Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Suma´rio 1 O conceito de integral e suas propriedades ba´sicas 2 1.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.2 Integral definida de f: [a, b] −→ R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2.1 Norma da partic¸a˜o P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.3 Somas de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4 A integral definida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.5 Propriedades das integrais definidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.6 Exercı´cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1 Capı´tulo 1 O conceito de integral e suas propriedades ba´sicas 1.1 Introduc¸a˜o Para ilustrar a teoria de integral definida que apresentaremos, vamos comec¸ar comumexemplo. Exemplo 1 Vamos calcular a a´rea da regia˜o compreendida pelo eixo 0X, pela reta definida pela equac¸a˜o x = 1 e pelo trecho da para´bola determinada pela equac¸a˜o y = x2. Aqui esta´ a estrate´gia: vamos subdividir o intervalo [0, 1] em subintervalos, para nossa con- venieˆncia, todos de comprimentos iguais, e considerar os retaˆngulos com bases nesses inter- valos. Cada um desses retaˆngulos tera´ altura igual ao ma´ximo valor da func¸a˜o restrita ao subintervalo base. Veja a figura para o caso desta subdivisa˜o ser de cinco subintervalos, com os correspondentes retaˆngulos. 2 CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 3 A unia˜o desses retaˆngulos e´ uma regia˜o a` qual podemos atribuir a´rea: a soma das a´reas dos retaˆngulos. Agora, tomando diviso˜es commais emais subintervalos, obteremos uma sequeˆncia de nu´meros reais. Se essa sequeˆncia convergir, teremos um excelente candidato a` a´rea da regia˜o original. Note que isso e´ muito razoa´vel, uma vez que a cada nova subdivisa˜o do intervalo [0, 1], a diferenc¸a entre a regia˜o original e a unia˜o de retaˆngulos e´ menor. Vamos aos nu´meros. A divisa˜o do intervalo [0, 1] sera´ em n subintervalos, delimitados pelos pontos 0 < 1 n < 2 n < ... < i n < ... < n − 1 n < 1 Assim, o subintervalo [ i − 1 n , i n ] sera´ a base do i-e´simo retaˆngulo. A a´rea deste retaˆngulo e´ A(i) = i n × ( i n )2 , o produto do comprimento do intervalo pela sua altura, o valor da func¸a˜o f (x) = x2 calculada no extremo superior do intervalo, o ponto i n . Portanto, a a´rea da unia˜o dos n retaˆngulos e´ S(n) = n∑ i=1 A(i) = n∑ i=1 i2 n3 = 1 n3 n∑ i=1 i2 = n(n + 1)(2x + 1) 6n3 Tomando o limite, temos lim S(n) = 1 3 , um excelente candidato a` a´rea da regia˜o original. Vamos agora ao caso geral. 1.2 Integral definida de f: [a, b] −→ R Partic¸o˜es do intervalo [a, b] Seja [a, b] um intervalo fechado e limitado da reta. Chamamos uma partic¸a˜o P de [a, b] um conjunto finito de pontos {x0, x1, ..., xn−1, xn}, ordenado da seguinte forma: a = x0 < x1 < ... < xn−1 < xn = b Note que uma tal partic¸a˜o divide o intervalo [a; b] em n subintervalos [xi−1, xi]. Cada um destes subintervalos tem comprimento ∆xi = xi − xi−1 e a soma destes comprimentos e´ igual a b − a, o comprimento do intervalo original: n∑ i=1 ∆xi = (x1 − x0) + (x2 − x1) + ... + (xn − xn−1) = xn − x0 = b − a CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 4 Vejamos um exemplo gra´fico para n = 5: Note que as partic¸o˜es usadas no exemplo introduto´rio eram homogeˆneas. Isto e´, todos os subintervalos de mesmo tamanho, um-ene´simo do comprimento do intervalo original. 1.2.1 Norma da partic¸a˜o P Chamamos norma da partic¸a˜o P o comprimento do seu subintervalo mais longo: ‖ P ‖= {max ∆x1; i = 1, 2, 3, ..., n}. 1.3 Somas de Riemann Seja f : [a, b] −→ R uma func¸a˜o definida no intervalo fechado e limitado [a, b] e seja P uma partic¸a˜o de [a, b]. Para cada i = 1, 2, ..., n, escolhemos um ponto ci ∈ [xi−1, xi]. Definimos a Soma de Riemann de f , relativa a` partic¸a˜o P e a` escolha dos pontos ci por S( f ,P) = n∑ i=1 f (ci)∆xi Observe que na notac¸a˜o S( f ,P) indicamos a dependeˆncia deste nu´mero em relac¸a˜o a` partic¸a˜o P, mas ele tambe´m depende da escolha dos pontos ci. No exemplo introduto´rio, S(n) corresponde a` Soma de Riemann da func¸a˜o f (x) = x2, definida no intervalo [0, 1], com a partic¸a˜o homogeˆnea de n subintervalos e as escolhas ci = i n : S(n) = n∑ i=1 ( i n )2 i n = n(n + 1)(2n + 1) 6n3 Note que, se f e´ uma func¸a˜o positiva, S( f ,P) e´ a a´reada regia˜o formadapelaunia˜o dos retaˆngulos de base [xi−1, xi] e de altura f (ci), como mostra a figura a seguir. No entanto, em geral, as Somas de Riemann de uma func¸a˜o qualquer, que assume valores CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 5 positivos e negativos, corresponde auma somadenu´meros positivos ounegativos, dependendo dos valores f(ci). Assim, os retaˆngulos que se encontrarem abaixo do eixo Ox, contribuira˜o com parcelas negativas. Veja a figura a seguir. Neste exemplo gra´fico, a Soma de Riemann e´ S( f ,P) = n∑ i=1 f (ci)∆xi S( f ,P) = 5∑ i=1 f (ci)∆xi S( f ,P) = 5∑ i=1 f (ci)∆xi = A1 − A2 − A3 + A4 + A5 onde Ai representa a a´rea do retaˆngulo de base [xi−1, xi] e altura | f (ci)|. 1.4 A integral definida Definic¸a˜o 1 Para a func¸a˜o f : [a, b] −→ R contı´nua e positiva, definimos∫ b a f (x) dx = I. Definic¸a˜o 2 Seja f : [a, b] −→ R uma func¸a˜o contı´nua. E´ conveniente convencionar as seguintes afirmac¸o˜es: (a) Seja c um ponto de [a, b]. Enta˜o ∫ c c f (x) dx = 0 (b) ∫ b a f (x) dx = − ∫ a b f (x) dx Exemplo 2 Calcule ∫ 1 0 x dx, a a´rea do triaˆngulo retaˆngulo de base [0, 1] determinado pelo eixo 0X e pelas retas y = x e x = 1 usando partic¸o˜es homogeˆneas. CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 6 Soluc¸a˜o: (i) Considere a figura a seguir que ilustra a situac¸a˜o descrita: (ii) Vamos particionar o intervalo [0, 1] em n subintervalos de mesma amplitude. Logo, cada intervalo tera´ amplitude 1 n ; (iii) Consideremos agora a altura de cada retaˆngulo como o valor ma´ximo da func¸a˜o no subintervalo; (iv) Segue que a a´rea do retaˆngulo (Ai) de base [ i − 1 n , i n ] e´ Ai = 1 n . 1 n = 1 n2 (v) A a´rea da unia˜o dos retaˆngulos e´: S(n) = n∑ i=1 i n2 S(n) = n∑ i=1 1 n2 . i S(n) = 1 n2 . n∑ i=1 i S(n) = 1 n2 . n(n + 1) 2 S(n) = n + 1 2n Isto e´, quanto mais retaˆngulos utilizarmos, mais pro´ximo S(n) estara´ da a´rea pedida. (vi) A ideia de ”mais pro´ximo”esta´ relacionada com o limite de uma func¸a˜o, assim: lim n→∞S(n) lim n→∞ n + 1 2n 1 2 (vii) Portanto, a a´rea do triaˆngulo retaˆngulo de base [0, 1] determinado pelo eixo 0X e pelas retas y = x e x = 1 e´ 1 2 . CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 7 1.5 Propriedades das integrais definidas Iniciamos com algumas propriedades que completam a definic¸a˜o e enfatizam a interpretac¸a˜o geome´trica da integral definida. Proposic¸a˜o 1 Seja f : I −→ R uma func¸a˜o contı´nua definida em intervalo I. Se a, b e c ∈ I, enta˜o∫ b a f (x) dx = ∫ c a f (x) dx + ∫ b c f (x) dx Proposic¸a˜o 2 Sejam f , g : [a, b] −→ R func¸o˜es contı´nuas, k ∈ R e uma constante. Enta˜o (a) ∫ b a ( f + g)(x) dx = ∫ b a f (x) dx + ∫ b a g(x) dx (b) ∫ b a k f (x) dx = k . ∫ b a f (x) dx 1.6 Exercı´cios 1) Calcule a a´rea da regia˜o compreendida pelo eixo 0X, pela reta definida pela equac¸a˜o x = 1 e pelo trecho de para´bola determinada pela equac¸a˜o y = x2, como no exemplo introduto´rio, usando os pontos extremos inferioresdo subintervalo. Soluc¸a˜o: (i) A a´rea de cada retaˆngulo, utilizando o ponto extremo inferior do intervalo [ i − 1 n , i n ] , sera´ Ai = 1 n . ( i − 1 n )2 Ai = 1 n . i2 − 2i + 1 n2 Ai = i2 − 2i + 1 n3 (ii) A a´rea de todos os retaˆngulos reunidos sera´: S(n) = n∑ i=1 i2 − 2i + 1 n3 S(n) = 1 n3 n∑ i=1 i2 − 2 n∑ i=1 i + n∑ i=1 1 S(n) = 1 n3 ( n(n + 1)(2n + 1) 6 − 2 . n(n + 1) 2 + n ) S(n) = 1 n3 ( 2n3 + 3n2 + n 6 − n2 − n + n ) S(n) = 1 n3 ( 2n3 + 3n2 + n 6 − n2 ) CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 8 S(n) = 1 n3 ( 2n3 + 3n2 + n − 6n2 6 ) S(n) = 1 n3 ( 2n3 − 3n2 + n 6 ) S(n) = 1 n3 ( 2n3 6 − 3n 2 6 + n 6 ) S(n) = 2n3 6n3 − 3n 2 6n3 + n 6n3 S(n) = 2 6 − 3 6n + 1 6n2 S(n) = 1 3 − 1 2n + 1 6n2 (iii) Tomando o limite, temos: lim n→∞S(n) lim n→∞ 1 3 − 1 2n + 1 6n2 lim n→∞ 1 3 − 1 2n + 1 6n2 = 1 3 (iv) Portanto, a a´rea da regia˜o compreendida pelo eixo 0X, pela reta definida pela equac¸a˜o x = 1 e pelo trecho de para´bola determinada pela equac¸a˜o y = x2 e´ 1 3 . 2) Calcule ∫ b a x dx usando partic¸o˜es homogeˆneas. Soluc¸a˜o: (i) Se P e´ uma partic¸a˜o homogeˆnea de [a, b], enta˜o ||P|| = b − a n (lembre da definic¸a˜o de partic¸a˜o homogeˆnea1); (ii) Sendo Ai a a´rea do retaˆngulo com base em [ a + (b − a)(i − 1) n , a + (b − a)i n ] e altura no extremo superior do intervalo, temos: Ai = ( b − a n ) . ( a + (b − a)i n ) ; (iii) Logo, a a´rea da da unia˜o dos n retaˆngulos e´ S(n) = n∑ i=1 ( b − a n . [ a + (b − a)i n ]) S(n) = b − a n . n∑ i=1 a + b − a n n∑ i=1 i S(n) = b − a n . ( a . n + b − a n . n(n + 1) 2 ) S(n) = (b − a)a + b − a n . (b − a)(n + 1) 2 1Subintervalos de mesmo tamanho, um-ene´simo do comprimento do intervalo original. CAPI´TULO 1. O CONCEITO DE INTEGRAL E SUAS PROPRIEDADES BA´SICAS 9 (iv) Segue que: ∫ b a x dx = lim n→∞ [ ba − a2 + (b − a) 2 2 . (n + 1) n ] ∫ b a x dx = ba − a2 + (b − a) 2 2 lim n→∞ (n + 1) n∫ b a x dx = ba − a2 + (b − a) 2 2 . 1∫ b a x dx = ba − a2 + (b − a) 2 2 (v) Por fim, temos que: ∫ b a x dx = b2 − a2 2
Compartilhar