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Direito ao Esquecimento na Sociedade Digital

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2. A SOCIEDADE DIGITAL E A APLICABILIDADE DO DIREITO AO ESQUECIMENTO
2.1 O Direito ao Esquecimento e o seu reconhecimento ante o ordenamento pátrio
O “direito de ser deixado em paz” ou ainda, o “direito de ficar só”, são mais uma das formas como esse direito é conhecido. Nós Estados Unidos é conhecido como the right to be alone, já em países de idioma espanhol é denominado de derecho al olvido.
Esse direito não se trata de algo novo, uma vez que nos países da Europa e nos Estados Unidos já existiam discussões sobre o assunto. O instituto foi utilizado inicialmente em 1931, em um julgamento realizado pelo Tribunal da Califórnia nos Estados Unidos, no caso Mervin versus Reid, o qual ficou decidido que a bibliografia de uma ex garota de programa não deveria ser publicada, pois nessa continha informações sobre um homicídio do qual a ex prostituta foi injustamente acusada, tendo sido absolvida em 1918.
	O direito de ser esquecido na internet foi reconhecido pela primeira vez na União Europeia. Mario Costeja González, descontente que uma pesquisa de seu nome no Google sendo que esta estava relacionada a uma notícia do jornal La Vanguardia, que resultava em links de notícias antigas sobre dívidas que não mais tinha. Insatisfeito com tal situação, entrou em contato com o citado jornal e o Google Spain com o fim de requerer a desindexação do conteúdo, entretanto, não obteve sucesso, em razão disso denunciou o ocorrido a Proteção de Dados Espanhola, alegando que a indicação a esses links violava o seu direito à privacidade. O caso chegou ao Tribunal de Justiça da União Europeia, que foi favorável ao indivíduo.
No Brasil, foi reconhecido em 2013 pelo Superior Tribunal de Justiça, especificamente na VI Jornada de Direito Civil, vide enunciado de nº 531. O fundamento da elaboração do citado enunciado é a de que os prejuízos ocasionados pelas novas tecnologias de informação vêm-se aglomerando no momento atual, sendo que este se originou na seara criminal, aparece como parte significativa do direito do ex detento à ressocialização. Não confere a nenhum indivíduo o direito de excluir acontecimentos ou reescrever a própria história, entretanto, apenas garante a possibilidade de debater a utilidade que é ofertado aos fatos passados, mais notadamente o modo e o fim com que são recordados. ¹
Com isso, a publicação de informações tem que se primar pelo princípio da dignidade 
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¹ O enunciado de nº 531 diz que “A tutela da dignidade da pessoa na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento”, o qual foi aprovado na VI Jornada de Direito Civil, realizada pelo Superior Tribunal de Justiça, em março de 2013. BRASIL, Código Civil, 2002, p. 135.
2 MARTINEZ, P. D. “Direito ao esquecimento: a proteção da memória individual na sociedade da informação”.1ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p. 81.
do ser humano (art. 1º, III, da CF/88), em virtude disso alguns autores afirmam que o direito ao esquecimento é uma decorrência desse princípio.
Introduzido também no artigo 11 do CC, o qual diz “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”
Nesse sentido, Jorge Miranda, citando diversos civilistas, conceitua o direito da personalidade como sendo:
Posições jurídicas fundamentais do homem que ele tem pelo simples fato de nascer e viver; são aspectos essenciais ao seu ser e devir; revelam o conteúdo necessário da própria personalidade; são emanações da personalidade humana em si; são direitos de exigir de outrem o respeito da própria personalidade; têm por objeto, não algo de exterior ao sujeito, mas modos de ser físicos e morais da pessoa ou bens da personalidade física moral e jurídica ou manifestação parcelares da personalidade humana ou a defesa da própria dignidade.²
Conforme leciona Orlando Gomes, a personalidade é uma característica jurídica. O direito à personalidade representa um conjunto de qualidades inerentes ao indivíduo, e em razão disso diz em multiplicação do direito à personalidade, explanando esses atributos que não são vedações. ³
Thiago Villela, ressalta a proeminência da matéria sobre direito da personalidade, em virtude do surgimento de novas tecnologias, que por ventura acabam expondo demasiadamente a vida das pessoas, em especial por meio da internet e, não incomum, voluntariamente, e também da progressiva discussão da autonomia privada e seus limites.4
Para Viviane Nóbrega, “o Direito ao Esquecimento revela-se por inúmeras facetas, não se esgotando nas questões que emergem da possibilidade de apagamento de dados antigos disponibilizados na rede, seja por ato da própria pessoa ou por ato de terceiros.” 5
O Ministro Luis Felipe Salomão, no informativo de nº 527 do STJ em dois julgados nos quais foi relator, apresenta um conceito de Direito ao Esquecimento, no qual este se manifesta na controvérsia a respeito da chance de um indivíduo impossibilitar a publicidade de dados, ainda que sejam verdadeiros, não é mais atual e sua divulgação produziria os mais variados transtornos, tanto a pessoa do indivíduo, quanto a seus familiares. 6
Cabe salientar que ao julgar os mencionados recursos Especiais, o STJ não incluiu no mérito, sequer abordou o assunto com menção a situações ocorridas no meio virtual, tão somente no ambiente televisivo, referente a reportagem relativas a acontecimentos verídicos e passados, tendo sido alegado que tal publicidade teria ferido direitos.
Viviane Nóbrega faz uma interessante diferenciação entre esse instituto, objeto do presente artigo, e algo que é muito confundido com este, o direito da propriedade imaterial, de forma que neste caso, pode ser um terceiro ou o próprio indivíduo, que expõe a informação na rede teria a titularidade da mesma, ensejando, desse modo, a solicitação de remoção da mesma. Enquanto que naquele, não foi a pessoa que inseriu tal notícia na rede, mas sim atos de um terceiro, devendo ocorrer uma análise ao pedido de sua retirada não pelo simples fato do indivíduo ser o “proprietário”, mas porque a sua permanência possa a vir causar danos irreparáveis a vida do sujeito.
 No que tange ao pressuposto ensejador do pedido de remoção de informação dos meios virtuais, Viviane Nóbrega afirma que as informações devem ser verídicas, de modo que, quando despidas de veracidade ou a discursos que configuram ato criminoso, sequer existe margem de debate para reconhecimento de que devem elas ser, de pronto, eliminados da internet.
Em 1983, o Tribunal de última instância de Paris, em uma de suas decisões asseverou esse direito se baseado nos requisitos de decurso do tempo e perda da necessidade histórica, bem como que a sua exposição possa lhe gerar dano.
Em manifestação o STJ diz: “não se pode, pois, permitir a eternização. Especificamente no que concerne ao confronto entre o direito de informação do direito ao esquecimento dos condenados e dos absolvidos em processo criminal, em regra, ao último. ”
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Não obstante, restou inequívoco, se revelando oportuno frisar o merecimento da utilização da ponderação do direito ao esquecimento com o direito da informação e da proteção à memória histórica nacional, tendo em vista que da mesma forma que a memória coletiva da sociedade exige proteção, a memória individual também carece de preservação.
² MIRANDA, Jorge. Apud JUNQUEIRA, Thiago Villela. “O direito privado brasileiros, Interpretado pela academia brasileira de direito civil”. Belo Horizonte - MG, Editora D'Plácido, 2017, p. 281.
³ GOMES, Orlando. “Introdução ao Direito Civil”. 13ª ed., Rio de Janeiro-RJ, Editora Forense,
1999. p. 141.
4 JUNQUEIRA, Thiago Villela. “O direito privado brasileiros, Interpretado pela academia brasileira de direito civil”. Belo Horizonte - MG, Editora D'Plácido, 2017, p. 278.
5 MALDONADO, Viviane Nóbrega. “Direito ao Esquecimento”. São Paulo: Novo Século Editora, 2017, p. 01.
6 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recursos Especiais nº 1.335.153-RJ e 1.334.097-RJ,Caso Aída Curi e Chacina da Candelária, respectivamente. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. Brasília, DF, 28 de maio de 2013. Diário da Justiça, Brasília-DF, 10 de Setembro de 2013. Disponível em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/informativo-tribunal,informativo-527-do-stj-2013,45443.htm
l>. Acesso em 10 de outubro de 2013.
Segundo Flávio Costa, na seara dos direitos fundamentais, algumas das questões mais abordadas pela doutrina e muito chegam aos tribunais referem-se aos conflitos entre liberdades comunicativas e privacidade. Nessa categoria podemos incluir a antiga, porém em aberto, questão referente ao direito ao esquecimento, que, diante da realidade destacada, retomou espaço no debate público contemporâneo. 7
Afirma, ainda, que tais conflitos quando foram analisados deve ser levando em consideração os meios de comunicação tradicionais e, também, os aspectos da internet, certamente um instrumento dotado de enorme potencial de promoção e também lesão a direitos. Há discussões específicas sobre direito ao esquecimento na internet, tomando relevo não só as publicações, mas o armazenamento e o compartilhamento.
No julgamento dos recursos especiais nº 1.335.153-RJ e 1.334.097-RJ, o Ministro Luis Felipe Salomão do STJ, deixou conjuntura à interpretação no momento em que relata que apesar do referido fato ter se transformado em reconhecidamente histórico, o qual apresentou a comunidade internacional as mazelas vivenciadas pelo país, tornando-se a expressão da fragilidade da proteção por parte do Estado dos direitos humanos dos menores que se encontram em de risco, a lamentável evento poderia ter sido narrada de maneira fiel ao ocorrido, sem que fosse necessário a exposição da figura e do nome do indivíduo em rede nacional.
No Estado brasileiro, o direito de ser esquecido possui lugar constitucional e legal, considerando que é uma consequência do direito à privacidade, intimidade e honra, garantidos pela CF/88 (art. 5º, X) e pelo CC/02 (art. 21).
Esse instituto preserva a identificação de agentes que participaram de alguma forma em um crime e que estes não sejam alocados a novos materiais jornalísticos ou documentais feitos no prazo de após 05 (cinco) anos do cumprimento ou da extinção da pena, expandindo a norma para sites de pesquisas: "obrigados a deixar de indexar novos links quando perseguido esse marco temporal". Com poucos cliques é possível ler reportagens sobre fatos ocorridos há muitos anos, inclusive com fotos e vídeos. Enfim, é quase impossível ser esquecido com uma ferramenta tão poderosa disponibilizando facilmente um conteúdo praticamente infinito.
Como já explanado outrora, os exemplos no âmbito penal são os mais frequente quando se fala em aplicação desse direito, entretanto, englobar situações das mais diversas. Verifica-se, contudo, que o direito à dignidade do ser humano, em especial o direito à integridade moral ou psíquica, à privacidade, à honra e à imagem, em determinado momento, colidirá com o direito à liberdade de imprensa e o direito ao acesso à informação 
7 COSTA, Flávio. “Direito ao esquecimento – Democracia, Liberdade e Fantasmas do Passado”. Editora Simplíssimo Livros Ltda, 2018, pp. 03 – 05.
coletividade.
2.2. Do surgimento da internet e a nova forma de encarar as memórias
Historicamente, a rede mundial de computadores, ou como mais comumente conhecida Internet, surgiu em plena Guerra Fria no final da década de 1960. Concebida exclusivamente com os propósitos militares, e seria uma das maneiras das forças armadas norte-americanas de preservar as comunicações em caso de ataques inimigos que prejudicasse os meios costumeiros de telecomunicações. 8
 Nas décadas de 1970 e 1980, além de ter como utilização os objetivos militares, a Internet também foi um significativo instrumento de comunicação acadêmica. Estudantes e professores universitários, em especial dos EUA, reciprocavam ideias, mensagens e conquistas pelas linhas da rede mundial, através do e-mail.
Contudo, foi somente no ano de 1990 que a Internet teve seu estopim alcançar dessa forma a população global. Sendo que a febre das mídias sociais teve seu início a partir do ano 2006, começando, assim, um novo período no mundo virtual com o avançamento das redes sociais. O Precursor entre as redes sociais, o Orkut ganhou a predileção dos brasileiros. Nos anos subsequentes apareceram outras mídias sociais como, a exemplo, o Facebook, o Twitter, o Google Plus e o Instagram.
Segundo o autor Sérgio Branco, a criação da internet de certa maneira fez com que as pessoas restabelecessem a forma que lidam com as suas próprias memórias. É evidente, no presente momento, a divulgação para o público em geral de atos que eram altamente privados. É evidentemente notório a transferência, na sociedade em que vivemos, acontecimentos privados para espaços coletivos.9
Na década de 90, com a disseminação da Internet em todo o mundo, modernos exemplos de acesso a conteúdo foram difundidos, como a ferramenta de pesquisa Google criada em 1998 como mecanismo de busca. Inevitável menosprezar que o considerável avanço tecnológico verificado nos últimos anos ocasionou profundas modificações na coletividade, inclusive no que tange às referências de comunicação e a formato de alastramento de informações.
Neste sentido, a internet congrega a maior fração de novos temas relativos a particularidades variadas da sociedade atual, crescendo, assim, em todo o mundo, possui
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8 LIMA, Glaydson de Farias. “Manual de Direito Digital”. Curitiba: Appris, 2016, 1ª edição, p. 03.
9 BRANCO, Sérgio. “Memória e esquecimento na internet”. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2017, p. 01.
5 MALDONADO, Viviane Nóbrega. “Direito ao Esquecimento”. São Paulo: Novo Século Editora,
2017, p. 01.
6 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recursos Especiais nº 1.335.153-RJ e 1.334.097-RJ. Rel.
Min. Luis Felipe Salomão. Brasília, DF, 28 de maio de 2013. Diário da Justiça, Brasília-DF, 10 de
Setembro de 2013. Disponível em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/informativo-tribunal,informativo-527-do-stj-2013,45443.htm
l>. Acesso em 10 de outubro de 2013.
7 MALDONADO, Viviane Nóbrega. “Direito ao Esquecimento”. São Paulo: Novo Século Editora,
2017, p. 02.
solicitações de retirada de dados e de desindexação.
O tema se apresenta ainda mais complicado quando a aspiração é em torno de uma informação pretérita específica. Neste caso, Viviane Nóbrega diz que ao se assumir que no pretérito, o fato é verdadeiro e não constitui crime sendo este relevante, deve-se analisar se ocorreu a perda do interesse da coletividade neste, centrando-se o Direito ao Esquecimento nesse sentido.10
2.3. Da abrangência desse instituto as informações contidas no meio virtual
 Nos dias atuais, a Internet tem quase todas as informações sobre as pessoas, basta inserir o nome, e pronto, a página de pesquisa já lhe mostra praticamente um dossiê, pouco importando a sua vontade de dar publicidade a determinados fatos. Esses dados anteriormente ao surgimento da Internet, eram inacessíveis ao público em geral por estarem impressos em meios físicos.
O período digital em que existimos é o cenário inevitável da acessibilidade de informação de forma imediata e, quase, ilimitada, sendo possível ter acesso às notícias, fatos atuais ou pretéritos, comentários, fotos entre outras coisas de maneira simples.
Devendo-se, lembrar de que a possibilidade de regulação dos provedores de pesquisas não pode deixar de lado que a internet tem ferramentas de formas mais abrangentes e inimagináveis o direito à informação.
Além do que, trouxe ao indivíduo a sua autonomia de escolher como deseja administrar e de guardar as suas informações é algo que se deve ser enfatizado e em razão disso, adiante e por meio da inserção digital, devem-se também introduzir as pessoas na conversa, por meio de sua interação e consciencialização nesta metodologia relacionada a internet.
Por conseguinte, deve-se levar em consideração que o indivíduo ingressa no mundo virtual e torna-se umusuário da rede porque assim deseja, e não por ser obrigado a isso. Esse é o raciocínio do sistema. Notadamente uma intervenção abrupta no conteúdo digital modificará substancialmente a maneira pela qual se identifica a internet nos dias atuais, e assim também as suas utilidades.
No entanto, deve-se preservar pela integridade física e mental do próximo e se tal exposição venha a causar transtornos a vida dessa pessoa, o mais lógico e recomendável é a retirada de dados sobre ela que venham a denegrir sua imagem, seja para com terceiros, 
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10 MALDONADO, Viviane Nóbrega. “Direito ao Esquecimento”. São Paulo: Novo Século Editora,
2017, p. 03.
10 LIMA, Glaydson de Farias. “Manual de Direito Digital”. Curitiba: Appris, 2016, 1ª ed. p. 03.
11 BRANCO, Sérgio. “Memória e Esquecimento na Internet”. Porto Alegre: Arquipélago Editorial,
2017, p. 01.
seja para consigo mesmo.
Ante a realidade que beirava o surgimento da internet, ficando cada vez mais evidente que essa não só faria parte do cotidiano das pessoas, mais também modificaria a forma do acesso às informações e aos dados privados, assim, proclamou a Lei de nº 12.965/2014, a qual ficou comumente conhecida de Marco Inicial da Internet, de acordo com a qual em seu dispositivo 7º, o alcance ao meio virtual é primordial ao pleno desempenho da cidadania, e aos seus usufruidores são resguardados os direitos, dentre os quais está o de retirada permanente de dados íntimos que de algum modo forneceu a específica aplicação da internet.
 Ademais, por mais discussões que existam em volta do Direito ao Esquecimento, é verdadeiramente no meio virtual que essa problemática sobre esse tema é maior, uma vez que, já em prematura idade, crianças utilizam a internet, de forma que significativa parcela da problemática diz respeito a estas, que passam a ser titulares de direito e protagonistas de questões judiciais em situações mais variadas.
2.4. Dos meios alternativos de retirada de informações junto as plataformas de busca.
É perceptível que nos últimos anos, o crescimento em vários países democráticos de direito a solicitação de retirada de informações particulares presentes na Internet, não sendo incomum esses pedidos serem sucedidos de ações judiciais, buscando uma reparação pecuniária.
Um dos critérios para, de forma concreta, conseguir a retirada do conteúdo é a verificação da existência, ou não, de interesse público, sendo esse um dos principais pontos que leva a um resultado visível, de maneira que, estando evidente não existe a possibilidade de reconhecimento do pedido de retirada ou a determinação de prestação pecuniária por provável reparação por danos materiais e morais, porém não é uma tarefa fácil, pois não existe um conceito anteriormente estabelecido do que seria considerado interesse público, qual vem a ser analisado e construído a partir de cada caso concreto e através da jurisprudência.
 Tornando-se está a justificativa utilizada para a não transferência para as plataformas de informações virtuais da realização da ponderação e determinação de que seria interesse público. Apesar da noção de interesse público parecer óbvio, essa é uma das atividades mais trabalhosa, uma vez que inexiste um conceito concretizado para o cenário do tema.
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Além disso, que delegar aos buscadores a determinação de quais informações devem ser consideradas como suscetíveis de desindexação e quais são de interesse do
7 LIMA, Glaydson de Farias. “Manual de Direito Digital”. Curitiba: Appris, 2016, 1ª ed. p. 03.
8 BRANCO, Sérgio. “Memória e Esquecimento na Internet”. Porto Alegre: Arquipélago Editorial,
2017, p. 01.
público significa, de facto, delegar a entidades privadas a regulação de direitos fundamentais. A ponderação entre direito à privacidade de um indivíduo e direito à informação dos outros é uma atividade que pertence aos juízes, cujos critérios de decisão são estabelecidos pela lei e devem conformar-se à proteção dos direitos humanos. Ao contrário, sendo entidades privadas, os buscadores visam o processo mais economicamente eficiente e a proteção do direito ao processo justo do usuário poderia não ser a sua primeira preocupação.
A plataforma de pesquisa Google realiza no seu sistema, que quem desejar ter informações retiradas das páginas de pesquisa desse site de buscas devem preencher um formulário online disponível a toda e qualquer pessoa para requerer a remoção de links de páginas que tenham conteúdo inapropriados, não mais relevante ou sem qualquer valor, o qual será examinada e se o conteúdo tiver satisfeito todos os requisitos será excluído, já que conforme alegado pelo mesmo, não é possível fazer um controle prévio das informações contidas nos seus bancos de dados.
Ademais, no que concerne ao Brasil, os pedidos de retirada de conteúdo ao Google no país apresentam com o dado oriundo do primeiro semestre de 2013, totalizaram o equivalente a 1.635 pedidos, sendo que 48% removidos das buscas e 44% das exclusões apresentavam como fundamentação casos de difamação. 11
 O primeiro precedente julgado envolveu a aplicabilidade do Direito ao Esquecimento em meio a era digital foi o recurso Especial de nº 1.660.168-RJ. 12 Abordou que distinto do direito à memória ou dos pareceres a respeito do direito ao esquecimento em seus primórdios (direito de ser deixado em paz), no meio virtual, esse instituto se demonstra muito mais como o direito do usuário de ter suas informações particulares excluídas de um ou vários sites presente na base de dados das plataformas de pesquisa (google, Yahoo etc.), fazendo, assim, com que conteúdos relativos ao indivíduo desapareçam dos meios de resultados para quem faz uma busca (desindexadas), notadamente, nas situações em que as informações não forem verídicas, pertinentes ou atualizadas, como foi acentuado pelo Superior Tribunal de Justiça por intermédio do REsp nº 1.660.168-RJ. 
De maneira simples, esclareceu que o direito ao esquecimento no meio analógico funciona na relação entre indivíduo imprensa, no tempo em que no direito ao esquecimento virtual estabelece a relação indivíduo buscador.
Conforme a narrativa do histórico do julgamento do REsp nº 1.660.168-RJ, com acórdão publicado no dia 05 de junho de 2018, a requerente foi declarada inocente pelo Conselho Nacional de Justiça pela imputação de fraudar um certame público para a carreira da magistratura no ano de 2007, consoante se encontra na página do CNJ.
Contudo, apesar da decisão do CNJ no processo inocentando a mesma, todas as vezes que procurava por seu nome nas plataformas de busca, encontrava-se conteúdo sobre o ocorrido, o que acabava por lhe causar grande estremecimento de natureza moral, inclusive por ter sido declarada inocente da acusação. Procurou, assim, através de ação judicial a imposição aos provedores de pesquisas no meio virtual para que essas instalasse filtros com a finalidade de que determinado assunto não ficasse sendo apontado nas buscas correlacionadas ao seu nome.
Tendo sido uma das primeiras vezes em que o Superior Tribunal retratou sobre o assunto à luz da ótica digital, exclusivamente no que tange aos indexadores, direito de desindexação de dados particulares. O caso mencionado, teve seu julgamento iniciado no mês de agosto de 2017.
 O Sanseverino mencionou a situação do julgamento realizado pelo Tribunal de Justiça Europeu no ano de 2013 no qual injungiu a plataforma de pesquisa Google a obrigação de retirar dos resultados de suas buscas os links que endereçavam as páginas com informações íntimas de um cidadão espanhol que não desejava ter seu nome agregado a assuntos que julgava inapropriados e sem qualquer relevância.
 Noutro tempo, anterior ao julgamento do recurso em exposto, o ponto de vista do STJ era na percepção de que não se poderia exigir dos provedores de busca a exclusão de seus programas os resultados decorrentes das buscas de determinado termo ou expressão, muito menos os resultados que indicavam para uma foto ou um escrito peculiar não interessandoa indicação do endereço da página.
 Porém, trazendo para o entendimento do Ministro Luis Felipe Salomão, o qual vem ter respaldo quando se trata do tema de direito ao esquecimento, o Ministro Sanseverino reconsiderou que é necessário desenvolver cada circunstância de maneira com as particularidades de cada situação, certo de que o que a “pretensão da demandante é o reconhecimento de seu direito de evitar que, sendo feita a busca apenas pelo nome da autora, sem qualquer outro critério vinculativo à fraude, os resultados mais relevantes continuem a priorizar esse fato desabonador”.
No que corresponde ao ponto do qual é apresentada a ponderação de interesses, terminou o Ministro dizendo que, “na tensão que se coloca entre o direito fundamental à informação e as liberdades públicas do cidadão, o primeiro deve ceder”, estando o referido pedido apropriadamente englobado pelo direito de ser esquecimento, na medida em que causa dano à honra e à intimidade da requerente.
Entretanto, para a Ministra Nancy Andrighi, a qual foi relatora do Recurso Especial que restou vencida, é impossível obrigar filtros destinados aos buscadores, sob a justificativa de constituir uma categoria de censura antecipada, na qual “os provedores de busca não podem ser chamados a responder como censores privados”.
A colocação da Ministra acompanha a igual linha de pensamento instaurada por ela mesma, quando do julgamento do REsp nº 1.593.873-SP (2016), em que, de maneira simplificada, o STJ deixou de albergar a solicitação do autor que tinha a intenção de ver removidas todas as suas informações da rede, sobre os critérios de que os provedores não respondem pelos assuntos dos resultados das pesquisas procedidas por seus usufrutuários, e em razão disso não podem serem obrigados a concretizar um controle anterior das informações contidas nos resultados das buscas realizadas por cada pessoa e não podem ser impelidos a excluir de seus programas as respostas provenientes da busca de determinado termo ou expressão, muito menos os resultados que indiquem fotos ou transcrições determinadas, pouco importando a identificação da página onde este estiver armazenado.
Pois bem, não obstante os significativos acontecimentos começados pelo Marco Civil, é de notória compreensão que no Brasil ainda não existe uma devida e adequada proteção aos dados pessoais do usuário, em especial diante da inexistência de normas que regulamentam as condutas a serem exercidas pelas plataformas de pesquisa na internet, assunto que verdadeiramente gerou e ainda gerará novas discussões nos tribunais.
 Em contrapartida, na Europa o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, o qual tem aplicação obrigatória e de maneira uniforme em todo aquele espaço comunitário europeu, prevendo de forma expressa o direito ao esquecimento. O citado regulamento ao manifestar que a salvaguarda dos indivíduos particulares em atenção ao procedimento de 
seus dados pessoais é um direito indispensável.
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O já mencionado regulamento europeu possui como garantia o direito a ser deixado em paz, resguardando em seu artigo 17 que “o titular tem o direito de obter do responsável 
11 ARAGÃO, Alexandre; ORRICO, Alexandre. “Direito ao esquecimento europeu reabre debate sobre a liberdade na web.” 19 de maio de 2014. Folha de São Paulo TEC
 Disponível em: <http:www1.folha.uol.com.br/TEC/2014/05/1455521-direito-ao-esquecimento-europeu-reabre-debate-sobre-liberdade-na-web.shtml>. Acesso em: 08 de junho de 2014.
12 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 1.660.168-RJ. Tel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze. Brasília, DF, 08 de maio de 2018. Diário da Justiça, Brasília-DF, 05 de junho de 2018. Disponível em: http://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201402917771&dt_publicacao=05/06/2018. Acesso em 06 de junho de 2018.
pelo tratamento o apagamento dos seus dados pessoais, sem demora injustificada, e este tem a obrigação de apagar os dados pessoais, sem demora injustificada”, quando estiver constante um dos objetivos apresentados no referido regimento. 13
Por ser este um regramento legal suscetível de efetivação também por empresas nacionais, ao abordar dados pessoais de cidadãos europeus, o tema indubitavelmente aumentará em contrariedade e se tornará um assunto com uma maior relevância no âmbito interno. AsAs regras envolvendo o mundo virtual, como a que faz a exigência da retirada de links, devem ser transcritas em documento de valor internacional, com direcionamentos uniformes e universais, tornando iguais normas de cooperação entre os países, viabilizando as liberdades constitucionais e os direitos humanos informacionais, entretanto, facilitando denúncias e solicitações de controle de conteúdo, em respeito ao princípio da dignidade do ser humano reconhecido internacionalmente.
Em um outro caso, o qual foi negado pelo STJ, agora está para julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Dias Toffoli. Em virtude de a sua relevância para decisões futuras, será a situação julgada como paradigma de repercussão geral, ainda sem data definida.
 Apesar de que, no Brasil, a questão emergir em razão de um caso anterior a era digital, o que for decidido pela Justiça a partir de agora em diante terá uma amplitude para mais à frente do público da mídia impressa e da televisão. Uma vez que, o julgamento nos buscadores da internet é inextinguível.
Já retratava a teoria alemã do centro da personalidade que a personalidade agrega um procedimento da vida de cada indivíduo. Desta forma, a pessoa está submetida nos mais variados ambientes em que esses processos acontecem. Sendo que um deles é o meio eletrônico. 14
Resta à pessoa ter o discernimento necessário para realizar as suas escolhas para a valorização dos aspectos da vida em que vive neste ambiente, como a sua privacidade, até mesmo porque a preservação de dados virtuais pessoais atingem europeu, prevendo de forma expressa o direito ao esquecimento. O citado regulamento ao apenas o meio ambiente eletrônico, como também causa grandes impactos na vida tangível da pessoa, envolvendo a construção da sua identidade.
Para Martinez, os dados pessoais dos usuários da rede de computadores transitam de maneira facilitada, inclusive quando esses sujeitos não utilizam corriqueiramente a internet. Cumpre observar também que todos os e-mail direcionados pelo Gmail a partir do ano de 2004 podem ser rememorados, reutilizados e encontrados, assim como seus serviços de conversa. Da mesma maneira, que a rede social Facebook arquiva todos os vídeos, fotos e informações postadas, inclusive conversas particulares. 15
Infere, ainda, que a internet, com a perpetuidade de seus dados e a dimensão de seus sistemas de busca, proporcionou elevada importância ao direito de ser esquecido, colocando-o em debates jurídicos, isso em razão das tecnologias da informação que possibilitam que dados pessoais de milhões de indivíduos sejam armazenados, os quais podem ser usados para as mais diversas finalidades. Além disso, a segurança na proteção dos dados pessoais em caráter mundial, e, especificamente, no Brasil, é insuficiente, porque se utilizando da internet é possível obter informações, tais como nome, idade, Cadastro de Pessoa Física (CPF), patrimônio, contas bancárias, propriedades, dados ideológicos, origem étnica ou racial, preferência sexual, entre outras tantas informações.
Assim, o Poder Judiciário nacional terminou por se enfrentar com anseios que envolvem tal relação entre pessoa e motor de buscas, uma relação também conflituosa, sendo este um possível indício fático para se discutir a respeito da existência de um “direito ao esquecimento” no meio eletrônico, perante os motores de pesquisa.
 Conforme Martinez, o direito ao esquecimento em nada se coaduna unicamente com a viabilidade de “ser deixado só”, porém identificá-lo pela proibição de forçar uma pessoa a viver com uma parcela de seu passado que de alguma maneira são relembradospor terceiros interessados somente na obtenção de vantagens nos acontecimentos que já não são mais lembrados pelas pessoas e transcorreu muito tempo, sem apresentar qualquer justificativa para a exposição de tal informação. 
 Ao fala a respeito do direito ao esquecimento, é imprescindível mencionar o jurista e filósofo francês François Ostras, o qual abordou e escreveu sobre o assunto:
“Uma vez que, personagem público, ou não, fomos lançados diante de cena e colocados sob os projetores da atualidade – muitas vezes, é preciso dizer, uma atualidade penal -, temos o direito, depois de determinado tempo, de sermos deixados em paz e a recair no esquecimento e no anonimato, do qual jamais queríamos ter saído.”16
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O Ministro Gilmar Ferreira Mendes, neste mesmo fundamento, assegura que se o
13 Disponível em <http://www.privacy-regulation.eu/pt/17.htm>. Acesso em 05 de setembro de 2018.
14 PETERS, Hans. “Das recht auf freie entfaltung der persöhnlichkeit in der hochstrichterlichen recht Jung. Düsseldorf. 1961. Westdeustscher Verlag – Köln ind Opladen, 1961, p. 84.
15 MARTINEZ, P. D. “Direito ao esquecimento: a proteção da memória individual na sociedade da informação”.1ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.
16 OST, François. “O tempo do direito”.Trad. Élcio Fernandes. Bauru: Edusc, 2005, p. 160.
indivíduo não mais for notável, não possuindo mais interesse da coletividade em torno de si, deve ser esquecido, conforme solicitado. Sendo que tal circunstância é perceptível no âmbito penal, no caso em que a pessoa já cumpriu a penalidade imposta e é primordial a sua reinserção sociedade. Passando este a ter o direito de não ver a disseminação dos acontecimentos que o levará ao cárcere para o público. 17
 Todavia, o direito ao esquecimento no âmbito digital é difícil de realizar, já que as informações são disseminadas de forma instantânea e não ficam concentradas em um único site, tornando tarefa quase impossível de ser cumprida a de excluir definitivamente todas as informações. No ambiente digital o entendimento dos juristas é que o direito ao esquecimento não é absoluto, dependendo da avaliação de cada situação específica. 18
No Brasil não há uma lei geral que disponha sobre a proteção de dados pessoais. A lei 12.965/14, que instituiu o Marco Civil da Internet, preenche parcialmente essa lacuna quando em seu art. 7º estabelece que o acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e aos usuários são assegurados direitos, dentre eles o de exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicação de internet.
A questão do direito ao esquecimento no âmbito digital é tormentosa, já que as informações são disseminadas de forma instantânea e não ficam concentradas em um único site, tornando tarefa quase impossível de ser cumprida a de excluir definitivamente todas as informações.
Lembre-se, assim, de que uma possível regulação dos motores de pesquisa não pode esquecer que a internet ferramentaliza de forma mais ampla possível o direito à informação. Como discorre Marcel Leonardi, “[...] a Internet revolucionou os meios de comunicação entre os povos, e em razão de seu alcance global, facilita a pesquisa, o trabalho e o desenvolvimento humano”. Além disso, incluir o indivíduo e a sua autonomia de determinar como gostaria de gerir e de armazenar os seus dados é algo que deve ser salientado e por isso, além e por meio da inclusão digital, devem-se também inserir as pessoas no diálogo, através da sua participação e conscientização neste processo relacional da internet. 19
Desta forma, deve-se lembrar de que a pessoa entra no mundo eletrônico e torna-se um usuário da rede porque quer. Esta é a lógica do sistema. Deve-se ter em mente que uma intervenção brusca no conteúdo online alterará essencialmente a forma pela qual se conhece a internet atualmente, e assim também as suas utilidades.
Ao se conceber uma regulação do conteúdo da internet por meio de uma intervenção junto aos motores de pesquisa que realmente inclua o usuário da rede, a indagação a respeito da possível existência do 'direito ao esquecimento’ no meio eletrônico torna-se mais congruente de ser pensada, já que lidaria com uma possível operacionalização de um possível direito que restaria executado por meio da consciência e participação do próprio usuário no processo de manejo dos seus dados. 20
 O direito ao esquecimento não impede que seja exercido o direito à memória, uma vez que este não tem o condão de impedir a concretização do direito à memória. Isso porque as violações de direitos humanos ocorridas no período da ditadura militar são fatos de extrema relevância histórica e de inegável interesse público. Logo, em uma ponderação de interesses, o direito individual ao esquecimento cede espaço ao direito à memória e à verdade histórica. Vale lembrar que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 24/11/2010, no Caso “Gomes Lund e outros” (Guerrilha do Araguaia), dentre outras razões, por ter negado acesso aos arquivos estatais que possuíam informações sobre essa guerrilha. 
 Evidencia-se que, até o presente momento, o Brasil conta apenas com a edição do Marco Civil (Lei n. 12.965/14) para proteger os dados pessoais em tempos de informatização. Além disso, editou-se norma penal condenando o ato de invadir dispositivo informático de terceiro, ligado ou não à rede de computadores, por intermédio da violação indevida de mecanismo de segurança, com o objetivo de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do dono do aparelho, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita, conforme se extrai do artigo 154-A do Código Penal, incluído pela Lei n. 12.737, de 30 de novembro de 2012. 
16
 Todavia, o ordenamento jurídico brasileiro conta com normas que podem ser direcionadas à aplicação do Direito ao Esquecimento, como as ferramentas de tutela e defesa do indivíduo fundadas no decurso do tempo e na impossibilidade do uso da informação que são, de maneira genérica, formas de empregar esquecimento. Ademais, observa-
17 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Toner. “Curso de direito constitucional”. 1 ª edição, São Paulo: Saraiva, 2007, p. 374.
18 Disponível em: https://jus-com-br.cdn.ampproject.org/v/s/jus.com.br/amp/artigos/62577/1?amp_js_v=a2&amp_gsa=1&usqp=mq331AQECAFYAQ%3D%3D#referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=Fonte%3A%20%251%24s&ampshare=https%3A%2F%2Fjus.com.br%2Fartigos%2F62577%2Fdireito-ao-esquecimento. Acesso em dezembro de 2017.
19 LEONARDI, Marcel. Controle de Conteúdos na Internet: filtros, censura, bloqueio e tutela. In: Direito e Internet: aspectos jurídicos relevantes. Vol II. DE LUCCA, Newton; SALOMÃO FILHO, Adalberto. (Coord). 2008. Editora Quartier Latin.
20 FRANCE PRESSE. Google recebeu 12 mil pedidos de 'direito ao esquecimento' em um dia. Folha de São Paulo TEC. 02/06/2014. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/tec/2014/06/1463681-google-recebeu-12-mil-pedidos-de-direito-ao-esquecimento-em-um-dia.shtml>. Acesso em: 08 jun 2014.
se que o direito atua como fator de estabilização do passado, concedendo segurança jurídica e previsibilidade ao futuro em decorrência da execução de seu regramento na sociedade. Diversos são os institutos de estabilização; a título de exemplo citam-se a prescrição, a decadência, o perdão, a anistia, a irretroatividade da lei, o respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada.21
Na concepção de Luca Belli, a proteção do direito ao esquecimento, tanto no âmbito digital como no analógico, é um elemento positivo para o indivíduo, mas deve ser concebido de forma atenciosa, porque pode ser explorado indevidamente. Assim, é essencial definir critérios sólidos para avaliar a pertinência ou a relevância das informações objeto do pedido de esquecimento. Na ausência de tais parâmetros, a obrigação de desindexar ou de não lembrar qualquer tipo deinformação “irrelevante” se tornaria a generalização de um mecanismo de censura.22
Esse último ponto é também o mais destacado pelos advogados da liberdade de informação e, particularmente, do direito coletivo à memória. Tal direito é especialmente relevante em países, como o Brasil, nos quais a saída de regimes autoritários é um fenômeno relativamente recente e a investigação dos crimes cometidos durante as ditaduras militares ainda não pode ser considerado um capítulo fechado da história do país. Nesse sentido, uma concepção excessivamente elástica de quais informações deixariam de ser relevante por causa do tempo decorrido poderia obstruir a reconstrução histórica da qual vários países latino-americanos ainda precisam.
21 MARTINEZ, P. D. “Direito ao esquecimento: a proteção da memória individual na sociedade da informação”.1ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.
22 Disponível em: https://www.jota.info/coberturas-especiais/liberdade-de-expressao/stj-consagra-direito-ao-esquecimento-na-internet-o-que-isso-significa-20052018. Acesso em 20 de maio de 2018.

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