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LETRAS | 1 LINGUÍSTICA TEXTUAL LETRAS | 2 LETRAS | 3 LINGUÍSTICA TEXTUAL CARLA ALECSANDRA DE MELO BONIFÁCIO JOÃO WANDEMBERG GONÇALVES MACIEL Apresentação Caros Alunos, Dando continuidade ao trabalho iniciado pelas disciplinas de Leitura e Produção de Texto I e II, a disciplina de LINGUÍSTICA TEXTUAL abordará a história dos estudos sobre o texto, discutindo suas várias concepções, questões relativas ao seu funcionamento, bem como processos e estratégias de sua construção, de maneira que o objetivo da disciplina é acompanhar o quadro evolutivo dos estudos da Linguística Textual e sua contribuição metodológica e didática para o estudo do texto. Para alcançarmos esse objetivo, dividimos a disciplina em quatro unidades temáticas: a primeira contemplará um breve histórico da Linguística Textual de modo que o aluno tenha uma visão de onde e quando ela surgiu, qual o seu objeto de estudo e quais as suas fases até os dias atuais. A segunda unidade versará sobre os articuladores textuais que têm sido objeto de reflexão da Linguística Textual desde os seus primórdios, uma vez que um texto não é simplesmente um amontoado de palavras ou uma sequência de frases isoladas, mas sim uma unidade linguística com propriedades estruturais específicas. Dentre os vários mecanismos articulatórios serão elencados: repetição de itens lexicais, paralelismo, paráfrases, recorrência de elementos fonológicos, de tempos verbais. No tocante aos vários assuntos da Linguística Textual, a terceira unidade terá como prioridade a discussão sobre o conceito de intertextualidade, a sua importância no processo da leitura e da escrita, levantando questões relativas ao seu papel no processo ensino aprendizagem da língua portuguesa de modo que possa contribuir efetivamente na formação do aluno do Curso de Letras. Finalmente, a quarta unidade contemplará os gêneros textuais emergentes na mídia virtual e no ensino, uma vez que diante da penetração e do papel da tecnologia digital na sociedade contemporânea e das novas formas comunicativas aportadas, o estudo da comunicação virtual na perspectiva dos gêneros é particularmente interessante porque a interação on line tem o potencial de acelerar enormemente a LETRAS | 4 evolução dos gêneros, tendo em vista a natureza do meio tecnológico em que ela se insere e os modos como se desenvolve. Com este material em mãos, pretendemos contribuir para sua formação e ao mesmo tempo esperando a sua avaliação, sugestão e opinião, de maneira que a participação será essencial para o bom desenvolvimento do nosso trabalho em uma grande parceria em prol do sucesso intelectual e profissional. Para tanto, vamos construir juntos, trocando experiências. Um abraço fraterno! Os autores LETRAS | 5 UNIDADE I BREVE HISTÓRICO DA LINGUÍSTICA TEXTUAL Como se sabe, foi na década de 60 na Europa, especialmente na Alemanha, que a lingüística textual começou a desenvolver se como ciência da estrutura e do funcionamento dos textos. De acordo com Fávero (2010), a origem do termo lingüística textual encontra se em Cosériu1 embora, no sentido que lhe é atualmente atribuído, tenha sido empregado pela primeira vez por Weinrich2. O objeto de investigação da Linguística Textual não é mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, uma vez que os textos são formas específicas de manifestação da linguagem. Dentro desta perspectiva, a Linguística Textual ultrapassa os limites da frase e concebe a linguagem como interação. Assim, justifica se a necessidade de descrever e explicar a língua dentro de um contexto, considerando suas condições de uso. Dentre as causas do seu desenvolvimento, é possível mencionar as falhas das gramáticas da frase no tratamento de fenômenos como a referência, as relações entre sentenças não ligadas por conjunções, a ordem das palavras no enunciado, a entoação, a concordância dos tempos verbais, fenômenos estes que só podem ser explicados em termos de texto ou em referência a um contexto situacional. Portanto, o que legitima a Linguística Textual é a sua capacidade de explicar fenômenos inexplicáveis por meio de uma gramática do enunciado, também chamada de Linguística do Discurso que, para Marcuschi (apud BENTES, 2001) “seu surgimento deu se de forma independente, em vários países de dentro e de fora da Europa Continental, simultaneamente, e com propostas teóricas diversas”, havendo, assim, não só uma gradual ampliação do objeto de análise da Linguística Textual, mas também um progressivo afastamento da influência teórico metodológica da Linguística Estrutural saussuriana. É importante ainda salientarmos, antes de irmos para as fases da Linguística Textual que, de forma geral a Lingüística Textual teve alguns precursores históricos distintos, conforme aponta pesquisa de Tafarello e Rodrigues (1993), que corresponde a três grandes linhas de pensamento: a Retórica Clássica (Empédocles, Corax, Tísias) que das suas cinco partes duas têm relação com a lingüística do texto: uma diz 1 COSÉRIU, E. 1955. Determinación y entorno. Dos problemas de uma lingüística del hablar. Romanistisches Jahrbuch,7: 29 54. 2 WEINRICH, H. 1966. Linguistik der Lüge. Heidelberg, Verlag Lambert Schneider. LETRAS | 6 respeito à definição de operações lingüísticas subjacentes à produção do texto, ou seja, a sua microestrutura; a segunda refere se à localização do texto no processo global de comunicação, ou, a sua macroestrutura. A outra linha de pensamento foi a Estilística que se serviu da retórica, da gramática e da filosofia. A Estilística tinha por objeto todas as relações acima do nível da frase, considerando que até bem pouco tempo a maior unidade da lingüística era a frase. A terceira e última linha de pensamento foi a dos Formalistas Russos, pertencentes ao Círculo Lingüístico Moscou. Dentro os quais têm Propp (analisou as estrutura dos contos populares), Jakobson (rompeu com os padrões tradicionais de análise de texto) a partir do esquema de comunicação (emissor, canal, código, interlocutores etc.) De acordo com Tafarello e Rodrigues (1993) também há precursores stricto senso, que de uma forma ou de outra tiveram sua atenção voltada para o texto. Fazem parte deste conjunto de precursores: Hjelmslev, Harris, Pike, Jakobson, Benveniste, Pêcheux, Orlandi, entre outros. Após termos, brevemente, explicado quando, onde e quais as causas do surgimento da Linguística Textual, esboçaremos neste momento, as suas fases, que para Bentes (2001), na história da constituição da Lingüística textual não se pode ter com precisão uma sequência cronológica e homogênea no desenvolvimento das teorias da lingüística de texto, porém, podem se definir três momentos teóricos e bastante diferentes entre si: 1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE Transfrástica As gramáticas textuais Elaboração de uma teoria de texto Tentaremos explicar, a partir de agora, como se deu cada uma dessas fases: 1ª Fase: Transfrástica De acordo com Koch (2004), a primeira fase se deteve ao estudo dos mecanismos interfrásticos que fazem parte do sistema gramatical da língua, cujo uso possibilitaria a duas ou mais sequência ao estatuto de texto. Nesta época, os estudos possuíam orientações diversas, podendo ser estruturalistas, gerativistas ou até mesmo funcionalistas e dentre os fenômenos a serem explicados podemos citar a correferência, a pronominal tempos ver No observado ultrapassav exemplo, ac É i denominaçõ Hartmann ( de enunciad Par neste caso, essencialme à pena cha longo de um Os transfrástic coerência, através da f No de construi entre as par lização, a se bais, entre o entanto, um que essas vam o limite contece com nteressante ões para o (1968), “cad dos” para Ise a que você e Ao anal é Maria. A ente pela pr mar a atenç ma sequência elementos a. Um fato que ocorria frase abaixo: exemplo acir o significad rtes dos enu leção do art outros. ma vez que a gramáticas e das frases m a co referê acrescenta texto como eia de prono enberg (1971 entenda melh Maria saiu lisarmos a fr ligação que edicação do ção para o fa a a existênci de coesão, que chamo mesmo não : Chamei po ima, mesmo do global da nciados. Lembrete! Você pode a q <http://www.w AVANCOS/pag AVANÇOS, pod tigo (definido s gramáticas apresentava que só pod ncia. ar que, é n o, por exem ominalizaçõe 1) ou “cadeia hor, vamos a u gritando. El rase acima é e se dá entr s dois eleme ato de que s a de um text , como as ou a atenção o havendo a or você, ningu o com a ausê seqüência, ualquer hora ac webartigos.com gina1.html>, e le dendo aumenta o ou indefin s da frase tin am limitaçõ diam ser vist nesta fase mplo, “frase es ininterrup a de pressup analisar a seg a estava com é notável a l re Maria e o entos, e não só esse elem to. conjunções, o de muitos as conjunçõe uém me ouvi ência do con porque pod cessar m/articles/1636 er um artigo na ar mais ainda os ido), a orde nham como ões, já que tas/ analisad que muitos complexa” ptas” para H osições” par guinte frase: m muito medo igação entre o pronome E apenas por mento de co , também f s estudiosos es em dado iu. ectivo (mas) e estabelece 68/1/LINGUISTI a íntegra sobre s seus conhecim m das palav unidade de elas não t das no inter s estudioso , “signo ling Harweg (196 ra Bellert (19 : o. e o pronome ELA (co refe uma questã esão por si foram tema estava rela trecho, com ), o ouvinte/ er as relaçõe CA TEXTUAL E a LINGUÍSTICA mentos sobre o LETRAS | vras, a conco estudo o en traziam os rior do texto os apresenta guístico prim 8), “sequênc 970). e Ela e o ref rente de Ma o de concor não poderia a dos estud acionado à p mo podemo /leitor tem a es lógico arg SEUS TEXTUAL E SEU o assunto. 7 ordância dos nunciado, foi fatores que o como, por aram várias mário” para cia coerente ferente que, aria), ocorre rdância. Vale a garantir ao dos na fase presença de s evidenciar a capacidade umentativas US s i e r s a e , e e o e e r e s 2ª Fase: G Seg objeto de e partilhado p determinad de maneira em conside Exp textuais oco 1) a 2) intuitivo do Ass capaz tanto possível que Com básicas: Só lemb abordag LETRAS | 8 Gramática gundo Marcu estudo da lin por todos os da sequência a análoga, es ração a cham plicando melh orreu por do a percepção q para a com falante. im, com bas o de produz e ele reconh m relação a e brando, já e gem no volu as de texto uschi (1998), guística, pro s usuários d a de frases co sta segunda mada compe hor, querem ois fatores im que muitos te preensão de se nisto, che ir textos iné eça os diver essas compe Do e base Assim outr que studamos a ume 2 em L o , as gramátic ocurando est da língua. Ta onstitui ou n fase da ling etência linguí mos dizer que mportantes: extos não ap e textos seria egou se a co éditos quant sos tipos tex etências, CHA exposto acim e apenas na s m, essa impo ra forma de t se configura a Teoria Ger Linguagens: cas do texto tabelecer um l sistema pe não um texto uística textu ística do fala e a transição resentavam o a essencial q nclusão que to de ter a c xtuais como o AROLLES (19 ma, podemos soma de fras ortante ques tratamento p a como a seg rativa. Você usos e refle o introduzira m sistema de ermitiria que o e se esse te ual, recebeu ante. o da fase tra o fenômeno d que se levas e todo falant capacidade o narrativo, 983) expõe q concluir que ses não estav stão abre o p para o texto, gunda fase da pode a qua exões, p.77 m, pela prim e regras finito e os usuários exto é bem f influências d nsfrástica pa da co-referen se em consid te de uma d de elaborar descritivo, d que o falante e a constituiç va funcionan precedente p surgindo as a Linguística alquer mom meira vez, o o e recorren s identificass formado. De do gerativism ara a fase de nciação; deração o c determinada paráfrase, s issertativo. e possui três ção de um te ndo, concord para a necess s Gramáticas Textual. mento resga texto como nte que seria sem se uma e forma que, mo, levando e gramáticas onhecimento língua seria sendo ainda s que seriam exto com da?! sidade de s Textuais tar essa o a a , o s o a a m LETRAS | 9 1. Competência formativa: estaria relacionada ao fato de o usuário ser capaz de produzir e compreender um número infinito de texto e avaliar, a boa ou má formação de um texto; 2. Competência transformativa: faz referência à capacidade de resumir um texto, parafraseá-lo, reformulá-lo, ou atribuir-lhe um título, como também de avaliar a adequação do resultado dessas atividades; 3. Competência qualificativa: estaria voltada à capacidade de o usuário identificar o tipo ou gênero de um dado tipo, assim como à possibilidade de produzir um texto de um tipo particular. Segundo Koch (2004, p.5), uma vez que todos os falantes teriam essas capacidades, as tarefas básicas de uma gramática do texto seriam as seguintes: a) Verificar o que faz com que um texto seja um texto, em outras palavras, determinar seus princípios de constituição, os fatores responsáveis pela sua coerência, as condições em que se manifesta a textualidade; b) Levantar critérios para a delimitação de textos; c) Diferenciar as várias espécies de texto. Embora empenhados no sentido de desenvolver uma gramática textual, tais tarefas não puderam ser contempladas por problemas na formulação das Gramáticas Textuais. O primeiro se refere à conceituação do texto, que como já mencionamos, seria uma unidade formal, dotada de uma estrutura interna e gerada a partir de um sistema finito de regras, internalizado por todos os usuários da língua. Semelhante, em sua formulação, à gramática gerativa da sentença, de Chomsky, esse sistema finito de regras constituiria a gramática textual de uma língua. Com base nisto, propor um percurso gerativo para o texto não seria fácil, já que ele não constitui uma unidade estrutural, originária de uma estrutura de base e realizada por meio de transformações sucessivas. Além disso, a separação entre as noções de texto (unidade estrutural, gerada a partir da competência de um usuário idealizado e descontextualizado) e discurso (unidade de uso) acabou se constituindo em um outro problema das gramáticas de texto pelo fato desta separação não ter justificativa, uma vez que o texto só pode ser compreendido a partir do uso em uma situação real de interação. Apesar dos problemas, não se pode negar o mérito das gramáticas de texto que estabeleceram dois pilares para a consolidação dos estudos voltados ao texto e ao discurso: 1) a verificação de que o texto constitui a unidade lingüística mais elevada se desdobrando ou se subdividindo em unidades menores, igualmente passíveis de classificação, onde as unidades menores (inclusive os estruturação 2) a diferente e a Por gramática t sua produçã Par perspectiva interaciona 3ª Fase: E De o enfoque, Linguística produção, r acontece na É im língua, enca ocorre em d como algo p De subjacentes Como afirm feição inte autônoma o Em Teorias do diferem mu LETRAS | 10 s elementos l o da unidade a verificação a significação tanto, ao in extual, o foc ão em uma s a tanto, os a de um pro is e comunic Elaboração acordo com , passando Textual o co recepção e in a interação e mportante r arada agora dados contex pronto e aca forma que s a um siste ma Marcusch rdisciplinar, ou formal. seu livro int Texto afirm uito umas da 0 éxicos e gra e textual; o que não ex o do texto nã nvés de proc co mudou pa situação real estudiosos i duto acabad cativos. o de uma Marcuschi ( a noção de ontexto, ou nterpretação entreo escrit essaltar que a, não mais xtos de com bado, e sim é possível n ema abstrato hi (1998), ne dinâmica, f titulado A co mando que e s outras, con Citaremos a amplitud entanto, v 8 para que maticais) dev xiste continuid ão constitui u curar descre ara a análise de interaçã niciaram a e do, mas de u teoria de 1998), no fin e textualida seja, o conj o de texto, e tor / falante e essa fase d como um s unicação, e t como um pr notar que o o, mas uma sse estágio funcional e oesão textua embora elas nforme o enf s os principa de do campo você poderá e sozinho vo vem sempre dade entre fr nicamente o ever a comp de como se o verbal. elaboração d um processo texto nal da décad de a ser co unto de con também a in e o leitor / o da Linguístic istema virtu também com rocesso em c o objetivo n análise e po de evolução processual, al, Koch (199 s sejam fund foque predo ais represent o e da fluide consultar o ocê possa tir ser consider rase e texto, somatório da petência tex e constituem de uma Teo o que é resu a de setenta onsiderada, ndições exte nteração já q ouvinte. ca Textual se ual autônom m um conceit construção. esta fase nã ossível expli o a Linguístic que não c 99, p.8) apre damentadas minante. tantes de cad ez de limites livro A coes ar as suas co radas a parti pois se trata as partes que xtual do fala m os textos, o ria de texto ultado de as a, a competê sendo tamb ernas à língu que o sentido e dá com u o, mas com to diferente ão é mais a cação do te ca Textual as considera a esenta de m em pressup da uma dela entre as vár são textual d onclusões.. ir do respecti a de entidad e o compõem ante, como o seu funcion que o via n spectos sócio ncia textual bém relevan ua, e necess o não está n ma nova co mo um sistem de texto, nã a depreensã exto em func ssume nitida língua com aneira basta postos básic as a fim de v rias tendênc de Koch (199 ivo papel na es de ordem m. pretendia a namento e a não mais da o cognitivos, deixa de ser ntes para a ários para a o texto, mas oncepção de ma real que ão mais visto o de regras cionamento. amente uma mo entidade ante clara as cos comuns, isualizarmos cias. No 99) na página a m a a a , r a a s e e o s . a e s , s a LETRAS | 11 Beaugrande & Dressler – Se aproximam da linha americana da Análise do Discurso e seus estudos estão voltados aos critérios ou padrões essenciais de textualidade e do processo cognitivo do texto, sendo centrados no texto os critérios de textualidade a coesão e a coerência, enquanto que a informatividade, a situacionalidade, a intertextualidade, a intencionalidade e a aceitabilidade são centrados nos usuários. Entre outros pressupostos adotados estão os da semântica procedural, que realçam o estudo da coerência e do processamento do texto, não só o conhecimento declarativo (dado pelo conteúdo proposicional dos enunciados), mas também o conhecimento construído através da vivência, condicionado sócio culturalmente, que é armazenado na memória, sob a forma de modelos cognitivos globais. Givón e outros estudiosos filiados à linha americana da Análise do Discurso, buscando subsídios em pesquisas nas áreas da Psicologia da Cognição e da Inteligência Artificial estão voltados tanto com as formas de construção lingüística do texto enquanto seqüência de frases, quanto com a questão do processamento cognitivo do texto (isto é, com os processos de produção e compreensão) e, conseqüentemente, com o estudo dos mecanismos e modelos cognitivos envolvidos nesse processamento. Na concepção de Weinrich toda Linguística é Linguística de Texto. O objetivo dos seus trabalhos é a construção de uma macrossintaxe do discurso, com base no tratamento textual de categorias gramaticais como os artigos, os verbos etc. Utiliza como método heurístico a “partitura textual”, que consiste em unir a análise frasal por tipo de palavras e a estrutura sintática do texto num só modelo, tal como uma “partitura musical a duas vozes”. Para o autor, o texto é uma seqüência linear de lexemas e morfemas que se condicionam reciprocamente e que, de modo recíproco, constituem o contexto: texto é, pois, “um andaime de determinações onde tudo se encontra interligado”, uma “estrutura determinativa”. Já Van Dijk vem, desde 1985, atuando na perspectiva da Análise Crítica do Discurso (Critical Discourse Analysis). Seu trabalho está relacionado à questão da tipologia dos textos, no que diz respeito ao estudo das macroestruturas textuais, e ao das superestruturas ou esquemas textuais. Tendo dedicado, inicialmente, maior atenção às superestruturas narrativas, passou, mais tarde, a examinar outros tipos de superestruturas, especialmente as do noticiário jornalístico. O trabalho de Petöfi a princípio se voltou para construção de uma teoria semiótica dos textos verbais denominada de TeSWeST (Teoria da Estrutura do Texto – Estrutura do Mundo). Esta teoria visa ao relacionamento entre a estrutura de um texto e a interpretação extensional (em termos de mundos possíveis) do mundo (ou do complexo de mundos) que é textualizado em um texto, implicando, assim, elemento con textuais (externos ao texto) e cotextuais (internos ao texto). Como conseqüência, atualmente, os interesses desse autor e de seu grupo estão direcionados à questão da compreensão/produção de textos. Para Schmidt, a textualidade é o modo de toda e qualquer comunicação transmitida por sinais, inclusive os lingüísticos, preferindo a denominação Teoria de Texto a Lingüística de Texto. Segundo o autor, o texto é “ ‘jogo de at reconhecíve Con também co Charolles, C Ma pontos em como estud funcioname A Linguíst Atu investigaçõe produção e de interess Marcuschi e 1998, 1999 (1990), Nus Além ainda citar inferenciaçã oralidade/e perspectiva tornando se No vem sendo discurso. Es LETRAS | 12 qualquer ex tuação com el, ou seja, re nvém, ainda, omo à opera Combettes, V rcuschi (198 comum às do das opera ento e recepç tica Textua almente, se es na área c compreensã e de diverso e Koch (Mar 9), e fora do ssbaumer (19 m do interes r a importâ ão, o aces escrita; e o e a bakhtiniana e hoje um te tocante à qu realizada n ssa releitura 2 xpressão de unicativa’ – ealizando um lembrar dos acionalização Vigner, Adam 3) apud Koc várias corre ações lingüíst ção de textos al nos dia e levarmos cognitiva, qu ão, às estrat os estudioso rcuschi & Ko o Brasil com 991), Adam ( sse que vem ância a que so ao conh studo dos gê a, os gênero erreno extrem uestão dos g a obra de B de Bahktin Você, tamb segredos do atuais. um conjunt tematicame m potencial i s lingüistas f o dos funda m, entre outr h (1999) apr entes acima ticas e cogni s escritos ou as atuais em conside uestões relac égias socioc os do campo ch, 1998; Ko o as obras d (1990 e 1993 m sido dados estões de c hecimento êneros textu os estão oc mamente pro êneros, aind Bakhtin (195 tem sido fe bém, pode co o texto” para o lingüístico ente orienta locucionário franceses qu amentos teó os. resentou um mostradas, itivas regula orais. eração o de cionadas ao ognitivas e i o, como é o och & Marcu de Heinema 3), e Van Dijk s aos proces cunho socio prévio etc.; uais, este ago upando luga omissor (Koc da segundo K 53), na qual eita com obj onsultar o liv a se ter uma o num ato d ado e preen o reconhecíve e se voltam óricos dedica a definição d sugerindo q doras e cont esenvolvime processame nteracionais o caso no Br uschi, 1998; ann & Viehw k (1994, 1995 sos de orga ocognitivos q ; o tratam ora conduzid ar de destaq ch, 2002). Koch (2002), o autor pro jetivos didát vro de Koch ( visão mais a e comunicaç nchendo um el”. às questões ados ao ens de Linguístic que a Linguís troladoras d ento pelo q ento do texto s, entre outra rasildos est Marcuschi, 1 weger (1991) 5, 1997), ent nização glob que envolve ento da o do sob outras que nas pes vale à pena opõe o seu c ticos, ou sej (2002, p.149 ampla da ling ção – no âm ma função c de ordem te sino como é ca Textual ao stica do text da produção, ual estão p o, no que di as passaram udos desenv 1998, 1999; ), Koch & O tre outros. bal dos texto em a refer ralidade e s luzes, isto squisas sobr salientar a r conceito de a, para que 9) “Desvenda guística nos d mbito de um omunicativa extual assim é o caso de o detectar os to seja vista construção, passando as iz respeito à a ser o foco volvidos por Koch, 1997, Oesterreicher os, podemos renciação, a da relação é, dentro da re o texto e releitura que gêneros do possam ser ando os dias m a m e s a s à o r , r s a o a e e o r LETRAS | 13 aplicados no âmbito educacional, por muitos estudiosos como, por exemplo, na Inglaterra, a obra de Swales; nos Estados Unidos, cabe ressaltar autores como Bhatia, Miller, Freedman, Coe e Bazerman; na França, a obra de Jean Michel Adam, destacando se, neste domínio, os trabalhos conduzidos por Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz e Jean Paul Bronckart. É importante ainda esclarecer que os estudos de Schneuwly, Dolz e Bronckart consideram o gênero como suporte das atividades de linguagem, definindo o com base em três dimensões essenciais: 1) os conteúdos e os conhecimentos que se tornam dizíveis a partir dele; 2) os elementos das estruturas comunicativas e semióticas partilhadas pelos textos reconhecidos como pertencentes a determinado gênero; 3) as configurações específicas de unidades de linguagem, traços, principalmente, da posição enunciativa do enunciador, bem como dos conjuntos particulares de seqüências textuais e de tipos discursivos que formam sua estrutura. De forma que se estabelece, então, distinção entre gêneros, tipos discursivos e sequências textuais que são vistas como esquemas que fazem parte da constituição dos vários gêneros, variando menos que eles em função das circunstâncias sociais. Finalizando, é possível afirmar veementemente que a lingüística Textual tem contribuído significativamente com seu escopo, tanto para o texto, quanto para a construção de sentido do mesmo, alcançando assim, grandes avanços no campo da textualidade. Vimos, através de suas fases, que o que era apenas um estudo da frase, passou para um estudo da gramática de texto, na tentativa de suprir algumas lacunas não preenchidas pela corrente estruturalista e gerativista; e logo em seguida, chegou se aos conceitos de texto, que por sua vez o define não mais como algo pronto e acabado, mas como um processo em construção e, nesse sentido as contribuições tem sido ainda mais significantes, pois, hoje se tem conceitos mais globais do seja um texto, bem como dos gêneros textuais, gêneros do discurso e tipos de suportes dos gêneros textuais. Assim, atualmente, a Linguística Textual tem como objeto particular de investigação não mais a palavra ou a frase isolada, mas o texto, considerado a unidade básica de manifestação da linguagem, isto porque que o homem se comunica por meio de textos, ocorrendo diversos fenômenos lingüísticos que só podem ser explicados no seu interior. Os primórdios, frases isolad Ne apresentad assumem u repetição d verbais, etc 1. presença d acréscimo d textual, ou aos elemen nomes gené dos Só quem pode fa (Isto É, 2 LETRAS | 14 articuladore , uma vez qu das, mas sim este estudo os em um t uns em rela de itens lex c. A repetição e traços se de sentido q seja, cada u ntos anterio éricos, nomi s mesmos ele m faz um ch zer um bisc 21/04/1999 4 OS AR es textuais tê ue um texto m uma unidad o, o termo texto se enc ação aos ou icais, parale o ou reiteraç mânticos id ue ele não t m desses ele res. A repet nalização, su Repetição d ementos ou hocolate tão coito tão tão 9, Biscoitos UN RTICUL êm se sido não é simp de linguística articuladore adeiam, com utros. Dentr elismo, paráf ção de itens dênticos ou eria sem ess ementos traz tição pode r ubstituição, s do mesmo it expressões l o gostoso o tão delicio Suíços) IDAD LADOR objeto de re lesmente um a com propri es fará refe mo se organ re os vários frases, reco lexicais efe opostos e t se item. As f z consigo no realizar se p sinonímia, op tem lexical exicais. oso. DE II RES TEX eflexão da l m amontoad iedades estru rência à ma nizam uns em s mecanismo rrência de etua se entre tem como p formas lexica ovas informaç or meio da: posição, hipe a retomada XTUAIS inguística do o de palavra uturais espe aneira como m relação ao os articulató elementos f e elementos propósito tr ais remetem ções de sent : repetição d erônimo e hi da informaç S o textual de as ou uma s cíficas. o os fatos os outros e órios podem fonológicos, s do texto c razer ao en m a elemento tido que se a do mesmo ipônimos. ção se dá pe esde os seus equência de e conceitos que valores mos elencar: de tempos om base na unciado um os do mundo acrescentam item lexical, ela repetição s e s s : s a m o m , o fato adje clas 3 Segundo Tr investigado co metáfora gram Mais foi começo escritor (Lígia Bo Ma o, pessoa, ge etivo e a arg sse gramatic ask (2004, p.2 om atenção esp matical. E E E E N ( i só no mês ou assim: Um ra.” ojunga Nun riana se cas Nomes gen ente, coisa. Nominalizaç gumentos d al qualquer é 207), o modo pecial no conte Eu tenho pr Eu tenho dú Eu tenhom Eu tenho câ Nós podemo (Veja, 01/03 passado qu m dia fiquei es) sou no final éricos – reit ção – empre o enunciado é reconhecid Em como as nomi exto da Linguís ressa. úvidas. edo. âncer. os ajudá lo 3/2000, Onc ue a vontad i pensando l de 2009. O teração proc ego de form o. Usualmen da como um magreça com inalizações se tica Sistêmica, . cologia EINS de de escrev o que ia se O casamento essada pela mas que rem te a nomina substantivo m Sanavita. prestam para em que as no STEIN) ver deu para r mais tarde o, entretant utilização d metem, em g alização3 é o . vários propós minalizações sã a crescer. A e. Resolvi q to, não duro LETRAS | 1 e nomes gen geral, a um v o processo e sitos comunicat ão tratadas com A coisa ue ia ser ou muito. 15 néricos tipo: verbo, a um em que uma tivos tem sido mo um tipo de : m a o e lexe sinô 4 Frase ou recu Só po (Ist Est sua enc PO (Pr Luis Iná encontr “O barul Os milhõ sua maio (Diaman LETRAS | 16 emáticas (pe ônimos. urso verbal que quem faz u de fazer um to É, 21/04/ ta é a linha a vida. Com contrando s DIA SER BR odutos de l cio da Silva ro, o preside lho é um do ões de ruído or parte são ntino Silva) 6 Substituição erífrases).4 Sinonímia e exprime aquil um chocolat m biscoito tã /1999, Bisco Brilhante. P o você já de soluções pa ILHANTE.” impeza – Ca recebeu a v ente da Rep os problema os que rode o produzido o A inform a recorrênc o que poderia s te tão gosto ão tão tão d oitos Suíços Produtos de eve ter perc ra economi aras 12/06/ visita de alg pública defe as mais grav eiam o hom os por ele m mação é re cia à informa ser expresso po oso delicioso. s) e qualidade cebido, Brilh izar o seu te /98) guns empre endeu a red ves que aflig em diariam mesmo.” etomada pe ação se dá pe or menor núme , desenvolv hante está s empo, sem esários da in ução dos pr gem nossa c mente em qu lo uso de l elo emprego ero de palavras vidos só par sempre inov abusar do s ndústria farm reços dos m civilização n uase todos o lexemas ou o de sinônim . a facilitar a vando. Sem seu bolso. S macêutica. medicament neste século os cantos, e expressões os ou quase mpre SÓ No tos. o. em s e um ma Vale decorrência 2. repetições n o, de modo Oco par “Política com a o malária(Rui Bar O profe (hiperôn Grupos pessoas a relação to ntém com o e lembrar q a da inserção O paralelism nos níveis fo específico, c orre quando es fixos de p a e Political outra. A polí dos povos rbosa) ssor compr nimo) de refugiad famintas, m Oposição – Hiperônimo odo parte, cl segundo um ue nenhum o do lexema mo configur onológico, m com a ideia d Paralelismo estruturas g palavras e cad ha não se c ítica é a hig de moralida ou um apar dos chegam maltrapilhas o elemento o e Hipônim asse elemen ma relação pa lexema por no texto. ra se como orfológico, l de repetição o sintático gramaticais da membro onfundem, iene dos pa ade estraga relho eletrô diariament s, destruída a que se faz os – quando nto tem se u arte todo, el r si só estab um fenôm exical, sintát o de estrutur é a prefeita repetidas em do par apare não se pare aíses moralm ada.” ônico. O tele te do sertão as. (hipônim a alusão é u o o primeiro um hiperônim emento clas belece relaçã meno discur tico e semân as. a correlação m formatos p ece em posiç ecem, não s mente sadio evisor é de 3 o castigado mo) um oposto do o elemento m mo, e quand sse, tem se o ão coesiva a sivo assinal ntico. A litera na estrutur paralelos ap ção estrutura se relaciona os. A Politic 32 polegada pela seca. S LETRAS | 1 o referente t mantém com do o primeir o hipônimo. alguma. Esta ado pela p atura linguís ração sintáti resentam de almente idên am uma alha, a as. São 17 textual. m o segundo ro elemento a ocorre em presença de tica associa ica da frase. eterminados ntica. o o m e . s Per poético, ou fônicos e de correlatas c Canção O vento E a min O vento E a min O vento E a min O vento E a min (Manu LETRAS | 18 cebe se que seja, os aut e tempos ver Na língu como: o do vento e o varria as f nha vida fica o varria as l nha vida fica o varria os s nha vida fica o varria os m nha vida fica el Bandeira Nos Nos Nos Nos Gon a b c d e f) g h 8 e os textos tores utilizam rbais. ua portugues e da minha folhas, / o v ava / cada v luzes,/ o ve ava / cada v sonhos / e v ava / cada v meses / e v ava / cada v ,1986) sso céu tem ssas várzeas ssos bosque ssa vida ma nçalves Dias a) não só... ) não só... ) não só... ) ou... ) quer... ) tanto... ) quanto ma ) quanto m se valem d m se da repe sa, bons para vida vento varria vez mais che nto varria a vez mais che varria as am vez mais che varria os teu vez mais che m mais estre s têm mais f es têm mais is amores. s ais... enos... de estrutura etição de te alelismos se os frutos, / eia / de frut as músicas, / eia / de aro mizades... / o eia / de afet us sorrisos... eia / de tud las, flores, s vida, mas tam como tam mas tam ou... quer... quanto.. mais / m mais / m as paralelísti rmos, de est e obtêm com / o vento va tos, de flore / o vento va mas, de est o vento var tos e de mu ./ o vento v o. bém... mbém... bém... . menos... menos... icas para a truturas, de m o emprego arria as flore es, de folhas arria os arom trelas, de câ ria as mulh ulheres.// varria tudo!/ construção conteúdos, de algumas es...// s.// mas...// ânticos.// eres.// // do sentido de recursos construções o s s O p Pelo análise sintá con asp apr Casa de f Em Reci no Rio d aralelismo s o exemplo c ática interna nsiderando o pecto rítmico esentar um ferreiro, esp ife e Vitória de Janeiro e intático pod citado, perce amente estru Paralelismo o aspecto lóg Paralelismo o. No paral certo isocron peto de pau , por exemp e em São Pa Se voc se voc se voc a vals se voc se voc se voc Mas v você é Carlos e atuar tamb ebe se que o uturadas de f o semântico ico semântic o rítmico – elismo rítm nismo, ou se . plo, o probl ulo. cê gritasse, cê gemesse cê tocasse a vienense, cê dormisse cê cansasse cê morresse você não mo é duro, José s Drummon bém nos pro o paralelism formas idênt o – é a per co na frase. é a simetr ico, os segm eja, aparecem ema da dro , , e, e, e… orre, é ! nd de Andra vérbios ou d mo se realiza ticas (substa rfeita correla ria na const mentos fôn m em interva oga e muito ade ditos popular pela justap ntivo + prep ação entre trução da fr icos da fras alos iguais. menos grav LETRAS | 1 res que se no posição das u osição + sub as ideias co rase, consid se ou do ve ve do que 19 otabilizam. unidades da bstantivo). oordenadas, derando seu erso devem a , u m A c compasso t muito usado inco inac e à noç termos no inter A alde Era um suced mesm eram qualq mora que s prá on Até q ondas praia, a dep ALVES <http Acess Marcela a (Machad LETRAS | 20 cadência pro ternário da v o na poesia m ongruências ceitáveis. No exemplo ção de dinhe coordenado resse finance eia que nun ma aldeia d diam numa mas coisas q tristes, baç quer coisa, o ndo no enfa e haviam co nde navega ue o mar, q s coisa nova , na espera. positou na p S, Rubens. A ://br.group so em: 12 / amou me d o de Assis) 0 osódica dos valsa vienen metrificada, Rupturas c que provoc o acima, Ma eiro, o que os. Percebe s eiro, isto é, o nca mais fo de pescador monotonia que se diziam ços peixes q os rostos va ado, só as in ondenado a r... uebrando u a, desconhe .. E ali ficara praia, surpre A aldeia que s.yahoo.com / 06/ 2010. durante quin versos de D se, o que re percebe se com o pa cam estranh chado de As leva a uma se que o aut o tempo do a i a mesma res de onde sem fim, d m, dos mes ue já nada zios de sorr ntermináve a si mesmos um mundo, ecida, forma am, até que esa triste, u e nunca ma m/group/sa nze meses e Drummond e eduplica o se também o se ralelismo – hamento na ssis propõe u falta de par tor sugere ir amor corresp a alegria fu as mesmas mos gestos procuravam risos e de su is rotinas do s, sem espe anunciou d a disforme q e o mar, sem m homem m is foi a mes adashiva/me e onze conto envolve o le entido da me eu uso na pr – A falta frase, em f uma coorden ralelismo é d ronicamente ponde ao tem ugira, e os d coisas que s que se fazi m, por saber urpresas, a o dia a dia, ranças, nen de longe que que flutuava m se apress morto... ma. Dispon essage/268 os de réis; n eitor em um ensagem. Em rosa. de parale face de coo nação em re devido à nat e uma relaçã mpo do dinh dias e as noi aconteciam iam, e os ol rem inútil p morte prem prisão daqu nhuma outra e trazia nas a, e todos v ar, trouxe a nível em: >. nada menos m ritmo que mbora esse lismo pode ordenações lação à noçã tureza heter ão amora fun heiro. ites se m, das hares procurar matura ueles a praia suas vieram à coisa e s. e remete ao recurso seja e ocasionar logicamente ão de tempo rogênea dos ndamentada o a r e o s a Len extensão fô pedra, que 3. A uma relaçã intercompre formulando um mecanis la. É estabe Veja No meio pedra / Carlos D M do tro Ah! Ce em mim De q ex Ma ao ma Praze Esta a no ab Deus, ó ganhe saib do os verso ônica dos ver metaforiza u A paráfrase é o de equiva eensão entr o as ideias, re Parafras smo de se fa lecer uma re amos os exe o do caminh no meio do Drummond Meu ser evap opel de paixõ ego eu cria, a m quase imo que inúmero xistência fala s eis sucumb al, que a vida eres, sócios m alma, que se bismo vos su ó Deus!... Qu r um moment ba morrer o q B s de Drumm rsos anterior um obstáculo é o processo alência semâ re os partici ealizando um sear significa azer referênc elação de int mplos a segu ho tinha um o caminho t de Andrade orei na lida i ões que me a ah! mísero e rtal a essênc os sóis a men z me não do be Natureza a em sua orig meus e meu edenta e si nã umiu dos des uando a mor roube to o que perd que viver não ocage mond acima, res, essa que o do dia a dia o no qual o e ântica (expli pantes da in ma tessitura c a reafirmar,cia a uma ob tertextualida uir: ma pedra / t tinha uma p e insana arrastava. eu sonhava cia humana. nte ufana ourava! escrava gem dana. s tiranos! ão coube, senganos. rte à luz me deram anos o soube. percebe se ebra sugere o a humano. enunciado re cação, reite nteração, ist coesa e orga em palavras ra que lhe é de. tinha uma p pedra. na que o terce o tropeço pro eformulador ração, ênfas to é, no mo anizada. s diferentes, anterior com pedra no me Meus dias c em banque comigo a pa na Alemanha Oh! secret Não sejas a própria líng o choru Marinhas ( o que de b é impossíve Quando o Ri desça o tr saiba desc eiro verso qu ovocado pel r mantém co se), com o o omento em , o sentido d m o intuito d eio do cami consumir de etes com reis nça encheu a, na França, tário que tão mole: dente gua, que ain ume daquela (1), meu neg bom nesta b el que ao pra io a Petrópo rem com fina er o que sub Olavo Bila LETRAS | 2 uebra repent a presença i om o enuncia objetivo de que escreve de um texto e reafirmá la nho / tinha terra em ter s todos os dia também Tob , na Inglaterr o bem comias e agudo ferra da agora enc as iguarias! go, se tu visse arriga coube nto resistiss lis me roube as gulodices, bir não soube ac 21 tinamente a ncômoda da ado anterior assegurar a emos vamos o. É também a, esclarecê uma rra, as; bias ra... s! a cerra es e, es. e (2) , e! a a r a s m Apó qual se trad de atividade com novos A p palavras, co marcadores em outras p 1. No prin do Zero; 2. E Deus e para war 3. E Deus o Progr 4. E D programa 5. Mas assim qu exper pode 6. O Progra 7. E Deus 8. E di 9. E disse LETRAS | 22 ós a leitura d duz em outra e textual é m significados, paráfrase nã om vistas a to Dentro s de reformu palavras, etc ncípio, Deus c ; e viu que er disse: “Que a os discos com e. Mas Deus s disse: “Vou ramador, e co d Deus disse: “ ador e admirá BILL era mais ue Deus disse rimentaste? N erás criar tud Programador mador respo “Que disse ao BILL vend isse à Analist ao Programa 10. E Dispo 2 dos exemplo as palavras u muito pratica , tem se uma ão anula o q ornar a men da prática ulação do tip . criou o Bit e o ra bom. E Deu criou os dis apareçam os mpactos”. Ent criou os prog criar o Progr olocou o no C diretórios e s Não é bom p á lo, e amar a s esperto que e, que não po No preciso mo do o que quis WINDO r começou a ondeu: “Estou em disse que L: “Serás odia derás o WIND a: “O WINDO programas ador: “Todos Deus expulso onível em: <ht os acima, pe um texto, de ada pela esco a paráfrase c que foi anu sagem mais de reescri po: isto é, ou Li o Byte. E dele us disse: “Qu squetes, os d computador tão Deus cha gramas; e diss ramador, e el CPD; e Deus m subdiretórios para o Program as coisas que o D e as outras cr dias executa omento em q eres com um OWS, e disse procurar nov u a procura de precisavas d ado por todas DOWS para to OWS irá desap s reles, e irás os teus prog ou os do CPD ttp://aulapor ercebe se qu e modo quas ola e se há e criativa, poss nciado ante clara e mais itura, as pa u seja, ou m vro – Gênesi es criou a Pala e os dados ex iscos rígidos res, e sejam lu amou os com se lhes: “Vão le irá governa mostrou a est mas NUNCA mador estar e ele faz. E De DOS e era bom riaturas de De r nenhum pro que executar m simples toqu ao Programa vos drivers. E e novos drive e novos drive s as criaturas odo o sempre pontar te e c adormecer e gramas terão D, fechou a po rtuguesonline ue a paráfra se literal, o q expansão de sibilitada pela eriormente, precisa para aráfrases sã elhor, melho s avra. E nada m xistam, e vão e os discos co ugar para os putadores de o, multiplique ar os program trutura do DO A UTILIZAR O W só”. Ele fez a eus chamou a m. eus. E BILL di ograma? Com es o WINDOW ue no mouse ador que era Deus pergun ers que não e ers? Executas . E a Analista e, e sempre c omer toda a em cima dos m erros e irás c orta e coloco e.no.sapo.pt/ se é uma re que a difere ideias que c a imaginação mas buscar a o leitor. ão comume or dizendo, d mais existia. o para os seus ompactos. disquetes, e e “hardware” em se e encha mas e a inform OS e disse: “P WINDOWS”. criatura que a “Analista”. E sse para o Us mo podes fala WS tornar te ”. Então a An bom. ntou lhe: “Qu encontro no D ste WINDOW estará semp com problema tua memória manuais”. corrigi los até u uma passw /parafrases.h eprodução d ncia da cópi onsolida um o do aluno. r retomá lo nte introdu dizendo de o E Deus separ s lugares dev para os disco ”. E não havia am a memór mação”. E De Podes usar to e iria olhar pa E foram deixa suário: “Foi m ar de algo que ás igual a De nalista instalo ue procuras?” DOS”. E Deus WS?”. re zangada c as”. a; e terás que é o fim dos te word. htm>. discursiva na a. Esse tipo m manuscrito com outras uzidas pelos outra forma, rou o Um idos”, e os rígidos a ainda ia”. us criou odos os ra o ados sob mesmo e nunca eus. E ou o ” E o disse: ontigo. E e usar eus dias”. a o o s s , LETRAS | 23 (KOCK; ELIAS, 2009, p. 169) 4. Recorrência de elementos fonológicos trata se de fatos suprassegmentais, como a entonação, o metro, a rima, o ritmo, assonâncias, aliterações, etc. Vejamos os exemplos abaixo. João Marcelo da Silva Elias, 4ª série, Colégio Madre Alix PR O V A de que não são exatamente os tempos, mas o caráter de cada povo que determina as tradições, é o consumo de tomar banhos. Ou de não tomar banho. Os gregos e romanos, por exemplo, sempre foram adeptos da prática. Já os europeus, em pleno século XIX, fugiam da água como se ela fosse praga. Literalmente. É que como a água quente dilata os poros, os médicos europeus acreditavam que os banhos facilitavam a entrada de germes. Ou seja, fugir das banheiras era recomendado como uma medida de higiene. Outra crença dizia que a água amolecia o organismo e impedia o crescimento. Assim, crianças eram frequentemente impedidas de entrar no banho SOALHEIRO, Bárbara. Como fazíamos sem... São Paulo: Panda Books, 2006. 5. Recorrênc O u (WEINRICHI perfeito e f pretérito pe A fim de exe O te seguido pel narrado. Em com o emp UM DO Naque para o curiosa armas micro c Os cara escape Maria Disponív _estudo LETRAS | 24 cia de tempo uso dos tem I apud KOC uturo do pre erfeito simpl emplificar o exto “Um do lo verbo “es m seguida há rego do tem OMINGO NÃ la madruga descanso. Q a vou abri la na mão. M computado as sãomuit ei com vida Lucineide vel em: <http: os/coesao.htm 4 os verbais mpos verba H e ELIAS, etérito do in les e compo que é dito a omingo não l star”, empre á inserção de po zero do m O poe Finge Que c A dor Ferna ÃO LEGAL ada de dom Quando de a. Quando a Me pediram p or, os eletro to ágeis, qua e meus fam ://www.unigr ml>. Acesso em (K is está dire 2009). Os t dicativo serv sto do indica cima, selecio egal” é uma gado no pre e um comen mundo come eta é um fin tão comple chega a fing que devera ndo Pessoa ingo, estáv repente ou abri a porta para fazer s eletrônicos ando eu con miliares cont ran.br/revistas m: 20/05/2010 KOCH; ELIAS, 20 etamente lig tempos verb vem para na ativo servem onamos o tex narração qu etérito impe tário do pro entado, isto é gidor: etamente, ir que é dor as sente. a amos todos uço batidas n a deparei m silêncio pois s. Fiquei boq nsegui cair tinuavam d s/interletras/e 0. 009, p. 171) gado ao no bais: pretéri arrar e os tem m para come xto narrativo ue se inicia c rfeito (modo odutor: “... po é, o presente r s dormindo, na porta, m me com dois s só queriam quiaberta e em mim, el dormindo. ed_anteriores osso tipo de itos perfeito mpos: prese ntar, criticar o “Um domin om um adju o indicativo), ois é um dia e. , pois é um muito amedr s caras enor m as jóias, o tremendo d les já estava s/n1/inter e atitude c o, imperfeitonte, futuro d r e apresenta ngo não lega nto adverbia , tempo zero a especial de dia especia rontada, ma rmes e com o carro, o de medo. am longe, omunicativa o, mais que do presente, ar reflexões. al.” al de tempo, o do mundo descanso.”, l as a e , . , o , LETRAS | 25 No segundo período do primeiro parágrafo, é usado o tempo presente – “ouço”, “vou abri la” –, marcando um dos momentos mais relevantes da narrativa. Segundo a teoria de Weinrich, trata se da metáfora temporal, isto é, o emprego de um tempo de um dos mundos no interior do outro. Este recurso imprime maior atenção, maior engajamento, uma vez que consiste no uso de um tempo do mundo comentado no interior do mundo narrado. O momento de maior tensão, denominado “clímax”, acontece no 3º período do 1º parágrafo, onde o verbo “abrir” também é empregado no presente, para a seguir surgir “... deparei me...” , expressão no pretérito perfeito, tempo zero do mundo narrado. No período seguinte o verbo “pedir” encontra se no pretérito perfeito e o verbo “querer”, no pretérito imperfeito, tempos sem perspectiva do mundo narrado que manifestam ação propriamente dita, 1º plano, passando para “pano de fundo” (“me pediram para... pois só queriam as jóias,...”). Interessante perceber que o pano de fundo, normalmente registrado no início do texto, neste aparece no clímax, quando o autor apresenta o motivo que desencadeou a ação principal. No segundo e último parágrafo, o emprego do verbo “ser” no presente denota um aspecto descritivo dos personagens “... são muito ágeis,...”, mesmo recurso utilizado em: “..., pois é um dia especial para descanso.” para, novamente, serem empregados o pretérito perfeito “...eu consegui cair...” e “... escapei com vida e...” seguido do pretérito imperfeito “estavam” e “continuavam”, repetindo o que já foi explicado no final do primeiro parágrafo. Um processo da sua importâ O nosso ob contribuir p De constituição poderíamos podem ser etc. Assim, Veja abaixo e vej LETRAS | 26 dos objetiv a escrita e le ância no pro jetivo, neste para a forma acordo com o da própr s dizer que a orais, escrito esse “diálog amos, na prá ja se há algu Lembr Para P tu Esse d Pra q Se n Pra Se A malí Pra q Que g Que te diz 6 vos da Linguí eitura de tex ocesso da leit e momento, ção do aluno o E Dicion ria palavra, a intertextua os, visuais, p o” entre text ática, um exe ma relação e re se que mentir? Para que men u ainda não te dom de saber quê? Pra que m não há necessi De me trair? que mentir tu ainda não t ícia de toda m ue mentir, se ostas de outro z que não te q UNI INTERT ística Textua xtos. Mas, o tura e escrit será o de re o do Curso d nário de term intertextua alidade seria por exemplo tos recebe o emplo de co entre elas. Vale a pena l Leitura e Pro p.124. Portant já tir ens r iludir? mentir, idade ? tens mulher? eu sei o quer? IDADE TEXTUA al é estudar que é interte a? Qual a su esponder a c e Letras. mos literário alidade sign a a referênci , das artes p o nome de in mo se dá a in lembrá lo que a volume odução de Texto o, estamos nes á foi introduzid E III LIDADE os tipos de extualidade? ua importânc cada um des os de Carlos ifica relação ia explícita plásticas, do tertextualida ntertextualid a intertextualid três, na discipli o II na unidade ste momento re o. Vamos relem Pra qu Se t Que tu Se tu s Ape Pelo Ou po (Vadic E intertextuali ? De onde su cia no ensino sses question Ceia (2005) o entre tex a ou implícita cinema, da ade. dade. Leia as ade já foi menc ina de de Texto e Tex esgatando um c mbrar? verbo. e mentir tant u sabes que e u não gostas d abes que eu t esar de ser tra o teu ódio sinc or teu amor fin o e Noel Rosa idade e suas urge esse ter o de Língua P namentos no , como se p xtos. De ou a a outros música, da p s letras das d cionada no xtualidade, conceito que o assim eu sei de mim? te quero aído cero ngido? a, 1934) s funções no rmo? Qual a Portuguesa? o sentido de pode notar a utra forma, textos, que propaganda, duas músicas o a ? e a , e , s Apó com a de V anos” de C escrito no intertextual Meu Oh! Da a Da m Que Que tard À so Deb Casi ós a leitura, Vadico/Noel asimiro de A século XX. l. us oito anos Que saudad aurora da mi minha infânc os anos não amor, que s es fagueiras ombra das ba aixo dos lara miro de Abr é possível o Rosa. Outro Abreu e Osw Portanto, o Dom d Não me de toda Cada u de ser Não m andass Cale a b Você s Você s Você e Você q Você d é seu d Como p vá vive (Caeta de que tenho inha vida, cia querida o trazem ma sonhos, que s ananeiras anjas! reu observar que o exemplo d wald de And segundo te e Iludir e venha fala a mulher m sabe a do o que é. me olhe com se atrás de m boca, e não sabe explica sabe entend está, você é, uer, você te diz a verdad dom de ilud pode quere er sem men ano Veloso, o ais flores Naqu e a música d e intertextu drade. O prim exto cita o ar na malíci or e a delíci mo se a políc mim. o cale na bo ar der, tudo be , você faz. em. de, a verdad ir. er que a mu ntir. 1982) uelas M O a D Q qu D eb Se O e Caetano V alidade pod meiro foi esc primeiro, es a ia cia ca notícia r em. de lher Meus oito ano Oh! Que saud aurora da m a minha infâ Que os anos n uintal de ter a rua São An baixo da ban em nenhum Oswald Andra Veloso manté e ser visto n crito no séc stabelecendo uim. os dade que ten minha vida, ância querid não trazem m rra ntônio D naneira laranjais! ade LETRAS | 2 ém um diálo nos poemas ulo XIX e o o com ele u nho D a mais Naquel 27 ogo explícito “Meus oito segundo foi uma relação le o o i o A in Observe a hortifrutigra lojas, por o legumes e v Font Com foi o título cinematogr entanto, pa necessária p Na argumento cujo título é há muito q A paród do(s) se como es conceito irônico” LETRAS | 28 ntertextualid criatividad anjeiros do nde circulam verduras anu te: http://vejab mo podemos o de um f áfica do bes ara estabele para a const questão da que chama é ‘Aqui a nat ue falar, a dia ocorre q entido(s) do stratégia co os cristaliza ”. Por exemp 8 dade se faz de da cam Brasil, que e m mais de 13 ualmente. brasil.abril.com. s constatar, h filme, de g st seller liter ecer essa po rução de sen construção a atenção i tureza é a es através de uando a rel texto base orrosão dos dos, sempr plo, as charg presente e mpanha pub está present 3 milhões de .br/blog/de ori há aqui um e grande suce rário de 200 onte, conhec ntido. de sentido, mediata do strela’, que c uma paród lação intert e. Segundo C valores con re sobre o d ges, as sátir em vários ca blicitária da te nos estad e clientes e s gem carioca/20 exemplo de esso, chama 03 de Laure cer o texto observa se leitor, uma consegue atr dia de filmes extual tem Citelli (2003 nsagrados s omínio do g ras. ampos com Hortifruti dos do Rio d são comercia 009/10/o quiab intertextual ado “O diab n Weisberge fonte ou o a incorpora vez que se t rair a atençã s de sucesso como objet 3:54), “a par ocialmente gesto gozad o o da pro que é um de Janeiro e alizadas 150 bo veste prada idade que re bo veste P er, lançado modo de c ação da inte trata de um ão para prod com os prod tivo provoca ródia pode , de alteraç dor, engraça paganda, po ma rede v Espírito San mil tonelada e muito mais/ emete a outr rada”, uma em junho d constituição ertextualidad a campanha dutos sobre o dutos. ar a inversã ser concebi ção dos ado, cômico or exemplo. varejista de nto com 21 as de frutas, / ro texto que a adaptação de 2006. No é condição de como um a publicitária os quais não ão ida o, . e 1 , e o o o m a o LETRAS | 29 Assim, vale à pena reafirmar que, para o processo de compreensão, além do conhecimento do texto fonte,também é necessário considerar que a retomada de texto ou textos em outro(s) texto(s) conduz a construção de novos sentidos, já que estes fazem parte de outra situação de comunicação. Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade se faz presente, uma vez que todo texto, seja ele literário ou não, é originado de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é considerado como exemplo de intertextualização. A intertextualidade está presente em áreas como na pintura. Veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa: Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503 Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919 Mona Lisa, Fernando Botero, 1978 Mona Lisa, propaganda publicitária Como já dito anteriormente, é possível encontrar exemplos de intertextualidade em várias áreas, como a pintura, a literatura, a música, a propaganda, ocorrendo também em vários gêneros como a charge. LETRAS | 30 A título de ilustração, temos abaixo um exemplo desse gênero criado pelo chargista Duke onde se vê a referência a um contexto político que, através da intertextualidade com uma música do grupo Solteirões do forró, nota se a construção de uma crítica a atuação do político em cartaz. Você Não Vale Nada Mais Eu Gosto de Você Solteirões do Forró Composição: Dorgival Dantas Você não vale nada, Mas eu gosto de você! Você não vale nada, Mas eu gosto de você! Tudo que eu queria era saber Porquê?!? Tudo que eu queria era saber Porquê?!? Você brincou comigo, bagunçou a minha vida. Esse sofrimento não tem explicação. Já fiz de quase tudo tentando te esqueçer. Vendo a hora morrer não posso me acabar na mão. Seu sangue é de barata, a Boca é de vampiro. Um dia eu lhe tiro de vez meu coração. Aí ja não lhe quero Amor não dê ouvidos Por favor me perdoa Tô morrendo de paixão... Eu quero ver você sofrer Só pra deixar de ser ruim Eu vou fazer você chorar, se humilhar Ficar correndo atras de mim....(2X) Você não vale nada, Mas eu gosto de você! Você não vale nada, Mas eu gosto de você! Tudo que eu queria era saber Porquê?!? Tudo que eu queria era saber Porquê?!? Fonte: http://www.dukechargista.com.br/ Para aprender mais sobre intertextualidade, você poderá acessar o seguinte link http://www. infoescola.com/portugues/intertextualidade-parafrase -e-parodia/, tendo autonomia em suas pesquisas, tirando suas próprias conclusões. Segundo Kock (2006), é possível falar em intertextualidade em stricto sensu, que ocorre quando, em um texto, está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social da co no sentido e De intertexto – “O ministér fonte, é pos já que é am Tam em todo e condição m Intertextu Apó qual a inter textos pode é o caso em maneira ind fornecida. É co isto é, como chamamos oletividade. V estrito senso acordo com – constituído rio da saúde ssível consta mplamente di mbém é poss qualquer te esma de exi ualidade e ós termos ex rtextualidad em se entrela m que um a direta ou im onstante um o se dá nos isso de inter Vejamos um o. m Koch (2006 o previament adverte: fu atar a interte ivulgado em sível falar em exto, como stência de te explícita e xplicado o co e pode se c açar de duas autor cita o mplícita, que texto retom discursos re rtextualidade Recomenda se você des Grunfeld Vi Contexto, 2 exemplo cit 6), na tirinh te e parte da mar faz mal extualidade, vários canai m intertextu componente extos, já que e intertextu onceito de int onstituir, qu s maneiras. D texto de ou consiste na mar passagen latados, nas e explícita. amos a leitu sejar aprofun illaça. Ler e c 2006. tado pela au ha acima se a nossa mem a saúde”. N porque o te s, sendo, po ualidade em e decisivo d e há sempre u ualidade i tertextualida ue seria exp De uma man tro autor in a introdução ns de outro. Q citações e r ra das págin ndar mais es compreende utora que ilu pode const mória social, u Neste caso, e exto fonte já rtanto, facilm sentido amp de suas cond um já dito, q implícita ade, passare lícita ou imp eira direta, t ncluindo o nu o, no texto, Quando acon referências; nas 85, 86 e 8 ssa questão. er: os sentido stra exatame atar a inser uma vez que embora não á faz parte d mente resga plo, lato sen dições de p que antecede mos agora a plicitamente também cha um texto de de um inte ntece citação nos resumos 87 do livro d . Referência: os do texto. LETRAS | 3 ente a intert ção de outr e é muito com exista a exp e nossa mem tado pelos le nsu, que se f rodução, ou e a todo dize a abordar a m . Isto quer d mada de exp e sua autoria rtexto cuja o da fonte do s, resenhas e de Ingedore K : KOCH, Inge São Paulo: 31 textualidade ro texto – o mum o texto plicitação da mória social, eitores. faz presente u seja, ela é er. maneira pela dizer que os plícita, como a, e de uma fonte não é o intertexto, e traduções, Koch, edore e o o a , e é a s o a é , , LETRAS | 32 Vejamos agora como ocorre à intertextualidade explicita através de um anúncio da Pfizer, veiculado pela revista Veja de 2005. Fonte: Revista Veja. São Paulo: abril, ed. 1.929, ano 38, n. 44, 02 nov. 2005 Fonte:http://vagalume.uol.com.br/nandoreis/do seu lado.html Muito prazer, nós somos a Pfizer Paixão segundo Nando Reis: “Faz muito tempo, mas eu me lembro... você implicava comigo. Mas hoje eu vejo que tanto tempo me deixou muito mais calmo. O meu comportamento egoísta, o seu temperamento difícil. Você me achava meio esquisito e eu te achava tão chata. Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino. Viver é uma arte, é um ofício. Só que precisa cuidado. Prá perceber que olhar só prá dentro é o maior desperdício. O teu amor pode estar do seu lado. O amor é o calor que aquece a alma. O amor tem sabor prá quem bebe a sua água. Eu hoje mesmo quase não lembro que já estive sozinho. Que um dia eu seria seu marido, seu príncipe encantado. Ter filhos, nosso apartamento, fim de semana no sítio. Ir ao cinema todo domingo só com você do meu lado. O amor é o calor que aquece a alma. Para Nando Reis, paixão significa estar do seu lado. Para Pfizer, paixão é o que faz a gente pesquisar as curas para os males que afetam a qualidade de vida dos homens e mulheres. E a gente faz isso todos os dias. Com paixão. Do Seu Lado Nando Reis Faz muito tempo, mas eu me lembro... você implicava comigo Mas hoje eu vejo que tanto tempo me deixou muito mais calmo O meu comportamento egoísta, o seu temperamento difícil Você me achava meio esquisito e eu te achava tão chata Refrão Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino Viver é uma arte, é um ofício Só que é preciso cuidado Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício O teu amor pode estar do seu lado O amor é o calor que aquece a alma O amor tem sabor pra quem bebe a sua água Eu hoje mesmo quase não lembro que já estive sozinho Que um dia eu seria seu marido, seu príncipe encantado Ter filhos, nosso apartamento, fim de semana no sítio Ir ao cinema todo domingo só com você do meu lado Yeeah Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino Viver é uma arte, é um ofício Só que é preciso cuidado Pra perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício O teu amor pode estar do seu lado O amor é o calor que aquece a alma O amor tem sabor pra quem bebe a sua água LETRAS | 33 Como se pode notar, o anúncio dessa campanha publicitária é estruturado a partir da citação completa de um discurso cultural, que tem como matriz a letra da canção “Do seu lado”, do compositor Nando Reis. De modo que para se comunicar com o público, a Pfizer emprega aqui o argumento de autoridade, através da citação direta, uma vez que o artista é cultuado por um público fiel ao seu tipo de música. Observa se, então, que a intertextualidade,através da letra da música, em aspas, funciona como gancho para que o anunciante expresse seu posicionamento ligado à “paixão” pelo ser humano, de quem diz estar sempre “ao lado”. Se tomarmos por base os textos literários, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra de onde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito de obras que compõem um determinado universo cultural. No entanto, isto não quer dizer que a intertextualidade implícita ocorra apenas em textos literários, já que ela ocorre em outros textos também. A fim de entendermos melhor, vejamos um exemplo de intertextualidade implícita através da comparação do poema No meio do caminho publicado pela primeira vez em 1928, na modernista Revista de Antropofagia, pelo poeta Carlos Drummond de Andrade com uma propaganda de um projeto de educação ambiental. Considerando o texto publicitário, podemos dizer que ele dialoga com o poema de Drummond ocorrendo uma intertextualidade implícita, visto que o autor do poema No meio do caminho não é mencionado. Vale à pena destacar que o leitor que tenha o conhecimento prévio do poema pode fazer a remissão rapidamente àquele e, consequentemente notar que um texto dialoga com o outro. Contudo, se não acontecer uma identificação de referências ao poema de Drummond, será difícil para o leitor atribuir um novo sentido ao texto da propaganda. No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra. Carlos Drummond de Andrade No a poluição v um discurso Sob intertextual sua presenç É im fundamenta conhecimen Origem d De reutilizado entendia p Pertence a citações, to Par intertextual em qualque prestigia. Importân No compreensã ou para r LETRAS | 34 que diz resp vem causand o de cunho id b este pon lidade possa ça auxilie no mportante d al que o r ntos que o le o termo in acordo com pela frances or dialogism ela o cláss do texto é a a Robert S lidade toma er texto ou ncia da inte que diz re ão e produç reforçá la. N 4 peito à propa do ao nosso deológico. to de vista a ser vista co processo de dizer que p reconhecime eitor possa te ntertextua m autores co sa Julia Krist mo. Dessa m ico conceito bsorção e tra Stam (2000 ndo por bas discurso art ertextuali espeito ao p ão de sentid Neste senti Você pode a (http://acd. texto da pro Letras/UFRJ intertextual aganda, o qu planeta, ond a, o que omo um inst e construção para que a ento do int er em sua m alidade omo BARRO teva em 196 maneira, são o de intertex ansformação 0) apud ZA se o dialogism tístico um d dade no p processo da do, é necess ido, esse c a qualquer in .ufrj.br/~pea ofessora Ma J e aprofund lidade. ue se vê é um de, nota se, podemos c trumento au de sentido p intertextuali tertexto sej emória discu OS, FIORIN ( 69 para exp o duas varia xtualidade: o de um outr ANI (2003), mo de Bakht iálogo com processo d leitura e e ário recorre conheciment nstante cons ad/tema02/ aria Christina dar por si me m apelo à po por consegu considerar c xiliar a leitu para o texto. idade possa a feito, po ursiva. (1999), o te plicar o que ações de te “(...) todo t ro texto.” (K Julia Kriste tin, na medi outros texto da leitura e escrita, vale r a outros te to é extre sultar o segu /intertextual a de Motta M esmo os seus opulação no uinte, no que como mais ra, enriquec . a auxiliar o orém isso d ermo interte Mikhail Bak rmos para exto se con RISTEVA, 197 eva também ida em que os e também e escrita e à pena sa extos para co mamente i uinte endere lidade2.htm) Maia da Facu s conhecimen tocante ao i e foi dito a e importante cendo a, de f processo d dependerá d extualidade khtin, na dé um mesmo nstrói como 74, p. 64). m concebe é permitido m com o pú alientar que omplementa importante. eço ) e ter acess uldade de ntos sobre a impacto que existência de e é que a forma que a e leitura, é dos amplos surgiu e foi cada de 20, significado. mosaico de u o termo observar se úblico que o e durante a ar uma idéia Embora a o ao a e e a a é s i , . e o e o a a a LETRAS | 35 intertextualidade se faça presente em todos os textos, cabe ao leitor, mediante suas leituras, perceber em que nível esse fator textual está presente nos mais variados textos, como corrobora Koch (2006, p. 78), “identificar a presença de outro(s) texto(s) em uma produção escrita depende do conhecimento do leitor, do seu repertório de leitura”. Portanto, uma vez que a leitura é uma forma de se adquirir conhecimento de mundo, é através desse conhecimento que se pode perceber a existência de outros textos em determinada produção, levando se em consideração o contexto sócio histórico cultural já que dependendo da situação, da época, do momento, os sentidos dos textos podem mudar e podem levar a outras significações. Isso nos remete a uma citação, muito feliz, de Bazerman (2006, p. 88) “nós criamos os nossos textos a partir do oceano de textos anteriores que estão à nossa volta e do oceano de linguagem em que vivemos. E compreendemos os textos dos outros dentro desse mesmo oceano.” Como podemos observar, são muitas as influências pelas quais as produções textuais passam, sofrendo ascendências não apenas do lugar que se vive, da linguagem utilizada, mas também do momento histórico por que passa determinada sociedade. A identificação, o reconhecimento de um texto no outro é indispensável para que ocorra uma interação textual, de um diálogo entre intertextos, revelando a capacidade que os escritores possuem em estabelecer ligações para a conclusão de suas idéias e pensamentos. A intertextualidade e o ensino de Língua Portuguesa Partindo do pressuposto de que é através de um texto que o usuário da língua pode desenvolver a sua capacidade de organizar o pensamento e de transmitir idéias, informações, opiniões em situações comunicativas, a intertextualidade na perspectiva da sala de aula, torna se um dos principais desafios vivenciados pelos professores, sobretudo, no ensino de Língua Portuguesa, pela dificuldade que se tem de ver a compreensão do texto como um produto histórico social, relacionando o á outros textos que já foram lidos e/ou ouvidos, admitindo, portanto uma multiplicidade de leituras possíveis para ele. Com base na compreensão do que seja texto, torna se indispensável o trabalho, em ambiente de sala de aula, utilizando vários gêneros textuais, em situações distintas e com objetivos distintos, como a construção e desconstrução dos textos, onde sejam ressaltados os efeitos advindos das alterações; a criação de intertextos; a verificação e a modificação de um gênero textual, entre outros. Para tanto, o professor de língua portuguesa deve saber diferenciar o uso de uma língua, de modo que possa adequá la a vários contextos e também a análise da língua, tendo consigo conceitos não apenas sobre a sua estrutura, funcionamento, mas assim também como a nomenclatura pertinente. LETRAS | 36 Nos dias atuais, a escola tem procurado enfatizar o trabalho de leitura e a produção de textos, ao mesmo tempo, que tenta um equilíbrio com a análise das estruturas da língua e seu uso. Dessa maneira, o professor pode por meio da interação com vários gêneros textuais e o intertexto presente neles, averiguar as experiências anteriores do aluno enquanto leitor e deixar se guiar pelas dicas deixadas pelo autor no texto para considerar também o implícito, inferindo, assim as intenções do autor, possibilitando ao aluno a oportunidade de desempenhar tanto o papel deleitor, quanto o de produtor de textos. Baseado em propostas interativas, o processo ensino/aprendizagem deve promover o desenvolvimento do individuo em uma dimensão integral e nesta perspectiva, o trabalho do professor, dentre outros, seria o de desenvolver no alunado a capacidade de identificação do intertexto, uma vez que a intertextualidade é um fenômeno que faz parte da produção de sentido e pode acontecer entre textos expressos por linguagens distintas. Assim, o professor poderia investir, em sua sala de aula, no fato de que todo texto é produto de outros textos, já que toda palavra é dialógica e que o que se diz em um texto é a resposta a outro algo que já foi dito em outros textos. LETRAS | 37 UNIDADE IV GÊNEROS TEXTUAIS EMERGENTES NA MÍDIA VIRTUAL Os gêneros textuais são entidades sócio discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. Luiz Antônio Marcuschi O estudo acerca dos gêneros textuais não é novo e vem sendo tratado desde os anos 60 quando surgiram a Linguística de Texto, a Análise Conversacional e a Análise do Discurso. Atualmente, no Brasil, presencia se uma explosão de estudos na área. Na tradição ocidental, os gêneros textuais já perduram por mais de vinte e cinco séculos e este termo “gênero” estava ligado especialmente aos gêneros literários. Segundo Swales (apud MARCUSCHI, 2008, p. 147), “a noção de gênero já não mais se vincula apenas à literatura, o termo é facilmente usado para referir uma categoria distinta de discurso de qualquer tipo”. Falam se muito, hoje, em gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital, gêneros virtuais ou digitais, os quais possuem características muito semelhantes à dos gêneros já conhecidos tradicionalmente, nas várias formas de comunicação e na prática da linguagem escrita da sociedade. Não é difícil constatar que nos últimos dois séculos foram as novas tecnologias, em especial as ligadas à área da comunicação, que propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais. Por certo, não são propriamente as tecnologias per se que originam os gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias (MARCUSCHI, 2005) Diante da penetração e do papel da tecnologia digital na sociedade contemporânea e das novas formas comunicativas aportadas, o estudo da comunicação virtual na perspectiva dos gêneros é particularmente interessante porque a interação on line tem o potencial de acelerar enormemente a evolução dos gêneros, tendo em vista a natureza do meio tecnológico em que ela se insere e os modos como se desenvolve. Esse meio propicia, ao contrário do que se imaginava, uma “interação altamente participativa”. LETRAS | 38 Se tomarmos o gênero segundo a visão Marcuschiana, como texto concreto, situado histórica e socialmente, culturalmente sensível, recorrente, relativamente estável do ponto de vista estilístico e composicional e na visão bakhtiniana, servindo como instrumento comunicativo com propósitos específicos como forma de ação social, nota se que um novo meio tecnológico, na medida em que interfere nessas condições, deve também interferir na natureza do gênero produzido. Uma das peculiaridades da mídia virtual é a centralidade da escrita, uma vez que a tecnologia digital depende totalmente da escrita. Para Marcuschi (2005) com a era eletrônica não se pode mais postular como propriedade típica da escrita a relação assíncrona, caracterizada pela defasagem temporal entre produção e recepção, já que os bate papos virtuais são síncronos, ou seja, realizados em tempo real e essencialmente escritos. Nesse sentido, existem vários aspectos a serem considerados, pois as novas tecnologias não mudam os objetos, mas as nossas relações com eles. David Crystal em seu livro, Linguagem e a Internet, ao destacar o “papel da linguagem na Internet e o efeito da Internet na linguagem” nos chama a atenção para os seguintes aspectos: do ponto de vista dos usos da linguagem, temos uma pontuação minimalista, uma ortografia um tanto bizarra, abundância de siglas e abreviaturas nada convencionais, estruturas frasais pouco ortodoxas e uma escrita semi-alfabética; do ponto de vista da natureza enunciativa dessa linguagem, integram-se mais semioses do que usualmente, tendo em vista a natureza do meio; do ponto de vista dos gêneros realizados, a internet transmuta de maneira bastante complexa gêneros existentes e desenvolve alguns realmente novos. A Internet e todos os gêneros a ela ligados são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na Internet a escrita continua essencial apesar da integração de imagens e de som. Como afirma Marcuschi (2005), todo gênero digital possibilita um trabalho da oralidade e da escrita assim como os gêneros textuais tradicionais utilizados na escola, pois se apresentam como uma evolução destes. Para Erickson (apud Marcuschi, 2005), o gênero no ambiente virtual assim se define: Um gênero é um padrão de comunicação criado pela combinação de forças individuais, sociais e técnicas implícitas numa situação comunicativa recorrente. Um gênero estrutura a comunicação ao criar expectativas partilhadas acerca da forma e do conteúdo da interação, atenuando assim a pressão da produção e interpretação. Com base nessa noção de gênero, Erickson (apud Marcuschi, 2005), sugere observar o seguinte em relação ao discurso on line. LETRAS | 39 Propósito comunicativo do discurso; Natureza da comunidade discursiva; Regularidades de forma e conteúdo da comunicação, expectativas subjacentes e convenções; Propriedades das situações recorrentes em que o gênero é empregado, incluindo as forças institucionais, tecnológicas e sociais que dão origem às regularidades do discurso. Os gêneros emergentes na mídia virtual A cada dia surge um novo tipo de interação e novos gêneros que a própria natureza da tecnologia favorece. Os tipos variados já existentes irão, com certeza, dar lugar a outros que virão e com eles a necessidade de dar continuidade aos estudos e análises dos tipos inovadores. A Internet veio inaugurar uma forma significativa de comunicação e de uso da linguagem através do surgimento dos gêneros virtuais, marcados pela fugacidade e volatilidade do texto, como no caso das salas de bate papo, onde as conversas entre duas ou mais pessoas acontecem em tempo real, de maneira síncrona, tornando então o texto fugaz; pela interatividade, já que permitem a interação entre o leitor e o texto (como no caso dos weblogs, onde os leitores podem opinar, mandar recados ou discordar do que foi escrito, interferindo, assim, no texto virtual); pelo anonimato, em alguns casos, como os das salas de bate papo abertas, onde as pessoas se escondem atrás de um nickname (apelido), criando uma nova ou novas identidades virtuais; dentre outras. Marcuschi (2005), no quadro abaixo, sugere um paralelo formal e funcional com os gêneros emergentes e suas contrapartes pré existentes. GÊNEROS TEXTUAIS EMERGENTES NAMÍDIA VIRTUAL E SUAS CONTRAPARTES EM GÊNEROS PRÉ EXISTENTES GÊNEROS EMERGENTES GÊNEROS JÁ EXISTENTES 1 E mail Carta pessoal // bilhete // correio 2 Bate papo virtual em aberto Conversações (em grupos abertos?) 3 Bate papo virtual reservado Conversações duais (casuais) 4 Bate papo ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados?) 5 Bate papo virtual em salas privadas Conversações (fechadas?) 6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada 7 Aula virtual Aulas presenciais 8 Bate papo educacional (Aula participativa e interativa???) 9 Vídeo conferência Reunião de grupo/ conferência / debate 10 Lista de discussão Circulares/ séries de circulares (???) 11 Endereço eletrônico Endereço postal (MARCUSCHI, 2005, p. 31) LETRAS | 40 Segundo o autor, esses gêneros têm características próprias e devem ser analisados em particular. Nem sempre têm uma contraparte muito clara e não se pode esperar uma especularidade na projeção de domínios tão diversos
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