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As Diferentes concepções de Natureza

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Fundamentos 
Metodológicos do 
Ensino de História e 
Geografia
As Diferentes Concepções de Natureza 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Adriana Furlan
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni 
5
•	As Diferentes Concepções de Natureza
•	A Natureza dos Povos Primitivos
•	Sociedades e Concepções de Natureza
Você já percebeu a importância da leitura do texto teórico e do desenvolvimento das atividades 
para o acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido e para o máximo de aproveitamento 
das aulas. Também percebeu que os textos complementares e os vídeos, entre outros materiais, 
auxiliam na compreensão dos conceitos básicos desenvolvidos nas unidades de conteúdo. 
Dando continuidade à nossa discussão sobre os fundamentos de História e Geografia, 
estudaremos, nesta unidade, o conceito de Natureza.
Vamos, neste primeiro momento, fazer uma pequena pausa para reflexão: que imagem vem 
a sua mente quando pensa em natureza? Árvores, rios, praias, cachoeiras, cidade, plantações? 
Geralmente, relacionamos a ideia de natureza a uma paisagem com elementos chamados 
físicos: clima, relevo, vegetação, rios etc. Por quê? Porque criamos, em nossa mente, essa ideia 
de natureza, que, no geral, nos exclui (os homens) dela?
 · Nesta unidade, discutiremos a construção de conceitos, utilizando 
como exemplo o conceito de Natureza.
 · A construção desse conceito deve ser considerada como uma 
base para o entendimento de como as ideias e conceitos estão 
relacionados, uma vez que, mudando as ideias, mudam os conceitos.
 · Para atingirmos satisfatoriamente nossos objetivos nesta disciplina, 
saliento a importância da leitura atenta aos textos e o empenho na 
realização das atividades propostas.
As Diferentes Concepções de Natureza
•	A Nova Natureza
6
Unidade: As Diferentes Concepções de Natureza
Veremos que a ideia que temos de natureza, hoje, em nossa sociedade industrial e capitalista, 
não é a mesma ideia de natureza que povoava a mente dos povos primitivos e nem dos de 
1.000 anos atrás. Dessa forma, discutiremos que os conceitos são criados em determinadas 
condições sociais e que, se mudarem as sociedades, o significado de cada conceito poderá 
mudar também.
Considere que o estudo que realizaremos sobre a ideia (conceito) de natureza pode ser 
aplicado a todos os outros conceitos produzidos pelos homens.
Se partirmos do princípio de que, um dia, cerca de 300 milhões de anos atrás, os seres 
humanos nem existiam ainda, poderemos, então, considerar que as palavras e ideias foram 
criadas e adquiriram significado na medida em que os seres humanos e os grupos sociais (e 
sociedades) foram se desenvolvendo e se tornando mais complexos.
Considere, então, que o conceito não é fixo, mas que ele revela muito da sociedade que o cria.
7
Para Pensar
O que é natureza? Podemos responder a partir do que acreditamos que seja natureza ou podemos 
responder: “depende”.
Depende do quê? A natureza não é uma só?
Veja um trecho do poema de Fernando Pessoa:
Por que será que o poeta afirma que natureza não existe? Podemos tocar a natureza? Os 
conceitos não são relativos a coisas concretas? 
No sentido do poema e do que discutiremos nesta unidade, a natureza e o que pensamos 
sobre ela é fruto de nossas mentes (doença, segundo Fernando Pessoa), porque só existe a partir 
do momento em que damos significado a ela. 
Você come fruta? Nesta linha de raciocínio a resposta é: não! Não comemos fruta, mas só 
laranja, banana, melancia... Fruta é uma abstração que significa um conjunto de elementos 
agrupados e designados por um nome. Para nós, abacate é fruta, mas, para outros povos, é 
legume. Tomate também.
Contextualização
“Vi que não há Natureza,
Que Natureza não existe,
Que há montes, vales, planícies,
Que há árvores, flores, ervas,
Que há rios e pedras,
Mas que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro
É uma doença das nossas ideias.”
8
Unidade: As Diferentes Concepções de Natureza
Em nossa sociedade capitalista e industrial, separamos sociedade de natureza, ou seja, 
separamo-nos da natureza, não nos consideramos parte dela. Todos nós pensamos assim? Será 
que há outras sociedades ou agrupamentos humanos que, neste início de século XXI, pensam 
de outra forma?
Segundo Moreira (1999), todos nós usamos os termos natural e natureza como oposição 
àquilo que consideramos artificial. O senso comum diz que natural é aquilo que não foi feito 
pelo homem, o que é próprio da natureza, e artificial é tudo aquilo feito pelo homem, mesmo 
que com recursos e ajuda da natureza.
Vejamos. Uma árvore plantada em um jardim de uma casa é natural ou artificial? A tendência 
é considerarmos que seja natural, mesmo que tenha sido colocada ali pelo homem. Uma cadeira 
de madeira é natural ou artificial? Neste caso, tendemos a considerar que é artificial, pois foi 
fabricada pelo homem. A madeira transformada em cadeira deixou de ser natureza? Por quê?
 
 
 Fonte: Wallyg - Flickr.com Fonte: sxc.hu
Essa discussão é complexa, mas queremos chamar a atenção para o fato de que os conceitos 
são muito mais do que simples definições sobre as coisas. Envolvem uma forma de concebê-las 
e essa forma pode mudar ao longo do tempo, como a história humana o tem demonstrado.
Para Moreira (1999, p. 11),
Importante é compreender que entre os seres humanos e os outros seres que 
compõem a nossa realidade as diferenças não se devem ao fato de uns 
serem naturais e outros não. As diferenças encontramos nas dinâmicas, nos 
ritmos, nas finalidades, nas formas, na reprodução, na recriação que cada 
um ou o conjunto de seres que compõem o planeta apresenta. (...) É entre os 
seres humanos, ou para as sociedades humanas, que tem sentido dizer que 
os homens fizeram ou fazem sua própria história. A natureza também tem a 
sua própria história. Mas é a história que nós contamos!
As Diferentes Concepções de Natureza
9
O que a citação de Moreira significa? Em primeiro lugar, que a Natureza, por si mesma, não 
escreve sua história, embora o passado geológico da Terra, por exemplo, esteja registrado nas 
rochas. Mas cabe ao homem, com base nas suas ideias, desvendar e dar nomes aos fatos e 
elementos do planeta, a começar por chamar determinadas coisas de rocha. Em segundo lugar, 
os homens reconhecem que existe um conjunto de elementos (a que chama de natureza) que 
se manifestam de forma distinta das chamadas coisas humanas. Para o autor citado, a diferença 
entre esses dois conjuntos (natureza e sociedades) é que a característica, composição e ritmos 
de cada um são diferentes.
Por exemplo, um morro leva milhares e até milhões de anos para se formar, mas a ação 
humana pode transformá-lo ou eliminá-lo em uma semana, um dia!
 Além dos diferentes ritmos que há na natureza e na sociedade, os significados de cada 
elemento que as compõem muda ao longo do tempo e a partir da visão de mundo que cada 
povo, no presente e no passado, tem desses elementos. Por exemplo: uma floresta.
 Fonte: Rahmonet - sxc.hu
Uma floresta pode ter diferentes significados, dependendo de quem a olha. Um madeireiro 
pode imaginar riqueza nas árvores, a partir de seu corte e venda da madeira. Para os indígenas, 
a floresta é fonte de alimento e moradia. Para os ecoturistas, a floresta é lugar de lazer e 
contemplação. Para os laboratórios farmacêuticos, é fonte de pesquisa e lucros. E poderão 
existir outros olhares e outras significações para uma floresta.
Da mesma forma, a natureza, em cada uma das diferentes sociedades que habitaram e 
habitam este planeta, será vista e assumirá significados distintos segundo os valores e objetivos 
de cada agrupamento social. 
10
Unidade: As Diferentes Concepções de NaturezaDessa forma, a construção da ideia de natureza (e de tantos outros conceitos que utilizamos 
em nosso cotidiano) é cultural e não natural. Conforme Gonçalves (1996, p. 34), 
toda sociedade, toda cultura cria, inventa, institui uma determinada ideia do 
que seja a natureza. Nesse sentido, o conceito de natureza não é natural, 
sendo na verdade criado e instituído pelos homens. Constitui um dos pilares 
através do qual os homens erguem suas relações sociais, sua produção 
material e espiritual, enfim, a sua cultura.
Percebemos, então, que diferentes ideias são reflexo de diferentes tempos e de diferentes 
sociedades. O surgimento de novas concepções acerca dos elementos do mundo e das relações 
entre as coisas sempre significa que algumas mudanças ocorreram em determinada sociedade. 
A aceitação de explicações (novas) dependeria (e depende) de mudanças nas relações 
estabelecidas entre os homens, pois essas mudanças é que são capazes de criar novas exigências 
de conhecimento, de relacionamento e de explicações das coisas naturais. Assim, diferentes 
sociedades produzem diferentes explicações de mundo.
A natureza e a história do homem estão intrinsecamente ligadas, já que faz parte da natureza do 
homem produzir ideias, concepções, modos de vida, hábitos de convivência, ou seja, produzir cultura.
No princípio, homem e natureza integravam um todo indissociável, mas isso não é mais assim, 
ao menos em nossa sociedade, pois, mesmo afirmando o contrário, não nos consideramos parte 
da natureza. A natureza reconhecida como alteridade (o outro) indica o início de mudanças nas 
relações sociais, ocorrendo a divisão entre o mundo natural e o mundo social. Por que ocorre 
essa divisão? Veremos que o homem, para poder explorar a natureza em seu benefício (sem se 
sentir culpado), precisou se afastar dela, conhecer seu funcionamento e explicá-la (a partir do 
surgimento e aperfeiçoamento das ciências).
Todas as verdades que já disseram sobre a natureza, e todas que ainda serão ditas, dão ao 
poeta liberdade de entendê-la como produto (“doença”) das nossas ideias, e a nós a certeza 
de que a melhor e mais correta maneira de a ela (natureza) nos referirmos não é a de dizermos 
o que ela é abstratamente, mas sim o que ela tem sido para nós, ao longo de cada um dos 
diferentes momentos históricos que os homens já produziram (Carvalho, 1999).
É justamente isso que nos diz Fernando Pessoa em seu poema transcrito a seguir.
Num dia excessivamente nítido,
Dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito
Para nele não trabalhar nada,
Entrevi, como uma estrada por entre as árvores,
O que talvez seja o Grande Segredo,
Aquele Grande Mistério de que os poetas falsos falam.
Vi que não há Natureza,
Que Natureza não existe,
Que há montes, vales, planícies,
Que há árvores, flores, ervas,
Que há rios e pedras,
Mas que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro
11
É uma doença das nossas ideias.
A Natureza é partes sem um todo.
Isto é talvez o tal mistério de que falam.
Foi isto o que sem pensar nem parar, 
Acertei que devia ser a verdade
Que todos andam a achar e que não acham,
E que só eu, porque a não fui achar, achei.
Disponível em: http://goo.gl/wcu5kj. Acesso em 13/04/13.
A Natureza dos Povos Primitivos
Os primeiros agrupamentos humanos (chamados de primitivos, por terem sido os primeiros) 
ainda existem hoje espalhados pelo planeta, e muitos vivendo como seus antepassados de 
centenas e alguns milhares de anos atrás.
Para esses povos, natureza e sociedade formam um todo indissociável e cada ser é parte 
desse todo, sem diferença entre eles. A relação com os outros elementos não humanos é dada 
através de ritos mágicos e as explicações para a existência de tudo se dá através de mitos 
(poderes sobrenaturais). Não há, para esses povos, diferenças sociais, pois cada um exerce seu 
papel para que o mundo “funcione”.
Nesse sentido, uma cena, como a retratada na imagem a seguir, pode ser excepcionalmente 
compreendida. Mas, sem considerar a relação existente entre sociedade primitiva e sua ideia 
de natureza, essa cena não faz sentido, ou seja, é muito difícil imaginar uma mulher de nossa 
sociedade amamentando seu filho e um porco do mato ao mesmo tempo.
 
Fonte: www1.folha.uol.com.br
12
Unidade: As Diferentes Concepções de Natureza
Com o passar do tempo, pequenos avanços tecnológicos - como a invenção do arado e 
de ferramentas utilizadas para o plantio e colheita - reduziram o tempo de trabalho necessário 
para a produção de alimentos e deixaram tempo livre para que pudessem ser realizadas festas, 
viagens, ritos etc. Nesse momento, esses grupos não tinham necessidade de produzir excedentes, 
ou seja, de produzir mais do que fosse necessário para sua sobrevivência.
Na medida em que alguns grupos começaram a produzir mais do que necessitavam e a trocar 
ou comercializar esses produtos, eles acabaram por abandonar sua condição de comunidade 
selvagem (da selva). Iniciou-se um processo de estratificação social culminando na desigualdade 
social, em que uns passaram a ter mais poder (como os pajés, curandeiros, caciques, faraós, 
sacerdotes, entre outros), porque se relacionavam com o sobrenatural, e outros passaram a 
obedecer a esses em função do poder que eles exerciam e, além disso, começaram a produzir 
excedentes de comida para alimentá-los (já que sua função é outra que não a de trabalhar para 
produzir seu alimento).
Surgiu, assim, a partir de processos internos dos agrupamentos sociais ou de guerras e 
escravizações, a desigualdade social. Dessa forma, na distribuição das atividades, passou a haver 
diferenças, pois havia diferentes funções e cada um ocupava um lugar distinto na sociedade. 
Por exemplo, os faraós, sacerdotes, reis, governantes, e poderosos em geral, isolavam-se dos 
produtores e dos lugares de produção. O lugar de produção era o campo e esses produtores 
ficavam em contato direto com a natureza (produzindo alimentos para si e para os comandantes) 
e os governantes ficavam distantes da natureza (dessa pelo menos).
Dessa forma, podemos considerar que a diferenciação social precedeu a distinção entre o social 
e o natural, ou seja, primeiro uns homens tornaram-se diferentes dos outros e estabeleceram 
novas relações sociais (uns dominando os outros) e depois partiram para a dominação da 
natureza para satisfação de suas necessidades, cada vez maiores, de bens.
Sociedades e Concepções de Natureza
Ao olharmos para o passado e contarmos a história da natureza (criada por nós mesmos), 
percebemos que há diferentes concepções de natureza e, em diferentes momentos, ocorreram 
rupturas na estrutura social vigente e na relação dos homens com a natureza. 
Os egípcios e outros povos do oriente tinham como natureza as “leis” dos mitos e relacionavam-
se com o mundo de forma mágica, através da manipulação dos poderes sobrenaturais pelos 
sacerdotes, reis e faraós, sendo estes as próprias (encarnações das) divindades. Todos deviam 
obediência a eles, que, em troca, lhes davam proteção contra qualquer adversidade ou mal.
Os gregos avançaram muito em certas áreas do conhecimento e seu legado está presente 
ainda hoje. Na medida em que questionaram a forma de explicação das coisas do mundo e 
de sua origem, propuseram novas concepções de mundo. As relações sociais e a organização 
da sociedade grega apresentavam padrões muito distintos daqueles dos povos primitivos. Na 
13
Grécia existia a polis e participavam da vida do Estado (cidades-estado) somente os cidadãos; os 
considerados não cidadãos eram excluídos (novas formas de relações sociais e desenvolvimento 
da exclusão social). 
Nessa sociedade, os homens do campo produziam excedentes para alimentar os governantes 
e também os pensadores (filósofos), que tinham por função produzir novas concepções de 
mundo e desenvolveruma linguagem sobre a natureza e o natural. Esses filósofos afirmaram a 
alteridade (o outro), quando diziam que havia dois mundos distintos: o mundo da natureza e 
o mundo da sociedade. O mundo da natureza foi investigado e diversos filósofos propuseram, 
de maneiras distintas, a origem de tudo: para uns, tudo surgiu a partir da água; para outros, a 
partir da terra; outros afirmaram que tudo se originou a partir do ar; e outro grupo defendia a 
ideia do fogo como o início de tudo.
Aristóteles, famoso filósofo grego, afirmava que a natureza era tudo aquilo que não fosse 
produzido pelo homem, que era a matéria-prima da qual eram feitas as coisas (ideia de natural 
e artificial muito presente hoje no senso comum).
Com o passar do tempo, diversas transformações foram ocorrendo e as sociedades se 
diversificando e mudando a forma de pensar o mundo. Que outras ideias e formas de explicar 
o mundo seriam possíveis? Vamos avançar um pouco mais no tempo.
Chegamos ao período medieval (na chamada Idade Média). Esse período foi fortemente 
dominado pela Igreja Católica e sua visão de mundo, segundo a qual Deus criou todas as 
coisas presentes neste planeta, inclusive o homem à sua imagem e semelhança. Qualquer outra 
explicação para a origem das coisas que fosse contra as Sagradas Escrituras e os dogmas e 
crenças cristãs seria considerada uma afronta, uma heresia e quem assim fizesse seria passível 
de punição (autos de fé e fogueiras para os hereges).
Nesse período, a Natureza era a própria Terra criada por Deus e perfeita; era a Terra o centro 
do Universo (também perfeito, pois foi criado por Deus).
Com o passar do tempo, essas explicações não satisfaziam mais a grupos que apresentavam 
novas perspectivas de vida e de futuro. Para que a natureza pudesse ser explorada (em função 
de novas necessidades econômicas que estavam surgindo), o homem precisou afastar-se dela, 
explicá-la e controlá-la para dela retirar o que fosse necessário para sua satisfação. Se ainda 
acreditasse que a natureza estava povoada por seres sobrenaturais e que explorá-la poderia ser 
uma ofensa a Deus, o progresso da sociedade (em termos materiais) seria impossível. Então, as 
novas ideias sobre progresso levaram a uma nova relação com a natureza e, consequentemente, 
uma nova visão e explicação sobre ela.
O final desse período é considerado por muitos autores como um período de transição em que 
teria ocorrido uma revolução nas concepções sobre o que é natural e o que é natureza. Nesse 
período, o mundo assistiu ao surgimento de uma nova classe social, denominada burguesia 
(que surgiu nos burgos, ou seja, cidades). Essa classe desenvolveu-se e ganhou força com o final 
do Feudalismo e com o surgimento de novas relações sociais e econômicas na sociedade, que 
se transformou rapidamente (em comparação com o período feudal).
Do mercantilismo (comércio entre a Europa e demais regiões do planeta) passamos a um 
novo sistema socioeconômico, no qual as relações entre os homens alteraram-se e a busca pela 
riqueza e por seu acúmulo transformou as relações dos homens com a natureza. 
14
Unidade: As Diferentes Concepções de Natureza
Por que ocorreu essa transformação? Vejamos. Para produzir cada vez mais (indústria) e 
poder vender cada vez mais (comércio), a matéria-prima precisava estar disponível. Ocorreu, 
nesse momento, uma ruptura definitiva entre o homem e a natureza e esta passou a ser vista de 
uma nova maneira. 
Com a derrocada final do Feudalismo, no século XV, começaram a se constituir os países (na 
forma como conhecemos hoje) e novas concepções de mundo e de natureza foram difundidas, 
não somente na Europa, mas também nas terras conquistadas pelos povos europeus além desse 
continente. A visão europeia de realidade era reflexo de uma nova cultura (ocidentalizada) que 
se tornou universal (espalhou-se pelos “quatro cantos do mundo”).
Entre os séculos XV e XVIII ocorreu a consolidação do capitalismo (que passou de comercial 
para industrial) e novas relações entre as pessoas foram estabelecidas (principalmente após a 
Revolução Industrial).
Na sociedade capitalista, a natureza passou a ser considerada fonte de matéria-prima. Todos 
os elementos da natureza deveriam estar à disposição da sociedade, a qual, deles, retirava sua 
sobrevivência. Somente a sobrevivência? Não estamos retirando da natureza muito mais do que 
precisamos para satisfazer nossas necessidades? Mas quais são nossas necessidades?
Os seres humanos sempre precisaram (como todos os outros animais), para sobreviver, 
alimentar-se, abrigar-se e reproduzir. Fazemos isso desde que o homem é homem. O que 
mudou? Mudou a forma como resolvemos essas necessidades. Não queremos mais comer carne 
de caça crua ou assada em fogueiras; agora desenvolvemos novas necessidades alimentares (e 
podemos confirmar isso nas centenas de comerciais de alimentos veiculados, a todo momento, 
na mídia, como na TV, por exemplo). Nós precisamos nos abrigar das mudanças climáticas, dos 
predadores? Não nos escondemos mais em cavernas e tocas, mas queremos casas maiores e 
cada vez mais confortáveis, com objetos que satisfaçam nossas novas necessidades. Por exemplo, 
tínhamos, no passado, televisões cujos botões eram manuais e necessitávamos levantar do sofá 
para arrumar a faixa vertical que ficava correndo pela tela ou para mudar de canal ou aumentar/
diminuir o volume. E hoje? Não precisamos mais nos levantar para isso, pois as TVs têm controle 
remoto. Criamos a necessidade de não nos levantarmos mais, acreditando que isso nos traz 
mais conforto. E quanto maior a tela da TV melhor; e, com alta definição, temos um cinema em 
casa!! Então... todos nós, genericamente falando, queremos consumir e ter uma dessas novas 
maravilhas televisivas. E a reprodução? Bem... inventamos novas formas de reprodução para 
garantir a continuidade de nossa espécie.
Será que realmente precisávamos de todas essas novas coisas que criamos e das quais (muitas 
delas) nos tornamos dependentes? Karl Marx falava sobre as necessidades socialmente criadas. 
Elas são fruto do capitalismo, pois esse sistema, para se manter em funcionamento, depende do 
consumo. Se não consumirmos, o que as indústrias irão produzir? Para quem venderão? Como 
os capitalistas farão para obter lucro, acumular capital e enriquecer? 
Dessa forma, somos levados a crer que, quanto mais tivermos, em termos materiais, melhores 
seremos e maior será nosso status nessa sociedade. 
Retornando à ideia de Natureza, temos, então, que, para nossa sociedade, diferente das 
sociedades que a precederam, ela ganha uma nova concepção. A ciência desenvolve-se, cada 
vez mais, para conhecer o funcionamento da natureza e “desvendar seus mistérios” e, dessa 
forma, poder utilizá-la (como fonte de lucro). 
15
A Nova Natureza
A partir de Charles Darwin, com sua Teoria da Evolução das Espécies, ocorreu a consolidação 
da concepção atual de Natureza, que se deu com a consolidação da sociedade industrial. 
Nos séculos XVIII e XIX, novas concepções de mundo e natureza surgiram, motivadas pelas 
novas relações sociais desenvolvidas no sistema capitalista, o qual tem como ingredientes básicos 
a luta de classes, a relação capital X trabalho, o surgimento da crítica ao sistema e a proposta do 
socialismo, as ideias liberais de progresso e evolução.
Isso confirma o fato de que criar cultura, hábitos de convivência, entre outras coisas, faz parte 
da natureza humana e, toda vez que isso mudar, mudarão as concepções que os homens têm 
das coisas, inclusive da natureza.
Podemos acompanhar, hoje, as discussões sobre clonagem, pesquisas com células-tronco, 
experimentos com o corpo humano no espaço, entre outras. Isso leva-nos a refletir se estamos 
caminhando para uma nova relação entre os seres humanos e para uma nova concepção de 
natureza. Será que a investigação e a utilização do corpo humano estão atingindo um novolimite, novo limiar? Será que estamos cada vez mais nos aprofundando para desvendar outros 
mistérios, agora relativos ao corpo dos organismos (e dos homens)? Tudo indica que as novas 
relações sociais que tomam lugar neste século XXI podem levar a uma nova concepção de 
mundo e, consequentemente, de natureza. Só o tempo nos dirá.
16
Unidade: As Diferentes Concepções de Natureza
Para aprofundamento dos temas discutidos nesta unidade, sugerimos:
 
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Leituras
•	 DIAMOND, J. Armas, germes e aço – os destinos das sociedades humanas. 4.ed. Rio de 
Janeiro: Record, 2003.
•	 ______. Colapso – como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio de 
Janeiro: Record, 2005.
•	 GONÇALVES. C. W. P. Os (des)caminhos do meio ambiente. 5.ed. São Paulo: Contexto, 1996.
 
 Explore
Filmes e vídeos
•	 Passagem do Feudalismo para o Capitalismo
http://www.youtube.com/watch?v=H4UPpMyhrkA
•	 Primeira e Segunda Revolução Industrial
http://www.youtube.com/watch?v=dBT266GCJF0
•	 Aula de Revolução Industrial – Parte ½
http://www.youtube.com/watch?v=meSQG6bNvOM
Material Complementar
17
CARVALHO, Marcos de. O que é Natureza. São Paulo: Brasiliense, 1999.
GONÇALVES. C. W. P. Os (des)caminhos do meio ambiente. 5.ed. São Paulo: Contexto, 1996.
DESCARTES, R. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Referências
18
Unidade: As Diferentes Concepções de Natureza
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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