicos que, embora não se 
confundam com as funções econômicas, apresentam importância econômica, visto 
servirem ao melhor aproveitamento dos animais domésticos, na sua exploração pelo 
homem. A lactação, a locomoção, a formação de carne e gordura, a produção de lã 
e a de ovos, o faro são também funções fisiológicas, mas que o homem explora como 
vimos e por isso mesmo passaram ao rol das funções produtivas.
Os atributos desta natureza são em geral mais difíceis de serem verificados 
e medidos nos animais, a primeira vista, no que se distinguem dos atributos 
morfológicos ou exteriores, fáceis de ver, apalpar. Principalmente os caracteres 
econômicos, cuja presença e intensidade, no indivíduo, é preciso determinar para sua 
exploração mais eficiente, e que são medidos ou avaliados com o auxilio de métodos 
especiais de cálculo, de pesagens, mensurações, análises, para que se possa acertar 
com certa precisão qual a intensidade de sua manifestação. Quase sempre a 
simples inspeção nunca é suficiente para sua determinação exata, mesmo 
comparativamente: quando muito, por esse meio teremos uma avaliação apenas 
provável.
104
Fig. 29 – A orelha como atributo racial levado a extremos. Bezerro da raça 
Indubrasil. Fazendo Barreirinha. Araxá (Foto Álvaro Cardoso)
Os caracteres morfológicos ou exteriores se manifestam desde cedo, com raras 
exceções, e podem assim ser logo pressentidos e considerados. Os fisiológicos, pelo 
menos os que mais nos interessam sob o ponto de vista zootécnico, são de 
manifestação especial e a tempo certo, e, como vimos, somente a observação 
cuidadosa e baseada em métodos técnicos, pode nos dizer, com rigor, da sua 
existência e intensidade. Acrescente-se a isso que, em geral, mais facilmente 
esses atributos, em sua maioria, são influenciados pelo ambiente: alimentação, trato. 
Fenotípicamente, bem entendido.
Mas resta saber se tais atributos são de natureza étnica. São e é fácil prová-
lo. Tanto os propriamente fisiológicos, como os de natureza econômica são 
caracteres que se transmitem de pais a filhos: nos cruzamentos de raças e linhagens 
diferentes dá-se a transmissão biológica de tais atributos – que algumas vezes até 
caracterizam, assinalam tais raças, ou linhagens - tal como se da com os 
morfológicos mais pronunciadamente, é verdade. Assim um descendente de um 
animal linfático terá temperamento linfático, o filho de um indivíduo de 
constituição orgânica robusta poderá ter tal constituição, o herdeiro de um touro 
de tendência engorda também o terá, uma descendente de boa leiteira poderá ser 
também boa produtora de leite. São, pois entidades étnicas, como disse 
ZWAENEPOEL (1922).Prova-se ainda que, de fato, os atributos fisiológicos são 
atributos étnicos, porque por meio deles caracterizamos ou definimos raças, 
linhagens, famílias de animais domésticos: assim há raças para carne, para leite, 
para ovos, para lã, ou raças de temperamento linfático, de constituição orgânica 
robusta.
105
Figura 30 – Variação em Chifres, num mestiço zebuíno.
Figura 31 - Espécime da raça Húngara, que pode servir para ilustrar um exemplo de 
“Constituição robusta”. ( Importação do M. da Agricultura, 1936).
12 Constituição Orgânica
Constituição orgânica é a modalidade de reação do organismo em face das 
condições do meio. É, a meu ver, o estado ou condição geral do organismo como 
reação deste aos fatores ambientes, que possam influir sobre sua vida e sua 
reprodução. Ou é a sua “característica dinâmica”, para me servir das palavras de 
ZWAENEPOEL (1922). A longevidade – ou duração útil do animal - é uma 
conseqüência da constituição orgânica do animal e de sua adaptação ao meio 
ambiente onde vive; e que varia conforme as raças e dentro das famílias.
Uma hipótese de MALSBURG (1911) pretende explicar a constituição 
orgânica pela forma e dimensões das células, que formam certos tecidos, do animal. 
As células pequenas devem possuir mais vitalidade, por apresentarem maior face de 
exposição exterior, em relação a sua massa, desde que consideremos que é através de 
suas paredes que acontecem as trocas fisiológicas. Medindo o diâmetro de suas fibras 
musculares estriadas, dos músculos do abdome e da perna, de alguns animais de 
constituição orgânica, MALSBURG pode verificar que as fibras mais grossas 
106
correspondem à constituição robusta; as fibras finas e firmes, à constituição seca; as 
fibras finas, de estratificação delicada.
Comumente fala-se de animais de “boa constituição” ou de “má constituição”. 
Há realmente animais de notável resistência orgânica às enfermidades, às mudanças 
do clima, à má ou a nutrição irregular, ao rigor das estações. São os chamados de boa 
constituição, são animais sempre sadios, cujas atividades fisiológicas não se 
perturbam. A boa constituição serve de base à rusticidade.
Outros há que mal resistem àquelas causas prejudiciais a saúde. Pelo 
contrário, os menores males os atingem sempre de modo mais severo e devastador. 
Nas épocas de penúria ou de clima mais rude, tem de ser objeto de mais cuidado 
do que outros. São os chamados de, má constituição,são indivíduos doentes uma 
vez por outra, com perturbações mais ou menos freqüentes na sua fisiologia. Essa 
diferença, tão fácil de verificar entre os animais de um rebanho, não devemos 
esquecer, é de fundo genético; essa reação natural do indivíduo em face do meio: 
temperatura, umidade, ventos, luminosidade, pastagem, trato, agentes etiológicos 
(parasitos, bactérias etc.), tem origem na formação hereditária dele, é inerente a 
cada ser que nasce; não é adquirida.
Na seleção a que se submete um rebanho, tem muita importância a 
consideração desse atributo fisiológico, porque sendo ele hereditário como é, 
transmitir-se-á de pais a filhos, e um reprodutor de má constituição só poderá 
procriar descendentes em maior ou menor número, com esse atributo indesejável. 
É difícil, contudo determinar-se, por simples inspeção, a constituição orgânica de 
um animal. Faz-se senhor o conhecimento da raça e a apreciação perfeita e 
prolongada do indivíduo considerado, e do regime no qual se criou, pois este pode 
falsear a nossa observação. A um animal de raça especializada, basta à permanência 
prolongada no campo para ficar "peludo", e isso poderá dificultar, senão 
impedir, nosso julgamento. O regime de criação, em geral, exterioriza as aptidões 
hereditárias do indivíduo, e entre estas a constituição orgânica.
Finalmente, devemos lembrar que “a constituição é a base de todo rendimento 
econômico” (KRONACHER 1937), daí sua importância na prática da criação, daí a 
necessidade de se apreciar a constituição dos animais, o que, sem saber ou dize-lo, todo 
criador adiantado faz, ao escolher para reprodução os animais mais sadios, mais 
resistentes às vicissitudes do meio, mais fáceis de criar e reproduzir. Considerada do 
ponto de vista zootécnico, a constituição orgânica pode ser: robusta ou rústica, seca ou 
fina, e delicada ou débil.
A constituição robusta ou rústica é aquela própria dos animais criados 
extensivamente, sem especialização funcional e sujeitos a uma seleção quase natural. 
Caracterizam-se por possuírem pele grossa, de pelos compridos, duros e mais 
abundantes (climas frios) ou pelos curtos, sentados, não tão abundantes (climas 
quentes); os ossos são grossos, o corpo volumoso (se em boas condições de criação), 
mas deficiente nas suas partes úteis. Segundo a teoria de MALSBURG (1811), seus 
órgãos devem ser constituídos por células maiores, e, pois de atividade fisiológica 
reduzida, dai sua baixa produção.
A constituição seca ou fina é observada nos animais aperfeiçoados 
zootecnicamente, de funções especializadas, mas sem exagero, suas características 
são a pele fina, solta, de pelos finos, curtos, macios, ossos reduzidos, mas espessos, e 
com as partes musculares úteis mais abundantes. E consoante MALSBURG, o 
número de células, que constituem esses indivíduos, deve ser o mesmo que no caso 
de constituição robusta, mas tais elementos anatômicos serão pequenos, de função 
fisiológica mais ativa, pelo que serão animais mais produtivos que aqueles.
107
A constituição débil ou delicada se encontra nos animais demasiadamente 
especializados, e nos quais foi ultrapassado o limite de resistência do organismo, o 
que favorece os desequilíbrios funcionais. Suas características agravam-se no 
sentido da finura da pele, da quase ausência de pelos, da excessiva fineza do 
esqueleto recoberto por uma musculatura deficiente, ou, em outros casos, 
desenvolvida e degenerada pela formação excessiva de gordura, e finalmente de 
nervosidade às vezes exagerada. O órgão especializado, esse, pode entrar em um 
estado de desequilíbrio funcional, aproximando-se de um estado já patológico.
13 A Imunidade
A imunidade é certa resistência natural do indivíduo a contrair 
determinadas moléstias infecciosas. Ela pode ser, porém, natural ou adquirida.
A imunidade adquirida aparece no animal após a manifestação, nele, de 
uma moléstia infecciosa. É o caso da imunidade à "Tristeza", nos bovinos. Os 
animais, que vivem em campo onde existem carrapatos transmissores de 
piroplasmose e babesiose, sendo contaminados desde cedo, e paulatinamente, 
tornam-se imunes a estas moléstias. Trata-se de uma imunidade adquirida.
A vacinação confere, também, aos animais, essa forma de imunidade. Não 
é ela, todavia, que nos interessa aqui.
A imunidade natural é que constitui um caráter hereditário, e, portanto, 
dentro dos atributos étnicos que estamos estudando.
A imunidade natural, como lembram KOBOZIEFF e NKOBOZIEFF 
(1943), é absoluta quando o organismo permanece refratário a qualquer que seja o 
grau de virulência do germe. E relativa quando somente uma virulência 
excepcional torna o animal sensível.
A imunidade natural é mais vezes um caráter especifico, visto como os germes 
patogênicas apresentam preferência por determinada espécie e não outras. Assim a 
Peste bovina não ataca senão aos bovinos e não aos zebuínos; o Mormo, aos 
eqüinos; a Pullorose, as galinhas.
Há, porém, dentro da espécie, certa imunidade que pode constituir-se 
atributo de determinada raça ou raças. WEBSTER (1924 - 1925) demonstrou a 
possibilidade de criar uma raça resistente e outra suscetível ao tifo aviário, 
segundo os autores acima citados, por seleção de linhagens, nas quais a 
mortalidade apresentava-se em 15% dos indivíduos e 85% respectivamente. Aos 
mesmos resultados chegaram PRITSCHETT (1925) TOPLAY (1926). 
COLE (1920) verificou a possibilidade de distinguir, numa população de 
Coelhos, indivíduos resistentes à brucelose (Brucella abortus) e outros suscetíveis, 
sendo que a sensibilidade se apresenta como caráter recessivo, e a resistência, 
como dominante.
Segundo FRATER (1943) há, nas aves, uma diferença hereditária na sua 
resistência a difteria aviário.
KRALLINGER e CHODZIERNER (1931) demonstraram que a Legorne se 
mostra muito resistente a Coccidiose aviária, enquanto que a Faverolles é muito 
sensível. Os indivíduos mestiços, da primeira geração, manifestam resistência a 
moléstia, comprovando ser hereditária essa resistência.
Na Legorne branca há linhagens mais resistentes a diarréia bacilar 
(Salmonella puIlorum) do que outras, segundo LAMBERT (1932), o que 
demonstra a seguinte seleção através de cinco gerações comparativamente a um 
grupo testemunha:
108
TAXA DE MORTALIDADE
Gerações Grupo selecionado (%) Testemunha (%)
F1 (1927)
F2 (1928)
F3 (1929)
F4 (1930)
F5 (1931)
38,8
29,2
15,4
15,1
9,4
89,6
93,2
86,2
86,4
85,0
O Carneiro algeriano é refratário ou pelo menos muito resistente ao 
carbúnculo de origem européia, e, na cruza, os mestiços herdam essa imunidade. 
Demais, a permanência do carneiro europeu, na Algéria, não confere a este tal 
resistência, segundo LETARD (1925).
14 O Temperamento
Chama-se temperamento ao estado geral do organismo, com relação ao seu 
sistema nervoso, a sua inervação, o qual se denuncia pelo modo de reação do 
animal as impressões exteriores. Para ZWAENEPOEL (1920) há sinonímia entre 
caráter e temperamento: bom temperamento significa caráter doce, brando, e mau 
temperamento quer dizer caráter mau. Aliás, é o que se observa na linguagem 
corrente.
O temperamento pode se manifestar de modos diferentes: vivo nervoso e 
linfático.
O temperamento vivo é próprio do animal esperto, de movimentos rápidos, 
reagindo sensivelmente às impressões exteriores. Os animais de temperamento 
vivo têm sempre atitude de espreita, é algo desconfiado. Interessados sempre pelo 
que se passa emforno deles, seu andar é mais rápido, são ligeiros, de orelhas atentas, 
olhos vivos, expressão de vigor e coragem. O cavalo "reparador", como diz o nosso 
sertanejo, é um bom exemplo, que se pode tornar clássico, do animal com esse 
temperamento.
O temperamento nervoso já é o temperamento vivo exagerado. A 
nervosidade no Cavalo torna-o indomável, ou quase. Nos processos defeituosos de 
amansamento, os cavalos de tal temperamento exagerado adquirem, quase sempre, 
vícios morais, como o morder, o escoicear, o bolear.
O temperamento linfático, calmo, não excitável, já é próprio dos animais 
dóceis, mansos, mesmo indolentes. Tais animais são morosos no trabalho, que só 
executam com mais ou menos atividade quando solicitados. Dificilmente empregam 
toda sua energia num esforço qualquer. Conservam, em geral, a cabeça baixa, 
orelhas indiferentes, olhar morto, inexpressivo, expressão de cansaço, por vezes, e 
calma completa quando em repouso.
Enquanto esta forma de temperamento pertence aos animais de raça 
melhorada para carne, ou gordura, para leite etc., o temperamento vivo é dos 
animais não especializados das raças naturais. Nos cavalos, o temperamento vivo é 
atributo das raças velozes, enquanto o linfático já a é dos animais de tiro, 
volumosos, pesados, de andar e movimentos lentos.
O temperamento é hereditário, caracterizando as famílias dentro de uma 
raça. Por isso na mesma raça é possível encontrar animais com temperamentos 
diferentes. Entre os cavalos de tiro há animais vivos impróprios para essa exploração 
econômica. Da mesma sorte entre os de corrida descobrem-se indivíduos 
109
linfáticos que, para serem mais velozes, necessitam do estímulo do chicote. Há 
vacas leiteiras de temperamento nervoso (vacas coiceiras, indomáveis, excitadas), o 
que as desqualifica até certo ponto para a produção de leite.
O temperamento é um atributo muito influenciado pelos fatores 
exteriores: os efeitos dessa influência, todavia, só se manifestam enquanto tais 
fatores atuam: sua ação é direta. - E tais fatos são a alimentação e o regime de 
criação, o trato á que se submete o animal.
Uma alimentação aquosa - raízes, o verde, alimentos hidrocarbonados não 
concentrados - pode tornar o animal "linfático". Ao contrário, uma alimentação 
concentrada, excitante, produz animais "vivos" ou mesmo "nervosos", se houver 
propensão para isso.
A influencia do regime e do trato é mais transitória. Um animal (touro, 
garanhão) entabulado torna-se em geral de temperamento mais nervoso. Um 
cavalo criado no campo, quando posto nas ruas de uma cidade, por certo que se 
excita, tornando-se nervoso, embora temporariamente.
O amansamento imperfeito, mal conduzido, forma cavalos coiceiras, mal-
criados, defeitos esses que podem ser corrigidos, neste caso, pois não se trata 
propriamente de uma inclinação hereditária: isto é, da própria índole do animal.
Não devemos ainda esquecer que o temperamento, herdado pelo animal, 
pode ser modificado pelo manejo ou_ cirurgicamente pela castração.
Com a castração é que temos o cavalo quartau, o boi de trabalho, o 
novilho de engorda, o boi chamurro4, o porco capado, o carneiro capão, o galo-
capão.
15 O Odor e o faro
O odor, que se exala da pele de alguns animais, é também um atributo 
hereditário, caracterizando certas espécies e certos animais, LÉTARD (1925), cita 
os cães havaneses e malteses desprovidos de odor, enquanto os cães de pele nua 
exalam odor característico. A alimentação nenhuma influencia tem neste caso. É nas 
deposições orgânicas da raça, diz BERILLON (1915) que se acham as causas 
fundamentais das exalações odorantes.
Pode-se considerar a bromidrose fétida como atributo étnico fiel em certas 
raças humanas. Durante a guerra, na qual diversas raças se acotovelavam, foi 
possível identificar, pelo odor apenas, certos ocupantes de um acampamento ou 
trincheira, tempos depois de sua partida, conta-nos LÉTARD (1914).
O cheiro característico dos caprinos, mormente do macho, é clássico, assim 
como o do Pato. Todavia, entre os caprinos, a raça Nublaria é aquela onde os 
machos se mostram mais ou menos livres de forte odor hircino.
Chama-se faro ao olfato dos animais, particularmente do Cão, no qual este 
sentido é acentuadamente apurado, o que permitiu seu emprego na caça. Ao lado 
da coragem e inteligência, foi o que o homem explorou desde cedo nessa espécie, 
que ele domesticou em parte por isso mesmo.
Dentro da espécie, o faro varia muito, mas, comparando-se com as outras 
espécies animais, o Cão é aquela de faro mais fino. As raças de mais 
pronunciado faro são: os Bravos, especialmente o Pointer, o Setter, os Cães 
pastores e outros. Entre as formas brasileiras de cães é possível citar o Perdigueiro, 
notável pelo faro. Pela sua coragem e inteligência, aliadas ao faro agudíssimo, são 
4 Diz se de bovino castrado tarde, já adulto, em geral um touro que por isto ou por aquilo deve 
passar a categoria de boi de trabalho ou para engorda.
110
elas todas empregadas na caça. É possível citar ainda os Basses, como de bom 
faro, indicado para caça especial, do Coelho, por exemplo.
Ao contrário, os Dogues são de faro tão pouco sensível, que o Bull-Dog chega a 
não reconhecer seu próprio dono, agredindo-o, o que faz também levado pela sua 
extrema ferocidade. Incluem-se ainda os Lebréus como cães de pouco faro. E, 
como se sabe, o pouco faro desses, animais é compensado pela vista agudíssima, 
que lhes permite servir a caçada da Lebre, nas planícies.
16 Os Caracteres Morais ou Psíquicos
Os caracteres, que dizem respeito ao sistema nervoso propriamente, são 
atributos fisiológicos chamados morais ou psíquicos. Os que nos interessam são o 
instinto e as qualidades morais, que permitem o adestramento dos animais.
Os atos chamados instintivos não dependem da reflexão.
Pode-se dizer que, de um modo geral, seu fim é a conservação do 
indivíduo, e indiretamente da espécie. Por instinto, os animais executam certos atos 
inconscientes, independentes da vontade, levados pela excitação exterior, por uma 
vontade interior cega.
Podemos citar como atos chamados instintivos, os seguintes: o pinto que pica 
a casca do ovo para se libertar dela e nascer; os mamíferos recém-nascidos que se 
põem a sugar o peito materno, enfim todos os atos que os animais executam na 
vida, tendo como fim, na maioria das vezes, a defesa do indivíduo, e como 
característico a inconsciência do próprio ato.
Nem sempre os atos instintivos são úteis aos animais, podendo ser-lhes 
indiferentes, ou nocivos muitas vezes; isto quando o animal se encontra em 
ambiente que não o seu, e neste caso ou ele modifica os instintos nocivos ou a 
espécie perecerá com ele.
A manifestação dos instintos também varia como os atributas 
morfológicos. E, como no caso destes, persistem as variações úteis, favoráveis à 
espécie, ou pelo menos não prejudiciais a ela.
Os atos instintivos se transmitem de pais a filhos. São atributos 
hereditários e não adquiridos. Seu aperfeiçoamento nos animais superiores deu 
origem aos atos dirigidos pela inteligência. Ora, se os instintos também sofrem 
variações, e se são hereditários, segue-se que no processo de domesticação houve 
variação do instinto dos animais, sendo então conservadas as variações úteis ao fim 
zootécnico da criação, ou do próprio animal posto a viver e a reproduzir-se em 
ambiente diferente do de sua origem.
Como variaçãodo instinto pode ser citado o enfraquecimento do apego 
materno: as mães se tornam menos zelosas e vigilantes de seus filhos, chegando 
mesmo a abandoná-Ios ou a sacrificá-los por uma aberração do instinto. Os filhos, 
por sua vez, se mostram menos aptos, ou quase inaptos para a luta pela vida, 
necessitando o concurso do homem, mormente em se tratando de animais 
especializados, pois os instintos de defesa do animal diminuíram, ou quase 
desapareceram em domesticidade e na especialização de suas funções econômicas.
Muito comum e conhecido é o fato das vacas, de raça especializada, facilmente 
se deixarem ordenhar a mão ou a máquina. Por sua vez, os bezerros destas vacas 
também adotam facilmente o aleitamento artificial, enquanto que os das raças 
rústicas não especializadas se mostram refratárias a qualquer aleitamente que não 
seja o natural.
111
17 Memória e Instinto de Imitação
O instinto, nos animais superiores, aperfeiçoados pela experiência adquirida 
e pela memória, se manifesta em inteligência. De fato, "os animais superiores podem 
amoldar suas reações aos múltiplos excitantes do ambiente", o que afinal não é 
senão aperfeiçoamento dos atos instintivos, graças a experiência e a memória.
A experiência adquirida pela repetição de certos atos, sempre os mesmos 
na qualidade e na intensidade. Quanto à memória, não podemos negar sua existência 
nos animais, porque psicologicamente ela não é mais do que um efeito 
aperfeiçoado de impressões repetidas, de excitações exteriores, sobre as células nervosas.
Dentre os instintos, devemos fazer referência especial ao chamado instinto 
de imitação, que é indispensável na explicação do adestramento. O instinto de 
imitação é o ato pelo qual o individuo procura repetir o que vê seu semelhante 
fazer. Basta colocar um animal não ensinado ainda, para determinado serviço, junto 
a outro já adestrado, para que aos poucos, levado pelo instinto, ele comece a 
executar, embora imperfeitamente, o que percebe o outro fazer. Devido a tal 
instinto é que o animal novo passa, natural e paulatinamente, na criação a solta, 
do regime lácteo (amamentação) para o verde, vendo e imitando a própria mãe.
É um atributo hereditário: animais de pronunciado instinto de imitação 
procriam filhos com a mesma faculdade para a imitação.
Ora, o adestramento é a operação pela qual o criador torna mais úteis e 
eficientes os seus animais, pela aquisição de hábitos novos, com eliminação ou 
modificação do seu instinto natural. Aqui os hábitos são adquiridos por 
modificação ou educação do instinto, e não se transmitem a descendência.
O que faz o adestramento é a imitação e a memória.
A imitação já vimos como age e como serve ao adestramento. Temos que 
acrescentar que tal instinto, sob a ação do castigo e da brandura oportuna, se 
modifica para melhor: aquela imitação imperfeita aos poucos se aperfeiçoa se educa, 
e o animal de inábil passa a destro, tanto mais depressa quanto maior sua 
tendência à imitação.
A ação da memória já é a seguinte: os atos repetidos vão sendo por ela 
fixados, na mesma sucessão com que são executados. Toda vez que o animal errar, em 
sendo castigado, é natural que depois de certo tempo associe, de memória, a 
lembrança de castigo a de movimento errado. Pelo contrário, sendo bem tratado 
(afagos, alimento de sua preferência, etc.) quando acertar, sua memória fixará, do 
mesmo modo, uma lembrança agradável de outros movimentos. Assim passará a 
temer de executar aqueles movimentos indesejáveis, com receio de ser castigado; e 
executará outros, na certeza de não ser castigado ou mesmo de ser recompensado com 
brandura e alimentos cobiçados.
18 A Orientação
É fato conhecido que os animais domésticos, em geral, têm a faculdade de 
retornar ao lugar onde foram criados, quando dai afastados involuntariamente. O 
cão auxilia-se, para isso, principalmente do faro. Os bovinos, os cavalos, o jumento, o 
burro, e mesmo o carneiro e a cabra tem facilidade maior ou menor de regressar ao 
local de sua criação, perfazendo longas caminhadas, atravessando mesmo 
obstáculos naturais. Trata-se de um comportamento dos animais criadas 
extensivamente, das raças micológicas, animais que são mais o produto de seu 
ambiente, do que da ação do homem. As abelhas comparadamente, devem ser 
incluídas neste grupo.
112
Essa faculdade culmina, todavia, no Pombo-correio, que voa de longínquas 
distâncias, em retorno ao seu pombal. A princípio pensou-se que se tratava de uma 
alta sensibilidade do animal, que assim seria capaz de sentir as diferenças 
mínimas de temperatura, de pressão atmosférica, de umidade do ar, as quais 
constituiriam elementos para sua orientação; ou de uma sensibilidade mais fina 
ainda, capaz de perceber as correntes elétricas, ou melhor, magnéticas, ou mesmo 
de um "sentido magnético": e finalmente a hipótese de um instinto até certo 
ponto de características inexplicáveis.
Hoje a suposição imparcial, sem preconceitos, é que esses animais se 
servem da visão e da memória para se orientarem nos seus longos vôos de retorno. E 
a explicação é a seguinte, segundo RABAUD (1926): logo que livres, os pombos 
alçam-se na atmosfera, fazendo círculos concêntricos e cada vez de raios maiores, 
até conseguirem divisar, no horizonte longínquo, qualquer referência que lhes 
lembre sua terra, quando rumam então para lá, em linha reta. Não há supôem-se 
como quer DUMAS a necessidade de buscar mais um sentido para interpretar essa 
admirável faculdade do Pombo, e semelhantemente das abelhas. Esses animais se 
servem de pontos de referência, simplesmente.
Um autor moderno, estudando o assunto, chega a alinhar algumas razões 
pelas quais se pode admitir que, na orientação do Pombo, o fator primordial é a 
"memória topográfica", e não um sentido de orientação. Essas razões, que 
foram tomadas de BERLIOZ (1950), são as seguintes: Os indivíduos não 
exercitados não têm êxito, em geral, no seu regresso, mas há exceções, embora 
muito raras. Fazendo pombos ficarem cegos, estes são incapazes de acertar com 
o pombal, de volta (RODENBACH, 1895). No mar, eles só regressam quando 
afastados da costa menos de 300 km. Em terra, eles se orientam melhor nos dias 
claros e luminosos, quando é boa a visibilidade (SHNEIDER, 1906). Quando a 
região está coberta de neve, eles facilmente se perdem ou regressam com grande 
atraso, o mesmo acontecendo quando o tempo está encoberto ou há cerração. 
Quando o Pombo conhece a região, parte em linha reta; quando a região não 
lhe é bem conhecida, passa a fazer circunvoluções, ou descrever ziguezagues ou 
mesmo espirais (SHNEIDER, 1906). O número de pombos, que não regressa, é 
relativamente grande, mesmo a uma distância média; e a percentagem dos êxitos 
decresce com a maior distância a percorrer, de regresso. Tal comportamento 
escreveu CLAPARÉDE (1903, 1943), tende a demonstrar que a capacidade de 
orientação do pombo-correio consiste, em parte pelo menos, em procurar a 
região que ele conhece bem. Finalmente para BERLIOZ, embora seja 
primordial a memória topográfica, acha ele que deve haver outro fator (1950).
Não se trata, pois, de instinto ou coisa semelhante. Essa faculdade de 
orientação é coisa mais simples: resulta de certa sensibilidade muito aguda, 
casada a excelente memória.
113
Questionário n° 7
1 - Que mais interessa ao criador industrial: o genótipo ou o fenótipo? E ao melhorista? 
Explique.2 - Distinga as três sortes de atributos animais, sob o ponto de vista 
zootécnico. 3 - Que sabe sobre a relação entre os caracteres exteriores propriamente, e 
as faculdades de produção? 4 - Fale sobre conformação, porte, peso, proporções. 5 - 
Valor da pelagem e coloração em face do clima. 6- Sua importância econômica. 7 - 
Poderá haver exagero no considerar a pelagem um caráter étnico? Explique. 8 - 
Considere a pele e as formações epidérmicas como atributos étnicos. 9 - Idem, mucosa 
e chifres. 10 - Idem, as orelhas. 11 - Idem, a crista. 12 - Cite os atributos propriamente 
fisiológicos e quais as produções zootécnicas? 13 - Quais os caracteres mais fáceis e 
os mais difíceis de determinar? 14 - Que é constituição orgânica? 15 - Explique a 
hipótese de MALSBURG. 16 - Que importância tem a constituição orgânica na 
seleção dos animais? 17 - Que é constituição robusta ou rústica? 18-Que é 
constituição seca e constituição débil? 19 - Que é imunidade e como classificá-la? 20 - 
Que é temperamento? Como pode ser distinguido? 21 - Estabeleça a 
distinção a fazer entre as três formas de temperamento. 22 - Qual o temperamento 
mais indicado para vaca leiteira, cavalo de corrida, animal de tração pesada, 
de tração leve e animal de engorda? 23 – O sistema de criação pode influenciar o 
temperamento? Como? 24 - E a alimentação? 25 – Que sabe sobre o odor e sobre o 
faro, como atributos raciais? 26 - Defina instinto e explique sua importância, e se 
pode ser caráter racial. 27 – Importância da memória e do instinto de imitação 
no adestramento o na exploração dos animais. 28- Quais as antigas explicações 
imaginadas sobre a orientação dos Pombos? 29 - Qual a explicação mais racional 
dessa pretensa faculdade do Pombo?
114

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