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A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA JURÍDICA pdf

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¹Agostinho Tirello Neto, estudante de Direito (5º Período), email: agostinho_tirello@hotmail.com 
 
A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
Agostinho Tirello Neto¹ 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Etimologicamente, como nos informa Richard E. Palmer, a 
palavra hermenêutica remonta ao verbo grego hermeneuein (interpretar) e ao 
substantivo hermeneia (interpretação). Há correntes que apontam a origem do nome 
ao deus grego Hermes, filho de Zeus com Maia, sendo, nesse caso, associado à 
função de transmutar aquilo que estivesse além do entendimento humano em uma 
forma que a inteligência humana pudesse compreender. Hermes traduzia as 
mensagens do mundo dos deuses para o mundo humano. Fundamentado 
na argumentação, a hermenêutica é um método humanístico de pesquisa, sendo 
distinto em escopo e procedimento do método científico, na origem da 
palavra hermenêutica, o processo de trazer para a compreensão algo que estivesse 
incompreensível. 
 
Palavras-chave: Hermenêutica Jurídica, interpretação e importância. 
 
 
 
Abstract 
 
Etymologically, as reported in Richard E. Palmer , hermeneutics word dates back to 
the Greek verb hermeneuein ( interpret ) and the noun hermeneia (interpretation ) . 
There are currents that link the origin of the name of the Greek god Hermes, son of 
Zeus and Maia, in which case associated with the function of transmuting what was 
beyond human understanding in a way that the human mind could comprehend. 
Hermes translated messages from the world of the gods to the human world. Based 
on the argument, hermeneutics is a humanistic research method, being different in 
scope and scientific method of procedure, the origin of the word hermeneutics, the 
process of bringing to understanding something that was incomprehensible. 
 
Keywords: Legal Hermeneutics , interpretation and importance. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Inicialmente, importa destacar que hermenêutica e interpretação são 
palavras distintas. A hermenêutica é considerada a arte de interpretar as leis, 
buscando formar uma teoria adaptada ao ato de interpretar, estabelecendo 
princípios e conceitos. Por outro lado, a interpretação é mais prática, utilizando-se de 
preceitos da própria hermenêutica para entender o real sentido e significado das 
expressões contidas no ordenamento jurídico. Assim, pode-se dizer que a 
Hermenêutica Jurídica divide-se em interpretação, integração e aplicação do direito. 
Sendo de suma importância para que possamos entender melhor o Direito e sua 
aplicação no caso concreto. 
A hermenêutica jurídica é de grande importância para o Direito, já que 
necessita e é interpretado a todo o momento, pois diante da obscuridade da lei ou 
lacunas, as decisões dos magistrados, dotados de jurisdição, serão baseadas numa 
interpretação que gerará uma teoria sólida, como a hermenêutica. 
 
2 HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
2.1 Evolução Histórica 
 
Antigamente, o pensamento religioso era muito influente, devido ao grande 
poder da Igreja naquela época e isto repercutia na sociedade, nos costumes e é 
claro, no Direito. 
Dessa forma, todos pensavam que a interpretação das normas deveria 
apenas buscar a vontade da lei, que não era mera criação dos homens, as leis eram 
consideradas frutos dos pensamentos divinos, eram consideradas obras perfeitas, 
imunes a quaisquer falhas, regulando, de maneira completa, todos os assuntos 
sociais, políticos e econômicos. 
Assim, as leis se tornaram mais rígidas e imutáveis e esse fato afetava 
diretamente com a dinâmica da vida social, que necessitava que o Direito se 
adaptasse com as novas mudanças da sociedade. 
A interpretação naquela época era limitada ao texto da lei, pois todos 
consideravam as leis perfeitas, sendo a única função da hermenêutica esclarecer a 
vontade exclusiva do legislador, que era somente o Estado. Não havia nenhuma 
outra fonte de Direito. 
Faz saber que naquela época, vários países eram regidos pelo totalitarismo, 
onde todo o poder estava concentrado em uma única só pessoa. Os próprios 
legisladores eram subordinados a este. Numa linha de raciocínio rápido, a 
interpretação não era bem a vontade do legislador em promover o bem comum, era 
simplesmente à vontade do soberano (rei) ou ditador. 
Então, diante da dificuldade de se estabelecer leis e da necessidade de se 
adaptar o Direito às mudanças sociais, as pessoas burlavam as leis. 
Entretanto, foi verificado que os códigos não era auto-aplicáveis perante a 
evolução e mudança social, surgindo um novo posicionamento, em que o Poder 
Judiciário teria a função de aplicar a lei e adaptar o Direito às mudanças sociais. 
Desta forma, o intérprete não estaria preso a vontade do legislador, a criação da lei 
seria a função deste último, mas a lei deveria possuir força e vontade própria. 
Importa destacar que o intérprete visa apenas adaptar e atualizar a vontade 
da lei perante a realidade social, observados os preceitos legais e princípios do 
Ordenamento Jurídico vigente. 
Com o passar do tempo, a interpretação começou a ser discutida, e assim, 
surgiram duas teorias que se baseiam em argumentos contrários para definir o 
trabalho do intérprete: 
A primeira é a Teoria Subjetiva, que se originou na França após a edição do 
Código de Napoleão que era o antigo código civil francês. Essa teoria determina 
que, na atividade de interpretar, o intérprete deve buscar a vontade do legislador, 
sendo fiel ao seu pensamento. Essa valorização ao pensamento do legislador se 
justificava pela confiança dos franceses no Código Napoleônico, que segundo eles, 
era perfeito e infalível. 
Para isso, o intérprete deveria verificar apenas o significado das palavras, 
para buscar o sentido do pensamento do legislador. Poderia, ainda, como auxílio 
para se chegar ao pensamento do legislador, utilizar-se do estudo histórico e da 
doutrina, de forma a revelar quais seriam as principais influências para o legislador. 
Em outras palavras, a Teoria Subjetiva deixa o intérprete atrelado apenas ao 
pensamento do legislador, buscando a vontade de quem a elaborou, havendo um 
elemento subjetivo que é próprio legislador. 
A segunda é a Teoria Objetiva que, por sua vez, busca a vontade da lei, pois 
o legislador ao editar uma lei não transcreve sua vontade, mas a vontade da 
sociedade como um todo. Desta forma, o Direito não estaria preso aos velhos 
institutos, onde deveria ser sempre editado uma nova lei, caso a anterior não 
produza mais seus efeitos, mas com a interpretação livre, poderiam facilmente 
serem adaptadas à realidade, que é dinâmica e exige que o Direito acompanhe. 
Destaque-se que, por mais que o intérprete estivesse livre para interpretar 
uma norma, estaria limitado aos princípios contidos no texto legal. Assim, acredita-se 
que o legislador ao elaborar uma lei não poderia prever as situações que a própria 
lei alcançaria no futuro, devido à natureza abstrata de uma norma, que contraria a 
ideia subjetiva, pois buscar a vontade do legislador e não da lei, seria correr um risco 
de um subjetivismo indesejável, já que residia uma dificuldade de determinar qual 
sua ideia. 
Outro fator de se adotar a Teoria Objetiva e não a Subjetiva é que o 
legislador, perante um regime totalitário, teria seus pensamentos voltados as 
vontades do Chefe de Governo e não da sociedade; já no regime democrático, no 
qual há a pluralidade de vontades traduzidas e qualificadas em uma única lei, seria 
uma missão muito mais difícil. 
Afirmavam, ainda, que o legislador não poderia prever, no momento que faz 
a lei, qual será sua abrangência, pois a lei, como descreve uma conduta genérica, 
abstrata e impessoal, poderá ter um alcance muito mais amplo que as próprias 
intenções do legislador. 
2.2 do alcance da lei 
 
O legislador, por mais perfeccionista que seja, não consegue passar para o 
texto da lei, de forma fiel, seus objetivos e finalidades,escapando muita das vezes 
do alcance do legislador o dinamismo e a sua aplicação nas relações sociais. É aí 
que entra o papel da interpretação. 
Dessa forma, é necessário que haja intérpretes que, utilizando-se de teorias 
sólidas, consigam entender a vontade do legislador ao editar a lei. Este intérprete 
deve estar sempre atento às mudanças constantes que com o passar dos tempos, 
modificam tanto a sociedade, quanto o Direito. 
Para realizar efetivamente a interpretação, que é uma arte, faz-se 
necessário seguir princípios e regras, que ao passar dos tempos e com o 
desenvolvimento da sociedade fizeram desabrochar as doutrinas jurídicas. 
Deve-se, ainda, ser susceptível a novas ideias e não preso a velhas teorias 
e concepções. Como por exemplo, o estudo da liberação das drogas, aborto, 
homossexualidade, todos estes institutos que ao passar do tempo, vão ganhando 
novas interpretações para mostrar que nem sempre a vontade do legislador é 
unicamente dele, às vezes é uma vontade social que não foi bem editada no texto 
da lei. 
Neste sentido, pode-se dizer que a interpretação do Direito se dedica a 
estabelecer o sentido das expressões, como por exemplo, dizer que “pode” é uma 
faculdade e “deve” uma obrigação, assim como aponta os limites de atuação da 
norma, como por exemplo, o caput art. 121 do Código Penal: “Matar alguém”, quem 
mata um animal, não será punido por esta norma, por mais que tenha matado, ele 
não matou “alguém”, ser humano. 
Para tal, é necessário desvendar qual a real vontade do legislador, os 
valores e preceitos que ele quis defender na edição da lei, bem como qual a 
finalidade buscada pela lei, ou seja, quais são os seus destinatários, delimitando a 
atuação da norma. 
Ressalte-se que o intérprete não deve estar, exclusivamente, atrelado ao 
objetivo pela qual a lei foi feita, nem mesmo em tentar reconstituir o pensamento do 
legislador, pois a lei pode ser mais abrangente que o próprio pensamento do 
legislador, devido ao seu caráter genérico, sendo aplicada muito anos depois à 
situações que nem mesmo foram imaginadas pelo próprio legislador, já que o 
intérprete adapta os velhos institutos às novas ideias, diante da realidade em que 
está. 
É preciso atentar-se as perspectivas da interpretação teórica e prática. A de 
cunho teórica explica como o processo de interpretação e compreensão acontece, 
em que se afirma ter uma relação de conhecimento, onde é encontrado um sujeito 
capaz de conhecer e um objeto, susceptível de conhecimento. Nesta linha, o 
objetivo das teorias é simplesmente uma forma de ensinar aos novos operadores do 
Direito como é o Direito, como interpretar uma norma, serve de auxílio aos trabalhos 
acadêmicos. 
Por outro lado, há também uma perspectiva prática, onde busca estabelecer 
regras e métodos que conformem de tal modo o processo de interpretação e 
compressão se torne possível reduzir os erros e mal entendidos na leitura literal do 
texto de lei. Esta perspectiva auxilia o magistrado no ato de julgar, quando se revela 
num contexto social concreto normas que poderiam não ser aplicadas por falta de 
interpretação. 
Ainda, a interpretação tem fundamental importância na elaboração de 
normas, fundamentação para advogados e magistrados, é como se fosse um 
manual para entender a lei, no qual apenas ler o texto de lei não o faz entender todo 
o contexto legal da norma, nem mesmo seu alcance, muito menos sua finalidade. 
 
2.3 das espécies de interpretação 
 
Quando intérprete se depara com uma norma, pronta para ser 
examinada, surge uma pergunta: deverá buscar a vontade da lei ou reconstituir a 
vontade exclusiva do legislador? No que tange a interpretação, ela pode se 
classificar de acordo com o resultado que for obtido pelo intérprete. 
Quanto ao resultado, as principais classificações da interpretação podem 
ser: 
 
 Declarativa – refere-se aos casos nos quais há dúvida, porém é esclarecida 
por estar em harmonia entre a lei e a mens legis (espírito da lei), em outras 
palavras, é a perfeita adequação entre o texto e o alcance da lei, sem precisar 
restringi-la ou ampliá-la; 
 
 Restritiva – ocorre quando o intérprete restringe o sentido da norma, fazendo 
com que a norma não ultrapasse o que o legislador pretendia dizer; 
 
 Extensiva – nesse caso, observa-se que o legislador disse menos do que 
pretendia dizer, a qual o intérprete obtém amplia o campo de incidência da 
norma, se adequando a vontade do legislador. 
 
Da mesma forma, há que se falar da origem da interpretação, em qual 
momento é feita a interpretação, neste sentido, quanto à fonte, a interpretação pode 
ser: 
 
 Autêntica - é a interpretação concretizada pelo próprio legislador. Se este 
edita uma nova norma com o intuito meramente interpretativo, irá retroagir a 
eventos passados, tendo em vista que sua função limitou-se a explicar o 
sentido da norma anterior. Porém, se houver alteração ou modificação, não 
irão retroagir, respeitando o princípio da anterioridade da lei; 
 
 Doutrinária - é a interpretação feita por especialistas do Direito, juristas, 
mestres para poder expressar o seu ponto de vista ao interpretar uma referida 
norma. É comumente encontrado em livros, revistas científicas, entre outros. 
 
 Jurisprudencial - são interpretações feitas no ato de julgar. Obviamente, são 
feitas por juízes, desembargadores e ministros, pois estes são dotados de 
saber jurídico e possuem jurisdição para julgar. Entretanto, não pode o Poder 
Judiciário inovar contra preceitos da norma, a interpretação deve-se fixar e 
critérios pré-estabelecidos pela lei; 
 
2.4 dos elementos de interpretação 
 
A função do intérprete é avaliar as finalidades da norma, visando a 
coletividade e o bem comum. Sempre que o intérprete se deparar com uma norma, 
caberá a ele a função de analisar os fins sociais da lei, buscando entender porque a 
norma foi criada e para qual propósito. Entretanto, se houver colisão entre os 
interesses individuais e da coletividade, este último deverá sempre se posto em 
primeiro lugar. 
Fácil entender por quê. Ao dar preferência aos direitos coletivos, o individual 
não ficará desprotegido, porque o principal objetivo a qual uma norma é criada se 
destina ao bem comum, ou seja, não haverá privilégio para ninguém, todos serão 
tratados igualitariamente. 
Neste sentido, os elementos de interpretação auxiliam o intérprete, pois 
estabelece prioridades e parâmetros que devem ser observados no ato de 
interpretar. São eles: 
 Gramatical – se baseia nas regras da linguística. Determina que o intérprete 
avalie em sua atividade o texto da lei, sua origem terminológica, pontuação, 
etc. Em outras palavras, é o sentido literal da lei. Porém, há críticas a esse 
elemento, pois pode esconder o seu real sentido, que pode estar além do 
sentido encontrado pelo intérprete dentro da norma. 
 
 Lógico – é a analise lógico-racional da coerência do texto da lei, buscando 
verificar o sentido e o alcance da norma, bem como os motivos pela qual foi 
editada. 
 
 Sistemático – verifica o sistema jurídico dentro de um contexto legal inserido 
na lei. É a busca de todos as normas que possam se explicar, mostrando que 
nem sempre uma norma age sozinha, as vezes há um outra norma que rege 
a primeira, tudo formando uma grande estrutura jurídica. Com isso, o 
intérprete encontra as regras gerais contidas no ordenamento jurídico, bem 
como as exceções. Por utilizar-se da lógica na busca de outras normas, há 
quem chama esse elemento de lógico-sistemática. 
 
 Histórico – nada mais é do que se colocar no lugar do legislador na época em 
que foi editada a norma para que se possa entender por qual motivo foi 
criada. Assim, entendendo em qual contexto histórico e preceitos que 
influenciaram para que o legislador a editasse a lei, o intérprete consegue 
fazer umalinha histórica com coerência entre a lei e os fatos ocorridos a ela. 
Vale-se dizer que ao longo do tempo a lei vai se adaptando aos moldes da 
sociedade, então nem sempre uma lei guardará todos os dispositivos da 
época em que foi criada; 
 
 Teleológico – busca o sentido e aplicação da norma a partir da finalidade 
social a que ela se dirige. Destaque-se que o sentido da palavra “teleologia” 
não guarda nenhuma relação com preceitos religiosos, mas faz referência a 
explicar as coisas pelo fim a que são destinadas. O intérprete interpreta a lei 
em função de suas finalidades e objetivos, determinando quais os pontos que 
a lei pretende preservar, sendo respeitado a evolução da sociedade, já que as 
finalidades devem se alterar com o passar dos tempos. Então, cabe ao 
intérprete, utilizando-se de princípios do próprio ordenamento jurídico, 
encontrar quais seriam as novas finalidades a qual a lei deverá atingir. 
 
3 LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 
 
A Lei de Introdução ao Código Civil, Decreto-lei nº 4.657/42, é um conjunto 
de normas sobre normas, já que disciplina outros ramos do Direito, exceto o Direito 
Penal. Entretanto, como se pode ver, há divergência entre o título e o que foi dito. 
Em 2010, pela lei nº 12.376/10, foi alterado a nomenclatura da lei, ato meramente 
estético, mas que trouxe grande repercussão, pois ao utilizar-se da interpretação e 
compreensão da aplicação de uma norma, é fato de que esta lei só seria aplicada 
aos dispositivos do Código Civil, porém, com a alteração, é cediço de que todos os 
ramos do Direito estão sendo abrangidos. 
Alguns entendem que representariam normas que propõem conselhos, 
outros acreditam que são normas que indicam os critérios de interpretação, mas que 
não impedem a utilização dos demais, e ainda há aqueles que acreditam que são 
normas, obrigatórias, mas poderão sofrer adaptações, pois, da mesma forma que as 
outras normas, deverão ser adaptadas à realidade. 
A não aplicação da LINDB no Direito Penal se faz pelo fato de que não 
existe analogia (art. 4º da LINDB) dentro do Direito Penal, pois haveria prejuízo a 
coletividade. Tanto que alguns artigos do Código Penal, que é de 1940, foram 
adaptados à LICC, hoje, LINDB. Como, por exemplo, o art. 1º da LINDB e o art. 3º 
do Código Penal, ambos fazem referência à vigência e eficácia da norma jurídica. 
Para a hermenêutica, a LINDB é como se fosse a previsão de interpretação 
dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Vejamos o que diz o art. 5º: “Art. 5º. Na 
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências 
do bem comum.”. Em outras palavras, estando o juiz em dúvida de como aplicar a 
lei, deverá aplicar atendendo aos fins sociais a que ela se dirige e as exigências da 
coletividade. Frise que se leva em conta o bem da coletividade em desfavor do 
individual. 
O intérprete não poderá atuar sem limites, pois caberá a ele, exclusivamente 
atualizar as finalidades da lei, através do elemento de interpretação teleológico, sem 
agir em discordância com as normas vigentes. Poderia este, ao interpretar uma 
norma, até se esquivar de aplicá-la, se não achasse que estaria de acordo com os 
ditames da Justiça. 
A liberdade do intérprete residia na possibilidade atuar até mesmo fora do 
texto da lei, mas desde que buscasse a concretização da Justiça. 
 
3.1 das fontes do direito 
Segundo o italiano Francesco Carnelutti, lide é o conflito de interesses 
qualificado por uma pretensão de direito resistida ou insatisfeita. Em outras palavras, 
é quando uma pessoa age em discordância com a lei e a outra não pode fazer nada, 
considerando que o Estado tirou o direito de auto-tutela do cidadão, salvo os casos 
expressos em lei. 
Então, toda vez que houver uma lide, a pessoa se sente no direito de 
recorrer ao Estado-Juiz, para que possa resolver seus conflitos. 
Entretanto, onde o juiz vai encontrar o Direito para resolver os conflitos? É aí 
que entra a hermenêutica. 
O juiz se pautará nas fontes do direito, que podem estar expressos ou não 
em lei. Senão, vejamos. 
O art. 4º da LINDB trata das fontes formais de direito. A lei é a fonte principal 
de onde o juiz irá encontrar o Direito, mas caso seja omissa, o juiz irá utilizar-se, da 
analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito. A analogia consiste em fazer 
uma interpretação sistemática na busca de uma outra lei ou dispositivo que tenha 
algum assunto análogo para suprir a omissão da lei para que, então, possa ser 
utilizado no caso concreto. 
Já os costumes são utilizados quando não for encontrada esta outra lei para 
fins de analogia. Os costumes se caracterizam por atos contínuos praticados pela 
sociedade de forma rotineira, hábitos. E por último, os princípios gerais do direito, 
que são mandamentos, padrões de conduta, presentes de forma explícita ou 
implícita no ordenamento jurídico, e também serão aplicados no caso do juiz não 
encontrar o direito na lei, em analogia e nos costumes. Vale ressaltar que no caso 
do princípio ter previsão legal, ele terá mais força do que os outros. 
Outrossim, o nosso ordenamento jurídico ainda conta com as fontes 
informais de direito, que, neste caso, não são hierárquicas perante as fontes formais. 
São normalmente encontradas em livros e julgados. Estas fontes são a 
jurisprudência e doutrina. 
Segundo Miguel Reale, a jurisprudência é “a forma de revelação do direito 
em que se processo através do exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão 
harmônica de decisões dos tribunais”. Todavia, por se tratar de uma forma informal, 
não pode, por si só, fundamentar uma sentença, mas pode convencer um juiz ou 
auxiliá-lo na conclusão do processo. 
Por fim, a doutrina, que é o pensamento escrito de mestres e juristas que 
buscam interpretar a lei para auxiliar o juiz, bem como para ensinar aos estudantes. 
Como fonte informal, a doutrina busca interpretar a lei, mostrar para o juiz que ele 
pode utilizar tal dispositivo no caso concreto sem receio de estar indo em 
contrariedade com a própria lei. A doutrina pode ser facilmente comparada à 
hermenêutica, digo, a doutrina é feita através da hermenêutica. 
 
4 DA IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA 
 
Nem sempre o texto da lei é clara. Como já apresentado, é necessário que 
haja uma interpretação minuciosa a fim de averiguar qual o campo de alcance desta 
norma, qual o fim que ela pretende alcançar. 
Hipoteticamente, digamos que a tecnologia supere a vontade humana, 
fazendo com que um chip possa controlar a emoção de um homem para que não 
cometa nenhum tipo de mal à outra pessoa. Pergunta: seria necessário o Código 
Penal? 
Não é necessário uma resposta, você encontrou-a sozinho(a), pois fez uma 
interpretação lógica, se ninguém vai cometer crime para que existir uma lei que puna 
quem pratica? Isto é uma interpretação. 
Agora, vejamos nossa realidade, é indispensável que um juiz, um advogado 
ou um promotor tenham um saber jurídico relevante num determinado ramo. Para 
adquiri-lo, não adianta decorar todo o Código Civil ou Penal que saberá tudo neste 
ramo. A interpretação (doutrina) é o caminho pelo qual o conhecimento é adquirido. 
Os doutrinadores são pessoas que buscam transparecer o que está escrito na lei, 
apresentando uma grande segurança em seu saber. 
Não seria melhor que a própria lei descreve-se toda a sua finalidade e seu 
alcance? É aí que está, imagina se o legislador ao explicar tudo o que quer dizer, 
ampliar mais ainda o campo de alcance da norma, pois não seria extinto a 
interpretação, ou pelo contrário, dizer menos do que quis realmente dizer, estaria 
restringindo a aplicação desta norma, mas ampliando mais ainda o campo de 
interpretação. 
Assim, não é que o nosso ordenamento jurídico esteja em perfeita harmonia, 
mas estamos no caminho certo. 
 
 
 
5 CONCLUSÃO 
Considerandotudo o que foi dito, percebemos que desde a antiguidade, a 
hermenêutica vem se mostrando um papel importante no ato de se obter direitos, a 
cada interpretação, o intérprete vai adquirindo um posicionamento moderno, 
amoldando o direito aos fatos sociais relevantes. A Hermenêutica é a grande arte de 
interpretar. Dessa forma, é cediço a essencial e necessária importância para o 
Direito, classificada como Hermenêutica Jurídica e responsável pela leal e fidedigna 
transmissão do que propõem as leis, para facilitar a aplicação do Direito na 
sociedade, obtendo dessa forma a harmonia geral. 
Pode-se perceber que muitas leis no Brasil são bem antigas, mas com o 
tempo a lei foi se modificando de acordo com a sociedade, isto foi, por um lado, feita 
pela própria interpretação da norma, a própria hermenêutica mostra se uma lei está 
sendo aplicada ou não. Se uma lei cai no campo do desuso, obviamente a 
hermenêutica não estaria sendo aplicada, e não é o caso. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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em: <http://jus.com.br/artigos/29/a-importancia-da-interpretacao-juridica-na-busca-
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<http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/109485/n-136-1-fase-conceito-de-interpretacao-
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STRECK, Lenio. Hermeneutica Jurídica e(m) Crise: uma exploração hermenêutica 
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<http://www.isaacribeiro.com.br/2009/11/23/a-interpretacao-do-direito/>. Acesso em 
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MULTIVIX – CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
AGOSTINHO TIRELLO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2015

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