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AULA 7

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AULA 7: O PAPEL DO PSICÓLOGO MEDIANTE O VIVER E MORRER NO HOSPITAL
Introdução
O conceito de saúde e doença se modificou ao longo da história, o que também gerou mudanças nas diferentes formas de olhar o indivíduo. A ideia que se tem hoje é do homem como um ser biopsicossocial, e é sobre esse olhar que deve se pautar toda intervenção, seja ela médica ou psicológica.
O olhar e a escuta ao paciente favorecem sua inserção no processo de cura. Isto porque se entende que não basta a disponibilidade da equipe de saúde quando o paciente não mais deseja lutar pela vida.
Lidar com a morte iminente não é tarefa fácil para o paciente, nem para a equipe. É neste sentido que a Psicologia contribui, facilitando este processo, já tão naturalmente doloroso.
A questão da morte está presente na vida de cada um de nós. Será que estamos preparados para lidar com as circunstâncias relacionadas a ela? Como futuros psicólogos, em que poderemos contribuir para auxiliar os pacientes, equipe e familiares?
Dificilmente nos preparamos para morte, mas para quem atua com pacientes terminais terá um contato constante com ela e enquanto profissionais poderemos trazer através da escuta psicológica proporcionar um alívio tanto para os pacientes quanto para seus familiares e a equipe de saúde.
Para falar sobre a questão relacionada à doença e à morte na atualidade, é interessante entender como esses conceitos perpassaram a nossa história, até chegarmos ao entendimento atual da saúde como um bem-estar biopsicossocial, conforme nos aponta a Organização Mundial da Saúde.
O modo de pensar ocidental acerca dessa temática sofreu grande influência da cultura grega. Na Grécia antiga, existia o pensamento mítico-poético, segundo a qual as forças divinas influenciavam nossas vidas.
Segundo esse pensamento, as questões relativas à saúde e à doença também estavam relacionadas aos desígnios espirituais. Na Mitologia grega, a deusa Hygeia tinha o poder da cura, sendo representada pela serpente. 
Com as mudanças sociopolíticas da Grécia, Hygeia passou a ser filha de Asclépio, o deus da cura, que era representada por serpentes enroladas numa vara. Os rituais de cura envolviam a presença da serpente, que era obrigatória porque significava uma divindade subterrânea com o poder de renovação da vida, em função de sua troca constante de pele.
HISTÓRICO DA MEDICINA
Os médicos dessa época eram conhecidos como sendo os filhos de Asclépio. Dentre eles, encontramos Hipócrates, maior representante da Medicina grega, considerado o “pai” da Medicina.
Hipócrates foi o criador do método científico na Medicina e das normas éticas essenciais para o exercício da profissão com qualidade, além do juramento que é utilizado hoje nas formaturas de Medicina. Ele dizia que o lugar do médico era na cabeceira do doente.
Nos princípios da Medicina propostos por Hipócrates, há uma grande ênfase ao bem-estar do indivíduo e aos fatores ambientais que interferem no aparecimento das doenças.
De acordo com Capra, citado por Junior e Morato, “as doenças não são causadas por demônios ou forças sobrenaturais. São fenômenos naturais que podem ser cientificamente estudados e influenciados por procedimentos terapêuticos e pela judiciosa conduta da vida de cada indivíduo” (2009, p. 164).
SAÚDE COMO UM FENÔMENO BIOPSICOSSOCIAL
Com isso, percebe-se que Hipócrates, em sua época, já tinha uma visão da saúde como um fenômeno biopsicossocial, e atribuía ao médico o papel de ajudar as pessoas, oferecendo todas as condições necessárias para a sua cura.
Para ele, essa cura envolvia o equilíbrio entre as influências ambientais, o modo de vida e demais componentes da natureza, tais como humores e paixões.
Outro nome na Medicina é Galeno. Ele foi o médico mais famoso em Roma por seus estudos de anatomia, que traziam falsas deduções acerca do ser humano, já que as observações eram realizadas em animais.
Apesar das falsas deduções, seus estudos foram considerados como verdades por mais de mil anos quando, no Renascimento, foi liberada a dissecação dos cadáveres humanos.
INÍCIO DA MEDICINA COMO CIÊNCIA
Na Idade Média, muitas epidemias se instalaram, levando a um declínio da Medicina leiga, já que houve um descrédito por parte da população, em função dessas grandes epidemias que se instalaram. A Medicina passa então para a Igreja, sendo praticada pelos monges, dentro de seus mosteiros. 
O título de “médico” era nesta época dado a quem possuía, além da formação acadêmica, uma posição social de prestígio. Esses médicos, em vez de cuidar dos doentes, ficavam especulando sobre as doenças.
Esporadicamente, prestavam consultorias a preços elevados, mas não acompanhavam os casos, já que este trabalho “braçal” era considerado inferior, comparado ao seu papel intelectual.
Este modelo de exercício da Medicina perdurou por mais de 500 anos, até que a Medicina leiga foi restabelecida, a partir da proibição aos monges de exercê-la, pois estes infligiam as normas e saíam dos mosteiros para atender aos doentes.
RESSURGIMENTO DA MEDICINA
A Medicina, que entrara em decadência, só volta a ressurgir a partir do Renascimento (séculos XV e XVI). As principais contribuições do Renascimento para a Medicina foi a liberação da dissecação de cadáveres, e consequentemente, inúmeras descobertas sobre a anatomia humana. No início do século XVII, a Medicina foi marcada pela descoberta de Harvey (1578-1657) sobre a circulação sanguínea e pelo descobrimento do microscópio por Leeuwenhork. Os avanços não foram muitos neste século.
Os ensinamentos ainda seguiam os modelos clássicos, e os professores, bem como os médicos, eram em sua maioria arrogantes, guiados pela vaidade e grandiosidade. No século XVIII, em função do conservadorismo, houve o ápice do charlatanismo na Medicina. Este também foi um século em que não ocorreram grandes avanços. As principais conquistas deste século foram relacionadas à publicação de Morgagni (1682-1771) sobre a anatomia patológica, relacionando anormalidades anatômicas às doenças. Foi também neste século que Jenner (1749-1823) descobriu a vacina da varíola.
RÁPIDOS AVANÇOS NO SÉCULO XIX
Já o século XIX foi marcado pelos rápidos avanços na Medicina, tais como a identificação de 21 novos tecidos e o nascimento do estetoscópio, que é um instrumento muito utilizado até hoje nos exames clínicos.
Além disso, houve conflitos vocacionais de vários médicos renomados da época, que questionaram sua escolha. Muitos abandonaram o exercício da Medicina.
Cabe destacar ainda, sobre o século XIX, a descoberta da anestesia e da necessidade de higienização como forma de evitar infecções. Este século termina com a publicação de Freud, a interpretação dos sonhos, como tentativa de dar conta não mais só do corpo, mas também da alma humana.
SÉCULO XX
O século XX tem como destaques:
 
O médico de família;
O investimento do Estado na área de saúde, criando sistemas que garantem acesso gratuito ao médico;
A criação dos planos de saúde.
INÍCIO DOS ESTUDOS CIENTÍFICOS DE PSICOLOGIA
Ainda no início do século XIX, o médico e fisiologista W. Wundt funda o primeiro Instituto de Psicologia Experimental do mundo, dando início aos estudos científicos da Psicologia.
Após esse movimento, surgem outras escolas de pensamento na Psicologia, como o Funcionalismo representado por W. James. Em seguida, o Behaviorismo, que tem como marca o comportamento como objeto de estudo, sendo até hoje uma das grandes escolas da Psicologia.
Na área clínica, os métodos foram se ampliando, e novas correntes foram surgindo, como a Gestalt e o Humanismo, que se opunham tanto à Psicanálise quanto ao Behaviorismo. Assim, a Psicologia clínica foi se desenhando até a contemporaneidade.
O fazer da Psicologia e demais áreas da saúde
Tanto a Medicina quanto a Psicologia ampliaram seu modo de entender a saúde, deixando de lado o olhar limitado de corpo e doença, e desenvolvendo modos de levar em consideração não só a doença, mas aquele que está por trás dela.
A Psicologia passou a ter uma prática dentroda instituição hospitalar, em conjunto com toda uma equipe multidisciplinar.
De acordo com Souza e Morato (2009, p. 165): “hoje ressaltamos que o fazer psicológico clínico envolve o humano em sua singularidade e complexidade, atentando para a demanda que parte do sofrimento do paciente que procura a instituição”.
Em consequência dessa nova forma de atuação, a prática do psicólogo hospitalar enfatiza o sofrimento humano em situação de crise e, pode até ter um caráter preventivo quando se dedica ao diagnóstico precoce dos transtornos emocionais dos pacientes e seus familiares, decodificando as dificuldades encontradas por eles em função da hospitalização e suas consequências.
O profissional de psicologia passa, então, a adequar sua intervenção, já que não se trata de psicoterapia, mas sim de uma atenção psicológica. Sua atuação envolve o paciente, a família e os profissionais de saúde, intervindo nas dimensões biopsicossociais do enfermo.
“(...) Nos aproximando da dor/ sofrimento do paciente, e do saber de outros profissionais, podemos compreender de forma mais profunda o sofrimento humano, pelo víeis do cuidado e avançar no conhecimento, criando novos paradigmas, próprios ao nosso momento atual” (Souza e Morato, 2009, p.166).
O limite entre a vida e morte
É na doença, no limite entre a vida e a morte, que a condição de finitude humana se revela e que (re)tira, como profissionais de saúde, do lugar de suposto saber.
O hospital, por outro lado, é um lugar em que se está cuidado, acolhido e favorece nas pessoas adoecidas a potencialização de todos os seus recursos para lutar e, se possível, recuperar-se. Quem trabalha com pacientes com doenças graves, terminais, assiste ao extremo do sofrimento humano trazido pela doença aguda, em que a dor e a morte são ameaças constantes. A doença, assim como o trauma quando ocorre de forma abrupta, pode afastar e dificultar a capacidade do paciente para lidar com o problema.
É nesse momento que a atenção psicológica pode favorecer, facilitando a reflexão acerca da experiência vivida. Ela pode ajudá-lo a encontrar algumas respostas, ressignificando sua experiência e tornando-o mais confiante, participativo e colaborativo com seu tratamento.
Angústia como mecanismo de defesa
Freud também afirma que a angústia não só como a transformação da libido, mas também poderia servir como mecanismo de defesa, em função dos perigos de ameaça à vida, e a considerou um dos problemas mais difíceis da existência humana.
Outro pensador, médico e psicoterapeuta existencialista, Viktor Frankl enfatiza a busca do sentido diante do sofrimento extremo, acreditando ser o sofrimento um modo de crescimento e amadurecimento.
“Dentre seus conceitos fundamentais, enfatizamos a vontade de sentido, a motivação primária da vida humana e que tem o poder de transformação inexplicável, sendo, segundo ele, o que há de mais genuíno no homem” (Souza e Morato, 2009, p.168).
Frankl desenvolve sua perspectiva a partir de sua experiência no campo de concentração de Auschwitz, onde suportou o sofrimento e encontrou nele um sentido. Frankl acredita que o homem pode encontrar caminhos e respostas diante das situações, sendo responsável por essas escolhas e por sua vida.
 
Ele ressalta três possibilidades fundamentais que dão sentido à vida: o trabalho, o amor e o sofrimento. O conceito de otimismo trágico de Frankl se baseia na ideia que o ser humano é capaz de permanecer otimista diante das adversidades da existência, modificando de forma criativa as situações de sofrimento em algo positivo ou construtivo.
Essa ideia de Frankl está diretamente relacionada ao conceito de resiliência, que vem sendo muito discutida na Psicologia.

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